O Arrependimento. Tela de Domenico Fetti (Roma, 1589 † Veneza, 1623) |
Eliseu Antonio Gomes
Maria Madalena, discípula de Jesus, era uma mulher extraordinária, amável e dedicada ao Senhor em sua vida, morte e ressurreição. Os autores dos quatro Evangelhos identificam-na como uma das mais fervorosas seguidores de Jesus, pessoa intrépida e testemunha ocular essencial dos momentos mais marcantes da vida de Cristo.
Não se sabe se "Madalena" era seu sobrenome ou se representa Magdala, uma vila no litoral oeste da Galileia, três a cinco quilômetros de Tiberíades, local que provavelmente teria nascido.
Ela é mencionada em nove listas de mulheres que seguiam Jesus e encabeça oito delas, o que sugere que talvez exercesse a posição de liderança do grupo feminino das seguidoras de Cristo (Mateus 27.55, 56, 61; e 28.1; Marcos 15.40, 41, 47; e 16.1; Lucas 8.1-3; e 24.10; João 19.25).
Ela é mencionada em nove listas de mulheres que seguiam Jesus e encabeça oito delas, o que sugere que talvez exercesse a posição de liderança do grupo feminino das seguidoras de Cristo (Mateus 27.55, 56, 61; e 28.1; Marcos 15.40, 41, 47; e 16.1; Lucas 8.1-3; e 24.10; João 19.25).
Alguns acreditam que ela é a mulher, que ungiu os pés de Cristo e os enxugou com seus cabelos, citada em Lucas 7.37-50. É improvável, pois Lucas não a apresentaria nominalmente no capítulo 8, se realmente relatasse sobre ela no capítulo anterior. De igual modo, não há razão para pensar que tivesse vivido como prostituta em seu passado baseando-se no fato de ser liberta de sete possessões malignas. Em 591, o Papa Gregório afirmou que Maria Madalena era uma prostituta, e este erro sobre o estilo de vida dela, antes de conhecer Jesus, permanece na mente de muitos até os dias de hoje.
Jesus expeliu sete demônios de Maria Madalena
Referências textuais: Marcos 16.9; Lucas 8.2-3.
Antes de conhecer Jesus, o coração de Maria Madalena era reduto das forças malignas. As Escrituras não informam como foi possuída por demônios, quanto tempo viveu nesta circunstância desesperadora e como teve um encontrou com Cristo. Sabemos que sua vida era socialmente perturbada. Pode ter havido momentos estranhos, gritado muito e brigado com sua família por motivos banais, afastado todas as pessoas que tentassem ajudá-la, se atirado pelo chão, espumado pela boca, sofrido convulsões, exibido publicamente o corpo como fez o endemoninhado gadareno.
Sabemos que nenhum endemoninhado recorreu a Jesus em busca de ajuda, apenas os enfermos o procuravam. Normalmente, outro indivíduo recorria a Jesus para libertar parentes ou amigos vítimas de possessão. Às vezes, Jesus intervinha sem ser solicitado.
Não está escrito na Bíblia, mas de acordo com o contexto sobre possessões malignas, a história de Maria Madalena é a de o Pastor que foi atrás da ovelha e não o contrário. Sua existência inútil e autodestrutiva se transformou em uma vida cheia de graça a partir do momento em que Jesus a socorreu, restituiu sua capacidade de raciocinar com clareza e libertou-a do cativeiro demoníaco. Após liberta, em vez de despedir, Jesus a levou para junto de seus discípulos e ela passou a integrar o privilegiado grupo de mulheres da Galileia, que juntamente com os doze discípulos, caminhavam ao lado do Senhor de cidade em cidade.
Não está escrito na Bíblia, mas de acordo com o contexto sobre possessões malignas, a história de Maria Madalena é a de o Pastor que foi atrás da ovelha e não o contrário. Sua existência inútil e autodestrutiva se transformou em uma vida cheia de graça a partir do momento em que Jesus a socorreu, restituiu sua capacidade de raciocinar com clareza e libertou-a do cativeiro demoníaco. Após liberta, em vez de despedir, Jesus a levou para junto de seus discípulos e ela passou a integrar o privilegiado grupo de mulheres da Galileia, que juntamente com os doze discípulos, caminhavam ao lado do Senhor de cidade em cidade.
Magdala, às margens do Mar da Galileia. Foto de Daniel B. Sheep em 1894. Wikipedia |
Maria Madalena, a servidora
Referências textuais: Mateus 27.55; Lucas 8.1-3; Marcos 15.40-41.
