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segunda-feira, 2 de maio de 2022

Salvo - artigo de Gunnar Vingren

Adolf Gunnar Vingren
"Quem crer e for batizado será salvo". Esta palavra foi pronunciada por Nosso Senhor Jesus Cristo em Marcos 16.16; portanto, existe salvos e não salvos. Sabemos que foi, justamente, para salvar os pecadores, que Cristo veio ao mundo, pois Ele mesmo disse: "O Filho do homem veio ao mundo para salvar o que se havia perdido" [Mateus 18.11].

Vamos, em primeiro lugar, mostrar que o homem é pecador e precisa ser salvo. Escutemos então o testemunho das Sagradas Escrituras, acerca disto. "Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho" [Isaías 53.6].

terça-feira, 26 de abril de 2022

Calma no período de adversidade

Muitas vezes, vivenciamos na vida cristã momentos de provações, perdas, e ficamos desesperados.  Esperamos alegria, mas surge a tristeza. Tais situações acontecem porque Deus trabalha em nossos corações endurecidos usando o descontentamento para não nos afastemos dEle. 

Buscamos o amor de Deus num amigo, e talvez esse amor apareça em um inimigo. Os nossos olhos procuram o calor e a luz do sol, mas dia após dia o céu está nublado e o vento gelado nos faz tremer de frio. Desejamos ter contato com o

quarta-feira, 13 de abril de 2022

O que precisamos? - Gunnar Vingren pergunta e responde

Adolf Gunnar Vingren
Cofundador das Assembleias de Deus no Brasil

"O que precisamos? Nós que servimos ao Senhor na Sua igreja, precisamos de santificação, isto é, separação de tudo que possa contaminar a nossa alma, para podermos oferecer um serviço agradável ao Senhor. Precisamos tirar de nós tudo o que for altivo, próprio, pata recebermos tudo o que for do Senhor, humildade, fé e amor.


O Senhor quer edificar sua igreja por nós, e para isso, precisamos do seu material.

quinta-feira, 7 de abril de 2022

A diferença na inscrição sobre a cruz de Jesus Cristo

Por que cada Evangelho traz uma inscrição diferente da acusação escrita por Pilatos contra Jesus colocada na cruz?

O idioma do povo de Israel nos dias do ministério terreno de Jesus era o aramaico, o grego era a língua internacional, o hebraico era usado pela elite da Judeia e o latim a língua dos invasores. Confiro o contexto dessas línguas nos próximos parágrafos.

segunda-feira, 7 de março de 2022

Que Raabe é essa citada no Livro de Jó 9.13 e 26.12?

Há alguma relação entre a Raabe do livro de Jó [9.13; 26.12] e a personagem do livro de Josué 2.1? Como entender essas passagens do texto bíblico?

Sabemos que o livro de Josué está cronologicamente situado após o êxodo do povo hebreu e durante a conquista de Canaã. É quase consensual entre os cristãos ortodoxos que a autoria do livro é o próprio

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Cosméticos d'uma cristã

Conselhos para a irmãs da Assembleia de Deus, publicados no jornal Mensageiro da Paz, edição de outubro de 1935. Texto alemão de autoria desconhecida, traduzido exclusivamente para o jornal por Alberto Widmer.

"Uma velha irmã na Holanda foi, certa vez, inquirida por uma senhora moderna:

- Que qualidade de cosmético a senhora usa, pois, apesar da sua grande idade, está com uma compleição tão nova e linda?

- Eu - respondeu a idosa - uso:

1º. para os lábios, a verdade;
2º. para a minha, a oração;
3º. para os meus olhos, a compaixão;
4º. para as minhas mãos, a caridade;
5º. para a minha figura, a justiça;
6º. para os meus pés, a paz;
7º. para o meu coração, o amor."
 

Desde a publicação deste artigo, já se passaram 86 anos, mas as exortações sobre moral e bons costumes continuam válidas, pois as virtudes sempre serão necessárias para a vida em sociedade.

E.A.G. 

Extraído do grupo Memórias das Assembleias de Deus. Postagem de Mario Santana. 28 de maio de 2021.

quinta-feira, 11 de julho de 2019

A escatologia na parábola O Joio e o Trigo

Na literatura mundial, de todos os tempos, não há livro mais cheio em material alegórico do que a Bíblia. As Escrituras Sagradas empregam a linguagem figurada para através delas transmitir verdades profundas e necessárias.

E nas páginas da Bíblia, não há nenhuma personagem que mais fez uso da parábola do que Jesus Cristo. Ao usar parábolas, Ele ilustrou lições com figuras familiares e fez referência especial aos seus diferentes efeitos produzidos nos homens de disposições diferentes, revelou o modo de progresso do Reino de Deus aqui na Terra e como será  a sua consumação.

Entre as parábolas que encontramos nos Evangelhos, a parábola do Joio e do Trigo é a que tem a explicação mais ampla sobre o Juízo Final e a natureza do Reino, de modo a não deixar dúvida na sua interpretação. Tudo ali está claríssimo: há um campo; há pormenores sobre este campo; fala de dois semeadores, um que semeia uma semente de boa qualidade e o outro que semeia ervas daninhas; fala do tempo da colheita e como e por quem ela será realizada.


"Jesus lhes propôs outra parábola, dizendo: 'O Reino dos Céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo. Mas, enquanto todos estavam dormindo, veio o inimigo dele, semeou o joio no meio do trigo e foi embora. E, quando as plantas cresceram e produziram fruto, apareceu também o joio. Então os servos do dono da casa chegaram e disseram: 'Patrão, o senhor não semeou boa semente no seu campo? De onde, então, vem o joio?' Ele, porém, lhes respondeu: 'Um inimigo fez isso.' Mas os servos lhe perguntaram: 'O senhor quer que a gente vá e arranque o joio?' O dono da casa respondeu: 'Não! Porque, ao separar o joio, vocês poderão arrancar também com ele o trigo. Deixem que cresçam juntos até a colheita. E, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ‘Ajuntem primeiro o joio e amarrem-no em feixes para ser queimado; mas recolham o trigo no meu celeiro.'" - Mateus 13.24-30.
Jesus diz que a boa semente foi lançada em boa terra, mas alguém semeou entre ela o joio. Esclarece que o joio precisa crescer junto com o trigo até a colheita, para depois ser arrancado, evitando desta maneira que, ao remover o joio, com ele seja tirado também o trigo. Percebendo a falta de compreensão dos discípulos, Cristo passa a revelar o significado de cada elemento que aparece na parábola. Explica:
"O que semeia a boa semente é o Filho do Homem. O campo é o mundo. A boa semente são os filhos do Reino; o joio são os filhos do Maligno. O inimigo que o semeou é o diabo. A colheita é o fim dos tempos, e os ceifeiros são os anjos. Pois, assim como o joio é colhido e jogado no fogo, assim será no fim dos tempos. O Filho do Homem mandará os seus anjos, que ajuntarão do seu Reino todos os que servem de pedra de tropeço e os que praticam o mal e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes. Então os justos resplandecerão como o sol, no Reino de seu Pai. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça." - Mateus 13.37-43.

Tanto Jesus como o Diabo são semeadores. A parábola diz com extrema clareza que Jesus plantou o trigo, que representa os cristãos; Satanás plantou o joio, que representa os falsos irmãos; o tempo da ceifa será o tempo do fim; e que os ceifadores são os anjos. Apesar de estar tão claro, há muitos que têm a mente cauterizada, confundem as palavras do Mestre, dando-lhes uma interpretação que Jesus jamais autorizou; não sabem diferenciar o joio do trigo, para eles qualquer gramínea é trigo, desde que esteja no campo. Pensam que já foi realizada a colheita. A colheita ainda não está feita.

