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quarta-feira, 29 de junho de 2022

É possível ser pastor sem ter cuidados com o rebanho de ovelhas?

A pessoa que usa o prenome pastor e não cuida de ovelhas, pessoalmente, no dia a dia do rebanho de Cristo, é falso pastor? Desculpe-me ser pesado nas palavras, penso que a tal pessoa usa indevidamente a palavra 'pastor'. 

Relembremos o chamado pastoral que Jesus fez ao apóstolo Pedro, registrado em João, capítulo 21 e versículos 15 ao 17.
"Depois de terem comido, Jesus perguntou a Simão Pedro:

- Simão, filho de João, você me ama mais do que estes outros me amam?

terça-feira, 29 de março de 2022

O que é Igreja?

Igreja é...

Um lugar onde ninguém está só

Um lugar onde o Pai se sente em casa

Onde é adorado pelo que é e não pelo que pode

Onde aparece a humanidade que a Trindade sonhou

Onde Jesus Cristo é o a modelo, o desejo e o caminho

Onde é obedecido de coração e não por constrangimento

Onde todos andam abraçados, onde a dor de um é a dor de todos

Onde não há gente nadando na riqueza enquanto muitos chafurdam  na miséria

Onde o ser humano se perceba em casa e seja a casa e seja a casa de Deus e do outro

Onde a graça é o ambiente, o perdão a base do relacionamento e o amor a sua cimentação

Onde o Espírito Santo está alegre pela liberdade que desfruta para gerar e expressar Cristo

Onde Ele vê os seus dons serem usados para edificar, provocar alegria e servir ao próximo

Onde o seu Reino é manifesto no amor, na solidariedade, na fraternidade e serviço ao outro

Onde os pastores são vistos como ovelhas-líder e não como funcionários a serem explorados

Onde os pastores são apenas ovelhas-exemplo e não dominadores dos que lhes foram confiados

Onde todos têm acesso ao perdão, à cura de suas emoções, à amizade e a ser cada vez mais parecidos com Cristo

Onde há equilíbrio, de modo que quem colheu demais não esteja acumulando e quem colheu de menos não esteja passando necessidades

Onde a cidade encontra paradigmas

Onde o livro texto é a Bíblia.

E.A.G.

Autoria: Ariovaldo Ramos. Extrato de Revista Igreja, ano 5, número 30, outubro-novembro de 2010, página 37.

terça-feira, 15 de março de 2022

O bom e o mau pastor


A pessoa que reconhece que a chamada pastoral é um serviço prestado a Deus, entende que sua atividade é servir aos membros da Igreja de Cristo, não ser servido por eles. A recompensa do obreiro está no céu.

quinta-feira, 3 de março de 2022

domingo, 27 de fevereiro de 2022

O outro lado de Martinho Lutero

Conhecido como o "Pai da Reforma", Martinho Lutero nasceu em Eisleben, Alemanha, em 10 de novembro de 1843 e morreu de causas naturais em 18 de fevereiro de 1546. Sua vida de 63 anos foi curta em comparação à expectativa de vida de nossos dias, mas foi longa para os padrões do século XVI. Seus pais acreditavam na educação formal r fizeram questão de enviá-lo para diversas escolas desde cedo. Com a idade de 17 anos, Lutero entrou para a Universidade de Erfurt onde conquistou o bacharelado em artes em apenas dois anos e um mestrado em três anos. Ele começou a estudar Direito, mas interrompeu este curso a fim de ingressar no monastério. Até este ponto, Lutero tinha sido um jovem piedoso e temente a Deus, mas nunca havia pensado em se tornar monge. Sua decisão de entrar no seminário foi resultado de uma experiência assustadora durante uma tempestade. Com medo de morrer, ele prometeu se tornar um monge caso sobrevivesse à tempestade.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

O verdadeiro avivamento espiritual


"Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar, me buscar e se converter dos seus maus caminhos, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra" - 2 Crônicas 7.14 [NAA].

terça-feira, 16 de novembro de 2021

2 Timóteo 2.15 - características necessárias para ser um obreiro aprovado e não se envergonhar

"Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade" - 2 Timóteo 2.15 [NAA].

Situação. O autêntico pregador cristão é um comunicador exemplar, se apresenta diante de homens, mas também está à vista de Deus. Recebe a aprovação do Senhor quando, humildemente, considera a si mesmo como operário na expansão do reino do céu aqui na terra. Ao considerar-se submisso à vontade divina, aplica-se aos estudos bíblicos com prazer, regularmente faz orações, lê e medita nas Escrituras Sagradas.

quarta-feira, 9 de junho de 2021

A Trindade e um resumo sobre o Concílio de Niceia

O Concílio de Niceia foi organizado por Constantino I. Havia o objetivo de ser elaborada uma declaração doutrinária. Apesar de organizá-lo, o imperador romano não participou votando, o voto ficou restrito aos bispos.

A assembleia teve caráter ecumênico, com as participações da Igreja Assíria do Oriente, Igreja Ortodoxa e Igreja Católica. Aconteceu em 325 d.C. em Niceia da Bitinia, cidade turca, em 325 d.C. Nesta ocasião, foi publicado o Credo Niceno, com 20 cânones e uma epístola sinodal.

Os católicos romanos afirmam que o Bispo de Roma exerceu influência e autoridade sobre os outros bispos participantes do Concílio de Niceia. Mas os cristãos protestantes e ortodoxos orientais refutam a afirmação de que o Bispo de Roma tenha sido o chefe jurisdicional da cristandade naquela reunião. Ao refutarem, citam o cânone 6, que refere-se ao Bispo de Roma como mais uma entre todas as autoridades eclesiásticas presentes.

Neste concílio, foi apresentada a definição de "Fé Nicena" contra Ário. A mais relevante definição foi a consubstancialidade do Filho e do Pai. 

Atribui-se ao concílio a criação da doutrina da Trindade. É um equívoco, pois o termo "trindade" é encontrado nos escritos de Orígenes (185-254) e Tertuliano (160-220). Isto é, cerca de um século antes, havia a interpretação bíblica de um ser divino em três. O concílio debruçou-se sobre o tema, baseando-se em diversas passagens bíblicas, e confirmou a crença em Deus como um ser trino.

quarta-feira, 26 de maio de 2021

O Ministério de Pastor

Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

A dedicação do dono para com a criação de ovelhas transformou-se em uma imagem clássica do amor e providência divina de Deus aos crentes fiéis (Salmo 23.1-4; João 10.11-16).

Quando o rebanho era muito grande, ou por outras circunstâncias, o dono das ovelhas recorreria aos serviços de pastores contratados. Nestas situações, o trabalho do pastor era remunerado com uma participação no rebanho (Gênesis 30.28-43; 1 Coríntios 9.7) ou em dinheiro (Zacarias 1.12; 1 Timóteo 5.18).  Repassar os cuidados do trato de animais era comum entre os monarcas e hebreus ricos (1 Crônicas 27.29-31; Lucas 15.14-16). As figuras de cães de raça e de pessoas assalariadas usadas como guardadores de rebanho têm conotação negativa nas páginas neotestamentárias (João 10.12; Filipenses 3.2; Apocalipse 22.15).

HÁ UM SÓ PASTOR

"As palavras dos sábios são como aguilhões, e as coleções de sentenças são como pregos bem-fixados; elas provêm de um único Pastor" - Eclesiastes 12.11.

As relações entre Deus e o seu povo são assemelhadas às que existem entre o pastor e as suas ovelhas (Salmos 23.1; 80.1. Ezequiel 7.14). A figura do povo de Deus como um rebanho aparece várias vezes em diversos textos da Bíblia Sagrada. Nas páginas do Livro de Ezequiel (34.31) o povo temente ao Senhor recebe tal comparação e Deus é comparado como o seu Pastor: "Vós, pois, ó ovelhas minhas, ovelhas do meu pasto; homens sois; porém eu sou o vosso Deus, diz o Senhor Deus”.  

O profeta brada que a justiça seria restaurada, revelando a promessa divina que Deus levantaria um pastor e que através deste pastor todos os dispersos e oprimidos receberiam justiça, assim a paz voltaria a reinar entre os israelitas. Os cristãos, ao lerem Ezequiel 34.1-31, sabem que a promessa de restauração refere-se a Jesus Cristo em sua primeira vinda, sua morte e ressureição ao terceiro dia. Passagens como Isaías 40.11 e Zacarias 13.7, apresentam o Messias como Pastor, corroboradas por textos do Novo Testamento. Jesus a Si mesmo Se chama "o bom Pastor" (João 10.11). E encontramos a afirmação que o Filho Unigênito do Pai é o Grande e o Sumo Pastor (1 Pedro 5.4; Hebreus 13.20). Sumo, significa "supremo" e "máximo". 

Cristo oferece a água da vida eterna, apregoa que só quem beber da água retirada da fonte que Ele oferece não voltará a ter sede (João 4.13-14). Isto é, na condição de Deus trino, só existe um pastor, que se manifesta nas figuras do Pai Eterno e do Filho Unigênito. 

O PASTOR APASCENTA AS OVELHAS

"Como pastor, ele apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos e os carregará no colo; as que amamentam ele guiará mansamente" -  Isaías 40.11. 

No Antigo Testamento, encontramos a figura do pastor como um homem proprietário de rebanho, alguém que o apascentava pessoalmente (Êxodo 34.14), confiava os cuidados aos filhos (Gênesis 31.38-40, 37.2; 1 Samuel 16.11) e filhas (Gênesis 29.9; Êxodo 2.16). O Novo Testamento atribui o termo "pastor" ao ministro que lidera uma comunidade de crentes protestantes (Hebreus 13.17; 1 Pedro 5.2; e as Escrituras como o método de alimentação às ovelhas de Cristo (1 Timóteo 4.15,16).

