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sexta-feira, 30 de setembro de 2022

O "até breve" ao missionário Anne van der Bijl fundador do Portas Abertas

Anne van der Bijl, ficou conhecido nos países lusófonos como Irmão André e internacionalmente como Brother Andrew. Missionário cristão, um autêntico apóstolo do nosso tempo, notabilizou-se por fazer passar bíblias de forma clandestina para os países comunistas no auge da Guerra Fria, dentro do seu icônico fusquinha modelo 68 da cor azul. O feito extraordinário de anunciar o Evangelho na antiga União Soviética e outros países comunistas rendeu  a ele o apelido de "Contrabandista de Deus".  

Bijl começou em 1955, a encorajar a igreja no Leste Europeu e na Rússia, perseguida pelo regime comunista. Centenas de viagens seguiram em um fusca, que serviu por 35 anos como o logotipo do ministério. Nos primeiros anos, Bíblias e livros cristãos foram transportados abertamente. Em algumas entrevistas, revelou ter presenciado os guardas não enxergarem os materiais que levava, situação que descreveu como milagres.

O holandês  fundou a organização missionária Portas Abertas, cuja missão não denominacional é ajudar cristãos perseguidos em todo o mundo. Em 2022, a instituição comemorou 67 anos de ministério e atua em mais de 60 países, onde a igreja é perseguida e os cristãos sofrem em nome da fé em Jesus Cristo. Distribui bíblias e literatura, gravações de áudio, transmissão e treinamento.

O irmão André amava o Brasil e esteve em nosso país algumas vezes.

O livro autobiográfico, O Contrabandista de Deus, é um best-seller internacional. Desde 1967, mais de 10 milhões de cópias do já foram vendidas em mais de 40 idiomas. Em 2015, foi lançada uma nova edição atualizada, em comemoração aos 60 anos da Portas Abertas, contendo um epílogo de 25 páginas destacando suas "aventuras" posteriores à primeira publicação. 

Nascido em 1928, na última quarta-feira, 27 de setembro, o Irmão André faleceu em sua residência, localizada em Ermelo, na Holanda, aos 94 anos.

"Preciosa é à vista do SENHOR a morte de seus santos.” - Salmo 116.15

E.A.G.

quarta-feira, 29 de junho de 2022

Qual o interesse de editoras publicarem diferentes exemplares de Bíblias?

Existe um adágio, muito popular no passado, que era costumeiramente citado em latim, talvez por supostos eruditos, que dizia: o tradutor é traidor. Eu não chegaria a esse extremo, digo apenas que não há uma só tradução que seja perfeita, inclusive bíblicas, daí termos a King James Atualizada e João Ferreira de Almeida Corrigida e Atualizada, Nova Versão Internacional etc.

quarta-feira, 13 de abril de 2022

Nós e os livros

Uma vez, alguém olhou para as minhas prateleiras de livros, mais modestas do que a que vemos ilustrando essa postagem, e perguntou: "você leu tudo isso?". Eu fui sincero, e disse "não todos." 

Não leio-os no ato da compra, mas faço leituras quando surge o tempo disponível, quando bate aquela vontade de folhear o que os autores queridos se dispuseram a partilhar conosco. Além do detalhe que dicionários bíblicos e enciclopédias teológicas são criadas para consultas, como a chave fabricada sob medida para ser usada na porta, conforme a necessidade do momento.

E.A.G.

sábado, 9 de abril de 2022

Scott Hahn - existe ex-pastor?

Scott Hahn é uma pessoa muito peculiar. é um escritor de livros sobre religião e apresenta-se como católico. No Brasil, são encontradas as seguintes obras: O Amor Vem Primeiro; Anjos e Santos; A Alegria do Mundo; O Credo; Sinais de Vida; Trabalho Ordinário: Graça, entre outros.

Mas nem sempre Hahn se apresentou como cristão católico. No passado ele era conhecido nos Estados Unidos como pastor presbiteriano e pregava mostrando a razão de servir ao Senhor em uma igreja presbiteriana.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Yvone do Amaral Pereira e o livro Memórias de um suicida

Será que alguém sabe para onde vão as pessoas que cometem o suicídio? No livro "Memórias de um suicida" há um relato supondo que o destino final de quem atenta contra a própria vida é um suposto lugar denominado Vale dos Mortos.

Este blogueiro, que agora você lê, é um cristão evangélico que congrega em uma Assembleia de Deus. Antes de continuar a digitar, preciso enfatizar o seguinte: "Memórias de um suicida" é apresentado como um romance psicografado pela médium espírita brasileira Yvonne do Amaral Pereira, que atribui autoria ao escritor português Camilo Castelo Branco.

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Apelo ao uso de bom senso ao tratar do caso Flordelis e seu marido assassinado Anderson do Carmo

Thomas Nelson Brasil
Há pessoas que se tornam pais e mães, e, infelizmente, falham na estruturação da família e consequentemente na criação de suas crianças. Os bebês crescem e deixam a desejar como cidadãos de bem. E o que dizer sobre quem se propõe a educar filhos não biológicos? Existem casais cometendo falhas também, e chegará o dia em que as consequências surgirão de um jeito muito difícil de enfrentar, infelizmente.

Entretanto, na vida existe mais gente casando e acertando no casamento e na educação das crianças do que errando. Porém, para alguns, aparentemente, as situações de casais e pais com finais felizes só são bem aceitas nos finais de roteiros dos filmes produzidos em Hollywood.

Eu não consigo entender essa gente que usa redes sociais para atacar a cantora e deputada federal evangélica Flordelis. Qual a motivação? As piadas usando memes contra ela são mórbidas, não consigo rir com esse tipo de humor. Não há sentido em se divertir com a dor alheia. 

Eu me dirijo aos cristãos evangélicos. Não devemos imputar inocência e nem culpa, nossa opinião não mudará o destino de ninguém, os papéis de polícia e juiz cabe às autoridades competentes. Cabe a nós aguardar. Ore. Permaneça orando não apenas por Flordelis, mas por todos os filhos adotivos e biológico (s ?), e pela família de Anderson do Carmo, o marido assassinado.

quinta-feira, 6 de abril de 2017

A poesia evangélica contemporânea em três livros gratuitos para você


Neste início de 2017 tive a oportunidade editar três ótimos livros reunindo textos de excelentes autores cristãos. O quinto volume da Antologia Águas Vivas (que é publicada a cada dois anos, e neste volume reúne poetas de Brasil, Portugal e Moçambique), além de livros individuais dos poetas J.T.Parreira (português) e Newton Messias (pernambucano). 
Desfrute, gratuitamente, de um pouco do melhor da poesia que é produzida contemporaneamente por nosso irmãos.
Sammis Reachers


Águas Vivas Volume 5 - Nesta nova seleta, como já é tradicional em Águas Vivas, reunimos a voz experimentada de poetas laureados à voz de jovens iniciantes nos meandros poéticos, promissores e já de forte expressão.
Desde a primeira edição, apresentamos, junto aos autores brasileiros, a obra de excelentes poetas evangélicos portugueses. Neste volume, além da presença honrosa do pastor, escritor e poeta português Samuel Pinheiro, ampliamos nossa corrente fraternal até a nação irmã de Moçambique, na figura da jovem Carla Júlia, poeta cuja riqueza de expressão é de admirar. E não bastasse a reunião de tão boa poesia devocional, apenas isso -  a comunhão em livro de ótimos poetas de três continentes, três países da lusofonia – já seria um selo distintivo a chancelar a relevância de Águas Vivas.
O talento em comum é aqui o eixo axial a unir poetas tão díspares em estilo, que operam nas mais variadasfrequências poéticas, e que, juntos, dão o tom democrático que sempre norteou esta antologia. Da beleza clássica dos sonetos de Natanael Santos aos versos de moderna dicção e com um toque de poesia marginal de Newton Messias; da caudalosidade hermética de Jorge F. Isah ao poema franco e filosófico de Júnior Fernandes; da maturidade decantada de Samuel Pinheiro até os versos sublimados da jovem moçambicana Carla Júlia e à terna entrega devocional de outra jovem, Karla Fernandes, estabelece-se aqui a corrente confraternal que, tenho certeza, acrescerá encanto aos olhos de todo amante do verso inspirado.
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Sou Lázaro e Vou Recomeçar - J.T. Parreira - Em seu mais novo e-book, o estimado poeta João Tomaz Parreira, com sensibilidade e singularidade emblemáticas, nos apresenta uma reunião de poemas tendo por eixo temático esta personagem ímpar das escrituras, Lázaro, (protó)tipo de todo homem que se achega a Cristo.
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Passagem - Newton Messias - A poesia de Newton Messias é a verbalização de sua ampla humanidade: ora ferida (& exposta), ora oferta amiga, contundente em sua busca de paz e equalização, justiça e misericórdia. Frutos que ela quer e possui, e, em seu amor resiliente, avança semeando-os em todas as escalas, fundando suas próprias territorialidades semióticas.

