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sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Por qual motivo, quando e como ler a Bíblia Sagrada

Leia a Bíblia Sagrada

• Porque por meio dela conhecemos a Deus e ficamos sabendo o que Ele exige de nós e o que Ele promete - 2 Timóteo 3.16; João 5.39; 2 Pedro 1.14;
• Porque na Bíblia Sagrada se encontra revelado o amor de Deus pelo ser humano - João 3.16; 20.30-31;
• Porque nela encontramos mensagens de consolo e paz - João 14;
• Porque suas palavras falam ao coração angustiado e o consolam - Salmo 103;
• Porque nela se encontram os princípios para uma vida de felicidade e harmonia no lar - Efésios 5.22 - 6.4.

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Bíblia Sagrada, o Livro da Paz

O ser humano desenvolveu, ao longo da história, diversos conceitos de paz. Um dos conceitos mais comuns de paz é o de ausência de guerras. A ausência de combates pode ocorrer por vários motivos. Um chargista, em 1967, depois da Guerra dos Seis Dias entre alguns países árabes e Israel, fez um desenho com o título “Pás no deserto”. A pronúncia dessa frase, ou seja, seu som era igual a “Paz no deserto”. O desenho, no entanto, mostrava vários túmulos de areia e as pás sobre os túmulos. A paz foi feita enterrando com pás todos os seres humanos mortos na guerra. 

sábado, 2 de abril de 2022

A Bíblia Sagrada - o Livro da Igreja

Mesquita do mar em Jaffa, Tel Aviv, 1930

Vivemos rodeados de livros que nos ensinam preciosas lições para a vida material, contudo, é na Bíblia que encontramos a legítima procedência de uma mensagem para a vida eterna. 


A Bíblia é a revelação de Deus à humanidade. Esta é a mais curta definição canônica da Bíblia. Esta posição para com a Bíblia é de indescritível importância para o êxito no seu estudo das Escrituras Sagradas. Sendo a Bíblia a revelação de Deus, ela expressa a vontade de Deus. Ignorar a Bíblia é ignorar essa vontade.

quinta-feira, 10 de março de 2022

O que são os Cânticos dos Degraus? E Salmos de Romagem?

Modelo do canto sudoeste do Monte do Templo,
 baseado em pinturas de L. Rotmeier.
[Exposição: Museu Torre de Davi]
Você já ouviu falar nos "Cânticos dos Degraus" ou "Salmos da Romagem"? Eles são os Salmos que formam uma coleção de 15 cânticos de peregrinação, que são os Salmos 120 a 135. Pode-se dizer que eles formam um tipo de pequena saltério, pois eles são, conforme a tradição judaica, divididos em cinco grupos de três Salmos cada.

Até hoje não se sabe com precisão a origem da designação "Cânticos dos Degraus", isto é, do uso da expressão "degraus" no título dado a esse conjunto de Salmos. Muitas teorias têm sido propostas para esclarecer essa questão. Há quem diga que seja uma referência ao retorno do exílio babilônico, quando os judeus subiram do cativeiro. Por outro lado tradições antigas ligam esses 15 Salmos aos 15 degraus que

domingo, 6 de março de 2022

Isaías 40.8 - Bíblia Sagrada, a Palavra Maravilhosa de Deus

A Palavra de Deus, registrada na Bíblia Sagrada, é maravilhosa em todos os sentidos. Quanto mais tentam combater as Santas Escrituras, mais imbatível ela se revela. 

Conta-se que certa vez um louco tomou aversão a lua. Quando via a lua, começava a falar por toda parte: "Detesto essa lua, detesto essa lua. Eu derrubarei essa lua; vocês verão o que faço com ela."

terça-feira, 16 de novembro de 2021

A biografia de Mary Jones: garota inspiradora das sociedades bíblicas

Arte: Robert Oliver Rees (1879)
Arte: Robert Oliver Rees (1879)
A surpreendente determinação de uma menina galense em conseguir um exemplar da Bíblia inspirou a fundação da primeira Sociedade Bíblica. Conta-se que a Sociedades Bíblicas, entidade em atividades no mundo todo, dedicada à produção e distribuição do Livro Sagrado, teve sua origem motivada na bela história de uma menina. O lema da Sociedades Bíblicas - levar a bíblia a todos os povos, em uma língua que possam entender e a um preço que possam pagar - teria sido inspirado na humildade, determinação e coragem de Mary Jones, que viveu no País de Gales (Grã-Bretanha), durante o século 18. 

O exemplo de Mary Jones

Mary Jones nasceu por volta de 1785, no País de Gales, na

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Qual é a sua disposição ao ler a Bíblia Sagrada?

Neste mundo onde a maioria das pessoas são materialistas ou apenas gente interessada no benefício pessoal, receber a solução imediata para qualquer problema, é muito bom saber que há quem esteja interessado em descobrir as mais profundas e inequívocas verdades que Deus quer revelar. Quanto mais extraímos,

sábado, 26 de outubro de 2019

Princípios da Primeira Epístola de João


Por Eliezer de Lira e Silva

A Primeira Epístola de João provavelmente foi escrita na última parte do primeiro século, por volta do ano 85 d. C. Os melhores historiadores informam que João, já em idade avançada, estava em plena atividade ministerial em Éfeso, na região da Ásia Menor, quando escreveu esta carta. Podemos notar algumas particularidades no estilo literário de João. Enquanto Paulo se dedica a fundamentar suas declarações e torná-las Compreensíveis aos seus leitores, João confronta seus leitores com verdades decisivas em sentenças breves e radicais, isto é, preto no branco, sem qualquer explicação mais dedicada. O leitor é conduzido a ler, considerar e aceitar as irrefutáveis palavras da revelação divina.

Quem lê as cartas de João se vê sedento por viver uma vida no centro da vontade de Deus e de forma muito simples. João foi enriquecido com o amor de Deus de uma forma tão distinta que foi e continua sendo considerado o apóstolo do amor, isso porque de todos, ele é o único que aborda o tema com profundidade e perícia, mesmo nos momentos de apresentar verdades contundentes.

O apóstolo estava sentindo a responsabilidade de defender a igreja dos ataques de homens que, se desviando da verdade (1 João 2.19 e 2 João 2.9), estavam tentando persuadi-la a se desviar do foco central do Evangelho, que é a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus. Esses passaram a profetizar falsamente, na tentativa de convencerem os remanescentes. João afirma que esses aliciadores, mesmo havendo saído da igreja, nunca pertenceram aos santos.

Esta carta tem realces de fundamental importância teológica:
• Quanto à humanidade de Jesus, ele fala do que viu, ouviu e tocou (1.1-4). Se João não nos desse tantos detalhes, estaríamos convivendo com uma cristologia inadequada, sem base e sem teto (2.18,22; 4.3; 2 João 2.7).
• No que tange à impecabilidade de Jesus, ele afirma que Jesus Cristo é o justo (l João 2.1; 10.30; 17.22). Afirma também que Ele se manifestou sem pecado para tirar os nossos pecados (1 João 3.5).
• Como Filho de Deus, Jesus mesmo disse "porque Deus enviou Seu Filho ao mundo não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele" (Jo 3.17). Nesta carta, João aborda esse ponto 22 vezes (1 João 2.22,23; 3.23; 4.15; e 5,10,12,13 são alguns exemplos).
• Ele satura a sua carta com amor, por saber que Deus é, na sua essência, amor (1 João 3.1; 4.8,9,16; 5.3). João nos impele a amar a Deus e uns aos outros como princípio do cristianismo (1 João 3.16b; 4.7).

Um dos principais motivos desta carta é o seu zelo pela igreja, face à ousadia dos falsos mestres introduzirem inverdades acerca da divindade de Jesus, como fazia o gnosticismo.

O fundamento doutrinário de toda verdadeira comunhão é a pessoa de Jesus Cristo. E impossível haver verdadeira comunhão com os que têm perspectivas distorcidas acerca dEle. Os primeiros versículos desta carta enfatizam Sua eternidade e Sua encarnação. O mesmo que existiu desde toda a eternidade com Deus veio a este mundo como verdadeiro homem. A realidade de sua encarnação está autenticada pelo fato de os apóstolos O terem ouvido, visto e tocado nEle. Não se trata de uma ilusão, mas de uma pessoa real com todas as características de humano.

João apresenta Aquele que estava com o Pai, a quem denomina de Vida Eterna; o que se fez carne habitou entre nós e foi visto por todos os apóstolos. De maneira que, para que creiamos nesta verdade doutrinária, não necessitamos de filosofia nem mesmo da teologia; o incontestável testemunho dos nossos irmãos apóstolos é suficiente para que estejamos seguros disso. Os apóstolos não mantiveram essa maravilhosa experiência sigilosamente consigo, mas a transformaram em notícia alvissareira que gerou a base para a nossa comunhão. Observe que João diz que os que recebem esse testemunho têm comunhão com o Pai e corno Seu Filho Jesus Cristo.

