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segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

A Teologia de Eliú - o sofrimento é uma correção divina?

Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

O nome Eliú é hebraico e significa "Ele é Deus" ou "Ele é o meu Deus". Era o mais jovem dos amigos de Jó (32.2-6;  32.2-6; 35; e 36). 

Eliú surge no livro de modo inesperado, quando parecia que o debate teria um desfecho (32.15). Ele não é mencionado além desta aparição, nem sequer quando Deus pronuncia seu veredito sobre Elifaz e seus amigos (42.7). Tal situação leva alguns a pensarem que o conteúdo seria um adendo inserido no livro pelo autor, com o propósito de acrescentar algumas coisas à série de discussões.

A longa intervenção de Eliú interrompe a continuidade do poema. O desafio lançado por Jó (31.35-37) aguardava a resposta de Deus, que só é vista no capítulo 38. Eliú argumenta dizendo que Jó tentava justificar-se aos olhos de Deus. Ao fazer isso, Eliú demonstrou pensar que estava acima de todos os demais naquele debate teológico.

I - O SOFRIMENTO COMO UMA FORMA DE REVELAR DEUS

1. Deus é soberano

Por que Deus é soberano? Porque Ele é um ser onipotente, onisciente e onipresente.

Em sua onipotência, Deus faz tudo o que lhe apraz sem que suas ações ocorram em contrário à sua natureza justa e bondosa. Tal característica está registrada nas Escrituras Sagradas. Encontramos as expressões do seu poder infinito nas seguintes referências: Gênesis 1.1; Jó 26.14; Salmos 62.11; 89.8-13; Jeremias 10.12-13; Mateus 19.26;  Romanos 4.27; 8.31.

A onisciência de Deus, admirável atributo exclusivo da sua divindade, abrange todas as coisas. Engloba o passado, o presente e o futuro. Ele tudo sabe, contudo não interfere sobre a liberdade de escolhas do ser humano. A onisciência divina é claramente afirmada pelas Escrituras: Jó 34.21-22; Salmos 139.1-4, 12; e 147.5; Atos 15.18; Hebreus 4.13.

Por meio de sua onisciência, Deus é capaz de manifestar sua presença em todos os locais ao mesmo tempo. Não há outro ser capaz de estar presente simultaneamente em todos os lugares. O centro de Deus está em todo o espaço e nele não há circunferência limitadora. Através da onisciência, Deus manifesta sua justiça, bondade e sabedoria. Salmos 139.7-10; Provérbios 15.3; Amós 9.2-3; Atos 17.28; Efésios 1.23.

Como soberano, Deus pode se revelar e falar por meio do sofrimento. Ainda que Deus seja soberano no que diz respeito a tudo, o ser humano é responsável pelos seus próprios atos. Em sua soberania, Deus pode manifestar-se em períodos de grande aflição de espírito, padecimento físico, dificuldades diversas. Junto com a prova o Senhor fornece a estrutura para suportar a adversidade e meios de escapes, pois ama os aflitos e não sente alegria alguma ao presenciar pessoas sofrendo. Ver 1 Corintios 10.13.

2. O orgulho do homem priva-o de ouvir Deus

O orgulho humano é um obstáculo que dificulta ouvir a Deus. Quando uma pessoa fica cheia de si mesma, está muito próximo de seu tombo. Não é em vão o alerta em Provérbios 16.18: "Antes da ruína vem a soberba, e o espírito orgulhoso precede a queda". A caída pode ser literal ou apenas figurativa. Perder ou diminuir prestígio, experimentar a decadência financeira e a cessação de influência em grupo podem ser tristezas pequenas se fizermos a comparação com a queda espiritual. "Aquele que pensa estar em pé veja que não caia" (1 Coríntios 10.12). 

Todo aquele que acredita que é possível viver muito bem sem ouvir a Deus está fadado ao fracasso. Exemplos não faltam. Tal atitude de arrogância provocou a Queda no Éden, fez Sara e Abraão tentarem contornar o problema da infertilidade com a presença de Agar. Etc. O orgulho nos torna cegos e surdos espirituais. Somos chamados a viver em humildade, a manter a confiança em Deus e a crer que Ele cumpri todas as promessas que empenha (Provérbios 3.5-6).

3. Uma ponderação importante

A oração é a melhor opção para vencer as provações, pois é a maneira de o espírito humano conectar-se ao Espírito Santo de Deus. Ao orar, consentimos com Deus nas suas realizações, colocamos a nossa fé em ação e atacamos o maligno.

