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terça-feira, 2 de abril de 2019

A história do chocolate e a Páscoa


Por Eliseu Antonio Gomes

A maioria de nós ao ouvir a palavra chocolate, imagina uma caixa de bombons ou um coelho. O verbo que vem à mente provavelmente é "coma", não "beba", e o adjetivo mais adequado parece ser "doce". Entretanto, cerca de 90% da longa história do chocolate está estritamente associada a uma estranha forma de licor sem açúcar.

A maioria dos especialistas usa o termo "cacau" para se referir à planta ou seus grãos antes do processamento, enquanto o termo "chocolate" se refere a qualquer coisa feita a partir do grão. Os etimologistas descrevem a origem da palavra "chocolate" ao termo asteca "xocoatl", que se referia a uma bebida amarga produzida a partir de grãos de cacau. O nome latino para o cacaueiro, "Theobroma cacao", significaria "alimento dos deuses". Tanto os maias quanto os astecas acreditavam que as sementes de cacau tinham propriedades mágicas, ou mesmo divinas, adequadas para uso nos rituais mais sagrados de nascimento, casamento e morte.

O chocolate é fonte de alimentação nutritivamente limitada, embora esta substância seja apreciada por pessoas do mundo inteiro há séculos. Apesar de alguns inconvenientes, não há mal em adicionar a pasta alimentícia a uma dieta saudável e balanceada.

Chocolate

A tripulação das embarcações de Cristóvão Colombo que retornaram da quarta viagem ao chamado Mundo Novo, em 1502, levou as primeiras sementes de cacau para a Europa.

O chocolate adoçado só apareceu depois que os europeus descobriram as Américas e provaram a culinária nativa. Diz a lenda que o rei asteca Montezuma acolheu o explorador espanhol Hernando Cortes com um banquete que incluía beber chocolate. O chocolate não combinava com o paladar dos estrangeiros - em seus escritos Cortes descreveu-o como "uma bebida amarga para porcos" - mas, uma vez misturado com mel ou cana-de-açúcar, rapidamente se tornou popular em toda a Espanha. Com o passar do tempo, os espanhóis misturaram as sementes de cacau com baunilha e outros aromatizantes, açúcar e leite para chegar ao composto que, segundo um registro da época, faria as pessoas "morrerem por ela".

Nos primeiros dois séculos, o chocolate era uma bebida da moda em toda a Europa. Permaneceu em grande parte um privilégio dos ricos até que a invenção da máquina a vapor tornou possível a produção em massa no final do século 18. Apenas no século 18 foi introduzida na França uma forma sólida - provavelmente com uma consistência mais pastosa do que a conhecida por nós.

Os efeitos estimulantes do chocolate eram considerados particularmente úteis para soldados que ficavam de vigia à noite. No século 17, o, acredita-se ter propriedades nutritivas, medicinais e até mesmo afrodisíacas (há rumores de que Casanova gostava especialmente do material).

A barra de chocolate começou a ser vendida em 1910, ficou especialmente popular quando foi usada pelo exército americano como "alimento de combate" durante a Segunda Guerra Mundial.


Benefícios

• Fonte saborosa de energia rápida.
• Comer chocolate melhora o humor de algumas pessoas.

A fonte do chocolate

O chocolate é produto alimentar proveniente da semente do cacau, fruto do cacoeiro, originário da América do Sul e produzido em larga escala no Brasil, mais especificamente no estado da Bahia. De coloração marrom, processado industrialmente em forma de pasta, pó ou barras solidificadas, e a que se adicionam açúcar e aromatizantes para, a seguir, destinar-se ao consumo. Povos originários da América do Sul e Central davam tanto valor ao cacau que usavam suas sementes como moeda, o cacau era chamado pelos astecas de dinheiro que se come.  Hoje cerca de três quartos do cacau fornecido à indústria do chocolate é cultivado na África Ocidental e a maior parte do restante no Brasil.

Depois que as sementes do cacau são colhidas, a fase de fermentação e secagem é seguida de torrefação em baixa temperatura para realçar o sabor. Vários processos complicados de manuseio se seguem, dependendo de como se queira o produto final, sólido ou em pó.

