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sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Salmos: o livro de louvores e orações

Por Eliseu Antonio Gomes

Salmos é o livro de cânticos e orações da Bíblia Sagrada.

Talvez, entre os 66 livros que compõem o Cânon Bíblico, seja a obra das Escrituras que mais tem seus capítulos e versículos citados e decorados. O motivo de este livro ser para os cristãos alvo de maior preferência, em se tratando de citações e memorizações, é que o seu conteúdo serve perfeitamente como plataforma à devoção e como fonte de consolo e renovação das forças espirituais.

Objetivo

A mensagem contida no Livro de Salmos foi escrita calculadamente para tanger as cordas mais profundas do coração humano e assim indicar o ponto de equilíbrio espiritual. Ajuda o cristão a dar expressão aos seus sentimentos - alegria ou tristeza, paz ou angústia - quando se identifica com as emoções que os escritores revelaram ao compor as orações e cânticos.

O livro revela como Deus opera na vida interior dos seus servos. Em estilo poético, os temas abordados variam de louvor a lamentação, de guerra a paz, e de alegria a juízo, com o objetivo de expressar grandes verdades.

Os Salmos foram usados pelo povo de Israel nas suas reuniões de adoração a Deus. Servia de livro de orações (orações, louvores e instruções religiosas), para a liturgia do segundo templo (o de Zorobabel) e o de Herodes, e para uso nas sinagogas.

Autores

Os Salmos foram escritos por diferentes autores, durante um período de mais ou menos setecentos anos (de 1000 a 333 a.C.). Descreve-se o livro como Salmos de Davi, embora existam mais autores, porque ele foi o principal autor e compilador dos mesmos. Admite-se que uns poucos já existissem antes da época de Davi, constituindo o princípio de um hinário destinado ao culto. Este hinário foi muito aumentado por ele e foi se expandindo através das gerações, até que Esdras (segundo conta a tradição), o completou, tornando-o no conjunto que conhecemos hoje.

Davi, o rei mais célebre de Israel, além de ter sido pastor de ovelhas, matador do gigante Golias, também era compositor. A sua fama de músico é mencionada muitas vezes na Bíblia (1 Samuel 16.18; 2 Samuel 23.1; Amós 6.5). Ele era poeta (2 Samuel 1.19 a 27 - 3.33-34). Os livros das Crônicas são bastante explícitos ao relatarem que ele reuniu coros para uso no ritual do templo e compôs salmos para os judeus cultuarem a Deus (1 Crônicas 13.4-5; 25.1-5). E de acordo com os títulos dos salmos, atribui-se a Davi os créditos de autoria para a maior parte da coleção, um total de 73. Inclusive, Jesus Cristo atribuiu a Davi a autoria do Salmo 110  (Marcos 12.36,37; Lucas 20.42,44). Outras passagens bíblicas também o reconhecem como autor (Atos 1.16; 2.25; 4.25; Romanos 4.6; 11.9; e Hebreus 4.l).

Ainda de acordo com os títulos, os outros salmistas, são:
• Asafe, autor de doze salmos (50.1-23; 73.1 - 83.18), era sacerdote, um dos principais músicos de Davi, cuidava da música no templo e sua família era encarregada da música de geração em geração;
• Os filhos de Corá, contemporâneos de Davi, membros de uma mesma família de sacerdotes e poetas, faziam parte de uma associação de cantores e compositores, e compuseram onze salmos (42.1-11; 44.1 - 49.20; 84,1 - 85.13; 87.1-7);
• O nome de Salomão está relacionado a dois (72.1-20; 127.1.5);
• Moisés, compôs um (90.1-17);
• Hemã, um sábio (88.1-18);
• Etã, ezraita, um sábio, também é indicado como autor de apenas um salmo (89.1-52).  • Anônimos. 50 salmos são de autorias desconhecidas. Pensa-se que alguns desses salmos não assinados podem ser atribuído ao autor do salmo precedente.
A LXX acrescenta Ageu e Zacarias como autores de cinco salmos.

Data

O Livro de Salmos foi escrito e compilado durante gerações da história de Israel, um período que se estendeu desde os dias de Moisés até a reconstrução da nação, liderada por Esdras (1410 - 430 a.C.). Quase todos os salmos são do período áureo de Israel, isto é, por volta de 1.000 anos a.C.. Sem dúvida, alguns foram escritos mais tarde, mesmo no tempo do cativeiro, por exemplo o de número 137. O livro ganhou sua forma final pelas mãos de funcionários pós-exílicos.

Evidências dos manuscritos do mar Morto impedem situar qualquer um dos salmos em data tão recente quanto o II a.C. como fizeram alguns estudiosos do passado.

Esboço
• Cânticos de libertação (1.1 -  41.13);
• Juízos divinos (42.1 - 72.20);
• Hinos nacionais de Judá (73.1 - 89.52);
• O grande reino de Deus (90.1 - 106.48);
• Cântico de louvor e ação de graças (107.1 - 150.6).

O significado do nome

Em hebraico, O Livro de Louvores. Em grego, Poemas Adaptados à Música.

No século 1 d.C., era mencionado como Livro dos Salmos (Lucas 20.42; Atos 1.20) e Os Salmos (Lucas 24.44).

Conteúdo e estilo

Diferentemente de outros livros do Antigo Testamento, não segue uma narrativa contínua.

Os salmistas empregaram diferentes tipos de versos e recursos literários variados:
• Há salmos que precisavam de acompanhamento de instrumentos musicais;
• Poemas contemplativos;
• Acrósticos alfabéticos (37.1-40; 119.1-176);
• Salmos sobre a criação (8.1-9; 19.1-14);
• Uma narrativa do êxodo (78.1-72);
• Salmos de penitência (6.1-10; 25.1-22); 32.1-11; 38.1-22; 51.1-19);
• Salmos para a peregrinação (120.1 - 134.3); e,
• Salmos messiânicos.    
Os Salmos acham-se divididos em cinco livros:
• Livro 1: Salmos 1 a 41;
• Livro 2: Salmos 42 a 72;
• Livro 3: Salmos 73 a 89;
• Livro 4: Salmos 90 a 106;
• Livro 5: Salmos 107 a 150. 
Há vários tipos de Salmos: hinos de louvor a Deus; orações pedindo ajuda, proteção e salvação; solicitação de perdão; canções de agradecimento pelas bênçãos de Deus; orações em favor do rei; canções para ensinar as pessoas praticarem o bem; súplicas para que Deus castigue os inimigos; etc.

Quase metade dos salmos pode ser classificada como orações de fé em tempos de crise. As poesias capturam muitos momentos diferentes no relacionamento do crente com Deus. Salmos preciosos como o 23, o 91, o 121 e muitos outros, nos confortam nos momentos da mais profunda necessidade. As orações são pessoais ou nacionais: algumas mostram o sentimento íntimo da pessoa, enquanto outras representam as necessidades e o sentimento coletivo do povo de Deus.

A forma geralmente usada na poesia dos Salmos não consiste em rima, mas principalmente na repetição da ideia numa sentença paralela, com palavras diferentes, na mesma linha ou nas linhas seguintes, como, por exemplo, o uso dos termos "pecado" e "iniquidade" no Salmo 103.10: "Não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos recompensou segundo as nossas iniquidades". O paralelismo, em sua variedade de formatos, e a riqueza de comparações dão graça e beleza à poesia hebraica, além disso, pode de vez em quando a interpretar palavras obscuras por meio da palavra sinônima mais clara.

Aplicação pessoal

Devemos aprender a lição que este livro nos ensina:

1. Não era preciso estar feliz para compor um salmo. Os apelos dos salmistas para o resgate de Deus e o  deleite de cada um deles com relação à salvação vista e prometida, nos leva a saber que alguns compositores escreveram quando estavam muito aflitos e tristes. Eles sabiam que Deus quer nos ouvir em todos os tipos de situações. Em tempos de aflição, não tenhamos receio de se achegar ao Senhor com nossas orações e suplicas.
2. Todos os salmos nos ensinam que o conhecimento intelectual não é suficiente, o coração necessita ser tocado pela graça redentora de Deus. Portanto, que o nosso raciocínio esteja sempre submetido às determinações da Palavra de Deus.

Conclusão

É importante decorar os salmos e recitá-los frequentemente, com a finalidade de sermos fortalecidos pela Palavra quando experimentarmos os tempos de provação. Louvar a Deus com o conteúdo de dos salmos deveria fazer parte da respiração do cristão, ser parte integrante em nossas devoções diárias. Jesus cantou Salmos e os citou várias vezes. Eles foram citados mais de cem vezes pelos escritores do Novo Testamento. Através dos séculos, têm sido uma fonte de inspiração e devoção para os cristãos e para a Igreja, tanto nos seus cultos de adoração a Deus como no seu trabalho de evangelização.

E.A.G.

Bíbliaonlinenet - bibliaonline . net/dicionario/?acao=pesquisar&procurar=salmos&exata=on&link=bol&lang=pt-BR 
A Bíblia das Descobertas, página 513, edição 2008, Barueri/SP (Sociedade Bíblica do Brasil);
Bíblia com Anotações A.W. Tozer, página 661, edição 2013 , Rio de Janeiro (CPAD);
Bíblia de Estudo de Avivamento e Renovação Espiritual, Enéas Tognini, página 547, edição 2009, Barueri, (Sociedade Bíblica do Brasil);
Bíblia de Estudo Vida, página 831, edição 1998, São Paulo (Editora Vida);
Bíblia Sagrada Almeida Século 21, páginas 577, 578, edição 2008, São Paulo (Edições Vida Nova).
Manual Bíblico Halley, página 226, 4ª edição 1994, São Paulo (Vida Nova);
Pequena Enciclopédia Bíblica - Orlando Boyer, página 478, 30ª impressão, 2012, Rio de Janeiro (CPAD).

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Marcos - o Evangelho do servo

O Evangelho de Marcos apresenta Jesus como o Filho de Deus, que se identifica como o Filho do Homem e Servo Sofredor. A pergunta "Quem é este?" (4.41), paira de forma direta ou subentendida do início ao final desta biografia do Mestre.