"A liderança pastoral pode ser um dom natural, ou adquira pela experiência, por meio de uma vida dedicada a esse mister. Contudo, no âmbito espiritual, os líderes são chamados por Deus para uma missão específica, com o intuído de engrandecer o Reino de Deus.' (...) 'Ainda no âmbito espiritual, ministros líderes de ministros devem ser aqueles vocacionados para o ministério, chamados e habilitados por Deus para coordenar, influenciar seu grupo, com o objetivo de que seus liderados, com esforço, alcancem as metas desejadas" (José Wellington Bezerra da Costa. Artigo Ministro e Líderes de Ministros, Bíblia Obreiro Aprovado, página XXIII, edição 2016, CPAD). 

A tarefa do pastor consistia em procurar pastagens e água (Salmo 23). Muitas vezes não era fácil, exigia paciência e coragem, pois era preciso defender as ovelhas dos ataques de feras e de ladrões (Gênesis 31.40; Êxodo 2.16; 1 Samuel 17.34; João 10.12). As principais ferramentas do pastor no exercício da sua função:
º Cajado: vara grossa que servia como apoio ao caminhar (Hebreus 11.21), como cassetete para defender-se (Isaías 36.6; Hebreus 11.21) e cuja ponta era curvada em semicírculo para pegar o animal pela pata (Salmo 23.2; Miqueias 7.14). No Novo Testamento, o termo "vara" se refere à autoridade de Cristo (Apocalipse 19.15) e dos salvos, a vara aos crentes se assemelha ao uso da espada do Espírito (Apocalipse 2.27; Efésios 6.16).

º Funda:  uma arma feita com tira estreita de couro, alargada no meio, usada para atirar pedras contra os lobos e outros predadores, girando-a sobre a cabeça e soltando uma das pontas no momento propício ao lançamento da pedra na direção pretendida (Juízes 20.16; 1 Samuel 17.40-50).
O jeito afetuoso que o pastor prestava seus cuidados em favor do rebanho se evidenciava de modo eficaz ao socorrer as ovelhas fracas e enfermas do redil a ele confiado (Gênesis 33.13; Isaías 40.11). À tarde, quando o pastor recolhia o rebanho ao aprisco, obrigava as ovelhas a passar debaixo de sua vara, pela porta de entrada do aprisco. Neste retorno do grupo, cada animal ao alcance de sua mão era examinado para conferir seu bem-estar (Levítico 27.32; Jeremias 33.13; Ezequiel 20.37) e após cumprir sua missão durante o dia, o pastor continuava a vigiar o rebanho durante a noite (João 10.3).

O PASTOR BUSCA AS OVELHAS

"Como o pastor busca o seu rebanho, no dia em que encontra ovelhas dispersas, assim buscarei as minhas ovelhas. Eu as livrarei de todos os lugares por onde foram espalhadas no dia de nuvens e densas trevas" - Ezequiel 34.12.

Ezequiel havia repetido incansavelmente que o povo de Israel se tornara impuro por causa dos seus pecados e idolatrias e que por este motivo o castigo viria sobre a nação. Após a queda de Jerusalém, o profeta mudou completamente de tom. No centro da sua mensagem o anúncio do castigo deu lugar à promessa da salvação, a informação de que viria um tempo em que Deus faria uma intervenção para transformar interiormente o seu povo e limpá-lo de todas as suas impurezas. Essa promessa, repetida uma e outra vez nos capítulos seguintes, fez renascer a esperança no ânimo dos exilados e os ajudou a vencer o desânimo, pessimismo, e desconfiança que haviam se apoderado deles (Ezequiel 33.10; 34.11-31; 37.11).

A promessa de salvação suscita esperança aos cristãos. O poder purificador do sangue vertido na cruz apresenta a intenção divina da  total transformação interior, que se expressa com a imagem do coração e do espírito novo. "Pois todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; porque todos vocês que foram batizados em Cristo de Cristo se revestiram. Assim sendo, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vocês são um em Cristo Jesus" (Gálatas 3.26-28).

O PASTOR PROTEGE AS OVELHAS

"Assim diz o Senhor : Como o pastor livra da boca do leão as duas pernas ou um pedacinho da orelha de um animal, assim serão salvos os filhos de Israel que vivem em Samaria com apenas o canto da cama e parte do leito" - Amós 3.12.

O relato exposto em Gênesis 29 mostra Isaque removendo uma pedra pesada de cima de um poço, para que o rebanho pastoreado por Rebeca bebesse água. Colocava-se a pedra ali como proteção contra o pó e a areia e todo o tipo de sujeira. Mais tarde Moisés prestou ajuda semelhante às filhas do sacerdote Reuel, conhecido também como Jetro, ele abriu o poço e retirou a água dos bebedouros reservados às ovelhas (Êxodo 2.16-18).

A pessoa que possui vocação pastoral é consciente da sua responsabilidade e incansavelmente proclama em alto e bom som que Jesus virá como Rei dos reis; ecoa a verdade de que "toda a humanidade é erva, e toda a sua glória é como a flor do campo" e que só a Palavra do Senhor dura eternamente (Isaías 40.6,8).

O ministério do pastor sábio está sempre submetido ao Espírito Santo. Ele pensa, age, comunica-se com disposição de servir a Deus, e com este perfil produz edificação espiritual aos que o ouvem. É respeitado entre as ovelhas de Cristo. Expõe a verdade bíblica da melhor maneira possível, suas palavras surtem efeito estimulante que leva o cristão ao crescimento na fé e a estar consciente que "Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más" (Eclesiastes 12.14). 

O pastor e teólogo Antonio Gilberto escreveu sobre a função do pastor, como ministério recebido de Deus. Compreende-se assim:
a. Dirigir, presidir e administrar o rebanho do Senhor. Sem isso as ovelhas se desviarão.
b. Doutrinar. Para isso, o pastor precisa ser um estudante dedicado da Palavra de Deus, especialmente no que concerne à Teologia Sistemática.
c. Proteger. Se o pastor não fizer esta parte, muitas ovelhas cairão vítimas de todo tipo de males.
d. Tratar das ovelhas. Muitas caem doentes espiritualmente.
e. Alimentar as ovelhas. A ovelha faminta segue qualquer outra liderança, além de outros males que lhe atingem.
f. Visitar. Exercício direto ou através de comissões.
g. Disciplinar. O termo disciplina envolve o sentido de instrução, admoestação, correção, e não o castigo e punição.
O PASTOR NEGLIGENTE COM O REBANHO 

"Ai do pastor inútil, que abandona o rebanho! A espada cairá sobre o seu braço e sobre o seu olho direito; o braço ficará completamente seco, e o olho direito totalmente cego" - Zacarias 11.17.

Os governantes do período do Antigo Testamento são representados como pastores e repreendidos pelos profetas quando agiam com egoísmo e falta de cuidado com seus súditos. Deus é contra os maus pastores. Além disso, os profetas advertiam que o israelita que agisse como opressor de outro, aquele que havia enriquecido desonestamente à custa dos mais pobres e fracos, teria que ajustar contas com o Senhor.

O pastor mercenário preocupava-se mais com seu bem-estar. A segurança do rebanho não era sua prioridade. Interesseiro, trabalhava somente por dinheiro e pelas vantagens que lhe eram dadas pelo dono do rebanho (Jeremias 46.21; João 10.12,13).

Durante a Lei de Moisés, a responsabilidade do pastor era cobrada com grande rigor. Em Êxodo 22.9-12, temos acesso às regras legais sobre propriedade privada. O texto explica que os animais roubados deveriam ter o seu valor restituído ao seu dono, quando os animais eram mortos por uma fera, a exigência de restituição só era feita se o animal morto não pudesse ser apresentado; animais perdidos de outras maneiras não precisavam ser pagos se o pastor afirmasse com juramento não ter violado a propriedade alheia. Caso a ovelha se desgarrasse, o dever do pastor era ir ao campo procurá-la em todos os lugares (Ezequiel 34.12; Lucas 15.4). 

CRISTO, O PASTOR DAS OVELHAS 

"Ora, o Deus da paz, que tornou a trazer dentre os mortos o nosso Senhor Jesus, o grande Pastor das ovelhas, pelo sangue da eterna aliança" - Hebreus 13.20.

Como Cordeiro de Deus e também o Sumo Pastor das ovelhas, Jesus Cristo verteu o sangue da eterna aliança. "Porque, havendo Moisés proclamado a todo o povo todos os mandamentos conforme a lei, pegou o sangue dos bezerros e dos bodes, com água, lã tingida de escarlate e hissopo e aspergiu não só o próprio livro, como também todo o povo, dizendo: 'Este é o sangue da aliança que Deus ordenou para vocês. Igualmente também aspergiu com sangue o tabernáculo e todos os utensílios do serviço sagrado. De fato, segundo a lei, quase todas as coisas são purificadas com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão. Era necessário, portanto, que as figuras das coisas que estão nos céus fossem purificadas com tais sacrifícios, mas as próprias coisas celestiais requerem sacrifícios superiores àqueles. Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos humanas, figura do verdadeiro Santuário, porém no próprio céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus" - Hebreus 9.19-24.

