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sexta-feira, 1 de julho de 2022

Joquebede e o nascimento e educação de Moisés

Joquebede casou-se com Anrão, da tribo de Levi, durante os anos que o povo de Israel foi escravo no Egito. Ela viveu numa época em que a carga de trabalho dos israelitas era muito pesada, e a vida tornou-se amarga e de dura servidão [Êxodo 1.8-13]. 

Joquebede ficou grávida pela terceira vez quando já tinha Miriã e Arão. Moisés nasceu num momento de grandes

quarta-feira, 6 de abril de 2022

Abigail - pacificadora, viúva de Nabal e esposa de Davi

Abigail era uma mulher impressionante, incrivelmente inteligente, possuía discrição e beleza, sempre se comportava de modo agradável, nunca indelicada. Casou-se com Nabal - nome que soava parecido com a palavra "tolo" e este é significado do nome. Apesar de ser muito rico, seu esposo era um indivíduo mau caráter, grosso, vulgar, insolente, insensato.


Sua história ocorre cerca de 1005 a.C. , está relatada no livro 1 Samuel, capítulo 25. 

segunda-feira, 7 de março de 2022

Que Raabe é essa citada no Livro de Jó 9.13 e 26.12?

Há alguma relação entre a Raabe do livro de Jó [9.13; 26.12] e a personagem do livro de Josué 2.1? Como entender essas passagens do texto bíblico?

Sabemos que o livro de Josué está cronologicamente situado após o êxodo do povo hebreu e durante a conquista de Canaã. É quase consensual entre os cristãos ortodoxos que a autoria do livro é o próprio

O relacionamento de Jesus com mulheres

Tão logo Jesus ressuscitou, seu primeiro contato foi com Maria Madalena, pediu a mulher que contasse aos homens que estava vivo. Naqueles dias, uma testemunha feminina no tribunal não era aceita da mesma forma que uma masculina. Mesmo assim Jesus concedeu a Maria Madalena o privilégio de entrar para a História como a primeira testemunha das boas novas da ressurreição. Disse-lhe Jesus: [...] "Vá até os meus irmãos e diga a eles: 'Subo para o meu Pai e o Pai de vocês, para o meu Deus e o Deus de vocês.' Então Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos: 'Eu vi o Senhor!' E contava que Jesus lhe tinha dito essas coisas'" - João 20.17b-18.

domingo, 27 de fevereiro de 2022

Quem pode encontrar uma mulher virtuosa?

Em Provérbios 31, encontramos uma pergunta bastante conhecida entre os cristãos: "Mulher virtuosa, quem a achará?" (versículo 10). Ao folhear as páginas das Escrituras, constatamos que Rute, a trisavó de Salomão, era uma mulher de valor, esposa virtuosa.  

Há muitas qualidades que poderíamos tentar associar a Rute para descobrir porque é que ela é elogiada como uma mulher de valor. Era corajosa, fiel, generosa e sábia; temia o Senhor e criou os seus filhos e netos para serem tementes a Deus também; Rute permaneceu fiel por toda sua vida. Mesmo quando a situação era inconveniente e as circunstâncias estavam contrárias, encontrou maneiras de anunciar a Palavra de Deus aos membros da sua família.

sábado, 4 de dezembro de 2021

Ester - rainha hebreia bela, sábia, corajosa e fiel a Deus

Ester era uma bela moça judia que vivia em Susã no tempo de Assuero, rei da Pérsia, também conhecido pelo nome grego Xerxes. Entre os 66 livros da Bíblia, um carrega seu nome. Uma das características mais evidentes do Livro de Ester é a ausência total de referência a Deus, ao templo, a Jerusalém e à lei. Neste sentido, a obra parece ser um livro secular cujo relato é apresentado no plano puramente humano da história. Não obstante, o livro trata do povo escolhido de Deus e faz parte tanto do cânone judaico como do cristão, devendo, portanto, ser entendido no contexto canônico da história da redenção.

O livro narra a história de uma jovem admirável conhecida como Ester, cuja vida é cheia de lances que envolvem amor, ódio, ganância, vaidades, traição, medo,

sábado, 2 de outubro de 2021

O olhar protestante e respeitoso sobre Maria, a mãe de Jesus

Cristãos católicos usam muitos nomes ao referirem-se a Maria, mãe do Salvador: Mãe de Deus, Virgem Santíssima, Nossa Senhora, Rainha do Céu, Mãe da Misericórdia, Rainha da Paz, entre outros títulos devocionais. Mas na Bíblia ela é conhecida como Maria.
 
Cresci frequentando escola bíblica dominical e levado aos domingos por meus pais aos cultos dominicais noturnos. Nesta condição, jamais presenciei alguém escamoteando Maria como alguns católicos insinuam que protestantes o façam. O cristão protestante, em sua prática de exposição bíblica, apenas reproduz o que está escrito na Bíblia Sagrada, sem aumentar e nem tirar nenhuma

segunda-feira, 21 de junho de 2021

A Igreja e o Evangelho Verdadeiro

Por Edson Rebustini

Jesus estava há cerca de seis meses da sua morte. Ele ensina em Jerusalém e uma multidão ia ouvi-lo, causando grande inveja e raiva nos fariseus e sacerdotes.

Os sacerdotes trazem a Jesus uma mulher que acabara de cometer adultério. Eles queriam condená-la e ao mesmo tempo tentar persuadir Jesus a tomar uma atitude contrárias as Escrituras Sagradas.

Jesus poderia responder sobre o que deveriam fazer com ela de acordo com a Lei de Moisés e, dessa forma, aqueles homens iam matá-la apedrejada. Se Jesus mandasse não apedrejá-la, estaria descumprindo a Lei que Ele mesmo disse que tinha vindo para cumprir. 

Jesus fala com a mulher de forma carinhosa e misericordiosa. Ele não a condenou: "Se algum de vocês não têm pecado, que atire a primeira pedra" (João 8.11).

A consciência pesada dos homens e o claro entendimento do que Jesus havia dito, fez com que eles deixassem de lado as pedras e pouco a pouco se retirassem dali. 

O fato de Jesus perdoar o adultério não quer dizer que Ele ignora o pecado cometido. Jesus não aprovou o adultério, mas Ele agiu com misericórdia. Deus nos conhece e nos alerta. Quando Ele fala para não fazermos algo é porque Ele sabe que aquilo pode destruir s nossa vida e essa não é a sua vontade.

A postura que aqueles religiosos tiveram ainda continua presente nas igrejas. As pessoas gostam de julgar e enfatizar o erro de outros, porque dessa forma, elas conseguem lidar melhor com seus próprios erros. Essa é uma postura contrária aos ensinamentos do mestre. 

A igreja é para ser diferente. Lugar de amor, de reconciliação, de oração e de ajuda. A intenção dos fariseus era condenar, destruir, matar, envergonhar. Mas Jesus queria curar, levantar, ajudar. 

Todos nós precisamos de perdão e misericórdia. E todos nós precisamos enxergar o erro dos outros da mesma forma que Deus enxerga. O Evangelho verdadeiro se comunica com o perdão e a restauração.


Edson Rebustini é pastor e fundador da Igreja Bíblica da Paz.
Fonte: Revista Proclamai. Ano 6, número 6, edição abril - maio de 2017, página 4.

sexta-feira, 28 de maio de 2021

A mulher do fluxo de sangue: o toque com fé na orla das vestes de Jesus


Por Eliseu Antonio Gomes

O que é considerável no milagre da mulher com um fluxo de sangue, que moveu três evangelistas a contarem o mesmo milagre? Todas as intervenções sobrenaturais do Senhor narradas no Novo Testamento, têm a função essencial de motivar os homens a crerem que Cristo é o Filho de Deus e através da fé fazê-los conquistar a vida eterna (João 20.30-31).

Sobre a impureza cerimonial

Em Israel, os fluidos corporais, tais como sêmen e sangue menstrual, estavam intimamente relacionados à vida. Quando o potencial de vida que eles representavam não era aproveitado, passavam a representar a morte e, consequentemente, a impureza cerimonial. Havia situações que dificilmente poderiam ser evitadas, incluindo as impurezas de ordem sexual, as relacionadas a doenças e aquelas decorrentes do contato com um cadáver ou carcaça de animal. 

Nem toda impureza podia ser evitada, e muitas vezes era causada por algo que de modo algum poderia ser considerado pecado. Rituais de purificação eram exigidos para remover esse estigma e restaurar a pessoa ou grupo à participação na comunidade. Referências bíblicas: Números 5; Levítico, capítulos 12 e 15.

No que implicava uma mulher sofrer hemorragia constante àquela época?

De acordo com a lei judaica, quando alguém ou grupo era considerado impuro, o resultado era a proibição de participar de atividades religiosas. Todas as mulheres durante o período menstrual deveriam permanecer isoladas, porque eram consideradas cerimonialmente impuras.

Nem mesmo no conforto de seus lares poderiam abraçar seus familiares, quanto mais pensar em participar de festas religiosas nas sinagogas ou cogitar irem ao Templo em Jerusalém. Tudo aquilo que mexessem se tornaria impuro. As peças de roupas que vestiam, qualquer pessoa que tocasse, também se tornaria impura. O vínculo social era interrompido por sete dias em consequência da fase de menstruação  (Levítico 15.19,25-33).

Quem era a mulher do fluxo de sangue?

Segundo o relato em Marcos 5.25,26, uma mulher havia procurado os médicos, gastando seus recursos, porém, nenhum tratamento estancou o seu incômodo vazamento sanguíneo. Sua doença desagradável só piorava com o passar do tempo. Ela padecia em desespero com uma hemorragia por longos doze anos.

Seu nome não é citado, não sabemos se era solteira ou casada, pobre ou rica. É descrita apenas por seu problema de saúde, e por seu comportamento motivado pela fé em safar-se do angustiante problema. Os detalhes da história desta pessoa cheia de esperança se resumem em demonstrar que ela provavelmente era uma moradora de Cafarnaum. 

A verdadeira fé supera barreiras e manifesta o milagre. 

Os registros bíblicos de Marcos (5.26) e de Lucas (8.43) relatam que essa mulher infeliz já havia gasto todos os seus bens com médicos, porém, os médicos não puderam curá-la. Após viver por mais de uma década sob tortura emocional e física, alguém - que a Bíblia também não revela o nome - contou para ela sobre o Messias e suas curas e libertações. Assim, ela entendeu que a chance de mudar sua triste condição de vida estava nEle. Considerou em seu coração que se apenas tocasse na orla da veste do Salvador receberia o milagre. Pensou consigo mesma: "Se eu tão-somente tocar a sua roupa, ficarei sã" (Mateus 9.21). 

Mas, como sair de sua casa e aproximar-se de Jesus, arriscando-se em ser vista por seus vizinhos religiosos, que, com base em Levíticos 5.3, poderiam recriminá-la? E o que faria a multidão se descobrisse que naquele estado ela havia transitado no meio do povo, propositalmente, criando o risco de se esbarrar e tornar outros também cerimonialmente imundos?

Cheia de confiança no poder que há em Jesus, a mulher do fluxo hemorrágico aproximou-se de Cristo quando Ele estava a caminho da casa de Jairo na cidade de Cafarnaum, cercado por uma grande quantidade de pessoas, muitas delas também buscavam curas ou curas para seus parentes. Acreditava que Jesus não notaria sua presença, pois estava em meio a agitação de uma multidão. Embora ciente dos riscos de ser surpreendida, padecendo com o sofrimento físico, rompeu seu isolamento e entrou no meio da multidão. Ao chegar por trás, tocou na orla das vestes de Cristo, neste momento dEle saiu virtude, e imediatamente a perda de sangue cessou. Em contrapartida, seu toque fez com que fosse notada por Jesus. 

Foi quando Ele perguntou: "Quem é que me tocou?" Provavelmente, apreensiva por saber que havia contrariado a Lei de Moisés, que determinada que Jesus fosse recolhido em sua casa por causa do seu contato, permaneceu em silêncio por alguns instantes (Números 5.2). E junto com a multidão, Pedro com outros discípulos tentaram dissuadir a Cristo, argumentando: "Mestre, a multidão te aperta e te oprime e dizes: Quem é que me tocou?" (Lucas 8.45).

A mulher, aproximou-se envergonhada, contou porque o havia tocado e prostrou-se diante de Cristo. Então, Jesus, que já sabia que sua intenção era receber cura, que seu ato era em consequência da verdadeira fé, quis acalmá-la despedindo-a em paz: "Filha, a tua fé te salvou; vai em paz e sê curada deste teu mal" (Lucas 8.48).

Conclusão

Entre todas as pessoas da multidão, com certeza muitos haviam esbarrado em Jesus, porém, ninguém o havia tocado com fé e intenção de receber sua virtude. Se esta mulher não houvesse depositado sua fé em Cristo não superaria nenhum obstáculo, jamais iria tocá-lo e ficar livre do mal que a afligia. Seu contato físico seria igual ao de muitos presentes ao redor do Salvador. Ela permaneceria enferma, pois estaria presa ao pensamento de que poderia contaminá-lo. Porém, a confiança em Cristo, deu-lhe condição para refletir que a medicina e a religiosidade não trariam a solução que Jesus tinha para seu problema, e que deveria colocar sua fé em ação. 

O mundo precisa de crentes que queiram visitar os solitários, os doentes, os excluídos da sociedade, aqueles que estão cansados de sofrer, desanimados, cheirando mal, sem esperança de dias melhores. O fato de um alguém anônimo ter a disposição de anunciar Jesus para a mulher que sofria com fluxo sanguíneo irregular, provocou a cura milagrosa. Cabe a todo cristão falar sobre o amor de Deus às almas aflitas.  

sábado, 12 de dezembro de 2020

Hulda: a profetisa escolhida por Deus na geração de Jeremias e Sofonias

Por Eliseu Antonio Gomes

A Bíblia Sagrada não fornece muitos detalhes sobre Hulda, profetisa em Jerusalém numa época em que poucos judeus davam ouvidos ao Senhor. As informações que encontramos sobre ela nos esclarece que esta mulher soube viver em comunhão com Deus em tempo de apostasia generalizada. A história de Hulda encontra-se em 2 Reis 22.14-20 e 2 Crônicas 34.19-22.

Durante o reinado de Josias, o sacerdote Hilquias encontrou o Livro da Lei na Casa do Senhor  e este o entregou a Safã, e este leu-o para o rei. Então, quando Josias tomou ciência da situação de rebeldia espiritual praticada pela nação que ele era o líder, cheio de grande temor rasgou-suas vestes, ficou muito preocupado, entristeceu-se muito e, querendo tomar decisões corretas, ordenou: "Vão consultar o Senhor por mim, pelo povo e por todo o Judá, a respeito das palavras deste livro que foi encontrado. Porque é grande o furor do Senhor, que se acendeu contra nós, porque os nossos pais não deram ouvidos às palavras deste livro, para fazerem segundo tudo o que está escrito a nosso respeito (2 Reis 22.13).

Apesar de os profetas Jeremias e Sofonias ainda estarem vivos, Hilquias, e os mensageiros do rei, Aicão e Acbor, procuraram a profetisa Hulda, que morava no bairro novo de Jerusalém, era esposa de Salum, o encarregado das vestimentas da Casa do Senhor. (2 Reis 22.11-14; 2 Crônicas 34.19-22). Eles contaram-lhe o que havia ocorrido.

Hulda foi escolhida por Deus para entregar a mensagem divina ao monarca. Caso fosse entregue por Jeremias ou Sofonias, não há dúvida de que seria o mesmo recado, porém, através de uma mulher o modo de dizer veio em um tom  ameno e encorajador como Josias necessitava recebê-lo.

Hulda pronunciou-se desta maneira: "Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: 'Digam ao homem que os enviou a mim: ‘Assim diz o Senhor: Eis que trarei desgraça sobre este lugar e sobre os seus moradores, a saber, todas as palavras do livro que o rei de Judá leu. Por terem me abandonado e queimado incenso a outros deuses, para me provocarem à ira com todas as obras das suas mãos, o meu furor se acendeu contra este lugar e não se apagará.' Mas ao rei de Judá, que os enviou para consultar o Senhor, digam o seguinte: 'Assim diz o Senhor, o Deus de Israel, a respeito das palavras que você ouviu: Visto que o seu coração se enterneceu e você se humilhou diante do Senhor, quando ouviu as ameaças que fiz contra este lugar e contra os seus moradores — que seriam objeto de horror e de maldição —, rasgou as suas roupas e chorou diante de mim, também eu ouvi a sua oração, diz o Senhor. Por isso, deixarei que você morra e seja sepultado em paz, e os seus olhos não verão todo o mal que trarei sobre este lugar.' ” (2 Reis 22.14-20).

Os enviados do rei entregaram-lhe a mensagem. Ao ouvir a profecia, o rei Josias tomou a decisão de renovar sua aliança com o Senhor. Tomou outras atitudes importantes, entre estas atitudes estava fazer com que o povo de Israel seguisse os estatutos e mandamentos que estavam escritos no Livro da Lei, isto é, servisse ao Senhor de todo o coração e abandonasse a idolatria. Para isso, empreendeu a reforma do Templo, que havia sido esquecido por reis anteriores, para que os israelitas voltassem a adorar a Deus (2 Reis 21.20-22; 22.3-7; 2 Crônicas 33.1-10; 34.8-34). 

Em meio à mensagem de condenação, Hulda encontrou palavras de encorajamento ao rei Josias. Através do seu exemplo, vemos que Deus busca instrumentos para transmitir sua mensagem, pessoas dispostas a obedecê-lo, independente se é um coração masculino ou feminino. Aprendemos que é preciso informar a verdade proveniente do Espírito Santo e que ao sermos firmes não precisamos ser rudes. 

Dizer a verdade é uma responsabilidade que, como cristãos, não podemos negligenciar jamais.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Sara - esposa de Abraão e heroína da fé

Por Eliseu Antonio Gomes

Depois de criar o homem, Deus criou a mulher. Não a fez em escala menor de importância. Macho e fêmea foram criados à imagem e semelhança do Criador. Deus criou a mulher em grandeza e dignidade, apta ao desempenho da função de pessoa auxiliadora de seu companheiro matrimonial, papel que envolve amor e responsabilidade de ambas as partes.

Quando Deus chamou Abrão para sair de Ur dos Caldeus em busca de uma terra desconhecida que lhe prometeu, sua esposa Sarai, uma pessoa descrita nas páginas bíblicas como mulher linda, o acompanhou, desligando-se de sua parentela (Gênesis 12.1-5). Numa medida extraordinariamente considerável, em toda sua vida demonstrou afeto e respeito ao marido. Acompanhava-o em todas as suas viagens crendo no chamado e nas promessas do Senhor. 

Sarai em hebraico significa "minha princesa". O Senhor trocou seu nome ao revelar que ela seria mãe (Gênesis 16.1 a 18). Ela veio a ser conhecida como Sara, que quer dizer "uma princesa". Não há grande diferença entre os dois nomes, entretanto, é possível entender que a nova identidade tinha relação com seu futuro, quando se tornaria a progenitora do povo israelita e, por meio de Cristo, de todos os cristãos.

Sara permaneceu ao lado de Abraão nos episódios absurdos em que ele demonstrou fraqueza, fingindo que ela era sua irmã ao temer perder sua vida no Egito e em Gerar (Gênesis 12.10-13; 20.2).

