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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

O coelho na orelha de Nelson Mandela

A escultura feita de bronze de Nelson Mandela, anunciada como a maior representação de sua figura, com 9 metros de altura, esculpida durante o funeral do líder sul-africano - erigida com os braços estendidos, simbolizando a dedicação de Mandela para a inclusão de negros numa sociedade que privilegiava apenas os brancos - tem um capricho dos artistas que a construíram. E aparentemente ninguém sabia que haveria tal inclusão pitoresca..

A estátua foi inaugurada pelo presidente Jacob Zuma no dia 16 de dezembro, está localizada nos jardins do Union Buildings, sede da presidência sul-africana em Pretória, um dia após o funeral de Mandela. Foi descoberto que na orelha direita, discretamente posicionado, está esculpida a miniatura de um coelho. O bicho tem a metade do tamanho do orifício da orelha, está sobre duas patas, voltado como que a olhar para fora.

Segundo Paul Mashatile, ministro da cultura e artes, os artistas, Andre Prinsloo e Ruhan Jansen van Vuuren, cidadãos pertencentes à minoria branca da África do Sul, foram selecionados por seu talento, mas também porque o projeto tem o espírito de anunciar o principio de reconciliação entre negros e brancos, o esforço de Mandela para haver a sociedade multi-racial. Dali Tambo, figura ligada ao movimento anti-apartheid, considerou o ato ofensivo e comparou-o a colocar um rato dentro do nariz de uma estátua de Barak Obama. 

Os escultores se recusaram a falar sobre o assunto para os jornalistas da Associated Press. Um jornal local divulgou que os artistas haviam revelado que o animal era uma espécie de "marca registrada", que haviam decidido fazê-la após o governo recusar que eles gravassem seus nomes na altura da calça da estátua. Disseram também que a escolha do coelho seria porque ele simboliza a pressão que receberam para terminar a obra em tempo reduzido, pois coelho (haas) no idioma africâner também significa "pressa". 

O porta-voz do departamento de artes do governo de Pretória se pronunciou declarando não saber que os escultores Andre Prinsloo e Ruhan Jansen van Vuuren tinham acrescentado à obra o bicho. Em nota, o departamento anunciou que está em discussão uma forma de fazer a retirada sem causar nenhum dano à estátua, considerada motivo de orgulho para todo o povo da África do Sul.  O Ministério da Cultura  E Artes declarou que  Prisloo e Vuurem pediram desculpas aos que consideraram o coelho como uma maneira desrespeitosa ao legado de Nelson Mandela.

E.A.G.

Com informações de Associated Press via Harold-Mail-Media - www.heraldmailmedia.com/news/nation/rabbit-carved-into-ear-of-mandela-statue-causes-controversy/article_84875658-8373-11e3-96d7-001a4bcf6878.html

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

A história de Nelson Mandela

Nelson Mandela: 18 de julho de 1918 - 5 de dezembro de 2013. 

Sabemos, não negamos que a figura de Nelson Mandela foi importante para derrubar o Apartheid, regime racista que subjugava de maneira instituciolizada os não-europeus, na África do Sul.

Nem todos lembram que a situação de prisioneiro em que Mandela esteve, por 27 anos, foi usada habilmente por ativistas norte-americanos e ingleses como estratégia vital para chamar a atenção mundial contra a política segregacionista. Grandes nomes do cenário do rock e do pop, gente de cinema e televisão, se engajaram e doaram talento e prestígio para pressionar o governo racista a libertar Mandela e mudar sua política interna de opressão contra os negros.

É histórico o show Nelson Mandela 70th Tribute, realizado em 11 de julho de 1988, no estádio de Wembley, Londres. A rede de televisão inglesa BBC registrou tudo ao vivo com muito profissionalismo, a Fox, emissora americana, retransmitiu  o evento aos Estados Unidos, e outras emissoras para 67 países, quase todas simultaneamente. Estiveram lá as bandas Dire Straits, Simples Minds, Bee Gees; os cantores Eric Clapton, Phil Collins, Peter Gabriel, Sting, Stevie Wonder, Harry Belafonte, a cantora Tracy Chapman. Atores e atrizes: Daryl Hannah, Woopi Goldenberg, Jennifer Beals, Denzel Washington, Richard Gere, Gregory Hines. E muitos outros artistas, nomes não menos importantes no cenário artístico da década de 80.

Naquela época, a maioria das pessoas não sabiam que Nelson Mandela existia, e quem sabia tinha a falsa informação que era um  terrorista cumprindo pena. Então, quando artistas famosos se reuniram para celebrar seu 70º aniversário, todos começaram a querer saber mais sobre quem realmente ele era. A partir de 11 de julho de 1988, dia memorável, o mundo bradava "libertem Mandela". Empresas sediadas na África do Sul foram pressionadas a mudarem suas instalações para outros países. A ONU passou a censurar com veemência a segregação racial. E as portas da cela se abriram para Mandela em 12 de fevereiro de 1990, ganhou o prêmio Nobel da Paz em 1993 e conquistou o cargo de presidente eleito democraticamente entre 1994 a 1999.

É inegável que a pessoa de Mandela é de grande importância para o povo sul-africano assim como foi Mahatma Gandhi para os indianos. Porém, não é possível esquecer que Mandela teve altos e baixos, quando de civil e prisioneiro tornou-se político. Em seu mandato presidencial, ministros foram acusados de corrupção grave, e tal qual Luiz Inácio Lula da Silva, disse "eu não sei de nada disso", e teve sua pessoa blindada de investigações mais aprofundadas. Não comparo as duas personalidades, apenas lembro que ambos viveram em cargos similares, rodeados de gente com comportamento parecido, e que deram declaração iguais sobre a situação.

Aceitemos a hipótese que Mandela não sabia. Não saber não o fez melhor governante, pois a responsabilidade do cargo presidencial exigia que estivesse supervisionando as pessoas que escolheu para comandar os ministérios de seu governo.

Cristão metodista, corajoso, persistente. Mas, ninguém é perfeito, nem Mandiba (apelido carinhoso que recebeu) conseguiu ser. Embora tenha vivido a maior parte de sua vida correndo atrás de metas nobres, o grande líder sul-africano não alcançou a perfeição.

Curiosidade sobre o movimento de libertação de Mandela: A banda Dire Straits havia se dissolvido quando foi convidada para tocar no evento de Wembley. Mark Knopler, o líder da banda, alegou que os integrantes estavam "enferrujados", despreparados, longe de instrumentos por um longo tempo, mas mesmo assim aceitou tocar no evento por ser questão humanitária. Por aqueles dias o guitarrista Jack Soni, um dos componentes,  tinha sua esposa gestante, nasceram duas meninas, e por causa dos bebês gêmeos não pôde comparecer, e foi substituído por Eric Clapton. O resultado da apresentação é esse vídeo abaixo: