Pesquise sua procura

Arquivo | 14 anos de postagens

Mostrando postagens com marcador Davi - rei. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Davi - rei. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 6 de abril de 2022

Abigail - pacificadora, viúva de Nabal e esposa de Davi

Abigail era uma mulher impressionante, incrivelmente inteligente, possuía discrição e beleza, sempre se comportava de modo agradável, nunca indelicada. Casou-se com Nabal - nome que soava parecido com a palavra "tolo" e este é significado do nome. Apesar de ser muito rico, seu esposo era um indivíduo mau caráter, grosso, vulgar, insolente, insensato.


Sua história ocorre cerca de 1005 a.C. , está relatada no livro 1 Samuel, capítulo 25. 

terça-feira, 21 de setembro de 2021

O poder da fraqueza

Uma das histórias bíblicas que mais gosto é a de Davi e Golias. Ao que parece, todas as manhãs os israelitas se alinhavam ao redor da colina, preparados para guerrear contra os filisteus, Golias descia ao vale. E ficava ali, bem armado para a luta, com o escudeiro ao lado; gritando com o exército israelita, desafiando-o à ir pegá-lo! À essa altura, todo o exército israelita se virava e fugia para o acampamento (1 Samuel 17.1-24).

Parece que isso vinha ocorrendo havia já algum tempo, quando Davi apareceu no cenário. Depois de discutir um pouco com seus irmãos, Davi apanhou cinco pedras e desceu ao vale, a fim de

quinta-feira, 1 de julho de 2021

O sucessor do rei Saul: Isbosete ou Davi?

Muita gente não sabe, mas Davi não assumiu o trono logo após a morte de Saul. Quando o rei perdeu a vida na batalha contra os filisteus, os três filhos mais velhos pereceram com ele. Prevendo que Davi seria aclamado rei, Abner, primo e comandante-chefe do exército de Saul, fez com que Isbosete* (אִישׁ־בּשֶׁת, lê-se Ish-Boshet), o quarto filho do rei Saul, aos quarenta anos, se tornasse o último representante de sua família a ser rei de Israel.
  
Seu nome era originalmente Esbaal (1 Crônicas 8.33; 9.39), que significa "homem de Baal". Baal, cujo significado era “mestre”, um título de dignidade. Como o nome passou a ser cada vez mais

domingo, 20 de junho de 2021

Adorando em meio a dor.


"Então Davi se levantou da terra, e se lavou, e se ungiu, e mudou de roupas, e entrou na casa do Senhor, e adorou. Então foi à sua casa, e pediu pão; e lhe puseram pão, e comeu" - 2 Samuel 12.20.

Davi pecou com Bate-Seba e teve um arrependimento genuíno. Porém, o resultado de suas ações equivocadas permanecem. O filho do adultério nasce muito doente, Davi abriga em seu coração a expectativa que o Senhor mude de ideia e deixe a criança viva. Num tempo em que o jejum e o sacrifício eram muito raro entre os israelitas, ele passa a suplicar e jejuar pedindo sua saúde. Mas a criança morre.

Algumas passagens das Escrituras Sagradas nos fazem parar e pensar. Como Davi, após interceder fervorosamente perante Deus por seu filho, e não ter a resposta desejada, encontra forças para se levantar, se lavar, ungir-se, trocar de roupas, ir à Casa do Todo-Poderoso, adorar a Deus e se alimentar? Diante do falecimento do filho, tal comportamento foi contrário ao esperado, normalmente o jejum seguia a morte do ente querido.

Davi não sentiu nenhuma indignação, nenhuma ira ou revolta contra Deus? A resposta é simples, mas chata ao nosso coração. Davi entende que todo juízo de Deus é justo e que tendo feito o tudo o que lhe era humanamente possível, só restava se submeter à vontade divina, ardentemente continuar a adorar ao Senhor.

"E disse ele: Vivendo ainda a criança, jejuei e chorei, porque dizia: Quem sabe se DEUS se compadecerá de mim, e viverá a criança? Porém, agora que está morta, por que jejuaria eu? Poderei eu fazê-la voltar? Eu irei a ela, porém ela não voltará para mim" (2 Samuel 12.23).

Que exemplo!

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

A Velhice de Davi


Por Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

Certa vez, alguém escreveu o seguinte: No período da infância, quem observa alguém entre 20 e 30 anos pensa que tal pessoa é velha; quem tem entre 20 e 30 tende a cogitar que o indivíduo na faixa de 60 está vivendo em velhice; e o sexagenário pondera que ser velho é ter passado de 70 anos de idade. O que dizer sobre isso? Cada um de nós deve olhar para si mesmo entendendo e aceitando que o envelhecimento é um desenvolvimento gradativo natural que provoca alterações no organismo, mudanças vistas como normais da vida.

A lei número 10.741, de outubro de 2003, dispõe sobre o Estatuto do Idoso. Em seu artigo número 1, declara que pessoas  com idade de 60 anos ou mais são consideradas legalmente idosas.

I - UMA VISÃO GERAL SOBRE A VELHICE

1. Concepções antigas e modernas.

Os seres humanos têm demonstrado atitudes muito diferentes diante da velhice. Na antiguidade clássica, a velhice era vista como sinônimo de sabedoria, os postos de governo e ensino eram reservados primeiramente aos anciãos. Em época mais remota, povos bárbaros que praticaram o canibalismo contra as pessoas velhas, fracas, improdutivas.

Ainda existe em países orientais a preservação da dignidade do idoso; e, infelizmente, salvo as valiosas exceções, em muitas nações ocidentais, de forma não literal, a antropofagia volta a se repetir, pois a pessoa envelhecida é esquecida, abandonada, maltratada por familiares e pelos governos.

2. Concepção bíblica.

Deus criou a vida humana como um processo evolutivo, a ser iniciado na infância e terminar na velhice. O começo e o final são caracterizados pela fragilidade de uma vida que está começando ou terminando. Mas, enquanto a sociedade considera a velhice como a etapa de impotência e mal-estar, quando os sentidos vão morrendo aos poucos, quando se apaga a capacidade de desfrutar os prazeres da vida, quando a pessoa começa a ser um estorvo para os familiares e quando sua única esperança é o túmulo, as Escrituras Sagradas mostram a longevidade humana de modo bastante positivo. Ao Senhor, quanto mais a entrada dos anos, mais plenitude de vida tem a pessoa.

A morte de Abraão é assim descrita: "Os dias da vida de Abraão foram cento e setenta e cinco anos. Abraão expirou e morreu após uma longa velhice, e foi reunido ao seu povo. Os filhos dele, Isaque e Ismael, o sepultaram na caverna de Macpela, no campo de Efrom, filho de Zoar, o heteu, em frente de Manre, o campo que Abraão havia comprado dos filhos de Hete. Ali foram sepultados Abraão e Sara, sua mulher. (Gênesis 25.7-10). Moisés também viveu cento e vinte anos, "seus olhos não se haviam enfraquecido, e ele não havia perdido o vigor" (Deuteronômio 34.7). 

A bênção do Senhor se expressa nesta porção bíblica: "Em toda aquela terra não havia mulheres tão bonitas como as filhas de Jó; e seu pai lhes deu herança entre seus irmãos. Depois disto, Jó viveu mais cento e quarenta anos; e viu os seus filhos e os filhos de seus filhos, até a quarta geração. E assim Jó morreu, após uma longa velhice" (Jó 42.15-17).

Toda a narrativa que encontramos de Mateus ao Apocalipse não faz referência ao período da velhice de maneira negativa. No tempo do ministério terrenos de Jesus Cristo, os anciãos era usado para se referir aos chefes de comunidades, tomavam parte do Sinédrio, juntamente com os sumos sacerdotes e os escribas. Quando a igreja começou a se organizar, durante o tempo da perseguição do Império Romano, as comunidades cristãs encarregavam um colegiado de anciãos, conhecido como "presbitério" com vista a estabelecer o governo das comunidades cristãs.

Diversas passagens bíblicas mostram a vida longa como prêmio à fidelidade e à vida justa (Êxodo 20.12; Deuteronômio 4.40; Provérbios 3.1-2; 4.10). Em não poucos casos a morte prematura transmite a ideia de castigo divino (Salmos 9.18; Provérbios 10.27). Jesus Cristo, entregou a sua vida em favor do pecadores quando estava no auge da maturidade de um homem, pois aceitou receber em si o castigo que era nosso  (Lucas 3.23). 

II - PROBLEMAS NA VELHICE DE DAVI

1. A velhice de Davi.

É um grande consenso que Davi (em hebraico, "amado"), o segundo e maior rei de Israel, é uma das figuras mais importantes da história israelita e de toda a Bíblia Sagrada. Filho mais moço de Jessé, nasceu em Belém, cidade onde passou a maior parte da sua juventude como pastor.

A grande mácula de seu caráter foram os males que perpetrou contra Urias, e que resultou na morte deste - pecados dos quais ele se arrependeu amargamente e foi perdoado. Seu último cântico, exprime o espírito de sua vida e de seu governo (2 Samuel 23.1-7).

O relato de  1 Reis 1.1-4 mostra que ele, pela misericórdia de Deus havia escapado de muitos perigos e doenças, mas nada disso evitou que aos setenta anos seu vigor  físico decaísse e fosse arrastado pelo peso da idade aos portões da sepultura. O calor natural do corpo deixava seu organismo e nada era capaz de aquecê-lo e assim esteve confinado ao leito até seu último suspiro. Entre virtudes e falhas, para Davi a velhice e a morte também chegaram.

2. Enfrentando mais um filho rebelde.

Após as mortes de Saul e Jônatas, Davi reinou em Hebrom por sete anos e meio; quando Isbosete, filho de Saul, faleceu, Davi tornou-se rei sobre todo o Israel. Tomou dos jebuseus a terra de Jebus (Jerusalém), no monte Sião e fez dela a sua capital, e edificou ali um palácio, havendo ao lado uma tenda em que a arca do Senhor foi guardada (2 Samuel 6), até que o templo fosse edificado por seu sucessor Salomão, para abrigá-la. Ergueu a fortificação do monte Sião, que ficou conhecida como cidade de Davi.

Na última parte de seu reinado de trinta e dois anos em Jerusalém, seu filho  Absalão, rebelou-se contra Davi e foi morto, causando assim grande desgosto ao seu pai. Pouco antes da morte de Davi (a data é discutida como tendo ocorrida em 1015, 980 ou 977 a.C.), outro filho mostrou-se rebelde, Adonias, que por meio de uma revolta, tentou frustrar a escolha dele a favor de Salomão como seu sucessor.