O casal recebeu a promessa de que geraria um filho. Estéril, o maior desejo de Sara era gerar um menino. Reagiu rindo abertamente quando Deus lhe disse que engravidaria com a idade de noventa anos (Gênesis 21.5-7). Há quem diga que tenha rido por incredulidade, mas o riso poderia ser resultante da sua explosão de alegria e reação espontânea pela surpreendente revelação de que sua madre daria fruto. Seu marido Abraão, se tornaria pai aos noventa e nove anos de idade, e como sua mulher também riu ao receber aquela informação (Gênesis 17.19; 18.12-15).

Pela fé, Sara nunca desistiu de ter o filho que o Senhor lhe prometeu. Porém, ela deveria ter aguardado a bênção prometida pelo Senhor até recebê-la, mas não soube esperar o cumprimento da promessa divina. Na cultura em que viveu, era comum que e esposa oferecesse ao marido uma serva como concubina, quando não fosse mulher fértil. Então Sara sugeriu a Abraão que tivesse relações com Agar. A impaciência de Sara em esperar o cumprimento da promessa de Deus fez com que nascesse Ismael, o ancestral do povo árabe. Ismael é filho de Abraão segundo a carne, hoje ele simboliza a lei dada a Moisés, representa as obras e esforço humano (Gênesis 16.15; 21.9).

Quando o filho biológico de Abraão e Sara chegou, deram-lhe o nome de Isaque, que quer dizer "riso" (Gênesis 21.1-8). As virtudes de Sara influenciaram o caráter de Isaque, tornando-o um dos personagens mais admiráveis entre todos encontrados no Antigo Testamento. Isaque foi o pai de Jacó e Esaú e avô de doze homens que deram origem às doze tribos de Israel, que descendeu toda a nação israelita (Gênesis 25.1-11; 49.29-33; Isaías 51.1,2). Veio à luz do útero de uma mãe livre, é filho segundo o Espírito, representa a justificação somente pela fé, é a figura simbólica que remete à vivência do cristão sob a graça, sinaliza para a promessa dada a Abraão através de Cristo e assim os cristãos são chamados de filhos da promessa. (Gênesis 21.9; Gálatas 3.13-14; 4.28-29). 

Pela fé, todos os cristãos tornam-se filhos de Deus (Romanos 4.15-17).

Sara viveu 127 anos, morreu em Hebrom, Canaã. Foi sepultada em um campo que Abraão negociou com os heteus. Esposa amada, obviamente, então, é natural ler o relato de que seu marido chorou quando ela veio a falecer (Gênesis 23.2).

Sara era uma mulher com estrutura psicológica forte, igual a todas as mulheres que se consagram a Deus. Ela possuiu virtudes e falhas. É importante examinar sua biografia, copiar os acertos e evitar os erros, extrair lições de sua vida, lembrando que ela é a única mencionada entre os heróis da fé (Hebreus 11.11). Sua fé possibilitou superar a infertilidade e receber o filho que tanto quis (Gênesis 18.10,14; 12.1-3,7; 17.15,16; 18.9-16; Gálatas 4.21-31). Ela sempre colocou a família em primeiro lugar, suas atitudes acertadas fizeram dela um grande referencial feminino às cristãs casadas (1 Pedro 3.6). 

E.A.G.

Veja mais neste blog: A gravidez de Sara 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

A Criação de Eva, a Primeira Mulher

Por Eliseu Antonio Gomes

Introdução

O homem sempre foi e continua a ser objeto de estudo em todos os períodos da história da humanidade. Foi tema de pesquisa no campo da filosofia grega e moderna; é foco da filosofia contemporânea. Também foi e é estudado pela filosofia cristã. O ramo cristão sobressai entre os demais pelo fato de incorporar a informação bíblica de que o ser humano foi criado por Deus e corroborar com a revelação das Escrituras Sagradas que desde o ato criativo a humanidade é foco dos cuidados do Criador.

E Deus criou a mulher (Gênesis 2.21,22). 

O primeiro ser humano da terra foi Adão. Ele não nasceu como os outros homens, pois foi criado por Deus do pó da terra. Depois de ter criado Adão. o Criador soprou em suas narinas e ele se tornou alma vivente. Em seguida, Deus deu a Adão domínio sobre todos os animais que vivem sobre a terra. Deus não quis que ele vivesse sozinho, fez cair um torpor sobre Adão, e ele dormiu. Tomou uma de suas costelas, depois da costela extraída modelou o primeiro gênero feminino da espécie humana, sua companheira adequada.


Ao criar Adão, Deus decidiu que em sua anatomia, na parte acima da cintura existiriam 12 pares de ossos alongados e curvos, formando um conjunto que conhecemos como caixa torácica. Este espaço existe com a finalidade de proporcionar proteção aos órgãos vitais pulmões e coração. Até antes de ser modelada como uma pessoa feminina, Eva cumpria importante tarefa protetiva em favor do homem, que viria a ser seu marido. Para os hebreus, a caixa torácica é a parte do corpo onde estão os afetos.

A palavra hebraica usada para descrever a criação da mulher é "yiben", cujo sentido é "construir". Para a construção ser bem sucedida, antes da estrutura ser erguida é necessário haver o planejamento de todos os detalhes funcionais, a ordenação estética, o estabelecimento de princípios harmônicos etc. Portanto, ao decidir criar Adão, não resta nenhuma dúvida que Deus também havia decidido que retiraria de sua caixa torácica um osso e desse osso formaria outro ser humano, com a finalidade de continuar a abençoá-lo.

Ao acordar do sono pesado, assim que Adão viu a mulher, a parte íntima dele, de imediato percebeu a conveniência de viver em companhia de um ser vivo da sua espécie. Em expressão de aprovação para sua nova situação, descreveu-a como "osso dos meus ossos e carne da minha carne" (Gênesis 2.23).

A estrutura da personalidade humana foi criada em semelhança ao seu Criador com o objetivo de governar a Terra. A interpretação de Gênesis 1.27,28, afirmando que Adão e Eva foram feitos à imagem e semelhança de Deus, e por haver em sua essência inteligência, vontades e emoções, isto lhes confere dignidade e valor acima da existência do restante da criação é plenamente correta e aceitável. Porém, esta interpretação, se permanece apenas no aspecto da aparência e importância comparativa não é completa. A aparência da imagem de Deus no homem e na mulher tem também o conceito de governo representativo (Salmos 8.6-8).

“E Deus os abençoou e lhes disse: Sejam fecundos, multipliquem-se, encham a terra e sujeitem-na. Tenham domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra” (Gênesis 1.28).

A tentação de Eva (Gênesis 3.1-7).

Na tentativa de convencer Eva a pecar, a serpente diz: "É verdade que Deus disse: “Não comam do fruto de nenhuma árvore do jardim?" (Gênesis 3.1 - NAA). A primeira tentação para a mulher foi fazê-la sondar seu conhecimento da Palavra e em seguida deixá-la confusa e em dúvida sobre o que realmente sabia. Quando Eva responde, cita a Palavra de Deus, porém, suas palavras causam a impressão que seu conhecimento a respeito da determinação em relação ao vegetal era muito vago. Parece desconhecer que a árvore se chamava "árvore do conhecimento do bem e do mal", pois faz referência à planta dizendo "Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: 'Vocês não devem comer dele, nem tocar nele, para que não venham a morrer'” (Gênesis 3.2-3, NAA).

Então, para criar o desejo da rebelião em Eva, a serpente distorceu a Palavra de Deus, enganando-a, mentiu a ela dizendo que se comesse o fruto proibido passaria a ser igual a Deus: "É certo que vocês não morrerão. Porque Deus sabe que, no dia em que dele comerem, os olhos de vocês se abrirão e, como Deus, vocês serão conhecedores do bem e do mal" (versículos 4 e 5, NAA). Eva demonstra mais do que desconhecimento da Palavra de Deus, afirmando mais do que Deus disse. ela fala que o Senhor havia proibido tocar na árvore sob pena de morte, sendo que o Criador não havia proibido o toque e nem sentenciado à morte por este motivo (conferir em 2.15-17). Talvez, acreditasse nesta "adição" à Palavra, e esta crença sem base na orientação do Criador tenha lhe prejudicado. Ao tocar na árvore ela considerou-se desobediente sem de fato estar desobedecendo, e em seguida realmente pecou ao ingerir seu fruto e oferecê-lo ao seu marido.

A Queda de Adão trouxe inversão dos papéis designados pelo Criador ao homem e a mulher. Em vez de o casal respeitar a posição de Deus em orientá-los, e o homem com o auxílio da mulher governar a Criação, acontece uma mudança total: a serpente aborda Eva que, ao se rebelar contra o Criador, arrasta consigo seu marido.

Embora Eva tenha dado atenção para a serpente, Adão teve sua dose maior de responsabilidade, pois mesmo antes da mulher ser criada, o Criador deu-lhe a ordem para não comer o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gênesis 2.17,18). Não há registro bíblico que o Criador tenha feito recomendação diretamente para a mulher. No plano de Deus para a convivência de homem e mulher, é ele, não é ela que deve assumir a responsabilidade final.

Eva pecou ao desrespeitar o padrão estabelecido por Deus para o casamento, não consultar seu companheiro antes de retirar o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal e oferecê-lo a ele. Adão pecou quando negligenciou sua responsabilidade, não se esforçar para transmitir com clareza a ordem divina para sua esposa, ele errou ao não considerar a relevância da determinação de Deus que proibia comer o fruto proibido, consentir no andamento do plano de rebeldia da serpente e não impedir que a sugestão da serpente tivesse êxito (Gênesis 3.6,17).

Por negligenciar sua responsabilidade de liderança, o Senhor pergunta apenas para Adão "comeste do fruto que ordenei que não comeste?" e para a mulher formula questão diferente, dizendo "o que fizeste?". Eva havia dado sua confiança à serpente, o Criador desfez este laço de influência colocando entre ambas a inimizade (Gênesis 3.11.15). Adão é considerado o principal responsável pelo ato de rebeldia, apesar de as consequências da Queda atingir, igualmente, ao homem e à mulher e suas respectivas esferas de atuação (Gênesis 3.9,17; Romanos 5.12-14).