O texto de Êxodo 12.1 ao 13.22 apresenta prescrições ao culto da antiga aliança. Estes capítulos, descrevem a Festa da Páscoa, mostram as normas relativas à celebração da Festa dos Pães Asmos, que prolonga a Páscoa (12.15-20; 13.3-10); e as normas que prescrevem a consagração dos filhos mais velhos ou primogênitos a Deus (13.1-2,11-16). Também relatam a décima praga sobre o Egito e depois a saída apressada dos israelitas (12.37- 42) em direção às margens do deserto (13.17-22). 

O escritor de Hebreus, em 9.19-24 alude aos dois capítulos de Êxodo, nos faz lembrar da água, da lã em vermelho escarlate, do hissopo, materiais usados na aspersão realizada por Moisés. Assim, o escritor de Hebreus mostrou o paralelo existente entre a libertação do povo hebreu das garras de faraó e o opróbrio de Cristo na cruz, quando dEle jorrou água e sangue, para que todo pecador que nEle crer não pereça, tenha a vida eterna (João 3.16; Hebreus 11.26). Através do ritual religioso, Moisés se mostrou solidário com os israelitas, e Cristo, através do sacrifício vicário no calvário, se mostrou solidário com todos os pecadores arrependidos de seus pecados (Êxodo 2.10-15; Salmo 69.9; Isaías 63.9; e Romanos 15.3).

CONCLUSÃO

Os cristãos são exortados a seguirem o Bom Pastor, deixando para trás a vida e as práticas religiosas da antiga Lei, a vida pregressa da prática de pecados, a viverem em consagração, reunirem-se com seus irmãos para juntos celebrarem a Ceia do Senhor, com o objetivo de não se esquecerem que, assim como os judeus foram libertos da escravidão egípcia, estão livres da condenação eterna por intermédio do sacrifício realizado por Jesus Cristo (1 Coríntios 11.23-26).


Compilação:
Bíblia de Estudo Almeida, Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), Barueri - SP
Bíblia Obreiro Aprovado. Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD). Rio de Janeiro - RJ. Edição 2017.
Casa do Senhor - acesso 26 de maio de 2021 - www.casadosenhor.com.br/portal/
Dicionário Enciclopédico da Bíblia, Centro do Livro Brasileiro Ltda, Lisboa, Porto, edição 1969.
Éxodo Una Lectura Evangélica y Popular. Jorge V. Pixley, Casa Unida de Publicaciones S.A., México, D..F., edição 1983.
Pequeno Dicionário Bíblico, Stuart Edmund McNair, anexo Bíblia do Obreiro Aprovado, Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Rio de Janeiro - RJ, edição 2017.

quarta-feira, 19 de maio de 2021

O Ministério de Evangelista

Por Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

Segundo o Pastor Valdir Nunes Bícego, de saudosa memória, a  missão mais sublime que o Senhor reservou para a Igreja aqui na terra é evangelizar o mundo. E assim sendo, não apenas o cristão que possui a credencial eclesiástica, todo crente precisa ver-se no espelho como um evangelista e habitualmente proceder como ganhador de almas, estar a todo momento preparado para apresentar Jesus Cristo ao pecador, ser em todo tempo cuidadoso com o novo quem é recém-convertido e estar sempre pronto ao momento propício de conduzi-lo ao tanque batismal. 

O bom evangelista prepara almas para uma vida de serviço, bem como colabora à edificação do Corpo de Cristo (Efésios 2.20-22) É eficaz ao lidar com as almas que estão presas por doutrinas alheias à Palavra de Deus. Ele dialoga sobre o plano da salvação com testemunhas-de-jeová, mórmons, espíritas; gentes ligadas aos movimentos criados por Confúcio, Maomé, Buda; e inclusive atinge os judeus. Seu preparo e ação evangelística ocorrem tendo como base a oração e aplicação de estudos bíblicos. Desta maneira ele é por excelência um arrebatador das almas que estão aprisionadas aos engodos espalhados pela serpente que enganou o primeiro casal no Éden. 

JESUS - O MAIOR EVANGELISTA

"O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos pobres, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados, a apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus, a consolar todos os que choram" - Isaías 61.1-2.

É significante que este texto use a linguagem da unção, da qual procede o nome Messias (ungido). Jesus identificou-se como a pessoa referida nesta passagem, quando proferiu seu primeiro sermão na sinagoga de sua cidade natal. Ao ler os versículos, disse que estava sendo cumprida a declaração contida no texto, para espanto de todos que o ouviram e o conheciam apenas como o filho de José, carpinteiro residente na Galileia (Lucas 4.16-30).

A OBRA DE UM EVANGELISTA

"Mas você seja sóbrio em todas as coisas, suporte as aflições, faça o trabalho de um evangelista, cumpra plenamente o seu ministério" - 2 Timóteo 4.5.

Paulo exorta Timóteo a ser um bom evangelista, o que implica em reagir corretamente quando chegasse o momento em que os ouvintes da Palavra de Deus sentissem comichão nos ouvidos e buscassem para si pregadores dispostos a falar apenas o que eles quisessem ouvir. Está claro que o apóstolo não se referia apenas ao tempo em que Timóteo cumpriu seu ministério evangelístico, a exortação é válida para todos os tempos em que a Igreja estiver aqui na terra.

O trabalho do bom evangelista é caracterizado pela pregação da sã doutrina. A sã doutrina é a verdade eterna e imutável acerca do amor de Deus, manifestado através do sacrifício vicário de Jesus na cruz, em substituição à punição que todos os pecadores deveriam receber. 

No cenário religioso há duas espécies de pregadores, aquele que prega a verdade e o que prega a mentira. Vejamos: 

Os pregadores charlatães trapaceiam e enganam para vender as suas ideias, atingir objetivos pessoais. Modificam a sua mensagem conforme a conveniência do momento, adaptando-a ao que o seu público aprecia ou não aprecia. Os charlatães pregam tendo em vista conquistar o poder e alcançar o lucro financeiro e posição social privilegiada. Paulo considerava os pregadores de Éfeso como charlatães.

Os pregadores comerciantes são vendedores de ideias religiosas. São peritos em despertar o interesse de seus ouvintes por seus conceitos, opiniões e planejamentos, seja de algo concreto ou abstrato. São capazes de realizar estratégias que beiram à manipulação das massas. Sabem comunicar-se bem, estão sempre prontos a fazer ajustes em seus discursos para vender melhor. Eles são motivados pelo interesse próprio, às vezes há o interesse real em servir ao seu público, porém, só serão pregadores da verdade, evangelistas de fato, verdadeiros servos de Deus, quando tiverem um encontro genuíno com Cristo.

Os evangelistas são pregadores contextualizadores. Ao pregarem o Evangelho, produzem bons resultados ao Reino de Deus. São aqueles crentes, que possuindo ou não o título eclesiástico, possuem o desejo ardente de atingir o nível de comunicação perfeita, para que as almas possam entender tudo o que dizem, preservando a integridade da mensagem evangelística. Esforçam-se ao máximo para superar barreiras que regem relações humanas, no seu conjunto e na sua generalidade, são atentos à descrição sistemática e à análise de determinados comportamentos sociais, para que o maior número possível de almas conheçam a Cristo como Senhor e Salvador. Estão sempre preocupados com os seus ouvintes e não com o lucro que a atividade, eventualmente, possa gerar.

FILIPE, O EVANGELISTA

"No dia seguinte, partimos e fomos para Cesareia. E, entrando na casa de Filipe, o evangelista, que era um dos sete, ficamos com ele. Filipe tinha quatro filhas solteiras, que profetizavam" - Atos 21.8, 9.

Filipe, o evangelista, era assim chamado para ser diferenciado de seu homônimo apóstolo. Não esteve no grupo dos doze que andaram com Jesus, mas junto aos sete diáconos escolhidos pelos apóstolos para servir na Igreja de Jerusalém. Juntamente com Estevão, socorria as viúvas de origem grega que haviam se convertido e padeciam pela falta de alimentos e produtos básicos à vida em dignidade (Atos 6.3). Fixou residência em Cesareia com suas filhas jovens e solteiras. Sendo crente cheio do Espírito e de sabedoria e ter boa reputação, houve conversão dentro de sua casa, pois suas quatro filhas são descritas por Lucas como quatro servas do Senhor que profetizavam. 

Profetizar era uma prática generalizada na igreja primitiva. As filhas do evangelista e diácono Filipe, não identificadas por seus nomes, receberam a honrosa descrição de serem pessoas portadoras da capacidade espiritual de comunicadoras de mensagens proféticas. 

O perfil de Filipe é lembrado por Paulo ao delinear em 1 Timóteo 3.8-13 as qualificações que habilitam o cristão ao serviço do diaconato: "Do mesmo modo, quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitáveis, de uma só palavra, não inclinados a muito vinho, não gananciosos, conservando o mistério da fé com a consciência limpa. Também estes devem ser primeiramente experimentados; e, caso se mostrem irrepreensíveis, que exerçam o diaconato. Do mesmo modo, quanto a mulheres, é necessário que elas sejam respeitáveis, não maldizentes, moderadas e fiéis em tudo. O diácono seja marido de uma só mulher e governe bem os seus filhos e a própria casa. Pois os que desempenharem bem o diaconato alcançarão para si mesmos uma posição de honra e muita ousadia na fé em Cristo Jesus."

ENVIADO PARA EVANGELIZAR

"Afinal, Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar o evangelho, não com sabedoria de palavra, para que não se anule a cruz de Cristo" - 1 Coríntios 1.17.