Na Bíblia Sagrada, a oração é descrita como:

Invocar o nome do Senhor (Gênesis 4.26);

Invocar a Deus (Salmo 17.6);

Levantar a alma ao Senhor (Salmo 25.1)

Buscar ao Senhor (Isaías 55.6);

Aproximar-se do trono da graça (Hebreus 4.16);

Chegar perto de Deus (10.22).

Em momentos de aflição, muitas vezes Davi orou pedindo livramento; em profunda agonia, Jesus orou intensamente no Monte das Oliveiras (Salmos  119.153; Lucas 22.44).

II - O SOFRIMENTO COMO MEIO DE REVELAR  A JUSTIÇA E A SOBERANIA DE DEUS

1. A justiça de Deus demonstrada

Em sua soberania, Deus não exerce justiça desprovida de amor. Ele é justo e também misericordioso. O amor do Senhor é a base do plano divino para salvar o homem do pecado.

O Pai Eterno não é um carregador de malas, dizem alguns teólogos. É verdade. Mas qual pai amoroso, ou mãe afetuosa, permite que seus filhos arrastem bagagens pesadas, os vê cansados pedindo socorro e tapa seus ouvidos? É verdade que o  Pai Eterno não é o gênio da lâmpada de Aladim. Mas também é verdade que Isaías o descreve como um Deus cujas mãos estão estendidas para nos socorrer, um Deus cujos ouvidos estão atentos para as nossas orações. O profeta nos alerta que a vida em iniquidade e pecado impede o agir bondoso de Deus em favor do ser humano (Isaías 59.1-2).

2. O caráter justo e Deus

Deus não tem prazer no sofrimento, usa-o como meio para salvar o pecador. Os momentos de dificuldades são ocasiões de desenvolvimento das capacidades intelectuais, morais e espirituais. Ao sofrer a pessoa que está no pecado desperta de sua letargia espiritual, em meio à tormenta consegue perceber o valor da adoração e vida em comunhão com o Criador.

"Vocês pensam que eu tenho prazer na morte do ímpio? - diz o Senhor Deus. Não desejo eu muito mais que ele se converta dos seus caminhos e viva? (...) Livrem-se de todas as transgressões que vocês cometeram e façam para vocês um coração novo e um espírito novo. Por que vocês haveriam de morrer, ó casa de Israel? Eu não tenho prazer na morte de ninguém, diz o Senhor Deus. Portanto, convertam-se e vivam." (Ezequiel 18.23, 31-32).

"O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a julguem demorada. Pelo contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento" - 2 Pedro 3.9).

3. A defesa da soberania de Deus

A soberania de Deus faz parte dos seus atributos absolutos, ou seja, pertence somente a Ele. "Pois o Senhor, o Deus de vocês, é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e temível, que não trata as pessoas com parcialidade, nem aceita suborno" (Deuteronômio 10.17).

Eliú enfatiza em seu discurso que é a criatura que depende do Criador e não o contrário (Jó 34.13-15). É um fato incontestável que o Senhor é maior do que o homem e não precisa dar contas de seus atos, porém, em sua superioridade quer dar-se a conhecer pelo homem. O Soberano tem enorme satisfação em que seus servos o conheçam que rejeitar tal conhecimento é o mesmo que rejeitá-lo (Isaías 1.2-3). Ele revelou-se no Éden, através da encarnação de Jesus, se revela continuamente por meio da criação, por intermédio das Escrituras Sagradas, e, diariamente, está pronto para revelar-se a todos nós executando a sua bondade. 

Não é sem um bom propósito que está escrito: "Agrade-se do Senhor, e ele satisfará os desejos do seu coração" (Salmo 37.5). Deus não se cansa de manifestar sua providência aos que nEle confiam.

III - O SOFRIMENTO COMO UM INSTRUMENTO PEDAGÓGICO DE DEUS

1. O caráter pedagógico do sofrimento

O sofrimento serve como meio de abater o orgulho. Dependendo da maneira como é visto, produz gente consagrada ao Senhor ou ateus. Entender que o sofrimento pode ser usado por Deus como efeito pedagógico para a vida muda completamente a nossa perspectiva de fé. Assim como Jó, as pessoas tementes a Deus procuram saber a razão pela qual sofrem, enquanto os incrédulos não aceitam que um Deus justo e soberano permita o padecimento humano. 