Diferentemente das cartas de Paulo, o Evangelho de Marcos não identifica seu autor e  seus destinatários. De acordo com as evidências, foi o primeiro Evangelho a ser escrito. Segundo a tradição da Igreja, João Marcos o escreveu de Roma, usando Pedro como sua fonte primária de informação.

A mãe de Marcos abrigou uma comunidade cristã em sua casa em Jerusalém (Atos 12.12); ele ministrou em companhia de seu tio Barnabé (Atos 12.25; 15.37, 39), de Paulo (Colossenses 4.10; 2 Timóteo 4.11; Filemon 24), e posteriormente de Pedro (1 Pedro 5.13).

Autoria e data

A tradição cristã que afirma ter sido Marcos o autor deste Evangelho é tão forte que pouco se pode fazer além de confirmá-la. Papias, Clemente de Alexandria, Jerônimo, Irineu e Orígenes, entre outros, reconheceram Marcos como o autor do Evangelho que leva seu nome.

A maioria dos eruditos acredita que Mateus e Lucas escreveram dez a vinte anos depois. E basearam seus evangelhos em Marcos. De fato, Mateus reproduz  90 por cento do conteúdo de Marcos. Admitindo-se a hipótese de que o Evangelho de Marcos era conhecido e foi usado como fonte de Mateus e Lucas, é provável que esse Evangelho tenha sido escrito antes do ano 70 d.C. há afirmações que apontam  uma data por volta do ano 60 d.C.

Destinatários

Marcos dá evidências de que escreveu para os gentios. Vejamos:

• ele dá explicações a respeito de expressões aramaicas (5.41; 7.34; 14.36; 15.34);
• explica sobre a tradição dos fariseus (7.3-4);
• usa palavras latinas que não são encontradas  nos demais Evangelhos: executor (6.27); quadrante (12.42);
• não inclui a genealogia de Jesus, pois não faria sentido para leitores gentílicos;
• há apenas 63 citações e/ ou alusões ao Antigo Testamento, comparadas  com cerca de 128 em Mateus e entre 90 e 100 em Lucas. Tais menções soariam de difícil compreensão aos leitores gentílicos.

Tema central

A obra  trata de uma extensa abordagem do significado da morte, e ressurreição de Jesus para os crentes. 

Os personagens principais em Marcos são Jesus e seus discípulos, que são chamados, ensinados, treinados e enviados em missão. O discipulado é o tema central. Comparado com os outros evangelhos canônicos, Marcos aborda as dificuldades do discipulado de forma realista, sincera e cheia de esperança, quando relata que os discípulos eram lentos para aprender e compreender o verdadeiro significado do ministério e da missão de Jesus.

Marcos se distingue por fatores como:

• ênfase cobre as dificuldades do discipulado
• estilo narrativo dinâmico de aventura ("imediatamente", ou, a forma alternativa "logo, logo após" aparecem 35 vezes);
• conflitos e confrontos aparecem desde cedo e continuam até o clímax, na crucificação;
• um terço dos versículos relatam milagres;
• uso de linguagem forte ("viu os céus rasgarem-se"; "o Espírito o impeliu, literalmente, o empurrou para o deserto (1.10, 12);
• abordagem sobre a humanidade de Jesus: 1,41; 3,5; 4,38; 6,6; 11,12; 14.33. 

 Propósito

Inicialmente, circulavam narrativas orais sobre Jesus. Eram narrativas isoladas formando, em grande parte, pequenos blocos. Algumas, como a narrativa da paixão, eram mais longas. Marcos, sem dúvida, escreveu tendo em vista as necessidades de sua própria igreja familiar. Ele escreveu com finalidades pastorais, tendo a finalidade de preservar a história da vida de Jesus após a morte da primeira geração de cristãos, por exemplo, Pedro.

Estrutura de Marcos

1. Introdução (1.1-13)
2. A autoridade de Jesus é revelada (1.14 - 3.6)
3. A autoridade de Jesus é rejeitada (3.7 - 6.5)
4. Formando uma nova comunidade (6.6 - 8.21)
5. Equipando a nova comunidade (8.22 - 10.52)
6. Julgamento de Jerusalém (11.1 - 13.37)
7. Julgamento de Jesus: paixão, ressurreição e ascensão (14.1 - 16.20).

Marcos, como os demais Evangelhos e todo o restante do Novo Testamento, são úteis como ferramental ao discipulado e na formação missionária da Igreja. Quando Marcos escreve 1.14-15, está descrevendo a missão de Jesus e definindo aos discípulos a missão da Igreja que o segue. Nos seus milagres, Jesus ensina que a missão é integral, curando e salvando a pessoa toda. Jesus curava em resposta à necessidade humana, e assim mostra que a missão evangelística é social, desafiando e transformando sistemas opressores.


Fonte: 
Bíblia Missionária de Estudo, páginas 940, 941, edição 2014, Barueri (Sociedade Bíblica do Brasil); 
Toda a Bíblia em um ano: Mateus a Filipenses, volume 3, Darci Dusilek, páginas 17-19, 9ª edição, 2013, Rio de Janeiro (Horizontal Editora). 

domingo, 13 de dezembro de 2015

Mateus, o Evangelho do reino de Deus

Autoria e data

Segundo a tradição (Papias de Hierápolis, 155 d.C, o autor do livro é Mateus (em hebraico, homem fiel), também chamado pelo nome Levi (Mateus 9.9, 10; Marcos 2.13-15; Lucas 5.27-29). Ignácio (115 d.C.) reconhecia esse Evangelho como de autoria de Mateus.

Como escritor, Mateus oferece um estilo metódico. Apresenta uma alternância surpreendente de grandes blocos de discursos voltados para o ensino e seções narrativas. Ao final de cada seção há um modo elaborado com o propósito de unir o material narrativo com a seção de ensinos formando uma sequência natural (conferência: Mateus 7.28; 11.1-7).

Quando foi chamado entre os doze apóstolos, Mateus era publicano, ou cobrador de impostos, provavelmente sua função era receber direitos alfandegários perto do mar da Galileia.

A data do Evangelho de Mateus deve ser posterior da de Marcos, sendo o mais tardar em 68. d.C. As expressões "até ao dia de hoje"(27.28; 28.15) indicam um período de tempo substancial entre os eventos no livro e a ocasião em que foram escritos.

Propósito

O Evangelho de Mateus, segundo informação de Papias, adaptava-se, e ainda hoje de adapta, para convencer os judeus sinceros que Jesus de Nazaré é o Messias prometido no Antigo Testamento.

Mateus é um judeu escrevendo para judeus. O apóstolo é reconhecido como um habilidoso editor que esforçou-se para dispor o material narrativo disponível em uma forma mais conveniente para o uso litúrgico da comunidade cristã. Também, fez registros com objetivo apologético, visando municiar os cristãos com citações das Escrituras que os ajudassem a fazer frente às críticas contra o cristianismo.

O autor escreve sob um ponto de vista definido: ele pretende mostrar que os eventos principais na vida de Jesus aconteceram  em cumprimento às profecias do Antigo Testamento. Assim, introduz citações diretas do texto hebraico por meio da fórmula "para que se cumprisse". A expressão parece ter feito parte de uma coleção prévia e ilustra a forte convicção dos cristãos sobre o elo íntimo existente entre o cristianismo e o Antigo Testamento.

Características

O Evangelho de Mateus foi o mais usado nas primeiras gerações de cristãos, conforme o demonstram citações encontradas em escritores cristãos primitivos. A obra tem exercido grande apelo ao longo da História Cristã, e uma das razões para isso é a narrativa do Sermão do Monte.

Alguns autores descrevem o Evangelho de Mateus como uma biografia teológica. Também, é observada a aplicação para fins litúrgicos, que pode ser verificada a partir de uma análise do seu propósito e estrutura.

O esboço do livro:

A ordem da matéria desse evangelho não é cronológica. Os assuntos são apresentados em grupos: discursos (Sermão do Monte. capítulos 5, 6 e 7); os milagres (capítulos 8 e 9); as parábolas (capítulo 13); a denúncia dos fariseus (capítulo 23); a profecia da destruição de Jerusalém e o fim do mundo (capítulos 24 e 25).

I - O primeiro período em duas partes (capítulos 1 e 2):
a. o nascimento, a infância e a juventude de Jesus;
b. o silêncio biográfico.

II - O segundo período (capítulos 3 e 4), aproximadamente de seis meses, entre 27 e 29 d.C., abrange o auge do ministério de João Batista e sua pregação; assinala o batismo e a tentação de Jesus; o começo do ministério de Jesus em várias partes da Palestina; a chamada dos primeiros discípulos.

III - O terceiro período (capítulos 5 ao 18), aproximadamente em 27-29 d.C., tempo do ministério de Jesus na Galiléia, inclui excursões dentro de territórios circunvizinhos, assinala o Sermão do Monte, milagres, parábolas, a confissão de Pedro, a transfiguração.

IV - O quarto período (capítulo 19 ao 20), de seis meses, aproximadamente em 29 d.C. narra sobre o ministério de Jesus em várias partes da Terra Santa, o Mestre enfatizando na sua pregação, sua morte e ressurreição e que a sua crucificação estava próxima.

V - O quinto período (capítulos 21 ao 28), relata a semana da paixão, ressurreição, as aparições e a ascenção de Jesus, salientando-se a sua entrada triunfal em Jerusalém, várias parábolas, seu discurso contra os escribas e fariseus, seu sermão profético, a última páscoa, a ceia do Senhor Jesus no jardim do Getsêmane, a traição, Jesus perante as autoridades do sinédrio e do governo, a crucificação, Jesus no túmulo, a ressurreição, as aparições.

O Sermão no Jardim das Oliveiras (24.1 - 25.46) predisse a destruição de Jerusalém em 70 d.C.