Este pequeno volume, para parafrasear o título de um famoso livro de Mário Quintana, é um Baú de (alegres) Espantos, uma aprazível seleta de poesia das mais vivazes, audazes e comunicantes de empoderamento, empoderamento em amor, que tenho lido nos últimos tempos.
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sábado, 14 de janeiro de 2017

Sou cristão novo convertido, recém casado e preciso de conselhos

"Esperar não é perder tempo!
Esperar é fruto de uma escolha de quem prioriza o que é eterno e não passageiro."


Há algum tempo atrás, recebi em minha caixa de contato com os leitores de Belverede, a seguinte mensagem:
"Boa noite, sou Felipe, preciso de ajuda no meu casamento, sou novo na igreja e estou aprendendo a Bíblia e queria orientação. Vou mandar essa mensagem para ver se você responde. Obrigado."

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Palavra que transforma

Por Vitor Hugo Mendes de Sá

Sempre que posso, visito uma boa livraria e permaneço lá durante um bom tempo, principalmente nessas novas e grandes livrarias, que agora existem no Brasil e já existiam há algum tempo nos Estados Unidos e em países da Europa, onde a leitura sempre foi cultivada. São livrarias modernas que favorecem ao leitor passar horas e horas, em ambientes apropriados, atraentes e confortáveis, pesquisando e consultando todo tipo de literatura que desejar.

Hoje, neste novo conceito de livrarias, conhecido também como megastore, é possível desfrutar de um ambiente que inclui em seus espaços área de café, piano e música ambiente, utilizando, de forma inteligente, de um produto antigo, mas que seduz as pessoas em busca de conhecimento e de informação. As pesquisas revelam que, normalmente, o visitante sai satisfeito, pois o ambiente é acessível e atende a todas as camadas sociais.

Nessas livrarias, um point muito procurado pelos visitantes é onde se encontram os livros de autoajuda, pois a sociedade está, a cada dia, mais carente e necessitada de ajuda, procurando uma solução para os problemas do cotidiano. Muitas pessoas querem vencer os traumas, os medos, as crises, a insegurança, a falta de paz, etc.

A maioria dos livros que são encontrados nas livrarias seculares fala de autoajuda com "U", onde são apresentados conceitos e técnicas, que podem, sim, ajudar as pessoas a adotarem princípios que poderão contribuir muito para um estilo de vida melhor. No entanto, podem simplesmente deixar de oferecer o resultado esperado porque tratam apenas de "técnicas de conceitos". Muitas vezes são baseados nos estudos científicos, que são importantes, mas são finitos e muitas vezes falhos. Porém, quando os princípios são bíblicos, estes sim, são infinitos e eternos, pois são do "alto", dos céus, divinos.

É interessante como, particularmente, no livro de Salmos, uma coletânea de poesia hebraica, e no livro de Provérbios, um livro de sabedoria, identificamos princípios de vida, , que são mais do que simples "técnicas". Eles falam ao coração e ao íntimo da alma por serem a Palavra de Deus, proporcionando ao leitor, não somente o conhecimento, mas satisfazendo a alma e o espírito. Dessa maneira, trazem o bálsamo e o consolo espiritual, transmitindo vida em abundância por ser a mensagem do próprio Deus, como nos dizem as Escrituras: "Pois a palavra de Deus é viva e poderosa e corta mais do que qualquer espada afiada dos dois lados. Ela vai até o lugar mais fundo da alma e do espírito, vai até o íntimo das pessoas e julga os desejos e pensamentos do coração delas" - Hebreus 4.12 (NTLH).

É esta mensagem que Deus colocou à disposição da humanidade (...) instrumento de transformação e desenvolvimento integral do ser humano.

E.A.G.

A Bíblia no Brasil, ano 65, nº 238, janeiro a março de 213, coluna Opinião, página 34, Barueri/SP (SBB).

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Você perdeu a audição?

Era uma vez um homem que desafiou Deus a falar. Ele orou assim:

- Faz a sarça ser consumida pelo fogo como fizeste por Moisés, Deus. E eu te seguirei.

- Derruba os muros como fizeste por Josué, Deus. E eu lutarei.

- Acalma a tempestade como fizeste na Galileia, Deus. E eu ouvirei.

E o homem sentou-se ao lado de uma sarça, junto a um muro, perto do mar e esperou Deus falar.

E Deus ouviu o homem, portanto Deus respondeu.

Enviou fogo, não para uma sarça, mas para uma igreja. Derrubou um muro, não de tijolos mas de pecado. Acalmou a tempestade, não do mar, mas de uma alma.

E Deus esperou a resposta do homem.

E esperou...

E esperou...

E esperou...

No entanto, por estar olhando para sarças, não para corações; para tijolos, não para vidas,; para mares, não para almas. O homem concluiu que Deus hão havia feito nada.

Finalmente, ele olhou para Deus e perguntou:

- Perdeste o poder?

E Deus olhou para o homem e disse:

Você perdeu a audição?

Extraído do livro "Na Jornada com Cristo - o roteiro de Deus para a realização pessoal", autoria de Max Lucado, página 36, 2ª reimpressão 2011, Editora Mundo Cristão.

sábado, 29 de outubro de 2016

Por que as crianças veem televisão?


Por Bia Rosemberg 

Pense na televisão, por um momento, como uma geladeira que se enche de comidas e bebidas variadas. Salaminho, queijo e caqui em uma gaveta; alface, bife de fígado e pudim de chocolate, em outra; em cantos específicos, refrigerantes, panquecas congeladas e chuchu.

Poderíamos dizer que a mídia equivale a essa geladeira cheia de ofertas ao alcance dos dedos e dos olhos; programas vitaminados; com fibras naturais; com muito açúcar; programas salgados demais; alguns amargos; outros sem nenhum nutriente a não ser um sabor agradável, e assim por diante.

Um nutricionista sabe que alimentação deve ser equilibrada, moderando em itens como doces e gorduras. Ao planejar uma dieta, ela leva em consideração os nutrientes necessários ao desenvolvimento de uma criança. É assim que pode combinar, por exemplo, bife com puré de batatas e vagem com morango e chantilly.

Com a televisão é a mesma coisa. É importante fazer escolhas que agradem tanto ao paladar quanto ao desenvolvimento saudável da família. Se a metáfora de uma dieta nos serve é porque a TV pode ser pensada como como algo além de um cardápio de programas nocivos por natureza. Se tudo o que está na programação da TV fosse apenas um menu calórico e gorduroso, sobraria muito pouco a fazer além de desligar o televisor. É um gesto simbólico de reação à mídia, que agradaria muito a determinada crítica, intelectualmente popular, mas paralisante. Isto não seria nem razoável e nem factível, dada a importância que a TV assume na vida de seus consumidores.

Desde o começo da era da televisão, estudiosos, principalmente na Europa e na América do Norte, tentam entender o fenômeno. Por que as crianças (e os adultos, é claro) gostam tanto de assistir televisão? Quais as expectativas? Que sentimentos são despertados? Por que passamos tanto tempo em frente à telinha? Tenta-se entender os "usos" e "gratificações", para usar expressões típicas dos pesquisadores do ramo, que o público obtém por meio da mídia. Saber o que faz com que o espectador se sinta satisfeito com determinado programa e, portanto volte a assisti-lo, é importante tanto para quem produz  como para quem estuda a mídia ou tem filhos espectadores.

Os norte-americanos Barry Gunter e Jill McAleer não fizeram apenas uma única pesquisa. Eles reuniram no livro Children & Television os trabalhos realizados entre as décadas de 1950 e 1990 nos países do hemisfério norte. Cada uma dessas investigações tem a seu modo, certo mérito na difícil tentativa de compreender como as crianças se relacionam com o meio e por que assistem à televisão. Elas apresentam resultados obtidos por intermédio de metodologias que nem sempre têm pontos em comum. Mas, a partir desse conjunto de investigações distintas, podemos filtrar nove razões básicas, citadas pelas crianças pesquisadas, como motivadoras do ato de sentar-se à frente da telinha.

Os motivos, detalhados a seguir, não são excludentes entre si e, em geral, variam conforme o momento e o estado de espírito da criança. Observe se você se encaixa em algum dos tópicos listados. Procure perceber se há algum item que mais se adapta a seus filhos.

1. Passar o tempo / hábito de ligar o aparelho

É o motivo mais alegado pelas crianças. Em geral, é fruto de um hábito adquirido ao longo da vida. Na falta de uma atividade programada para fazer, ver televisão é provavelmente, a alternativa mais à mão. Não exige treinamento, planejamento, esforço ou equipamento especial.