Não obstante fosse ele o herói do povo, Davi, contentando-se com um apelo à Justiça divina, recusou mesmo em sua própria defesa, levantar sua mão contra o ungido do Senhor - Saul. Fugindo da inveja implacável de Saul, escapou primeiro para a terra dos filisteus; então reunindo na caverna de Adulão 400 homens (mais tarde 600) e rumando para cá e para lá na região meridional, conseguiu esquivar-se de seu perseguidor, sem tocá-lo. 

Davi teve muitas aflições com seus filhos, Amnom e Absalão foram responsáveis pela maior parte da sua tristeza. Sua vida foi um Contraste ao comportamento de seus dois filhos, Absalão (o filho que havia tratado com frieza), e Adonias (que havia recebeu muito mimos); ambos não reverenciaram ao Senhor e atentaram contra sua vida.

Deus escolheu a Salomão para reinar em Israel e Davi o constituiu como seu sucessor (1 Crônicas 22.9 e 23.1).  Encontramos em 1 Reis 1.5-10 o relato sobre a aspiração de Adonias ao trono de Davi, quando Davi já está em seu leito de morte. Adonias, homem de boa aparência, agiu insolentemente, não pensou em receber instruções de Davi quanto ao seu futuro, não mostrou nenhum sentimento de pesar ao vê-lo sofrendo, ao perceber que o trono ficaria vago, proclamou-se rei à revelia da vontade paterna e sem consultar ao Senhor.

3. Constituindo Salomão como rei.

A transmissão da coroa tinha a direção divina, portanto, sendo Natã um autêntico profeta do Senhor, empenhou-se ao máximo na situação da sucessão real. Davi e Bate-Seba não sabiam sobre a atitude de Adonias proclamar-se o novo rei de Israel até o profeta Natã avisá-los. 

Estando Davi acamado, e Salomão sendo ainda muito jovem para tomar as medidas necessárias para assumir o poder, Natã e Bate-Seba  asseguraram a sucessão real para Salomão, conforme podemos conferir em 1 Reis 1.11-31. Buscaram de Davi a ratificação da sucessão para Salomão e impediram a usurpação de Adonias, a ênfase da ordem do rei confirmava o título de real a Salomão e estava de acordo com o plano divino sobre quem seria o próximo soberano de Israel.

Atos referentes ao início do reinado de Salomão:
• 1 Reis 1.32-34. A reação de Davi, ao transmitir orientações a Zadoque, Benaia e Natã foram importantes para assegurar a posse de Salomão.
• 1 Reis 1.36. Benaia, comandante do exercito de Davi, apoiou a coroação de Salomão dizendo "amém".
• 1 Reis 1.45. Natã, no exercício do ministério de profeta, e Zadoque, o de sacerdote, ungiram Salomão com óleo do Tabernáculo em evento público.
• 1 Reis 1.46. A cidade se alvoroçou com grande brado de alegria quando Salomão recebeu a unção.
É preciso manter o sentimento de autopreservação sempre em alerta, pois o adversário de nossas almas não descansa, está sempre em atividade para retirar de nossas cabeças a coroa da salvação. É importante estar vigilante em nosso benefício espiritual e do próximo. Assim como fez Natã, temos o compromisso de alertar aqueles que esqueceram de vigiar e correm o risco de perder a sua coroa; os ministros do Evangelho devem, em nome de Jesus Cristo, empenhar-se com todo esforço possível para que o diabo não roube a coroa da salvação daqueles que estão distraídos com efemeridades dessa vida passageira (Apocalipse 3.11).

III - AS PALAVRAS FINAIS DE DAVI EM SUA VELHICE

1. O reconhecimento da ação do Deus de Jacó.

Jacó (em hebraico, ya‘aqob) significa '‘apanhador de calcanhar", “malandro” ou “suplantador”. Foi o filho gêmeo de Isaque e Rebeca, teve uma história longa e cheia lutas amargas. Esaú, foi o primeiro a nascer e Jacó veio à luz agarrado no calcanhar de seu irmão (Gênesis 25.21-28)

As promessas de Deus aos patriarcas tinha a consideração de abençoar o primogênito, isto é, o primeiro filho homem a nascer.  Na ausência do pai, o filho primogênito tinha autoridade sobre a família (Gênesis 37.21-30; 42.37), a porção dobrada da herança (Deuteronômio 21.17), e o direito ao sacerdócio. A história de Esaú e Jacó (Gênesis 25.30-34; 27.36), mostra que o primogênito poderia perder sua bênção. Devido ao fato de estar faminto e não valorizar seu relacionamento com Deus, Esaú aceitou a oferta de Jacó e trocou sua bênção por um prato de sopa que o irmão lhe preparou e depois se arrependeu amargamente. Jacó, valendo-se da cegueira do pai, fingiu ser Esaú e foi encontrar-se com seu pai, pedindo-lhe que o abençoasse com a bênção de primogenitura, enganado, pensando que se tratava de Esaú, abençoou a Jacó. Assim, o significado de seu nome fez todo o sentido: suplantador.

Quando Jacó voltava para sua terra natal, depois de muitos anos vivendo distante de seu lar, porque seu irmão Esaú, descobrindo-se prejudicado queria matá-lo, um grupo de anjos veio ao seu encontro (Gênesis 32.1,2), recepcionando-o com a proteção de Deus. Ao passar com sua família e comitiva de empregados pela parte rasa do ribeiro de Jaboque, ganhou uma experiência excepcional com “um varão” desconhecido. Lutou com ele para que não fosse embora até o romper do dia (v. 24). Embora estivesse com seu quadril ferido, foi bem-sucedido e ganhou a disputa, do varão com quem lutou, uma bênção que mudou o seu nome de Jacó (“enganador”) para Israel (“o que luta com Deus"). Aquele homem revelou sua verdadeira identidade, abençoando Jacó e também mudando o seu nome. Esta pessoa era o próprio Deus Eterno (Gênesis 17.5; 35.9­,15; Isaías 65.15; Oseias 2.23; 12.3,4).

Quando Davi citou o patriarca Jacó, é provável que reconhecesse o quanto foi uma pessoa pecadora e o quanto Deus foi misericordioso com ele. Todos nós somos pecadores, carentes da misericórdia divina. Se reconhecemos nossos erros e buscamos ao Senhor, pedindo a bênção de seu perdão, alcançaremos sua misericórdia. E, relembrando a promessa que Jesus fez aos que perseveraram até o fim da vida em fidelidade ao Senhor (Apocalipse 2.17) seremos uma alma entre as almas de uma grande multidão de salvos, lá no céu, que um dia receberá uma pedrinha branca em que estará escrito o nosso novo nome.

2. O Davi inspirado.

Ainda muito jovem, matou o filisteu, gigante Golias, o que lhe deu acesso à corte do rei Saul, cuja melancolia Davi acalmava, tocando magistralmente sua harpa.  O Antigo Testamento o apresenta como guerreiro valente, cantor, músico, a ele é atribuído um grande número de poemas, publicados no livro de Salmos.

Além das inspiradoras obras escritas, Davi inspirava através de suas atitudes com vista a reinar glorificando o Deus de Israel.  Sua guarda de 600 heróis, composta, na maior parte, por estrangeiros, especialmente quereteus e peleteus (provavelmente cretenses e filisteus), Davi possuía, segundo registro em Crônicas 288 mil guerreiros dos quais 24 mil pegavam em armas cada mês do ano.  As suas campanhas militares, bem sucedidas e de poucos anos, fizeram com que Davi se tornasse o soberano de todo o território, desde o Eufrates até as fronteiras do Egito (2 Samuel 8). Dessa maneira, sua heroica confiança em Deus sempre o susteve em todas as dificuldades de sua própria vida e de seu reinado.

Nos dias mais difíceis da história, os homens sentiam que só com outro Davi se cumpririam as promessas de Deus. A lembrança das "firmes promessas de Davi" (2 Samuel 7.12-16) e do "concerto eterno" que Deus fizera com ele (2 Samuel 23.5), revivificou a esperança messiânica do povo naquele que se daria "como testemunha aos povos, como príncipe e governador dos povos" (Isaías 55.3,4; Atos 13.34).

A única pessoa que as Escrituras declaram ter sido o "homem segundo o coração de Deus" é Davi (1 Samuel 13.14 e Atos 13.22). O Novo Testamento nos diz que Jesus Cristo pertence à linhagem de Davi, descreve o Salvador de muitas maneiras sendo que uma delas é que o Filho de Deus é o Leão de Judá e a raiz de Davi.

CONCLUSÃO

Nos textos de Eclesiastes (8.7-8 e 12.1-10) temos as impressionantes e poéticas abordagens sobre velhice, os versos falam de enfraquecimentos e doenças e concomitantemente ao apego à vida. E aprendemos que a pessoa idosa merece consideração e respeito, deve ser tratada com carinho, até pelo fato de que o curso natural da vida leva a todos para esta fase.

Embora haja na Bíblia muita ênfase reconhecendo ao ancião a prerrogativa de possuir a inteligência e a sabedoria (Deuteronômio 32.7; Salmo 78.3; Joel 1.2), não existe uma exaltação incondicional à velhice."Melhor é o jovem pobre e sábio do que o rei velho e tolo, que já não se deixa admoestar" (Eclesiastes 4.13).

E.A.G.

Compilações:
Comentário Bíblico de Mattew Henry. Volume 2. Antigo Testamento - Josué a Ester. Edição 2010. Páginas 448 e 449. Rio de Janeiro (RJ). Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD).
Dicionário Bíblico Wycliffe. Charles F. Pfeiffer, Howard F. Vos, John Rea. 2ª Edição 2007. Páginas 1006, 1007 e 1596. Rio de Janeiro (RJ). Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD).
Vocabulário Teológico Para a América Latina. J.L Idígoras. Edição 1983. Páginas 529, 530. São Paulo / SP (Edições Paulisnas).

domingo, 8 de dezembro de 2019

As Consequências do Pecado de Davi


Por Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

O pecado não é apenas alguma coisa contrária ao que Deus disse que o ser humano não deveria fazer, mas é também algo contrário ao que Deus não quer que o ser humano faça; é a falta de conformidade com a lei de Deus, em estado, disposição ou conduta. Baseado em preceitos revelados nas Escrituras Sagradas, a definição plena é descrever o pecado como tudo o que é contrário ao caráter de Deus.

Toda pessoa, quando ainda não está renascida em Cristo, naturalmente, tem um temperamento que não se propõe a agradar a Deus, vive a  sua vida disposto a fazer as coisas à sua própria maneira e gosto pessoal. O cristão precisa enfrentar essa natureza carnal, combater a  má conduta, não importa o quão difícil é. Para isso, tem a oportunidade de ler e meditar na Bíblia Sagrada. A Palavra de Deus é fortalecedora de todo aquele que busca estar livre da escravização do pecado.