Conclusão

O Evangelho termina com uma instrução e desafio para ir ao mundo e fazer discípulos; o evangelho não é apenas para os judeus, mas para todos os povos. Mas esta instrução não é a última. A declaração final é a tranquilizadora "eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos" (28.20).

E.A.G .

Toda a Bíblia em um ano: Mateus a Filipenses, volume 3, Darci Dusilek, páginas 12-14, 9ª edição, 2013, Rio de Janeiro (Horizontal Editora).
Bíblia Sagrada com dicionário e concordância - gigante; apêndice: Conciso Dicionário Bíblico (Ilustrado), páginas 299, 300; 2ª edição, 2013, Santo André/SP (Geográfica Editora).

domingo, 22 de março de 2015

O Evangelho Segundo Lucas

Por Eliseu Antonio Gomes

Autoria

O autor do terceiro Evangelho era claramente um escritor cuidadoso e um homem de cultura, usualmente concorda-se que deve ser identificado também como o autor de Atos, pois o prefácio de Lucas (1.1-4) é muito parecido com o de Atos 1.1, as duas obras são endereçados para Teófilo, o estilo e vocabulário favorecem a unidade de autoria, e o segundo prefácio refere-se a um livro anterior. 

A tradição concorda com o prefácio, que nos mostra que o autor não era testemunha ocular das coisas que registra, não era um dos primeiros seguidores de Jesus. e nesta posição ele fez uma pesquisa apurada de todos os acontecimentos do Mestre.

Não está grafado o nome do autor no terceiro Evangelho, porém, uma tradição antiga confere a autoria a Lucas, o médico amado, baseada nas referências de Colossenses 4.14; 2 Timóteo 4.11; e Filemon 24. Lucas não era, pelo que saibamos, um cristão de tanto destaque na igreja primitiva. O fato de um homem que não era apóstolo, sem posição de destaque que se conheça, ser universalmente considerado como tendo sido o autor, deve receber a merecida consideração.

O Fragmento Muratoriano, uma lista dos livros aceitos como parte do Novo Testamento, afirma que Lucas era gentio, nativo de Antioquia, escreveu seu Evangelho em Acaia, morreu aos 84 anos solteiro e sem filhos.

Data

A data do Evangelho de Lucas é motivo de debate entre os acadêmicos, e a questão está relacionada à sua autoria. A data mais tardia possível para a autoria do Evangelho é aproximadamente 80 d.C., uma vez que há evidências do seu uso a partir de 95, e que o livro de Ato utiliza as cartas de Paulo. Por outro lado, provavelmente o Evangelho não foi escrito antes do final dos anos 50, visto não ter sido escrito muito tempo antes do livro de Atos  (Atos 1.1), e 62 é a data do último evento registrado em Atos (a prisão domiciliar de Paulo em Roma).

Conteúdo

Lucas inicia seu Evangelho com uma declaração especial: ele mesmo havia se informado minuciosamente de tudo sobre a vida de Jesus desde o princípio. A genealogia de Cristo é rastreada desde Davi e Abraão até Adão, nosso antepassado comum, apresentando-o deste modo, como alguém da nossa raça. A obra não é uma repetição monótona de datas e ações, exibe uma fervorosa sensibilidade quanto aos detalhes pessoais íntimos, retrata Jesus como o Homem Perfeito e de grande empatia.

Seu relato é um dos mais completos e ricos em detalhes a respeito do nascimento e infância de Jesus, atrai o leitor para dentro dos eventos que ele descreve. A escrita é vívida. Narra de forma inigualável a vida do Filho de Deus, apresenta a Jesus como o Filho do Homem, o Homem Perfeito que veio salvar a todos, judeus e gentios.

Comparações com os Evangelhos de Mateus e Marcos

Quando se faz um paralelo entre Lucas e os demais Evangelhos Sinóticos observa-se a peculiaridade do vocabulário médico empregado por Lucas. Ao comparar, por exemplo, Lucas 4.38 com Mateus 8.14 e Marcos 1.30, observamos que Lucas enfatiza a natureza ou grau da febre da sogra de Pedro; ao analisar Lucas 5.12 com Mateus 8.2 e Mateus 1.40, vemos que o escritor anotou "cheio de lepra" e não apenas "um leproso"; ao confrontar Lucas 8.43 com Marcos 5.26. Somente Lucas observou que o episódio da cura do homem da mão mirrada era a mão direita que estava seca (6.6; Mateus 12.10; Marcos 3.1); e quanto a orelha decepada de Malco, foi quem assinalou que o corte ocorreu do lado direito (22.50; Mateus 26.50; Marcos 14.47).

Finalidade

1. Lucas narra a história, mas não tão-somente a história como se entende hoje em seu sentido secular e positivo, que se prende à narrativa da perspectiva humana, conta a ação de Deus entre os homens e como Ele demonstra sua soberania entre eles;
2. Escreve para esclarecer que o cristianismo tem vínculos com o judaísmo, a fé cristã possui raízes judaicas;
3. Esclarece que o cristianismo não é uma religião que veio a existir para competir com o império romano;
4. O endereçamento do Evangelho a Teófilo pressupõe que o autor tinha o objetivo de circular o livro entre pessoas cultas.

Conclusão

Sabemos que o autor do terceiro Evangelho obteve as informações sobre a vida e o ministério de Jesus entrevistando testemunhas oculares, ministros e apóstolos do Senhor e pesquisando escritos sobre Jesus. Coube a Lucas colocar a história em ordem histórica e cronológica. Assim, temos o tratado extraordinário sobre o Salvador,

Enfim, sabemos que pessoas inspiradas pelo Espírito Santo escreveram os livros da Bíblia Sagrada, e que através da instrumentalização que Deus fez de Lucas foi possível chegar até nós informações relevantes sobre os passos, pormenorizadamente.

E.A.G.

Compilação:
Bíblia de Estudo Defesa da Fé, página 1588, edição 2010, Rio de Janeiro (CPAD)
Lucas, Introdução e Comentário, Leon L. Morris, página 13, 14, reimpressão 2011, São Paulo, (Vida Nova).
Lucas - O Evangelho de Jesus, o Homem Perfeito, José Gonçalves, página 14, 16, 1ª edição 2015, Rio de Janeiro (CPAD).

domingo, 14 de setembro de 2014

1 Samuel - nono livro da Bíblia Sagrada

O jovem Davi toca harpa perante o rei Saul.
Por Eliseu Antonio Gomes

Aproximadamente, o livro 1 Samuel cobre um período de 115 anos. A cobertura narrativa vai da infância de Samuel ao início do reinado de Davi. Além de Samuel, as duas outras personagens centrais do livro são Davi e Saul.

Samuel foi o último dos juízes, período que durou cerca de 350 anos, e o primeiro dos profetas. Nasceu num dos períodos mais negros da história israelita, era homem de profundo discernimento espiritual, dedicado à realização dos propósitos de Deus referente à Israel (Atos 3.24). Foi chamado para guiar Israel em tempos de crises graves. Sem qualquer vontade de sua parte, viu-se no papel de "fabricante de reis": ungiu Saul e depois Davi ao trono de Israel.

Na Bíblia Hebraica, 1 Samuel e 2 Samuel formam apenas um único livro. Embora 1 Samuel e 2 Samuel recebam seu nome, o profeta não poderia ter escrito mais do que uma parte, já que sua morte é relatada no capítulo 25. Entretanto, o fato de que ele escreveu um livro fica evidente em 1 Samuel 10.25, assim como 1 Crônicas 29.29 evidencia que Natã e Gade também fizeram seus relatos. Os dois livros registram a transição teocrática para certo tipo de monarquia.

Certas características literárias da obra levam a crer que seja uma compilação de várias fontes documentárias independentes a princípio, o qual o autor deve ter incorporado à sua composição, conservando, à medida do possível, a forma original delas. As Escrituras não fornecem sua identidade. O autor e compilador, anônimo, possivelmente, pode ter feito uso do Livro de Jasar (2 Samuel 1.18) e registros históricos de Davi (1 Crônicas 27.24). Alguns estudiosos acreditam que tenha sido Zabude, filho do profeta Natã, apresentado como conselheiro pessoal do rei Salomão em 1 Reis 4.5, ele poderia ter aproveitado os conhecimentos do pai sobre a vida de Samuel e Davi, além de possuir livre acesso ao acervo da corte.

O relato de 1 Samuel tem inicio nos últimos dias dos juízes e termina com a narração da morte de Saul. Suas páginas contém uma exuberante exposição escrita, oferecem o registro das relações de Deus com o povo de Israel, bem como abordam como Deus realizou a preservação daquele povo e preparação para seu duplo propósito: fazer com que os israelitas fossem recebedores dos oráculos divinos e, no tempo devido, de meio deste povo nascesse o Salvador Jesus Cristo.

As principais lições do livro tem a ver com os efeitos do pecado em relação ao povo e seus líderes. Uma das passagens bíblicas mais conhecidas encontra-se em suas páginas, o confronto entre Davi e Golias (capítulo 17).


Consultas:
A Bíblia Anotada - Charles C. Ryrie, página 359, 1ª impressão 1991, São Paulo (Editora Mundo Cristão).
Bíblia Shedd, página 387, 2011 São Paulo, (Edições Vida Nova).
Bíblia King James, página 390, julho de 2013, São Paulo (Abba Press).

quinta-feira, 31 de julho de 2014

66 introduções aos livros da Bíblia Sagrada


A intenção do Editor deste blog é entregar aos Leitores de Belverede ao menos um comentário sobre cada um dos sessenta e seis livros da Bíblia Sagrada. Os artigos são o resultado de compilações de livros e revistas de estudos bíblicos, que acompanham a sugestão ao amante da Palavra de Deus de procurar aprofundar-se mais no tema pesquisando em mais fontes.

Na posição de Blogueiro, a proposta está aqui, mas a permissão para que seja exposta todas as introduções do cânon bíblico  vem lá do alto. Que Deus nos permita realizar na íntegra tal objetivo, lembrando que ao curso de sete anos de blogagem uma boa parte já está pronta - basta indicar o post com um link ativo. 