Jesus, acompanhado por seus discípulos por diversas cidades, por um período breve de três anos de evangelismo, anunciava a salvação, curava os enfermos, libertava as almas cativas das trevas. Eles não tinham grandes recursos para a própria sustentação financeira durante toda aquela extensa missão, que demandava constantes viagens, pois se concentravam todo o tempo em benefício da obra espiritual. Os gastos com a alimentação, com a lavagem e a manutenção das suas roupas, e com a pousada, implicava em custos consideráveis. Então, Deus preparou corações voluntários; havia a ajuda e a hospitalidade de pessoas solidárias, e assim o ministério terreno de Jesus alcançou êxito pleno.
Entre as pessoas que comprovaram ter engajamento com a causa de Jesus, estão algumas mulheres, como Maria Madalena e Joana, apesar de que muitas outras também tenham colaborado nessa assistência e trabalho significativo para a subsistência de Jesus e seus discípulos. Elas se empenharam em servi-lo porque estavam extraordinariamente gratas pelas bênçãos que lhes foram concedidas por Jesus, transformaram gratidão em ação, como deveriam fazer todos aqueles que Ele abençoa com a sua salvação.
Maria Madalena, nos episódios de tortura, julgamento, crucificação e morte
Nos episódios da crucificação, Maria Madalena deve ter se sentido totalmente confusa. Deve ter ouvido os diálogos tensos entre seu Mestre e os líderes religiosos. Jesus estava calado, não oferecia resistência aos que o maltratavam verbal e fisicamente. Os acontecimentos trágicos se desenrolavam sem que pudesse interrompê-los. Devota, ela e as mulheres da Galileia se arriscaram ao acompanharem o julgamento e os sofrimentos de Cristo, pois o ambiente era hostil e violento, principalmente aos que se identificavam com o Mestre (Mateus 27.45-56; João 19.25; Lucas 23.55). Apesar de tudo, elas permaneceram próximas ao Senhor até o terrível momento da crucificação e testemunharam sua morte (João 20.15-16).
Enquanto os discípulos fugiam e se escondiam, Maria Madalena ficou para trás para observar onde José de Arimateia o sepultaria (Marcos 15.44-45), pois planejava ungir o corpo de Jesus com especiarias e perfumes (Lucas 23.56).
A bem da verdade, mesmo que os discípulos tenham entrado em pânico quando Jesus se recusou a revidar os ataques, não entendessem que aquele momento era o clímax da Obra da Redenção, é preciso considerar que depois de tudo acontecido eles não omitiram a extraordinária coragem feminina neste episódio e não tentaram justificar a conduta vacilante. Eles registraram suas ações covardes e a valentia das seguidoras de Cristo nos Evangelhos.
O relato bíblico sobre Maria Madalena no episódio da ressurreição
A crucificação de Jesus Cristo. Maria Madalena é uma das testemunhas oculares da morte do Salvador. Fonte: FreeBibleImages.org |
O relato bíblico sobre Maria Madalena no episódio da ressurreição
Referências textuais: Mateus 28.1-10; Marcos 16.1-10; Lucas 24.1-10; João 20.1-18.
Maria Madalena é figura proeminente no episódio da ressurreição.
Ainda era madrugada de domingo, o sol nem havia nascido quando as mulheres chegaram ao túmulo de Jesus, que julgavam ainda estivesse morto. Elas tinham o propósito de ungir o seu corpo, realizarem o ritual de preparação de cadáver, como era costume entre os judeus, pois isso não havia sido feito antes do sepultamento por causa da chegada do sábado. Ali, foram surpreendidas ao verem que a pedra usada para fechar o túmulo havia sido removida e encontrarem um anjo, anunciado-lhes a ressurreição de Jesus.
Ainda era madrugada de domingo, o sol nem havia nascido quando as mulheres chegaram ao túmulo de Jesus, que julgavam ainda estivesse morto. Elas tinham o propósito de ungir o seu corpo, realizarem o ritual de preparação de cadáver, como era costume entre os judeus, pois isso não havia sido feito antes do sepultamento por causa da chegada do sábado. Ali, foram surpreendidas ao verem que a pedra usada para fechar o túmulo havia sido removida e encontrarem um anjo, anunciado-lhes a ressurreição de Jesus.