I - O CONCEITO DE PECADO NO ANTIGO TESTAMENTO

1. No Antigo Testamento.

No Antigo Testamento, o verbo hebraico "hãta" (Êxodo 20.20) tem o sentido literal de errar, ofender. Figurativamente, é o mesmo que errar o alvo e induzir outro ao erro.

O termo  pecado aparece como prática de moralidade e de idolatria (Êxodo 20.20; Juízes 16.20; Provérbios 19.2); malignidade e perversidade (Gênesis 3.5; Juízes 11.27; Provérbios 6.14), revolta e rebelião, rebeldia (1 Samuel 15.23; 2 Reis 3.5; Salmos 51.13 e Jeremias 14.7).

São usados muitos termos para indicar o pecado no Antigo Testamento, além dos citados no parágrafo anterior. Temos também tais conotações: transgressão, iniquidade (Salmos 51.1,2); mal, maldade (Provérbios 17.11); engano (Sofonias 1.9); injustiça (Jeremias 22.13); falta (Salmos 19.12); impiedade (Provérbios 8.7); concupiscência (Isaías 57.5, ARA); depravação (Ezequiel 16.27,43,58 a).

2. No Novo Testamento.

Pecado (hamartia, no idioma grego: “perda da marca”, segundo o verbete no Dicionário Vine).

Lendo e meditando nas páginas neotestamentárias, podemos considerar que uma boa definição para o pecado é o egoísmo. Mas não é correto ficar apenas nesta definição limitada. O significado etimológico no Novo Testamento abrange à obliquidade moral, define um princípio ou fonte de ação. ou um elemento interior que produz atos (Romanos 3.9; 5.12,13,20; 6.1,2; 7.7).

Esclarece que o pecado atinge toda a raça humana, a partir do ato de desobediência de Adão e Eva (Gênesis 3; Romanos 5.12). Revela que o castigo do pecado é a morte física, espiritual e eterna (Romanos 6.23), e que do castigo eterno escapam aqueles que se chegam a Cristo, como Salvador e Senhor (Romanos 3.21 a 8.39).

Os textos do Novo Testamento descrevem o pecado, assim: desobediência e transgressão (Hebreus 2.2),  iniquidade (Mateus 7.23), mal, maldade, malignidade (Romanos 1.29), perversidade (Atos 3.26, ARA), rebelião, rebeldia (1 Samuel 2 Tessalonicenses 2.10), injustiça (Romanos 1.18), erro, falta (Romanos 1.27), impiedade (Romanos 1.18), concupiscência (1 João 2.16).

Mateus 12.31-32 diz que existe o pecado sem perdão, que é a blasfêmias contra o Espírito Santo.

II. A REPREENSÃO DO PROFETA NATÃ AO REI DAVI

1. Uma consciência morta.

Natã viveu durante os reinados de Davi e Salomão. O profeta  era conselheiro dos dois reis (2 Samuel 7; 12; 1 Reis 1). Foi porta-voz do Senhor em três momentos importantes:

• Em relação à casa do Senhor (2 Samuel 7.1-17; 1 Crônicas 17.1-15). 

Nesta ocasião, confirmou a promessa de Deus de que o trono de Davi seria estabelecido para sempre e avisou de que ele não seria o rei que iria construir o templo.

Em relação à sucessão de Salomão (1 Reis 1.5-48). Natã deu a Salomão o segundo nome Jedidias (que significa "amado do Senhor".

• Em relação ao duplo pecado de Davi, o adultério e a morte de Urias (2 Samuel 12.1­-15).

Quando o profeta é enviado pelo Senhor para estar na presença do rei com o objetivo de reprovar os pecados escondidos (2 Samuel 12.1-15), ele faz uso de uma parábola simples para despertar a consciência adormecida de Davi. Cada elemento da alegoria é usado com o propósito de atiçar em Davi o sentimento de amor ao próximo e atingir seu senso de justiça. Supondo que o profeta descrevia um incidente real, indignado, Davi pronunciou sua sentença de morte ao fazendeiro rico da parábola, sendo que a Lei exigia que em caso do roubo de uma ovelha o ladrão deveria compensar a vítima com quatro ovelhas (Êxodo 22.1).

Diante da confissão de Davi, Natã garantiu que Davi não morreria, porque o Senhor havia perdoado o seu pecado. Porém, anunciou que o filho que iria nascer de Bate-Seba não sobreviveria.

O erro de julgamento de Davi, ao não se basear no Pentateuco para emitir a sentença, contra o fazendeiro rico que havia roubado a ovelha do camponês pobre, nos remete à responsabilidade de líderes cristãos: do pastor, do mestre, do pregador e de todo crente.

Precisamos desempenhar a função de propagadores das Escrituras Sagradas na condição de bons exegetas. Em 2 Timóteo 2.15, encontramos o conselho de Paulo conclamando o líder a "manejar bem' (orthotomeó, em grego) 'a palavra da verdade". Essa expressão é encontrada apenas nesta porção bíblica. "Oorthotomeó" significa "endireitar" e "cortar em linha reta". Portanto, Paulo nos incetiva quanto ao dever de todo cristão ser pessoa hábil na interpretação do conteúdo bíblico, a se esforçar para não equivocar-se ao fazer sua exposição da Bíblia e a ser capaz de  corrigir a interpretação bíblica que encontrar exposta de maneira errada.

2. Mostrando a gravidade do seu pecado.

Davi viu uma mulher bonita enquanto estava no terraço do palácio. Seu grande erro foi continuar olhando. Assim, ele deu espaço à sua imaginação e cedeu aos desejos sexuais (2 Samuel 11.2; 2 Coríntios 10.3-5).

Nossa sexualidade foi criada por Deus como uma bênção para o nosso bem-estar. O apogeu dessa bênção acontece no ato sexual no ambiente da vida de casado. Ao contrário daquilo que se costuma propagar atualmente, a liberação dos impulsos sexuais unicamente para satisfação do prazer pessoal é perigosa e nociva; a falta de limites arrasta as pessoas à promiscuidade; à exposição de doenças venéreas, a assumir uma fardo de vergonha e culpa e, principalmente, à separação da comunhão com Deus e ao divórcio.

Deus nunca pretendeu que os impulsos sexuais se tornassem armadilhas do inimigo para levar seres humanos ao adultério e que o sexo fosse pedra do tropeço na vida espiritual das pessoas. É possível controlar os impulsos sexuais, quando entregamos essa área ao Senhor Jesus e buscamos nEle a força para vencer os pecados.

Diferente de Davi, jamais devemos dar asas ao pensamento pecaminoso, o grande segredo é fugir da tentação e confessar os nossos pecados, priorizar a comunhão com o Senhor, meditar em sua Palavra. Um dos mais sublimes valores do cristianismo é que nunca estamos sós, podemos contar com a misericórdia e o auxílio do alto se pecamos e com o coração sincero manifestamos arrependimento (1 João 1.9).

3. Traindo a generosidade divina.

Além de mostrar a dimensão do pecado de Davi, Natã destaca que ele fez pouco caso de tudo de bom que o Senhor havia feito em seu favor. Foi por ordem divina que Davi foi ungido rei na presença de seus irmãos; foi Deus quem o ajudou a escapar da morte durante todas as perseguições efetuadas por Saul (1 Samuel 16.1,12,13). O profeta lembra que Davi tinha muitas mulheres, e que mesmo tendo um harém, não se contentou e cobiçou a esposa que Urias tinha (2 Samuel 16.21,22; 1 Reis 12.17,25). Davi também é lembrado que não era grato ao Senhor pela grande generosidade divina quando planejou a morte de Urias, pois foi o Senhor quem o deu como um de seus soldados fiéis e valentes, responsáveis pela defesa e expansão de seu reino (2 Samuel 23.18-24).

A abordagem sobre a importância de manter um coração agradecido, feita por Paulo em Colossenses 3.18-21, apresenta atributos que deveriam abundar na vida do cristão como membro de família. O apóstolo oferece instruções básicas para a convivência como cônjuge, pai, mãe e filho ou filha. A esposa aprende como tratar corretamente o marido; o esposo aprende que precisa amar sua companheira matrimonial e vigiar para não ser tomado pela amargura; os filhos são instruídos a agradarem ao Senhor pela obediência aos pais e os pais são incentivados a não provocar a ira e desânimo nos filhos. O cumprimento destes mandamentos tem o objetivo de fazermos morrer em nós a natureza da carne e a nos vestirmos do "novo homem" para que nossa vida transborde de amor, bondade, compaixão, humildade, paciência, mansidão, perdão.

A vida espiritual tem sua base na rotina dentro dos lares. Portanto, tenhamos gratidão a Deus e um para com os outros em nossa casa. A gratidão é uma das formas mais bonitas de expressar o amor a Deus e ao próximo. E não é sempre que a ausência de amor é manifesta pelo ódio, na maioria das vezes aparece na forma de indiferença. Lembramos da duríssima, e importante, advertência de João sobre o amor. Ele escreveu que aquele que não ama seu irmão, espiritualmente, é um assassino, e que todo assassino não tem a vida eterna permanente em si (1 João 3.15).

III. AS CONSEQUÊNCIAS DO PECADO DE DAVI

1. As consequências do pecado cometido.

Diferente dos riscos que cercam todas as profissões, o líder cristão enfrenta perigos quase impercebíveis. Ser líder cristão bem sucedido é muito mais do que conquistar reconhecimento dos homens, é ser cuidadoso do seu relacionamento com Deus, é zelar por sua vida espiritual e integridade moral. O líder não está imune às tentações. Entre muitos outros tormentos, citamos as situações inconvenientes que acreditamos serem as mais comuns na atualidade
• Crença na suposta infabilidade. Sem dúvida, o líder cristão, quando se deixa conduzir pelo Espírito, comete menos erros; mas isso não significa que é infalível.  Espiritualidade não leva o indivíduo ao nível de viver acima das falhas humanas (Romanos 3.23-24).
• Orgulho. Não podemos esquecer que o orgulho é um pecado que destrói ministérios cristãos, acaba com bons relacionamentos. É manifesto pela relutância em admitir culpa ou uma relutância em assumir a responsabilidade por suas ações. A pessoa orgulhosa quer ser atendida mas não tem boa vontade para atender o próximo. Sente-se entediada ao precisar ouvir alguém. 
O simples fato de um indivíduo ter sido elevado à posição de liderança, com a proeminência que isto lhe confere, tende a engendrar um orgulho e uma autoglorificação secreta que, se não for podada, o desqualificará para o serviço de Deus (Provérbios 16.5; 1 Tessalonicenses 2.6; Marcos 12.38-40; Gálatas 5.26). 
As tentações sexuais. Os líderes sempre estarão expostos às tentações. Houve perigo nos tempos bíblicos, e continua existindo riscos nos dias contemporâneos. Além de Davi. são exemplos de falhas na área sexual Salomão e Sansão. Não existe ninguém imune ao pecado. "Por isso, aquele que pensa estar em pé veja que não caia" (1 Corintios 10.12).
No texto bíblico, cuja referência é Gálatas 6.1, Paulo abordou o problema do pecado individual. Um cristão pode pecar sozinho, mas, como ele faz parte do corpo de Cristo, o seu pecado afeta todo o grupo, em maior potencial se esta pessoa estiver em posto de liderança. Nós colhemos o que semeamos. Todos precisamos refletir sobre isso centenas de vezes, com o objetivo de alimentar a humildade em relação a Deus e ao próximo. A humildade nos põe em condição de sermos obedientes a Deus e tolerantes com as falhas e incômodos que os outros têm e nos faz preparados para enxergar nossos próprios erros e dispostos a abandoná-los.