2. Escapismo

A TV ajuda a matar a vontade de quem querr viver uma perigosa aventura ou um grande romance. O meio nos dá recursos para viver intensamento, sem levantarmos, como se diz, da poltrona. Filmes de aventura, romances, desenhos animados, vida animal e mil outros programas "nos tiram" da poltrona sem nenhum esforço ou movimento. Assim, literalmente, fugimos do dia-a-dia ao escapar para universos de fantasia que possuem fórmulas de entreter a audiência, embalando nossa atenção até o próximo intervalo.

3. Companhia

Uma situação comum é a de crianças que ficam em casa sozinhas. Às vezes, estão realmente desacompanhadas. Em outras, os adultos estão em casa, mas estão tão ocupados com suas tarefas que não dão atenção aos pequenos. O sentimento de solidão provocado pelo isolamento faz com que muitas crianças procurem na TV um companheiro.

4. Aprender sobre "as coisas"

Uma outra razão mencionada pelas crianças para ver televisão é que os programas são escolhidos porque ajudam a compreender como o mundo funciona. Há inúmeras informações sobre pessoas, lugares, músicas, comidas que as escolas não ensinam, mas a televisão sim. A criança, em fase de descoberta de como as coisas funcionam e se relacionam, se diverte enquanto aprende.

5. Aprender "sobre si mesmo"

Embora muitas crianças vejam televisão porque aprendem "sobre as coisas", ouras dizem que aprendem não sobre as coisas, mas sobre si mesmas. É surpreendente que pessoas de tão pouca idade percebam  esta utilidade na mídia. Quando questionadas sobre suas preferências, mencionaram programas de ficção e documentários. Em ambos os casos, a possibilidade de verem outras crianças na tela funciona como uma espécie de espelho. Ao verem refletidas, entendem melhor o que estão vivendo ou sentindo.

6. Tema de conversa

Na medida em que todo mundo assiste aos mesmos programas, a televisão se transforma em um mundo comum de conferências para crianças, adolescentes e adultos. Do ponto de vista infantil, quem não acompanha as exibições televisivas fica "por fora", sem poder participar das conversas e das brincadeiras que usam a mídia como base.

7. Babá eletrônica

Esta razão é a mais mencionada pelos adultos desde os primórdios da televisão, nos Estados Unidos, em 1948, e no Brasil de 1950. Usar a mídia como babá eletrônica é um ato tão comum que a expressão até faz parte do nosso vocabulário cotidiano. Quando estamos ocupados ou cansados de inventar diversões e entretenimentos, quando a criança já tomou banho, leu livros, já brincou como o seu brinquedo preferido, e todas as alternativas foram esgotadas, ligamos a televisão. Se possível, localizamos algum programa colorido e movimentado, e "depositamos" o filho ou a filha na frene do aparelho. As crianças ficam quietas, entretidas, controladas e os adultos podem se ocupar de outras coisas.

8. O prazer da fantasia

A fantasia tem uma função muito importante no desenvolvimento da criança. No plano da fantasia, meninos e meninas têm a oportunidade de experimentar situações correspondentes à realidade, com personagens e histórias. Aprendem a lidar com os problemas dos outros, familiarizam-se com o fato de que existem eventos em sequência e embora os heróis tenham de enfrentar muitos obstáculos, em geral o final pode ser feliz, o que é outra maneira de dizer que a criança pode confiar no futuro.

Nesse sentido, a televisão, assim como outras formas de histórias (livros, histórias noturnas etc), abre espaço para a criança recriar realidades e usar a imaginação ativamente, sem correr os riscos da vida real,

9. Estímulo emocional

Um outro item mencionado por muitas crianças é que assistir a certos programas de TV "dá medo", "faz chorar" ou as deixa "nervosas" querendo saber o que "o que vai acontecer". Assim como os adultos, as crianças gostam de se sentir estimuladas por desafios e emoções. Vivenciar uma aventura, um perigo ou um mistério pode ser gratificante.

Porém, cada pessoa tem seu limiar confortável de estímulo. Para alguns, andar numa montanha-russa é um pesadelo. Para outros, um grande prazer. A mesma situação se repete com a TV. Geralmente, as crianças escolhem programas nos quais o estímulo é sentido como seguro, dentro dos limites, com a possibilidade de trocar de canal ou desligar o aparelho, se a emoção se tornar perturbadora.

__________

Pelo tempo que fica vendo TV, uma criança brasileira, ao atingir dezessete anos, terá passado quase quatro anos de sua vida diante da telinha. Por isso é que os pais questionam tanto o efeito da televisão no desenvolvimento de seus filhos. A TV é uma babá confiável? Ela estimula o consumismo. Ela prejudica o rendimento escolar? Uma boa notícia: programas de televisão podem ser aliados no processo de aprendizagem, sim. Este livro mostra o que pais e educadores podem fazer para modificar o papel da televisão na vida das crianças e jovens.

Fonte: A TV que seu filho vê - Como usar a televisão no desenvolvimento da criança, Bia Rosemberg, capítulo 1, resumidamente, texto da contracapa, edição 2008, São Paulo - SP - www.pandabooks.com.br  

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Teologia é poesia?

Por C. S. Lewis

Por Teologia, queremos significar, suponho, a série de afirmações sistemáticas acerca de Deus e da relação do homem com Ele, relação essa mantida pelos fiéis de uma religião.

(...)

Eu talvez possa presumir que Teologia significa principalmente Teologia cristã. Sou mais audacioso para fazer essa suposição porque algo do que penso acerca de outras religiões aparecerá naquilo que tenho a dizer. Devemos também lembrar que apenas uma pequena minoria das religiões do mundo tem uma teologia. Não se encontra nenhuma série de afirmações sistemáticas em que os gregos consensualmente cressem acerca de Zeus.

O outro termo, Poesia, é muito mais difícil de definir... Teologia é meramente poesia? (...) A primeira dificuldade para responder a essa pergunta nessa forma é que não temos consenso geral quanto ao que significa "verdade poética", nem se de fato existe algo desse tipo. Seria melhor, portanto, usar para este trabalho uma noção muito vaga e modesta de poesia: simplesmente como a escrita que desperta e satisfaz em parte a imaginação.

Deparado com essa questão, volto-me naturalmente para examinar o crente que eu conheço melhor - eu próprio. E o primeiro fato que descubro, ou acho que descubro, é que para mim, de qualquer forma, se a Teologia é Poesia, não é poesia muito boa.

Considerada poesia, a doutrina da Trindade parece-me oscilar entre duas posições. Não tem nem a grandeza monolítica das concepções estritamente unitarianas nem a riqueza do Politeísmo. A onipotência de Deus não é, a meu ver, uma vantagem poética. Odin, lutando contra os inimigos que não são criaturas suas e que, na verdade, no final vão derrotá-lo, tem um atrativo heróico que o Deus dos cristãos não pode ter. Há também certa pobreza na descrição cristã do universo. Considera-se que existe um estado futuro e ordens de criaturas sobre-humanas, mas os indícios que se oferecem da natureza deles são os mais tênues possíveis. (...) O cristianismo não oferece a atração do otimismo e nem do pessimismo. Ele representa a vida do universo como muito semelhante á vida mortal dos homens deste planeta - "um conto que mistura o bem e o mal".

(...)

Não podemos rejeitar a Teologia simplesmente porque ela não evita ser poética. Todas as visões de mundo produzem poesia para aqueles que nelas creem pelo mero fato de ser nelas. E praticamente todas têm alguns méritos poéticos, quer se creia quer não se creia nelas. É isso que deveríamos esperar. O homem é um animal poético e não toca em nada que não tenha adorno.

(...)

Eu apenas falei de símbolo e isso me leva ao último tópico em que vou considerar a acusação da "mera poesia". A Teologia certamente compartilha com a Poesia o emprego de linguagem metafórica e simbólica. A primeira Pessoa  da Trindade não é o Pai da segunda no sentido físico. A segunda Pessoa não "desceu" à terra no mesmo sentido em que um paraquedista desce, nem subiu novamente aos céus como um balão... Em que os primeiros cristãos acreditavam? Acreditavam que Deus realmente tem um palácio material no firmamento e que Ele recebeu Seu Filho numa poltrona decorada posta a pouca distância à direita da Sua? - ou não criam nisso? A resposta é que a alternativa que estamos propondo provavelmente jamais se tenha feito presente na mente deles. (...) 

Deus não tem corpo e, portanto, não pode assentar-se em cadeira alguma...

(...)

Somos tentados a declarar que nossa crença numa forma isenta de metáforas e de símbolos. O motivo porque não fazemos isso é que não podemos.  Podemos, se preferirem, dizer "Deus entrou na história" em vez de dizer "Deus desceu à terra". No entanto, naturalmente, "entrou" é tão metafórico quanto "desceu". (...) Podemos tornar nossa linguagem mais insossa, mas não podemos torná-la menos metafórica. Podemos tornar as imagens mais prosaicas, mas não podemos ser menos pictóricos. 

E.A.G.