Em 1928, um químico holandês encontrou uma maneira de fazer chocolate em pó. Tentando produzir uma bebida achocolatada melhor, menos oleosa, criou uma prensa que removia cerca da metade da gordura natural (manteiga de cacau) das sementes. Assim, descobriu que, ao misturar a manteiga extraída com as sementes de cacau moídas, era possível fazer uma pasta sólida lisa e gordurosa que absorvia açúcar e consequentemente esta pasta se transformava no chocolate "comestível". Ao pulverizar o que restava, tratar a mistura com sais alcalinos para reduzir o sabor amargo, o produto ficou conhecido como "cacau holandês" e logo esta criação tornou-se bastante popular.

A criação da primeira barra de chocolate moderna é creditada a Joseph Fry, que em 1847 descobriu que podia fazer uma pasta de chocolate moldável adicionando manteiga de cacau derretida como cobertura ao cacau holandês.


Derrete na boca

A utilização de manteiga de cacau pura é o que confere a textura inconfundível dos chocolates finos. Seu calor característico vem da alta proporção de sólidos de cacau.

O bem-estar

O chocolate, em forma de barra, de diferentes tamanhos e peso, em formato de tablete ou bombom, acrescentados leite, nozes, castanhas, licor etc, é de causar água na boca de muita gente.

Contém dois estimulantes alcaloides relacionados: a teobromina e a cafeína, em uma proporção de 10 para 1.

A teobromina, corresponde entre 1-2% da amêndoa de cacau. Tem sido usado pela medicina em casos de alta pressão sanguínea e em casos em que um ataque do coração resulta em acumulação de fluidos no corpo. Ao contrário da cafeína, não estimula o sistema nervoso central. Além de seu efeito diurético moderado, estimula o sistema cardiovascular, relaxa os músculos, dilata os vasos sanguíneos.

O chocolate comercial contém menos de 0,1% de cafeína e são muito menos estimulantes, em termos de volume, que um copo de café descafeinado. O chocolate em pó contém mais cafeína. O chocolate também é rico em fenilatilamina, um composto com efeitos semelhantes aos da anfetamina. Em alguns casos, pode causar dores de cabeça e enxaqueca em pessoas sensíveis.

O cacau contém cerca de 20 vezes menos cafeína que o café, ao contrário da percepção geral. O chocolate comercial contém menos de 0,1% de cafeína e são muito menos estimulantes, em termos de volume, que um copo de café descafeinado. O chocolate em pó contém mais cafeína. O chocolate também é rico em fenilatilamina, um composto com efeitos semelhantes aos da anfetamina. Em alguns casos, pode causar dores de cabeça e enxaqueca em pessoas sensíveis.

Algumas pessoas, na maioria mulheres, têm uma tendência a comer muito chocolate depois de abalos emocionais. Não existem explicações científicas para este comportamento. No entanto, psiquiátras supõem que os "chocólatras" são pessoas com problemas no mecanismo de regulagem de fenilatilamina do corpo. Outros estudiosos atribuem os desejos por chocolate a mudanças hormonais, como as que ocorrem na puberdade ou período pré-menstrual.

Depois de séculos de investigação, as alardeadas propriedades afrodisíacas do chocolate podem ser, agora, desprezadas. Mas em suas inúmeras formas modernas, o chocolate é uma tentação sem fim e, para os que conseguem suportar o aumento de calorias, trata-se de uma fonte de prazer.


Componentes

Trinta gramas de chocolate sólido contém cerca de 150 calorias e de 2 a 3 gramas de proteína. A semente original apresenta quantidades significativas das vitaminas B e E. No entanto, são tão diluídos no chocolate moderno que são insignificantes. O chocolate ao leite ou meio-amargo contém entre 40 e 53 % de gordura, manteiga de cacau.

O chocolate e o cacau em pó fornecem cromo, ferro, magnésio, fósforo e potássio, mas a gordura e as calorias não fazem do chocolate destes minérios, exceto em situações de emergência.

O cacau contém cerca de 550 miligramas de magnésio para cada 100 gramas, é a melhor fonte para o mineral.  Dá suporte ao funcionamento do coração e propicia o balanço do cérebro. O magnésio possui uma concentração 18 vezes maior no músculo do coração que no fluxo sanguíneo. Fortalece o músculo cardíaco e reduz a coagulação do sangue. Ao reduzir a coagulação, diminui a pressão sanguínea e contribui para que o coração bombeie mais efetivamente. Dá flexibilidade aos ossos e protege contra a osteoporose.