2. Davi, o rei fraco em seu próprio lar

A Bíblia não conta qual era o grau de proximidade que havia entre Bate-Seba e Davi antes do pecado. O fato é que ela agiu inconvenientemente ao exibir-se em espaço aberto à vizinhança e tal exibição inapropriada chamou a atenção de Davi que mandou que a trouxessem, adulterou com ela, que engravidou e em seguida houve o desfecho trágico da morte de seu marido, crime cometido com a tentativa de esconder que a gravidez era ilícita e a ilicitude não se tornasse de conhecimento de todos.

Sobre esta situação, o Pastor José Gonçalves escreveu o seguinte: "A vida de Davi como homem comum pode ser dividida em dois momentos: antes e depois de sua tentação e queda. Com certeza, ele não vigiou espiritualmente, como reiteradas vezes nos adverte as Sagradas Escrituras a fazermos. Talvez, ele não tenha considerado as consequências que seu ato lhe traria. O planejamento do adultério após admirar a beleza da mulher e a covarde execução de Urias, o esposo, sem dúvida estão entre os acontecimentos mais repulsivos já narrados na história bíblica. Deus, o Senhor de toda a justiça, reprovou o ato de Davi (2 Samuel l l .27), todavia, em sua infinita misericórdia, perdoou-lhe quando este demonstrou arrependimento (Salmos 51). A tentação em si mesma não é pecado; pecado é ceder à tentação. Todo cristão deve manter-se sempre vigilante neste sentido, pois a tentação, uma vez consumada, sempre produzirá frutos amargos."

Mesmo que o pecador sinceramente se arrependa e se converta, inevitavelmente as consequências ficam e produzem muito sofrimento. As consequências do pecado de Davi foram emocionais, espirituais e físicas. José Gonçalves continua:

"Após pecar, Davi ouviu um dos mais duros julgamentos pronunciados pelo profeta Natã (2 Samuel 12.10-14). O julgamento atingia não somente sua vida pessoal, mas também toda a sua existência, incluindo reino e família. Os resultados podem ser vistos primeiramente em sua vida sentimental e emocional. Quantas lágrimas Davi derramou? Não há como aferir, entretanto, em Salmos 6.6, temos uma noção: 'Já estou cansado do meu gemido; toda noite faço nadar a minha cama; molho o meu leito com as minhas lágrimas.' Por certo Davi chorou quando Tamar,  sua filha, foi violentada (2 Samuel 1.3), e quando seus filhos Amnon e Absalão foram mortos prematuramente (2 Samuel 13.33; 18.14)."

"Não há dúvida de que os maiores efeitos do pecado de Davi estão na esfera espiritual. O pecado parece doce, inofensivo e natural, no entanto, suas consequências são amargas. Paulo, o apóstolo, adverte em sua primeira carta aos coríntios: 'Por causa disso [do pecado], há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que dormem' (1 Corintios 11.30). Em outras palavras, aquilo que é espiritual num primeiro plano, tem consequências físicas num segundo. Os especialistas advertem que há muitas doenças psicossomáticas, isto é, doenças da alma ou de origem psicológica que afetam o corpo físico."

"A Bíblia nos mostra que há também doenças de origem espiritual. A Palavra de Deus adverte: 'Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis; a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos' (Tiago 5.36). Davi pós em prática isso e clamou ao Senhor: '[...] Tem piedade de mim; sara a minha alma, porque pequei contra ti' (Salmos 41.4)."

CONCLUSÃO

A narrativa bíblica informa que na época do episódio em que Davi pecou, os reis costumavam ir à guerra, mas Davi resolveu ficar em casa (2 Samuel l l.1,2). Portanto, ocupava seu tempo ociosamente, estava no lugar errado e em hora errada quando a cobiça pecaminosa entrou em seu coração. Mas Davi reagiu positivamente ao ser repreendido e converteu-se de seus desvios. Os salmos de sua autoria comprovam que ele foi espiritualmente restaurado quando decidiu abandonar o pecado e reconquistar sua comunhão com Deus

O pecado afeta tudo e todos ao redor e derredor. Tem o objetivo de afastar a alma humana da comunhão que o Criador oferece. Não convém ceder à fraqueza moral, e se acontecer é importante o crente reerguer a cabeça e olhar para Jesus novamente.

Deus convida todas as pessoas a se considerarem mortas para o pecado e vivas somente para Ele. O crente é justificado do pecado, deve aceitar pela fé que está morto para o poder do pecado e vivo para Deus. Esta convicção produz de fato o efeito da libertação dada por Cristo, ele encontra condições de vencer a tentação do pecado. Não há porque estar sob o domínio do pecado, pois o sangue de Jesus quebrou esse domínio (Romanos 6.14). No processo de restauração, cabe ao cristão fazer igual fez Davi, demonstrar uma atitude de arrependimento, confissão, quebrantamento e abandono do erro. Assim, o Espírito de Deus reside no coração de cada um de nós!

E.A.G.

Compilações
Lições Bíblicas. Davi - As Vitórias e Derrotas de um Servo de Deus. José Gonçalves. 4º trimestre de 2009. Lição 8: O pecado de Davi e suas consequências. Páginas 39 e 41. Bangu. Rio de Janeiro - RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).
Carta aos Romanos. Elienai Cabral. Edição 1986. Página 69. Rio de Janeiro - RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD). 

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

O Reinado de Davi

Jerusalém - Cidade velha
Por Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

Na Bíblia, Jerusalém é mais citada do que qualquer outra cidade. A primeira citação está em Gênesis 14.18, onde é chamada de Salém, e a última referência está em Apocalipse 21.10.

Na época em que os israelitas cruzaram o Jordão para entrarem na terra prometida, a cidade é descrita como "Jebus" e "da banda dos jebuseus" (Josué 11.4; 15.8). Deixou de ser conquistada durante a posse de Canaã por Josué e permaneceu nas mãos dos cananeus até o tempo em que Davi tornou-se rei.

I - DAVI É CONSTITUÍDO REI

1. Três motivos para sua escolha

Os anciãos de Israel, que representavam as tribos do norte, isto é, de cada tribo de Israel, foram a Davi em Hebrom com o firme propósito de se submeterem ao seu governo. As razões alegadas pelos israelitas para quererem fazer de Davi o rei:

• ele era um irmão israelita (Deuteronômio 17.15);
• ele era o melhor guerreiro e comandante (1 Samuel 18.5,13-16,30);
• ele havia sido escolhido pelo Senhor para ser o rei de Israel (1 Samuel 13.13-14; 16.1,13,14; 16.1,13; 23.17; 25.26-31).

Davi foi o único rei na história de Israel que foi ungido três vezes. Primeiro, ele foi ungido rei na casa de seu pai (1 Samuel 16.13); depois, foi ungido rei na sua tribo, Judá (2 Samuel 2.4); e, por último, foi ungido rei perante toda a nação. A terceira unção (2 Samuel 5.3-4) resultou na unificação das doze tribos sob seu reinado, quando a unidade nacional estava destruída na guerra civil entre apoiadores de Saul e apoiadores de Davi (2 Samuel 2.8 - 3.1).

Diante da unção triplicada, não havia dúvida de que Davi era realmente um ungido de Deus. O reino estabelecido sob a governança de Davi foi de fato uma monarquia unificada, pois o Senhor era com ele, e o fazia cada vez mais forte (2 Samuel 5.1-2, 10).

2. Davi como pastor e chefe.

Assim como Moisés foi pastor de ovelhas e se tornou um grande líder dos judeus, Davi também foi pastor e comandou o povo de Deus (Êxodo 3.1-2; 2 Samuel 7.8).

Havia doze tribos descendentes de Jacó. Davi pertencia a tribo de Judá, que ele governou por sete anos. Houve uma grande guerra entre Judá, governada por Davi, e o restante de Israel, encabeçado pela tribo de Benjamin, que apoiavam Isbosete. Por fim, essas tribos enviaram seus líderes e pediram a Davi que as governasse também, ungindo-o rei (2 Samuel 5.3). Assim, ele teve sua liderança reconhecida, se tornou rei das doze tribos e governou por quarenta ano. Conquistou esse reconhecimento por seu caráter e valores. Ao longo dos anos, foi  visto pela nação israelita como comandante e governante legítimo (1 Samuel 13.13-14; 25.30; 2 Samuel 3.9-10,18).

O líder da nação era simbolicamente chamado de pastor, e a nação era o rebando das ovelhas (Isaías 44.28; 66.11). Mas a maior parte dos reis de Israel e Judá fracassaram como pastores; então Deus colocou-se como pastor do seu povo (Ezequiel 34.1-19) e anunciou que levantará Davi para isso (Ezequiel 34.23-24; João 10; 1 Pedro 2.25). Davi, como rei é um tipo de Cristo: Isaías 9.7: 2 Samuel 7.1-17; Marcos 11.10; Lucas 19.38; Apocalipse 5.5. A profecia se cumpriu parcialmente, quando Jesus nasceu como ser humano, viveu sem pecado e entregou a sua vida em favor dos pecadores e ressuscitou ao terceiro dia; será cumprida integralmente, quando arrebatar o povo santo e levá-lo ao Céu.

3. Entrando em aliança com o povo.

Houve uma aliança  de Davi, como rei, e o povo, para ele e o povo fossem abençoados pelo Senhor. Trata-se da renovação da aliança mosaica, a qual Israel  tinha sido constituído como o povo de Deus (Êxodo 19.5,6; Deuteronômio 4.20). Nesta ocasião, Davi se comprometeu com os israelitas, diante do Senhor, a pôr em pratica certas obrigações, a fazer cumprir seus direitos e responsabilidades, tanto de uns para com os outros como para com o Senhor (2 Reis 11.17).

Em seu esforço para unificar as tribos do norte e do sul, Davi procurou estabelecer uma capital que não desagradasse a nenhum dos lados. Escolheu Jerusalém, porque estava situada na fronteira entre o norte e o sul e também porque não pertencia a nenhuma tribo. Mesmo assim, tempos depois, a unificação dos reinos foi abalada, com a rebelião liderada pelo benjamita Seba (2 Samuel 20.1) e a dissolução do reino unido, quando Jeroboão rebelou-se contra Salomão e provocou a divisão de Israel em dois reinos (1 Reis 12.16).