Texto extraído, resumidamente,  do livro O peso da Glória, de autoria de C. S. Lewis, páginas 113 a 133, edição 2008, São Paulo (Editora Vida. ­Web site: http://www.editoravida.com.br/p/105-o-peso-da-gloria/ ).

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Louvores Missionários reunidos em hinário gratuito

Você com certeza deve conhecer alguns daqueles hinos de temática missionária, que incentivam a igreja à evangelização e estão presentes nos hinários tradicionais de nossas igrejas, tais como o Cantor Cristão, a Harpa Cristã, Salmos e Hinos, Hinário Aleluia e outros. Imagine-os reunidos em um só lugar, um só hinário? Pois é o que encontramos no hinário HINOS MISSIONÁRIOS.

O livro, gratuito, reúne em suas páginas uma seleção de hinos e louvores que vão servir de precioso auxílio para o esforço de avivamento missionário/evangelístico de sua igreja.

O Hinário conta ainda com recursos para facilitar sua consulta e utilização, como índice dos primeiros versos dos hinos e índice de autores e tradutores, além de nota introdutória sobre cada hinário antologiado.

Para baixar o Hinário pelo site SlideShare, CLIQUE AQUI.
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Para baixar o Hinário pelo site Issuu, CLIQUE AQUI.

Caso queira receber o arquivo diretamente por e-mail, escreva para: sreachers@gmail.com 

E para baixar muitos outros recursos e livros GRATUITOS, acesse: https://goo.gl/6jqbyk

domingo, 3 de julho de 2016

A pessoa faz o lugar

Não é o lugar que faz a pessoa; é a pessoa que faz o lugar. Esse princípio de vida tão importante se baseia no versículo bíblico número 11 de Filipenses 4:

 "...aprendi a viver contente em toda e qualquer situação." 

O que Paulo está dizendo, em linguagem coloquial, é mais ou menos isso:

Já aprendi como ser rico e como ser pobre, a gozar o conforto e a sofrer perseguição. Vivendo e andando com Deus, aprendi que, sejam quais forem as situações, condições ou circunstâncias em que venha a encontrar-me, jamais me queixarei! Confiantemente, procurarei tirar o melhor proveito de tudo e estou certo de que o futuro me será bom."

Paulo vivia segundo este princípio. E quando foi lançado na prisão, ali, onde foi plantado, produziu a literatura cristã, que hoje intitulamos Cartas da Prisão.

Às vezes vivemos momentos difíceis, situações que gostaríamos que não existissem. Assim como não podemos avaliar um livro pela capa, também não temos condições de avaliar as eventualidades pelas aparências. Você pode olhar para as condições de determinado momento em que está e dizer "Estou bem", ou "Estou mal". Se pensa assim, está pensando de modo equivocado. Todo estado pode ser bom, se Deus estiver nele. Este modo de ver a vida é um processo que aprendemos, que demostra maturidade.

Podemos gastar os nossos dias à procura de prazer, fama, fortuna, fazer muito esforço para encontrar a felicidade. Mas pode acontecer que a felicidade esteja debaixo de seus pés, em seu círculo social mais próximo. Observe bem, amadureça o modo como vê o ambiente  em que está vivendo.

Onde quer que você esteja, Deus está também. Onde Deus está há bons desígnios, basta que prestemos atenção para observar detalhadamente as possibilidades. Deus pós você onde você está agora, porque Ele tem condições de mensurar o valor de cada ocasião e proveito de possa extrair deles.

E.A.G.

Adaptação de Floresça onde está plantado, livreto escrito por Robert H. Schuller, publicado pela Editora Betânia, edição 2008, Belo Horizonte, Minas Gerais.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Namoro a três!


Charge. Rapaz usa escada para entregar buquê de flores para namorada, que se encontra no terceiro andar de prédio.
"Portanto, quando vocês comem, ou bebem, ou fazem qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus" - 1 Coríntios 10.31 (NTLH).

O namoro entre crentes é composto de garota e garoto cristãos, duas pessoas lavadas pelo sangue de Jesus Cristo, ele e ela santificados e justificados por Deus. 

Está escrito na Bíblia: "Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos" (2 Coríntios 6.14), colocar-se nesta situação resulta em um casamento incompleto, porque o aspecto prioritário do casamento, que é a unidade espiritual, está anulado. 

Recusar-se a namorar quem não é cristão é a decisão primária que todo jovem precisa tomar. Ao decidir assim, o Diabo não tem chance alguma de cochichar ao ouvido, tentando afastá-lo do caminho do Senhor.

Outra decisão, não menos importante que a primeira, é basear o relacionamento nos princípios e propósitos de Deus. Acostumar-se a orar junto com o namorado, ou namorada. Para muitos, um hábito sem cabimento, mas se não existir espaço para oração, alguma coisa deve estar errada no namoro, afinal, orar deve ser a prática mais espontânea na vida cristã, dentro ou fora do namoro, noivado, casamento.

Deus quer participar de todas as atividades em nossa vida. Orar, ler a Bíblia, conversar sobre coisas espirituais durante o namoro são coisas que jamais deveriam ser motivo de vergonha para ninguém. A timidez é compreensível se um dos dois for um novo crente ou se o namoro estiver começando. Mas, se após seis meses ou um ano, a timidez persistir neste assunto, um dos dois não quiser ler a Palavra e orar com o outro, então, o sinal amarelo de alerta precisa ser considerado, é necessário analisar seriamente se quer continuar com ele ou ela.

Como um casal pode basear seu namoro nos princípios e propósitos de Deus, se Deus não tem parte integral em seu namoro? Deus quer que ambos cresçam espiritualmente. Sem dúvida, oração e leitura devocional são meios de promover o crescimento mútuo da fé cristã. Caso não construam juntos o alicerce, o casamento não resistirá às tempestades e crises que ocorrem durante a vida conjugal.

Se os jovens não oram no período de namoro e noivado; se não leem a Palavra juntos e procuram obedecê-la; se não procuram conversar aberta e francamente sobre suas vidas íntimas em santidade antes do matrimônio, sobre as lutas e dificuldades, não devem pensar que, de repente, no primeiro dia do casamento, será automático orar, colocar a Bíblia como prioridade e organizar a vida a dois conforme os princípios de Deus. Isso não acontecerá. O período de namoro e noivado é muito importante para construir a base sólida de um casamento feliz e próspero.

E.A.G.

Artigo composto tendo como base o capítulo 3, paginas 25 e 26, do livro "Eu Amo Você - namoro, noivado, casamento e sexo", de autoria do Missionário Jayme Kemp, em sua 4ª edição, publicada em 1983 pela Editora Betânia.

sábado, 7 de maio de 2016

A autoajuda que o cristão precisa aplicar em sua vida para não fracassar na fé


A autoajuda pode ser aplicada para todos os dilemas da vida que afligem o cristão: sexualidade, trabalho, profissão e etc. A prática de autoajuda pode e deve ser realizada em conformidade com a vontade de Deus.
Por Eliseu Antonio Gomes

Existem muitos cristãos que criticam pregações e livros de autoajuda. Penso diferente desses críticos, pois ao ler a Bíblia Sagrada passei a entender que existe suporte embasando pregações de autoajuda nas páginas bíblicas. O erro de alguns é afastar Deus desse processo pessoal.

Deus nos capacita a que nós ajudemos a nós mesmos. Inclusive é até uma ordem: “Esforça-te e tenha bom ânimo’... ‘Ame o próximo como a si mesmo...”. Josué 1.6; Marcos 12.33.

Muitos padecem porque não sabem que devem se amar / se ajudar como amam/ajudam o outro. 

Quero ilustrar uma situação de autoajuda, que considero dentro dos padrões bíblicos. 

Nós sabemos que na juventude, mesmo que a pessoa se converta, o hormônio sexual continua em plena atividade. O Testosterona está em ebulição no garoto e o Ocitocina e Estrogênio nas garotas. Tais hormônios induzem as pessoas para o contato amoroso, são criados por Deus, porém, o interesse sexual que eles promovem é considerado por muitos cristãos (inclusive alguns pastores) como tentação diabólica. 

Quero exemplificar o que disse sobre pregação de autoajuda com duas figuras bem conhecidas no meio evangélico, cujos ministérios têm focos específicos em apenas um assunto: sexualidade. São os pastores: Jayme Kemp e Josué Gonçalves. O primeiro tem vasto material em livros voltado aos crentes jovens solteiros e o segundo aos crentes casados. Eles são capazes de detalhar em profundidade o que comentei acima, sem deixar de expor a questão espiritual que não deve jamais ser esquecida nesta questão ou em qualquer outra de nossas vidas.

Quando jovem, encontrei informações necessárias para minha faixa-etária em livros escritos por Jayme Kemp, graças ao professor de escola dominical que fez a indicação de leitura.

Garotos e garotas precisam conhecer-se, não apenas ouvir pregações que tocam em questões da espiritualização, pois recebem ensinos nos bancos das escolas seculares que não consideram o ato sexual fora do casamento como adultério e o ato sexual de solteiros como fornicação.

Quando o jovem de 16, cheio de saúde conhece Jesus de verdade e decide segui-lo com inteireza de propósito, com certeza ele ora pedindo ajuda em questões sexuais, situações de mudanças físicas e psicológicas que ocorrem durante o período da puberdade em seu próprio corpo. O Espírito Santo não responde nas páginas bíblicas sobre isso. É raríssimo encontrar pastores pregando temas dessa espécie nos púlpitos, são excepcionais tais abordagens do campo da Biologia referente à sexualidade nas igrejas (não estou criticando pastores).

Muitas pessoas da minha geração começaram bem e tropeçaram em pecados sexuais. Algumas se reergueram e outras não. Algumas pecaram durante o namoro, outras durante o noivado e outras no casamento. Acredito que o tropeço delas poderia ser evitado se passassem pelo processo da autoajuda.

Não posso terminar sem explicar minha definição de autoajuda. Para mim, é a busca do conhecimento de si mesmo, conhecer os próprios limites, os impulsos físicos e mentais; é reconhecer que Deus é o Criador da nossa estrutura em todos os aspectos: orgânicos, relacionais, comportamentais. Quando buscamos esse conhecimento, ajudamos a nós mesmos, adotamos a autoajuda sem desprezar a ajuda do alto.

A autoajuda pode ser aplicada para todos os dilemas da vida que afligem o cristão: sexualidade, trabalho, profissão e etc. A prática de autoajuda pode e deve ser realizada em conformidade com a vontade de Deus. 

E.A.G.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Amar o marido, para Cristo

Amar o marido, para Cristo. A Mulher Controlada pelo Espírito. Beverly LaHaye. Editora Betânia.
Por Beverly Laheye

Onde estão os homens crentes? Desde que a igreja começou, é provável que tenha havido milhões de mulheres crentes casadas com homens incrédulos. Parece-me que após casa palestra que faço sou procurada por cinco ou seis mulheres que pedem oração para seus cônjuges. Este tipo de esposa precisa de um amor especial, dado por Deus. Há ocasiões em que algumas delas chegam a espantar- se de ainda poderem continuar em frente; certamente, é preciso muita graça e sabedoria divinas para se poder viver com alguns homens de que tenho ouvido falar. Mas Deus é fiel! Nada é impossível! Ele ama com amor eterno, e seu amor se entristece por causa de um cônjuge não crente. Afinal, ele morreu pela alma daquele homem.

Viver uma vida santa

Muitos maridos têm sido conquistados para Cristo por causa da atitude de constante fidelidade da esposa para com ele. A mulher não deve tentar modificar o marido. A mulher não deve tentar modificar o marido; ela precisa aprender a aceitá-lo exatamente como é. Alguns maridos se tornam muito exigentes e até impertinentes quando o Espírito Santo começa a convencê-los de pecado. Geralmente, este período é de muito sofrimento e provação para a família, principalmente para a esposa. Ele precisa ser cercado por oração e compreensão; ela precisa da plenitude do Espírito Santo para permanecer firme e calma. É desígnio de Deus que a mulher se submeta ao marido, mesmo que ele não seja crente.

"Semelhantemente vós, mulheres, sede submissas a vossos maridos; para que também, se alguns deles não obedecem à palavra, sejam ganhos sem palavra pelo procedimento de suas mulheres, 2 considerando a vossa vida casta, em temor" - 1 Pedro 3.1-2.

"O vosso adorno não seja o enfeite exterior, como as tranças dos cabelos, o uso de jóias de ouro, ou o luxo dos vestidos, 4 mas seja o do íntimo do coração, no incorruptível traje de um espírito manso e tranqüilo, que és, para que permaneçam as coisas" - 1 Pedro 3.3-4. 

Compreenda-o

O marido incrédulo tem uma grande necessidade de compreensão e companheirismo - não tente competir com ele. Ele certamente não precisa de uma esposa murmuradeira; ele precisa ter a seu lado uma mulher de atitude positiva e construtiva. Procure ver o que o torna feliz e o que lhe causa sofrimento. Qual é a melhor maneira de reanimá-lo? Não converse sobre os problemas dele fora de casa. E, acima de tudo, não fique constantemente falando de Deus para ele - antes fale com Deus a respeito dele.

Procure agradá-lo

A mulher cujo marido não é crente deve ser a melhor dona de casa das redondezas. Ela deve cozinhar com o objetivo de agradar o marido. Seu trabalho de casa dever banhado em amor e oração. Alguns homens criticam muito a esposa crente. É dever dela fazer tudo que puder para agradar ao marido, e, ao fazê-lo, ela lhe transmitirá uma mensagem positiva. No entanto, mais importante do que o que ela faz, é a atitude que ela tem. Ela deve ser agradável, uma pessoa de agradável convívio. 

Respeite-o

Você precisa ser extremamente cautelosa em obedecer e respeitar seu marido. Existem alguns casos raros em que a esposa não pode submeter-se ou obedecer ao marido, e isto é quando ele lhe pede para fazer algo que é absolutamente contrário às Escrituras. Existem alguns exemplos disso: adultério, mentira, roubo, etc. Muitas vezes, algumas mulheres argumentam que Deus mandou-as desobedecer o marido em determinada questão. Contudo, não apresentam um mandamento definido das Escrituras sobre o assunto. Esta submissão pode implicar em que você seja obrigada a se desligar da classe da escola dominical ou até mesmo parar de frequentar os cultos. Mas lembre-se de que sua obediência e submissão, quando são inspiradas por uma atitude correta, serão de maior influência para ganhá-lo para Cristo, que sua assistência a um estudo bíblico.

Examine-se a si mesma

Você prega para ele? Será que você consegue entregar seu marido nas mãos de Deus e deixar as consequências das ações dele com o Pai celestial? Você ensina seus filhos a respeitar o pai? Será que você trabalha tanto na igreja, que acaba ficando fora de casa grande parte do tempo? Você o critica e é fria com ele? Talvez você precise confessar e pedir perdão ao seu marido pelas suas atitudes e atos errados.

Já pensou na outra faceta da submissão? Muitas mulheres ficam irritadas quando se toca neste assunto. Só conseguem pensar em seus direitos pisados. Será que nunca lhe ocorreu que Deus não teria pedido para submeter-se ao seu marido, a menos que ele tivesse necessidade de seu respeito e admiração? Os homens mais frustrados que conhecemos não são os que fracassaram na carreira ou nos estudos, mas, sim, aqueles cujas esposas não os respeitam e não se submetem a eles. Em muitos casos, o homem merece respeito da esposa, mas ela é tão dominadora, que recusa a submeter-se a ele. Ambos são um fracasso no casamento.

Eu e meu marido observamos certa vez uma santa mulher que amava seu marido para o Senhor. Primeiro, ela começou  a ir à igreja sozinha. Entrava e saía do salão despercebida, e não se demorava muito após o culto. Por isso era difícil travar conhecimento com ela. Mais tarde viemos a saber que ela assistia ao primeiro culto da manhã e depois saía logo para poder chegar em casa no momento de ser-lhe o desjejum. Ela passava o domingo todo com ele, "fazendo o que ele quisesse". Esta mulher ra uma crente silenciosa. Amava o Senhor profundamente, mas quando foi solicitada a ensinar uma classe de escola dominical, declinou polidamente. Aquela recusa não significava uma falta de interesse, mas, sim, que seu principal dever no momento era ser uma boa esposa e cônjuge para seu marido incrédulo. Ela se recusou também a unir-se à igreja, sem o marido, já que sentia que deveriam estar unidos na questão do arrolamento na igreja. Quer ela tivesse razão ou não ao tomar tal atitude, o certo é que ela demonstrou um belíssimo espírito e um grande desejo de ser uma mulher santa.

Ficamos a observá-la, e, durante quase sete anos, ela continuou assim, uma pessoa submissa, fiel e servidora. Num certo domingo de Páscoa, seu marido anunciou-lhe que iria levantar-se mais cedo que de costume para ir à igreja com ela. Esta iniciativa partiu inteiramente dele, e se constituiu no começo de uma nova vida para quele homem. Pouco depois, ele recebeu o Senhor Jesus, e o casal se tornou um em Cristo. Hoje eles são fiéis membros da igreja, e participam de várias de suas comissões. Essa senhora pode olhar para trás e contemplar sem remorso os anos de espera e adoração silenciosa. Ela não se lamuriou, nem pregou para o marido, nem o abandonou para ir aos cultos, em vez disso levou uma vida bela e condizente com sua fé, diante dele.

Fonte: Capítulo 6 do livro A Mulher Controlada pelo Espírito, Beverly LaHeye, páginas 56-59, quinta edição 1981, Belo Horizonte (MG), Editora Betânia. 

