Voluntariedade
"Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, nem por constrangimento; porque Deus ama ao que dá com alegria" - 2 Coríntios 9.7.
Em muitas denominações evangélicas, inclusive nas Assembleias de Deus, os envelopes de arrecadação de dízimos, usam 2 Coríntios 9.7, pois tratam o dízimo como contribuição voluntária. Não é preciso ter muitos neurônios e nem ter sinapse de gênio para entender que uma pessoa pode se voluntariar como dizimista. Quer contribuir com 10% de salário mensalmente? Sim. A proposta é feita e o cristão a aceita sem pressão.
Suposição para entender que dízimos não são obrigatórios
Joãozinho frequenta a igreja e é dizimista. Bebe a água mineral, usa o rolo de papel higiênico, usufrue do ar condicionado e coloca os filhos nas aulas gratuitas para aprender música de instrumentos musicais que a igreja oferece (sabendo que os professores são remunerados).
O Manezinho também frequenta a mesma igreja, mas não é dizimista. Bebe a água mineral, usa o rolo de papel higiênico, usufrui do ar condicionado e coloca os filhos nas aulas gratuitas para aprender música de instrumentos musicais que a igreja oferece (sabendo que os professores são remunerados).
Quando chega o final do mês, o pastor tem que arcar com as despesas. Faz isso graças as pessoas com consciência colaborativa.
O Manezinho não será impedido de continuar na igreja, fazendo uso de tudo que há nela.
A cena é cômica, mas aponta para custos. De papel, de água. A igreja que frequento gasta mais de R$ 1.000,00 só com água encanada, todos os meses é essa média, sempre para mais. E muitos litros vão pela descarga do banheiro. Acho que quem não contribui ri disso. Acha engraçado tudo isso, mas Deus está vendo tudo. O coração avarento não será tido por inocente. Não retenha dinheiro, a contribuição serve para manter a funcionalidade do templo em que adoramos a Deus.
O dízimo não salva o dizimista
Jesus nunca proibiu o ato de dizimar entre os cristãos. Os apóstolos não proibiram o ato de dizimar entre os cristãos. Pessoas contrárias ao ato de entregar dizimo, argumentam que os apóstolos não proibiram diversos rituais, como uma forma de dizer que o dízimo fazia parte da Lei de Moisés, que teria terminado com a vigência dela. Um dos exemplos (opinião minha: argumento ridículo) é dizer que não há proibição ao sacrifício animal.
Está muito claro que nas páginas do NT, não é admitido nenhum tipo de propiciação, porque em Jesus todo sacrifício cruento teve sua total e integral finalização. Jesus Cristo é apresentado como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1.36). Está escrito que o sangue de animais encobriam pecados, e o de Jesus, imolado no sacrifício da cruz em favor de toda a Humanidade, PURIFICA (limpa) o pecador do seu pecado (1 Pedro 1.18-22; 1 João 1.9).
Existe ensino bíblico mostrando que o ritual de sacrificar animais não agrada a Deus e nem funciona. Se não é agradável ao Senhor, porque fazê-lo? Deus entregou a Cristo como o ser para sacrifício perfeito, e este é o sacrifício que os cristãos dizimistas creem que é capaz de salvar o ser humano do pecado. Ler: Hebreus 10. capítulo inteiro.
O dízimo e a circuncisão
A comparação do dízimo com rituais legalistas: "E de novo protesto a todo homem, que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a lei" - Gálatas 5.3.
Gálatas 5 é o famoso texto sobre as obras da carne e o fruto do Espírito. lendo-o todo vemos que a apologia de Paulo é sobre a questão da não necessidade do homem cortar o prepúcio. Nada tem a ver com os dízimos, mas antidizimistas o usam de uma maneira forçada tentando encaixar as contribuições de dez por cento. Não associemos dízimo com a circuncisão.
Em Atos 15 a circuncisão está proibida e a questão do dízimo nem é mencionada. Por quê? Porque o dízimo não foi considerado prática atrelada com Lei de Moisés e a circuncisão sim. No NT a circuncisão é vetada e o dízimo não é. Estamos proibidos de cortar a carne mas não estamos proibidos de entregar dízimos na igreja.