Deus é luz

Em seu estilo João escreve de maneira simples, mas muito precisa e clara. Ele diz que Deus é espírito (João 4.24); depois diz que Deus é amor (1 João 4.16). Ele ainda afirma que Deus é luz. Ele consegue exprimir a essência do caráter de Deus quando diz que Ele é luz. Deus não é uma luz em meio a outras luzes; Ele não é um refletor de luz. Das afirmações acerca do Ser essencial de Deus, nenhuma é mais compreensiva do que Deus é luz. Essa expressão sobre Deus nas Santas Escrituras é primeiro empregada para a verdade de Deus que pode ser vista em Jesus (João 14.6; 8.12). Trata-se da verdade absoluta e única que faz o homem vir a Deus, assim como a luz faz o homem seguir para a Eternidade (Salmos 119.105). A auto revelação de Deus, sua Palavra, também é descrita como luz (Provérbios 6.23; Salmos 119.105,130; 2 Pedro 1.19). Segundo, a palavra luz é empregada para identificar a pureza de Jesus, isto é, a sua impecabilidade, para manifestar a pureza e a beleza do seu caráter. Em sua inspiração, ele identifica Cristo Jesus na perspectiva de sua natureza divina, apresentando-O como luz na magnitude da excelência do ser moral (João 8.35). Só em Jesus vemos a luz eterna de Deus. Do momento do seu nascimento até a sua ressurreição, a vida de Jesus foi cheia da luz de Deus. Quem viu a Jesus viu o Pai (João 14.9).

Os fundamentos da fé cristã e a perfeita comunhão com o Pai

As trevas representam o estado no qual o mundo e o homem sem Deus se encontram. Elas se caracterizam pelas ações pecaminosas do homem, resultantes da desobediência de Adão (Gênesis 3.6). Essa desobediência no Éden causou este estado de trevas. Foi na plenitude dessas trevas que Deus enviou o seu Filho (João 3.16).

Assim, andar na luz (1 João 1.7) significa viver uma vida de separação permanente das ações pecaminosas. Do cristão se espera uma vida de alegria, de segurança, um homem de vida irrepreensível em todas as esferas de sua vida e em toda e qualquer circunstância (2 Reis 4.9; Jeremias 17.7,8; Eclesiastes 9.8). Ele se tornou membro da família de Deus (Efésios 2.19 e Lucas 8.21), participante da plenitude de Deus e de suas bênçãos (Efésios 3.19; 1.3), participante da natureza de Cristo de modo que se espera que suas atitudes expressem retidão (João 15.4 e Mateus 5.48), bondade (Lucas 10.25-37) e justiça (Romanos 6.18-22). Enquanto os homens pecadores evitam a luz (João 3.19,20), Jesus responsabiliza os salvos a tornarem evidente a sua luz para que o Pai seja glorificado por meio das suas atitudes (Mateus 5.14,15).

Deus é amor

Uma das mais importantes marcas da vida do cristão é o amor aos irmãos. O Senhor Jesus já havia falado a seus discípulos para se amarem uns aos outros, desde o principio do seu ministério terreno. O escritor da Epístola aos Hebreus nos alerta dizendo que convém atentarmos para as coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos delas (Hebreus 2.1). Mas, esse mandamento do amor não é só um mandamento antigo, mas a cada dia novo. Quando o Senhor Jesus esteve neste mundo exercendo o seu ministério, não só ensinou aos seus discípulos com teorias, mas também com seu exemplo vivo e o seu significado: "Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também", João 13.15. A vida de Jesus sempre se caracterizou pelo amor que tem pelo ser humano. Essa verdade não só existe no Ser de Jesus, mas também na vida daqueles que receberam de Deus uma nova natureza (2 Coríntios 5.17).

Professar o cristianismo ao mesmo tempo que aborrece os irmãos é um sinal patente que tal pessoa está em trevas. Essa expressão joanina não aponta para uma recaída, mas, sim, identifica alguém que até agora não conheceu a Deus. Logo, ainda está em trevas. Por outro lado, o que ama a seu irmão, nele não há tropeço.

Quem não ama, odeia; e o ódio é um pecado mais grave do que o suicídio (Marcos 9.42). Os que assim procedem estão em trevas, andam em trevas e não sabem para onde, vão porque as trevas cegaram-lhe os olhos (1 João 2.11).

João saúda a igreja na perspectiva de uma grande família com a expressão "filhinhos". Conquanto alguns teólogos admitem que ele estava se dirigindo às criancinhas da igreja, outro são mais coerentes em afirmar que se trata de um tratamento carinhoso destinado aos irmãos recém-conversos, isto é, àqueles que tendo aceitado a Cristo ainda não alcançaram a estatura esperada. Esta é uma verdade que pode se aplicar a todos os santos. Depois, ele se dirige àqueles que chegaram ao conhecimento dAquele que é desde o princípio, isto é, o Filho de Deus. Trata-se dos que atingiram a maturidade e conhecem a doce comunhão de Cristo, com quem estão satisfeitos. Em seguida, se dirige aos jovens, cuja característica é a força que deve ser aplicada ao combate. Lembrando que é neste período que vem o conflito, as lutas com o inimigo das nossas almas se intensifica. Observe que ele reputa os jovens como vencedores. Isso nos remete à responsabilidade de investirmos considerações e credibilidade nesta faixa etária da igreja, sabendo que dela sairá todos os valores de que ela necessita.

_______ 
Eliezer de Lira e Silva é pastor na Assembleia de Deus em Curitiba (PR), conferencista e  comentarista da revista Lições Bíblicas (CPAD).

Ensinador Cristão. Ano 10, número 39. Julho a agosto de 2019. Páginas 14 a 16. Bangu, Rio de Janeiro/RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).

domingo, 29 de setembro de 2019

Conhecendo os Dois Livros de Samuel


Por Eliseu Antonio Gomes 

INTRODUÇÃO

1 e 2 Samuel são dois importantes livros do Antigo Testamento: seus relatos mostram que Deus usou homens para falar ao coração do povo israelita. Deixa claro aos seus leitores que Deus levanta pessoas para cumprir o seu propósito. Vale ressaltar sua importância, lembrando a citação feita por Jesus Cristo a eles, ver Lucas 24.44.

I - CONTEXTO HISTÓRICO DE 1 E 2 SAMUEL

1. A originalidade de Samuel.

Seu conteúdo dá sequência aos livros Josué e Juízes. As lições se iniciam quando Deus rejeita a Saul e escolhe para ser rei um homem segundo o seu coração. 

Originalmente, as duas seções atualmente separadas, compreendiam apenas um livro, tinha o título Livro de Samuel. A divisão em duas partes foi feita pelos tradutores da Septuaginta, a antiga e conhecida tradução que verteu o hebraico do Antigo Testamento ao idioma grego.   

Os dois livros de Samuel são os primeiros dos seis 'livros duplos' que originalmente não estavam divididos e que perfaziam um total de três: Samuel, Reis e Crônicas. Samuel e Reis são encontrados no cânon hebraico ao lado de Josué e Juízes em uma seção conhecida como 'Os Profetas Anteriores'. Juntos, estes livros contêm o registro histórico iniciado por Josué e a travessia do Jordão e estendem-se até o período do exílio babilônico.

2. Os personagens principais do livro.

Os livros de Samuel iniciam-se com um resumo da vida e obra de Samuel, o último dos juízes e o primeiro da ordem profética, considerado o maior personagem na história de Israel entre Moisés e Davi (Jeremias 14.1).

Há vários personagens importantes nas páginas de 1 e 2 Samuel, mas somente três nomes aparecem destacados: Samuel, profeta, sacerdote e juiz; Saul, o primeiro rei de Israel; Davi, o homem segundo o coração de Deus. O rei Saul foi, de modo geral, desobediente a Deus, por isso o Senhor pôs em execução seu plano de fazer de Davi o rei seguinte de Israel.

Apesar de haver maior ênfase à cobertura dos passos de Samuel até o capítulo quinze do primeiro livro, ainda assim ele é protagonista nos dois livros. No segundo livro ele não aparece, mas as atitudes tomadas no primeiro são claramente fatores influentes. A última referência a ele consta em 1 Samuel 28.20.

3. O propósito de 1 e 2 Samuel. 

Israel veio a existir como nação na terra por causa do concerto incondicional que Deus fez com Abraão. O Senhor implementou o concerto abraâmico quando Ele resgatou o seu povo do Egito. E os livros de Samuel cobrem um dos períodos mais formativos do desenvolvimento da nação do povo israelita. 

O propósito de 1 e 2 Samuel é relatar a história do reinado de Israel, partindo do estado de anarquia no tempo dos juízes, quando havia o regime teocrático, para a monarquia (Juízes 21.25; 1 Samuel 10.1). Os dois livros registram essa mudança, tendo como linha narrativa às histórias sobre o ministério de Samuel, e os reinados de Saul e Davi.