Eva talvez tenha percebido logo que foi iludida, havia sido criada sem nenhum pecado e ao pecar, ao invés de passar a ser igual ao Criador, que é santo, tornou-se parecida com o diabo, o primeiro ser apontado pelas Escrituras como pecador. Adão e Eva transformaram-se em pecadores e foram lançados para fora do jardim para envelhecer e morrer. Antes do pecado, Adão lavrava  apenas o jardim do Éden, com facilidade produzia seu sustento e vivia feliz com Eva. Depois do pecado, o Criador amaldiçoou a terra, que passou a produzir espinhos e cardos, e Adão não mais pôde trabalhar com facilidade. O trabalho passou a ser árduo para ele. Adão viveu 930 anos, teve muitos filhos e filhas. O dia se sua morte chegou, morreu conforme o Criador disse que aconteceria (Gênesis 5.4-5). 

Sobre a Queda de Adão, podemos extrair a lição de que jamais devemos dar margem para dúvidas. Para evitar cair em tentação, é preciso buscar o conhecimento completo do que o Senhor fala. Sempre será necessário ensinar o conteúdo bíblico usando textos e contextos, pois o pregador é cobrado por suas negligências no que tange ao ensino. Distorcer, adicionar e subtrair informações referente ao que há nas Escrituras Sagradas, não edifica o crente, favorece apenas os interesses do diabo.

Depois deste fato triste, Adão deu para sua esposa o nome Eva. No idioma hebraico, este nome significa "vida". A Ciência define vida como o conjunto de características que mantém os seres humanos em atividade. Adão nomeou-a assim tendo em vista a capacidade de reprodução da espécie humana que havia nela, sua mulher logo passaria a ser a "mãe de todos os seres humanos" (Gênesis 3.20 (NAA).

Eva torna-se mãe (Gênesis 4.1,2).

Eva foi criada para ser a “companheira adequada”, a parceira de Adão na tarefa de encher a Terra e sujeitá-la. Como complemento oferecido por Deus, era digna de merecer todo respeito do seu marido, devia ser devidamente bem tratada por ele. A narrativa bíblica sobre o primeiro casamento estipula que o homem deve deixar pai e mãe e formar uma nova unidade familiar ao unir à sua mulher. E desta união conjugal precisa haver a geração de descendentes (Gênesis 1.28; 2.24).

Alguns interpretam o significado sobre a Queda de Adão de maneira totalmente equivocada, dizem que o pecado do casal foi o ato sexual. Deus disse “frutificai e multiplicai-vos”, portanto, está claro dentro do ambiente do casamento que a expressão sexual é uma dádiva, o celibato nunca foi plano do Criador, a sexualidade humana é uma bênção que existe para que marido e mulher tenham filhos e expressem afetividade reciproca intimamente. O apóstolo Paulo, ao abordar a questão da apostasia nos últimos dias (1 Timóteo 4.3-5), desenvolve uma interpretação positiva a respeito do relacionamento sexual no matrimônio. Através de sua redação, entendemos que Deus criou homem e mulher com a capacidade de terem prazer na atividade sexual, que a constância da relação íntima no casamento gera a desejável felicidade, a união conjugal é onde homem e mulher podem e devem compartilhar juntos os prazeres físicos da vida terrena.

Não há base bíblica para a doutrina do rigor acético na vida de casal, a proibição da expressão sexual desvirtua o propósito divino para este assunto, e de igual maneira não existe base bíblica ao indivíduo promíscuo que pratica o sexo fora laços matrimoniais.

Na antiga cultura hebraica, considerava-se que a principal responsabilidade das mulheres para com os maridos era gerar filhos, especialmente filhos do sexo masculino. A geração de um filho era a contribuição mais nobre que a mulher podia dar ao marido e à família. Não fazê-lo, em contrapartida, via-se como uma desgraça. É por este motivo que vemos o desespero de Raquel por não ter gerado nenhum menino para Jacó. Quando, posteriormente, Deus permitiu que concebesse um garoto, Raquel interpretou esse acontecimento como a remoção de sua humilhação (Gênesis 30.1,23).

Em Gênesis 3, temos o relato do primeiro pecado consumado. Observamos que a Queda implicou uma inversão completa do padrão de relacionamento definido por Deus, com consequências desastrosas e permanentes revertidas apenas pela vinda e morte salvífica do Messias.

No capítulo 4 de Gênesis, vemos o começo das consequências desta ação da desobediência de Adão e Eva. A mulher dá à luz a dois filhos: Caim e Abel. O coração de Caim não possui afeto natural em relação a seu irmão, seu sentimento é retratado como um fera em prontidão para atacar, a malignidade contamina a sensatez de seu raciocínio e o induz ao terrível ataque fatal contra Abel. Então ocorre o primeiro assassinato registrado na Bíblia Sagrada, é o início do desdobramento da prática do pecado na história da humanidade  (Gênesis 4.6-9; 13-14; 1 Pedro 5.8).

A mulher no plano de Deus (1 Pedro 3.1-7).

A linha cronológica da apresentação dos fatos relativos ao casamento no Antigo Testamento. começa em Gênesis, capítulos 1 a 3. Tal cronologia pode ser atrelada ao Plano da Salvação. Em Gênesis 3.9 a 20, há o relato de como Deus agiu em relação ao pecado de Adão e Eva e à indução ao erro cometido pela serpente. O Criador sabia de toda a ocorrência e fez perguntas visando extrair confissões e proferir a condenação. A serpente foi condenada a rastejar e estar em guerra constante com a humanidade e ter a sua cabeça esmagada pela descendência de Eva - o juízo contra a serpente é ao mesmo tempo o anúncio divino de bênção ao ser humano, a Boa Nova da intervenção de Jesus Cristo em favor de todos os pecadores (Gênesis 3.15; João 3.16; Romanos 16.20; Hebreus 2.14; Apocalipse 22.18).

O apóstolo Pedro, no terceiro capítulo de sua primeira carta, descreve os deveres de maridos e esposas no seu relacionamento, começando com os deveres das esposas. Abordar problemas conjugais e familiares, refere-se as mulheres convertidas a Cristo no mundo antigo em que vivia, considera a consequência desse ato quando o marido continuava descrente (3.1-2). Seu aconselhamento às esposas é mais extenso do que a orientação dirigida aos maridos crentes, pois quando o homem se convertia enquanto que a mulher seguia sem aceitar a Cristo, o marido levava a sua mulher à Igreja e não havia maiores dificuldades, mas se apenas a esposa era convertida, seu passo de fé poderia causar complicações sem precedentes dentro do seu lar.

A situação de uma mulher mudar de religião sem ser acompanhada do seu marido era algo praticamente inaceitável pela sociedade grega daquela época, naquela civilização a mulher não tinha direito ao pensamento próprio, era obrigada a permanecer no ambiente doméstico, pedir o menos possível e acatar todas as ordens do marido. Seu marido podia divorciar-se dela à vontade contanto que lhe devolvesse seu dote. A vida da mulher em Roma não era muito diferente, as leis romanas favoreciam apenas os homens. Legalmente, em fase adulta a pessoa de sexo feminino era tratada como se fosse ainda criança. Quando vivia no lar paterno estava sob a autoridade do pai, que possuía o direito de decidir sua vida ou morte; ao casar-se passava a estar sob a autoridade absoluta do marido.

O ensinamento de Pedro sobre o modo das esposas cristãs casadas com homens descrentes se consiste em que elas vivam  em sujeição, uma submissão carinhosa à vontade do seu cônjuge, para que através da conduta amorosa, o homem que não tinha contato algum com o Evangelho de Cristo encontrasse oportunidade de observar a evidência da Palavra através do procedimento prestativo, prudente e exemplar da sua mulher. Através deste aconselhamento, aprendemos a sujeição espontânea, primeiramente ao Todo Poderoso, são deveres cristãos que o Criador estabeleceu antes do pecado cometido por Adão e Eva (Gênesis 3.16; 1 Timóteo 2.11).

Pedro incentiva os cristãos à viverem unidos, ao amor, à compaixão, à paz e à paciência nos sofrimentos; a perdoarem os caluniadores e não caluniarem; não retribuírem o mal com o mal, nem insulto com insulto, mas com bênção; estarem sempre prontos para explicar a razão da sua fé e esperança, e conservarem a boa consciência (3.8-17). Para encorajá-los a isso, o apóstolo aponta ao exemplo de Jesus, que sendo justo sofreu pelos injustos (3.18-22).

A mulher no Reino de Deus 

As Escrituras ensinam que Deus fez tanto o homem quanto a mulher parecidos com Ele (Gênesis 1.27; 5.1; 9.6; 1 Coríntios 11.7; Tiago 3.9). Sendo o Criador pessoal, criativo, dotado de inteligência e desejo, capaz de governar o mundo, fez dois seres humanos dotados de atributos físicos e psicológicos que configuram os caráteres das criaturas varonil e feminil portando qualidades específicas, e estas refletindo a inteireza do seu Criador, possuem capacidade de cumprir plenamente a vontade divina.