Em seu discurso, Eliú fala sobre o caráter pedagógico que há no sofrimento (Jó 36.15, 19). Afirma que a prova é um chamado que Deus dirige ao pecador com a finalidade de livrá-lo da morte (33.29-30). Tal abordagem também é feita por Elifaz (5.17-27) e Zofar (11.13-19).

2. Adorando a Deus na tormenta

Jó foi moído pela dor, o que não significa que a soberania de Deus sobre sua vida foi um ato de tirania. É importante ter em mente que o sofrimento não significa que Deus nos abandona. É possível experimentar grandes provações agradando a Deus. Tudo passa nesta vida abaixo do sol, inclusive o tempo de sofrimento (Eclesiastes 3.2).

Jesus Cristo incentiva os cristãos a pedirem a Deus o livramento do mal (Lucas 11.4). Contudo, em tempos difíceis é importante agir como o profeta Habacuque (3.17-19). O triunfo da fé é revelado quando manifestamos a confiança de que Deus nos ama apesar de todas as circunstâncias. Jó é o maior exemplo bíblico sobre isso no Antigo Testamento e Jesus Cristo na Nova Aliança (Mateus 26.39).

CONCLUSÃO

Toda pessoa que vive a fé cristã genuína compartilha a experiência de Jó, pois o sofrimento é uma consequência da atual condição humana. Através do sofrimento o cristão fiel amadurece. Ninguém sai a mesma pessoa depois que experimenta momentos difíceis e ao orar encontra as respostas do Senhor. Quem verdadeiramente conhece a Deus como Pai, sabe que não é uma atitude de desrespeito clamar por ajuda em tempo de crises (Jeremias 33.3). 

 E.A.G.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Não desanime


Lâmpada acesa em plena escuridão.
Jó havia perdido a saúde, os seus bens e os seus filhos. Tudo já estava tão ruim que parecia não ter como piorar mais, então, a sua esposa aproximou-se e disse-lhe: "Amaldiçoe o seu Deus e morra!"

Naquela situação péssima em que estava, a dose de desânimo da sua companheira foi rejeitada por ele, que manteve sua fé intacta. Resposta: "Mulher, eu sei que o meu Redentor está vivo!"

E o resultado deste comportamento positivo, a espera da redenção do Senhor, estando em meio às negatividades de sua cônjuge e de "amigos-da-onça", pode ser constatado ao final do livro de Jó. No último capítulo encontramos o relato de como ele experimentou a superação de todos os males que o afligiram.

Não se deixe abater pela indiferença daqueles que não se importam com você e a situação difícil, que talvez esteja experimentando agora. Olhe para Jesus! Leia e medite no capítulo 42 do livro de Jó, sabendo que você é muito importante para Deus.

Não desanime na primeira tentativa fracassada.

E.A.G.

segunda-feira, 14 de março de 2016

Riqueza egoísta e Riqueza nobre

Ao postar o artigo Bem-aventurados os pobres de espírito, recebi comentários de leitores. Sendo que um deles escreveu o seguinte:

"Belo Post amigo! Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, Que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas. Filipenses 3:20,21 Fique com Deus http://ahoraechegada.blogspot.com.br/"

Livro sobre a mesa diante de janela apresentando clima chuvoso do lado de-fora da casa pintura Riquezas egoístas e riquezas nobres e generosas Eliseu Antonio Gomes Belverede reflexão sobre José de Arimatéia Joana Suzana o filho pródigo e a provação de Jó.Segue a minha resposta:

Olá, irmão e amigo.

Concordo com suas afirmações.

Eu só não entendi seu "mas". 

O uso da conjunção ("mas") seria para apontar que entende ser situação adversa a condição de uma pessoa ser rica financeiramente e ao mesmo tempo ser pobre de espírito?

Bem, entendendo você de uma ou de outra maneira, exponho a minha posição neste assunto - posição esta que está registrada em diversas postagens neste blog, assinaladas com as tags "dinheiro" e "prosperidade".

No meu modo de entender, é possível que exista quem tenha muitíssimas posses materiais e ao mesmo tempo seja pobre de espírito. Eu penso dessa maneira após refletir sobre os ensinos bíblicos e relatos de personagens neotestamentários.