Quando Jesus ordenou aos primeiros discípulos fazer novos discípulos, endereçou a ordenança para nós também. Na tarefa de evangelização, precisamos nos submeter à autoridade de Cristo sobre a importante questão do batismo em águas (Mateus 28.18,19). Batizar significa "mergulhar", "imergir", "lavar"; é estar envolto, coberto. A imersão é uma questão de fórum íntimo, é o sinal ou símbolo exterior do nosso comprometimento com Cristo (1 Coríntios 12.13; 1 Pedro 3.21). 

No texto capitulado em 1 Coríntios 1.17, Paulo não escreveu contra o batismo em águas, pois ele mesmo batizou Crispo e Gaio (Atos 18.8; 1 Coríntios 1.14,16). É muito provável que seu objetivo era não provocar o aumento numérico de uma facção em torno de seu nome (1 Coríntios 3.4,5); ou, talvez, tenha se colocado contra o ensino equivocado que apregoava ser o ato de batizar-se, por si só, a garantia de estar salvo, não ser preciso viver em santidade após o batismo. 

À semelhança dos israelitas, batizados na nuvem e no mar (1 Coríntios 10.12), não temos garantia de salvação simplesmente pelo fato de ser batizado. Por causa da rebeldia dos israelitas, da multidão que livrou-se da escravidão egípcia, Deus determinou que das pessoas de vinte anos para cima, apenas Josué e Calebe teriam permissão para viverem na terra prometida (Números 32.11,12).

O PRÊMIO DO EVANGELISTA 

"Nesse caso, qual é a minha recompensa? É que, anunciando o evangelho, eu o apresente de graça, para não me valer do direito que ele me dá" - 1 Coríntios 9.18.

Apesar de Paulo, como cristão, compreender perfeitamente que estava comissionado por Cristo a viver pregando o Evangelho, esta obrigação era prazerosa para ele (Romanos 1.1). Entre os cristãos das comunidades que havia fundado, ele sabia do seu direito de apóstolo. Qual? "Assim também o Senhor ordenou aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho" (1 Coríntios 9.15). 

Sentia-se tão feliz em sua missão evangelística que era capaz de abrir mão ao seu direito a compensação, e trabalhar voluntariamente. Para evitar críticas, não quis usar do seu direito, para não haver quem pensasse que estaria abusando dos irmãos de fé, preferiu evitar a mais leve aparência de abuso de autoridade e sacrificou-se por amor a Cristo.

O estilo de vida do cristão expõe uma tensão entre duas verdades iguais e ao mesmo tempo contrastantes. Pela fé, os crentes já alcançaram o prêmio de Deus, que é a salvação, mas neste mundo ninguém ainda pode experimentar a plenitude do amor e bondade divinas. Para conquistar o prêmio em sua plenitude, Paulo nos aconselha a caminharmos de acordo com o que já alcançamos, olhando para o Autor e Consumador da nossa fé. Portanto, vivamos gratos com o que Deus nos dá em nossa vivência terrena, seja algo da esfera material ou espiritual, em concordância com os nove aspectos existentes no fruto do Espírito. Prossigamos fiéis ao Senhor até o momento de recebermos a recompensa incorruptível quando chegarmos no Céu (Filipenses 3.13-16; Gálatas 5.19-23).

EVANGELISTA APREGOA A LIBERTAÇÃO DO MAL

“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e proclamar o ano aceitável do Senhor.” - Lucas 4.18, 19.

Lucas apresenta Jesus como o Grande Médico (5.31-32; 15.4-7,31-32; 19.10). Em sua narrativa, mostra em detalhes a interação de Jesus com os publicanos, as mulheres, as crianças, os gentios e os samaritanos, demonstrando seu ministério singular aos marginalizados da sociedade. Lucas também descreve Jesus como o Filho do homem, enfatizando sua oferta de salvação para o mundo. Ele identifica lugares que seriam familiares a qualquer judeu (por exemplo: 4.31; 23.51; 24.13), sugerindo que o seu público ia além daqueles que já possuíam conhecimento geográfico na região em que Jesus cumpriu seu ministério. Ele normalmente prefere a terminologia grega aos hebraísmos (por exemplo: “lugar chamado Caveira” em vez de “Gólgota” em 23.33). Ocasionalmente, todos os outros Evangelhos usam termos semitas como “Aba” (Marcos 14.36), “rabi” (Mateus 23.7-8; João 1.38,49) e “Hosana” (Mateus 21:9; Marcos 11.9-10; João 12.13), mas Lucas ou os omite ou prefere seus equivalentes gregos. 

Por que Lucas optou por este caminho mais detalhista em sua redação? Lucas escreveu a Teófilo, provavelmente um gentio que acabara de se converter ou alguém que procurava aprender acerca de Jesus. Teófilo significa "amigo de Deus", o que leva alguns a pensar que o livro foi escrito a todas as pessoas que amam a Deus. Lucas esperava que Teófilo e todos os outros leitores aprendessem que o amor de Deus ultrapassa os judeus e alcança o mundo inteiro. Assim sendo, o leitor de Lucas acha relatos mais pormenorizados do que os encontrados em Mateus e Marcos, mais histórias sobre o nascimento de Jesus, registros que demonstram o interesse de Jesus pelo mundo não-judeu e pelos pobres, há uma perspectiva que João não se encontra nos escritos de João.

Com o estilo de Lucas, aprende-se que cabe ao bom evangelista trabalhar com afinco na mensagem que irá entregar às almas. Ao orador ou escritor cristão, ao apregoar a libertação do mal, pesa a responsabilidade de se fazer perfeitamente entendido por quem o lê ou ouve.

Lucas mostrou que o Espírito do Senhor esteve sobre Jesus por toda a Galileia. Como o Messias (ungido) foi o legítimo rei de Israel, sua unção era de profeta e evangelista, e então alimentou os pobres ao multiplicar os pães, anunciou a liberdade aos cativos pelo pecado, libertou os oprimidos por possessões malignas.

Quando Jesus leu Isaías 61, reivindicou para si a identidade do tão aguardado Messias. Ao ler o texto, interrompeu sua leitura no meio do versículo 2 e assentou-se. Na liturgia judaica, a postura para ler as Escrituras era sentado e aos que a ouviam em pé. Ele parou na frase "o ano aceitável ao Senhor", porque a sua pregação anunciava que o tempo da graça de Deus havia chegado aos seres humanos por meio do seu ministério. Deixou de ler "e o dia da vingança do nosso Deus", porque isso se refere à sua segunda vinda e ao seu juízo contra todas as pessoas que escolhem o amor ao mundo e os prazeres carnais, ao invés de viverem em reciprocidade ao amor de Deus (Apocalipse 19.11-21). 

Vivenciar o ano aceitável do Senhor ou deparar-se com o dia da vingança de Deus são situações que dependem da pessoa querer ser alguém reverente ao Senhor ou não.

CONCLUSÃO

Enfim, através do anúncio das Boas Novas de salvação, vidas são alcançadas e levadas aos pés do Salvador. O exercício do ministério de evangelista pode ter como consequência a perseguição contra nós, porém, também, traz ao nosso coração a alegria de saber que o nosso nome está escrito no Livro da Vida.

Ao atender ao chamado de Cristo e ser integrante do grupo de cristãos que realizam a Grande Comissão, e fazer dessa atividade uma prática diária, nos faz semelhantes a Jesus. Consequentemente nos  leva a destruir velhos hábitos inconvenientes e que não promovem edificação espiritual. Queira ser um evangelista melhor a cada dia. Viver neste mundo conforme Cristo manda, precede a glória que partilharemos com Ele no porvir (Romanos 8.17). 

E.A.G.

Compilação:

Bíblia de Estudo Holman, 1ª edição 2018, Rio de Janeiro - RJ, Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD).

Bíblia Missionária de Estudo. Edição 2014. Barueri - SP. Sociedade Bíblica do Brasil (SBB).

Bíblia de Estudo Vida. Edição 1998, Liberdade. São Paulo - SP. Editora Vida.

Evangelismo Pessoal, Valdir Nunes Bícego, 2ª tiragem 1981, Rio de Janeiro - RJ, Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD).

domingo, 2 de maio de 2021

O Ministério de Apóstolo

Por Eliseu Antonio Gomes

Esta postagem tem o propósito de apresentar subsídio trazendo comentário aos textos bíblicos apresentados no box Leitura Diária, da lição número 6, incorporada na revista Lições Bíblicas: Dons Espirituais e Ministeriais - Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário, cujo comentarista ao segundo trimestre de 2021 é o Pastor Elinaldo Renovato. 

Para obter outro subsídio, na forma que acostumamos entregar, sugerimos que acessem neste blog a abordagem que fizemos no passado,, com muito carinho, quando a CPAD fez uma abordagem anterior deste tema. Confiram: O ministério de apóstolo

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Jesus, o apóstolo por excelência.

"Por isso, santos irmãos, vocês que são participantes da vocação celestial, considerem atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus" -  Hebreus 3.1.

Nesta passagem, Jesus é descrito como apóstolo e sumo-sacerdote da nossa confissão. No idioma grego, o termo especifica a função de embaixador, mensageiro, enviado extraordinário, pessoa que representa aquela que a enviou. Entretanto, a palavra que Jesus usou era aramaica (shaliah), alguém que recebeu a comissão e a autoridade explícitas daquele que o enviou, mas sem a capacidade de transferir seus atributos para outro.

Ao abrir o dicionário Michaellis da Língua Portuguesa e ler o verbete "vocação", Contida em Hebreus 3.1, encontramos três definições altamente significativas. São: tendência, inclinação e disposição natural do espírito. Com tal característica é preciso observar atentamente o ministério terreno do Filho de Deus. O Evangelho que Jesus anunciava era acompanhado do milagres, maravilhas e coisas extraordinárias. O cristão deve estar aberto ao mover milagroso que o Espírito concede através dos dons. A pregação do crente não deve estar estruturada somente em declarações teológicas bem embasadas biblicamente. É necessário ir além dos argumentos intelectuais e usar os dons à operação de milagres como experiência cristã habitual.