Algumas mulheres destacadas positivamente nas páginas das Escrituras:
• Abgail, a mulher de sabedoria (2 Samuel 25.18-35);
• Ana, a mulher de oração (2 Samuel 1.9,10);
• A mulher anônima que Jesus observou contribuindo no templo (Marcos 12.41-44);
• Débora, a mulher que profetizava (Juízes 4.5);
• Rute, a mulher de decisões acertadas (Rute 1.16);
• Sara, a mulher de fé (Hebreus 11.11);
• Lídia, a primeira convertida a Cristo na Europa (Atos 16.14);
• Lóide e Eunice, respectivamente, avó e mãe do jovem pastor Timóteo, a quem transmitiram a fé no Salvador (2 Timóteo 1.5);
• Maria Madalena, a primeira mulher que testemunhou a ressurreição do Salvador (João 20.11-18);
• Priscila, esposa fiel de Áquila, que junto a ele cooperou no ministério de Paulo (Atos 18.21-3,26; Romanos 16.3,4. 
Em todo o ministério terreno de Jesus e, principalmente em sua ressurreição (Lucas 24.1-10), percebemos a fé e o respeito que as mulheres demonstraram pelo Salvador. Depois de sepultado, assim que o período do dia de sábado terminou, Maria Madalena, Joana, Maria, mãe de Tiago e outras mulheres (João 12.10,24,32), aproveitaram a primeira oportunidade e foram ao sepulcro para embalsamar o corpo de Jesus, talvez quisessem ungir sua cabeça, o rosto, espalhar especiarias em suas mãos e pés feridos, em uma expressão de carinho, o mesmo carinho que dispensamos em nossa cultura ocidental quando derramamos lágrimas e colocamos flores ao redor das pessoas falecidas que amamos.

Considerando a expressão de amor dessas mulheres, Deus ordenou que dois anjos avisassem-lhes que o Senhor havia ressuscitado, e ajudassem a lembrar que o próprio Cristo havia dito que ressuscitaria ao terceiro dia da sua morte, pois elas encontraram o túmulo aberto e vazio. E coube a elas a missão de avisar aos homens que Ele estava vivo (Lucas 24.6,8).

Após o pecado no Éden, Deus ainda se comunica com as pessoas, agora através da Bíblia Sagrada, que inspirada pelo Espírito Santo tem o poder de transformar vidas. O mundo necessita conhecer a essência do seu Criador, tendo em mente quem realmente Ele é. Através da pregação da Palavra, realizada por pessoas renascidas em Cristo, deseja abençoar pessoas de modo individual e coletivamente, sendo reconhecido e aceito como Soberano no ambiente das famílias. Homens e mulheres, alcançados pela graça da salvação, têm em si o reflexo de seu Criador, estão incumbidos com a missão de entregar a mensagem das Boas Novas aos que ainda não encontraram o Salvador.

Conclusão

As Escrituras dão testemunho de um número considerável de relacionamentos entre homens e mulheres caracterizados pelo amor e pela honra a Deus. Apesar disso, por causa do pecado, o ideal divino da união matrimonial e família foi corrompido pela poligamia, divórcio, adultério, homossexualidade, esterilidade e falta de diferenciação dos papéis de marido e esposa. Por existir na cultura contemporânea, considerável confusão sobre o plano de Deus a respeito do casamento, com a finalidade de saber lidar com essa crise cultural, e fortalecer as convicções cristãs sobre o assunto, o cristão autêntico precisa ter a Bíblia Sagrada como base para empenhar-se à edificação e solidificação do fundamento mais íntimo que o Criador trouxe à existência.

E.A.G.

Compilação:
Comentário Bíblico Beacon, Gênesis a Deuteronômio. Volume 1; página 38.
Comentário Bíblico Mattew Henry - Atos a Apocalipse, 1ª edição 2018, pagina 872. Rio de Janeiro - RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD)
Comentário Bíblico Mattew Henry - Mateus a João, 1ª edição 208, páginas 729, 730. Rio de Janeiro - RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).
Deus Casamento e Família: reconstruindo o fundamento bíblico. Andreas J. Köstenberger e David W. Jones. 2ª edição. Páginas 281 29 e 35. São Paulo (Vida Nova).
Guia do Leitor da Bíblia – Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Lawrence O. Richards. 5ª edição 2006. Páginas 26, 836. Bauru. Rio de Janeiro – RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus – CPAD).
Pastor Christian Molk. consulta realizada no website em 03 de janeiro de 2019, https://www.christianmolk.se/2014/03/nar-eva-foll/ 

sábado, 21 de dezembro de 2019

Rute: a moabita citada na genealogia de Jesus Cristo

Por Eliseu Antonio Gomes

Rute, em hebraico significa "companhia feminina". Rute é uma entre duas mulheres que possuem um livro com o seu nome, a outra é Ester. Ela era moabita, viveu no período dos juízes. Em sua própria terra, Moabe, foi casada com Malom, um homem da tribo de Judá (Rute 4.10), filho mais velho de Elimeleque e Noemi, israelitas vindos de Belém-Judá para Moabe durante certa época de fome.

Em uma sucessão rápida e trágica, Noemi ficou viúva e perdeu seus dois filhos sem deixar herdeiros.  Então, desamparada em nação estrangeira, decidiu voltar para sua terra natal onde esperava achar o apoio de parentes. Antes de partir em sua viagem de retorno, incentivou as duas noras, viúvas jovens, Rute e Orfa, à buscarem suas famílias e se casarem outra vez. Mas, em vez de fazer isso, Rute insistiu em acompanhá-la, afastando-se de todos que conhecia, reafirmando sua lealdade à sogra e, mais importante, ao Deus que ela servia.

Rute adotou tanto a nacionalidade da sogra como também a Deus como o seu Senhor. A união de ambas foi bem forte, só a morte foi capaz de sapará-las (Rute 1.16-17).

Elas chegaram em Belém sem recursos financeiros, e sendo a época da colheita de cevadas, Rute consciente que era a mais jovem entre as duas, cheia de carinho pela sogra, tomou a iniciativa de procurar meio de sustento para ambas. Então, sem reclamar, ela foi colher os grãos que os ceifeiros deixavam para trás nos campos de um homem rico, chamado Boaz, parente de Elimeleque, seu falecido sogro. Boaz a notou e lhe deu sua proteção, permitiu que ela colhesse cevada no seu campo, em reconhecimento de sua lealdade a Noemi. Ele foi beneficiada por Boaz durante toda a colheita da cevada e do trigo.

Noemi, sendo uma mulher sábia e experiente, logo percebeu que Boaz era qualificado pela lei judaica a dar continuidade a linhagem familiar, por este motivo instruiu Rute conquistá-lo.  Rute, sabendo que sua sogra só queria o seu bem, fez exatamente o que Noemi a aconselhou fazer (Rute 3.5). Quando toda a colheita já havia sido efetuada, e o trabalho na eira havia começado, agindo segundo instruções de Noemi, Rute procurou-o à eira à noite. Quando Boaz adormeceu, Rute descobriu os pés dele  e deitou-se próxima, em demonstração de respeito à ele e para se colocar em posição de serva.

Estar ali assim, sem tocá-lo, era um gesto que demonstrava-a como mulher merecedora de ser sua esposa, reivindicação de sua proteção e apelo ao seu cavalheirismo. Ao acordar, Boaz se surpreendeu com a atitude de Rute e viu que ela de fato era uma mulher virtuosa. Ele mediu seis medidas de cevada e deu à ela como um presente, enviou-a de volta para sua casa logo que a madrugada terminou (Rute 3.8-15).

Recorrendo a dez anciãos da cidade como testemunhas, Boaz apelou para o parente mais chegado de Noemi que redimisse um terreno que pertencera a Elimeleque, e que era uma possessão sagrada que não devia mudar de família proprietária (cf. Levíticos 25.23). A isso Boaz firmou palavra de compromisso, apresentou adicionalmente a obrigação de casar-se com Rute conforme a lei do casamento, chamada de levirato (Levíticos 25.25, 47-49; Rute 4.5). 

No Antigo Testamento, havia a prática que obrigava um homem a casar-se com a viúva de seu parente próximo, quando o falecido não deixasse descendência masculina. Por esta lei, o parente mais próximo de Eimeleque deveria se casar com Rute. Mas o parente mais chegado não podia fazê-lo, e renunciou de tal direito em favor de Boaz. Então, com o passar do tempo, Rute e Boaz contraíram matrimônio. Ela foi mãe de Obede, que veio a ser o avô de Davi (1 Crônicas 2.12), dessa maneira Rute e Boaz tornam-se antepassados do Rei Davi e, consequentemente, de Jesus Cristo. Rute é uma das cinco figuras femininas cujo nome é mencionado na linhagem de Jesus, isto no leva a saber que ela desempenhou papel importante na Bíblia (Mateus 1.1-17).

Existem inúmeras mensagens que podemos receber da vida e do caráter de Rute, ela foi um modelo digno de imitação, exemplo de bom companheirismo, lealdade, modéstia e simplicidade. Era uma mulher esforçada, confiável, tinha boa fama na sociedade em que viveu. A biografia de Rute é uma das histórias prediletas da Bíblia, pois aborda a superação de problemas complicados, fala sobre amor, superação, e a providência divina.

E.A.G.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Miriã: a hebreia que ajudou sua mãe Joquebede a salvar o bebê Moisés

Por Eliseu Antonio Gomes

Míria  é uma personagem muito interessante , uma mulher retratada de modo destacado na Bíblia, alguém grandemente usada por Deus. Referências sobre ela: Êxodo 2:1-8; 15:20-21; Números 12:1-16.

Origem

Miriã em grego é Maria. Filha de Anrão e Joquebede e irmã de Arão e Moisés (Números 26.59). 

Moisés era o mais jovem dos irmãos. Sendo Miriã mais velha, era ela a responsável que vigiava o cesto do bebê Moisés em uma das margens do Nilo, quando ele foi colocado na água para ser levado pela correnteza com a intenção de que escapasse da morte, pois na época Faraó havia feito um decreto ordenando que toda criança hebreia do sexo masculino deveria ser morta.  (Êxodo 2.4).

Miriã ajuda sua mãe e salvar o caçula Moisés. (Êxodo 2.1-25)

No Antigo Testamento, a palavra "faraó" aparece como um título e também um nome próprio. O rei do Egito era considerado como um deus, tido como a encarnação do deus Horus, através do qual produzia as inundações anuais do Nilo e, portanto, visto como responsável pela fertilidade da terra. Era dito que ao ser coroado, se fazia deus-homem; ao morrer, fazia-se inteiramente deus, abandonando a condição de ser humano, e por este motivo deveria ser adorado nos templos dos mortos, as pirâmides. O faraó contemporâneo de Miriã, enquanto ainda menina, é apontado como sendo Seti I, este impôs aos hebreus trabalhos forçados e excessivos, e outras restrições, cuja finalidade era impedir o crescimento e o progresso dos hebreus entre os egípcios. Dele, a narrativa bíblica diz que não conheceu a José, governador hebreu que livrou os egípcios da fome antes que chegasse o tempo de grande seca (Êxodo 1.8).