Os destinatários originais de 1 Samuel foram os israelitas que viveram durante os reinados de Davi e Salomão, bem como as gerações subsequentes. As histórias  destes livros são dirigidas aos israelitas que viveram enquanto a monarquia estava em fase de consolidação, particularmente,  à luz do fato de que a narrativa atesta a escolha divina de Davi como monarca (1 Samuel 16.13).

Encontramos em suas páginas a tensão entre a lealdade pactual para com Deus e a monarquia humana. Podemos interpretar tal cenário como a luta entre a carne e o Espírito. E ponderar sobre a decisão de colocamos o reino de Deus e sua justiça em primazia ou se nos envolvemos com os desejos desenfreados da carne, dos olhos e viver impregnados pela soberba da vida (1 João 2.16-17; Romanos 8.5-17; Gálatas 5.16-23).

II - AUTORIA E DATA

1. Título e autor. 

Sobre o autor 1 e 2 Samuel, a questão é variável, de acordo com alguns estudiosos do Antigo Testamento, ao observarem o aspecto externo dos livros, as duas obras são produções anônimas no que se refere à autoria, assim como os outros livros históricos.

Entretanto, de acordo com o elemento interno, é diferente. A saber, uma das funções do profeta era agir como historiador, e é possível que Samuel tenha deixado anotações ou registros que foram incorporados aos livros. Temos informações de um livro escrito por Samuel e colocado por ele “perante o Senhor” (1 Samuel 10.25); em 1 Crônicas 29.29 há uma referência ao relato dos atos de Davi num livro chamado “crônicas de Samuel, o vidente”, cujos relatos seriam de ações realizadas antes da coroação. Portanto, é provável que dos capítulos 1 ao 24 de 1 Samuel, o filho de Ana pode ser apontado como autor, e os demais capítulos, atribuídos aos profetas Natã e Gade. Além desses, não há qualquer menção a outros autores que pudessem ter escrito.

É plenamente aceitável a informação que o profeta Samuel não seja o autor do seu início ao fim, uma vez que a morte de Samuel é descrita em 1 Samuel 25.1, quando Saul ainda vivia. Assim sendo, ele não poderia ter escrito os livros da maneira como se encontram hoje. Além disso, o reinado de Davi não foi presenciado por Samuel.

O período de relatos contidos em 1 e 2 Samuel é de aproximadamente 100 anos, começa nos dias de Eli (1 Samuel e conclui ao final do reinado de Davi (2 Samuel 24), o que nos leva a entender que  um único escritor ou compilador não poderia ter vivido tempo suficiente para registrar todas as informações do livro como testemunha ocular.

2. A data dos livros.

A datação de 1 e 2 Samuel está parametrizada entre 970 a 722 a.C.

A data do livro é muito discutida, todavia, se levarmos em consideração que quem os escreveu foi Samuel, Natã e Gade, tais escritos foram feitos no período do reinado de Davi, ou tempos próximos. Não há afirmação categórica por parte dos pesquisadores, outra ala de estudiosos apontam os capítulos 9 a 20 de 2 Samuel como tendo sido escritos no século 10 antes de Cristo, e as demais porções como tendo sido redigidas depois do período pós cativeiro babilônico. Contrapondo tais afirmações, é lembrado que 1 Samuel 27.6 afirma que Ziclague pertence ao rei de Judá, argumento que provaria que o livro fora escrito durante a o período da monarquia de Davi. 

3. A situação espiritual.

O conteúdo dos livros aborda fatos culturais e espirituais apresentando explanação da mais excelente qualidade. Aqui temos o retrato de Davi, o grande rei salmista, uma figura  detalhada com minuciosas que enriquecem a narrativa da Bíblia Sagrada. Apesar de muito haver nesses livros que reflete os baixos padrões morais daquela época, há igualmente grandes picos éticos e espirituais.

1 e 2 Samuel registra o tempo em que começou a suceder a distinção enfatizada entre as formas visíveis de adoração e da realidade por detrás delas.

III - A TEOLOGIA NOS LIVROS DE SAMUEL 

1. Profecias cumpridas.

A linha teológica que perpassa Samuel e Reis é a escolha divina de um líder para representá-lo, enquanto o Senhor implementa os concertos com Israel.

É digno de nota que 1 Samuel termina e Davi, ungido a rei, ainda não tomou posse do trono. Daí, aprendemos a respeito das promessas, propósitos e programas cronológicos de Deus. O leitor atento aprende que apesar de haver recebido promessas divinas, muita coisa pode acontecer durante o período da apresentação das promessas e do cumprimento de cada uma delas, e que deve aguardar com toda paciência, pois tudo o que foi prometido se cumprirá integralmente. 

Outro ponto a se considerar com atenção é que a bênção de Deus era dada a Israel apenas quando havia disposição à obediência, como declaradamente lemos a proposta do Senhor apresentada em Deuteronômio, capítulos 30 ao 33. Deus não mudou, nos dias atuais a condicional para ser abençoado continua a mesma na relação do Senhor com o ser humano. 

2. Em busca de um rei. 

Os dias na nação israelita foram dias sombrios, até que Deus levantou a Samuel, que viveu  com muita piedade por toda a vida e era agradável aos olhos de Deus. Samuel, embora seja uma das pessoas mais piedosas da Bíblia Sagrada, tenha exercido a função de juiz, que significa ser líder sobre Israel, no capítulo 8, do versículo 1 ao 22 do primeiro livro, no entanto, parece relatar um de seus poucos erros; já idoso, nomeia os filhos como juízes em seu lugar. Em nenhum lugar se define a sua idade, porém, em 12.2 Samuel fala de si mesmo com os termos “envelheci e encaneci”. Os nomes dos filhos de Samuel expressavam sua devoção ao Senhor: Joel significa “O Senhor é Deus”, e Abias quer dizer “O Senhor é Pai”. Infelizmente, os nomes não corresponderam à esperança que reside em seus significados, pois os filhos de Samuel não eram pessoas apropriadas para julgar Israel, eles tinham comportamentos reprováveis.

O cargo de juiz não era herdado, Deus era quem chamava pessoas ao magistrado. Israel não tinha rei, e parece que não pensava em tê-lo até o momento em que Samuel quis transmitir o cargo aos filhos. Até então, Israel era governado ocasionalmente por juízes em eventos de crise, quando o momento difícil passava o juiz, muitas vezes, retornava à sua vida anterior. Na situação de tentativa de transferência de autoridade, os anciãos recusaram a má liderança sugerida por Samuel e lhe pediram a que constituísse um rei sobre a nação. Os israelitas demonstraram indignação e clamaram, com muita contundência: "Dá-nos um rei que reine sobre nós, assim como todas as nações têm" Ao clamar dessa maneira, rejeitaram a Deus como Rei, sem saber como seria viver numa monarquia. De início, a monarquia se consistiu em um reino unido, mas dividiu-se por causa da desobediência dos reis.

3. A situação da dinastia davídica.

Em 2 Samuel 7.1-17, há o estabelecimento profético da dinastia de Davi. Ela surge pela ordem do Senhor. É importante ter atenção especial às promessas do Senhor a Davi e o modo como Davi reage perante o Senhor (versículos 18-29).

Davi morava em seu palácio, depois de conquistar todas as nações ao redor de Israel, quis construir a Casa do Senhor, faz um comentário ao profeta Natã sobre isso e ambos não cogitam em consultar ao Senhor respeito da intenção. Natã incentiva o rei a pôr o projeto em prática, porém, o Senhor diz ao profeta a sua vontade com fins a redirecionar os pensamentos humanos do rei (2-16). Contrário às intenções e suposições de Davi, Deus não queria uma casa naquele momento e não queria que Davi a construísse (versículo 7). E de acordo com as informações contidas em 1 Crônicas 22.8; 28.3, Davi não foi escolhido para construir o templo porque ele era um guerreiro que havia derramado muito sangue. 

Contudo, apesar disso, Deus honrou a boa intenção de Davi fazendo-lhe promessas:
• 7.9 - Deu-lhe um grande nome.
O Senhor renovou em Davi a promessa dada a Abraão (Gênesis 12.2), de abençoá-lo nas esferas material (Gênesis 13.2; 24.35) e espiritual (Gênesis 21.22);  
• 7.10 - Designou um lugar para Israel;
• 7.11 - Designou a Davi "descanso" de todos os seus inimigos.
Durante o período englobado pelo livro. nenhuma superpotência eclipsava a região hoje conhecida como a Palestina. Por isso Israel, liderado por Davi, aproveitou todas as oportunidades para subjugar as outras nações de Canaã.
• 12-15 - Deu-lhe Salomão.
Um filho para se sentar em seu trono, a quem supervisionaria como pai e o disciplinaria com misericórdia quando fosse necessário;
• 12.16 - Prometeu-lhe firmar a sua casa, estabelecer o reinado eterno de sua descendência.
No contexto imediato, a profecia sobre Salomão se referia ao reino temporal da família de Davi na terra. Mas num âmbito maior e mais sublime, referia-se ao descendente maior que ele viria a ter na pessoa do Messias, de natureza divina, a Jesus Cristo (Hebreus 1.8). 
IV - SAMUEL: DIVISOR DE ÁGUAS

1. Um momento de crise espiritual. 

Em Israel, a idolatria e a imoralidade eram os pecados dominantes. No início de 1 Samuel, Israel encontrava-se espiritualmente deficiente. Os sacerdotes era corruptos (1 Samuel 2.12-17; 22-26), a arca da Aliança não estava no tabernáculo (1 Samuel 4.3 - 7.2), havia prática de idolatria (1 Samuel 7.3-4), os judeus eram desonestos (1 Samuel 8.2-3). Porém, mediante a influência de Samuel (1 Samuel 12.23) e Davi (1 Samuel 13.14), essas situações foram revertidas. O livro de 2 Samuel termina com final feliz, relata que a ira do Senhor se afasta de Israel (2 Samuel 24.25).