Antigo Testamento

Gênesis  |  Êxodo | Levíticos | Números | Deuteronômio | Josué | Juízes  |  Rute  |  1 Samuel | 2 Samuel | 1 Reis | 2 Reis | 1 Crônicas | 2 Crônicas | Esdras | Neemias | Ester | Jó | Salmos | Provérbios | Eclesiastes | Cânticos dos cânticos de Salomão | Isaías | Jeremias | Lamentações de Jeremias | Ezequiel | Daniel | Oséias | Joel | Amós | Obadias | Jonas | Miquéias | Naum | Habacuque | Sofonias | Ageu | Zacarias | Malaquias 

Novo Testamento

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quarta-feira, 30 de julho de 2014

Rute: o oitavo livro da Bíblia Sagrada

Boaz permite Rute colher trigos de seus campos. Antes ele
havia ouvido sobre seu tratamento bondoso em favor de
Noemi. Ilustração de William Brassey Hole (1846 1917). 
O autor do Livro de Rute não é identificado no texto. A tradição aponta ao profeta Samuel, devido a semelhança de linguagem com os livros Juízes e Samuel. Outros autores indicados são Davi e Ezequias. No entanto, nenhuma dessas afirmações são comprovadas.

De acordo com o texto, a história acontece no período final do tempo dos juízes, mas sua redação costuma ser datada do tempo do reinado de Davi (Rute 4.22).

O livro de Rute apresenta uma bela narrativa sobre a verdadeira fé e o temor de Deus. Exibe para nós o retrato fascinante de uma mulher que, apesar de ter crescido em uma cultura pagã, aprendeu a honrar e obedecer a Deus por meio do seu caráter exemplar e profunda humildade. Mostra como era o cenário do tempo violento dos juízes pela perspectiva de uma série de vislumbres íntimos da vida particular de membros de uma família israelita. Relembra memoravelmente a bondade e a provisão do Senhor na vida de duas viúvas: Noemi, senhora hebreia, e Rute, jovem moabita.

Rute era viúva, estrangeira e nora de Noemi, sua personalidade era serena e cheia de paz. Ainda que não fluísse sangue israelita em sua veias, ela possuía fé no Deus de Israel, provavelmente por observar o estilo de vida santo de sua sogra.

O relacionamento de amizade entre Rute e Noemi era exemplar, poético, intenso. Não era parcial e nem possessivo. Quando Noemi decidiu voltar para sua terra natal, deixou Rute totalmente livre para permanecer em Moabe. Mas Rute estava determinada a acompanhar Noemi. Assim, após ambas chegarem a Belém, Noemi se empenhou ao máximo para arranjar um novo casamento para Rute. A seu tempo, as duas mulheres assoladas pela pobreza, encontram o favor de um rico fazendeiro hebreu, chamado Boaz, que se apaixonou e casou-se com Rute.

Em meio ao caos nacional e crueldade da época, Boaz demonstrou gentileza, integridade e cuidado com Rute e Noemi, fez o que era certo e bom: "Ouve, filha minha; não vás colher em outro campo, nem tampouco passes daqui; porém aqui ficarás com as minhas moças. Os teus olhos estarão atentos no campo que segarem, e irás após elas; não dei ordem aos moços, que não te molestem? Tendo tu sede, vai aos vasos, e bebe do que os moços tirarem" (2.8-9).

Boaz representa o homem com caráter de Deus, que gentilmente cuidou destas duas viúvas em tempos difíceis, como Tiago 1.17 nos instrui a fazer. Ele considerava Rute uma mulher virtuosa (3.11).

A história contida no Livro de Rute é cheia de amor e devoção, o leitor encontra Deus operando para proporcionar satisfação na vida de pessoas que se sentiam vazias em período de ausência de chuvas. Leitores modernos se deliciam não somente com a história de amor, mas também citam frequentemente o texto encontrado no capítulo 1 e versículo 16 ("aonde quer que tu fores, irei eu, e onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus") em cerimônias de casamento, como parte da aliança e da promessa entre marido e esposa, sem considerar que a solene declaração são palavras de Rute dirigidas para sua sogra e não para seu par romântico.

As esposas e mães atuais, e cristãos em geral, podem aprender muito com a conduta de Rute, Boaz e Noemi, neste livro que tem um começo triste e um final feliz.


Compilação:
A Bíblia da Mulher, página 446, impressão de 2011, Barueri, (Sociedade Bíblica do Brasil).
Bíblia Devocional da Mulher, página 306, edição 2003, São Paulo, (Editora Vida)
Bíblia de Estudo da Mulher, página 253, 6ª impressão em 2005, Belo Horizonte (Editora Atos).
Bíblia de Estudo Preparando Casais para a Vida, página 495, 1ª edição em maio de 2013, Rio de Janeiro (Editora Central Gospel).

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Juízes - o sétimo livro da Bíblia Sagrada

Paixão e traição na história de Sansão e Dalila.
Para ter uma noção da atmosfera existente entre os israelitas do tempo dos juízes, imagine o seguinte: nos dias de hoje, o que aconteceria se ninguém respeitasse os sinais de trânsito ao dirigir? Com certeza haveria muita confusão, acidentes, muita gente se machucaria e até morreria. Esta situação nos leva a entender que para a vida ser suportável em sociedade é necessário seguir regras pré-estabelecidas.

Autoria e data

O autor de Juízes é desconhecido. Sabe-se que foi uma pessoa inspirada, que selecionou fontes orais e escritas que provessem uma história de Israel com orientação teológica. Pensa-se que algumas partes do livro pode ter sido escrita por Samuel, pois ele era um escritor (1 Samuel 10.25).

A data exata em que o livro foi composto é desconhecida também, mas sabemos que cobre o período entre a morte de Josué e a instituição da monarquia, que se seguiu à coroação de Saul, porém, antes da conquista de Jerusalém por Davi, cerca de 1050 a 1000 a..C.

Cogita-se que a época dos juízes pode ter ocorrido, aproximadamente, entre 1375 a 1040 a.C. Com certeza, foram anos em que os israelitas mergulharam em densas trevas espirituais e dessa época podemos colher valiosas lições.

Por que o livro é chamado Juízes?

Durante a liderança de Josué, Israel finalmente entrou na terra que fora prometida a Abraão. Havia gigantes na terra; não eram, porém, maiores do que Deus. O capitão do exército divino foi capaz de subjugar todos os inimigos de Israel. Surgiu então uma nova geração que não conheceu a guerra, tampouco conhecia a Deus, nem a obra que o Senhor havia realizado em favor de Israel. E por causa do desconhecimento, os israelitas passaram da vitória à derrota.

O livro de Juízes fala de uma época em que os israelitas não seguiam as regras de Deus. O povo de Israel não expulsou os cananeus da terra prometida, como havia prometido a Deus que faria. E não foi só isso: muitas vezes seguidas adoraram os deuses de Canaã, em vez de adorar o verdadeiro Senhor. É claro que Deus não ficou feliz com aquilo, todas as vezes que isso acontecia eles passavam por experiências ruins, o Senhor permitia que o povo sofresse as consequências de suas escolhas infelizes. Mas, por ser misericordioso, quando eles se lembravam de Deus e imploravam por seu socorro, o Senhor providenciava juízes para restaurar a paz e a ordem. 

As histórias seguem um padrão definido: o povo de Israel peca, sofre, busca a Deus, é salvo por um juiz, desfruta de um período de paz, e volta a pecar novamente.  Os juízes, aos quais o Senhor escolheu e ungiu como o seu Espírito, eram líderes militares e políticos, que mostravam aos israelitas em que eles estavam errando.

Os juízes

Seis indivíduos serviram ao propósito de Deus para libertar Israel, cujo papel de libertação possuem narrativas detalhadas, e são considerados "juízes maiores": Otniel (Juízes 3.9-10), Eúde (3.15), Débora (4.5), Gideão (6.34), Jetfé (11.29) e Sansão (13.29). E outros seis,  mencionados rapidamente  são classificados como "juízes menores": Sangar (3.31), Tola (10.1), Jair (10.3), Ibsã (12.8), Elom (12.11) e Abdom (12.13-15). Além destes, há Abimeleque, filho de Gideão, cuja história está vinculada ao seu pai (8.30-31).

Propósito

A composição de Juízes tem três propósitos: histórico, teológico e espiritual. Historicamente, narra eventos de um período específico de Israel. Teologicamente, enfatiza o princípio estabelecido na Lei de que a obediência ao Senhor gera vida e a desobediência traz opressão. Espiritualmente, apresenta a fidelidade do Senhor à aliança com seu povo.

O leitor deve preparar-se para um grande choque, pois as narrativas deste livro mostra que Deus usou como líderes pessoas que não eram exemplos de perfeição. Às vezes, elas mentiam e perturbavam muita gente, como se fossem garotos pirracentos. Mesmo assim, Deus as usou para fazer cumprir seu plano perfeito. Nesta situação, ficamos pensando que se Ele encontrou um modo de trabalhar com pessoas tão complicadas, realizando proezas através da instrumentalização delas, também pode realizar muitas coisas neste mundo através de pessoas comuns como eu e você, pois usa as pessoas do jeito que elas são.

Através dos relatos contidos em Juízes, conhecemos as consequências desastrosas da quebra de comunhão com Deus. O livro é um lembrete, o Senhor exige compromisso da parte do seu povo, quando cometemos pecados, o Ele permite que sejamos castigados, até chegarmos ao completo arrependimento. Também é um alerta, se insistimos em fazer as coisas do nosso jeito poderemos entrar numa enorme enrascada.

Conclusão

Por vontade própria, Deus não deu ao povo de Israel um monarca, dava-lhes os juízes, pois Ele mesmo era o Rei de Israel.

Deus é o Senhor da história, na plenitude do tempo enviou Jesus como nosso Libertador, nosso Salvador, para nos redimir da opressão do pecado e da morte. Cristo é um Juiz Justo, que haverá de julgar o mundo inteiro (2 Timóteo 4.8; Atos 17.31).