Lembra-se da passagem em que Jesus cita que é mais fácil o camelo passar pelo fundo da agulha? Está em Marcos 10.17-27. Ao final da lição sobre riqueza com avareza, Cristo diz que tudo é possível para Deus. O que a sentença expressada por Jesus nos ensina é que uma pessoa rica neste mundo também se converte e pode entrar no céu, pois os que são realmente convertidos não colocam o coração por inteiro ao serviço de bens materiais; elas confiam em Deus, que lhes dá a farta provisão, e nesta confiança depositada no Dono de todo ouro e toda prata, são capazes de possuir riquezas com nobreza e generosidade. 

Não podemos nos esquecer de Joana, esposa de Cuza, procurador de Herodes, e suas companheiras. Essas mulheres foram abençoadas por Cristo e o serviram com seus bens, espontaneamente (Lucas 8.3). 

Lembremos também de José de Arimateia, aquele que superou a vergonha de se identificar como seguidor de Cristo, demonstrou coragem no momento em que os discípulos que caminharam próximos de Jesus fugiram apavorados, pediu a Herodes o corpo crucificado do Senhor e cedeu o seu túmulo para que fosse usado, para que o Mestre recebesse sepultamento digno (Lucas 23.50-53).

Joana e suas companheiras, e José de Arimateia, foram pessoas abastadas e crentes fiéis. Eram portadoras de fé, eram crentes fiéis ao Senhor apesar de seus bens materiais. Administraram o que estava posto em suas mãos sem nenhum egoísmo e irresponsabilidade. Usaram suas condições financeiras privilegiadas como meio de fazer a vontade de Deus prevalecer neste mundo tenebroso.

Essas pessoas demonstraram serem espirituais, ao contrário do péssimo exemplo do filho pródigo/perdulário/esbanjador/gastador, que pensou só em si, desejou viver a sua vida divertindo-se em festas e libidinagens, não quis trabalhar e acabou com toda a herança que teve (Lucas 15.11-13).

Podemos, ainda, observar o Antigo Testamento. Entre muitos outros registros da Bíblia, vejamos Jó. Toda a trajetória do livro tem como viés provar que Jó era crente fiel a Deus com e sem as riquezas - riquezas postas em suas mãos por Deus. Depois da constatação que Jó mantém sua fidelidade ao Senhor após perder a saúde e o poder aquisitivo, Deus o faz voltar a ser rico outra vez, permitindo-lhe administrar poder aquisitivo em dobro do que possuía antes de empobrecer e adoecer Para conferir, ler o livro de Jó, capítulo 28. 

Obrigado por mais essa participação aqui no blog Belverede!

Abraço. 

E.A..G.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Amós 5.4 e o auxílio do alto

O capítulo 5 do livro de Amós nos ensina que o socorro eficaz é realizado por Deus. Se não houver auxílio do alto amparando a ajuda humana, por mais bem intencionadas que sejam as intenções de amigos e desconhecidas almas caridosas, elas não alcançarão todos os objetivos aos quais se destinam. 

Lembre-se da virada de cativeiro na vida de Jó. Após todas as aflições que viveu, após orar por seus parentes e amigos, foi Deus quem usou seus amigos e parentes para lhe socorrer, fazendo com que ele voltasse a ser uma pessoa duas vezes mais feliz do que era no início da narrativa do livro (Jó 42.10-12).

E.A.G.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Então e assim - reflexão no livro de Jó, capítulo 42.10-12

Ao conversar ontem pela manhã com uma pessoa muito estimada, senti a necessidade de mostrar textos bíblicos referentes a relação de dar e receber. Citei Jó e Jesus Cristo.

"E o Senhor virou o cativeiro de Jó, quando orava pelos seus amigos; e o Senhor acrescentou, em dobro, a tudo quanto Jó antes possuía. Então vieram a ele todos os seus irmãos, e todas as suas irmãs, e todos quantos dantes o conheceram, e comeram com ele pão em sua casa, e se condoeram dele, e o consolaram acerca de todo o mal que o Senhor lhe havia enviado; e cada um deles lhe deu uma peça de dinheiro, e um pendente de ouro. E assim abençoou o Senhor o último estado de Jó, mais do que o primeiro; pois teve catorze mil ovelhas, e seis mil camelos, e mil juntas de bois, e mil jumentas" - Jó 42.10-12.

O cativeiro

Por cativeiro, podemos considerar um lugar ou o tempo que uma pessoa permanece sem liberdade. Esta é a descrição que o escritor do Livro de Jó faz da situação em que Jó se encontrava.