O dízimo e a interpretação bíblica
A Dispensação da Graça está sob a égide da Lei de Cristo (1 Coríntios 9.21; Gálatas 6.12). E, por essa lei precisamos seguir amando a Deus e ao próximo como a nós mesmos, praticar as coisas que edificam e desprezar as inconvenientes e que são dominadoras (1 Coríntios 6.12; 10.23).
Para interpretar as Escrituras Sagradas, é necessário fazer a contextualização da cânon bíblico. Jamais ler um versículo e tirar conclusão apenas pelo que ler nele. É preciso analisar o conteúdo de Gênesis 1.1 ao Apocalípse 22.21, considerando as dispensações de cada época, pois a época importa muito sobre o que está escrito.
Por exemplo, Gênesis 14, trecho de Melquisedeque e Abraão, não está na Dispensação de Lei. Abraão entregou o dízimo para Melquisedeque antes da Lei de Moisés existir. Só 430 anos antes. Quase quatro séculos e meio antes de existirem sacerdotes levitas, trabalhando no templo judaico, Abraão e Jacó contribuíram com dízimos, ações consideradas atos de fé e adoração a Deus.
Por que eu irei considerar como se Abraão tivesse contribuído com dízimos por obrigação da Lei de Moisés? Não faz sentido. A contribuição de Abraão não foi destinada ao judaísmo. Não existiam judeus. Não existiam levitas. Não existia Moisés. E é isso que o escritor de Hebreus explica, ele considera o ministério de Melquisedeque mais importante, superior, ao ministério sacerdotal dos levitas.
Melquisedeque era um gentio, e é apresentado como sacerdote de uma linhagem sacerdotal sobrenatural. A linhagem sacerdotal de Melquisedeque é a mesma de Jesus, sacerdócio eterno. O sacerdócio de Melquisedeque é apresentado no NT como superior à ordem de sacerdotes levíticos (e Abraão é dizimista na ordem superior e não na levítica).
Para quem Abraão entregou os dízimos? Ao sacerdote que pertencia a mesma ordem sacerdotal de Jesus Cristo, linhagem sem começo e nem fim (Hebreus 5.10; 7.17). Portanto, os cristãos dizimistas entregam dízimos para a ordem sacerdotal de Cristo. Os dizimistas cristãos não entregam dízimos pensando no judaísmo. Dízimo cristão é uma prática totalmente sem associação com a Lei de Moisés. O sacerdócio de Melquisedeque e de Jesus é o de corações voluntários.
Me baseio em referências bíblicas que mostram exatamente isso: Salmo 110.4; Hebreus 5, capítulo inteiro, e Hebreus 7, capítulo todo
Já encontrei quem é contra o dízimo e demonstrou não saber diferenciar as várias dispensações. Encontrei gente que pensasse que Abraão era contemporâneo de Moisés. Outro, não sabia que Melquisedeque era um gentio.
Não há mal algum em buscar esclarecimento. Vamos esclarecendo, não para ganhar IBOPE pessoal, mas para dar IBOPE ao conhecimento das Escrituras.
Na Dispensação da Graça, quem são os sacerdotes? Todos os salvos e remidos no sangue de Jesus, que não amam a mentira, não praticam o pecado, são reis e sacerdotes (Apocalipse 5.10).
O dízimo e as argumentação de antidizimistas que confundem templo do Espírito e a Eklésia (Igreja)
Quem é antidizimistas, diga: não quero ser dizimista. É melhor que tentar fazer alguém pensar que o NT proíbe entregar dízimos, porque não existe um só texto bíblico que referende tal afirmação.
Percebo que a grande maioria das pessoas que são contra o sistema de dízimo, como fórmula de arrecadação nas igrejas, não são membros de nenhuma igreja. E, para tristeza deles, dizem estar fora porque são "templos do Espírito Santo". Ora, deveriam fazer um pequeno estudo bíblico para darem-se conta que Paulo falou sobre as duas coisas: templo e igreja coexistem!
Uma condição não anula a outra. mas eles costumam repetir "Se todos somos sacerdotes, cuidamos de que Templo mesmo? Que Templo é habitável por Deus?" Eles não se atém que o composto "templo do Espírito" se refere a nós, mas que lá no NT também existe o termo ecklesia (igreja, o local físico da adoração a Deus coletivamente), que significa assembleia, ajuntamento de pessoas.