O plantio de joio é a configuração de uma ação diabólica, traduz o retrato da prática do mal ao extremo. Como erva daninha, o joio não tem nenhum valor comercial e é uma semente que não é possível diferenciar quando comparada ao trigo até que tenha brotado. No círculo da cristandade, os maus são semeados entre os bons, e a diferença nem sempre é visível. Muitos que não são do Senhor assemelham-se aos que são: eles frequentam os cultos e participam diretamente da liturgia, são leitores da Bíblia, oram como se fossem cristãos fervorosos, mas não têm Cristo, seus corpos não são morada do Espírito Santo e não amam a Deus.

Ninguém se engane, não pense que nas igrejas há somente grãos. A vivência na comunidade cristã nos tem mostrado que nelas sempre houve e haverá também a palha. As folhas secas são os crentes que se julgam superiores ao joio e ao trigo. Eles não vigiam, não guardam a Palavra de Deus em seu coração, e de quando em quando, cortam a erva daninha que tenta sufocar o trigo, não se importam com o aviso de Jesus Cristo. O Senhor disse que a separação de um e outro só cabe a Ele realizar, pois o homem é incapaz de limpar a plantação. Portanto, enquanto houver o cultivo do trigal, isto é, igrejas avivadas antes do Arrebatamento, haverá também a erva daninha ocupando espaço na plantação.

A ceifa acontecerá na primeira fase da Segunda Vinda de Cristo, quando então o trigo será separado pelo Senhor definitivamente da erva maligna. Quando ocorrer o Arrebatamento, apenas os crentes perseverantes na doutrina do Senhor, que preservam a fé e a simplicidade, serão salvos, somente os salvos irão com o Salvador para o Céu. Não há salvação aos que vivem dentro das igrejas sob o manto da religião, agindo dissimuladamente, pensando que apresentar-se como crente lhe dá o direito de praticar todas as coisas que a sua imaginação inventar. Quem não estiver espiritualmente preparado não será arrebatado pelo Senhor  (1 Coríntios 15.42-44; 50-56; Filipenses 3.20-21; 1 Tessalonicenses 4.15-16).

Quando Jesus falou sobre o joio e o trigo, seu objetivo era mostrar aos crentes o perigo da má influência que há aos que são trigos, pois convivem com o joio, os falsos irmãos que carregam no coração o amor ao mundo e suas efemeridades.


Ninguém se iluda. Toda pessoa, por mais religiosa que seja, que não queira se converter dos desejos desenfreados da carne ao senhorio de Jesus Cristo, terá a mesma sorte da igreja em Laodiceia (Apocalipse 3,14-22). Não pense que por haver crido em Jesus, está transformado definitivamente em trigo; o crente que não se manter vigilante e dormir, como fizeram os crentes da igreja de Laodiceia, ouvirá contra si a mesma frase que os laodicenses ouviram: "estou a ponto de vomitá-lo da minha boca" (verso 15).

Por acaso, não tinha a igreja de Laodiceia possuído a vida e o amor de Cristo? Não foi, a princípio, modelo de fidelidade, sofrendo pela causa e nome do Senhor? Sim. Mas depois aquela igreja se tornou morna, nem fria e nem quente, indiferente, e perdeu o direito às bênçãos. Embora antes tivesse sido a representação do trigo, veio a tipificar o misto do joio e da palha. Tal deformação ainda acontece nos dias atuais.

Muitos vivem no meio religioso julgando que são trigo, porém, na verdade, são o joio ou a palha. Caso o indivíduo não seja um praticante da Palavra de Deus, mesmo que viva assiduamente dentro da igreja a vida toda, não receberá a salvação; é possível frequentar uma igreja por toda a vida e não ser salvo. Conferir: Provérbios 13.13; Tiago 1.19-27.

O "não vos conheço" será proferido para muitas pessoas que diversas vezes disseram "Senhor, Senhor" e não obedeceram aos mandamentos de amar a Deus e ao próximo, não apresentaram o fruto do Espírito. Muitos que profetizaram, manifestaram dons espirituais de curas e expulsaram demônios, estiveram entre os verdadeiros servos do Senhor, ouvirão a sentença "afastai-vos de mim". Mateus 7.22-23.

O joio é joio tanto dentro quanto fora da igreja; de igual modo o trigo é trigo em todo o lugar que estiver. Portanto, ninguém se glorie sendo joio, por crescer no meio do trigo, ou seja, estar atrelado à rotina da igreja. Chegará o momento em que o trigo será recolhido e guardado no celeiro e o joio posto à distância, para ser julgado e condenado a passar sua existência no castigo eterno.

Conclusão

A serpente entrou no Paraíso como se fosse a melhor amiga de Eva; o sangue de Abel foi derramado por seu irmão Caim; Judas infiltrou-se entre os doze apóstolos e beijou Jesus hipocritamente, Estevão e Tiago foram martirizados por pessoas que pretendiam erradicar o cristianismo, falsos cristãos atrapalharam os ministérios dos apóstolos Paulo, Pedro e João. O joio está presente na Terra há bastante tempo!

A Terra pertence a Deus e nela Jesus Cristo proclamou o Evangelho da salvação, entregou sua vida no sacrifício da cruz para, sem pecado, morrer no lugar de todos os pecadores, ressuscitar dos mortos para que os pecadores arrependidos de seus pecados tenham a oportunidade de abandonar a natureza nociva de joio pelo bom caratismo do trigo.

E.A.G.

quarta-feira, 10 de julho de 2019

Cuidado com o que a memória diz

A Negação de Pedro.
 Arte do dinamarquês Carl Heinrich Bloch no ano de 1873.
Há memórias fortes e memórias fracas; há memórias privilegiadas e memórias que não vão além do nível comum. Quando perfeita, a memória pode ajudar de modo surpreendente quem a possui. Mas a memória também pode trair o seu dono. O indivíduo que confia demasiadamente nela corre o risco de entrar em situação vexatória, se o apontamento da memória não estiver exato, se a clareza de detalhes não for integral. 

Assim sendo, tenham o máximo de cuidado com a memória, pregadores, quando fizerem citação de trechos das Escrituras Sagradas, pois não é sempre que a memória retém as coisas satisfatoriamente.

Um dos pontos que muitos tropeçam com muita frequência, por confiarem na memória, é a narrativa sobre a negação de Pedro, quando Jesus estava sendo julgado. Comete-se equívocos quanto ao número de vezes que Pedro faltou com a verdade, dizendo não conhecer o Mestre, e no número de vezes que o galo contou naquela ocasião.  Todos que confiam na memória e afirmam que o galo cantou três vezes, antes que Pedro mentisse, infelizmente, estão confundidos. 

Quantas vezes o galo cantou antes de Pedro negar o Mestre? A Bíblia não declara que o galo cantou três vezes e nem Jesus fez essa afirmativa quando advertiu a Pedro acerca do ato da negação. O que está escrito é o seguinte: "Disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que, nesta mesma noite, antes que o galo cante, três vezes me negarás" - Mateus 26.34 (ARC). 

Três vezes se refere à negação e não ao cantar do galo. Observe com atenção a vírgula, antes da palavra "cante", e tudo estará esclarecido. O leitor apressado, que não respeita o sinal gráfico de pontuação que ali está, induz a memória a sugerir que o galo cantaria três vezes antes que Pedro cometesse seu ato falho.