II - A CONSOLIDAÇÃO DO REINO DE DAVI

1. A edificação de Jerusalém.

Jerusalém ficava no território de Benjamin, perto da fronteira norte de Judá, localizada em grande altitude e cercada por profundos vales, o que a tornava naturalmente defensável por três lados.

• Davi conquistou o território de Jerusalém em uma batalha difícil (2 Samuel 5.6-10);
• Jerusalém ficou conhecida como a Cidade de Davi (2 Samuel 5.7);
• Metaforicamente, Jerusalém é o lugar de a Igreja receber revestimento de poder (Lucas 24.47-49);
• Em Jerusalém, o Espírito foi derramado, no Dia de Pentecostes (Atos 2.3-4);
• Jerusalém é o ponto de partida de onde os crentes da Igreja Primitiva começaram a obre missionária (Atos 1.8);
• Segundo estudiosos das Escrituras, o nome Jerusalém aparece 813 vezes na Bíblia Sagrada.

2. As reformas religiosas.

É importante comentar que quando a Arca do Senhor era trazida à Jerusalém, por três meses ela ficou na casa de Obede-Edom, o geteu, natural de Gate, a cidade de Golias (1 Samuel 5.8; 17.4). Durante sua permanência naquele lugar, o Senhor o abençoou Obede-Edom e toda a sua casa. Esta situação mostra que a presença de Deus não estava restrita ao governo de Davi, a Jerusalém e aos israelitas, esclarece que Deus é soberano e abençoa a quem quiser.

Com isso, entendemos que nenhuma iniciativa humana, por mais sincera que seja e por mais eficaz que pretenda ser, não produz os resultados esperados se Deus não permitir que isso aconteça. O Senhor não está restrito às instituições religiosas, o Espírito sopra em quem me onde quer.

Sob o governo de Davi, Jerusalém passou a ser o centro do culto, da bênção e da promessa de Deus (2 Samuel 6.12-19; Salmos 133 - 134). 

3. A suprema aliança davídica.

A aliança que Deus estabeleceu com Davi deu continuidade à alianças feitas com Abraão e Moisés e apontaram para a nova aliança em Cristo (Jeremias 31.31-34; Mateus 26.27-28). Deus prometeu a Davi fazer seu nome habitar para sempre em Sião, uma promessa que alude à eternidade com Cristo, o Rei dos reis.

A promessa feita por Deus de sustentar os descendentes de Davi sugeria que Israel sempre teria a liderança de que necessitasse (2 Samuel 7.3-17). Deus nunca anulou essa promessa. Mesmo depois de Israel ser conquistado e perder a independência política, os israelitas continuaram esperando um rei da família de Davi - o Messias.

III - A GRANDEZA POLÍTICA DO REINADO DE DAVI

1. As realizações militares.

Quando Davi orientou seus soldados a tomarem Jerusalém, em posse dos jebuseus, povo de ascendência cananeia (Gênesis 10.16-18), a cidade já era uma fortificação. A estratégia de ataque foi entrar usando a canalização secreta de túneis. O canal subterrâneo canalizava a reserva de água que abastecia a população, a partir da fonte de Giom fora dos muros da cidade no lado leste até dentro da fortaleza. Ao tomar Jerusalém, Davi conseguiu superar todo o aparato de proteção criado pelos jebuseus, passou a morar na fortaleza e estabelecer ali a sua capital (2 Samuel 5.8-9; 1 Crônicas 11.4-7).

Antes da conquista de Davi, Jerusalém havia sido conquistada por Judá; mas nem Judá e nem Benjamin lograram êxito em desalojar permanentemente seus habitantes  (Josué 15.33; Juízes 1.8, 21).

2. As administrações de Davi.

O líder eficiente tem o hábito de prestar contas. Prestar contas significa viver em honestidade total e integral. O líder capacitado recebe constantemente comentários dos que estão acima dele, dos que estão ao lado dele e dos que trabalham para ele. O líder precisa exigir que seus liderados prestem contas de seus atos. Mas quem irá cobrar a prestação de contas do líder? Se ele for uma pessoa inteligente, Os seus iguais, os colegas, os amigos. O apóstolo Pedro era líder na Igreja Primitiva, ensinava que a liderança da comunidade cristã deveria agir com humildade (1 Pedro 5.1-4).

Em 2 Samuel 11.1-5,17 temos o relato da tragédia ocorrida com o Davi. Todo líder corre o risco de sofrer com alguma especie de tragédia, que poderia ser evitada, se não estiver envolvido em uma estrutura que o faça justificar a forma como usa seu tempo pessoal e profissional.

Davi era um rei que desfrutava uma caminhada íntima com Deus, tinha em seu currículo uma série de conquistas militares, possuía família, e posição política estável. Mas ele não possuía tudo. Não havia quem o questionasse por suas atitudes. Ele não tinha a bela esposa de Urias. Então, enquanto seu exército estava em guerra ele passava por um momento de folga em seu palácio, resolveu tomar para si aquela mulher, quis cometer e cometeu adultério; depois cometeu um assassinato porque não pretendia explicar nada a ninguém.

Antes disso, cria sistemas de transparências que impedem o pecado. Nossa capacidade de enganarmos a nós mesmos é infinita, por isso é tão necessário nos submetermos ao conselho de alguém. Ao não fazer isso, acabamos justificando qualquer coisa, especialmente se o erro que envolve pequenas concessões. Um dos benefícios do hábito de prestar contas é que isso nos protege de outros e nos protege de nós mesmos.

O cristão que afirma prestar contas somente a Deus, e ignora o conselho pastoral, não sabe que Deus estabeleceu uma hierarquia eclesiástica para o nosso bem (Hebreus 13.7). Nos lares, Deus deu ao marido a esposa, aos filhos os seus pais (Efésios 5.22-23, 25, 28; 6.1-2.). É importante haver um parceiro a quem pedir opinião, alguém que podemos ser totalmente honestos e que seja capaz de fazer comentários pertinentes e incisivos sobre as diversas áreas da nossa vida.

Provérbios, no capítulo 9 e versículo.9, ensina que instruir a pessoa sábia faz com que ela fique mais sábia e no capítulo 11 e versículo 14 nos diz que havendo falta de conselhos o fracasso é quase uma certeza e que na multidão de conselheiros encontramos segurança. Portanto, o líder sábio não espera a crise surgir para formar relacionamentos de responsabilidade e estabelecer a prestação de contas.

Apenas Deus não precisa prestar contas a ninguém, pois não existe princípio ou pessoa acima dEle e nEle não há nenhuma possibilidade de cometer erros.

3. O culto público.

A Arca do Concerto simbolizava a presença do Senhor e por este motivo deveria estar em posição central em Israel, para que os judeus cultuassem a Deus, mas durante o reinado de Saul estava em Quiriate-Jearim. Davi reconhecia a enorme significância da Arca como o trono terrestre de Deus e  consultou a congregação e os oficiais de seu exército sobre a intenção de trazê-la de volta a Jerusalém.

Os assuntos espirituais devem ser tratados da maneira reverente, conforme Deus estabeleceu. Como devemos cultuar ao Senhor?

• Devemos cultuá-lo com sinceridade, verdade e obediência (Josué 24.14,24);
• Devemos cultuá-lo com um coração perfeito e com uma alma voluntária (1 Crônicas 28.9);
• Devemos cultuar ao Senhor com temor e tremor (Salmos 100.2);
• Devemos cultuar ao Senhor com exclusividade (Mateus 6.24);
• Devemos cultuar ao Senhor de boa vontade (Efésios 6.7);
• Devemos cultuar ao Senhor com consciência pura (2 Timóteo 1.3);
• Devemos cultuar ao Senhor de modo agradável e reverente (Hebreus 12.28).

Os filisteus usaram um carro para transportar a Arca (1 Samuel 6.7). Porém, as leis do Antigo Testamento exigiam que a Arca fosse carregada pelos filhos de Coate, usando os vários prescritos (Números 3.30-31; 4.15; 7.9; Êxodo 25.12-15). Ao invés de consultar as Escrituras e seguir as orientações quanto ao modo de transporte exigido pelo Senhor, os israelitas imitaram o procedimento irreverente como os filisteus haviam transportado a Arca. Uzá, juntamente com seu irmão Aiô, guiou o carro que carregava a Arca quando foi levada da casa de Abinadabe a Jerusalém. Na eira de Nacom, os bois que puxavam o carro tropeçaram e Uzá segurou a Arca com a mão. O Senhor o feriu por irreverência e ele morreu. (2 Samuel 6.3-8; 1 Crônicas 13.7). Embora, talvez, sua intenção fosse boa, violou as instruções claras  que o Senhor havia dado sobre o manuseio da Arca (1 Crônicas 15.13-15; Números 1.50; 4.15; 7.9).

Com este imprevisto, a procissão foi interrompida e a Arca foi levada para a casa de Obde-Edom, por orientação de Davi e lá permaneceu por três meses ( 2 Samuel 6.11). Depois disso, Davi soube que Deus abençoava a casa de Obede-Edom e entendeu que a ira do Senhor havia terminado. Então, Davi, providenciou para que os levitas transportassem a Arca do Concerto da casa de Obede-Edom até Jerusalém da maneira que o Senhor havia estabelecido por intermédio de Moisés. Ele pediu que os sacerdotes se santificassem para a ocasião.

Davi, juntamente com os sacerdotes cantores, oficiais e anciãos de Israel, acompanhou a Arca até Jerusalém em meio à grande celebração, aos cânticos de adoração e instrumentos de louvor.

CONCLUSÃO

O Antigo Testamento traz a história das relações de Deus com a nação judaica, ao apresentar o propósito de um dia Ele abençoar a todas as nações através da linhagem real de Davi, com o nascimento do grande Rei que vive para sempre. Em 2 Samuel, descobrimos que Deus escolheu Davi para unificar Israel e trazer paz política aos israelitas e expandir suas fronteiras. A aliança de Deus com Davi desenvolveu o plano da vinda do Messias. Embora Davi tenha realizado feitos importantes e Deus o tenha escolhido para ser ascendente do Messias, foi homem falho. Entretanto, esses pontos falhos de Davi não impediram o plano divino. A bênção futura para Israel e todos os povos, estabelecimento do reino que não terá fim é uma realidade, assim como o Messias, capaz de unir e trazer a paz duradoura ao povo de Deus e estabelecer o reino de Deus a toda a terra.

E.A.G.