2. O líder Samuel.

O livro começa com o relato do nascimento de Samuel. A informação, sobre a história de sua família lança interessante luz sobre as práticas e o estado daquele período, como igualmente sucede com o relato acerca de Eli, o sumo sacerdote. 

Em um dos momentos mais sombrios da nação israelita, quando por um longo período os filisteus intimidavam os israelitas e ameaçava tragá-los, Ana, a esposa de Elcana, estava muito preocupada com o fato de não ter filhos. Ao adorar ao Senhor no Tabernáculo em Siló, rogava para que o Todo Poderosa desse um filho, o qual ela ofereceria para ser um nazireu de Deus (Números 6). Ana foi atendida. Este filho foi Samuel, aquele que ungiu reis, o último dos juízes, e o primeiro dos profetas depois de Moisés. O filho de Ana foi um dos maiores líderes de Israel (2 Crônicas 35.18; Salmos 99.6; Jeremias 15.1; Atos 3.24; Hebreus 11.32). Samuel surgiu em uma das horas mais sombrias da nação israelita.

CONCLUSÃO

Os livros de 1 e 2 Samuel, e 1 e 2 Crônicas, registram os dias dos reis em Israel. Os filhos de Deus que foram criados a fim de "ser um reino, e sacerdotes", a fim de "reinar sobre a terra (Apocalipse 1.6; 5.10), podemos aprender muitas lições valiosas ao estudar esses livros. O conceito amplo que absorvemos na obra é que Deus é quem dá ordem ao rei, aos povo, ao profeta. é quem exalta, escolhe e abate, pois Ele é soberano.


Compilações:

Comentário Bíblico Beacon - Josué a Ester - volume 2. 4ª impressão 2012. Páginas 175 e 192. Rio de Janeiro / RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD). 
Lições Bíblicas. O Governo Divino em Mãos Humanas - Liderança do Povo de Deus em 1º e 2º Samuel. Osiel Gomes. 4º trimestre de 2019. Páginas 5-9. Bangu, Rio de Janeiro/RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).
O Governo Divino em Mãos Humanas - Liderança do Povo de Deus em 1º e 2º Samuel. Capítulo 1: Conhecendo os Dois Livros de Samuel. Osiel Gomes. 1ª edição 2019. Páginas 7 a 13, 15, 17 a 19. Bangu, Rio de Janeiro/RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).   
Pastor Christian Mölk. 1 Sam 8:1-22; Israel begär en kung - https://www.christianmolk.se/2013/02/1-sam-81-22-israel-begar-en-kung/

segunda-feira, 14 de maio de 2018

A Bíblia, o livro da Igreja

Por Antonio Gilberto

A Bíblia é a revelação de Deus à humanidade. Esta é a mais curta definição canônica da Bíblia. Esta posição para com a Bíblia é de capital importância para o êxito do seu estudo. Sendo a Bíblia a revelação de Deus, ela expressa a vontade de Deus. Ignorar a Bíblia é ignorar essa vontade.

O homem deve ler a Bíblia para ser sábio, crer na Bíblia para ser salvo, e praticar a Bíblia para ser santo. Muitos leem a Bíblia somente para estabelecerem recordes de leitura. Ao ler a Bíblia, aplique-a primeiro a si próprio, senão não haverá virtude nenhuma.

Declarou corretamente certo autor anônimo: "A Bíblia é Deus falando ao homem; é Deus falando através do homem; é Deus falando como homem; é Deus falando a favor do homem; mas é sempre Deus falando!"

Tudo o que Deus tem preparado para o homem, bem como o que Ele requer do homem, e tudo o que o homem precisa saber espiritualmente da parte dEle quanto à sua redenção e felicidade eterna, está revelado na Bíblia. Tudo o que o homem tem a fazer é tomar a Palavra de Deus e apropriar-se dela com fé em Jesus.

A atitude correta é estudar a Bíblia como a Palavra de Deus, e não como uma obra literária qualquer..

É preciso ler a Bíblia crendo, sem duvidar, em tudo que ela ensina, inclusive no campo sobrenatural. A dúvida ou descrença, cega o leitor (Lucas 24.25). Leia a Bíblia com oração, devagar, meditando. Assim fizeram os servos de Deus no passado: Davi (SaImos 119.12,18); Daniel (9.21-23).

Como o leitor pensa compreender um livro que ainda não leu do princípio ao fim? Leia a Bíblia toda. Há uma riqueza insondável nisso! É a única maneira de conhecermos a verdade completa dos assuntos nela contidos, visto que a revelação de Deus que nela temos é progressiva.

Mesmo lendo a Bíblia toda, não a entendemos completamente. Ela, sendo a Palavra de Deus, é infinita. Nem mesmo a mente de um gênio poderia interpretá-la sem erros. Não há no mundo ninguém que esgote a Bíblia. Todos somos sempre alunos (Dt 29.29; Rm 11.33,34; 1 Co 13.12).

Saiba-se que conhecemos de fato a Deus, não primeiramente estudando a Bíblia, mas amando-O de todo coração e crescendo em comunhão com Ele (1 João 4.7; João 14.21, 23). É nulo o conhecimento espiritual destituído de fé (Hebreus 4.2).

A Palavra de Deus é destinada ao coração (para ser amada), e á mente (para ser estudada, entendida), Hebreus 10.16. Leia a Bíblia com a melhor atitude mental e espiritual. Isto é de suma importância para o êxito no estudo bíblico. 

O plano de Deus para o crente é que o mesmo tendo uma vez conhecido a verdade salvadora, prossiga até o pleno conhecimento dela (1 Timóteo 2.4; Provérbios 9.9). Reconheça a necessidade do estudo das Escrituras. Isto está implícito em Salmo 119.130; Isaías 34.16; 2 Timóteo 2.15; 1 Pedro 3.15, e nos conduz a dois pontos de suma importância:

1. Por que devemos estudar a Bíblia?

Porque estudar é mais que ler; é aplicar a mente a um assunto, de modo sistemático e constante. Ela é o único manual do crente na vida cristã e no trabalho do Senhor. O crente foi salvo para servir ao Senhor (Efésios 2.10; 1 Pedro 2.9). Sendo a Bíblia o livro texto do cristão, é importante que ele a maneje bem, para o fiel desempenho de sua missão (2 Timóteo 2.15). Um bom profissional sabe empregar com eficiência as ferramentas de seu ofício. Essa eficiência não é automática: vem pelo estudo e prática. Assim deve ser o crente com relação ao seu manual - a Bíblia.

2. Como devemos estudar a Bíblia?

O caminho ainda é o mesmo. A meditação na Palavra aprofunda a compreensão. (Salmos 73.16,17).

Como está o seu apetite pela Bíblia, leitor? A Bíblia alimenta nossas almas (Jeremias 15.16; Mateus 4.4; 1 Pedro 2.2). Não há dúvida de que o estudo da Palavra de Deus traz nutrição e crescimento espiritual. Ela é tão indispensável à alma, como o pão ao corpo. É comparável ao alimento, porém, este só nutre o corpo quando é absorvido pelo organismo. O texto de 1 Pedro 2.2 fala do intenso apetite dos recém-nascidos; assim deve ser o nosso desejo pela Palavra. Bom apetite pela Bíblia é sinal de saúde espiritual.

Estude a Bíblia com o coração, em atitude devocional, e não apenas com o intelecto. As riquezas da Bíblia são para os humildes que temem ao Senhor (Tiago 1.21). Quanto maior for a nossa comunhão com Deus, mais humildes seremos. Os galhos mais carregados de frutos são os que mais abaixam!

Habitue-se a tomar notas de suas meditações na Palavra de Deus. A memória falha com o tempo. Distribua seus apontamentos por assuntos previamente escolhidos e destacados uns dos outros. Use, para isso, um livro de folhas soltas (livro de argola) com projeções e índice. Se não houver organização nos apontamentos, eles pouco servirão. 

Na Bíblia há dificuldades, mas o problema é do lado humano. O Espírito Santo, que conhece as profundezas de Deus, pode ir revelando o conhecimento da verdade, à medida que buscamos a face de Deus e andamos mais perto dEle. Na vida cristã, e no trabalho do Senhor em geral, o Espírito Santo só nos lembrará o texto bíblico preciso, se de antemão o conhecermos (João 14.26). É possível o leitor ser lembrado de algo que não sabe? Pense sobre isso. Portanto, o Espírito Santo quer não somente encher o crente, mas também encontrar nele o instrumento com que operar a Palavra de Deus.