O episódio que estamos comentando é um dos poucos que está registrado nos quatro Evangelhos: Mateus 26.31-35 e 26.69-75; Marcos 14.27-31 e 14.66-72; Lucas 22.31-34 e 22.54-62; e João 13.36-38 e 18.15-18, 25-27. Mateus e João relatam que antes que o galo cantasse uma vez, Pedro negaria o Senhor. Quem registra o número de vezes do canto do galo é o evangelista Marcos (14.72) e o faz nesses termos: "E no mesmo instante o galo cantou pela segunda vez. Então Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe tinha dito: “Antes que o galo cante duas vezes, você me negará três vezes.” E, caindo em si, começou a chorar" . 

O que acabamos de ler é exatamente o que está escrito nos Evangelhos. É claro que se tivéssemos que fazer uma recomendação aos que confiam em demasia na memória, diríamos que não convém confiar exageradamente. Confiar no que está escrito, sem alterar o lugar da vírgula.

Consulte a Bíblia antes de consultar a memória. Tome cuidado com os registros da sua memória.

E.A.G.
_______
Autor do artigo não identificado. Conteúdo extraído do periódico Mensageiro da Paz, ano 40, edição número 3, página 4, publicado em fevereiro de 1970 pela Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD), cidade do Rio de Janeiro, estado do Rio de Janeiro então denominado Guanabara. O conteúdo desta postagem é adaptado ao blog, com acréscimos de referências bíblicas, troca de vocábulos que caíram em desuso por outros agora em voga e uso das regras ortográficas da Língua Portuguesa que entraram em vigor em 1º de janeiro de 2009.

terça-feira, 9 de julho de 2019

Vida e morte da missionária Frida Vingren na matéria de Camilla Veras Mota

A missionária sueca perseguida no Brasil, internada em hospício e 'esquecida' pela História


Camilla Veras Mota
Da BBC News Brasil em São Paulo
22 de julho de 2018

'HALLELUJA, BRASILIEN!'/CORTESIA KAJSA NORELL

Cem anos atrás, Frida desembarcou em Belém do Pará, onde ajudou a construir a Assembleia de Deus, hoje a maior religião pentecostal do país.

Frida Maria Strandberg Vingren morreu aos 49 anos, no dia 30 de setembro de 1940, na Suécia, nos braços da filha. Abatida, ela pesava 23 quilos.


No decorrer dos cinco anos anteriores, entre idas e vindas em um hospital psiquiátrico de Estocolmo, a missionária sueca perdera quase 40 quilos. Ela fora internada pela primeira vez no dia 12 de janeiro de 1935, levada da estação central da cidade, quando tentava tomar um trem que a levaria para Portugal - de onde, acredita-se, pegaria um navio de volta para o Brasil.

Casada com o sueco que fundou, em Belém do Pará, a Assembleia de Deus, Frida se tornou uma das mais importantes lideranças da igreja no decorrer dos 15 anos em que esteve no Brasil. Ajudou a construir o ministério no Rio de Janeiro, comandava um jornal e pregava em praça pública.

Suas atribuições – muitas até então reservadas apenas aos homens –, entretanto, desagradaram pastores brasileiros e suecos, fizeram com que ela fosse perseguida e pressionada a voltar a seu país de origem, onde teve um fim trágico.

A história da missionária passou décadas esquecida e, nos últimos anos, vem sendo resgatada tanto na Suécia quanto no Brasil. Foi tema de livro, de tese de doutorado e voltou a alimentar o debate – atual e ainda polêmico – sobre o papel da mulher na Assembleia de Deus, a maior religião pentecostal do país, com 12 milhões de fiéis.

domingo, 7 de julho de 2019

A oração - Artigo escrito por Lewi Pethrus

Por Lewi Pethrus

Fala-se acerca da armadura do cristão, a qual é necessária na luta, ou no serviço para o Senhor. Explica-se também qual é o meio de receber esta armadura.

Há duas coisas que devemos considerar. Primeiro: a nossa luta, como povo de Deus, não é carnal, mas, espiritual. Segundo: só devemos lutar onde há inimigos.

Cometemos um grande erro quando lutamos onde não há inimigos. Convém pelejarmos no lugar em que estiver o inimigo.

Um comandante inexperiente manda as tropas para o oeste, quando o inimigo está no oriente, pelejando assim, sem motivo e sem resultado, cansando as suas tropas e gastando inutilmente as suas munições.

Onde está o inimigo?

Veja no verso 12 de Efésios 6: "Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, mas contra os principados e as potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestiais." 

Acontece, às vezes, que atacamos a carne e o sangue, procurando convencer os homens dos seus erros, sem nos lembrarmos que a nossa luta não é contra a carne e o sangue, pois, através das heresias está o poder das trevas, que não se deixa convencer.

Conforme 2 Lucas 2.9, o espírito do anticristo já reina neste mundo, e os homens já estão movidos e dirigidos por este espírito, e poderes estranhos. Não podemos, de forma alguma, convencê-los pelo modo referido. Mas, devemos ter compaixão de tais pessoas, e concentrar a nossa luta contra os poderes das trevas, que está atrás de seus erros. E nessa luta, não vale nada o uso de armas carnais. Se, por acaso, vencermos com armas carnais, a nossa vitória é humana. mas, se a luta é  for espiritual, a vitória é divina.

Às vezes. podemos pensar que a nossa obra é intelectual e, portanto, procurarmos intelectualmente convencer os inimigos dos seus erros. O resultado de uma obra tal é que o povo fica convencido e não convertido. Há muitos trabalhos religiosos que são dirigidos intelectualmente. É um grande erro.

O apóstolo Paulo diz que a fé dos coríntios não estava fundada em sabedoria humana, mas, sim, no poder de Deus. Muitos trabalhos religiosos, que não dão resultado, são provenientes desta causa.

Pode-se fazer uma pregação importante, mas o inimigo não teme, ao contrário, se alegra, fortalecendo-se mais. Por quê? Naturalmente, porque nada perde. Se erramos o alvo nada ganhamos. A pregação belíssima, um templo importante ou um grande número de membros, não tem a menos influência sobre o poder das trevas.

Como vencer?

Só há um meio de vitória, tanto para a igreja quanto individualmente para o membro - a oração.

"Orem em todo tempo no Espírito, com todo tipo de oração e súplica, e para isto vigiem com toda perseverança e súplica por todos os santos" - Efésios 6.18.

A oração vence tudo. Satanás quis impedir Paulo de ir à Macedônia, mas este o venceu. Como? Observe o que ele diz: "orai por mim". Ele não diz "eu sou um apóstolo, um homem sábio - apenas pediu a oração dos santos. Também, o apóstolo orava sozinho, ele mesmo disse "dobro os meus joelhos". Orava com os irmãos, como por exemplo na ocasião da despedida, na praia.

Quando conhecemos o valor da oração, sabemos que o progresso do trabalho não depende da beleza e perfeição da linguagem. É um fato real, não depende disso. Você pode ter pouca inteligência, pode ser fraco, no entanto, ser abençoado. Como? Pela oração. Ao orar, conquista vitórias, verá almas salvas, doentes curados e crentes batizados no Espírito Santo.

Durante esses 20 anos de trabalho tenho visto que há vitória e progresso para a causa do Senhor, quando a igreja ora fervorosamente. Se esquecer de orar, não conquistará vitória. Eu creio na oração. É possível muitas vezes estar escondido um "Judas" ou pecador, seja o que for, tudo é removido pela oração.