Bíblia de Estudo Pentecostal, segunda impressão 1996. Página 635. Impressa nos Estados Unidos com editoração e fotolitos da Casa Publicadora das Assembleias de Deus.  

domingo, 17 de novembro de 2019

O Exílio de Davi

O povo de Israel passava por dias complicados. Davi, após ter sido ungido a rei, ser um servo de Deus, havia se exilado, pois Saul, dominado por sentimentos negativos queria matá-lo. O exílio de Davi, relatado em 1 Samuel 22.1-5, remete o cristão para a realidade de inúmeras situações difíceis que o seguidor de Jesus pode ser acometido. Este episódio faz com que entendamos que a permissão do Senhor, para que o crente vivencie o sofrimento, tem o objetivo de fazer com que este crente esteja, futuramente, apto para assumir missões que jamais teria competência para exercê-la se não experimentasse o tempo da provação.

A caverna de Adulão. 

A caverna de Adulão foi uma bênção para Davi e os homens que ali se encontravam. Buscando ficar fora do alcance e da vista de Saul, Davi refugiou-se em uma caverna na cidade canaanita chamada Adulão, no território de Judá, a meio caminho entre Jerusalém e Laquis. A cidade foi fortificada por Reboão visando dificultar o ataque dos egípcios (2 Crônicas 11.7); os judeus a habitaram após o exílio (Neemias 11.30).

Os Salmos 57 e 142 dão uma ideia do estado flutuante das emoções de Davi durante sua provação. As duas poesias abordam o período em que se escondeu na Caverna de Adulão. No Salmo 57, ele se mostra corajoso, animado, quase parece gostar da situação por causa da certeza do seu resultado vitorioso. No Salmo 142, deixa transparecer a tensão que há em sua alma por ser odiado e estar caçado, porém, continua reverente ao Senhor.

Compreendemos por meio de suas palavras que sua fé o sustenta, embora esticada até seu limite. Ao invés de se acovardar, por causa do círculo do inimigo que deseja seu mal, reconhece que está em vantagem contra eles, pois conhece o poder do Altíssimo, que o protege e lhe dá estratégias eficazes (1 Samuel 24.1-15).

O arqueólogo francês Charles Clermont-Ganneau visitou o local em 1874 e escreveu: "O local é absolutamente desabitado, exceto durante a estação chuvosa, quando os pastores se abrigam lá durante a noite". Na atualidade, o lugar é identificado como Ai el Ma e Tell esh-Sheikh Madhkur.

Uma entrada de caverna em Adulão.  Crédito: David Bena. 29 de dezembro de 2014.
 https://en.wikipedia.org/wiki/Adullam 

Os exilados da caverna de Adulão.

Haviam 37 guerreiros valentes em Adulão, segundo a lista em 2 Samuel 23.8-39, porém em 1 Crônicas 11.11-41, o número de homens chega a 53. Os relatos de suas façanhas encontram-se nestas referências bíblicas.

Cavernas naturais não são uma raridade nas regiões de Israel e da Palestina, visto que toda a região montanhosa a oeste do Jordão, excetuando um trecho de basalto ao sul da Galileia se compõe de pedra calcária e de giz. Tais cavernas eram usadas como habitações, esconderijos, túmulos.
• Abraão e sua família tiveram seus corpos sepultados em cavernas de Macpela (Gênesis 23).
• Lázaro ficou quatro dias dentro de uma caverna até ser ressuscitado por Jesus (João 11.38);
• Ló e suas filhas abrigaram-se em uma caverna após a destruição de Sodoma (Gênesis 19.30);
• Josué encurralou cinco reis, que se esconderam em uma caverna em Maquedá (Josué 10.16);
• Israelitas se esconderam de midianitas em cavernas (Juízes 6.2);
• Obadias escondeu de Jezabel 100 profetas em cavernas (1 Reis 18.4,13).
Juntaram-se a Davi três classes de pessoas: aqueles que se achavam em aperto, apuro, dificuldade ou perseguição. aqueles que deviam dinheiro a juros; e homens amargurados. Os amargurados eram considerados fora da lei e estavam insatisfeitos com o governo de Saul. E por se identificarem com a situação de Davi, perseguido por Saul, se uniram a ele formando um exército sob sua liderança.

O pequeno exército de homens fiéis a Davi combatiam tribos selvagens que exploravam os fazendeiros, protegendo-os de muitos perigos. Em troca, os protegidos de Davi separavam uma parte de seu lucro aos seus protetores. Um desses fazendeiros que receberam proteção era Nabal, marido de Abgail, que, não soube ser grato ao auxílio recebido (1 Samuel 25.32).

Há um propósito elevado quando Deus nos "exila."

"A seguir, Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo" (Mateus 4.1).

Há um grande benefício em servir a Deus, em circunstâncias de adversidades e de bonança. Na geração do profeta Malaquias, o povo se queixava amargamente dizendo que não via nenhuma consequência proveitosa em servir ao Senhor, posto que - acreditavam eles -, não recebiam nenhuma recompensa especial. 

Em sua resposta, Deus não quis convencê-los de que os justos estavam em melhor situação. Disse-lhes que conserva um "memorial escrito" no qual Ele anota os feitos de todos que o temem, e que um dia virá como juiz para destruir os maus e preservar os que o temem. A fidelidade tem sua relevância, seu valor será óbvio neste momento de prestação de contas, embora não o seja para muitos nos dias atuais (Malaquias 3.1,14,16).

A fidelidade é o segredo para reinarmos com Cristo.

"Se perseveramos, também com ele reinaremos; se o negamos, ele, por sua vez, nos negará" (2 Timóteo 2.12).

Toda provação tem a permissão de Deus (Gênesis 22.1). Tiago 1.12 revela que o crente será provado durante toda a sua vida, o crente é um bem-aventurado ao não desistir da sua fé durante as provações e quando provado e aprovado receberá a recompensa da vida eterna.

Ser cristão não nos isenta de sofrimentos e provações (João 16.33; Atos 14.22; Tiago 1.1-11). Todo cristão passa por adversidade de várias formas e intensidades (1 Pedro 1.6). Em meio aos tempos adversos, o crente pode encontrar alegria, pois a sua fé sustenta-o com a consciência que o Todo Poderoso o ama e é fiel, não permite que sobrevenha sobre ele lutas maiores do que sua capacidade de suportá-las e vencê-las (Hebreus 12.2; 1 Coríntios 10.13).

Por estar escrevendo a um amigo que o conhecia muito bem, Paulo sentiu necessidade de aconselhar Timóteo a ser perseverante, para isso fez a comparação do cristão com o serviço militar (2.3-2) e com o trabalho da lavoura (2.4). Ele o aconselha e pede que reflita sobre os aconselhamentos. Na ocasião, o apóstolo estava perfeitamente cônscio  das ameaças e perigos que pesavam sobre sua vida, e queria que Timóteo se exercitasse, preparando-se para qualquer dificuldade que tivesse no futuro. E de fato Timóteo sofreu grande perseguição e chegou a ser preso também, porém, o escritor do Livro aos Hebreus, no capítulo 13 e versículo 23, revela que ele foi posto em liberdade.

Na obra de Cristo, lutemos por Cristo.

"Não façam nada por interesse pessoal ou vaidade, mas por humildade, cada um considerando os outros superiores a si mesmo, não tendo em vista somente os seus próprios interesses, mas também os dos outros" (Filipenses 2.3-4).

Paulo estava preso por amor ao Evangelho quando escreveu a carta aos crentes de Filipos. Apesar da liberdade restringida, ressoa por toda a carta uma mensagem repleta de alegria. A alegria é tema mencionado dezoito vezes, a despeito das provações do apóstolo e das dificuldades que a igreja enfrentava (1.27-30). Em cárcere, Paulo demonstrava querer cuidar dos interesses de Cristo e não de seus interesses pessoais (Filipenses 2.21). Paulo estava preso por amor ao Evangelho quando escreveu a carta, corria o risco de ser sacrificado, porém, se isso servisse para edificar os irmãos em sua fé, não seria um fato entristecedor.

O cristão deve analisar o tempo da adversidade e entender que a caminhada cristã é uma situação em desenvolvimento no viver diário dos crentes, as lutas que enfrenta não podem se constituir em fator desanimador. Pois, todos os acontecimentos devem ser vistos como oportunidades de crescimento espiritual. Deus cuida de seus filhos e não os abandona jamais.

Os filhos devem cuidar dos pais em todos os momentos.

"Herança do SENHOR são os filhos; o fruto do ventre, seu galardão"(Salmos 127.3).

Honrar os pais é mandamento da Palavra de Deus (Êxodo 20.12). No meio de toda aflição que estava passando, Davi cuidou especialmente de seus pais, deu-lhes amparo e proteção, pois não poderia jamais deixá-los ao alcance das mãos de Saul. Ele solicita ao rei de Moabe que conceda abrigo a eles. Talvez lembrando-se que Rute, bisavó de Davi, era moabita e sendo Saul inimigo de Moabe, o rei aceitou o pedido (Rute 4.17). Moabe era um país situado ao sul de Amon, a sudeste do Mar Morto, na Transjordânia. A região foi destinada por Deus aos descendentes de Moabe, filho de Ló (Gênesis 19.37).

O conselho dos pais quando são mais do que meros "não faça isso, não faça aquilo", mas orientações cuja base é a Palavra de Deus, têm potencial para desenvolver o amor pelas melhores coisas da vida. Este amor pelas melhores coisas, especialmente pelo conhecimento da vontade de Deus, começa quando alguém presta atenção aos conselhos dos servos do Senhor. Isto pode ocorrer na relação familiar, dos pais aos filhos. Quando as instruções começam a ser recebidas no período infantil, o amor pela sabedoria do alto se transforma numa busca de toda a vida, podendo tornar o filho até mais sábio que seu pai. Tal condição privilegiada faz com que a criança cresça e tenha a consciência lúcida para entender perfeitamente que precisa amar seus pais, e principalmente saber e ter disposição para cuidar muito bem deles no período da velhice avançada.

Deus sempre abençoa os filhos obedientes.

"Honre o seu pai e a sua mãe, para que você tenha uma longa vida na terra que o SENHOR, seu Deus, lhe dá." (Êxodo 20.12).

Os Dez Mandamentos, que aparecem no capítulo 20 de Êxodo e em Deuteronômio 5, formam o núcleo central da moralidade e da ética; e são um grande avanço sobre outros códigos legais da época. O Novo Testamento repete todos eles, à exceção do quarto mandamento. A expressão "ética judaico cristã", que às vezes se ouve nas cortes e nas câmaras legislativas, refere-se aos amplos princípios morais que são derivados das leis delineadas em Êxodo, Números, Deuteronômio e Josué.

Os cristãos devem honrar os que são colocados por Deus na obra.

"Lembrem-se dos seus líderes, os quais pregaram a palavra de Deus a vocês; e, considerando atentamente o fim da vida deles, imitem a fé que tiveram" (Hebreus 13.7).