Sinais do apostolado

"Pois as minhas credenciais de apóstolo foram apresentadas no meio de vocês, com toda a paciência, por sinais, prodígios e maravilhas" - 2 Coríntios 12.12.

O contexto imediato de 2 Coríntios 12.12. são os versículos 1 ao 11, em que Paulo revela a experiência singular de ser "arrebatado até o terceiro Céu". Embora não tenha esclarecido o nome da pessoa mencionada no versículo 2, está óbvio com base no versículo 7 que falava de si próprio. É possível que tenha mencionado o fato porque os coríntios se vangloriavam de não haver falta de nenhum dom na igreja da qual faziam parte, seu objetivo foi demonstrar-lhes que possuía uma experiência espiritual muito superior a qualquer coisa que eles haviam conhecido. Paulo fez isso sem esquecer a modéstia,  ao usar a terceira pessoa demonstrou ser humilde. Seu comportamento é um exemplo a ser seguido por nós.

Deus confirmou o ministério de Paulo com sinais, maravilhas e milagres. A circunstância sobrenatural é parte essencial do ministério. Apesar disso a fé cristã não deve se apoiar somente nisso, mas em Cristo, pois a vida cristã é vivida por meio da fé em Jesus, nosso Senhor e Salvador. 

Em 1 Coríntios 12.28 a Bíblia declara: "E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas. O ministério apostólico espiritualmente sadio possui esses dois aspectos em sincronia perfeita: ensino bíblico (Atos 2.42; 4.33) e operações dos dons espirituais (Mateus 10.1; Atos 5.12).

A doutrina dos apóstolos

"E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações" - Atos 2.42,43.

Após receber os dons e autoridade do Espírito Santo, Pedro se levantou disposto a entregar a mensagem da parte de Deus à comunidade judaica e pessoas de outras nações que estavam presentes no dia do Pentecostes (Atos 2.9-11). No primeiro dia, três mil pessoas foram salvas e se juntaram à Igreja e muitos milagres eram realizados por meio do ministério dos apóstolos.

A Igreja do livro de Atos vivia em um ambiente sobrenatural, mas também pairava sobre os crentes o temor a Deus. Ele liam as Escrituras e viviam em comunhão. A doutrina (didachê) dos apóstolos se consistia em fielmente em transmitir os preceitos de Cristo, jamais conceitos próprios. O significado bíblico de perseverança tem a ver com ser constantemente diligente, dedicar-se, acompanhar de perto, servir continuamente e ser assíduo. O vocábulo "comunhão" é "koinonia" e significa muito mais do que a amizade, é o amor cristão expressado por ações fraternais como compartilhamento, participação, companheirismo. Trata-se de uma unidade criada e composta pelo Espírito Santo no círculo cristão.

Paulo, apóstolo de Jesus Cristo

"Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, por ordem de Deus, nosso Salvador, e de Cristo Jesus, nossa esperança" - 2 Timóteo 1.1.

Quando Paulo escreveu a segunda carta a Timóteo, ele estava preso e consciente que a sua morte estava perto. Assim sendo, ele deu algumas palavras de encorajamento, instrução e exortação a Timóteo. Ele queria que Timóteo permanecesse fiel à pregação do Evangelho, apesar das perseguições, abandonos e privações que passaria. O conselho de Paulo desceu ao coração do jovem discípulo, pois a história relata que Timóteo continuou firme em seu ministério por cerca de trinta anos, até ser apedrejado por ser um pastor cristão.

Deus é o Criador do universo e a sua lei é absoluta e imutável. Paulo e Timóteo não quiseram interpretá-la fora de contexto para que se encaixasse no modelo de crenças e práticas da geração em que viveram. Em todos os tempos, a sociedade promoveu práticas que são contrárias às leis morais do Senhor. O cristão autêntico não se esquece que possui um ministério e que ministério significa serviço. O crente fiel é servo da Palavra de Deus. Como servo, divulga a Palavra corajosamente, exatamente como ela é, em todas as oportunidades que surgem.

Apóstolo, uma missão sacrificial

"Porque me parece que Deus pôs a nós, os apóstolos, em último lugar, como se fôssemos condenados à morte. Porque nos tornamos espetáculo para o mundo, tanto para os anjos como para os seres humanos" -  Coríntios 4.9.

De acordo com a Bíblia Sagrada, ninguém conhece tão bem a mente humana, seus anseios, suas angustias como o Senhor Jesus Cristo, que disse: "Eu sou aquele que sonda mentes e corações, e retribuirei a cada um de vocês segundo as suas obras". Nos dias atuais encontramos líderes que se intitulam apóstolos, porém, textos bíblicos, como Atos 15.4, 6, 22-23, mostram que presbíteros, ou pastores e bispos, não tiveram a ousadia de se autointitular como apóstolos e nem consagraram outros ao apostolado. Em suas cartas, Paulo se referiu a ele e aos doze escolhidos por Jesus como apóstolos, apenas fez menção a Andrônico e Junia nesta mesma qualificação (Romanos 16.7).

1 Coríntios 4.9 pode ser melhor entendido quando examinado em seu contexto (versículos 4.7), quando Paulo usa a expressão "eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento", indicando que estava resolvendo as divisões da congregação com Apolo (1 Coríntios 1.10-13). Este relacionamento de líderes tinha o propósito de ser um exemplo para que os crentes coríntios seguissem na solução de suas divisões. Paulo usou a humildade como um exemplo, não permitiu que o colocassem em evidência maior do que a que Deus lhe deu, ciente que todos são servos do Senhor e não de si mesmos (Romanos 12.3, 16).

Os doze apóstolos de Jesus

"Naqueles dias, Jesus se retirou para o monte, a fim de orar, e passou a noite orando a Deus. E, quando amanheceu, chamou a si os seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de apóstolos: Simão, a quem acrescentou o nome de Pedro, e André, seu irmão; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu, Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelote; Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes, que se tornou traidor" - Lucas 6.12-16.

Duas prerrogativas são fundamentais para a qualificação do apóstolo:  possuir conhecimento íntimo da vida terrena de Jesus e ser testemunha ocular de sua ressurreição. Paulo conquistou sua nomenclatura de apóstolo ao ser chamado diretamente pelo Cristo ressurreto (1 Coríntios 15.9).

Os doze apóstolo escolhidos por Cristo terão uma posição de destaque e honra no Céu, por terem sido os primeiros desbravadores do Evangelho de Cristo. Em Mateus 19.28, Jesus prometeu que os doze apóstolos que o seguiram fielmente, se assentariam ao lado dele em doze tronos para julgarem as doze tribos de Israel. E em Apocalipse 21.14, está escrito: "E o muro da cidade tinha doze fundamentos e, neles, os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro".

Conclusão

A maturidade cristã é resultado do conhecimento aprofundado da Bíblia Sagrada, contribui para o desenvolvimento espiritual, integridade e responsabilidade do crente. Leva-o a aceitar que a autoridade apostólica dos primeiros apóstolos trouxe aos cristãos do século 21 as Escrituras Sagradas, encerrada em 66 livros. 

Esta autoridade não é transferível aos apóstolos da atualidade. Os apóstolos da nossa geração são missionários e evangelizadores que fazem uso da doutrina apresentada nas Escrituras Sagradas,  para estabelecer igrejas em diversos lugares, não dão vazão ao medo, arriscam suas vidas em lugares anticristãos para que o nome do Senhor seja anunciado e almas se curvem aos pés de Cristo.

E.A.G.

Compilações:

Bíblia de Estudo Palavras Chave Hebraico e Grego. Rio de Janeiro - RJ, edição 2011.

Bíblia de Estudo Plenitude para Jovens. Barueri, SP. Sociedade Bíblica do Brasil. Impressão 2018.

Bíblia do Pregador Pentecostal. Comentários: Erivaldo de Jesus Pinheiro. Barueri, SP. Sociedade Bíblica do Brasil. Impressão 2016.

Dons Espirituais. Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário. Elinaldo Renovato. Rio de Janeiro - RJ, edição 2011. 8ª impressão 2021. 

segunda-feira, 12 de abril de 2021

EBD Lição 3: Dons de revelação

Por Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

Deus busca pessoas que queiram adorá-lo em espírito e em verdade. Adorar ao Senhor é impossível sem a presença, sem a ajuda e o poder do Espírito Santo (Marcos 1.15; Judas 20).

Deus opera através dos dons nos seres humanos. Os dons espirituais são capacidades sobrenaturais vindas dEle por intermédio do Espírito Santo. Paulo recomenda que os cristãos se esforcem para ter amor e que procurem ardentemente exercer bem os dons espirituais. Ensina que todos os dons do Espírito são necessários e que o mais importante é o nosso amor uns pelos outros.

O uso dos dons trazem o poder do Espírito para o nosso tempo. O capítulo 12 não apresenta uma lista completa dos dons do Espírito Santo (veja mais em Romanos 12.6-8; Efésios 4.11-12). O objetivo de Paulo é, em primeiro lugar, exortar os crentes a buscar a graça de Deus, que é revelada pela manifestação dos dons espirituais. 

I - PALAVRA DA SABEDORIA

1. Um conceito.

"Sabedoria" no grego é "sophia", significa "julgamento de Deus diante de demandas feitas pelo homem, especificamente pela vida cristã".