A manteiga de cacau tem uma composição química privilegiada por seu valor "conservante", seja em alimentos ou em óleo cosmético. A composição dos triglicerídeos simples do chocolate significa que ele tanto pode ser líquido como sólido; costuma-se dissolver seu pó misturado com água ou leite e servir a bebida quente. O chocolate natural não tem a consistência da manteiga à temperatura ambiente. O ponto de ebulição do chocolate é logo abaixo da temperatura do corpo humano. Ao contrário do escuro, o chocolate branco (uma mistura de manteiga de cacau, sólidos do leite e açúcar) não contém nenhum sólido do cacau, que previne que os sólidos do leite estraguem com o tempo.

O cacau contém cerca de 550 miligramas de magnésio para cada 100 gramas, é a melhor fonte para o mineral.  Dá suporte ao funcionamento do coração e propicia o balanço do cérebro. O magnésio possui uma concentração 18 vezes maior no músculo do coração que no fluxo sanguíneo. Fortalece o músculo cardíaco e reduz a coagulação do sangue. Ao reduzir a coagulação, diminui a pressão sanguínea e contribui para que o coração bombeie mais efetivamente. Dá flexibilidade aos ossos e protege contra a osteoporose.

Como o bombom chegou até nós

Em 1868, uma pequena empresa chamada Cadbury fabricava  artesanalmente e comercializava caixas de bombons de chocolate de alta qualidade na Inglaterra,

No século 20, fabricantes de chocolate independentes ofereciam o produto com mais açúcar e aditivos do que o cacau natural.  A palavra "chocolate" expandia-se no nicho da culinária, atrelada a uma variedade de guloseimas a preços acessíveis, A fabricação de chocolate ao leite continua  a ser uma indústria que movimenta mais de 4 bilhões de dólares nos Estados Unidos, e o americano de classe média consome pelo menos meio quilo do material por mês.

O chocolate de leite em forma de bombom chegou ao mercado e está consolidado, as indústrias Nestlé e Hershey's têm papel importante nisso tudo.


Como o ovo de páscoa chegou até nós

Em muitas culturas ao redor do mundo, o ovo de Páscoa ou de chocolate é um símbolo de nova vida, fertilidade e renascimento. No passado, costumava-se pintar um ovo oco de galinha de cores bem alegres, pois a Páscoa é uma data festiva que comemora a ressurreição de Jesus Cristo, sendo o ovo um símbolo de nascimento. Os primeiros cristãos da Mesopotâmia pintaram ovos vermelhos para lembrar o sangue de Jesus, isto é, o ovo da Páscoa era considerado uma lembrança da ressurreição de Cristo. Ovos eram pintados em cores diferentes. Devido ao mandamento de jejum da Igreja Católica, desde a quarta-feira de cinzas até a Páscoa, além da carne, nenhum ovo era permitido ser comido. Uma vez que o jejum dura mais de seis semanas, a preservação dos ovos era feita por cozimento, para que ficassem duros e fosse possível diferenciar os  ovos mais velhos dos mais novos, eles, e apenas no domingo de Páscoa os ovos coloridos eram ficavam disponíveis para consumo.

Ovos pintados são conhecidos da antiguidade européia. A decoração de cascas de ovos é muito mais antiga que a tradição cristã, como mostram os achados de ovos de avestruz decorados da África Austral, com 60 mil anos de idade. Além disso, ovos ornamentados de avestruz com 5 mil anos de idade foram encontrados em antigos túmulos dos sumérios e egípcios. Por milhares de anos, os iranianos e outros têm decorado ovos. É uma tradição milenar no Irã durante o equinócio da primavera pintar ovos em comemoração ao Ano Novo.

O consumo dos ovos de chocolate surgiu dos Pâtissiers franceses. Eles esvaziavam os ovos de galinha e depois recheavam com chocolate e o cobriam com pintura colorida por fora. Pais escondiam os ovos no jardim para que seus filhos encontrassem na manhã de Páscoa. O costume evoluiu até chegar à fase da indústria do chocolate, tal como conhecemos.

E.A.G.

Compilação:
Alimentos Saudáveis, Alimentos Perigosos, 110 e 111, 1ª impressão 1998, Rio de Janeiro/RJ (Readers Digest Brasil).
Brief History of Chocolate, Amanda Fiegl, 1º de março de 2008, https://www.smithsonianmag.com/arts-culture/a-brief-history-of-chocolate-21860917/

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