Que a cada dia,  os leitores da Bíblia aprofundem-se mais e mais na comunhão com Deus ao meditar na viva e eficaz Palavra de Deus. 

Compilações em:
Lições Bíblicas - Jovens e Adultos - Para a escola dominical e culto doméstico - página 2, outubro a dezembro de 1980 - Rio de Janeiro/RJ (CPAD).
A Bíblia Através dos Séculos - A história e formação do Livro dos livros, Antonio Gilberto, 15ª edição 2004, página 7, Rio de Janeiro/ RJ (CPAD).

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Salmos: o livro de louvores e orações

Por Eliseu Antonio Gomes

Salmos é o livro de cânticos e orações da Bíblia Sagrada.

Talvez, entre os 66 livros que compõem o Cânon Bíblico, seja a obra das Escrituras que mais tem seus capítulos e versículos citados e decorados. O motivo de este livro ser para os cristãos alvo de maior preferência, em se tratando de citações e memorizações, é que o seu conteúdo serve perfeitamente como plataforma à devoção e como fonte de consolo e renovação das forças espirituais.

Objetivo

A mensagem contida no Livro de Salmos foi escrita calculadamente para tanger as cordas mais profundas do coração humano e assim indicar o ponto de equilíbrio espiritual. Ajuda o cristão a dar expressão aos seus sentimentos - alegria ou tristeza, paz ou angústia - quando se identifica com as emoções que os escritores revelaram ao compor as orações e cânticos.

O livro revela como Deus opera na vida interior dos seus servos. Em estilo poético, os temas abordados variam de louvor a lamentação, de guerra a paz, e de alegria a juízo, com o objetivo de expressar grandes verdades.

Os Salmos foram usados pelo povo de Israel nas suas reuniões de adoração a Deus. Servia de livro de orações (orações, louvores e instruções religiosas), para a liturgia do segundo templo (o de Zorobabel) e o de Herodes, e para uso nas sinagogas.

Autores

Os Salmos foram escritos por diferentes autores, durante um período de mais ou menos setecentos anos (de 1000 a 333 a.C.). Descreve-se o livro como Salmos de Davi, embora existam mais autores, porque ele foi o principal autor e compilador dos mesmos. Admite-se que uns poucos já existissem antes da época de Davi, constituindo o princípio de um hinário destinado ao culto. Este hinário foi muito aumentado por ele e foi se expandindo através das gerações, até que Esdras (segundo conta a tradição), o completou, tornando-o no conjunto que conhecemos hoje.

Davi, o rei mais célebre de Israel, além de ter sido pastor de ovelhas, matador do gigante Golias, também era compositor. A sua fama de músico é mencionada muitas vezes na Bíblia (1 Samuel 16.18; 2 Samuel 23.1; Amós 6.5). Ele era poeta (2 Samuel 1.19 a 27 - 3.33-34). Os livros das Crônicas são bastante explícitos ao relatarem que ele reuniu coros para uso no ritual do templo e compôs salmos para os judeus cultuarem a Deus (1 Crônicas 13.4-5; 25.1-5). E de acordo com os títulos dos salmos, atribui-se a Davi os créditos de autoria para a maior parte da coleção, um total de 73. Inclusive, Jesus Cristo atribuiu a Davi a autoria do Salmo 110  (Marcos 12.36,37; Lucas 20.42,44). Outras passagens bíblicas também o reconhecem como autor (Atos 1.16; 2.25; 4.25; Romanos 4.6; 11.9; e Hebreus 4.l).

Ainda de acordo com os títulos, os outros salmistas, são:
• Asafe, autor de doze salmos (50.1-23; 73.1 - 83.18), era sacerdote, um dos principais músicos de Davi, cuidava da música no templo e sua família era encarregada da música de geração em geração;
• Os filhos de Corá, contemporâneos de Davi, membros de uma mesma família de sacerdotes e poetas, faziam parte de uma associação de cantores e compositores, e compuseram onze salmos (42.1-11; 44.1 - 49.20; 84,1 - 85.13; 87.1-7);
• O nome de Salomão está relacionado a dois (72.1-20; 127.1.5);
• Moisés, compôs um (90.1-17);
• Hemã, um sábio (88.1-18);
• Etã, ezraita, um sábio, também é indicado como autor de apenas um salmo (89.1-52).  • Anônimos. 50 salmos são de autorias desconhecidas. Pensa-se que alguns desses salmos não assinados podem ser atribuído ao autor do salmo precedente.
A LXX acrescenta Ageu e Zacarias como autores de cinco salmos.

Data

O Livro de Salmos foi escrito e compilado durante gerações da história de Israel, um período que se estendeu desde os dias de Moisés até a reconstrução da nação, liderada por Esdras (1410 - 430 a.C.). Quase todos os salmos são do período áureo de Israel, isto é, por volta de 1.000 anos a.C.. Sem dúvida, alguns foram escritos mais tarde, mesmo no tempo do cativeiro, por exemplo o de número 137. O livro ganhou sua forma final pelas mãos de funcionários pós-exílicos.

Evidências dos manuscritos do mar Morto impedem situar qualquer um dos salmos em data tão recente quanto o II a.C. como fizeram alguns estudiosos do passado.

Esboço
• Cânticos de libertação (1.1 -  41.13);
• Juízos divinos (42.1 - 72.20);
• Hinos nacionais de Judá (73.1 - 89.52);
• O grande reino de Deus (90.1 - 106.48);
• Cântico de louvor e ação de graças (107.1 - 150.6).

O significado do nome

Em hebraico, O Livro de Louvores. Em grego, Poemas Adaptados à Música.

No século 1 d.C., era mencionado como Livro dos Salmos (Lucas 20.42; Atos 1.20) e Os Salmos (Lucas 24.44).

Conteúdo e estilo

Diferentemente de outros livros do Antigo Testamento, não segue uma narrativa contínua.

Os salmistas empregaram diferentes tipos de versos e recursos literários variados:
• Há salmos que precisavam de acompanhamento de instrumentos musicais;
• Poemas contemplativos;
• Acrósticos alfabéticos (37.1-40; 119.1-176);
• Salmos sobre a criação (8.1-9; 19.1-14);
• Uma narrativa do êxodo (78.1-72);
• Salmos de penitência (6.1-10; 25.1-22); 32.1-11; 38.1-22; 51.1-19);
• Salmos para a peregrinação (120.1 - 134.3); e,
• Salmos messiânicos.    
Os Salmos acham-se divididos em cinco livros:
• Livro 1: Salmos 1 a 41;
• Livro 2: Salmos 42 a 72;
• Livro 3: Salmos 73 a 89;
• Livro 4: Salmos 90 a 106;
• Livro 5: Salmos 107 a 150. 
Há vários tipos de Salmos: hinos de louvor a Deus; orações pedindo ajuda, proteção e salvação; solicitação de perdão; canções de agradecimento pelas bênçãos de Deus; orações em favor do rei; canções para ensinar as pessoas praticarem o bem; súplicas para que Deus castigue os inimigos; etc.

Quase metade dos salmos pode ser classificada como orações de fé em tempos de crise. As poesias capturam muitos momentos diferentes no relacionamento do crente com Deus. Salmos preciosos como o 23, o 91, o 121 e muitos outros, nos confortam nos momentos da mais profunda necessidade. As orações são pessoais ou nacionais: algumas mostram o sentimento íntimo da pessoa, enquanto outras representam as necessidades e o sentimento coletivo do povo de Deus.

A forma geralmente usada na poesia dos Salmos não consiste em rima, mas principalmente na repetição da ideia numa sentença paralela, com palavras diferentes, na mesma linha ou nas linhas seguintes, como, por exemplo, o uso dos termos "pecado" e "iniquidade" no Salmo 103.10: "Não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos recompensou segundo as nossas iniquidades". O paralelismo, em sua variedade de formatos, e a riqueza de comparações dão graça e beleza à poesia hebraica, além disso, pode de vez em quando a interpretar palavras obscuras por meio da palavra sinônima mais clara.

Aplicação pessoal

Devemos aprender a lição que este livro nos ensina:

1. Não era preciso estar feliz para compor um salmo. Os apelos dos salmistas para o resgate de Deus e o  deleite de cada um deles com relação à salvação vista e prometida, nos leva a saber que alguns compositores escreveram quando estavam muito aflitos e tristes. Eles sabiam que Deus quer nos ouvir em todos os tipos de situações. Em tempos de aflição, não tenhamos receio de se achegar ao Senhor com nossas orações e suplicas.
2. Todos os salmos nos ensinam que o conhecimento intelectual não é suficiente, o coração necessita ser tocado pela graça redentora de Deus. Portanto, que o nosso raciocínio esteja sempre submetido às determinações da Palavra de Deus.