Deus é o nosso Juiz e Libertador (Salmos 75.7; Isaías 45.21), capaz de realizar coisas impossíveis. Nos dias atuais, Deus procura homens e mulheres, pessoas consagradas, a quem possa capacitar. Da mesma maneira que escolheu libertadores, ungindo-os com seu Espírito para que fizessem grandes façanhas no passado, pode nos dotar com o Espírito Santo e nos usar para trazer libertação àqueles que estão presos ao desespero e ao pecado.

E.A.G.

Compilações:
Bíblia de Estudo Indutivo, página 376, edição 1997, Tennessee - EUA (Editora Vida).
Bíblia de Estudo Plenitude, páginas 252 e 253, edição 2001, Barueri (Sociedade Bíblica do Brasil).
Bíblia Jovem, página 352, edição 2001, São Paulo (Editora Vida).
Bíblia FaithGirlz!, páginas 300 e 303, edição 2009, São Paulo (Editora Mundo Cristão).
Dicionário Bíblico Universal A.R. Buckland & Luckin Williams, edição 2007, São Paulo-SP (Editora Vida).
Pequena Enciclopédia Bíblica - O. S. Boyer, 19ª impressão, São Paulo, edição 1992 (Editora Vida). 

segunda-feira, 23 de junho de 2014

O Livro de Josué: sexto livro da Bíblia Sagrada

Moisés observa a Terra Prometida antes de morrer.
O livro de Josué é a sequência do Pentateuco, os cinco primeiros livros da Bíblia Sagrada: Gênesis, Êxodo, Levíticos, Números e Deuteronômio. Registra a história de Israel desde a nomeação de Josué como sucessor de Moisés até a morte desse líder, com a idade de 110 anos.

Moisés morreu na terra de Moabe, depois de ter contemplado a Terra Prometida. A Josué, seu sucessor, foi legada a missão de guiar Israel para atravessar o rio Jordão e à subsequente entrada em Canaã.

O título do livro dá a entender que Josué é a personagem principal. O próprio livro, todavia, é anônimo, embora haja fortes evidências internas de que foi escrito por uma testemunha ocular dos muitos acontecimentos nele narrados. O livro pode ter sido obra de um dos "anciãos que ainda sobreviveram por muito tempo depois de Josué", este poderia ter feito uso do material registrado pelo próprio Josué (24.26; 24.1-25). Na forma que temos hoje, é fácil aceitar a ideia que o livro é posterior aos dias de Josué, cuja morte está registrada em suas páginas. A conquista de Debir, por Otniel, e de Laís (Lesém), pelos danitas, ocorreu depois da morte de Josué.

Josué foi designado por Deus para assumir duas tarefas importantes: dirigir uma campanha militar para tomar posse de Canaã, que o Senhor prometera, e para dividir o espaço conquistado entre as tribos de Israel. A maior parte do livro narra a conquista da terra e o processo de divisão da terra entre as tribos. Depois da queda de Jericó e Ai e da capitulação de Gibeão, no centro de Canaã, Josué teve de enfrentar sucessivamente duas coligações de estados cananeus, uma no sul, com o rei de Jerusalém à frente, e a outra no norte, sob comando de Jabin, de Hazor. Mediante o auxílio divino, Josué foi capaz de vencer tanto o sul quanto o norte e pôde dividir a terra entre as tribos de Israel. Iniciativas de resistência continuaram existindo. A responsabilidade de cada tribo era ocupar a terra que lhe fora atribuída por sorteio.

Diferente do tom desalentador de Números, e do teor fatalista de Deuteronômio, o livro de Josué pode ser considerado um livro de boas novas. A narrativa do livro mostra uma nova mentalidade, pois quarenta anos haviam se passado. O contingente de refugiados, antigos israelitas acostumados com a vida de escravos, e os lendários guerreiros, com exceção de Josué e Calebe, havia perecido no deserto.

Após sua entrada em Canaã, os israelitas seguiram as instruções de Deus literalmente, mesmo nas ocasiões que exigiram deles até os limites inimagináveis. Como passaram os israelitas a primeira semana em solo conquistado? Erigiram um monumento a Deus, cumpriram os ritos de circuncisão e celebraram a Páscoa. Nenhum exército teve tal comportamento antes. O conteúdo do livro foca as vitórias quando os israelitas confiavam em Deus e não no poder militar e as histórias negativas - como a batalha de Ai e a astúcia dos gibeonitas - quando os israelitas desprezavam a vontade do Senhor.

Na leitura dos relatos do livro Josué, encontramos um fortalecimento de fé em momentos de provação. Você algum dia desejou ter uma segunda chance? Talvez tenha desperdiçado alguma oportunidade valiosa. Quem sabe tenha  tentado realizar algo, mas o seu esforço não foi grande o bastante para ir até o fim. É provável que já tenha despendido o melhor da vida ou perdido uma grande amizade. Nas páginas de Josué, percebemos que Deus sempre oferece uma segunda chance. Apesar de na primeira oportunidade os israelitas terem falhado na tentativa de entrar em Canaã, tendo de perder quarenta anos por causa do seu fracasso, Deus lhes deu  outra oportunidade. Uma vez aprendida a lição, da segunda vez os resultados foram diferentes. Esse relato é fonte de inspiração para nós.

Bíblia Devocional de Estudo, página 251, edição 2000, São Paulo (Fecomex)
Bíblia Sagrada Almeida Século 21, página 235, edição 2008 (Editora Vida Nova, Hagnos).

quinta-feira, 29 de maio de 2014

O Livro de Deuteronômio: quinto livro da Bíblia Sagrada

Deuteronômio é o nome do quinto livro das obras de Moisés, que é essencialmente idêntico ao livro que os sacerdotes acharam no reinado de Josias, 621 a.C. (2 Reis 22; 2 Crônicas 34), descoberta esta que trouxe grande reforma religiosa ao reino de Judá. 

Por todo o livro, Moisés é mencionado como autor dos discursos que compõem a maior parte da obra, escrevendo de próprio punho ou ditando partes a seu amanuense ou secretário, conforme o costume em sua época e cultura (Deuteronômio 1.5; 31.9, 22, 24; 1 Reis 2.3; 8.53; 2 Reis 14.6; 18.12). Ele estava com 120 anos quando o escreveu. É óbvio que o relato de sua morte, que aparece no capítulo 34, é obra de outro escritor, muito provavelmente Josué, que seguiu a tradição de acrescentar à obra de um grande escritor seu obituário, para homenageá-lo.

Na época em que foi escrito, o povo de Israel estava acampado junto às fronteiras de Canaã. Depois de terem caminhado pelo deserto por quarenta anos, estavam prontos para atravessar o Jordão entrar na Terra Prometida.

O título do livro em português, tradicionalmente utilizado nas versões correntes da Bíblia, deriva de uma tradução da Septuaginta, LXX (a tradução grega mais antiga do Antigo Testamento, publicada por volta de 285 a.C.), em relação a uma passagem em Deuteronômio 17.18, que em hebraico significa "uma cópia desta lei", ou "segunda lei". O livro contém ensinamentos que Moisés considerava necessário repetir, repete Os Dez Mandamentos e muitas leis contidas em Êxodo, Levíticos e Números.

Moisés relembra do que  Deus havia feito em favor dos israelitas nos quarenta anos de peregrinação, como os havia livrado da escravidão no Egito e os havia levado pelo deserto. Mostra que o amor fez com que Deus escolhesse Israel como nação predileta. Exorta os israelitas para que cumpram a sua parte da aliança que Deus havia feito com eles, para que continuassem a receber as bênçãos na terra onde vão morar. Enfatiza o relacionamento de amor e zelo entre Deus e os israelitas, e o povo do Senhor (cristãos de todas as nacionalidades), com o propósito de esclarecer que é preciso considerar que as leis foram feitas baseadas no amor divino, levando em consideração as necessidades dos israelitas e gentios.

Jesus Cristo confirma a autoria mosaica (Mateus 19.7, 8; Marcos 10.3-5; João 5.46-47). Citou Deuteronômio por três vezes quando foi tentado por Satanás, referindo-se a ele como Palavra de Deus (Mateus 4.4, 7, 10). Mencionou a passagem-chave do livro, 6.4-6, afirmando que "Amarás, pois o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de toda a tua força" é o mais importante de todos os mandamentos.

Deuteronômio, citado perto de 80 vezes no Novo Testamento, relata que Moisés escolhe Josué para ficar no seu lugar e, obedecendo à ordem de Deus, sobe o monte Pisga, de onde vê a terra de Canaã, ali no monte morre Moisés, o maior de todos os profetas de Israel.

E.A.G.

Compilações:
Bíblia Sagrada com Dicionário de Concordância, apêndice: Conciso Dicionário Bíblico - Ilustrado, D. Ana e Dr. S. L. Watson, página 252, edição 2013, Santo André (Casa Publicadora Batista / Geográfica editora). 
Bíblia Almeida Século 21, página 194, edição 2008, São Paulo (Edições Vida Nova).
Bíblia Jovem, página 36, edição 2001, São Paulo (Editora Vida). 
Bíblia Sagrada King James - Edição de Estudo, página 256, edição de julho de 2013, Abba Press Editora e Divulgadora Cultural Ltda / Sociedade Bíblica Íbero-Americana. 
Bíblia de Estudo de Avivamento e Renovação Espiritual, página 183, edição 2009, Barueri, (Sociedade Bíblica do Brasil).


segunda-feira, 19 de maio de 2014

O livro de Números, o quarto livro da Bíblia Sagrada


Números parece ser um título tão empolgante quanto Catálogo Telefônico ou Dicionário. Poderia ser chamado de "O Livro dos Censos", pois é como começa e termina. O nome deriva em nossas versões portuguesas, bem como nas versões latina e grega, dos dois recensementos relatados dentro da narrativa maior. Entre os escribas judeus era conhecido como "No Deserto", que no hebraico se registra com a palavra "Bemidbar", título extraído do primeiro versículo.