Não há causa alguma que mais aborreça Satanás do que a oração. É este o ponto que o crente é mais atacado. Tenho experiência disto. Ainda que eu tenha o desejo de ser uma homem de oração, tenho sido tentado a falhar. O inimigo cria milhares de laços para nos impedir de orar.

Vemos exemplos na vida de Daniel. Muitos laços armou o inimigo contra ele. Mas, Deus lhe deu a vitória. Os inimigos de Daniel procuraram falha na conduta dele, perceberam o seu hábito de constante oração e a sua vida de piedade. E assim armaram uma cilada para impedi-lo de orar durante trinta dias. Que fez Daniel? De um lado estava o cantinho da oração, e de outro, esperava-lhe a cova dos leões. Qual foi a sua escolha? Foi para sua casa e orava como de costume. Ele não fez um "culto de oração" especial, continuou a orar como de costume.

Talvez, Satanás lhe disse: Você não precisa orar tão alto, assim; feche sua janela, e ore apenas com seu coração. Mas Daniel manteve -se firme em seu hábito de orar e venceu. E foi isso uma das maiores vitórias da sua vida. Por meio da oração, experimentou a vitória na cova dos leões.

Algumas pessoas disseram para mim: "Pethrus, acabe com aquelas orações barulhentas antes do culto". E depois do culto, qual o motivo de orar tanto?

Certa vez, fui convidado para jantar em casa de um amigo, um nobre crente. Havia ali outros convidados. Quando estávamos sentados à mesa, ele disse o seguinte: "Em nenhuma igreja tenho achado tanta edificação para minha alma, como na sua. Aprecio muito suas orações, porém, uma coisa quero dizer: acabe com os cultos de oração. Tenho a intenção de levar meus amigos ao culto, mas temo que por causa das orações barulhentas eles se escandalizem. Acabe com aquele barulho e muito mais pessoas se agregará à igreja."

Escutei-o sorrindo e depois lhe respondi: "O sr. não disse que tem achado edificação na nossa igreja, como em nenhuma outra encontrou? Se a causa disso são as orações, como será então se eu acabar com elas?"

***

Vamos orar irmãos. Não tenham vergonha da oração. Deixemos o mundo saber que estamos orando e que cremos no poder da oração.

Tenho assistido a grandes reuniões em que cerca de três mil pessoas louvavam a Deus, duma vez. Isto comove os ouvintes.

Em nossa igreja temos oração ao meio-dia, cada dia. Foram umas irmãs que deram início a isto, vindo ao nosso escritório para orar. Também tenho assistido a esses cultos de oração. Essas orações têm continuado durante dezoito anos, sem parar, e são assistidas por muitos ou por poucos. Se me dessem Estocolmo inteira, eu não acabaria com tais reuniões.

A oração é um poder que afasta as trevas, que liberta as almas e que nos ajuda a vencer em todas lutas. Como é possível orar sempre? Somente estando cheio do Espírito Santo. O Espírito Santo nos ajuda a orar.

Em nenhum ponto me sinto tão fraco quanto neste. Então, não posso aformar: agora vou orar. Mas posso dizer a cada dia: Oh, Deus, ajuda-me a orar!

"Bem-aventurado o povo que conhece os gritos de alegria, que anda, ó SENHOR, na luz da tua presença" - Salmos 89.15.

Amém.

_______

Observação: Ortografia atualizada ao idioma português usado atualmente.

Fonte:
Mensageiro da Paz, ano 1, número 1, 1 de dezembro de 1930 (Rio de Janeiro).
Reprodução a partir de publicação em formato PDF -  https://bit.ly/2xz0lB9

sábado, 1 de junho de 2019

Adoção: um ato de amor


A adoção é um ato de amor que pode salvar vidas. No Brasil há cadastrados mais de 6 mil crianças e adolescentes aptos para serem adotados. Em contrapartida existem 35.226 pretendentes a pais adotivos igualmente cadastrados (isso mesmo, cerca de 5 pretendentes para cada criança ou adolescente necessitado).

Os números de crianças em situação de abandono já poderiam estar zerados, mas adoção não é uma questão de matemática. Entendemos que há muitas variáveis nesse processo, tais como crianças especiais, ou com irmãos que precisam ser adotados juntos, entre outros. A adoção não é apenas uma questão de amor, mas é principalmente um compromisso cheio de responsabilidades.

A Bíblia apresenta histórias que ilustram alguns tipos de adoção. Vejamos:


a) Adoção parental

A Bíblia mostra alguns exemplos desse tipo de adoção. Um caso bem conhecido é o de Moisés, que foi adotado pela filha de Faraó (Êxodo 1.22; 2.5-6). Tal ato lhe poupou a vida e (como passou a ser membro da realeza egípcia) isso lhe deu oportunidade de aprender ciências, política, sobre liderança e principalmente a ler e escrever. Habilidade esta que permitiu que, no futuro, Deus usasse para escrever 5 livros que hoje estão em nossa Bíblia.

Há também a história da orfã Hadassa, criada por seu primo Mardoqueu, que lhe encaminhou de tal forma que a tornou rainha de um império que escravizava o povo hebreu (Ester 2.5, 7).

E a mais decisiva de todas: a adoção de Jesus por José (Mateus 1.19-21). Jesus "precisava" ser reconhecido como filho de José, pois haviam profecias que anunciavam o Messias como um descendente de Davi (Mateus 1.1, 16). Além disso, todo o cuidado, educação, proteção e sustento que José promoveu a Jesus, preservou a vida do Salvador ao longo dos anos de vulnerabilidade da infância e adolescência (Mateus 2.13-14). Jesus foi um filho adotivo!


b) Apadrinhamento material

Algumas adoções são um comprometimento de proteção e sustento. Esse foi o caso do adulto, enfermo e órfão Mefibosete. Ele foi adotado por Davi porque era filho do seu grande amigo Jônatas. Davi o tirou da miséria, o hospedou, lhe devolveu terras e garantiu a preservação de sua vida (2 Samuel 9.6-9).


c) Adoção espiritual

Ocorre quando alguém assume a responsabilidade de ensinar, ajudar e fortalecer outra pessoa que necessita de apoio e auxílio na fé. Podemos citar o nome de Saulo e Barnabé. Saulo era um perseguidor da Igreja, e sua conversão era questionada por muitos. Ele foi enviado pelos irmãos da comunidade para sua terra natal. Foi Barnabé quem o buscou, quem acreditou no potencial dele e quem iniciou Paulo no ministério (Atos 11.25).

Barnabé era um homem dedicado a gerar filhos na fé, da mesma forma que ele orientou Paulo, ele também acolheu e ensinou João Marcos. E perseverou em cuidar dele, mesmo quando o próprio Paulo não o apoiou (Atos 15.37-39). O resultado nós sabemos, este jovem se tornou o autor do Evangelho de Marcos e o Apóstolo dos Gentios reconheceu o seu valor futuramente (2 Timóteo 4.11).

Entretanto, a história mais incrível de adoção que há na Bíblia é a nossa. Nós fomos adotados por Deus. Em Cristo recebemos o direito de sermos chamados filhos de Deus (João 1.12). Deus nos adotou mesmo conhecendo os nossos defeitos, nossos pecados e nosso caráter. Ele nos tornou seus filhos, transformando-nos também em herdeiros simplesmente porque nos amou (Romanos 8.17; Efésios 1.4,-5; Gálatas 4.6-7).


d) Adoção é um desafio atual

Em nosso país, qualquer pessoa adulta pode adotar, seja solteira, casada ou viúva, desde que tenha condições de proporcionar uma vida digna para a criança. Claro que existe um processo burocrático e outras avaliações que visam garantir a segurança do adotado. Mas não é impossível!

Todos os que desejam amar a alguém assumindo a paternidade ou a maternidade de alguma criança ou adolescente em situação de abandono podem procurar a Vara da Infância e da Juventude de seu município.

Outra forma de praticar é procurar alguma família, criança ou adolescente que precise de ajuda financeira, oportunidade de estudo, que necessite de abrigo ou mesmo de apoio emocional e oferecer apoio pessoal. Há pessoas e famílias que praticam esse tipo de "apadrinhamento".

Todo cristão pode praticar a adoção, especialmente a espiritual. Discipulado é outro nome para adoção espiritual. Assumir a paternidade espiritual de alguém novo na fé é um desafio para todos. Abra seu coração para este tema e veja em qual dessas três opções e Espírito Santo te desafia.
_______
Fonte: Mensageiro da Paz, ano 89, número 1608, maio de 2019, página 6, coluna Em Tempo, Bangu, Rio de Janeiro/RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).

Flavianne Vaz, autora deste artigo, é historiadora, possui formação teológica pela FTSA e trabalha no Centro de Estudos do Movimento Pentecostal (Cemp/CPAD).

domingo, 28 de abril de 2019

A pregação do Dragão no meio cristão

Ovelha descansa no gramado. A pregação do Dragão no meio cristão, por Jossy Soares. Jornal Mensageiro da Paz, Julho de 2013, Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD). Blog Belverede. Eliseu Antonio Gomes. https://belverede.blogspot.com.br

Por Jossy Soares

Há algo de errado com muitas pregações no meio cristão mundo afora. Muitos estão colhendo e promovendo glorificação para si, ao homem e seus próprios interesses.

As colunas centrais da pregação cristã são aquelas recomendadas por Jesus Cristo: arrependimento e remissão dos pecados (Lucas 24.47). A primeira trata-se da obra produzida pelo Espírito Santo convencendo o homem de sua condição de miserável pecador e destituído da glória de Deus (Romanos 3.23; Atos 3.19); a segunda trata do plano de Deus elaborado antes da fundação do mundo (Apocalipse 3.18), a Obra de Cristo no Calvário onde Ele ofereceu a Si mesmo pelos nossos pecados em oferta agradável a Deus. Foi do agrado de Pai que o Filho padecesse por nossos pecados (1 Pedro 2.24).

Jesus Cristo ofereceu seu próprio sangue para remir os que estavam sob a maldição do pecado, purificando e trazendo o homem para perto de Deus (1 João 1.7; 2.3).

A pregação cristã deve sempre fazer referência ao Jesus Cristo e seu sacrifício vicário São assim as expressões de expressões de adoração e louvor a Jesus Cristo na revelação de seu triunfo em todo o Livro do Apocalipse (5.2, 9, 13). A menção de Jesus como Cordeiro sempre aponta para seu sacrifício na cruz.

O inimigo de nossas almas há muito vem executando seu plano de subtrair essa glória ao Cordeiro de Deus da boca e dos corações dos homens. Uma das formas é tentar fazer o homem acreditar que tem em si alguma condição de autodeterminação tirando, sutilmente, Deus so centro de todas as coisas e ponto de vista humano.

No círculos seculares, nega-se sua total dependência de Deus. Prega-se a força interior, como algo inerente ao homem que o torna senhor de sua vida. Vemos fatos semelhantes no meio cristão. Aliás, muito se tem falado sobre o poder da fé, como se a fé fosse um fim em si mesmo. Assim, se prega a "fé na fé" e não a fé em Deus. Em outras palavras, essa fé na fé é a versão evangélica da atitude mental positiva das ciências associadas à Nova Era e ao Humanismo. Não existe o poder da fé. Existe o poder de Deus.

Geralmente, os propagadores desse "outro evangelho" são os que têm ganhado aceitação e dinheiro com essa situação porque mexem com o emocional das pessoas, levando-as a acreditar em algo aparentemente muito bom, mas invariavelmente antibíblico.

Não adiante barulhos de glorificação a Cristo e, ao mesmo tempo, a ocultação da sua maior realização pela humanidade: sua morte de cruz e o perdão que dela decorre. As pregações que estão promovendo o pregador e massageando o ego do povo não tem as "digitais" do Espírito Santo de Deus. Se elas ocultam a Obra expiatória do Cordeiro de Deus, apresentam a fé na fé e a atitude mental positiva, tornou-se uma pregação humanista e é notória que uma das estratégias do Anticristo será a elevação do ego humano acima de tudo, até extinguir Deus e tudo que com ele se relacione da mente da humanidade.

O apóstolo João menciona, no Apocalipse, o discurso do Falso Profeta, a besta que subiu do mar. Ele tinha chifres como de cordeiro, a aparência era de espiritualidade, de piedade, de religiosidade, parecia ser algo confiável, lembrava um cordeiro, entretanto, a fala dessa besta era a pregação do Dragão (Apocalipse 13.11).

O Falso Profeta, como agente satânico, nos últimos dias influenciará todo o pensamento da humanidade contra o Cristianismo, seja de forma contundente, seja de forma velada. A falsa espiritualidade tem acometido o meio cristão com esse "outro evangelho" e transtornado a mente de muita gente deixando em desuso a mensagem da cruz e a glória devida ao Cordeiro de Deus.

Uma das funções do Espírito Santo de Deus é glorificar a Jesus. Falando do Consolador Jesus diz: "Ele me glorificará, porque vai receber do que é meu e anunciará isso a vocês" (João 16.14). Assim, a pregação inspirada pelo Espírito de Deus é aquela que glorifica ao Cordeiro. Não temos nenhuma obrigação de ouvir ou de tolerar pregação que não tenha a autenticação do Espírito Santo.

O momento que vivemos exige discernimento. Rejeitemos e denunciemos qualquer mensagem que não tenha a autenticação do Espírito de Deus. "Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e para sempre" (Hebreus 13.8).

E.A.G.

Fonte: Mensageiro da Paz, ano 83, nº 1537, julho de 2013, coluna Apologética Contemporânea, página 16. Bangu. Rio de Janeiro/RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).
Postagem publicada de modo resumido.

segunda-feira, 8 de abril de 2019

O Senhor Deus é o nosso médico

Daniel Berg

"Mas ele foi traspassado por causa das nossas transgressões e esmagado por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos sarados" - Isaías 53.5. Deus tem feito tudo quanto é necessário para que o pecador seja salvo. Para isso, Ele nos mandou Cristo Jesus, seu Filho amado, para sofrer como substituto do pecador, de maneira que, por meio da fé e coração contrito se chegar a Ele, pode obter a vida eterna. A salvação,

sábado, 16 de junho de 2018

Diferença entre o Fruto e os Dons do Espírito Santo


Por Abiezer Apolinário

O apóstolo Paulo, quando ensinou a igreja da Corinto e a da Galácia, ministrou verdades divinas que devem ser constantemente estudadas, para que não caiamos na situação da ignorância, como ele próprio disse: "Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes." (1 Coríntios 12.1). Às igrejas da Galácia, ele ministrou acerca do fruto do Espírito, outra grande bênção que não pode ser jamais esquecida pelo verdadeiro cristão (Gálatas 5.22). Entendo, porém, que está no capítulo 12 da primeira Carta aos Coríntios o mais completo estudo sobre a diferença  entre o fruto e os dons do Espírito, sendo este o texto bíblico em foco.

Não pode ser jamais esquecida a singularidade do assunto, pois Paulo não fala acerca dos "frutos", mas do "fruto", no singular. Assim é e deve ser dito sempre, no singular. Isso porque, diferentemente dos dons, o fruto é um conjunto de qualidades que o Espírito produz na vida do cristão, para que sua vida sirva de glorificação a Jesus. Por isso que Ele trabalha na vida do cristão para que seja produzido o "fruto", que não é constituído apenas de qualidades morais, mas, principalmente, espirituais. Um exemplo é a distinção espiritual entre calma e mansidão. A calma é uma atitude humana, resultante de esforço pessoal, de traços da personalidade ou de formação familiar. Enquanto a mansidão é uma ação do Espírito na vida do crente, cuja ação Paulo chamou de fruto.

O "fruto" é uma obra divina na vida do cristão, sendo ele gerado pelo Espírito em nós. Neste aspecto reside, talvez, a maior diferença entre o "fruto" e os "dons" do Espírito. Enquanto o "fruto" é gerado em nós, os "dons" são concedidos pelo Espírito.

A frutificação espiritual do cristão não se inicia com o batismo no Espírito Santo, mas tem seu início no momento da regeneração, da conversão do crente, a partir da qual ela é demonstrada através de três procedimentos:
1. na relação do cristão com Deus, através do amor, alegria, e paz;
2. na relação do cristão com seu irmão, através da longanimidade, benignidade e bondade;
3. e na relação do cristão consigo mesmo, através da fé, mansidão e temperança.
A prova bíblica maior, como base do acima exposto, é encontrada em 1 Coríntios 13.1-3: "Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria".

Atentemos para os detalhes do texto destacado, especialmente o versículo 2. Posso profetizar, conhecer todos os mistérios e ciências e operar maravilhas como, por exemplo, pela fé, transportar montes (dons), mas se não tiver amor (fruto), nada seria. Ou seja, como cristão, pode não me ter sido concedido nenhum dom, mas não posso deixar de frutificar no Espírito; posso até não ser batizado no Espírito Santo, mas não posso deixar de frutificar no Espírito.

Outro ensino importantíssimo ministrado por Paulo no texto em apreço é o que prova que frutificar no Espírito não é um ato espiritual isolado, mas é um processo de crescimento, pois assim está registrado no versículo 11: "Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino". Por sermos humanos e limitados, precisamos frutificar no Espírito para superarmos todas as limitações humanos que nos impedem de chagarmos à plenitude espiritual, já que, como está dito nos 9 e 10 "Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado".

Por este ensino, podemos aprender que devemos estar frutificando no Espírito, em autêntico processo de crescimento que somente terminará quando chegarmos "à estatura de varão perfeito", pois continua ensinando Paulo:"Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido" (versículo 12, de 1 Coríntios 13).

O autor deste artigo é pastor, líder da Comissão Jurídica da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) e vice-líder da Assembleia de Deus em Salvador - BA. 
Fonte: Mensageiro da Paz, página 6, coluna Em Tempo, dezembro de 2016, Bangu, Rio de Janeiro -RJ (CPAD). 

domingo, 24 de dezembro de 2017

Jesus nasceu e está vivo



Por José Wellington Costa Junior

"Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu. O governo está sobre os seus ombros, e o seu nome será: 'Maravilhoso Conselheiro', 'Deus Forte', 'Pai da Eternidade', 'Príncipe da Paz'" - Isaías 9.6.

“E você, Belém-Efrata, que é pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de você me sairá aquele que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade" - Miquéias 6.2.

"Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém. E perguntavam: Onde está o recém-nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo" - Mateus 2.1-2.

"O anjo, porém, lhes disse: Não tenham medo! Estou aqui para lhes trazer boa-nova de grande alegria, que será para todo o povo: é que hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor" - Lucas 2.10-11.

Essas mensagens registradas na Palavra de Deus e tantas outras são repetidas várias vezes há muitos anos em nossas Igrejas, principalmente por ocasião do Natal.

Neste mês de dezembro, o mundo cristão comemora o Natal de Jesus. Trata-se de um mês diferente dos demais porque se percebe nos rostos, nos olhares e até no comportamento das pessoas um anseio em não deixar esta data passar em branco. A maioria das família desfruta de momentos especiais, promovendo a tão esperada e desejada Ceia de Natal, com troca de presentes, crianças felizes abrindo pacotes que escondem brinquedos tão aguardados, além de pais alegres em conseguir presentear seus filhos e em ver a felicidade estampada em seus rostinhos.

Há um ar de alegria, felicidade, paz, amor e união; o sentimento natalino é contagiante. Nas igrejas, em geral, apresenta-se uma programação especial dando destaque a tudo o que a Bíblia relata a respeito do nascimento de Jesus. É sempre muito bonito e emocionante assistir as crianças apresentando suas bem ensaiadas poesias e louvores, adorando o Senhor Jesus, o motivo de toda essa euforia.

Nós, que somos crentes, temos muitas razões para comemorar o Natal do Senhor Jesus Cristo, pois estamos certos do significado de seu nascimento. Embora não se saiba a data exata em que Ele nasceu, temos a plena certeza que Jesus nasceu. E seu nascimento mudou a história da humanidade; mudou a nossa história. Condenados que estávamos pelas nossas transgressões, Ele nos abriu a porta da salvação, através de um plano divino projetado no céu, cujo início se deu naquela simples manjedoura em Belém.

Profecias já tinham vaticinado esse tão grande acontecimento. Era a esperança trazida a uma humanidade pecadora e sem expectativa de salvação e que, finalmente, se tornara real e concreta em Jesus.

Por isso, desfrutemos e adoremos ao Senhor nosso Deus neste momento ímpar, neste mês que se comemora o Natal de Jesus. Permitamos que essa alegria nos envolva, não somente devido às comemorações, mas, principalmente, devido ao verdadeiro significado do Natal.

Por fim, há algo para o qual chamo a atenção de todos os que servem a Jesus: devemos viver esse clima envolvente do Natal todos os dias. Em todo tempo, através da salvação que alcançamos pelo sacrifício na cruz do Calvário, o Senhor Jesus nos concede e nos permite desfrutar desse amor, dessa paz, dessa alegria e da certeza de que um dia virá para nos buscar e então com Ele vivermos eternamente. Ora vem, Senhor Jesus!

Como está o teu viver no dia a dia? Você tem desfrutado da salvação, da paz e da alegria que o Senhor Jesus te oferece? Tenho a plena certeza de que o desejo dEle é que todos alcancem o que de melhor Ele coloca à nossa disposição.

Que a alegria do Natal esteja presente em todos os dias da nossa vida e que o Senhor Jesus, que nasceu em Belém da Judeia, permaneça vivo em nossos corações. Feliz Natal a todos.

__________

Pastor José Wellington Costa Junior é presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB).

Nota do Editor de Belverede: Os textos bíblicos citados nesta postagem são extraídos da tradução Nova Almeida Atualizada (NAA), porém o autor do artigo fez uso da tradução Almeida Revista e Corrigida (ARC). As duas versões são da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB).