O Deus da Bíblia é o Deus das grandes revelações. Em sua soberania decide realizar milagres e faz os homens conhecerem sua vontade e mistérios (Jeremias 33.3; Daniel 2.19-22). 

A sabedoria a que se refere 1 Coríntios 12.8 é um dom espiritual. É uma capacidade vinda diretamente de Deus, mediante a ação do Espírito Santo. Muitas pessoas são dotadas de grande capacidade intelectual, mas desconhecem a sabedoria de Deus. Todo crente é exortado a buscá-la (Tiago 1.5).  

2. A Bíblia e a palavra da sabedoria.

A sabedoria de Deus é de altíssimo nível, concedida pelo Espírito a quem Ele quer, é recurso extraordinário dado por meios sobrenaturais proveniente do Espírito Santo. Não é possível adquiri-la em estudos acadêmicos; não é alcançada em pesquisa científica, não existe possibilidade alguma de ser transmitida mediante livros nas universidades, em escolas teológicas, filosóficas. É  uma capacitação sobrenatural expressada em forma de declaração espiritual feita num dado momento específico.

A mensagem da sabedoria divina revela o propósito e a forma de Deus agir numa determinada situação, objetivando providenciar uma solução à necessidade da igreja, ou resolver problema individual, de algum servo ou serva sua, principalmente em ocasiões  em que o saber natural é insuficiente para a tomada de decisões, ou resoluções complicadas. 

Pelo fato da sabedoria divina ser superior à capacidade cognitiva humana, transcender os limites da sabedoria natural, seu portador recebe a habilidade de tomar decisões em condições obscuras. Este dom serve para orientação e conselho aos crentes, norteia para que haja decisões sábias em situações extremamente difíceis, cuja solução está fora do alcance da Igreja. Traz a resposta certa que encerra circunstâncias fora da regularidade no dia a dia da comunidade cristã.

3. Uma liderança sábia.

É necessário ter certa sabedoria e instrução no exercício dos dons espirituais e no reconhecimento desses dons. A liderança cristã, bem como todos aqueles que querem servir à Igreja de Cristo, deve buscar o dom da sabedoria a fim de administrar e servir com excelência. A sabedoria de Deus é de grande valor em situações que exigem um preparo totalmente equilibrado, sensato, que faz cessar problemas.

No início da Igreja Primitiva, o número de judeus que se tornaram seguidores de Jesus aumentou bastante, juntamente com o crescimento surgiu a necessidade de organização e delegação (Atos 6.1-4). Alguns judeus de origem grega, aparentemente, eram negligenciados na organização da igreja de Jerusalém. Então os doze apóstolos, para que pudessem continuar nas atividades da oração e da pregação, instruíram os novos discípulos a escolherem do meio deles sete homens para posições de liderança. 

Os crentes precisavam de poder espiritual e sabedoria para obter melhor aproveitamento. Os escolhidos deveriam ser pessoas cheias do Espírito Santo e de sabedoria, ter origem grega e possuir boa reputação. Assim, para atender uma necessidade logística, distribuir comida aos necessitados, surgiu o ofício dos diáconos. Entre os escolhidos estava Estevão, que não era apóstolo, porém, era muito abençoado por Deus e cheio de poder. Dispunha de tanta sabedoria que ninguém conseguia sobrepor a ele durante a pregação. A sabedoria e a unção caminham juntas com o amor  ao próximo!

II - PALAVRA DA CIÊNCIA

1. O que é?

O dom da palavra de ciência é fruto do resultado da iluminação do Espírito acerca das revelações e mistérios de Deus. É uma revelação espiritual de informação relativa a uma pessoa ou acontecimento, feita a um propósito especial, normalmente peculiar e tendo a ver com uma necessidade imediata.  

2. Sua função.

O dom da palavra da ciência se relaciona ao ensino das verdades da Palavra de Deus. Não funciona para servir a propósitos de pouca importância e para uso em situações comum ou simples. Seu objetivo é preservar a vida da Igreja, livrando-a de qualquer engano ou artimanha do maligno. 

Através da palavra da ciência, o Espírito, manifesta o conhecimento que não é transmitido senão pelo uso da fé. De maneira extranatural, beneficia a Igreja trazendo o ensino para uma pessoa ou grupo de pessoas sobre algo específico e com propósito imediato. 

3. Exemplos bíblicos da palavra da ciência.

A teoria psicológica, a sociologia, a história, a política são elaboradas em cima do conhecimento humano dos tempos de hoje, não passam de comprovação que reforça a cegueira espiritual das pessoas sem Cristo. As almas que não conhecem e ignoram a Jesus estão espiritualmente mortas, são como alguém que sempre viveu em trevas e nega a existência da luz. Apenas quando ouvem, creem, aceitam a Jesus como Salvador essa cegueira deixa o seu entendimento. Quando ouvem a mensagem ligada à  palavra da ciência, transmitida na pregação que apresenta o plano divino da salvação, sua perspectiva de vida muda drasticamente. A ciência do amor de Deus e o fato de que Jesus ressuscitou têm um profundo efeito na dimensão de suas vidas. Todo o intelecto humano é afetado depois que a alma conhece os benefícios espirituais existentes na luz divina. 

O Espírito Santo relaciona-se com as evidências do cristianismo. O testemunho do Espírito é útil à defesa da fé que o crente expressa. Este testemunho é uma comunicação pessoal do Espírito Santo ao espírito do crente, deixa-o ciente que o convertido a Cristo é filho de Deus (Romanos 8.15-17; Gálatas 4.6-7).

Em 1 Coríntios 2.6, Paulo faz uma comparação. Mostra à igreja de Corinto a diferença entre a sabedoria humana e a espiritual. Esclarece que a razão humana não é capaz de levar o homem à redenção dos seus pecados. Somos redimidos pela fé em Cristo. A fé salvífica é um dom divino. O homem que não aceita a Cristo como Salvador não pode compreender a sabedoria de Deus revelada em Jesus. A graça de Deus é dada ao crente, de múltiplas formas, através de Cristo, de modo que o Espírito Santo não permite que lhe falte dom algum (1 Coríntios 1.4-7).

III - DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS

1. O dom de discernir espíritos.

"Bom e reto é o SENHOR, por isso aponta o caminho aos pecadores. Guia os humildes na justiça e ensina aos mansos o seu caminho" - Salmos 25.8,9.

A palavra "retidão" vem de uma raiz hebraica que significa "direito", "que não tem "curvatura". Nas Escrituras Sagradas, tem a ver com o estilo de vida em santidade. O discernimento de espírito faz o crente reconhecer que "toda boa dádiva e todo dom perfeito vem lá do alto", tudo que provém de Deus está caracterizado segundo os atributos do Pai das luzes, "em quem não pode existir variação ou sombra de mudança", pois Ele é santo (Tiago 1.17).

A capacidade de discernir espiritualmente está citada em 1 Coríntios 12.8-10, logo após o dom de profecia. No grego, o primeiro substantivo encontra-se no plural, portanto, podemos considerar "discernimentos" ou "distinções".

2. As fontes das manifestações.

"Justo é o SENHOR em todos os seus caminhos, bondoso em todas as suas obras. Perto esta o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade" - Salmos 145.17,18. 

Em seu louvor, registrado no Salmo 145, o salmista descreve o modo como Deus é revelado e manifestado aos homens. Deus é imanente e transcendente. A imanência apresenta Deus presente e dinâmico na sua criação e interagindo com a humanidade; a transcendência mostra que Deus não é restrito à nossa capacidade de compreendê-lo ( Jeremias 12.1).

Nesta condição divina, o Espírito de Deus manifesta-se ao ser humano, limitado, concede o dom de discernimento de espírito para pessoas espirituais, aos que evitam seguir pela direção da maldade, escolhendo associar-se com outros crentes que devotam tempo e energia ao conhecimento da vontade divina (1 Coríntios 2.13-14).

O dom de discernimento de espírito (diakriseis pneumaton) é essencial ao cristianismo. Através desta capacitação espiritual, há o poder para detectar a origem das circunstâncias ou as intenções das pessoas, é possível distinguir a verdade espiritual do erro ou heresia. Dotado com o discernimento de espírito, o crente percebe a tortuosidade dissimulada de licitude, é capaz de reconhecer a simulação do gracejo pirracento travestido de inocência; pode descobrir autores de atos maus disfarçados de ovelhas de Cristo. A capacitação fornece condições ao crente para saber a diferença entre os dons que vêm do Espírito de Deus e os que não vêm dele.

3. Discernindo as fontes espirituais.

Durante o culto é esperado que cada membro manifeste um dom. "Que fazer, então, irmãos? Quando vocês se reúnem, um tem salmo, outro tem um ensino, este traz revelação, aquele fala em línguas, e ainda outro faz a interpretação. Que tudo seja feito para a edificação" (1 Coríntios 14.26). 

Paulo não sugere que todos os presentes se manifestem, destaca que cada membro é livre à manifestação. Ao encorajar os crentes ao exercício dos dons durante o culto, o apóstolo cita cinco elementos:

1. salmo;

2. doutrina;

3. revelação;

4. língua; e

5. interpretação.

Provavelmente, os cinco itens representem vários tipos de manifestações verbais do Espírito que deveriam acontecer na igreja de Corinto. Nota-se que o termo "revelação" está incluído, de maneira equivalente, no lugar de "profecia". 