Em seu formato, Hebreus é mais um livro de ensino teológico do que voltado para orientações da prática cristã, aos deveres espirituais do cristão neste mundo. Mas no décimo terceiro capítulo, o autor reúne uma lista de sugestões e recomendações específicas, dedica-se aos conselhos para a jornada de fé. Entre as orientações contidas no último capítulo, observa que visto que Cristo já cumpriu tudo o que era necessário para a nossa salvação, em gratidão ao Senhor devemos oferecer-lhe sacrifícios de louvor, que é confessar ao mundo a autoridade que há em seu nome (versículo 15).

O autor de Hebreus, em 13.1-25, encerra o livro exortando os leitores para uma vida de bom testemunho cristão. Alguém disse com bastante propriedade que "testemunhar não é algo que fazemos; é algo que somos". Nesta linha de raciocínio, o autor de Hebreus mostra que é preciso anunciar ao mundo a nossa crença no Altíssimo através do nosso comportamento, pois se o que falamos estiver em desarmonia com as atitudes, a pregação torna-se em sal insípido e luz apagada. Billy Graham certa vez disse que "a maior necessidade do mundo hoje é de cristãos com maturidade espiritual, que não somente tenham professado sua fé em Cristo, mas que vivam essa fé a cada dia".

Ainda, como um pastor que cuida do seu rebanho, o autor de Hebreus apresenta uma bênção (13.20-21). Esta bênção revela alguns dos muitos privilégios que temos como cristãos: nós temos o Deus da paz; nós temos um pastor grande e imortal; nós vivemos sob uma nova aliança; nós somos aperfeiçoados por Deus para cumprirmos a sua vontade; nós temos um Deus que opera em nós para vivermos de forma agradável em sua presença e para a sua glória. 


Artigo em desenvolvimento.

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Davi é Ungido Rei


Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

A narrativa de 1 Samuel é uma parte importante da história israelita, O livro 1 Samuel contém um drama psicológico dos mais intensos das histórias bíblicas. Neste livro, temos registros de fatos entre o término do período dos juízes até o estabelecimento do reino, sob o governo de Saul e de Davi, que o sucedeu no trono. Seus personagens são todos importantes, sendo Davi o maior destaque, pois foi o fundador da linhagem real que culminou em Jesus Cristo.

I - DAVI: O REI UNGIDO

1. Significado e propósito da unção.

Jacó ungiu uma coluna em Betel como forma de dedicação ou consagração do local (Gênesis 31.13); o ato da unção religiosa era tida como oficial e a Tenda da Congregação e a Arca do Testemunho foram ungidas (Êxodo 30.26-28). Na época dos juízes, estes eram separados por meio da unção, consagrando-se para propósitos específicos (Juízes 9.8-15). A unção era conferida, ao sacerdote (Êxodo 28.41; 29.36; 40.15; Números 3.3); sumo sacerdote (Êxodo 29.29; 40.13-15; Levítico 4.3; 16.32) e aos reis (1 Samuel 9.16; 16.1; 2 Samuel 2.4; 5.3; 1 Reis 34, 39).

A aplicação de unção de reis e sacerdotes acontecia para que desempenhassem sua missão conforme as normas divinas (Êxodo 40.13-15; 1 Samuel 9.16;1 Reis 19.16)

Jesus Cristo foi um servo ungido com o Espírito Santo (Isaías 61.1; Lucas 4.18; João 1.32,33; Atos 4.27; 10.38), e nesta unção foi feito por Deus profeta, sacerdote e rei, e descrito na Bíblia como o Ungido (Salmos 2.2; Daniel 9.25, 26) João 1.41; Atos 9.22); viveu sob a dependência do Espírito para fazer e realizou a obra do Pai, seu ministério foi marcado por milagres, curas, maravilhas, pregação e ensino poderoso (Atos 10.38).

O crente em Cristo recebe a unção divina para ser rei e sacerdote para com Deus (2 Coríntios 1.21; 1 João 2.20,27; Hebreus 1.9); seus olhos são ungidos com "colírio" para que possam ver a realidade espiritual (Apocalipse 3.18). Os apóstolos e os presbíteros ungiam os doentes com a finalidade de receberem a cura (Marcos 6.13; Tiago 5.14). 

2. O simbolismo da unção.

A aplicação de azeite ao corpo ou à cabeça era comum (Deuteronômio 28.40; Rute 3.3; 2 Samuel 12.20; Daniel 10.3; Miqueias 6.15). O uso de óleo ou unguento era prova de consideração (Salmos 23.5; Mateus 26.7; Lucas 7.38,46; João 11.2), até os mortos recebiam essências perfumadas (Mateus 26.12: Marcos 16.1).

No Antigo Testamento, no âmbito religioso, a unção indicava que alguém ou o objeto estava separado para algum ofício designado por Deus (Êxodo 30.28). A prática aconteceu antes mesmo do período monárquico. Nas páginas dos Evangelhos, a unção estava relacionada a Cristo e aos cristãos, no sentido de dotá-los de poder para testemunhar as verdades celestes (Atos 1.8; 1 João 2.20, 27). Paulo ensina sobre isso, afirma que o cristão está em Cristo, isto é, aqueles que aceitam a Jesus como Salvador e Senhor estão unidos com Cristo e Cristo transforma suas vidas colocando o Espírito em seus corações (2 Coríntios 1.21,22).

No simbolismo da unção, podemos ter dois sentidos específicos: o primeiro é relacionado à linhagem do rei Davi, tendo seu aspecto escatológico, pois, a partir da sucessão dessa linhagem, esperava-se o Messias redentor (Salmos 2.2; 18.50; 45.7).

A base da unção neotestamentária fundamenta-se no Antigo Testamento, como um ato ordenado por Deus, está ligada ao que já havia sendo antes vinha sendo sendo praticado pelos servos de Deus no passado. Simboliza o derramamento do Espírito do Senhor (1 Samuel 10.9; Isaías 61.1).

No ato da unção, declarava-se que a pessoa separada para um propósito especial e que em sua vida estava a presença do Espírito Santo de Deus, que a guiaria e orientaria para desempenhar com sucesso a missão para a qual estava designada.

No Novo Testamento, a unção é apresentada em vínculo com a fé em Cristo, apresentada juntamente com a sabedoria e a cura:
• 1 João 2.27 - "Quanto a vocês, a unção que receberam dele permanece em vocês, e não precisam que alguém os ensine. Mas, como a unção dele os ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é falsa, permaneçam nele, como também ela ensinou a vocês."
• Tiago 5.14-16 - "Alguém de vocês está sofrendo? Faça oração. Alguém está alegre? Cante louvores. Alguém de vocês está doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor. E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará. E, se houver cometido pecados, estes lhe serão perdoados. Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros, para que vocês sejam curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo."

Na atualidade, algumas igrejas possuem a prática de ungir objetos e pessoas. Porém, é preciso lembrar que na Dispensação da Graça, os elementos não são mais indispensáveis para a manifestação da presença e do poder de Deus. A unção do cristão tem origem na fé Cristo. Sobre a unção entre os cristãos usando elementos, a única circunstância em que o Novo Testamento aconselha a prática de ungir é em casos de crentes acometidos por doenças, sendo que os agentes da operação do milagres são a fé manifestada com oração em nome de Jesus Cristo, nosso Senhor.

3. A unção sobre Davi.

Em um tempo caótico, o povo de Israel quis um rei e pediu para Samuel escolher um rei para eles (1 Samuel 8.1-22). Deus instruiu Samuel a ungir Saul para governar os israelitas, indicando a Saul, um rapaz da tribo de Benjamin, que foi ungido e se tornou o primeiro monarca dos judeus (10.1-27). Como soberano, Saul derrotou os amonitas, porque o Espírito era com ele, mas quando passou a agir impacientemente, ser teimoso e desobediente às orientações divinas, o Senhor o rejeitou e pediu a Samuel que ungisse o filho mais novo do belemita Jessé, neto de Boás e Rute, o garoto Davi, pastor de ovelhas, músico e poeta. (15.34 - 16.13; Rute 4.17).

1 Samuel 16.1-13 é uma seção bíblica que marca o final do livro, traz a história de Saul e Davi, mostrando que Davi se torna cada vez mais eminente enquanto Saul vai de mal a pior, terminado sua sua tragicamente. O decorrer dos capítulos mostra que ao reinar, Davi unificou as tribos de Israel em um só reino, trouxe paz a Israel e encontrou o favor de Deus. 

II - DAVI: O REI QUE ERA SERVO

1. O ungido servindo.

Um dos ensinamentos centrais do Antigo Testamento é que Deus é Rei. Esta metáfora é a principal usada pelo Senhor em seu relacionamento com o povo de Israel. E nesta perspectiva, Êxodo 15.18 proclama: "O SENHOR reinará eterna e perpetuamente". Porém, por meio da vida de Davi, o livro 1 Samuel nos revela que Deus não rejeitou a realeza humana. Em vez disso, há nas entrelinhas a expectativa que quando um rei humano "se assentar no trono do seu reino, mandará escrever num livro uma cópia desta lei, feita a partir do livro que está com os sacerdotes levitas. O rei terá esse livro consigo e nele lerá todos os dias da sua vida, para que aprenda a temer o SENHOR, seu Deus, a fim de guardar todas as palavras desta lei e estes estatutos, para os cumprir" (Deuteronômio 14.18,19).

Deus escolheu se relacionar com a humanidade por meio  de alianças.  O livro 1 Samuel mostra a aliança de Deus com Davi. Deus escolheu a Davi entre os filhos de Jessé, o belemita, neto de Boaz e Rute (Rute 4.17), para ser o sucessor de Saul como rei de Israel (Rute 4.17). Sendo uma pessoa humilde, após ungido a rei ele não abandonou sua posição de servo e fez isso até que chegasse o momento de assumir o trono. Por sua postura humilde, Deus fez aliança com Davi. Uma aliança implica um relacionamento com compromissos, promessas. A aliança que Deus fez foi a promessa de que seus descendentes estariam sobre o trono de Israel para sempre. E esta promessa cumpriu-se, pois da sua linhagem Mateus traz a genealogia de José, que foi um dos descendentes de Davi (Mateus 1.1-16). No versículo 16, está escrito: "E Jacó gerou José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo" (Mateus 1.16).

2. O Espírito do Senhor se retira de Saul.

Por causa do coração endurecido Deus rejeitou a Saul e buscou uma pessoa que lhe agradasse para ser o líder sobre seu povo. E assim sua linhagem não permaneceu no trono. Ele não perdeu o trono devido ao poder dos filisteus, mas sim por causa da arrogância que abrigava em seu coração (1 Samuel 13.14). O apóstolo Paulo, fazendo menção dessa história, disse: "E, tendo tirado Saul, levantou-lhes o rei Davi, do qual também, dando testemunho, disse: 'Achei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que fará toda a minha vontade'.” (Atos 13.22).