Fonte: Mensageiro da Paz, ano 87, número 1591, dezembro de 2017, coluna Palavra Pastoral, página 2, Bangu, Rio de Janeiro/RJ (CPAD). 

terça-feira, 20 de junho de 2017

Jesus, o libertador do medo

Por N. Laurence Olson

Uma das consequências do primeiro pecado cometido no mundo foi o medo que se apoderou do casal Adão e Eva. Por isso esconderam-se no bosque. O homem da parábola dos Dez Talentos, que recebeu apenas um talento, ao prestar contas a seu Senhor, testificou: "Atemorizado, escondi na terra o teu talento...". E por isso foi condenado como mau e negligente servo e foi-lhe tirado aquele único talento que recebera. Vamos estudar um pouco essa coisa - o medo, e como devemos vencê-lo.

Vamos adiantar que o medo de vencer o medo é ter conhecimento de Deus, por tê-lo como nosso Ajudador.

Não ao medo


sábado, 17 de junho de 2017

Hulda profetizou falsamente?

Profetisa Hulda. Selo israelita 1984.
Por Jorge Videira

Se os oráculos de profetisa Hulda procediam de Deus, por que o rei Josias, que deveria morrer em paz, morreu em guerra (2 Crônicas 34.22-33; 35.20-24)?

A profecia de Hulda a Josias era um aviso das coisas futuras e não uma sentença determinista e fatalista. O homem tinha como mudar o curso, dependendo da maneira como se comportasse diante dos mandamentos divinos. Ou seja, uma sentença dada por Deus poderia ser mudada dependendo do comportamento da pessoa envolvida.

Repare o comportamento do avô de Josias, o rei Ezequias. Quando o profeta Isaías lhe disse para colocar a casa em ordem porque morreria, o rei se vira para o canto e chora diante de Deus. Seu comportamento muda a decisão divina e o profeta é obrigado a voltar no meio do caminho e dar ao soberano a grande nova: Deus aceitara seu pedido e lhe concederia mais quinze anos de vida.

Portanto, uma profecia pode não se cumprir se o comportamento humano mudar a decisão divina.

Ao olharmos a história de Josias narrada nas Sagradas Escrituras, vemos que ele não obedeceu completamente o que Deus havia falado por intermédio da profetiza Hulda. Note que a principal palavra dada a ele era que morreria em paz e não em guerra. O rei havia conquistado a bênção de ver o fim de seus dias em paz, gozando do fruto de seu trabalho. A obra por ele realizada foi muito maravilhosa na purificação da nação. Entretanto, o texto bíblico em seguida diz: "...de tudo isso...". E o que vemos na sequência é que parece que o coração do rei se exaltou ao ponto de fazer o que queria e desobedeceu ao Senhor.

Vejamos o que aconteceu.

Em torno de 612 a.C., a Babilônia, com apoio dos medos, derrota a Assíria e seu rei foge para Harã. As coisas ficam fora de controle para os assírios que tentam por três anos proteger Harã e seu rei. Os interesses do Egito em tentar controlar a região e o comércio naquela rota levam seu rei Neco a entrar em batalha a favor dos assírios e contra os babilônios. Foi aí que veio o erro de Josias, que em vez de ficar em seu lugar, pensou ser taticamente melhor entrar naquela batalha para defender o lado da Babilônia.

Deus queria dar paz a Josias, mas ele mesmo foi quem procurou a guerra.

Josias entra no combate contra o Egito em Megido e morrer aos 39 anos de idade, prematuramente. Reparem na tristeza do cronista em narrar o acontecimento:

"Depois de tudo isto, havendo Josias já restaurado o templo, subiu Neco, rei do Egito, para guerrear contra Carquemis, junto ao Eufrates. Josias saiu de encontro a ele.
Então, Neco lhe mandou mensageiros, dizendo: Que tenho eu contigo, rei de Judá? Não vou contra ti hoje, mas contra a casa que me faz guerra; e disse Deus que me apressasse; cuida de não te opores a Deus, que é comigo, para que ele não te destrua. 22 Porém Josias não tornou atrás; antes, se disfarçou para pelejar contra ele e, não dando ouvidos às palavras que Neco lhe falara da parte de Deus, saiu a pelejar no vale de Megido."

O final dessa história já sabemos, e a grande lição de tudo isso é: não saia do centro da vontade de Deus, pois só assim Ele abençoará você como prometeu.

José, o pai terreno de Jesus: um homem de caráter
Inspiração divina e autoridade da Bíblia
A gravidez de Sara
Ana, Elcana, Penina e o elefante
Hulda, a mulher que estava no lugar certo
Priscila, serva do Senhor
Rute, Deus trabalha pela família

E.A.G.

Fonte:
Mensageiro da Paz, ano 83, número 1540, setembro de 2013, página 17, Bangu, Rio de Janeiro - RJ (CPAD).
Jorge Videira é pastor e líder da Assembleia de Deus em Jardim Leal, Duque de Caxias (RJ);  E professor de História de Israel e Arqueologia na Faculdade Evangélica de Teologia, Ciência e Biotecnologia da CGADB (Faecad). 

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Qual a permissão dada na Bíblia para o divórcio?

Por Osiel Gomes

Qual delito culmina na legitimidade do divórcio: adultério ou prostituição (Mateus 5.32; 19.9)?

Antes que houvesse a aplicação da lei, separação já vinha sendo praticada pelos judeus de maneira arbitrária. A colocação da lei não era para um tipo de legalização do ato em si, mas sim para proteção da mulher. A hermenêutica dos judeus, em se tratando do divórcio, logo se tornou liberal, machista e autoritária, pois eles começaram a fazer uso de Deuteronômio 24.1, alegando quaisquer motivos pelos quais o homem poderia separar-se de sua mulher, o que fica expresso que a base para o pedido de divórcio não era somente o adultério, mas por qualquer coisa indecente.

Podemos asseverar que a base para um pedido de divórcio no Velho Testamento não era tanto o adultério, isso pelo fato de os judeus saberem que a lei ordenava a morte de quem o praticasse (João 8.5). Ademais, estava engolfado na mente deles Êxodo 20.14: "Não adulterarás".

O contexto no qual viviam homens e mulheres daqueles dias era bem diferente dos de hoje: por meio de um contrato, um judeu poderia possuir várias mulheres e ter sexo com algumas delas em apenas um dia, caso legalizasse contrato. Era triste também para as mulheres, porque, nessa situação, algumas delas eram quase como objetos para fins sexuais.

Na concepção dos judeus, o divórcio não seria permitido no caso de haver acusação falsa contra a esposa, afirmando que ela teria feito relação sexual antes do casamento (Deuteronômio 22.13-19). Também não era permitido o divórcio quando um homem fosse obrigado a casar com uma jovem, obrigado pelo pai, por ter ele praticado relação sexual com ela (Êxodo 22.16, 17).

Então, entendamos, o divórcio no Antigo Testamento surge não por meio de um querer de Deus, mas como medida para proteger as mulheres dos maus-tratos dos homens, que tinham dureza de coração. Por sua vez, os judeus davam carta de divórcio não propriamente por causa de adultério, mas, sim, por causa de seus desejos egoístas e pecaminosos.

Muitos estudiosos falam que Jesus deixou certa exceção para o divórcio e o novo casamento, e que o apóstolo Paulo, nas entrelinhas, dá a entender que isso seria possível, razão pela qual fez as citações bíblicas registradas em 1 Timóteo 3.2 e Tito 1.6, especificando que somente os que exercem cargos é que não podem se divorciar. Trata-se apenas de uma conjectura.