Paulo ensina sobre o controle dos dons, não pode haver mais do que três expressões verbais glossolálicas em qualquer culto de adoração, pois nenhum dom deve sobrepor aos demais (1 Coríntios 14.27). Sobre o dom de profecia, diz: "os outros julguem". Isto é, a igreja como um todo deve julgar o conteúdo da profecia. O meio de avaliação é o dom de discernir os espíritos. 

CONCLUSÃO

Ao iniciar a primeira carta aos crentes congregados na igreja em Corinto, Paulo deu louvores pela graça de Deus, evidente naquela comunidade, pelo fato que nenhum dom lhes faltava. Contudo, eles não conseguiam lidar bem com estes dons espirituais. As atitudes de alguns crentes contribuía para reuniões caóticas e ruidosas que não edificavam os crentes e escandalizavam os descrentes que os visitavam (1 Coríntios 14.20-36). 

É importante que haja no relacionamento interpessoal entre crentes o interesse comum de agradar ao Senhor em tudo, o que consequentemente resultará no uso de todos os dons em conformidade com o plano original do Senhor. Os dons quando não são empregados no amor, que é abnegado e focado nas outras pessoas, torna-se inútil. Apesar de ser provisões de Deus, o amor é o que realmente importa (1 Coríntios 12.31 - 13.13).

E.A.G.

Atualização em 16/04/2021; 16h41; 18h23; também em 17/04/2021; 03h19; 05h42 

segunda-feira, 5 de abril de 2021

EBD Lição 2: O propósito dos dons espirituais



Por Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

O Espírito não é uma coisa,  não é um ser neutro ou impessoal. Ele é o Espírito Santo (Lucas 11.13), o Espírito Santo da promessa (Efésios 1.13); Espírito de santidade, de vida  e de  julgamento (Romanos 1.4 e 8.4; Isaías 4.4); é o Espírito da verdade, de sabedoria e entendimento (João 14.17; Isaías 11.2); Espírito de conselho, poder, do conhecimento e do temor do Senhor (Isaías 11.2).

O Espírito é Deus. Possui os quatro atributos divinos: onisciência, onipresença, onipotência e eternidade (1 Coríntios 2.10-11; Salmos 139.7-10; Lucas 1.35; Hebreus 9.14). Ele é uma das três pessoas da Trindade e atua com personalidade destacada. Possui conhecimento (1 Coríntios 2.10-11), vontade (1 Coríntios 12.11), sentimento ou emoção (Romanos 15.30). Age examinando, falando, ensinando, testificando, guiando, comandando os cristãos (1 Coríntios 2.10; Apocalipse 2.7; João 14.26; 15.26; Romanos 8.24). É o Espírito da graça, da súplica e da glória (Zacarias 12.18; Hebreus 10.29, 1 Pedro 4.14). É transmissor de vida e autor de profecia (Gênesis 2.7; João 6.63; 2 Pedro 1.21). Ele é o Espírito eterno, o Consolador, é Deus em nós, a esperança da glória (Hebreus 9.14; João 14.26; Colossenses 1.27).

É importante não haver confusão de ideias sobre quem é o Espírito Santo e qual é a finalidade do batismo com o Espírito Santo. É preciso conhecer sua natureza divina, saber a forma de receber o batismo, ter o consciência plena sobre finalidade ou propósito de ser um cristão batizado. Na igreja em que há crentes batizados com o Espírito Santo, uns falam em línguas, outros profetizam; outros interpretam; outros manifestam dons de curas e milagres; outros possuem conhecimento espiritual. Deve ser assim os cultos pentecostais, pois os dons espirituais são meios pelos quais podemos conhecer melhor nosso Pai e servi-lo com mais eficácia. 

I - OS DONS NÃO SÃO PARA ELITIZAR O CRENTE

1. A igreja coríntia.

"Sirvam uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como encarregados de administrar bem a multiforme graça de Deus" -  1 Pedro 4.10. Nesta passagem bíblica, o apóstolo anima os destinatários de sua primeira carta quanto à iminente volta do Senhor Jesus. Adverte-os escrevendo que todo crente deve se comportar como bom despenseiro da multiforme graça de Deus. 

Multiforme significa de muitos estilos, estados, formas e jeitos. A Igreja do Senhor, através de cada cristão portador de dom espiritual, expressa-se eficazmente com muitas maneiras e estados distintos a graça de Deus. Há muitos estilos de pregar e ensinar, muitos procedimentos para operação de curas, muitos modos de apresentar o dom de profecia. Pela multiformidade de instrumentalização de seus servos, a misericórdia do Senhor alcança a todos que o buscam com humildade e fé.

Os membros da igreja em Corinto, na Grécia, não eram unidos ao se reunirem para receber o ensino das Escrituras Sagradas. Eles se separavam tendo como motivação o gosto quanto ao estilo dos pregadores (1 Coríntios 1.12). Uma turma de crentes gostava da maneira como Paulo fazia exposição da Palavra, a segunda turma tinha preferência pelo estilo da pregação de Pedro, o terceiro grupo mostrava favoritismo pelo modo como Apolo expunha seus sermões, e o quarto grupo se satisfazia com pregadores que imitavam a gesticulação corporal e entonação de voz com que Jesus Cristo era acostumado a apresentar a Palavra de Deus antes de subir ao céu.

A firmeza da Igreja se deve ao fato de não ser uma organização humana, porém um organismo espiritual. Sua fortaleza é assegurada através de provisões do Espírito. As manifestações do poder do Espírito são imprescindíveis ao êxito e  autenticação da missão da Igreja. 

Os dons de Deus fazem parte dos "mistérios de Deus". Todos os crentes devem ser vistos pelos homens como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus (1 Coríntios 4.1). Deus quis fazer conhecer quais são os mistérios e as riquezas da glória entre os gentios, que é Cristo, esperança da glória (Romanos 11.13; Colossenses 1.26-27). E assim, esse mistério foi revelado através da Igreja, agora a multiforme sabedoria de Deus é conhecida dos principados e potestades (Efésios 3.10).

2. Uma igreja de muitos dons. 

1 Pedro 4.10 nos informa que é preciso administrar os dons espirituais como "bons despenseiros" (ARC), "encarregados" (NAA). No texto grego o termo em que é feita a tradução ao português, o vocábulo original, equivalente à mordomo, é "oikonomos". Essa palavra está associada à "oiko (casa) e "nemo", que significa "dispor," arrumar", "ajeitar". Generalizadamente, "oikonomos" descreve o administrador de uma propriedade ou família. um mordomo fiel. Em 1 Coríntios 4.1 e Tito 1.7, esta palavra refere-se aos ministros cristãos, mas em 1 Pedro 4.10 remete aos crentes em geral, concernente ao uso de dons que o Senhor confiou a eles com a finalidade de estimular a vida cristã de seus irmãos.

O Novo Testamento inclui três catálogos para apresentar os dons que o Espírito Santo concede aos cristãos. Para uma boa hermenêutica, considere que  Efésios 4 fornece as categorias de funções eclesiásticas, enquanto Romanos 12 e 1 Coríntios 12 e  listam dons espirituais.
• Efésios 4.11: "E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres". 
• Romanos 12.6-8"Temos, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se é profecia, seja segundo a proporção da fé; se é ministério, dediquemo-nos ao ministério; o que ensina dedique-se ao ensino; o que exorta faça-o com dedicação; o que contribui, com generosidade; o que preside, com zelo; quem exerce misericórdia, com alegria. Romanos 12.6-8.

• 1 Coríntios 12.7-10: "A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando um fim proveitoso. Porque a um é dada, mediante o Espírito, a palavra da sabedoria; a outro, segundo o mesmo Espírito, a palavra do conhecimento. A um é dada, no mesmo Espírito, a ; a outro, no mesmo Espírito, dons de curar; a outro, operações de milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos. A um é dada a variedade de línguas e a outro, capacidade para interpretá-las."
Jesus operou seus milagres por meio do Espírito. Pelo poder do Espírito, foi ressuscitado dos mortos. Através do Espírito, após sua ressurreição, deu mandamentos a seus apóstolos. E desde então o Espírito atua entre os crentes em Cristo, começou entre  apóstolos e profetas, dando-lhes dons especiais para propósitos específicos (Mateus 12.28; Romanos 8:11; Atos 1.2; 1 Coríntios 12.4, 8-11, 28, 29). 

Agora o Espírito dá testemunho de Jesus em nossa contemporaneidade. Ele nos envia para vocações definidas (João 15.26, 27; Atos 13.2-4). Os dons espirituais  é uma das maneiras mais significativas pelas quais o Espírito Santo afeta a vida dos cristãos. Os dons são para a igreja o que os órgãos e partes do corpo são para o corpo humano. O estudo desses dons é o estudo da anatomia da Igreja, o corpo de Cristo.

3. Dom não é sinal de superioridade espiritual.

A experiência da vida cristã indica que grande parte das pessoas, nas igrejas pentecostais, não sabe lidar muito bem com os recursos espirituais que Deus coloca à disposição dos crentes. A começar pelo batismo com o Espírito Santo, há uma confusão sobre sua finalidade e propósito.

O dom de profecia não existe com a finalidade de transformar o seu portador em pessoa em grau de autoridade maior que os demais irmãos, não faz daquele ou daquela alguém habilitado espiritualmente  para dirigir a vida do pastor e de outros membros da igreja. O dom de profecia existe para trazer mensagens, aos que cultuam a Deus, objetivando a renovação de ânimo, o conforto e o fortalecimento espirituais. O indivíduo que profetiza é usado pelo Espírito no seguinte parâmetro: exortação, consolação e edificação (1 Coríntios 14.3-4). 