Seti percebeu que o número de hebreus no Egito era grande, temeu a rebelião dos hebreus contra seu governo e por causa deste medo colocou em prática um desígnio mau contra o povo de Deus,
 extinguir todos os bebês de sexo masculino. Nesta época, Joquebede deu à luz a Moisés. Arão era três anos mais velhos que Moisés, não correu perigo de morrer porque o edito macabro entrou em vigor quando sua idade não se encaixa no plano de infanticídio (Êxodo 6.20; Nm 26.59).

Da perspectiva humana, Moisés não sobreviveria, mas Deus usou Joquebede e Miriã para que não morresse na fase de primeira infância pelas  mãos dos egípcios. Miriã agiu em obediência às orientações de sua mãe. A fé e a inteligência de Joquebede e a coragem de Miriã fizeram com que o edito de Faraó não tivesse efeito contra o futuro  Libertador de Israel. 

Moisés permaneceu escondido por três meses. Aparentemente, Miriã tinha idade o suficiente para oferecer os cuidados apropriados e a proteção que era exigida naquela situação crítica. Apesar de Miriã ser muito nova nessa época, ela era destemida e seguindo a orientação de sua mãe, levou o bebê dentro de um cesto e deixou-o  num lugar em que a princesa do Egito normalmente frequentava, próximo de juncos. Ali, posicionada de longe, estrategicamente, observou quando o pequenino e indefeso irmão foi encontrado pela filha de Faraó. Assim que o viu, a princesa  ficou encantada e decidiu que cuidaria dele como se fosse seu filho. E Miriã logo foi ter com ela usando as palavras certas para que procurasse uma mulher hebreia para ajudá-la a criá-lo. E assim foi feito (Números 26.59). 

Joquebede, pôde continuar a amamentar Moisés, foi possível a ela acompanhar seu crescimento, testemunhar sua privilegiada vida como se fosse um príncipe egípcio, viu como ele recebeu a melhor educação possível para um menino daquela época e ainda foi paga para que cuidasse do próprio filho.
Ela teve a oportunidade de semear em seu coração o fruto da fé que agrada ao Senhor, e assim posicioná-lo na fase adulta a proceder com o senso de justiça que o tornou líder do povo hebreu.

É digno de nota que o nome Moisés remete para sua origem, o significado hebraico é “tirado para fora” e o significado egípcio é “salvo da água”. 

Anos depois, Miriã juntou-se a Moisés e a Arão, quando houve a libertação do povo de Israel do Egito. Ramsés II e Menepta II são apontados por egiptólogos como o faraó que reinava quando os israelitas saíram do Egito.

O cântico

Aparentemente, Miriã possuía dotes musicais. Era ela quem dirigia as mulheres de Israel no cântico e na dança, para celebrar o livramento que Deus deu a Israel da escravidão do Egito,  após a passagem do mar Vermelho (Êxodo 15.20,21). Tal manifestação festiva dá nome ao livro "Êxodo". Junto com uma multidão de ex-escravos da nação mais poderosa da terra. Efusivamente, Miriã louvou a Deus porque havia escapado do regime opressor de Faraó. Os salmos 78 e 105 referem-se ao momento e os profetas neotestamentários relembraram os dias do êxodo com o mesmo objetivo de Miriã, manter a consciência avivada do povo quanto ao grande feito do Todo Poderosos em favor dos israelitas. 

Simbolicamente, o Egito representa ideologias que confrontam a vontade de Deus para o ser humano, na Bíblia o Egito raramente aparece como amigo de Israel.  A passagem dos judeus com os pés enxutos pelo Mar Vermelho, alude ao livramento triunfal do pecador da escravidão do pecado, rumo à liberdade. Os feitos poderosos, pelos quais este cântico rende graças a Deus, quando Miriã dançou alegremente, prefigura os feitos ainda mais poderosos pelos quais os remidos cantarão louvores a Deus pelas eras sem fim da eternidade. No porvir, um dos cânticos triunfais dos remidos chama-se "Cântico de Moisés e do Cordeiro (Apocalipse 15.3).

Profetisa

Miriã é a primeira personagem feminina citada na Bíblia como profetiza (Êxodo 15:20-21_, embora não exista nas Escrituras nenhum relato de Deus falando com Miriã ou dando-lhe qualquer revelação ou instrução para ser repassadas aos judeus. 

Infelizmente, aparentemente, Miriã deixou ser levada pela inveja, ao ver  a posição de destaque que seu irmão caçula havia alcançado. Este sentimento fez com que ela cometesse erros. como castigo, Deus permitiu que ficasse leprosa. Ao reivindicar a posição de profetiza em Números 12.2, em vez de confirmar sua reivindicação, foi repreendida severamente. Parece que foi ela quem deu origem à rebelião de Números 12.1 e 2, desde que seu nome vem primeiro em vez da ordem usual (seguindo o dos homens) como nos versos 4 e 5. 

Apesar do seu comportamento, Arão e Moisés fizeram intercessão, pelo clamor de seus irmãos Deus a curou; antes da doença chegar ao fim, ela desejou não ter pecado (Números 12.10).

O descanso

Miriã não conheceu a terra prometida, pois faleceu antes da travessia à Canaã. Parece haver um lapso de 38 anos entre os capítulos 19 e 20 de Números. Neste intervalo de tempo, Miriã, com aproximadamente 130 anos de idade, morreu e foi sepultada em Cades. Moisés e Arão , morreram todos no mesmo ano. Miriã em Cades (20.1); Arão, com cerca de 130 anos, no monte Hor (20.28) e Moisés, aos 120 anos de vida, no monte Nebo (Deuteronômio 32.50).

Conclusão

Miriã cometeu equívocos graves e acertos impactantes. Se observamos sua vida tendo como base de avaliação as páginas bíblicas onde estão os textos normativos à fé cristã, temos a oportunidade de crescermos espiritualmente como servos do Senhor Jesus Cristo. 


Comentário Bíblico Beacon. Gênesis a Deuteronômio. Volume Página 1. Edição 2012. Rio de Janeiro - RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD).
Principais Personagens Bíblicos. Forrest  L. Keener Volume 1. Lição 19: Miriã. Página 44. Web site Palavra Prudente.
Manual Bíblico Henry H. Halley. Edição 1994. Páginas 120 e 138. São Paulo. (Vida Nova).
Tesouros de Conhecimento Bíblico. Emílio Conde. Edição 1983. Página 279, Rio de Janeiro - RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD).

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Lídia: a crente hospitaleira - N. Lawrence Olson

Pico 'O Dedo de Deus'
 Serra dos Órgão; Guapimirim, Rio de Janeiro, Brasil · Cordilheira
 · Ilustração de capa; revista Lições Bíblicas (CPAD).
Publicação ao 2º trimestre de 1975. Artista não identificado.

Por N. Lawrence Olson

INTRODUÇÃO

Verdade prática: A genuína hospitalidade bem pode tornar-se o meio de um expressivo serviço para Cristo. "E tudo quanto fizerdes, fazei-o de coração, como ao Senhor, e não aos homens," Colossenses 3.23.

Leitura em classe: Atos 16.12-15; 35-40; 3 João 5-8.

Após as experiências, da região da Galácia, Paulo pensou em evangelizar a província da Ásia, mas o Espírito Santo não o deixou. Pensou em ir à Bitínia, mas novamente foi impedido. Mas seguiu para Troas, porto de mar, conhecida na história como Troia, a cidade que na antiguidade sustentou o cerco dos gregos durante 10 anos. Aqui Paulo teve a visão do "homem da Macedônia", que lhe implorava vir ajudá-lo. Então entendeu o motivo de o Espírito Santo fechar as portas das outras províncias.

Deus nessa hora abria as portas da Europa! Seria na Europa onde o evangelho teria a sua maior expressão e vitória. Depois, da Europa, o evangelho prosseguiria seu caminho rumo aos confins da terra. Embarcando em um navio em Troas, Paulo e seus companheiros chegaram a Neápolis e dali rumaram a Filipos, cidade que era colônia romana.

Foi um privilégio do autor destas linhas visitar esta região, há dez anos passados, e estudar e fotografar as ruínas de Filipos, incluindo a prisão interior em que estavam encarcerados Paulo e Silas. Estas ruínas incluem uma igreja construída no meio do 4º Século, em que se vê até hoje o tanque de batismo, provando que o batismo era por imersão como algumas igrejas ensinam. Ele fotografou também o rio Angites, distante menos de 2 quilômetros da cidade, em que o carcereiro e sua casa foram batizados nessa noite (Atos 16.33).

Em Filipos Paulo não encontrou sinagoga, pois haviam poucos judeus, mas à beira do rio encontrou Lídia, vendedora de púrpura, que abriu seu coração e mais tarde sua casa, de dimensões amplas, ao evangelho.

I - A CONVERSÃO DE LÍDIA

Leitura: Atos 16.12-15.

A. Encontrada no lugar da oração. Versículos 12 a 14. Nessa primeira cidade europeia a ser evangelizada, Pulo não encontrou "uma comissão de recepção"! Parecia que não tinha ninguém" Sinagoga não havia" Como ia começar o trabalho? Mas lá ao oeste da cidade ele encontrou um grupo de senhoras que ali, à beira do rio (num lugar arborizado e muito apropriado para tais reuniões, como o autor teve oportunidade de verificar "in loco"!) costumavam orar, aos sábados. Paulo começou logo a pregar-lhes a mensagem de Cristo, o Salvador. Ele não se importou que só senhoras compunham a sua audiência. A alma da mulher vale tanto quanto a do homem. Onde estavam os maridos? Não sabemos, com certeza, mas possivelmente eram homens que preferiam deixar as coisas de religião com as mulheres, como muitas vezes acontece! Queremos crer que esses mesmos homens fossem depois evangelizados e viessem a assumir a liderança na igreja nascente em Filipos, como é normal. Mas quanto não devemos a mulheres fiéis que, na falta de homens para liderar, fazem o que podem, muitas vezes com sucesso extraordinário! Lídia foi uma dessas. Lídia era negociante de "púrpura". Segundo o dicionário, "púrpura" era uma anilina ou púrpura da mais excelente qualidade, extraída  da raiz de "garança", ou "ruiva  dos tinteiros", e dum molusco marinho. Até hoje os pintores a usam por causa de sua grande durabilidade. Sendo um artigo caro, entendemos que o negócio de Lídia limitava-se à alta classe. Lídia era gentia, vinda de Tiatira, mas de coração faminto pelas coisas de Deus. Foi Paul oque lhe deu de comer do "pão da vida"!

B. A Ouvinte Ávida. Versículos 14 e 15. Quando o servo de Abraão procurou uma esposa para Isaque, ele encontrou Rebeca como a resposta à sua oração. Depois ele testificou, "...o Senhor me guiou no caminho", Gênesis 24.27. É um princípio espiritual que Deus nos guia quando estamos no "caminho" e encontrará uma direção perfeita pela mão do Senhor. Foi o que aconteceu com Lídia que andava na luz que possuía e consequentemente sua luz ficou mais forte como a do meio dia! Ela encontrou a sabedoria que provém, não da mente humana, mas si do Espírito de Deus. 1 Coríntios 2.13,14. No princípio ela tinha condições de indagar as coisas do Espírito, mas quando regenerada, abriu-lhe um mundo novo de realidade celestial. É o que significam as palavras "o Senhor abriu-lhe o coração". Versículo 14. A palavra "abrir" no original significa "abrir de tudo", como também é usada em Lucas 24.32,45, onde Jesus "abriu" o entendimento dos dois discípulos de Emaús. Lídia demonstrou a mudança de coração por ganhar a sua família para Cristo, incluindo empregados e associados da vida comercial. Lídia foi mesmo exemplo de crente!

II. A CONSAGRAÇÃO DO LAR

Leitura: Atos 16.15,24-34

A. A Hospitalidade Cristã. Versículo 15. Lídia, logo após a sua conversão, ofereceu a sua casa para hospedar os missionários, sentindo com muita obrigação para com eles. Queria servir-lhes e a Cristo, com algum conforto do que dispunha,. É interessante notar como a oferta que ela fez, sem imposição, mas fazendo-os sentir que era o privilégio dela recebê-lo em sua casa. Ela procurou um modo de continuar a demonstrar a sua fé, de maneira concreta. Queria que seu lar fosse um centro de evangelização, e sem dúvida nos primeiros tempos sua casa serviu de salão de cultos, com osemmpre acontecia no início dos trabalhos. Que belo exemplo para os demais em Filipos! Esta igreja, que nesses dias nascia, tornou-se a igreja mais chegada ao apóstolo Paulo. Foi a única que nenhuma repreensão levou quando o apóstolo escrevia suas cartas. Quem pode duvidar que Lídia teve forte influência nessa formação espiritual dessa igreja? Quanto vale um bom exemplo?

B. Um Lugar de Descanso.

Leitura: Aros 16.35-40. 

Versículos 37-40. No prosseguimento da obra em Filipos, Paulo foi usado por Deus para expulsar um demônio de uma moça possessa, fato em que resultou ser ele e Silas açoitados com varas e postos numa prisão interior. Mas não se importaram com os sofrimentos e de estar presos no tronco, que era um terrível instrumento de tortura. A meia-noite cantavam hinos em louvor a Deus! Foi quando um terremoto sacudiu o prédio, fazendo chegar às pressas o carcereiro que, supondo que os presos houvessem fugido, ia suicidar-se. Tocado no coração, perguntou aos pregadores que devia fazer para se salvar. Paulo disse: "Crê no Senho Jesus". O homem creu e toda a sua casa. Tratou de curar as feridas, e nessa madrugada o carcereiro e sua família foram batizados no rio Angites. 

Foi uma vitória importante para o evangelho. Os magistrados então queriam que Paulo saísse da prisão pela "porta dos fundos", mas isso ele recusou fazer, exigindo que eles mesmos o "soltassem" Exigia respeito às leis romanas sob cuja proteção ele tinha direito, como cidadão romano. Eles cumpriram a exigência, servindo-lhes de lição para não maltratar os pregadores do evangelho sem nenhuma razão. 

Após esses acontecimentos então foi que Paulo retirou-se para a casa de Lídia, onde teria sossego e comunhão com os crentes e onde juntos louvariam ao Senhor por seu livramento. Notamos que, em vez de Paulo exigir o conforto dos outros, foi ele quem os "confortou"! Isso porque de Deus ele havia recebido conforto do Senhor, que o fez capaz disso.

A CONFIRMAÇÃO DO PRINCÍPIO DE HOSPITALIDADE

Leitura: 3 João 5-8.

A. A Hospitalidade é Obra de Fé. Versículo 5. A hospitalidade caracterizou a Igreja Prtimitiva em toda parte. A terceira carta de João foi escrita numa época quando Diótorfes, que desejava proeminência na igreja, queria embargar os mensageiros do idoso apóstolo João de receber hospitalidade dos cristãos. Mas Gaio manteve seu lar aberto para esses servos de Jesus, apesar das ameaças. Gaio assim fez porque era uma expressão de sua fé que abrangia até pessoas estranhas e forasteiros. É assim que o amor cristão opera, preocupando-se com as necessidades de outrem.

B. A Hospitalidade Facilita a Promoção do Evangelho

Leitura: 3 João 5-8; 1 João 3.14-24

Versículo 6-8. Nem sempre podemos demonstrar o nosso amor e a nossa hospitalidade no lar. Mas sempre podemos cooperar de modo tangível com as nossas ofertas e sustento regular para as obras de missões. João menciona que não devemos exigir nada dos estranhos à causa do Senhor, para eles nã opensarem que o evangelho é um comércio. Os crentes devem sustentar os obreiros que saem para os campos no mundo afora. O espírito liberal muito ajudará nessa obra de evangelizar o mundo.

E.A.G.

Fonte: Lições Bíblicas. N. Lawrence Olson. Lição 9: Lídia - a crente hospitaleira. abril-maio-junho-de-1973. Guanabara / Rio de Janeiro (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Raquel, a esposa muito amada de Jacó

Por Eliseu Antonio Gomes

Raquel em hebraico significa "ovelha", cuja conotação é pacificadora e mansa. Ela era filha caçula de Labão, irmã de Lia e sobrinha de Rebeca. Mulher de grande beleza (Gênesis 29.17). Casou-se com Jacó; foi sua esposa favorita. Sua história está registrada no livro de Gênesis, dos capítulos 29.1 a 35.29.

O primeiro encontro dela com Jacó aconteceu quando ele se encaminhava à Padã-Arã, por orientação de Isaque, seu pai, para conhecer uma mulher que fosse sua esposa de entre os parentes de sua mãe (28.1-2). Na ocasião, ela conduzia o rebanho para beber água e ele a ajudou abrindo a tampa do poço e saciando a sede dos animais, e depois beijou-a, foi amor à primeira vista (29.2-10-11).

Jacó  ficou na casa de seu tio Labão um mês inteiro. Aí o tio lhe disse que não era correto ele trabalhar de graça, só porque era seu parente, e perguntou quanto ele queria ganhar. Como Jacó estava apaixonado por Raquel, não perdeu tempo, pediu a mão da moça em casamento a Labão. Ambos entraram em um acordo pitoresco, Jacó sugeriu trabalhar cuidado do rebanho de Labão por sete anos, para só depois desse tempo ter a permissão dele para casar-se com ela. E Labão aceitou a proposta, dizendo que preferia ver sua filha casada com ele do que com um estranho. O amor de Jacó por Raquel era realmente admirável, pois considerou esse tempo como se fosse poucos dias pelo muito que a amava (29.20).

Assim, Jacó trabalhou sete anos com o objetivo de casar-se com Raquel. Quando passou o tempo combinado, Labão agiu desonestamente com Jacó. Deu uma festa de casamento e convidou toda a gente da região. Mas naquela noite Labão pegou Lia e a entregou a Jacó, e ele teve relações com ela. Só na manhã seguinte foi que Jacó percebeu que havia dormido com Lia, que Labão não havia cumprido com a palavra empenhada. Tentando justificar-se, disse-lhe não era costume em sua terra dar primeiro a mão da filha caçula em casamento antes da filha mais velha. Talvez, tenha feito isso, para que Jacó continuasse cuidado de suas ovelhas. E Jacó aceitou aquele sacrifício. Quando terminou a semana de festas do casamento de Lia, Labão permitiu que Jacó se casasse com Raquel. Jacó relacionou-se intimamente com ela; e ele amava Raquel muito mais do que amava Lia. E ficou trabalhando para Labão, conforme havia dito que ficaria (29.15-26).

Duas irmãs casadas com o mesmo marido - isso não pode dar certo... Ainda mais quando o amor não é dividido de forma igual. Só mais adiante foi que se proibiu o casamento com duas irmãs durante a vida de ambas (Levíticos 18.18). Neste triângulo que se formou, Lia estava sobrando... A irmã mais velha, só se tornou esposa de Jacó porque, na noite de núpcias, ele foi enganado pelo pai da noiva com uma artimanha engenhosa.

Deus viu que Jacó desprezava Lia e que ela sofria muito com a situação em que foi envolvida. E se compadeceu dela, fazendo com que ela tivesse um filho atrás do outro. Pôs no primeiro filho o nome de Ruben; no segundo Simeão; o terceiro, Levi; o seguinte, Judá. Para cada nascimento, ela reconhecia que o Senhor a abençoava através da maternidade e nutria a esperança que seu marido a amaria mais, se aproximaria mais e louvava a Deus em cada gravidez.