Na busca por uma compreensão do texto de Mateus 5.32, estudiosos têm procurado entender o sentido de "porneia". Alguns dizem que a palavra refere-se a casos de relações sexuais antes do matrimônio. Outros dizem que ela poderia ser aplicada ao caso de um homem já ter contraído casamento. De modo geral, podemos dizer que "porneia" fala de relações sexuais ilícitas, tanto antes como depois do casamento.

Sejamos diretos nesse assunto: Jesus jamais aprovou o divórcio, pois, nesse caso Ele estaria contratando o perfeito plano de Deus para o casamento. Ele também era consciente que, por causa da dureza do coração, é que Deus permitiu Moisés dar carta de divórcio. Todo bom exegeta sabe que nem Marcos e nem Lucas fizeram uso da palavra "adultério" como sendo o fundamento legal para pedir o divórcio (Marcos 10.1-12; Lucas 16.18), apesar de a ideia estar implícita. A expressão ali é "a não ser por causa de relações sexuais ilícitas", o que significa que muitos já estavam praticando isso, e não porque tivesse o Senhor aprovado.

Jesus não pendeu para as hipóteses apresentadas na época pelas escolas de Hilel ou Shamai, e em suas palavras enaltece o casamento, falando que ele é indissolúvel (Gênesis 2.24), dando prioridade ao propósito divino. E o cristão deve fugir tanto do adultério como da prostituição (1 Tessalonicenses 4.34).

As incríveis e esquecidas promessas  feitas no altar durante a emocionante cerimônia de casamento
Casamento e divórcio - ovelhas e pastores
Conselho para marido em crise conjugal
Divórcio e novo casamento pela ótica da reforma protestante
Eu e minha casa serviremos ao Senhor
Inspiração divina e autoridade da Bíblia
Solteiro por toda a vida e feliz?

Fonte: Mensageiro da Paz, nº 1585, junho de 2017, coluna A Bíblia tem a resposta, Osiel Gomes, Bangu, Rio de Janeiro -RJ (CPAD).

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Como se calcula a idade de Jesus ao morrer?

Por Rafael Luz

Como sabemos que Jesus faleceu com cerca de 33 anos e meio de idade? Como é feito esse calculo?

Falar com precisão a idade que Jesus tinha ao morrer está longe de ser uma tarefa fácil e descomplicada para o estudante das Escrituras Sagradas, uma vez que os Evangelhos não são como alguns acreditam uma espécie de "diário moderno" da vida de Cristo.

Ao contrário, é possível notarmos que os evangelistas não tinham como foco principal o interesse no "quando" da maioria dos eventos relacionados à vida do Mestre, o que se comprova pelo silêncio bíblico entre o período que vai dos doze aos trinta anos da história de Jesus.

Tal dificuldade se justifica pelo fato do texto bíblico não ser essencialmente um livro de história geral, antes, seu propósito original é ser um livro de salvação, que revela a incansável, justa e amorosa história de Deus em redimir e recuperar o ser humano caído e todaa criação das trágicas consequências do pecado.

Entretanto, embora não haja nas Escrituras uma passagem que afirme categoricamente com que idade Jesus morreu, é possível, com base em algumas informações extraídas dos Evangelhos de Lucas e João, chegarmos a uma idade provável, conforme apresentaremos a seguir.

A primeira informação diz respeito ao início do ministério de Jesus, que, nas palavras do médico historiador, "tinha cerca de trinta anos de idade quando começou seu ministério" (Lucas 3.23). É interessante destacar que essa era a idade, de acordo com o Pentateuco de Moisés, que os levitas deveriam iniciar seu ministério no Tabernáculo (Números 4.3, 47), bem como a idade que Davi começou a reinar (2 Samuel 5.3, 4). Outro detalhe é que o ministério de Jesus inicia-se após o batismo, pouco tempo depois de João Batista começar o seu.

A segunda contribuição vem de João, que nos ajudará a quantificar o tempo de duração da vida pública de Jesus. O Evangelho de João, diferente dos demais (que narram apenas uma Páscoa durante o período que Jesus ensinou), apresenta-nos três Páscoas durante seu ministério: a primeira em Jerusalém (2.13-25); a segunda na Galileia (6.4); e a terceira novamente em Jerusalém (11.55). Alguns admitem que a expressão "festa dos judeus" (em 5.1) seja uma referência à Páscoa; caso se confirme esse dado deveríamos acrescentar à cronologia de João mais um ano. Tais evidências nos apontam um ministério com no mínimo três anos e alguns meses de duração, considerando ser a Páscoa uma festa comemorada anualmente pelos judeus.

Desta forma, com base nas informações ora explicitadas como resultado da soma dos trinta anos apontados por Lucas mais três ou quatro anos narradas por João é que, histórica e majoritariamente, a tradição cristã tem admitido 33 anos e meio como a idade aproximada de Jesus ao ser crucificado no calvário.

Soli Deo Gloria.

Fonte Mensageiro da Paz, ano 87, número 1582, março de 2017, coluna A Bíblia tem a resposta, página 17, Bangu, Rio de Janeiro (CPAD).
Rafael Rodrigo Figueiredo Luz  é pastor auxiliar da Assembleia de Deus em São Francisco, Niteói (RJ), analista de seguros, graduado em Teologia, pós-graduado em Teologia Bíblica e Sistemática Pastoral, e MBA em Seguro e Resseguro.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Turbante e véu em documentos no Rio de Janeiro

Havia no Departamento Estadual de Trânsito do Rio de Janeiro (Detran-RJ) o veto ao uso de turbantes e véus em fotografias para a Carteira Nacional de Habilitação do motorista, devido ao entendimento interno sobre questões de segurança pública. Com isso, a existência de manter totalmente facilitada a preservação de aspectos físicos de cada cidadão em bancos de dados do órgão público carioca, que compartilha este armazenamento de imagens com outros órgãos de segurança estaduais e nacionais.

A Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro (PGE-RJ) exprimiu no dia 3 de março o aval que permite a emissão de documento de identificação com fotos de indivíduos vestindo véus e turbantes, se a razão do adorno for por motivos religiosos. O governo do Rio de Janeiro determinou que o  Detran-RJ autorize o uso de tecido que encubra a cabeça sem necessitar a comprovação da exigência religiosa.

Os representantes da PGE-RJ informaram ao site de notícias UOL, que o atual limite teve como motivo uma consulta do Detran-RJ, cuja exigência incluía que apenas religiosos ligados a alguma ordem ou igreja tinham a permissão de exibir fotos com esse aspecto nos documentos, bastava apresentar comprovante oficial sobre a exigência eclesiástica para usufruir o direito de utilizar a indumentária.

A PGE esclarece que a imposição não tinha sustentação da Constituição e "afrontava a igualdade entre homens e mulheres". Entretanto está proibido às circunstâncias em que os acessórios cubram o rosto da pessoa ou dificultem "o reconhecimento da fisionomia", como é o caso da utilização da costumeira burca, demasiadamente usada em nações de regra islamita.

As situações que não caracterizam exigência religiosa continuam proibidas: estão vetados a exibição de chapéu, boné e capuz. Cortes de cabelo e penteado não são proibidos, desde que a verificação da identificação pessoal não fique prejudicada.

A consulta do Detran à PGE ocorreu após o fato que envolveu uma estudante impedida de usar seu turbante em sua foto para identidade, em 2016, e que levantou questionamento judicial a respeito do assunto.

Com informações de: Mensageiro da Paz, ano 87, maio de 2017, nº 1584, página 24 (CPAD).