Conclusão

É importante decorar os salmos e recitá-los frequentemente, com a finalidade de sermos fortalecidos pela Palavra quando experimentarmos os tempos de provação. Louvar a Deus com o conteúdo de dos salmos deveria fazer parte da respiração do cristão, ser parte integrante em nossas devoções diárias. Jesus cantou Salmos e os citou várias vezes. Eles foram citados mais de cem vezes pelos escritores do Novo Testamento. Através dos séculos, têm sido uma fonte de inspiração e devoção para os cristãos e para a Igreja, tanto nos seus cultos de adoração a Deus como no seu trabalho de evangelização.

E.A.G.

Bíbliaonlinenet - bibliaonline . net/dicionario/?acao=pesquisar&procurar=salmos&exata=on&link=bol&lang=pt-BR 
A Bíblia das Descobertas, página 513, edição 2008, Barueri/SP (Sociedade Bíblica do Brasil);
Bíblia com Anotações A.W. Tozer, página 661, edição 2013 , Rio de Janeiro (CPAD);
Bíblia de Estudo de Avivamento e Renovação Espiritual, Enéas Tognini, página 547, edição 2009, Barueri, (Sociedade Bíblica do Brasil);
Bíblia de Estudo Vida, página 831, edição 1998, São Paulo (Editora Vida);
Bíblia Sagrada Almeida Século 21, páginas 577, 578, edição 2008, São Paulo (Edições Vida Nova).
Manual Bíblico Halley, página 226, 4ª edição 1994, São Paulo (Vida Nova);
Pequena Enciclopédia Bíblica - Orlando Boyer, página 478, 30ª impressão, 2012, Rio de Janeiro (CPAD).

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Marcos - o Evangelho do servo

O Evangelho de Marcos apresenta Jesus como o Filho de Deus, que se identifica como o Filho do Homem e Servo Sofredor. A pergunta "Quem é este?" (4.41), paira de forma direta ou subentendida do início ao final desta biografia do Mestre.

Diferentemente das cartas de Paulo, o Evangelho de Marcos não identifica seu autor e  seus destinatários. De acordo com as evidências, foi o primeiro Evangelho a ser escrito. Segundo a tradição da Igreja, João Marcos o escreveu de Roma, usando Pedro como sua fonte primária de informação.

A mãe de Marcos abrigou uma comunidade cristã em sua casa em Jerusalém (Atos 12.12); ele ministrou em companhia de seu tio Barnabé (Atos 12.25; 15.37, 39), de Paulo (Colossenses 4.10; 2 Timóteo 4.11; Filemon 24), e posteriormente de Pedro (1 Pedro 5.13).

Autoria e data

A tradição cristã que afirma ter sido Marcos o autor deste Evangelho é tão forte que pouco se pode fazer além de confirmá-la. Papias, Clemente de Alexandria, Jerônimo, Irineu e Orígenes, entre outros, reconheceram Marcos como o autor do Evangelho que leva seu nome.

A maioria dos eruditos acredita que Mateus e Lucas escreveram dez a vinte anos depois. E basearam seus evangelhos em Marcos. De fato, Mateus reproduz  90 por cento do conteúdo de Marcos. Admitindo-se a hipótese de que o Evangelho de Marcos era conhecido e foi usado como fonte de Mateus e Lucas, é provável que esse Evangelho tenha sido escrito antes do ano 70 d.C. há afirmações que apontam  uma data por volta do ano 60 d.C.

Destinatários

Marcos dá evidências de que escreveu para os gentios. Vejamos:

• ele dá explicações a respeito de expressões aramaicas (5.41; 7.34; 14.36; 15.34);
• explica sobre a tradição dos fariseus (7.3-4);
• usa palavras latinas que não são encontradas  nos demais Evangelhos: executor (6.27); quadrante (12.42);
• não inclui a genealogia de Jesus, pois não faria sentido para leitores gentílicos;
• há apenas 63 citações e/ ou alusões ao Antigo Testamento, comparadas  com cerca de 128 em Mateus e entre 90 e 100 em Lucas. Tais menções soariam de difícil compreensão aos leitores gentílicos.

Tema central

A obra  trata de uma extensa abordagem do significado da morte, e ressurreição de Jesus para os crentes. 

Os personagens principais em Marcos são Jesus e seus discípulos, que são chamados, ensinados, treinados e enviados em missão. O discipulado é o tema central. Comparado com os outros evangelhos canônicos, Marcos aborda as dificuldades do discipulado de forma realista, sincera e cheia de esperança, quando relata que os discípulos eram lentos para aprender e compreender o verdadeiro significado do ministério e da missão de Jesus.

Marcos se distingue por fatores como:

• ênfase cobre as dificuldades do discipulado
• estilo narrativo dinâmico de aventura ("imediatamente", ou, a forma alternativa "logo, logo após" aparecem 35 vezes);
• conflitos e confrontos aparecem desde cedo e continuam até o clímax, na crucificação;
• um terço dos versículos relatam milagres;
• uso de linguagem forte ("viu os céus rasgarem-se"; "o Espírito o impeliu, literalmente, o empurrou para o deserto (1.10, 12);
• abordagem sobre a humanidade de Jesus: 1,41; 3,5; 4,38; 6,6; 11,12; 14.33. 

 Propósito

Inicialmente, circulavam narrativas orais sobre Jesus. Eram narrativas isoladas formando, em grande parte, pequenos blocos. Algumas, como a narrativa da paixão, eram mais longas. Marcos, sem dúvida, escreveu tendo em vista as necessidades de sua própria igreja familiar. Ele escreveu com finalidades pastorais, tendo a finalidade de preservar a história da vida de Jesus após a morte da primeira geração de cristãos, por exemplo, Pedro.

Estrutura de Marcos

1. Introdução (1.1-13)
2. A autoridade de Jesus é revelada (1.14 - 3.6)
3. A autoridade de Jesus é rejeitada (3.7 - 6.5)
4. Formando uma nova comunidade (6.6 - 8.21)
5. Equipando a nova comunidade (8.22 - 10.52)
6. Julgamento de Jerusalém (11.1 - 13.37)
7. Julgamento de Jesus: paixão, ressurreição e ascensão (14.1 - 16.20).

Marcos, como os demais Evangelhos e todo o restante do Novo Testamento, são úteis como ferramental ao discipulado e na formação missionária da Igreja. Quando Marcos escreve 1.14-15, está descrevendo a missão de Jesus e definindo aos discípulos a missão da Igreja que o segue. Nos seus milagres, Jesus ensina que a missão é integral, curando e salvando a pessoa toda. Jesus curava em resposta à necessidade humana, e assim mostra que a missão evangelística é social, desafiando e transformando sistemas opressores.


Fonte: 
Bíblia Missionária de Estudo, páginas 940, 941, edição 2014, Barueri (Sociedade Bíblica do Brasil); 
Toda a Bíblia em um ano: Mateus a Filipenses, volume 3, Darci Dusilek, páginas 17-19, 9ª edição, 2013, Rio de Janeiro (Horizontal Editora). 

domingo, 13 de dezembro de 2015

Mateus, o Evangelho do reino de Deus

Autoria e data

Segundo a tradição (Papias de Hierápolis, 155 d.C, o autor do livro é Mateus (em hebraico, homem fiel), também chamado pelo nome Levi (Mateus 9.9, 10; Marcos 2.13-15; Lucas 5.27-29). Ignácio (115 d.C.) reconhecia esse Evangelho como de autoria de Mateus.

Como escritor, Mateus oferece um estilo metódico. Apresenta uma alternância surpreendente de grandes blocos de discursos voltados para o ensino e seções narrativas. Ao final de cada seção há um modo elaborado com o propósito de unir o material narrativo com a seção de ensinos formando uma sequência natural (conferência: Mateus 7.28; 11.1-7).

Quando foi chamado entre os doze apóstolos, Mateus era publicano, ou cobrador de impostos, provavelmente sua função era receber direitos alfandegários perto do mar da Galileia.

A data do Evangelho de Mateus deve ser posterior da de Marcos, sendo o mais tardar em 68. d.C. As expressões "até ao dia de hoje"(27.28; 28.15) indicam um período de tempo substancial entre os eventos no livro e a ocasião em que foram escritos.

Propósito

O Evangelho de Mateus, segundo informação de Papias, adaptava-se, e ainda hoje de adapta, para convencer os judeus sinceros que Jesus de Nazaré é o Messias prometido no Antigo Testamento.

Mateus é um judeu escrevendo para judeus. O apóstolo é reconhecido como um habilidoso editor que esforçou-se para dispor o material narrativo disponível em uma forma mais conveniente para o uso litúrgico da comunidade cristã. Também, fez registros com objetivo apologético, visando municiar os cristãos com citações das Escrituras que os ajudassem a fazer frente às críticas contra o cristianismo.