Acesse a loja virtual da Editora Betânia e adquira um exemplar de A Mulher Controlada pelo Espírito: http://goo.gl/rQhl6x 

sexta-feira, 18 de março de 2016

"No Brasil os canais de televisão não podem manifestar predileção por candidatos da política" - José Bonifácio de Oliveira Sobrinho ao Morning Show (Jovem Pan FM)

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"Nos Estados Unidos, as emissoras de televisão têm seus partidos e dizem qual é, umas disseram 'eu sou Clinton', outras, 'eu sou Bush'. Aqui no Brasil isso não é possível. E elas têm seu direito de fazer isso, é claro, sem manipular a informação."

José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, mais conhecido como Boni, ateu confesso, falando ao programa Morning Show, 18 de março de 2016, por volta de 10h20, na rádio Jovem Pan FM.

Nascido em Osasco - SP, em 30 de novembro de 1935, é publicitário, empresário e diretor de televisão brasileiro. Ingressou na Rede Globo em 1967 como chefe de programação. É reconhecido, ao lado de Walter Clark, como o profissional que deu o formato básico da grade de programação da TV Globo, como é até os dias de hoje - três novelas, o Jornal Nacional entre a segunda e a terceira. Foi responsável por todas as áreas de programação da emissora de Roberto Marinho até 1997, sendo consultor até 1993. Hoje, é sócio com seus filhos da TV Vanguarda, uma afiliada na Globo no interior de São Paulo.

Apesar da confissão descrença, escreveu o livro à la espiritismo:"Unidos do outro mundo – dialogando com os mortos" (Estação Brasil/Sextante). Boni criou estórias de como seria sua existência além-túmulo. Na ficção, conversa com artistas já falecidos e com o ex-patrão Roberto Marinho, abordando assuntos que considera que deveria ter falado antes que eles morressem e que considera ser interessante aos que gostam das ocorrências de bastidores do mundo dos famosos.

O que há do outro lado? Leia as matérias: A volta de Cristo  O  Juízo Final  Novos céus e nova terra

No último dia 2, a Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) escolheu os melhores veículos de comunicação, obras, programas e profissionais de 2015. A Jovem Pan foi premiada através do Morning Show na categoria  o melhor programa de variedades do rádio. A equipe é composta com Edgard Piccoli, Paula Carvalho, José Armando Vannucci, Carlos Aros e Helen Braun. Pelas manhãs, são apresentadas informações sobre os principais acontecimentos do dia no Brasil e no mundo, as novidades da música, cinema, teatro e televisão, além de entrevistas exclusivas com personalidades e celebridades. O diferencial mais interessante é que o programa pode ser assistido via Internet, basta acessar o site oficial da emissora de rádio.

E.A.G.

domingo, 13 de março de 2016

Igreja Luterana de Istambul - Conto


Igreja Luterana de Istambul


      Abortar, mascarar e submergir.

      Doravante essas palavras ecoarão em meu coração como uma canção de Satã. Abortar, mascarar e submergir. Muito simples e executável para alguém pacificado no centro de uma suíte refrigerada, vinte seguros andares acima da cidade, no hotel cinco estrelas Marmara Taksim.
      A cidade – Istambul. Constantinopla de vielas e Audis, do moderno e do antigo, encruzilhada de civilizações, encruzilhada da civilização.
      A missão fora gestada durante três meses. Todas as possibilidades pesadas, as variantes, as eventualidades. Basicamente um avançado sistema de direcionamento de mísseis, uma das muitas tecnologias que faltam ao país para dominar verdadeiramente a tecnologia aeroespacial. Para colocar melhor e também colocar melhores satélites em órbita. E, claro, construir melhores armas no processo.
      O país é o Brasil, eu sou ou era um agente da ABIN, divisão especial ASR, de Ações Sob Risco, nome insosso para o nosso incipiente serviço de operações estrangeiras.
      A tecnologia era iraniana – isso mesmo, iraniana. Estava à venda no mercado negro global, e alguém na inteligência brasileira avisou seus superiores, um deles achando por bem comprá-la.
      O encontro fora marcado pela Deep Web, a web negra e relativamente imune à bisbilhotice da NSA e outras agências de espionagem. Cinco milhões pela tecnologia, uma pechincha, mas o superior que mandou comprá-la teve problemas para arrumar a quantia. Brasil...
      O vendedor, pudemos apurar, era um dissidente religioso, cientista ligado à religião Fé Bahá’í, muito perseguida no Irã. Parece que o cara quis dar o troco, embora a religião, segundo palavras de nosso analista, ‘prime pelo pacifismo’. Bem, eu não sou psicólogo ou especialista em religiões comparadas, só cumpro missões. Um pacote em troca do dinheiro, troca rápida numa loja de tapetes, pacotes novamente trocados a 50 metros, para despiste, repassados 300 metros depois para outro agente, que pegaria o pacote a partir de um veículo em movimento.
      Os escolhidos fomos eu, Pip e Eric, a quem chamávamos de Chaparral, além de um outro elemento, franco-atirador da ABIN de Brasília, a quem eu não conhecia, e de codinome Lampião (na ASR, todos deveríamos adotar pseudônimos, nomes de guerra que deveriam ser usados nas operações.  Assim Marcelo virou Pip, e Eric, Chaparral. Eu, Sammis, virei Sam; sim, óbvio demais para um codinome que objetivava exatamente esconder minha identidade. Questionado por meu superior, quando da escolha do codinome, redargui: “Em nosso mundo, senhor, o óbvio é sempre o mais inacreditável.” Ele sorriu e não me perturbou mais sobre isso).
      Chaparral era agente experiente em ações e um exímio atirador, mas coube a Pip a função de primeiro elemento, por sua longa experiência no Oriente Médio e seu domínio do farsi e de línguas semíticas. Eu seria o elemento de meio, ou seja, pegaria o pacote das mãos de Pip e me dirigiria para uma rua próxima, passando o material para Chaparral, que de carro o levaria para o ponto de extração, onde três outros agentes aguardavam.  Coordenando a operação, o ex-delegado da PF Simeônides Faria, agora chefe de operações da ASR (segundo as más línguas, não por suas competências, que eram algumas, mas principalmente graças às suas boas relações com o partido no poder).
      Tudo que deveria ser discutido já o fora – o perigo de lidar com iranianos, o perigo de comprar tecnologias vetadas e monitoradas pelos americanos e suas vadias, o perigo de o serviço secreto turco ser alertado.
      Minha parte consistia em sair da estação de metrô no momento combinado, em meio à multidão do horário de rush, e andar em direção à loja. Pip sairia dela com o material, cruzaria comigo e trocaríamos de pastas, idênticas. Nossa cobertura era um único atirador, situado a uma distância grande demais – mas a única possível. E vulnerável, pois a ocultação de sua presença era problemática. Tudo precisava ser muito rápido.