Pequenas diferenças ocorrem nos relatos sobre a chegada das mulheres no sepulcro. Maria Madalena acompanhou as outras mulheres, porém, conforme o relato de João nos versículos 1 e 2, em determinada altura do caminho deve ter seguido em passos mais rápidos que suas companheiras e chegou em primeiro lugar ao túmulo. Marcos (16.9) diz que Cristo apareceu primeiramente para Maria Madalena. Quando ela tomou ciência dos fatos, procurou a Pedro e ao discípulo amado e contou o que havia acontecido e depois foi alcançada pelas outras mulheres.
Depois disso, Maria Madalena retornou em companhia de Pedro e do discípulo amado e permaneceu ali chorando quando todos se foram. Não estava em condições de entender como aquEle que podia curar e ressuscitar pessoas, não salvou a si mesmo. Então, em meio ao desespero por ter encontrado o túmulo dEle vazio, pensando não restar nada mais a fazer, um dos dois anjos que apareceram ali perguntou-lhe qual era a razão das lágrimas, Maria Madalena quis saber sobre o paradeiro do corpo do Senhor (João 21.11-15). De súbito, no momento de sua intensa emoção, Cristo se fez presente, exclusivamente para ela, mas ela pensou que fosse o jardineiro. Só após Cristo gentilmente chamá-la pronunciando seu nome é que ela o reconheceu. Assim, estando pessoalmente com o Salvador, Maria Madalena é confortada pelo próprio Cristo ressurreto e depois da conversa conta aos discípulos que havia visto Jesus vivo (João 20.18).
O perfil falso de Maria Madalena (Bíblia não descreve)
Gente sem nenhum compromisso com o conteúdo da Palavra de Deus, faz interpretações sem respaldo bíblico sobre a biografia de Maria Madalena.
Feministas, com o suposto pretexto de elucidar quem realmente era a discípula de Jesus Cristo, descontentes com a identidade que a Bíblia apresenta, extraindo e distorcendo textos do Novo Testamento e também usando antigos textos extra-bíblicos - como o Evangelho de Filipe e o Evangelho de Maria Madalena - afirmam que Maria Madalena era a líder escolhida para a Igreja. Além disso, afirmam que ela seria esposa de Jesus e mãe de um filho dEle.
O Código da Vinci, livro de autoria de Dan Brown, veiculou essas ideias equivocadas e alcançou enorme sucesso, inclusive através de uma adaptação ao cinema, filme produzido em Hollywood com atores consagrados na indústria cinematográfica. O enredo de Brown afirma, entre outras heresias, que o apóstolo amado não era João, o evangelista, mas Maria Madalena.
Roney Mara no papel de Maria Madalena
No próximo dia 15 de março, estreia nas telas de cinema do Brasil, o filme Maria Madalena, do diretor australiano Garth Davis e das roteiristas Helen Edmundson e Philippa Goslett. O longa conta com Rooney Mara, duas vezes indicada ao Oscar, como a atriz protagonista do filme; Joaquin Phoenix na pele de Jesus e Chiwetel Ejiofor como apóstolo Pedro. É produzido pela empresa 360 WayUp, conhecida por apresentar grandes projetos no mercado cristão cinematográfico, e distribuído pelos estúdios Universal Pictures France.
Segundo o marketing dessa produção, a personagem central é a figura de uma mulher corajosa, temente a Deus, que se transforma em alguém melhor ao caminhar com o Senhor, a personagem desafia a sociedade retrógrada da época a se juntar a Jesus em sua jornada para espalhar a Palavra de Deus. E as mulheres da sociedade atual, acostumadas a tomarem decisões, situadas em posições nunca antes conquistadas nos âmbitos políticos e econômicos, se sentirão representadas por ela.
Só nos resta saber se o roteiro é ou não fiel aos relatos da Bíblia Sagrada.
Conclusão
Apesar do equívoco de interpretação dos textos bíblicos que muitos fazem sobre a identidade de Maria Madalena, sem dúvida alguma ela é uma das mulheres mais importantes do Novo Testamento. Entre todas que conheceram Jesus Cristo pessoalmente, apenas Maria de Nazaré é citada mais vezes que ela. Na galeria bíblica de exemplos femininos, seria uma perda irreparável não haver seu nome na lista. Aos estudiosos e propagadores do conteúdo da Bíblia, é um grande erro desprezar o estudo sobre esta mulher.
Maria Madalena, depois de ser libertada por Cristo da condição de escrava de sete demônios, servir ao Senhor por livre e espontânea vontade, sentir a dor de vê-lo preso, acusado injustamente, torturado, crucificado e morrer na cruz, foi a primeira testemunha ocular do surgimento do cristianismo no mundo.
E.A.G.