No primeiro capítulo, o escritor do livro escreveu: "Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e era este homem íntegro, reto e temente a Deus e desviava-se do mal. E nasceram-lhe sete filhos e três filhas. E o seu gado era de sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas; eram também muitíssimos os servos a seu serviço, de maneira que este homem era maior do que todos os do oriente" - Jó 1.1-3.

Sobre cativos, temos a seguinte profecia: "Assim diz Deus, o Senhor, que criou os céus, e os estendeu, e espraiou a terra, e a tudo quanto produz; que dá a respiração ao povo que nela está, e o espírito aos que andam nela. Eu, o Senhor, te chamei em justiça, e te tomarei pela mão, e te guardarei, e te darei por aliança do povo, e para luz dos gentios. Para abrir os olhos dos cegos, para tirar da prisão os presos, e do cárcere os que jazem em trevas" - Isaías 42.5-7.

Jesus Cristo identificou-se com esta profecia: "E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito: O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados de coração, a pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor. E, cerrando o livro, e tornando-o a dar ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos" - Lucas 4.17-21.

Todos os dias restantes de Jó

"Os dias da nossa vida chegam a setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o orgulho deles é canseira e enfado, pois cedo se corta e vamos voando" - Salmos 90.10.

Notamos que o termo cativeiro é usado em Jó 42.5-7 de maneira figurada. O patriarca não estava dentro de uma cela, sofria com grave doença, pela perda da família e perda da condição financeira privilegiada. Mesmo nestas condições, tinha forças para orar em favor dos amigos. Depois da oração, todas as amizades que o conheciam antes do seu sofrimento foram visitá-lo em sua casa, e em sinal de comunhão todos comeram pão juntos. Após a refeição, os visitantes sentiram compaixão de Jó e tomaram a decisão de agir para ajudá-lo, e essa ajuda aconteceu através de compartilhamento de bens ao ponto dele ficar em condição financeira melhor do que antes das aflições que o acometeram e o empobreceram.

A narrativa bíblica não revela como Jó recuperou-se da doença, mas mostra que experimentou novo vigor físico, pois voltou a casar-se e teve dez filhos, sendo que três eram mulheres muito bonitas e faleceu em idade avançada, aos  cento e quarenta anos, tempo de longevidade em dobro de anos considerados normais ao ser humano. Em sua velhice, teve plenas condições de ver o crescimento de sua família até os tataranetos. E o livro termina com essas palavras: "Então morreu Jó, velho e farto de dias."

As bênçãos que Deus te dá

Não cabe ao cristão ter a esperança de ser abençoado apenas no plano desta vida, como também desprezar as bênçãos de ordem material.

Para instruir sobre as bênçãos que Deus nos dá, Jesus Cristo usou como ilustração as figuras do agricultor e do cesto de sementes usado como forma de medir porções no mercado. O agricultor generoso, no momento da compra de grãos recebe o produto de maneira extremamente generosa. "Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando, vos deitarão no vosso regaço; porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo" - Lucas 6.38.

As bem-aventuranças em dar e receber

"Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber" - Atos 20.35. Lucas, relatou uma exortação do apóstolo Paulo, em que ele discursa sobre coisas da esfera material, e nesta exortação relembra as palavras de Cristo sobre bem-aventurança. E fica claro que são felizes tanto quem dá quanto quem recebe.

Escrevendo aos crentes da cidade de Filipos, 4.13, Paulo afirmou ter condições de viver bem, espiritualmente, tanto passando necessidade quanto tendo sobras, ser alguém pobre ou rico. Nós também devemos ter a mesma estrutura espiritual dele. São muitas as vezes na vida em que podemos servir de instrumento de Deus para abençoar outros, tal qual fizeram as amizades de Jó. E poderá existir vezes em que estaremos em posição parecida com a do patriarca, em que será preciso ter o coração humilde para receber a bênção que o Senhor quer nos entregar por intermédio de pessoas perto de nós. Assim sendo, estejamos prontos para dar e também para receber. Na primeira e na segunda condição somos pessoas bem-aventuradas.

Ninguém, mesmo que esteja longe do estado de extrema necessidade, deve dizer "eu não preciso", porque o Senhor é bondoso e muitas vezes não se satisfaz com o nosso cesto cheio, quer que seja recalcado (espremer o produto para baixo e colocar mais), sacudí-lo, e fazê-lo transbordar.