O autor escreve sob um ponto de vista definido: ele pretende mostrar que os eventos principais na vida de Jesus aconteceram  em cumprimento às profecias do Antigo Testamento. Assim, introduz citações diretas do texto hebraico por meio da fórmula "para que se cumprisse". A expressão parece ter feito parte de uma coleção prévia e ilustra a forte convicção dos cristãos sobre o elo íntimo existente entre o cristianismo e o Antigo Testamento.

Características

O Evangelho de Mateus foi o mais usado nas primeiras gerações de cristãos, conforme o demonstram citações encontradas em escritores cristãos primitivos. A obra tem exercido grande apelo ao longo da História Cristã, e uma das razões para isso é a narrativa do Sermão do Monte.

Alguns autores descrevem o Evangelho de Mateus como uma biografia teológica. Também, é observada a aplicação para fins litúrgicos, que pode ser verificada a partir de uma análise do seu propósito e estrutura.

O esboço do livro:

A ordem da matéria desse evangelho não é cronológica. Os assuntos são apresentados em grupos: discursos (Sermão do Monte. capítulos 5, 6 e 7); os milagres (capítulos 8 e 9); as parábolas (capítulo 13); a denúncia dos fariseus (capítulo 23); a profecia da destruição de Jerusalém e o fim do mundo (capítulos 24 e 25).

I - O primeiro período em duas partes (capítulos 1 e 2):
a. o nascimento, a infância e a juventude de Jesus;
b. o silêncio biográfico.

II - O segundo período (capítulos 3 e 4), aproximadamente de seis meses, entre 27 e 29 d.C., abrange o auge do ministério de João Batista e sua pregação; assinala o batismo e a tentação de Jesus; o começo do ministério de Jesus em várias partes da Palestina; a chamada dos primeiros discípulos.

III - O terceiro período (capítulos 5 ao 18), aproximadamente em 27-29 d.C., tempo do ministério de Jesus na Galiléia, inclui excursões dentro de territórios circunvizinhos, assinala o Sermão do Monte, milagres, parábolas, a confissão de Pedro, a transfiguração.

IV - O quarto período (capítulo 19 ao 20), de seis meses, aproximadamente em 29 d.C. narra sobre o ministério de Jesus em várias partes da Terra Santa, o Mestre enfatizando na sua pregação, sua morte e ressurreição e que a sua crucificação estava próxima.

V - O quinto período (capítulos 21 ao 28), relata a semana da paixão, ressurreição, as aparições e a ascenção de Jesus, salientando-se a sua entrada triunfal em Jerusalém, várias parábolas, seu discurso contra os escribas e fariseus, seu sermão profético, a última páscoa, a ceia do Senhor Jesus no jardim do Getsêmane, a traição, Jesus perante as autoridades do sinédrio e do governo, a crucificação, Jesus no túmulo, a ressurreição, as aparições.

O Sermão no Jardim das Oliveiras (24.1 - 25.46) predisse a destruição de Jerusalém em 70 d.C.

Conclusão

O Evangelho termina com uma instrução e desafio para ir ao mundo e fazer discípulos; o evangelho não é apenas para os judeus, mas para todos os povos. Mas esta instrução não é a última. A declaração final é a tranquilizadora "eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos" (28.20).

E.A.G .

Toda a Bíblia em um ano: Mateus a Filipenses, volume 3, Darci Dusilek, páginas 12-14, 9ª edição, 2013, Rio de Janeiro (Horizontal Editora).
Bíblia Sagrada com dicionário e concordância - gigante; apêndice: Conciso Dicionário Bíblico (Ilustrado), páginas 299, 300; 2ª edição, 2013, Santo André/SP (Geográfica Editora).

domingo, 22 de março de 2015

O Evangelho Segundo Lucas

Por Eliseu Antonio Gomes

Autoria

O autor do terceiro Evangelho era claramente um escritor cuidadoso e um homem de cultura, usualmente concorda-se que deve ser identificado também como o autor de Atos, pois o prefácio de Lucas (1.1-4) é muito parecido com o de Atos 1.1, as duas obras são endereçados para Teófilo, o estilo e vocabulário favorecem a unidade de autoria, e o segundo prefácio refere-se a um livro anterior. 

A tradição concorda com o prefácio, que nos mostra que o autor não era testemunha ocular das coisas que registra, não era um dos primeiros seguidores de Jesus. e nesta posição ele fez uma pesquisa apurada de todos os acontecimentos do Mestre.

Não está grafado o nome do autor no terceiro Evangelho, porém, uma tradição antiga confere a autoria a Lucas, o médico amado, baseada nas referências de Colossenses 4.14; 2 Timóteo 4.11; e Filemon 24. Lucas não era, pelo que saibamos, um cristão de tanto destaque na igreja primitiva. O fato de um homem que não era apóstolo, sem posição de destaque que se conheça, ser universalmente considerado como tendo sido o autor, deve receber a merecida consideração.

O Fragmento Muratoriano, uma lista dos livros aceitos como parte do Novo Testamento, afirma que Lucas era gentio, nativo de Antioquia, escreveu seu Evangelho em Acaia, morreu aos 84 anos solteiro e sem filhos.

Data

A data do Evangelho de Lucas é motivo de debate entre os acadêmicos, e a questão está relacionada à sua autoria. A data mais tardia possível para a autoria do Evangelho é aproximadamente 80 d.C., uma vez que há evidências do seu uso a partir de 95, e que o livro de Ato utiliza as cartas de Paulo. Por outro lado, provavelmente o Evangelho não foi escrito antes do final dos anos 50, visto não ter sido escrito muito tempo antes do livro de Atos  (Atos 1.1), e 62 é a data do último evento registrado em Atos (a prisão domiciliar de Paulo em Roma).

Conteúdo

Lucas inicia seu Evangelho com uma declaração especial: ele mesmo havia se informado minuciosamente de tudo sobre a vida de Jesus desde o princípio. A genealogia de Cristo é rastreada desde Davi e Abraão até Adão, nosso antepassado comum, apresentando-o deste modo, como alguém da nossa raça. A obra não é uma repetição monótona de datas e ações, exibe uma fervorosa sensibilidade quanto aos detalhes pessoais íntimos, retrata Jesus como o Homem Perfeito e de grande empatia.

Seu relato é um dos mais completos e ricos em detalhes a respeito do nascimento e infância de Jesus, atrai o leitor para dentro dos eventos que ele descreve. A escrita é vívida. Narra de forma inigualável a vida do Filho de Deus, apresenta a Jesus como o Filho do Homem, o Homem Perfeito que veio salvar a todos, judeus e gentios.

Comparações com os Evangelhos de Mateus e Marcos

Quando se faz um paralelo entre Lucas e os demais Evangelhos Sinóticos observa-se a peculiaridade do vocabulário médico empregado por Lucas. Ao comparar, por exemplo, Lucas 4.38 com Mateus 8.14 e Marcos 1.30, observamos que Lucas enfatiza a natureza ou grau da febre da sogra de Pedro; ao analisar Lucas 5.12 com Mateus 8.2 e Mateus 1.40, vemos que o escritor anotou "cheio de lepra" e não apenas "um leproso"; ao confrontar Lucas 8.43 com Marcos 5.26. Somente Lucas observou que o episódio da cura do homem da mão mirrada era a mão direita que estava seca (6.6; Mateus 12.10; Marcos 3.1); e quanto a orelha decepada de Malco, foi quem assinalou que o corte ocorreu do lado direito (22.50; Mateus 26.50; Marcos 14.47).

Finalidade

1. Lucas narra a história, mas não tão-somente a história como se entende hoje em seu sentido secular e positivo, que se prende à narrativa da perspectiva humana, conta a ação de Deus entre os homens e como Ele demonstra sua soberania entre eles;
2. Escreve para esclarecer que o cristianismo tem vínculos com o judaísmo, a fé cristã possui raízes judaicas;
3. Esclarece que o cristianismo não é uma religião que veio a existir para competir com o império romano;
4. O endereçamento do Evangelho a Teófilo pressupõe que o autor tinha o objetivo de circular o livro entre pessoas cultas.

Conclusão

Sabemos que o autor do terceiro Evangelho obteve as informações sobre a vida e o ministério de Jesus entrevistando testemunhas oculares, ministros e apóstolos do Senhor e pesquisando escritos sobre Jesus. Coube a Lucas colocar a história em ordem histórica e cronológica. Assim, temos o tratado extraordinário sobre o Salvador,

Enfim, sabemos que pessoas inspiradas pelo Espírito Santo escreveram os livros da Bíblia Sagrada, e que através da instrumentalização que Deus fez de Lucas foi possível chegar até nós informações relevantes sobre os passos, pormenorizadamente.

E.A.G.

Compilação:
Bíblia de Estudo Defesa da Fé, página 1588, edição 2010, Rio de Janeiro (CPAD)
Lucas, Introdução e Comentário, Leon L. Morris, página 13, 14, reimpressão 2011, São Paulo, (Vida Nova).
Lucas - O Evangelho de Jesus, o Homem Perfeito, José Gonçalves, página 14, 16, 1ª edição 2015, Rio de Janeiro (CPAD).

domingo, 14 de setembro de 2014

1 Samuel - nono livro da Bíblia Sagrada

O jovem Davi toca harpa perante o rei Saul.
Por Eliseu Antonio Gomes

Aproximadamente, o livro 1 Samuel cobre um período de 115 anos. A cobertura narrativa vai da infância de Samuel ao início do reinado de Davi. Além de Samuel, as duas outras personagens centrais do livro são Davi e Saul.