Não há fatalidades nas Escrituras, mas uma disciplina terna para que o indivíduo se converta e conserte seus erros. O leitor da Bíblia pode observar que tanto as promessas quanto as sentenças de condenação são condicionais. Se por acaso Saul se arrependesse e mudasse de atitude, seu arrependimento com toda certeza seria a oportunidade para receber o perdão do Senhor e ao ser perdoado seu futuro seria repleto de dias abençoados. Como exemplo, podemos mencionar a história contida no livro de Jonas.

Davi era reconhecido como bom músico, pessoa valente, bom soldado, pessoa que comunicava-se de maneira bem articulada, alguém com boa aparência e que possuía comunhão com Deus (1 Samuel 16.18; 18.12-14.28). Este é o perfil resumido da pessoa que o Senhor escolheu para assumir a monarquia de Israel no lugar de Saul. Entretanto, ele não foi um ungido do Senhor por causa de seus atributos pessoais ou pela aparência física. Deus apontou Davi a Samuel para que o ungisse como o próximo rei de Israel observando seu intelecto inclinado para o bem, seus desejo e suas vontades e emoções pautadas nas Escrituras Sagradas.

As motivações que geram as atitudes de um ser humano refletem o seu coração e são conhecidos do Senhor antes que se manifestem (1 Samuel 16.7; Mateus 12.34-35). Ao cristão, cabe refletir sobre isso, pois o Espírito Santo se entristece e como a chama que se apaga sem a combustão do oxigênio, o Espírito é extinto em definitivo na vida de pessoas, se estas cometem pecados de modo consciente e repetido. Para conferência: Marcos 3.28-30; Efésios 4.30-32; 1 Tessalonicenses 5.19.

3. Deus levanta autoridades.

Enquanto Jesus contava acerca do serviço para o reino de Deus e acontecimentos que antecederiam a sacrifício na cruz, Tiago e João pediram ao Mestre que lhes concedesse o direito de se assentarem um à direita e outro à esquerda dEle. Tais posições conferiam honra e caracterizava autoridade. Estar sentado à direita de um rei era o lugar de maior honra, indicando poder, prestígio e autoridade. O lugar esquerdo era reservado para a segunda pessoa mais importante depois do rei.

Então, o Senhor respondeu-lhes que não sabiam o que estavam pedindo, pois se desejavam tal privilégio, deveriam antes seguir o exemplo que Ele lhes tinha dado. Deus veio ao mundo para servir, dar a sua vida em resgate da humanidade. Não é certo alimentar tal desejo. Não importa a posição em que Deus nos permite viver, precisamos cumprir a missão que a nós foi confiada. O posto de líder e de liderado precisa ser exercido com humildade (Marcos 10.35-45; Colossenses 3.17, 23).

III - DAVI: O REI QUE ERA GUERREIRO

1. O gigante Golias.

Após ser ungido, Davi teve diante de si um grande desafio, o qual foi temido por todo a nação israelita: enfrentar um gigante filisteu. Por quarenta dias, pela manhã e á tarde, o gigante desafiou os israelitas a lhe apresentarem um homem para um duelo, e Israel teve muito medo. Davi, no entanto, ao escutar uma única vez o que dizia aquele homem, indignou-se e questionou como um incircunciso poderia afrontar daquela maneira os exércitos do Deus vivo. E, imediatamente, se prontificou a reagir, quis enfrentá-lo sob a unção de Deus.

A expressão enfática "Socó que estava em Judá" (1 Samuel 17.1) mostra que as tropas de filisteus avançavam dentro dos limites territoriais do povo de Deus. Eles acamparam no monte Socó e os judeus o mantinham sob observação acampados em Azeca, tendo entre ambos os acampamentos o vale de Elá. As duas regiões até os dias atuais têm suas denominações preservadas, situam-se a oeste de Belém.

O gigante, cuja origem era Gate, uma das cinco cidades filisteias sobreviventes de uma raça antiga denominada anaquins, derrotados por Josué,era chamado de Golias (Josué 11.21,22; 1 Samuel 6.17; 17.1-11). Era um grande guerreiro, imenso em estatura, com aproximadamente 2,97 metros de altura. Ele surge no cenário do desafio e gabando-se de ter matado Hofni e Fineias, e levar a Arca para a casa do deus Dagom e também de ter tirado a vida de muitos outros israelitas. É possível que Golias tenha sido escolhido para fazer o desafio de duelo por causa de sua elevada estatura, uma vez que Saul era uma pessoa, do ombro para cima, mas alto do que qualquer um do seu povo, e se esperava que ele respondesse ao desafio (1 Samuel 10.23). 

2. Davi, ungido e cheio de fé.

Do versículo 12 ao 37, Davi surge como o menor, ou seja, o mais novo da casa de seu pai. A narrativa bíblica o apresenta levando comida aos seus irmãos no acampamento dos israelitas. Davi revela-se como uma pessoa de grande zelo,  fé e valentia.

Seu amor a Deus, fé e coragem fazem com que ele se disponha a querer lutar contra Golias. Frente ao grande e temido gigante, ninguém ousava lutar mesmo diante das propostas oferecidas por Saul - a mão de sua filha e a isenção de impostos para a família do vencedor. Ele não teme as armas de Golias, seu tamanho, sua experiência de guerra; por isso, ele prontamente de dispõe a lutar contra o gigante.

Davi possuía duas experiências de perigo, havia lutado e matado um leão e um urso para proteger o rebanho de seu pai, e estas situações de vitória serviram para que tivesse disposição para enfrentar o ameaçador filisteu, que afrontava  o exército do Deus vivo.

3. As armas do garoto.

Quando Davi se prontificou a enfrentar Golias, não houve quem manifestasse acreditar na capacidade do rapaz que pastoreava ovelhas. Mas Davi era um crente fortalecido pela fé, a vitória que parecia impossível aos olhos humanos para ele não significava motivo para não levantar-se em nome do Senhor dos Exércitos e, por fim, naquele que insultava Israel e o Altíssimo. Então, apenas a atiradeira e uma pedra foram peças mortais contra a parafernália que aparentemente protegiam o gigante, pois "Deus usa os que não são para confundir os que são" (1 Coríntios 1.28).

Como em muitos outros momentos, foi Deus quem deu esta surpreendente vitória ao seu povo (1 Samuel 17.37; 2 Crônicas 32.8; Salmos 20.7; 28.7,8; 33.16-19; Zacarias 4.6).

4. O contraste entre Davi e Golias

Descobertas arqueológicas na cidade de Nuzi, do século 16 a.C., permitiram que a couraça de escamas metálicas, com aproximadamente 57 quilos, ficasse conhecida. Centenas de escamas eram presas a couraça com barbante ao pano ou couro.

A aparência de Golias e instrumentos de guerra assustavam tanto Saul quando o exército israelita. O equipamento de Golias era pesado:
• Couraça feita de escamas de metal. Tinha como propósito proteger o corpo, incluindo caneleiras para proteger as pernas.
• Capacete de bronze, servia como proteção para a cabeça.
• Escudo retangular, provavelmente carregado entre os próprios ombros ou por um escudeiro, proporcionava grande proteção
• Lança com ponta de ferro, pesava aproximadamente 8,5 quilos.
As armas que protegiam Golias eram todas feitas de bronze, mas as que ele usava para ataque eram de ferro. A espada tinha lâmina chata e curva, parecida com um foice; a lança era semelhante a um dardo, contendo ponta perfurante de ferro

Tudo isso evidenciava que Golias não era somente um soldado afamado, mas bem armado e preparado para qualquer batalha sangrenta. Confiando na superioridade de seu equipamento, assim como em sua força física  experiência de guerreiro em combates campais, desafiava os soldados israelitas, pedia que alguém se apresentasse para duelar com ele num confronto individual. Havia em seu coração a certeza da vitória, estava tão seguro disso que prometeu entregar seus compatriotas à escravidão em caso de fracasso. Mas quando a inesperada derrota aconteceu, os filisteus não honraram essa promessa.

Davi tinha consciência que era inútil usar couraça e capacete de bronze, oferecido por Saul, e foi à luta com aquilo que tinha costume usar:
• Um cajado;
• Uma funda de pastor;
• Cinco seixos do ribeiro.
O cajado era usado para enxotar lobos e cães ferozes; a funda, que era feita de tira de couro, contendo um bolso no fundo, era usada por pastores na Síria, os benjamitas eram hábeis em seu manejo (Juízes 20.16; 1 Crônicas 12.1-2). O alforge era uma pequena bolsa para ser colocado dinheiro, e foi ali que Davi guardou as pedras. Com o cajado, pedra, funda, habilidade e pontaria para usar esses objetos rudes, Deus usou a Davi, o servo segundo o seu coração, que arremessou uma pedra uma úncia vez e esta encravou na testa de Golias, atingido pela pedrada ele caiu e logo teve sua cabeça cortada com sua própria espada (1 Samuel 17.48-51).

CONCLUSÃO

Golias representava os filisteus; Davi o povo de Deus e o próprio Deus. Enquanto o poderio de Golias dava esperança aos filisteus, a vulnerabilidade de Davi causava medo aos israelitas. O contraste entre os dois era motivo maior para a expressão do poder do Todo Poderoso, que não precisa usar a força física ou instrumentos de guerra para livrar seu povo.

O sucesso na obra de Deus só acontece quando há a consagração, se houver disposição para depender  plenamente do Espírito Santo (Romanos 1.1) Esta é razão pela qual Paulo fala que precisamos estar cheios dEle (Efésios 5.18). Com o Espírito na vida, o crente tem capacidade para desempenhar com denodo a obra de Deus. Tudo o que realizamos tem de estar sob a direção do Espírito. O batismo no Espírito é a capacitação divina máxima para o empreendimento da evangelização com resultados agradáveis a Deus.

E.A.G.

Compilação
O Governo Divino em Mãos Humanas - Liderança do Povo de Deus em 1º e 2º Samuel. Osiel Gomes. 1ª edição 2019. Páginas 103-104, 106-109. Bangu, Rio de Janeiro/RJ (Casa publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).
Panorama da Bíblia. Sem autoria apresentada. 1ª edição julho de 2016. Páginas 54 e 55. Bangu, Rio de Janeiro/RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).
Pequena Enciclopédia Bíblica - Dicionário, concordância, chave bíblica, atlas bíblicos. Orlando Boyer. 30ª impressão 2012. Página 534, Orlando Boyer. Rio de Janeiro (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).
1 e 2 Samuel - Introdução e Comentário. Joyce G. Baldwin. Série Cultura Bíblica. Páginas 136, 137, 140 a 143. Edição 1996. São Paulo / SP (Vida Nova).