E.A.G.

sábado, 3 de janeiro de 2009

A GERAÇÃO, OS PECADOS E A CONSCIÊNCIA DE JÓ


Arte John Haysom / Editora Scipione
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O uso da hermenêutica na leitura devocional do livro de Jó
.As Escrituras Sagradas são uma coleção de 66 livros, que estão em perfeita harmonia uns com os outros. Essas obras literárias não podem ser separadas porque é a Palavra de Deus (singular). Para ler a Bíblia e tirar proveito espiritual dela, é necessário abrir a mente e considerar desde Gênesis 1.1 ao Apocalipse 22.21 como um só material inspirado pelo Espírito Santo para nós.
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A Bíblia é cristocêntrica. Desde o relato do período da criação, no livro de Gênesis, encontramos a revelação do nascimento de Jesus e sua missão. É revelado que de uma mulher nasceria um que esmagaria a cabeça da serpente (3.15; Romanos 16.20). Notemos que essa revelação surge e não se sustenta por si mesma, cresce com a junção de outros textos bíblicos atrelados, como o livro de Isaías. E depois ela é corroborada no Novo Testamento.
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Não existe nenhum respaldo para que se tire um texto bíblico fora do seu contexto. Ao fazer isso, corre-se o risco de entrar por heresias, é uma conseqüência natural. Foi desse forma que hereges entraram pelo caminho do espiritismo, da poligamia e outros desvirtuamentos.
.A geração de Jó
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Grande parte dos biblistas afirmam que o livro de Jó é de autoria de Moisés, ou de um israelita desconhecido, e que provavelmente tenha sido escrito até antes de Gênesis. Alega-se que o próprio Jó não tenha nascido em Israel, pois, ao contrário dos judeus, em nenhum momento em seus discursos e nem de seus amigos, o nome pactual de Deus (Jeová / Ieavé) está empregado. Eles se referiram a Deus como Todo-Poderoso (El Shadai). Assim sendo, acredita-se que Jó viveu antes da Lei.
. Esta situação é aflitiva para muitos leitores da Bíblia Sagrada por não alcançarem a compreensão que os faz entender o livro de maneira harmoniosa com o restante da Bíblia Sagrada. A aflição ocorre porque eles não têm a noção da época em que Jó viveu. A dificuldade se consiste no fato de que o livro é o décimo oitavo dentro do cânon, quando se fosse colocado dentro da ordem cronológica do tempo, deveria ser o segundo.
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A teoria de que Jó viveu antes da Lei é consistente. Em todo livro não existe censura aos passos de Jó como um infrator dela. Ele não conheceu os Dez Mandamentos, e não poderia ser julgado por ele.
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Jó é julgado pela própria consciência, da mesma forma que aconteceu com Adão e Eva, Caim e todos os habitantes da era do dilúvio. E como serão julgadas todas as almas que não conheceram o Evangelho.
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Romanos 2. 13-15: “Porque os que ouvem a Lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a Lei hão de ser justificados. Porque, quando os gentios, que não têm Lei, fazem naturalmente as coisas que são da Lei, não tendo eles Lei, para si mesmos são lei; os quais mostram a obra da Lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os”.
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Assim sendo, a lei de Deus estava escrita dentro do coração de Jó.
.E.A.G.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

JÓ ERA UM HOMEM PRESUNÇOSO



Esta é a segunda parte da minha reflexão bíblica contra a crença da impecabilidade de Jó.

Observe a audácia:

"Eis que já tenho ordenado a minha causa, e sei que serei achado justo. Quantas culpas e pecados tenho eu? Notifica-me a minha transgressão e o meu pecado" - Jó 13.18, 23.

"Pois Jó disse: Sou justo, e Deus tirou-me o direito. Apesar do meu direito, sou considerado mentiroso; a minha ferida é incurável, embora eu esteja sem transgressão" - Jó 34.5-6.

Sendo bem sucinto: Aqui encontramos um pecado de Jó de maneira muito clara. Mas é necessário contextualizar o texto para trazer a intensidade necessária de luz para entendê-lo. As Escrituras Sagradas explicam as Escrituras, então, não podemos ficar presos aos textos isolados.

Os versículos selecionados são obscuros ao leitor apressado. O grau de dificuldade pode ser comparado com 1 Samuel 28.3-25, quando Saul foi consultar uma feiticeira em En Dor. Surgiu um ser na consulta espírita e este ser é apresentado como o profeta Samuel, que já estava morto. Se a leitura ficar apenas neste capítulo, ou dentro deste livro, passaremos a crer que os mortos fazem contato com os vivos. E na verdade, após a morte segue-se o juízo (Hebreus 9.27).

Nos trechos da oração de Jó, selecionados e apresentados acima, podemos resumir tudo assim: Jó, uma criatura, julgava ao seu Criador, chamando-o de injusto e ao mesmo tempo dizendo que o justo era ele. As palavra de Jó mostram a arrogância em seu interior, com pensamentos de superioridade.

Essa atitude dele lembra bastante a oração do fariseu, na parábola do fariseu e do publicano, e o jeito de pensar do jovem rico sobre si mesmo. O fariseu orava batendo no peito orgulhoso de jejuar e orar, não roubar e ser ofertante e dizimista. O jovem rico dizia cumprir todos os mandamentos. Lembremos que Jesus conta que o fariseu, apesar das suas boas ações, não foi aprovado por Deus e que Jesus sondou o coração do jovem rico e diagnosticou que existia avareza nele. Conferir: Lucas 18.9-14; Mateus 19.16-23.

Jó pensar que era justo, que não tinha pecado algum, não quer dizer que não tivesse mesmo.

E.A.G.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

JÓ ERA UM HOMEM PECADOR



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Sobre os pecados de Jó
"E disse o SENHOR a Satanás: Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal, e que ainda retém a sua sinceridade, havendo-me tu incitado contra ele, para o consumir sem causa" - Jó 2.3.
Alguns cristãos lêem as Escrituras Sagradas e não colocam o texto dentro do contexto. E quando um versículo, ou capítulo, ou um livro, ou carta, é lido separado do restante da Bíblia Sagrada, o leitor fica à mercê de interpretação equivocada, como o pensamento de que Jó não pecava.
É preciso contextualizar para entender a condição deste servo de Deus. Para entender que Jó era um pecador é necessário usar o contexto bíblico. Ele era um ser humano como todos nós. Lemos em Romanos 3.23 a: “Todos pecaram...”
Talvez, a razão do equívoco sobre acreditar na impecabilidade de Jó venha pela descrição que recebe de Deus: um homem sincero, reto, temente e que se desviava do mal, alguém que possuía temor. Mas, ao contrário do que muitos pensam, ser temente ao Senhor não significa ser uma pessoa sem pecados. Uma pessoa temente peca, a diferença é que não sente prazer no pecado.
Jó sofreu o que sofreu por ser um pecador que abriu portas para o diabo agir na vida dele. Quem planta na carne colhe corrupção (Gálatas 6.7-8). Ele usou o livre-arbítrio, e pecou. O sofrimento surgiu como permissão divina devido os próprios erros; aconteceu por causa das escolhas erradas que fez; a vontade de Deus era abençoá-lo, como de fato chegou a fazer lhe prosperando em dobro no último capítulo do livro.
Em Jó 2.3 Deus não afirma que Jó era sem pecado, apenas afirma que não havia motivo para o consumir, mesmo sendo pecador. Vislumbramos de maneira sublime a misericórdia do Senhor, Ele não tem prazer na morte do ímpio, quanto mais de um homem temente como Jó era (Ezequiel 18.32).
Um dos contextos deste versículo é: "As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim" - Lamentações 3.22.
Comparando a definição de Davi e Jó
Vejamos o caso de Davi, que foi declarado como o homem segundo o coração de Deus: ele foi pecador, um adúltero e assassino.
Fazendo uma comparação entre as descrições bíblicas que encontramos para Davi e Jó, paremos para pensar na significância da descrição que Davi recebeu (ser um alguém segundo o coração de Deus). O grau de importância é grande, a ponto de não haver outra pessoa com honraria semelhante. Por tal magnitude Davi está mencionado na árvore genealógica de Cristo com bastante destaque entre os outros nomes que se encontram nela. E apesar da tamanha relevância, Davi falhou feio. E, diante deste quadro, fiz um paralelo da descrição bíblica de Davi com a descrição bíblica de Jó, o homem temente.
Quanto a descrição de Jó, ser uma pessoa temente a Deus, note que a descrição dispensada a ele não é exclusiva, há outros personagens bíblicos que também a receberam - e todos homens pecadores!
Há uma exceção quanto a não pecar. O único que viveu neste planeta e não pecou foi Jesus Cristo (Hebreus 4.14-16).
E.A.G.
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