      Já subindo as escadas, vindo da estação de metrô, pude ouvir os tiros e a multidão que corria em todas as direções, incapaz de atinar para a origem dos disparos. Instintivamente coloquei a mão na Glock sob meu paletó. Avaliei como pude o perímetro: nada, apenas pânico e terror. Fixei na loja à 50 metros, apressei o passo.
      Pip rompeu pela vidraça lateral da loja, com a pasta enfiada sob um dos braços. Caiu ao chão, imediatamente levantando-se e disparando para o interior. Um homem saiu pela porta, mas antes que pudesse fazer mira em Pip eu já lhe dera três tiros.
       – Pip! Por aqui!
       – Sam! O Mossad! Onde está o atirador???
      Notícia lúgubre, caindo como uma granada, não de estilhaços em chamas, mas de ecoante gelo em meio ao tiroteio. O serviço secreto de Israel, os melhores assassinos, não eram necessariamente nossos adversários, mas inimigos de morte dos iranianos. Mas também dos iranianos traidores? Ou talvez não soubessem? E onde estava nosso maldito atirador?
      Fugimos por entre a multidão, sendo perseguidos por um outro homem saído da loja e aparentemente outros três elementos, sendo dois homens e uma mulher.
      – Você foi seguido? –, perguntou Pip enquanto corríamos despistando nossos perseguidores.
       – Não  – respondi.
      –  Pois tome a pasta, siga para o ponto indicado, creio que somente a operação na loja foi comprometida.
      – Mas afinal o que houve lá?
      Após entrar na loja, ao avistar o cientista, cujas roupas batiam com a descrição combinada, Pip fez-lhe um sinal. Ele aproximou-se um tanto melindrado, e ambos trocaram os pacotes: a grande mala de dinheiro que Pip levava pela pequena pasta do iraniano. Imediatamente foram rendidos por um dos ‘vendedores’ da loja de tapetes, e um casal de ‘turistas’ que até então pareciam insuspeitamente observar as mercadorias. Pip entregara a mala a um dos turistas, mas aproveitando-se de um descuido da mulher, numa manobra envolvente agarrou-a por trás ao mesmo tempo em que segurava seu braço armado, direcionando o disparo instintivo dela para o abdômen de seu companheiro. Em seguida puxou-a para trás, e ambos caíram por trás de pilhas de tapete, fora da alça de tiro do elemento que disfarçara-se como vendedor. Pip sacou rapidamente sua arma, mesmo sendo acotovelado pela mulher, disparou à queima-roupa contra a nuca dela, levantando-se de um salto e disparando contra o vendedor. Iniciou-se a troca de tiros, e Pip aproveitou um momento de disparos que obrigou seu oponente a abrigar-se, para romper pela vidraça lateral. Percebera que era o Mossad pelo grito da mulher, no momento em que a agarrara: ela pediu, em hebraico, para seus companheiros atirarem neles dois.
      – O cientista estava lívido. Lívido demais, tremia demais – continuou Pip enquanto corríamos. – Ao vê-lo, soube logo que algo estava errado.
      Pip me deu a pasta, mas imediatamente aportaram à nossa frente outros dois agentes, de armas em punho. O plano de separar-nos fora comprometido também. Fomos obrigados a disparar em meio à multidão, pois os agentes dispararam contra nós.
      No novo pânico reinante, entramos por uma loja de carnes e saímos pelos fundos. Peguei a pasta, mas pedi a Pip para ignorar o protocolo e não nos separarmos. Aquela era a última missão dele, antes de ser realocado para a academia de formação de agentes, e ele já não era nenhum moleque. Ele refletiu por um momento, coisa rara nesses três anos em que atuamos juntos. E assentiu. Continuamos nossa fuga por uma rua contígua aos fundos da loja de carne, em direção à rua onde Chaparral passaria. Estávamos em cima da hora.
      Chegamos à rua atrasados, Chaparral acabara de passar, mas nos vira pelo retrovisor. Percebeu que acontecera algo, pois o plano era Pip fugir em outra direção, e eu chegar ao ponto de encontro sozinho. Mas era um bom agente, ou um idiota, dependendo de que lado e em que lugar está aquele que avalia.  Deu marcha à ré, e entramos no carro.
      – O Mossad apareceu, a operação foi comprometida. Mas temos a pasta. Atingimos três agentes deles.
      – Maldição! Já avisaram o ninho?
      – Ligarei agora.
      Liguei para o ninho, ou seja, para a suíte de onde nosso diretor coordenava a operação.
      – Anu voando para o ninho. A raposa atacou os pássaros, mas salvamos os ovinhos.
      – Onde você está, anu?  Como está a ninhada?
      – Completa e reunida, ninho. Migrando para o oceano neste momento.
      Houve um silêncio de oito ou nove segundos do outro lado, que psicologicamente durou como alguns minutos.
      – Abortar o voo, anu. Repito, abortar o voo. O oceano está poluído.
      – Mas como, ninho? Quais as instruções?
      – Operação comprometida. Abortar, mascarar e submergir. Repito: abortar, mascarar e submergir.
      Quedamos em silêncio enquanto Chaparral dirigia pelas ruas movimentadas de Istambul, agora indo em direção à parte nova da cidade.
Então fomos abalroados, por um furgão que surgiu de lugar nenhum avançando em direção à porta direita do veículo. Nosso carro fez menção de capotar, mas elevou-se como num cavalo-de-pau e caiu novamente. O lado abalroado era o lado de Pip (eu sentara-me no banco traseiro), que, sempre ágil, imediatamente começou a disparar contra o veículo agressor. Saltei do carro pelo lado esquerdo e disparei também, no que fomos brindados com mais tiros. A pasta, ela deveria estar com escutas ou um sinalizador. Que idiotas! A simples menção da palavra Mossad parece ter nos ‘emburrecido’ ou pior, inadmissivelmente apavorado, e nem nos perguntamos sobre a segurança da pasta.
      Chaparral saíra do carro, e juntos atravessamos a pista movimentada, saltando por sobre a mureta de concreto que separava as duas mãos da via, indo em direção a um pequeno conjunto de dutos de esgoto.
      – Algo está errado! O atirador não estava lá, mas antes de entrar na loja certifiquei-me à distância de sua presença e posição – disse Pip.
      Chaparral sangrava do ombro, logo ele que pouco participara dos tiroteios fora atingido.
      – Fujam, eu vou tentar atrasá-los. Estou com um mau pressentimento, não busquem auxílio diplomático ou da ASR, tentem sair do país por conta própria – disse Pip.
      – De maneira nenhuma, senhor! O senhor fugirá, eu fico para despistá-los. Deus, é sua última missão! – retorquiu Chaparral.
– Vão, idiotas! E não confiem em ninguém! Esses planos valem muito mais que cinco milhões. Talvez tenhamos sido vendidos!
      Outra estrofe da canção de Satã, de que falei no início deste relato, outro trecho que ele usaria em meus dias maus para me acordar e ver-me chorar a seco: “talvez tenhamos sido vendidos.”
      Isso explicaria o sumiço do atirador, os agentes do Mossad, o carro, e principalmente a forma como o diretor falara, sua frieza, seu quase “danem-se aí, idiotas”.
      E a escolha de Chaparral para esta missão... Chaparral caíra em desgraça diante do próprio diretor da Abin, por recusar-se a matar durante uma operação de queima. Coisa simples, em território nacional. Foram duas as ‘recusas’ consecutivas de Chaparral, e ele estava na ‘geladeira’. Por que fora enviado para este caldeirão fervente? Então o próprio diretor da ASR estaria envolvido? E por que não desconfiei dessa sujeira toda?
      Com Chaparral na retaguarda, seguimos os dutos em direção a uma bifurcação, seguida por um viaduto. Eu trazia a pasta, abrira-a ali, recolhendo os papéis, enfiando-os numa embalagem de biscoitos ou coisa parecida, que encontrara pelo chão, e desfazendo-me da pasta. Em seguida entramos por baixo do viaduto, correndo entre os carros.
      Ao sairmos do outro lado, outros perseguidores desceram de um Corolla prata e dispararam contra nós. Chaparral e eu saltamos para trás de veículos que passavam lentos no engarrafamento; Pip, que vinha atrás cobrindo nossa retaguarda, só teve tempo de virar-se para receber sua bala no peito.
      Mesmo ferido, Chaparral correra agachado entre os carros, rapidamente pondo-se em posição de flanquear nossos oponentes. Percebi sua intenção, e Pip não gostaria que eu fizesse algo diferente: levantei-me disparando com tudo que podia, dando cobertura à manobra de Chaparral. E ele emergiu quinze metros além de onde estávamos, exatamente na lateral dos atiradores, que foram alvejados rapidamente.         
      Algo grande e ruim estava em andamento, eram muitos opositores, ATÉ MESMO PARA A CAPTURA DE UM PLANO DE DIRECIONAMENTO DE MÍSSEIS. Abaixado sobre Pip, segurei em sua mão: não conseguia falar mais nada, meu amigo e mentor partia impedido de sua última palavra.  
      Maldito trabalho, maldito dia em que deixei a polícia para entrar neste lodaçal. Ao menos como policial eu morreria em casa, e não do outro lado hostil do oceano.
      – Sam! Fuja para o metrô, eu irei em direção ao porto! Vamos submergir!
      – Está bem! Tome cuidado! Lembra daquele dia no Panamá, os contêineres de carne? Tente fugir da mesma forma!
      Corri em direção à estação de metrô. Sirenes tomavam de assalto os ouvidos; ambulâncias, bombeiros, policiais em suas viaturas brancas com faixas azuis onde se lia um agora onipresente POLIS completavam a medida de nossos olhos. E mais disparos.
      Enquanto corria, subi no capô de um carro para observar. A polícia atirava contra Chaparral, que correra na pior direção, em sentido contrário ao tráfego, dando de cara com as viaturas. Ele não se renderia, ele tinha aquela coisa idiota e romântica do espião, sempre sonhara com esse trabalho de merda. Morreria atirando, esfaqueando, mordendo se pudesse. Morreria com aquele sorriso de deboche, aquele sorriso que me fazia sempre confiar em sua coragem. Agora estava sozinho.