Gli amici di Gesù. Coprodução: Alemanha e Itália (2000). Atriz Maria Grazia Cucinotta vive Maria Madalena. Roteiro sem fidelidade às Escrituras Sagradas. |
Gente sem nenhum compromisso com o conteúdo da Palavra de Deus, faz interpretações sem respaldo bíblico sobre a biografia de Maria Madalena.
Feministas, com o suposto pretexto de elucidar quem realmente era a discípula de Jesus Cristo, descontentes com a identidade que a Bíblia apresenta, extraindo e distorcendo textos do Novo Testamento e também usando antigos textos extra-bíblicos - como o Evangelho de Filipe e o Evangelho de Maria Madalena - afirmam que Maria Madalena era a líder escolhida para a Igreja. Além disso, afirmam que ela seria esposa de Jesus e mãe de um filho dEle.
O Código da Vinci, livro de autoria de Dan Brown, veiculou essas ideias equivocadas e alcançou enorme sucesso, inclusive através de uma adaptação ao cinema, filme produzido em Hollywood com atores consagrados na indústria cinematográfica. O enredo de Brown afirma, entre outras heresias, que o apóstolo amado não era João, o evangelista, mas Maria Madalena.
Roney Mara no papel de Maria Madalena
No próximo dia 15 de março, estreia nas telas de cinema do Brasil, o filme Maria Madalena, do diretor australiano Garth Davis e das roteiristas Helen Edmundson e Philippa Goslett. O longa conta com Rooney Mara, duas vezes indicada ao Oscar, como a atriz protagonista do filme; Joaquin Phoenix na pele de Jesus e Chiwetel Ejiofor como apóstolo Pedro. É produzido pela empresa 360 WayUp, conhecida por apresentar grandes projetos no mercado cristão cinematográfico, e distribuído pelos estúdios Universal Pictures France.
Segundo o marketing dessa produção, a personagem central é a figura de uma mulher corajosa, temente a Deus, que se transforma em alguém melhor ao caminhar com o Senhor, a personagem desafia a sociedade retrógrada da época a se juntar a Jesus em sua jornada para espalhar a Palavra de Deus. E as mulheres da sociedade atual, acostumadas a tomarem decisões, situadas em posições nunca antes conquistadas nos âmbitos políticos e econômicos, se sentirão representadas por ela.
Só nos resta saber se o roteiro é ou não fiel aos relatos da Bíblia Sagrada.
Conclusão
Apesar do equívoco de interpretação dos textos bíblicos que muitos fazem sobre a identidade de Maria Madalena, sem dúvida alguma ela é uma das mulheres mais importantes do Novo Testamento. Entre todas que conheceram Jesus Cristo pessoalmente, apenas Maria de Nazaré é citada mais vezes que ela. Na galeria bíblica de exemplos femininos, seria uma perda irreparável não haver seu nome na lista. Aos estudiosos e propagadores do conteúdo da Bíblia, é um grande erro desprezar o estudo sobre esta mulher.
Maria Madalena, depois de ser libertada por Cristo da condição de escrava de sete demônios, servir ao Senhor por livre e espontânea vontade, sentir a dor de vê-lo preso, acusado injustamente, torturado, crucificado e morrer na cruz, foi a primeira testemunha ocular do surgimento do cristianismo no mundo.
E.A.G.
Compilações:
A Bíblia de Estudo da Mulher Sábia, páginas 1043, 1062 e 1063, edição 2016, Várzea Paulista - SP (Casa Publicadora Paulista).
Histórias de Mulheres da Bíblia, Eva Mündlen, páginas 119 e 120, edição 2010, Barueri - SP (Sociedade Bíblica do Brasil).
Mulheres Esquecidas da Bíblia - Encontre força e sentido em suas histórias, Carolyn James, páginas 195, 196, 197, 199, 204, edição 207, São Paulo- SP (Editora Vida)
Histórias de Mulheres da Bíblia, Eva Mündlen, páginas 119 e 120, edição 2010, Barueri - SP (Sociedade Bíblica do Brasil).
Mulheres Esquecidas da Bíblia - Encontre força e sentido em suas histórias, Carolyn James, páginas 195, 196, 197, 199, 204, edição 207, São Paulo- SP (Editora Vida)
O Novo Dicionário da Bíblia, volume 2, páginas 1006 e 1007, 4ª edição 1981, São Paulo- SP (Edições Vida Nova).
Quem é Quem na Bíblia Sagrada - A história de todas as personagens da Bíblia, editado por Paul Gardner, páginas 437 e 438, 19ª impressão 2015, São Paulo - SP (Editora Vida).