Tanto os judeus quanto os cristãos tradicionalmente consideram que Moisés é o autor do livro de Números, visto que a época de Moisés é 1.300 anos antes da de Cristo. A tese da autoria e data tem sustentação em descobertas arqueológicas, que apontam para a antiguidade das leis, das instituições e das condições de vida descritas no livro. Foi escrito para contar sobre os anos dos israelitas no deserto e mostrar o juízo de Deus em contraste com sua fidelidade e paciência para com o amado povo de Israel.

O livro de Números está repleto de histórias intensas. De modo vívido e impactante, revela um Deus de ira esmagadora o qual, porém, escancara os braços e acolhe os que se arrependem e se voltam para Ele. Deus é apresentado em Números como o soberano, severo, que exige obediência absoluta à sua santa vontade, mas que também é gentil, oferece esperança, e mostra misericórdia aos arrependidos. É o livro da disciplina divina, mostra que o povo precisa aprender que pode prosseguir somente enquanto confia e depende dEle, apresenta as consequências dolorosas de decisões irresponsáveis da parte do povo escolhido e os crentes.

Números começa com a nação de Israel no Monte Sinai pronta para iniciar uma marcha à Canaã. Deus manda Moisés quantificar os homens guerreiros e os levitas. Um projeto detalhado é dado parra arranjar o povo tanto em marcha quanto no acampamento. Nos 430 anos, desde José no Egito (Êxodo 12-40), a força de combate da nação de crescera até 603-550, sugerindo uma população de vários milhões. 

O livro começa com a velha geração (1-12), move-se através de um trágico período de transição (13-20), e termina com uma nova geração (21-36) às portas da terra de Canaã. Contém os registros de duas gerações, dois censos, e dois conjuntos de instruções para usufruto da terra da promessa.

Do ponto de vista histórico, o livro de Números começa onde termina o livro de Êxodo, com o espaço necessário, naturalmente, para as seções históricas dispersas. Cobre um período de aproximadamente quarentas anos de história da caminhada de Israel em direção à Palestina. Apesar de comumente chamarem esses anos de peregrinação, fica claro que o povo viveu 37 anos ao sul da própria terra de Canaã, em parte na área conhecida como Neguebe, não muito distante de Cades-Barnéia.

No Novo Testamento podem-se encontrar várias referências ao livro, nas quais o livramento da escravidão dos judeus no Egito é considerada um modelo terreno da redenção eterna. As experiências dos israelitas no deserto são histórias registradas para advertir os membros que fazem parte da Igreja do Senhor (1 Corintios 10.11). Devemos extrair uma grande lição ao ver em Números repetidos pecados, condenação e arrependimentos, ao ver o fracasso humano, mas também como Deus reage com paciência e misericórdia.

Jesus Cristo mencionou o episódio da serpente de bronze,  para ilustrar  o modo que Ele mesmo haveria de ser levantado na cruz afim de que todos aqueles que nEle confiassem não padecessem mas tivessem a vida eterna (Números 21.5-9; João 3.14-17).

E.A.G.

Compilações:
Bíblia de Estudo Vida, página 201, edição 1998, São Paulo (Editora Vida).
Bíblia Sagrada Almeida Século 21, página 144, 2008, São Paulo, (Edições Vida Nova).

quinta-feira, 15 de maio de 2014

O livro de Levítico, o terceiro livro da Bíblia Sagrada

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O livro de Moisés intitulado Levítico, recebe seu nome em português derivado da Septuaginta (LXX, a mais antiga tradução grega do Antigo Testamento), e significa Relativo aos Levitas. Entretanto, seu título em hebraico original é a primeira palavra do texto hebraico da obra, e comunica o seguinte: "E, ele, Yahweh, chamou"

Em mais de cinquenta passagens neste livro afirma-se que Yahweh, o Senhor, falou tais palavras a Moisés, que as anotou pessoalmente, ou mandou registrar (4.1; 6.1; 8.1; 11.1; 12.1). O próprio Messias, Jesus Cristo, também atestou a autoria mosaica de Levítico (Marcos 1.44 em relação a Levítico 13.49.

Embora o livro não trate exclusivamente dos deveres especiais dos levitas, recebe esse nome porque diz respeito, sobretudo, ao culto de adoração no Tabernáculo, dirigido pelos sacerdotes, filhos de Arão, em cooperação de muitos membros da tribo de Levi.

A Palavra expressa no livro de Levítico registra as leis e as ordenanças para o estabelecimento do culto à pessoa de Deus que se realizará nas dependências desse espaço santo denominado Tabernáculo (Tenda, Casa, Templo), incluindo-se as instruções sobre a purificação cerimonial, as leis morais, os dias consagrados (santos), o ano do shabbãh, sábado, e o Ano do Jubileu. Essas leis foram outorgadas, em sua maior parte, no ano em que o povo de Israel estava acampado no monte Sinai, quando o Deus deu ordens expressas a Moisés sobre como organizar a adoração, o governo e as forças militares de Israel.

Levíticos é um dos livros mais difíceis de se ler no Antigo Testamento, nele há poucas narrativas e personalidades. Não há poesia. É repleto de regulamentos, rituais, estatutos meticulosos. Leis apresentadas ali é de difícil compreensão para quem vive nos dias atuais. Muito leitores decididos a ler a Bíblia inteira desanimam nas páginas de Levíticos. A grande quantidade de detalhes pode aborrecer ao leitor que não sabe para onde as simbologias apontam. Portanto, é recomendável efetuar a primeira leitura com vista ao ângulo panorâmico, e somente após ter conhecido todo o livro, retomar à leitura para. prestar atenção às minucias.

Os rituais por que Israel teria que passar são uma demonstração dos terríveis perigos e efeitos danosos do pecado. Eles sublinham a realidade de que um só pecado pode contaminar todo o nosso ser, assim como uma gota de veneno se dissolve completamente dentro de um copo d'água.

Através do tema central do livro, que é a santidade, o livro tem uma grande lição para os israelitas e para nós (11.44). Os ritos e cerimônias da religião judaica nos fazem lembrar que Deus é um Deus santo, e que nada contaminado pelo pecado pode permanecer em sua presença.

Todos os rituais e ofertas da religião judaica nos fazem olhar para o Cordeiro de Deus, ao sacrifício de Jesus Cristo na cruz do Calvário para nos salvar. Precisamos recordar que Deus nos deu uma maneira diferente de lidar com o pecado. Agora, já não mais com sacrifícios, mas por meio da morte de seu Filho temos condição de nos aproximar dEle.

Bíblia Devocional de Estudo, páginas 135, 136, edição 2000, São Paulo, Fecomex.
Bíblia Sagrada King James - Edição de Estudo, página 149, edição de julho de 2013, Abba Press Editora e Divulgadora Cultural Ltda, Sociedade Bíblica Íbero-Americana.
Surreal Paintings, Mihai Criste - http://mihaicriste.blogspot.com.br/

domingo, 4 de maio de 2014

O Livro de Êxodo

Êxodo quer dizer "saída", é a continuação do relato de Gênesis. Mostra o desenvolvimento de um pequeno grupo de setenta pessoas numa grande nação com milhões de pessoas. Trata do acontecimento mais importante da história do povo de Israel, isto é, a saída do povo israelita do Egito, onde eram escravos. Moisés é o profeta hebreu a quem Deus escolheu para liderar o povo israelita em sua saída do Egito.

Moisés, cujo nome significa "tirado das águas" é a figura humana central do Livro de Êxodo. A autoria de Êxodo é tradicionalmente atribuída a ele, embasada em quatro passagens: 17.14; 24.4, 7; 34.27.

Através de eventos variados e de encontros face a face com Deus, Moisés recebeu a revelação de todas as coisas que o Senhor desejava que ele soubesse. Assim, através do processo de inspiração do Espírito Santo, comunicou ao povo hebreu por via oral e escrita, a revelação que recebeu.

É provável que o Livro de Êxodo tenha sido escrito durante os quarenta anos de caminhada do povo israelita pelo deserto. Descreve o que Deus fez, como libertou o seu povo. e como, daquela gente, fez uma nação cheia de esperança no futuro.

Moisés, ainda bebê, encontrado no rio Nilo dentro de cesto
pela filha de Faraó.
No capítulo 3, vemos como o Senhor o chamou e revelou seu nome Sagrado, EU SOU O QUE SOU, No capítulo 20 temos a lista dos Dez Mandamentos, que é uma das passagens mais conhecidas da Bíblia Sagrada. Em 34.6-7, encontramos a descrição dos atributos de Deus, como compassivo, clemente, longânimo, bom, fiel e perdoador, que pode ser considerada uma lista paralela da descrição do fruto do Espírito, em Gálatas 5.22-23.

O livro tem quatro partes principais:

1. A libertação dos israelitas;
2. A viagem até o monte Sinai;
3. A aliança de Deus feita com o seu povo no monte Sinai, onde Deus lhes deu as leis morais, civis, e religiosas;
4. A construção de um lugar de adoração para o povo de Israel e a apresentação das leis a respeito do sacerdócio e da adoração a Deus.

Veja mais:

O livro de Êxodo e o cativeiro de Israel no Egito
E.A.G.

Compilações:
Bíblia de Estudo de Avivamento e Renovação Espiritual, Enéas Tognini, página 51, 2009, Barueri, Sociedade Bíblica do Brasil.
Bíblia de Estudo Plenitude, página 64, edição 2001, Barueri, Sociedade Bíblica do Brasil.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Gênesis, o primeiro livro da Bíblia Sagrada

Monte Aratat, Turquia. Acredita-se que a Arca de Noé esteja localizada nele.

Gênesis, palavra que quer dizer começo, é o nome do primeiro livro da Bíblia Sagrada, que descreve a criação detalhadamente.

Será que o mundo é eterno? Sempre existiu? Muitas pessoas creem que a natureza, o sol, a lua, as estrelas, inclusive os seres humanos, não tiveram um princípio; que há um ciclo inacabável de nascimento, vida, morte, que se repete constantemente. Acreditam que tal ciclo eterno jamais teve início e jamais terá fim. Sempre existiu e sempre existirá.

Gênesis apresenta a concepção, é o livro dos princípios e nos ensina algo diferente. Tudo, exatamente tudo teve seu começo. Ensina-nos que houve um tempo em que o mundo que conhecem não e vivemos não existia. Mas, antes de tudo, Deus, o originador e o fundamento da vida

O livro de Gênesis se divide em duas partes.

A primeira, do capítulo 1 ao 11, conta como Deus estabeleceu os elementos básicos pelos quais fez a obra de criação, salvação e juízo concernente ao pecado e rebelião humanos. Mostra como criou tudo o que existe, inclusive a raça humana. Encontram-se aqui as histórias de Adão e Eva, Caim e Abel, Noé e o Dilúvio, a construção da Torre de Babel.

Na segunda parte, do capítulo 12 ao 50, Deus inicia o plano da salvação com apenas um homem: Abraão.. Concebe um povo ao qual se revelará como Deus salvador e, por meio deste povo, com o passar do tempo, também se revelará a todos os povos da terra. Detalhes e mais detalhes vão se tornando evidentes à medida que o embrião toma forma. Sara, Isaque, Rebeca, Jacó e Esaú, Raquel, José e seus irmãos. Conta a história dos patriarcas hebreus, mostra que Jacó e seus doze filhos - que viveram por volta de 1900 a 1650 a. C. -  foram o começo das doze tribos de Israel. O livro termina com a história de José, um dos doze filhos de Jacó, que fez com que seus irmãos e o seu pai fossem morar no Egito, e ali o povo escolhido se multiplicaria enormemente.

O embrionário povo de Deus cresce como que no útero. A gravidez se desenvolve. A vida está obviamente se desenvolvendo naquele útero, porém, há, também, muita coisa que não está clara nem visível. O panorama histórico é vago, as nações vizinhas e seus costumes o encobriam, como uma espécie de névoa densa. Mas apesar disso a presença de vida divinamente concebida está lá chutando com força. É a criação, geração após geração!

A tradição atribui a autoria de Gênesis a Moisés, severo, obstinado, um mimado príncipe no Egito, um assassino procurado e fugitivo e ao mesmo tempo humilde homem que liderou um enorme grupo de famílias escravas para fora do Egito. Sendo hebreu acabou trabalhando para o Deus dos hebreus. Moisés registra em Gênesis suas raízes até a primeira família e mesmo até a fundação do planeta e da raça humana, para que todos saibam de onde vieram e para onde estão indo.

E.A.G.

A Mensagem - Bíblia em Linguagem Contemporânea, Eugene H. Petersen, página 17, 20-21, edição 2011, São Paulo, Editora Vida.
Bíblia Devocional de Estudo, página 31, edição 2000, São Paulo, Fecomex. 
Bíblia de Estudo de Avivamento e Renovação Espiritual, página 3, edição 2009, Barueri, Sociedade Bíblica do Brasil.

Artigo paralelo: O livro de Gênesis


segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

O livro de Êxodo e o cativeiro de Israel no Egito

Por Eliseu Antonio Gomes

Moisés é o autor do livro de Êxodo, o segundo livro do Pentatêuco, que também lhe é atribuído autoria. Foi filho de casal israelita, Anrão e Joquebede, da tribo de Levi, e irmão mais jovem de Miriã e Arão. Nasceu no Egito.

O livro de Êxodo figura a extraordinária redenção efetuada pelo Senhor, a libertação de Israel, o povo eleito, das guarras tiranas do Egito, potência mundial da época. Afirma-se que foi escrito por volta de 1450 e 1410 a.C, durante a peregrinação pelo deserto, com o objetivo de oferecer um registro permanente dos atos históricos e redentores de Deus, para descrever as atividades divinas na libertação do povo escolhido do Senhor - as etapas do cativeiro egípcio e toda a trajetória pelo deserto rumo à Terra Prometida.

A divisão do Êxodo

A narrativa do livro enfatiza ao longo dos capítulos conceitos importantes, como a libertação da morte, da escravidão e da idolatria, mostra como os hebreus foram duramente afligidos por Faraó e como Deus os resgatou do jugo do inimigo. Em grande angústia o povo hebreu clamou ao Senhor, e a Palavra de Deus nos diz que ouviu o gemido do seu povo (Êxodo 1.4; 2.24)

Os pontos culminantes do livro são os detalhes da história da partida de Israel do Egito e o recebimento da Lei. O trecho mais conhecido de Êxodo é o capítulo 20, onde está a passagem dos Dez Mandamentos. Os eventos relatados ocupam posição central na revelação que Deus fez de Si mesmo ao seu povo, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento.

Moisés é a pessoa central do livro, que está dividido em quatro partes:

1 - A libertação (1 - 15.21);
2 - A viagem até o Sinai (15.22 - 18.27);
3 - A Lei e a Aliança (19 - 24);
4 - A Tenda Sagrada e o culto (25-40).

Aborto

Durante muitos anos difundiu-se a crença de que Ramsés II era o Monarca da Opressão, porém, descobertas arqueológicas revelaram que a dura escravidão dos hebreus ocorreu sob a égide de Tutmés III, cujo reinado durou de 1501 a 1447.

Segundo os eruditos, o Faraó que consta no Êxodo é Amenotepe II. As páginas bíblicas mostram o quanto esse rei era cruel e capaz de tomar atitudes atrozes. O livro inicia apresentando uma breve genealogia, e em seguida apresenta a inquietude dos egípcios por causa do crescimento numérico dos israelitas, que tiveram uma multiplicação vertiginosa no Egito (Atos 9.31; Lucas 14.22-23)..

Para contrabalançar a explosão populacional dos hebreus, que os egípcios consideraram ameaça, Faraó promulgou decretos. O primeiro sujeitava os hebreus ao trabalho forçado, suprindo a necessidade de mão-de-obra, sob vigilância de capatazes. O segundo decreto ordenava o extermínio de bebês masculinos, às parteiras egípcias receberam ordens para matar todos os recém-nascidos, porém, elas eram tementes a Deus e não o obedeceram. Depois Faraó ordenou que todos os meninos hebreus fossem atirados no rio Nilo para morrerem afogados ou servissem de alimento aos crocodilos (Êxodo 1.17, 21, 22).

Vale observar: meninas não deveriam ser assassinadas.

A atrocidade de Faraó subsiste nos dias atuais. Muitas crianças são mortas vítimas do aborto.O infanticídio generalizou-se, em muitas partes do planeta está legalizado.

A impressionante biografia de Moisés

1 - Joquebede, a mãe exemplar 

Deus cuidou de Moisés em todas as etapas de sua vida.

Ele nasceu durante o período em que Faraó ordenou a matança de meninos israelitas recém-nascidos. Quando bebê, escapou da morte porque seus pais eram tementes a Deus, e com a ajuda celestial conseguiram salvá-lo. Movidos pela fé em Deus eles descumpriram a ordem do rei e o esconderam em casa. Por providência divina, a fé que possuíam fez com que elaborassem um plano brilhante que livraria o bebê da ira do monarca e o colocaria em plena segurança até alcançar a fase adulta. Para que Moisés escapasse do edito faraônico, ele foi posto em um cestinho de junco ou papiro recoberto de pixe, entre as canas que havia à margem do Nilo, sua mãe orientou sua irmã Miriã a vigiá-lo secretamente. Assim, ele foi encontrado e adotado pela filha de Faraó, que ao banhar-se encontrou o cesto. A princesa escolheu sua própria mãe para criá-lo como se fosse sua babá. Desta forma Joquebede foi remunerada para tratar bem seu filho (Êxodo 2.1-10; Atos 7.22; Hebreus 11.23).

Não temos a informação por quanto tempo Moisés ficou aos cuidados de seus pais, em determinado momento o menino foi levado ao palácio para receber preparo intelectual. Frequentou as mais renomadas universidades egípcias (Gênesis 41.45; Atos 7.22). Segundo achados arqueológicos, na educação superior egípcia constavam ensinos de administração, arquitetura, matemática, astronomia, engenharia, etc. Todo esse preparo serviu de base para que ele fosse escritor, condutor e legislador do povo hebreu pelo deserto.

2 - Foragido

Moisés cresceu mantendo viva sua origem hebraica. Adulto, certo dia testemunhou um hebreu sendo maltratado por um egípcio e fez justiça com as próprias mãos, matando o opressor e enterrando seu corpo no deserto. O crime não ficou às escondidas por muito tempo e ele teve que fugir para não morrer. O equívoco, o zelo precipitado e a fuga não impediram os propósitos divinos em sua vida.

Morou  em Midiã por quarenta anos. Foi bem recebido por Jetro, xeque e sacerdote, em sua casa e casou-se com Zípora, uma de suas filhas. Como estrangeiro, formou sua família longe de seus pais e irmãos (2.11-22).

3 - A chamada ministerial

Por meio da visão da sarça ardente que não se consumia, Deus revelou a Si mesmo a Moisés dizendo seu nome sagrado, Jeová, e comissionou-o a voltar ao Egito para libertar Israel da escravidão e conduzi-lo rumo à Terra Prometida. Ele obedeceu e assumiu o posto de liderança, colocou os israelitas para fora do território egípcio. Após dez pragas ocorridas por intermédio do ministério de Moisés, Faraó consentiu que os israelitas seguissem para Canaã (2-18).

4 - Últimos dias

Por mais de quarenta anos Moisés cumpriu o mandado de Deus: promoveu a Aliança entre os israelitas e Deus; tornou-os preparados para a entrada em Canaã (19-24; Deuteronômio 1-37). Morreu às portas de Canaã, no monte Nebo (Deuteronômio 34).

A libertação dos judeus

O vocábulo "êxodo" significa "saída". É a forma latinizada da palavra usada na Septuaginta (exodos).