Possuir dons espirituais não é motivo para considerar-se superior aos outros, pois não é selo de espiritualidade. É possível medir o grau de espiritualidade do cristão? Sim. Medimos o grau de entrega de nossos vidas ao Espírito através da manifestação ou ausência das características do fruto espiritual em nossas conversas e atitudes. 

Observemos o tipo de vocabulário e a espécie de ação, façamos um paralelo com as nove características do fruto espiritual: "Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e os seus desejos. Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito" (Gálatas 5:22-25).

II - EDIFICANDO A SI MESMO E AOS OUTROS

1. Edificando a si mesmo.

Quando o crente fala em línguas, sem que haja interpretação, não edifica a igreja, porque não há quem o entenda. Paulo escreveu que o cristão que fala em língua estranha edifica apenas a si mesmo (1 Coríntios 14.4). 

Consideremos que não é possível haver igreja edificada se não houver crente espiritualmente estruturado, e que cada crente precisa ser espiritualmente edificado para que a coletividade também se estruture. É necessário empreender ensino sobre essa situação. O crente que eleva sua voz em língua ininteligível durante o culto, precisa compreender que tal atitude não é conveniente. É preciso fazê-lo compreender sobre a importância do hábito de ser buscar ao Senhor em local apropriado, a reservar lugar e tempo para momentos devocionais.   

Geralmente, o cristão sincero e novo na fé sente alguma dose de insegurança quando fala sobre a maneira como o Espírito entrega os dons espirituais. Inclusive, parece não existir entre os teólogos uma definição padronizada sobre o meio no qual o Senhor revela haver confiado o uso de seus dons aos crentes. Alguns afirmam que o Espírito comunica-se especificamente sobre a entrega de dons para cada servo que o recebe, enquanto outros preconizam que apenas basta ao cristão prestar atenção à rotina ministerial em que está inserido, observando oportunidades de serviço, examinando habilidades adquiridas, mensurando graus de interesse e satisfação ao desempenhar a Obra do Senhor.  

Quando pela fé nos entregamos ao Espírito para ser instrumentalizados, somos capacitados para o propósito de execução do plano de Deus em nossa vida e nas vidas de muitas outras pessoas. O Espírito atribui tarefas de maneira compatível com os dons que seus servos possuem. A pessoa que é eficaz no ensino infantil, está dotada com o dom de ensinar a petizada com a facilidade necessária. Aquele que é convidado constantemente às palestras com temáticas de difíceis abordagens, detém o dom da exortação, ou encorajamento; o indivíduo que demonstra desenvoltura ao relacionamento interpessoal e ao aconselhamento bíblico, tem chamada para pastorear as ovelhas de Cristo.

2. Edificando outros.

Podemos considerar que, se o batismo com o Espírito Santo e o uso dos dons espirituais não forem bem compreendidos, certamente haverá a manifestação estranha de comportamentos inadequados de espiritualidade. 

A igreja de Corinto, possuía todos os dons espirituais (1 Coríntios 1.7), porém, Paulo fez uma referência indesejável aos irmãos que nela congregaram. Entre eles havia inveja, contenda, dissensões, demonstrando assim que eles não eram espirituais quanto pareciam ser. Apesar do fato de terem tantos dons,  no resultado de sua avaliação, o apóstolo declarou que eles eram crentes "carnais" e ainda "meninos em Cristo" (1 Coríntios 3.1,3,4; 14.20).

Crentes invejosos, criadores de contendas e dissensões entre irmãos não entendem o propósito dos dons espirituais para a igreja. A Bíblia diz em 1 Coríntios 13.1-3: "Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, isso de nada me adiantará". 

3. Edificando até o não crente. 

Por meio do Espírito, Deus habita no coração do crente. Deus se relaciona com o mundo perdido através da vida cristão, provê ao crente fortalecimento e meios para que cumpra a missão de levar o Evangelho de Cristo ao mundo, abrir os olhos das almas que caminham à perdição eterna e edificar os novos convertidos através do ensino bíblico. É o Espírito que equipa o cristão com as armas espirituais para que vença as lutas contra satanás (Mateus 28.18-20; Efésios 6.10-17; 1 João 4.4). 

III - EDIFICAR TODO O CORPO DE CRISTO

1. Os dons na igreja.

Algumas pessoas perguntam sobre a relação entre dons naturais e  espirituais. Os dons naturais são dados por Deus, mas nem todos são usados ​​no serviço de Cristo. Três exemplos de dons naturais: o talento para compor, cantar música e tocar instrumentos musicais. Quando a pessoa está em Cristo, os dons naturais são santificados pelo cristão que os tem e usados com satisfação para glorificar ​a Deus. 

Sobre os dons espirituais, habilidades que o Espírito Santo dá a cada crente para equipá-los para seu ministério específico na igreja. Cristo credenciou-se após sua ressurreição, diante de Deus, dos anjos e dos poderes do mal para conceder "dons aos homens", repartindo-os como particularmente a cada um como quer (Efésios 4.8, 12.11).

A concessão de dons foi realizada com o objetivo  de capacitar os servos do Senhor. Os dons estão colocados à disposição dos salvos para que através do mesmos o Senhor realize seus propósitos especiais (1 Coríntios 12.11). Dessa forma, Paulo registra que há nove tipos de dons. Numa igreja bem edificada, há a palavra da sabedoria, ciência de Deus, existe a fé; há os dons de curar; há operação de maravilhas; há profecias autênticas; há o dom de discernir espíritos; há línguas e interpretação de línguas.

A presença de dons diferenciam a atuação da Igreja de qualquer outra entidade ou organização. Foram e ainda são parte da vida da Igreja de Jesus, para o cumprimento de sua gloriosa missão. As operações de dons espirituais produzem a condição para a proclamação do Evangelho de Cristo a todos os lugares, contribuem para fortalecer e destacar a Igreja de Cristo de movimentos religiosos heréticos (Atos 1.8). Através da operação sobrenatural a Igreja tem o único recurso que lhe oferece condições de suplantar o império do mal. 
 
2. Os sábios arquitetos do Corpo de Cristo.

Stanley Horton, no livro I e II Coríntios - os problemas da igreja e suas soluções (páginas 112) afirma que o Espírito Santo quer honrar Jesus, não só chamando-o de Senhor, mas distribuindo uma diversidade de dons livremente. 

Deus capacitou a igreja  com características  e recursos que transcendem à esfera humana, pois  deseja que sua multiforme sabedoria seja conhecida dos principados e potestades nos céus (Efésios 3.10). Além da propagação da mensagem da salvação, fazer conhecida a multiforme sabedoria divina é uma das missões mais importantes da igreja. Através da profundidade das riquezas espirituais, tanto da sabedoria como da ciência de Deus, o Senhor proporciona à igreja o acesso aos recursos espirituais para que o crente demonstre o seu poder no meio dos homens através dos dons espirituais. 

Se não fosse os dons espirituais, a igreja seria apenas uma instituição meramente humana. Os dons espirituais são indispensáveis à unidade e à ação da Igreja (1 Coríntios 12.4-6). Deus quis que houvesse uma diversidade de dons espirituais, porque a mente humana jamais entenderia a grandeza e a profundidade do saber divino. Os recursos existentes na multiforme sabedoria de Deus são demonstrados através da variedade de dons. Então, de modo equilibrado, os crentes são capazes de  compreender e atuar na dimensão espiritual, glorificam ao Senhor neste mundo.

3. Despenseiros dos dons.

Os dons de Deus devem ser exercidos com sobriedade e vigilância (1 Pedro 4.7 e 5.8; Mateus 26.41), cultivados com a prática do amor a Deus e ao próximo (João 13.34-35), vividos sem que se faça acepção de pessoas (Tiago 2.9). O que administra o rebanho de Deus deve ser hospitaleiro, retirar da "despensa" de Deus o melhor alimento e vigiar pela própria vida e a vida do próximo (1 Pedro 4.9; Hebreus 13.2).

Para pôr em movimento a atividade do dom espiritual no serviço cristão, é necessário haver dedicação motivada pelo amor. Só assim é imprimido no resultado final a alegria do Senhor, que gera força para seguir adiante na caminhada de fé.

CONCLUSÃO

O Senhor dá sua maior alegria àqueles que ajudam a cumprir sua Grande Comissão. Ao encontrar e usar seus dons espirituais, você encontrará a paixão, o propósito e a paz de Deus.

É importantíssimo que os líderes de igrejas promovam o ensino bíblico quanto à origem, sobre a natureza e o propósito dos dons espirituais. Ao compreender a essência e o objetivo dos dons. Sendo conhecedores de tamanha bênção, os crentes glorificam a Deus na igreja, edificam-se uns aos outros, promovem o bem à coletividade dos salvos (Efésios 4.10-14, 16; 1 Coríntios 12.7). 

E.A.G.

Compilação:
Bíblia do Pregador Pentecostal, página 1920, edição 2006, Barueri - SP (Sociedade Bíblica do Brasil).
Bíblia Plenitude, página 1313, edição 2001, Barueri - SP (Sociedade Bíblica do Brasil).
Bibleinfo - https://www.bibleinfo.com/sv/topics/andliga-gavor [acesso à página em 08/04/2021]
Denison Forum - www.denisonforum.org/resources/who-is-the-holy-spirit/ [acesso: 08/04/2021] 
Ensinador Cristão. Ano 22, nº 85, abril a junho de 2021. Páginas 25-26. Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Bangu - RJ (CPAD). 
Dons Espirituais e Ministeriais - Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário, 2ª edição 2021, Elinaldo Renovato, páginas 22-25, 28-29. Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Bangu - RJ (CPAD).