De todas as maneiras as duas irmãs tentavam se destacar mais que a outra no quesito filhos. Raquel era estéril. Sendo assim ela se sentiu enormemente atormentada e decidiu usar a escrava Bila como  "barriga de aluguel", levou-a a Jacó e disse que ela seria sua concubina e todos os filhos que gerasse seriam considerados como se fosse dela. Então, a disputa entre as duas irmãs deslanchou de vez. Com Bila, Jacó foi pai de Dã, Naftali.

Lia percebeu que não seria mais mãe e entregou sua escrava Zilpa a Jacó como concubina também, e esta concebeu a Gade, Aser.

Quando viu que Rubem havia achado mandrágoras no campo e trouxe-as para sua mãe, quais algumas para si e foi pedir a Lia, que negou-se a dar-lhe. Para que mudasse de ideia, disse a irma que permitira que Jacó se deitasse com ela novamente, e elas entraram nesse acordo (Gênesis 31.19,34,35). Para sua surpresa, Lia veio a engravidar outras vezes, o próximo filho teve o nome Issacar e o sexto menino chamou-se Zebulom. E na sua última gravidez nasceu uma menina e a ela deu ao bebê o nome de Dina.

Raquel era capaz de ações sem princípios. Quando Jacó, depois de 20 anos explorado pelo sogro tomou a iniciativa de afastar-se definitivamente de Labão, sem o avisar que voltaria à casa de seu pai, Raquel aproveitando a ausência do pai, furtou dele uma imagem de culto idólatra, conhecida como terafins e "ídolos do lar" (Gênesis 31.19). Labão ao dar falta de Jacó, das filhas, dos netos o do objeto idólatra, perseguiu a Jacó para reclamar de sua saída às escondidas e reaver o objeto e o alcançou. Jacó permitiu que fizesse uma revista em todos os seu pertences. Ele não o encontrou, pois estava escondido na sela do camelo em que Raquel havia se sentado e recusou-se a levantar dando como desculpa estar no período menstrual. Ali foi o único lugar que não houve verificação, por certo porque Raquel gozava de toda confiança do pai e do marido. Jacó, sem saber da transgressão de Raquel, revoltado com o fato, amaldiçoou quem havia roubado seu sogro, para sua tristeza a maldição não demoraria a surtir efeito (Gênesis 31.22.42).

Raquel se sentia envergonhada e orava ao Senhor para que pudesse ter mais filhos, ao menos mais uma vez. Deus ouviu sua oração e fez com que ela engravidasse. E ela foi mãe de José. Depois, voltou a engravidar, teve problemas no trabalho de parto, quis chamar a criança de Ben-Oni (filho do meu sofrimento), suspirou e faleceu. Jacó preferiu que o filho se chamasse Benjamin (que quer dizer filho da minha mão direita). Enterrou-a em Belém e levantou ali um memorial de pedras em sua homenagem (Gênesis 35.16-20). José e Benjamin foram os filhos mais estimados de Jacó.

José, o primeiro filho de Raquel e Jacó

E.A.G.

Compilações:
História de Mulheres da Bíblia. Eva Mündlen. Edição 2013. Páginas 89 a 94. Barueri - SP (Sociedade Bíblica do Brasil - SBB).
História Sagrada do Antigo e Novo Testamento. Bruno Heuser. Edição 1965. Petrópolis - Rio de Janeiro (Editora Vozes).
O Novo Dicionário da Bíblia.  Volume 3. Quarta edição 1981. Página 1368. São Paulo - SP (Edições Vida Nova).

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

A Ressurreição de Dorcas - Atos 9.36


Por Eliseu Antonio Gomes

"Em Jope havia uma discípula chamada Tabita, nome este que, traduzido, é Dorcas. Ela era notável pelas boas obras e esmolas que fazia" - Atos 9.36 (NAA). 

A mulher cada vez mais conquista seu espaço na sociedade atual. E qual era o espaço da mulher nos tempos bíblicos? Ao ler a Bíblia e observarmos as personagens femininas, encontramos uma variedade de pessoas e situações em relatos marcantes, momentos de alegria e dor, paixão e amor, astúcia e sagacidade. E percebemos que Deus se importa e cuida de cada um de seus filhos e filhas.

Jope, uma bela cidade costeira, situada  a quase 60 quilômetros de Jerusalém, era o principal porto marítimo da Judeia e o mais próximo de Jerusalém (2 Crônicas 2.16; Atos 10.5 e 11.5). Hoje é chamada Jafa, comunidade residencial em Tel-Aviv. Era comum que as mulheres perdessem seus maridos em naufrágios no alto-mar, havia muitas viúvas e órfãos em estado de carência.

Ali, morou uma mulher cristã chamada Dorcas, muito piedosa, dedicada às boas obras e a dar esmolas. Não se sabe se Dorcas era uma judia entre os gregos ou uma helenista convertida ao cristianismo. O seu nome grego, cujo correspondente em aramaico ou hebraico é "Tabita", significa "gazela" nos dois idiomas. Tal definição, talvez, possa ser em alusão aos belos olhos do quadrúpede.

A narrativa de  Lucas a descreve apenas como discípula. Esta é a única vez que encontramos no Novo Testamento uma mulher descrita com este título.  Ao chamá-la de "discípula", a intenção do escritor de Atos dos Apóstolos era enfatizar que Dorcas de fato era uma pessoa praticante dos ensinamentos de Jesus.

Bondade, Dorcas usava seu talento com mãos de costureira habilidosa, criava vestimentas para ajudar o próximo e, por consequência, mostrar a todos que amava a Deus e seguia os passos de Cristo. Ao socorrer as pessoas confeccionando peças de roupas e doá-las, cumpria a vontade do Mestre, que disse: "Estava nu, e vestiste-me" (Mateus 25.36).

Em um determinado dia, essa mulher, muito doente, veio a falecer rodeada por inúmeras pessoas que havia ajudado. Como a cidade de Lida ficava perto de Jope, onde Pedro se achava naquela ocasião, os discípulos mandaram-lhe dois mensageiros, com o pedido de vir urgentemente para a casa de Dorcas. O apóstolo Pedro, sabendo do ocorrido, pôs-se à caminho; ao chegar; levaram-no até o lugar em que estava o corpo. Rodeou-o grande número de viúvas, mostrando-lhe, em lágrimas, as roupas que Dorcas tinha dado a elas. Pedro mandou sair todos do quarto e pôs a orar ajoelhado. Voltando-se ao corpo, proferiu as palavras: "Tabita, levanta-te". E assim Dorcas teve sua vida restaurada. Abrindo os olhos, assentou-se. Amparada pelo apóstolo, imediatamente levantou-se. Em seguida, Pedro chamou as viúvas e os discípulos, ao vê-la revivida todos se admiraram e depois testemunharam em toda a cidade que ela havia ressuscitado e muitos creram no Senhor por causa da obra que Deus fez por meio do apóstolo.

Segundo as práticas judaicas em Jerusalém, o corpo devia ser sepultado no mesmo dia que a pessoa morresse. Mas fora de Jerusalém, na comunidade cristã permitia-se um período de três dias para o sepultamento. Quando havia a circunstância de atraso, os judeus e os gregos tinham em comum o hábito de colocar o corpo em num quarto do andar superior, após lavá-lo. Foi exatamente isso que os irmãos de Jope fizeram com o corpo de Dorcas, cheios de fé eles tiveram a ideia  de trazer o apóstolo para que orasse a Deus e apresentasse aquela situação. 

Por que Deus concedeu a Pedro que fizesse esse milagre impressionante? O milagre da ressurreição de Dorcas causa perplexidade, pois, tantos líderes importantes da igreja morreram e ninguém os trouxe de volta  à vida para que prolongassem os seus serviços. Pode ser que Deus tenha permitido tal ressurreição para que os habitantes de Jope fossem alcançados através da inquestionável evidência do poder de Cristo sobre a morte. Restituir-lhe a vida era a maneira de Deus dizer para a sua igreja o quão importante era para Ele o trabalho que Dorcas desenvolvia.

Oferecer-se para cuidar dos filhos de alguém quando este alguém vai ao estudo bíblico, visitar um enfermo no hospital, dar atenção ao idoso solitário, ser voluntário no serviço de distribuição de sopa aos carentes desabrigados e desempregados, doar roupas usadas, que ainda estão em bom estado e nã o usa mais, é o que Deus espera que façamos como gente crente em Cristo. Se, sem nenhum interesse de receber algo em troca, a nossa vida transborda de amor em atos de beneficência, nos tornamos eficientes em revelar aos outros o caráter amoroso de Jesus em nós. Mais do que palavras, as nossas ações falam poderosamente do amor de Deus pelas criaturas. A vida marcada pelo altruísmo e pela prestatividade, exerce um poderoso impacto na vida das pessoas, não apenas sobre as que recebem os benefícios de ajuda, mas também sobre aquelas que observam o nosso dia a dia.

O episódio de Dorcas nos faz lembrar que um dia Deus ressuscitará todas as pessoas, que viveram em todos os lugares e em todas as gerações. E todas as pessoas que se dedicaram em demonstrar por suas atitudes o caráter bondoso do seu Salvador, serão levados ao Céu a lá permanecerão para sempre livres de sofrimentos, dores, doenças e tristezas.

E.A.G.

Compilação:
Bíblia da Mulher. Edição 2009. Barueri - São Paulo (Sociedade Bíblica do Brasil).
História Sagrada do Antigo e Novo Testamento. Bruno Heuser. Edição 1965. Petrópolis - Rio de Janeiro (Editora Vozes).
Minidicionário Bíblico Difusão. David Conrado Sabag. Páginas 125 e 126. Cultural do Livro