O povo hebreu viveu no Egito por 430 anos, grande parte em aflição, oprimido por Faraó. A saída dos israelitas do Egito é o episódio histórico mais expressivo do Antigo Testamento, porque mostra teologicamente a magnificente ação de Deus em favor de seu povo e de todas as nações gentias. Mostra como Deus é cumpridor de suas promessas, como estabeleceu um povo sem pátria em uma nação, conforme havia dito que faria aos patriarcas.

No livro de Gênesis vemos a criação, a Queda e o projeto de redenção divina para a humanidade. Deus chama Abraão e promete que de sua descendência abençoaria todas as famílias da terra. E no livro de Êxodo podemos ver o povo hebreu, descendência do patriarca, sendo resgatado da escravidão, criando uma nação com a finalidade de que o plano da salvação, na pessoa de Jesus Cristo, alcançasse toda a humanidade. 

Igreja

As crianças necessitam de pais verdadeiramente cristãos, que zelem por suas vidas assim como Moisés foi preservado da morte por iniciativa corajosa e perspicaz de sua mãe. Há uma recompensa para os pais piedosos e obedientes, nenhum cristão pode desanimar em conduzir seus filhos no caminho do Senhor (Provérbios 22.6)

Como Moisés, muitas vezes as circunstâncias desta vida levam o cristão a viver em terra estrangeira, longe dos familiares. E não precisa amedrontar-se porque Deus está presente providenciando tudo que for necessário. Esses são momentos em que o Senhor treina quem o serve para ser instrumento de realizações da sua obra.

O cristão está sujeito a experimentar aflições. Se oprimido, não desanime diante das crises. Quando a situação é humanamente irreversível, o Pai se mantém atento e tem o poder de nos libertar da opressão do mundo e do pecado. O Senhor observa sofrimentos e súplicas, e responde apresentando a libertação no momento certo.

Tal qual os israelitas se multiplicaram no Egito, o povo de Deus precisa multiplicar-se em todos os municípios, estados, países e continentes. Por todo o mundo. Porém o Senhor deseja que o crescimento da Igreja seja tanto em quantidade quanto em qualidade espiritual, quer que o crente seja fortalecido em Cristo (Marcos 16.15; João 3.3; Atos 1.8; Filipenses 4.13; 1 Pedro 5.10). 

Na Antiga Aliança a redenção do homem era por meio de sacrifícios e por isto um animal puro deveria morrer em um ritual religioso. Cristo morreu na cruz do Calvário para nos libertar do jugo do pecado de uma vez por todas. Ele morreu em nosso lugar para que Deus nos liberte da escravidão espiritual operante neste mundo tenebroso. Na Nova Aliança, o homem deve sacrificar os desejos desenfreados da sua natureza pecadora e caminhar segundo as sete características do fruto do Espírito Santo (Gálatas 5.16-23; Colossenses 3.5-17).

Deus não muda. Do mesmo modo que foi atuante em favor de Moisés e do povo hebreu, também está presente para livrar o cristão e toda sua família da ira do Inimigo.

E.A.G.
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Compilações:
Ensinador Cristão, ano 15, nº 57, jan/fev/mar de 2014, Rio de Janeiro - RJ, CPAD.
Lições Bíblicas, lição 1,1º trimestre de 2014, Rio de Janeiro - RJ, CPAD. 
O Novo Dicionário da Bíblia, volume I, 4ª edição 1981, São Paulo - SP, Edições Vida Nova.
O Novo Dicionário da Bíblia, volume II, 4ª edição 1981, São Paulo - SP, Edições Vida Nova.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Sofonias e o juízo vindouro

Quem era Sofonias? 

 O nome Sofonias significa "tesouro (protegido, oculto) de Jeová". Isto é "O Senhor escondido".

Sofonias é o único profeta canônico que apresenta genealogia detalhada, menciona quatro gerações de seus antepassados. Uma breve pesquisa sobre os Profetas Menores nos revela que informações biográficas sobre os profetas são pouquíssimas. O livro de Sofonias é o único livro profético que oferece informações genealógicas sobre a família de um profeta. 

"Sofonias, filho de Cusi, filho de Gedalias, filho de Amarias, filho de Ezequias" - Sofonias 1.1.

É aceito por muitos biblistas que este Ezequias da linhagem de Sofonias, era ninguém menos que o próprio rei Ezequias (716-687 a.C.), monarca que reinou em Judá. O profeta seria descendente de Ezequias em grau de parentesco distante, um primo de terceiro grau.

Há discordância sobre a árvore genealógica do Sofonias. A argumentação daqueles que defendem que o profeta possuía linhagem real diz que há apenas duas pessoas conhecidas pelo nome Ezequias. A primeira é alguém que retornou do exílio da Babilônia na mesma época de Neemias (Esdras 2.16), e o segundo é o rei. Por haver no livro a apresentação da linhagem detalhadamente do autor, algo incomum nos livros proféticos, crê-se que a ênfase especial ocorreu para esclarecer sobre o vínculo de parentesco entre o profeta e o rei. Isso também é confirmado pela tradição judaica.

Mesmo sendo um aparentado de Ezequias, Sofonias não se esquivou de profetizar a respeito dos passos da monarquia. 

Sofonias, descendência africana?

A informação genealógica no início do livro afirma que o pai de Sofonias foi Cusi. O nome Cusi /Cush tem dois significados. Geralmente, a palavra é traduzida como a Etiópia. E "Etiópia" significa "a terra do povo de rostos queimados." O nome dado à terra foi uma referência para a pele escura dos povos que viveram na Etiópia (Jeremias 13.23). A palavra "Cush" também aparece como o nome de duas pessoas no Antigo Testamento. Cuche foi o bisavô de Jeudi, um oficial na corte do rei Jeoiaquim. A segunda pessoa assim chamada era o pai de Sofonias.

Alguns estudiosos da Bíblia defendem a tese que Sofonias era um estrangeiro. Um desses defensores é, David T. Adamo ¹ , que chama Sofonias de  "o profeta Africano." Adamo acredita que desde que Ezequias teve grande interação com a África, muito mais do que qualquer outro rei de Judá, possivelmente teria se casado com uma mulher africana, e esta então deu à luz a Cusi.

Teoria, nada comprovável. 

Tradição

Segundo a tradição judaica, Sofonias foi contemporâneo do profeta Jeremias, Jeremias teria pregado nos mercados e Sofonias nas sinagogas. E além de Jeremas, os profetas Naum e Habacuque viveram na mesma geração. Sofonias foi um profeta que ministrou em Judá durante o reinado de Josias (640-609 a.C.). Um estudo cuidadoso da mensagem de Sofonias indica que Sofonias começou seu ministério profético antes das reformas religiosas de Josias.

Afirma-se que Sofonias ministrou depois da destruição de Israel, durante os dias do jovem rei Josias.

O livro

O livro de Sofonias é o nono livro da coleção conhecida como os Doze Profetas Menores. É composto por três capítulos, com 53 versos. Ele contém três oráculos entregues por Sofonias durante os primeiros anos do reinado de Josias (639-609 a.C.). O primeiro oráculo castiga o povo de Judá por causa da adoração aos ídolos, adoção de práticas dos povos gentios (1.8).

O ministério de Sofonias é ministério profético de julgamento O profeta anuncia o castigo relatando a punição assemelhando-a a um catástrofe, da mesma forma que fizeram outros profetas antes dele. Deus usaria a poderosa Assíria, que haveria de ser instrumentalizada pelo Senhor para produzir a destruição de Judá. Esta profecia foi cumprida por volta de 586 a.C.. O castigo é nomeado por Sofonias como o Dia do Senhor.

As descrições deste evento são tão vívidas, que o profeta é muitas vezes chamado de "o profeta do Dia do Senhor." 

Sofonias denuncia em seu oráculo líderes políticos e religiosos de Judá. O profeta usou a metáfora do machado lançado contra a raiz da corrupção moral e religiosa, em oposição à idolatria que havia se infiltrado dentro do santuário, foi corajosamente contundente contra o culto a Baal. Defendeu O retorno à simplicidade de seus pais, criticou o uso de roupas de luxo estrangeiras nos círculos aristocráticos. Também conclamou o povo ao arrependimento, avisando a todos que Deus promete trazer contra eles um exército de pessoas de todo o mundo, um composto humano de fiéis do Senhor. Este remanescente será caracterizado pelo uso da justiça e da humildade.

O dia do Senhor desempenha um papel importante na profecia de Sofonias. Não é o tempo da destruição de Jerusalém então iminente, mas o tempo do reinado do Messias que ainda está para vir. Este dia vai começar quando o do Messias aparecer para julgar as nações e irá estabelecer em seguida tempo do reino milenar de paz. Ele é chamado de "dia do Senhor" no Novo Testamento (2 Tessalonicenses 2.1).

Tal expressão não deve ser confundida com o "primeiro dia da semana", que também é chamado de "dia do Senhor" (o dia que pertence ao Senhor) em Apocalipse 1.10. O Antigo Testamento descreve o dia do Senhor principalmente sob o aspecto do juízo.

Com base no capítulo 2 e versículo 13 conclui-se que Sofonias tenha profetizado antes da queda de Nínive, em 612 a.C. E diversos biblistas acreditam que Sofonias teria profetizado antes da reforma empreendida pelo rei Josias. 

E.A.G.

1 -  em seu livro África e africanos no Antigo Testamento (Eugene, OR: Wipf e Publishers banco de 2001), p. 116.

Consultas:
http://www.biblecentre.org/commentaries/ar_40_ot_zephaniah.htm
http://doctor.claudemariottini.com/2010/05/zephaniah-prophet.html
http://bible.org/seriespage/book-zephaniah

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Existe permissão para cópias. A reprodução poderá ser feita desde que por completo e que não seja por motivação comercial e ao rodapé do texto haja crédito de autoria e coleta da fonte (isto é, Eliseu Antonio Gomes, Belverede, http://belverede.blogspot.com.br).