      No metrô eu ficaria encurralado como um rato, as estações poderiam simplesmente ser bloqueadas. Precisava de uma outra saída.
      Em nossa profissão maldita, o óbvio é o mais inacreditável. Andando apressado entre um conjunto de edifícios comerciais, li uma inscrição em turco, Istanbul Luteryen Kilisesi, que nada me disse, mas logo abaixo ela tinha a legenda, em letras menores, agora inteligíveis pelo meu regular alemão: Istanbul-Lutherischen Kirche, Igreja Luterana de Istambul.
      A última vez em que entrara numa igreja fora antes de assassinar o primeiro homem, em minha primeira operação pela ABIN, na cidade paraguaia de Hernandarias. Naquela operação vi que não poderia conciliar minha fé e minha profissão, embora tantos o façam. Instintivamente sabia que cristão algum deveria portar armas, mas até ali tentava contextualizar, meu pastor era policial militar, eu fora um, e havia outros tantos. Grande lástima, são idiotas mentindo para si mesmos e para idiotas. Mas não existe um Deus idiota, um Deus que possa ser engabelado. E como mentir para mim mesmo? Abandonei a fé, lutei com todas as minhas forças para deixar de pensar nela, deixar de torturar-me por matar, por torturar, por mentir por profissão e interesse.
      Agora, cinco anos depois, exausto num país muçulmano, uma casa de Deus é tudo o que eu tenho para abrigar-me, tudo o que eu tenho para dar esconderijo às minhas mentiras e armas. Deus, que caminho tomei, que caminho tomei...
      Eram já dezoito e quinze. Algumas pessoas estavam assentadas nos bancos; um homem à porta me observou a entrar e veio abraçar-me, numa saudação tipicamente turca. Ele percebeu meu constrangimento ao abraçá-lo, mas não era por timidez ou por estar suado e fedendo: tentava evitar que ele sentisse a arma sob meu paletó.
      Sentei-me na penúltima fileira de bancos, do lado direito. Ajeitei a gola, abaixei a cabeça. Ficaria ali até terminar o culto, eventualmente iria ao banheiro e lá tentaria encontrar um espaço ou local onde pudesse esconder-me em silêncio até o dia seguinte. Ou solicitaria abrigo ao pastor, me faria de mendigo ou imigrante em trânsito para a Europa. Falava apenas alemão e inglês; torci para que ele pregasse em alemão e não em ou não apenas em turco.
      Após longos vinte e sete minutos, um jovem achegou-se ao púlpito e proferiu algumas palavras em alemão. Em seguida chamou um grupo de três mulheres, duas senhoras e uma jovem, as quais cantaram. Eles não usavam microfones nem aparelhagem alguma de som, e convidaram todos os presentes a se achegarem para os primeiros bancos, para que pudessem ouvir melhor o culto. Declinei do convite com um aceno de mão, e com alívio percebi que outros dois homens declinaram também.
      Enquanto cantavam, pus-me a refletir não sobre aquele dia miserável, mas sobre a coletânea de misérias que me levaram até ali. Minhas escolhas, minha carreira, minhas ‘conquistas’, cujos prêmios eram meus dois amigos mortos, cujo prêmio fora uma traição, cujo prêmio fora estar sendo procurado por serviços secretos de no mínimo três países. Sim, eram comendas, minhas medalhas de lata: Semi, sub vivo, sozinho e longe de todos que conhecia.
      Era o fim da festa e eu estava nu: Um abortado, um mascarado, um submerso no inferno que a vida tinha pra oferecer. Que tal? Escolhi viver pela espada: Cristo disse que morrerei pela espada. Por que não me levanto de uma vez e vou lá para fora ser morto por israelenses, turcos ou brasileiros que vendem brasileiros?
      Um senhor subiu ao púlpito, todos se levantaram. Levantei-me também. Ele procurou por instantes um trecho em sua Bíblia, e começou a ler.
      Se você é ou já foi um cristão, notadamente um cristão evangélico, deve estar familiarizado com o fato de que Deus fala poderosamente em momentos assim. São mesmo os momentos eleitos. Em meu coração imaginava que Ele não perderia a oportunidade, e faria o homem pregar sobre algo como as agruras do filho pródigo. Mas o Deus-que-não-desiste foi ainda além: o trecho lido era de Gênesis 37, versículos 12 a 36. José sendo lançado num poço, e depois vendido por seus irmãos. Esperava por acusação; ouviria o relato sobre o sacrifício de um inocente, a traição e o degredo.
      Eis-me no poço, eis onde todas as minhas boas intenções me trouxeram. Como li certa vez, e jamais me esqueci: todos os caminhos levam ao tribunal de Cristo. Não sou o fiel José, sou um qualquer que trocou Cristo pela fruição que o mundo apostou na mesa, aposta que ele me fez vencer, e que ele venceu: seria eu homem o suficiente para transformar essa situação, esse literal fundo do poço, em algo benéfico para mim, para mais alguém?
      Esforçando-me para compreender a mensagem, pensava também no que faria. Poderia tentar voltar ao Brasil, descobrir o que acontecera, vingar-me se possível e caso os fatos realmente concretizassem nossas suspeitas. Mas nesse caso, as chances de eu ser morto, no Brasil ou a caminho, eram incomparavelmente maiores.
      Tinha o dinheiro, a conta secreta em Luxemburgo. O falsário em Marselha, especializado em documentos sul-americanos. Ele poderia confeccionar-me documentos de fina falsificação, e dali eu poderia tentar recomeçar, como o filho de Jacó, num ‘Egito’ a escolher, embora com o vingativo Mossad e outros em meu encalço.
      Poderia também jogar alto no velho jogo sujo: tentar revender no mercado os papéis (que tipo de cientista idiota não digitalizaria isso? Medo do poder rastreador (on e off line) da NSA? Das novas granadas de pulso eletromagnético, que se dizia que os americanos já possuíam, e eram capazes de apagar informações de discos rígidos, pendrives e, claro, inutilizar quaisquer parafernálias eletrônicas?). Ou poderia, mesmo traído por parte de meus ‘irmãos’, de alguma forma entregar a tecnologia ao Brasil, dar-lhes o tão almejado trigo. Como José.
      De lapsos em lapsos, deixava de prestar atenção no sermão para juntar os cacos de ideias e traçar meus planos, sempre três, o velho A, B, C. Como em tantas outras vezes, mas agora de uma maneira anabolizada, o tempo oferecia-se como meu inimigo, ou só mais um deles, só mais um dos gigantes que me encurralavam. Defini as três opções.
      O plano A: sair da Turquia, entregar os papéis nalguma representação diplomática num dos países circunvizinhos (três cópias entregues em representações brasileiras em três países diferentes), sacar o dinheiro em Luxemburgo, providenciar documentos falsos, e seguir a sina do traidor, fazer o que fazem traidores quando descobertos: mascarar & submergir, abrigar-me nas sombras. E tentar fazer o que tantos e tantos traidores não tiveram oportunidade, tempo hábil, a singeleza da coragem: Abandonado pelos meus mas abalroado por uma nova chance, encontrar um lugar seguro e voltar para o aprisco deste Deus que não trai. E viver em paz com todos, se possível for.
      O plano B era a direta antítese do A: Simplesmente alcançar de uma vez o fim merecido, o fim dos que vivem pela espada. Sim, abandonar a igreja e ir para fora combater meus perseguidores. Disparar com o abrasante prazer da fúria cada tiro, os tiros derradeiros de minha perícia, e fruir sua doce canção; e tombar no chão sarraceno como meus amigos.
      Se a política é o jogo sujo por natureza, a geopolítica é o poker dos satanases. Quanto ao Brasil, os partidos no governo mudam, mas meu país nunca teve arroubos imperialistas; possui mesmo uma divertida, embora nobre, inabilidade para a vilania. Porém precisa defender-se, defender-se dos chacais. Precisa de informação, o tipo de poder mais básico, molecular, elementar. O plano C seria então um complemento do A; ou melhor, de meu plano de redenção e de meu plano de perdição, seria a síntese: Pois eu posso conseguir informação. É o que sei fazer de melhor. Agora livre das amarras institucionais, que, embora poucas, sempre foram algo sufocante nesse ramo, posso oferecer minha vida em holocausto, e militar até o último suspiro, até que o Mossad ou qualquer me alcance. Ajudando meu país de dentro das sombras. De dentro do Egito. E mais, posso ajudar nações miseráveis a identificar seus inimigos, seus exploradores e manipuladores. Seguir de uma outra maneira a trilha de Assange, de Snowden.
      E retornar ao aprisco. Sim, doravante ninguém me forçará a matar; e espero nunca mais ter que matar. Ah!!! Como um homem pode ser idealista quando está prestes a ser eliminado! Oh Deus, que maldita vida a minha! Tenha misericórdia deste porco, desse saco de ossos angustiados...  
      Sei que é uma proposta a mais miserável, e fácil de ser feita aqui, novamente num banco de igreja, novamente encurralado, novamente no poço. Tudo que tenho é esse resto de vida, e esse ofício amaldiçoado. Mas se é Tua vontade, usa, Senhor, meu dom miserável para promover justiça na terra...
      Se essa pregação é mesmo para mim, se sou o José vendido, se foi Tua mão o que lá fora distorceu as probabilidades para me fazer sobreviver, preciso então ir para fora, encontrar minha posição no tabuleiro, no Egito tão grande em deserto e dor. E reassumir o controle.

      Mas antes o primeiro passo, preciso escalar esse poço em que fui por meus irmãos abortado, mascarado, submerso. Preciso sobreviver.

Sammis Reachers

Conto do livro O Pequeno Livro dos Mortos (Editora Letras e Versos, 96 págs., R$ 20,00). Para saber como adquirir, escreva para  sreachers@gmail.com