Samuel foi o último dos juízes, período que durou cerca de 350 anos, e o primeiro dos profetas. Nasceu num dos períodos mais negros da história israelita, era homem de profundo discernimento espiritual, dedicado à realização dos propósitos de Deus referente à Israel (Atos 3.24). Foi chamado para guiar Israel em tempos de crises graves. Sem qualquer vontade de sua parte, viu-se no papel de "fabricante de reis": ungiu Saul e depois Davi ao trono de Israel.

Na Bíblia Hebraica, 1 Samuel e 2 Samuel formam apenas um único livro. Embora 1 Samuel e 2 Samuel recebam seu nome, o profeta não poderia ter escrito mais do que uma parte, já que sua morte é relatada no capítulo 25. Entretanto, o fato de que ele escreveu um livro fica evidente em 1 Samuel 10.25, assim como 1 Crônicas 29.29 evidencia que Natã e Gade também fizeram seus relatos. Os dois livros registram a transição teocrática para certo tipo de monarquia.

Certas características literárias da obra levam a crer que seja uma compilação de várias fontes documentárias independentes a princípio, o qual o autor deve ter incorporado à sua composição, conservando, à medida do possível, a forma original delas. As Escrituras não fornecem sua identidade. O autor e compilador, anônimo, possivelmente, pode ter feito uso do Livro de Jasar (2 Samuel 1.18) e registros históricos de Davi (1 Crônicas 27.24). Alguns estudiosos acreditam que tenha sido Zabude, filho do profeta Natã, apresentado como conselheiro pessoal do rei Salomão em 1 Reis 4.5, ele poderia ter aproveitado os conhecimentos do pai sobre a vida de Samuel e Davi, além de possuir livre acesso ao acervo da corte.

O relato de 1 Samuel tem inicio nos últimos dias dos juízes e termina com a narração da morte de Saul. Suas páginas contém uma exuberante exposição escrita, oferecem o registro das relações de Deus com o povo de Israel, bem como abordam como Deus realizou a preservação daquele povo e preparação para seu duplo propósito: fazer com que os israelitas fossem recebedores dos oráculos divinos e, no tempo devido, de meio deste povo nascesse o Salvador Jesus Cristo.

As principais lições do livro tem a ver com os efeitos do pecado em relação ao povo e seus líderes. Uma das passagens bíblicas mais conhecidas encontra-se em suas páginas, o confronto entre Davi e Golias (capítulo 17).


Consultas:
A Bíblia Anotada - Charles C. Ryrie, página 359, 1ª impressão 1991, São Paulo (Editora Mundo Cristão).
Bíblia Shedd, página 387, 2011 São Paulo, (Edições Vida Nova).
Bíblia King James, página 390, julho de 2013, São Paulo (Abba Press).

quinta-feira, 31 de julho de 2014

66 introduções aos livros da Bíblia Sagrada


A intenção do Editor deste blog é entregar aos Leitores de Belverede ao menos um comentário sobre cada um dos sessenta e seis livros da Bíblia Sagrada. Os artigos são o resultado de compilações de livros e revistas de estudos bíblicos, que acompanham a sugestão ao amante da Palavra de Deus de procurar aprofundar-se mais no tema pesquisando em mais fontes.

Na posição de Blogueiro, a proposta está aqui, mas a permissão para que seja exposta todas as introduções do cânon bíblico  vem lá do alto. Que Deus nos permita realizar na íntegra tal objetivo, lembrando que ao curso de sete anos de blogagem uma boa parte já está pronta - basta indicar o post com um link ativo. 

Antigo Testamento

Gênesis  |  Êxodo | Levíticos | Números | Deuteronômio | Josué | Juízes  |  Rute  |  1 Samuel | 2 Samuel | 1 Reis | 2 Reis | 1 Crônicas | 2 Crônicas | Esdras | Neemias | Ester | Jó | Salmos | Provérbios | Eclesiastes | Cânticos dos cânticos de Salomão | Isaías | Jeremias | Lamentações de Jeremias | Ezequiel | Daniel | Oséias | Joel | Amós | Obadias | Jonas | Miquéias | Naum | Habacuque | Sofonias | Ageu | Zacarias | Malaquias 

Novo Testamento

Mateus | Marcos | Lucas | João | Atos dos Apóstolos | Romanos | 1 Coríntios | 2 Coríntios | Gálatas | Efésios | Filipenses | Colossenses | 1 Tessalonicenses | 2 Tessalonicenses | 1 Timóteo | 2 Timóteo | Tito | Filemon | Hebreus | Tiago | 1 Pedro | 2 Pedro | 1 João | 2 João | 3 João | Judas | Apocalipse

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Rute: o oitavo livro da Bíblia Sagrada

Boaz permite Rute colher trigos de seus campos. Antes ele
havia ouvido sobre seu tratamento bondoso em favor de
Noemi. Ilustração de William Brassey Hole (1846 1917). 
O autor do Livro de Rute não é identificado no texto. A tradição aponta ao profeta Samuel, devido a semelhança de linguagem com os livros Juízes e Samuel. Outros autores indicados são Davi e Ezequias. No entanto, nenhuma dessas afirmações são comprovadas.

De acordo com o texto, a história acontece no período final do tempo dos juízes, mas sua redação costuma ser datada do tempo do reinado de Davi (Rute 4.22).

O livro de Rute apresenta uma bela narrativa sobre a verdadeira fé e o temor de Deus. Exibe para nós o retrato fascinante de uma mulher que, apesar de ter crescido em uma cultura pagã, aprendeu a honrar e obedecer a Deus por meio do seu caráter exemplar e profunda humildade. Mostra como era o cenário do tempo violento dos juízes pela perspectiva de uma série de vislumbres íntimos da vida particular de membros de uma família israelita. Relembra memoravelmente a bondade e a provisão do Senhor na vida de duas viúvas: Noemi, senhora hebreia, e Rute, jovem moabita.

Rute era viúva, estrangeira e nora de Noemi, sua personalidade era serena e cheia de paz. Ainda que não fluísse sangue israelita em sua veias, ela possuía fé no Deus de Israel, provavelmente por observar o estilo de vida santo de sua sogra.

O relacionamento de amizade entre Rute e Noemi era exemplar, poético, intenso. Não era parcial e nem possessivo. Quando Noemi decidiu voltar para sua terra natal, deixou Rute totalmente livre para permanecer em Moabe. Mas Rute estava determinada a acompanhar Noemi. Assim, após ambas chegarem a Belém, Noemi se empenhou ao máximo para arranjar um novo casamento para Rute. A seu tempo, as duas mulheres assoladas pela pobreza, encontram o favor de um rico fazendeiro hebreu, chamado Boaz, que se apaixonou e casou-se com Rute.

Em meio ao caos nacional e crueldade da época, Boaz demonstrou gentileza, integridade e cuidado com Rute e Noemi, fez o que era certo e bom: "Ouve, filha minha; não vás colher em outro campo, nem tampouco passes daqui; porém aqui ficarás com as minhas moças. Os teus olhos estarão atentos no campo que segarem, e irás após elas; não dei ordem aos moços, que não te molestem? Tendo tu sede, vai aos vasos, e bebe do que os moços tirarem" (2.8-9).

Boaz representa o homem com caráter de Deus, que gentilmente cuidou destas duas viúvas em tempos difíceis, como Tiago 1.17 nos instrui a fazer. Ele considerava Rute uma mulher virtuosa (3.11).

A história contida no Livro de Rute é cheia de amor e devoção, o leitor encontra Deus operando para proporcionar satisfação na vida de pessoas que se sentiam vazias em período de ausência de chuvas. Leitores modernos se deliciam não somente com a história de amor, mas também citam frequentemente o texto encontrado no capítulo 1 e versículo 16 ("aonde quer que tu fores, irei eu, e onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus") em cerimônias de casamento, como parte da aliança e da promessa entre marido e esposa, sem considerar que a solene declaração são palavras de Rute dirigidas para sua sogra e não para seu par romântico.

As esposas e mães atuais, e cristãos em geral, podem aprender muito com a conduta de Rute, Boaz e Noemi, neste livro que tem um começo triste e um final feliz.


Compilação:
A Bíblia da Mulher, página 446, impressão de 2011, Barueri, (Sociedade Bíblica do Brasil).
Bíblia Devocional da Mulher, página 306, edição 2003, São Paulo, (Editora Vida)
Bíblia de Estudo da Mulher, página 253, 6ª impressão em 2005, Belo Horizonte (Editora Atos).
Bíblia de Estudo Preparando Casais para a Vida, página 495, 1ª edição em maio de 2013, Rio de Janeiro (Editora Central Gospel).