Jesus usou a palavra igreja (Ecklesia) algumas vezes se dirigindo aos discípulos. Uma delas é a parábola das Cem Ovelhas, demonstrando que "Igreja" é um ajuntamento, uma coletividade. Eu sou templo do Espírito, e você também, e devemos adorar a Deus na Ecklesia (Igreja).
É claro que, como membros das igrejas, deveremos manter o lugar aprazível, para isso ser possível é preciso mantê-lo honrando os custos diários. O dízimo é uma das formas para fazer isso.
Na Dispensação da Graça, Jesus Cristo "deu uns para apóstolos, outros para profetas, outros evangelistas, outros pastores e outros mestres" (Efésios 4.12). Qual objetivo? A edificação dos santos. Dizimistas cristãos, sabedores disso colaboram financeiramente, não porque olham os líderes pela perspectiva sacerdotal.
Jesus é o Sumo Sacerdote e Sumo Pastor da Igreja (Hebreus 5.7-10; 1 Pedro 5.4). Sumo, quer dizer o maior. Cristo está presente em todas as reuniões cristãs, prometeu estar presente até em reuniões pequenas, no meio de dois ou três cristãos que se reunirem em nome dEle. O dizimista entrega o dízimo por amor e fé, crendo que Ele cumpre o prometido, e recebe a contribuição voluntária que é entregue nas reuniões de culto a Deus.
Conclusão
Falamos de dízimos, e a realidade é que o membro de igreja, via de regra, não é pressionado a ser contribuinte. Se não quer, não há cobranças sobre ele. Caso você, cristão, esteja em uma igreja em que o pastor faz pressão para que contribua além do que seu coração está disposto, saia desse local e vá adorar a Deus em outro ministério, escolha estar com um líder que age de acordo com a proposta bíblica da voluntariedade.
Sou membro e pretendo morrer como um membro. Nunca me pressionaram. Tenho apenas 26 anos como evangélico. Será que antes de chegar às três décadas completas algum pastor me pressionará?
O dízimo não é um ato de coleta obrigatória. Dízimo é coisa de cristão, deve ser praticado sem pressão, com liberalidade e por pessoas inteligentes, conscientes da necessidade da manutenção do templo evangélico, objetivando promover evangelismo, missões, assistência social.
Não considero uma hermenêutica correta usar o texto bíblico Malaquias 3.8-10 para conscientizar os cristãos a colaborarem com dízimos. Essa passagem é destinada aos judeus. Sacerdotes (Malaquias 2.1) e o povo (Malaquias 3.9). É preferível que se use Gênesis 14, Gênesis 28, Salmo 110.4, Hebreus 5, Hebreus 7. Estes trechos bíblicos apontam à contribuição, na forma de dízimo, como um ato voluntário.
O objetivo deste artigo não é convencer ninguém a se transformar em dizimista. O conteúdo que está criado é dirigido aos dizimistas convictos (e são muitos), aqueles que pretendem saber um pouco mais sobre o que há de informação bíblica sobre o dízimo. Não julgo que saiba muito, mas gosto de compartilhar o que sei. Por mim, todo aquele que é antidizimista, pode gastar todo o dinheiro que tem numa lanchonete McDonald's ou Bob's, ou quaisquer outras do gênero. Deus não se agrada de contribuições feitas por quem tem o coração fechado
O mínimo que se espera de quem queira opinar é que conheça o alvo da sua opinião. É muita falta de bom senso pensar e descrever os contribuintes via dízimos como pessoas idiotas. Ofender dizimistas como massa de manobra é atitude inconcebível. Eles não são isso. São pessoas independentes financeiramente e livres para fazer o que quiserem com o dinheiro em mãos.
O antidizimistas, aquele que faz ativismo contra o dízimo, precisa estar consciente que é desprezado em sua postura, por todos os dizimistas, porque opinam sobre a decisão pessoal de quem não lhes pede nenhum parecer. Nenhum dizimista elegeu críticos do dízimo para prestar assessoramento financeiro. Nenhum antidizimista tem aval para falar ou decidir em nome de dizimista.
Percebo que os dizimistas que conheço sentem-se bem colaborando com 10% do salário. A vida é deles, então, não podemos incomodá-los nesta decisão contributiva. Ninguém tem direito de interferência nesta questão. Respeitemos os dizimistas.
E.A.G.