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segunda-feira, 29 de novembro de 2021

A bem-aventurança do praticante

"Sejam praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando a vocês mesmos' [...] não sendo ouvinte que logo se esquece, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar" - Tiago 1.22,25.
 
Que erro terrível o do crente que se limita a ler as Escrituras, a ter prazer nelas,mas não as pratica! É bastante comum o cristão ouvir a Palavra de Deus

sábado, 16 de novembro de 2019

Tiago 3.13-18 - A sabedoria que só interessa aos cristãos espirituais

Alguém publicou o seguinte em seu perfil de rede social:

"Por mais inteligente que alguém possa ser, se não for humilde, o seu melhor se perde na arrogância. A humildade ainda é a parte mais bela da sabedoria."

Não discordei. E digitei o que está a seguir.

Quero dizer uma obviedade, antes da opinião: Sábios são aqueles que sabem, aqueles que absorvem informações. Quem consegue guardar mais conhecimento, é mais sábio do que aquele que guarda menos. E quem valoriza mais as informações mais úteis, é mais importante do que o sábio que não escolhe bem o que vale a pena saber.

A arrogância é o sinal de que a pessoa não é sábia, o quanto deveria ser. O arrogante não sabe ser modesto. Só demonstra humildade quando está na posição da superioridade, se tiver que ser submisso logo desaparece a capa da elegância e a fala cordial.

É sempre bom lembrar que a Carta de Tiago (3.13-18) descreve a sabedoria que devemos ter. O conhecimento bíblico nos faz saber o que Deus diz para nós e como Ele quer que a gente viva.

"Está escrito assim: Quem entre vocês é sábio e inteligente? Mostre as suas obras em mansidão de sabedoria, mediante a sua boa conduta. Se, pelo contrário, vocês têm em seu coração inveja amargurada e sentimento de rivalidade, não se gloriem disso, nem mintam contra a verdade. Esta não é a sabedoria que desce lá do alto; pelo contrário, é terrena, animal e demoníaca. Pois, onde há inveja e rivalidade, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins. Mas a sabedoria lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, gentil, amigável, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento. Ora, é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que promovem a paz."

O que temos neste texto para ser meditado?
• Nem todo sábio é inteligente. A inteligência é a capacidade de administrar bem o conhecimento. E nem todos conseguem fazer isso.
• Nem toda inveja carrega amargura; as pessoas invejosas e quem tem o hábito da competição, têm que tomar cuidado. Ser alguém assim indica falta da sabedoria do que Deus quer dela. Precisa conhecer mais a Palavra e querer mudar as atitudes.
• Viver invejando e rivalizando é um hábito aprendido em fontes da terra, copiado de comportamento humano e pode até ser o resultado de uma aprendizagem de demônios. Pesado isso, mas é a Bíblia ensinando!
O conhecimento da vontade de Deus vem através da revelação que está na Bíblia. A Bíblia mostra como é a sabedoria do alto. Ela é pura, pacífica, moderada, amigável, cheia de misericórdia, bons frutos, imparcial, sem fingimento. Deus é assim! Deus é puro, pacífico, tem autocontrole, é tratável, é misericordioso, é portador de todas as nove características do fruto do Espírito, não favorece um prejudicando outro, é sempre sincero. E devemos ser imitadores dEle e de Cristo.

Eu não pensava em tantas linhas... mas elas vieram... rsarsrs

Bom domingão.

domingo, 4 de dezembro de 2016

Os verdadeiros sábios


Gosto muito da descrição que Tiago fez para explicar a sabedoria espiritual.

“Se, porém, algum de vocês necessita de sabedoria, peça a Deus, que a todos dá com generosidade e sem reprovações, e ela lhe será concedida"– Tiago, capítulo 1 e versículo 5.

• A sabedoria humana. 

“Quem entre vocês é sábio e inteligente? Mostre as suas obras em mansidão de sabedoria, mediante a sua boa conduta. 14 Se, pelo contrário, vocês têm em seu coração inveja amargurada e sentimento de rivalidade, não se gloriem disso, nem mintam contra a verdade. 15 Esta não é a sabedoria que desce lá do alto; pelo contrário, é terrena, animal e demoníaca. 16 Pois, onde há inveja e rivalidade, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins” – Tiago 3.13-16.

• A sabedoria de origem celestial é assim:

"Mas a sabedoria lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, gentil, amigável, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento. Ora, é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que promovem a paz."– Tiago 3.17-18.

Textos extraídos da tradução Nova Almeida Atualizada - NAA (SBB).

A verdadeira fé não faz acepção de pessoas
A verdadeira sabedoria se manifesta na prática
A sábia oração do profeta Elias...
Fé que se mostra pelas obras
O cuidado com a língua
O que é o que não é pecado?
Quando a raiva aparecer

E.A.G.

sábado, 26 de dezembro de 2015

Tiago 1.20 - Quando a raiva surgir...

É importante considerar as orientações bíblicas, em todas as circunstâncias da vida. 

Em se tratando de momentos de nervosismos, mesmo que apareçam por motivo correto, o melhor a fazer é esperar o sentimento forte passar e só depois que passou tomar as decisões que devem ser tomadas, porque se não há calma também não há condições de raciocinar corretamente.

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sábado, 20 de setembro de 2014

Os pecados de omissão e de opressão

Por Eliseu Antonio Gomes

Deus fez o ser humano em triplicidade: o corpo, a alma e o espírito. Na condição de Criador e Deus, ama o homem como ele é e tem como objetivo o seu bem-estar de maneira plena. Assim , clama ao arrependimento de pecados. As Escrituras abrangem todos os aspectos do cristão com o objetivo de que viva praticando o bem a si mesmo e ao próximo. Em Tiago 4.17 e 5.1-6, encontramos exortações sobre relacionamentos no campo profissional.

Ter bens materiais adquiridos honestamente não é pecado

O Senhor espera que seus servos usem os recursos materiais para ajudar os necessitados. A prosperidade que Ele permite ao cristão experimentar, não é dada para uso de deleites e prazeres egoístas.

Possuir riqueza não é sinal de fé e nem de aprovação de Deus

A Bíblia adverte aos cristãos a não colocarem o coração nas riquezas materiais e aos ricos para que não depositem sua confiança nelas (Salmo 49.6, 7).

Quando alguém tem seu o coração na riqueza, ele corre o risco de ser induzido à inveja e a praticar ações incorretas para possuí-la. E se o rico passa a acreditar que suas posses materiais são recursos suficientes para responder a tudo que ele necessitar, comete idolatria, pois age considerando o dinheiro o seu deus.

Exortação apostólica aos patrões opressores

Tiago condena a exploração econômica e toda a manobra fraudulenta que os ricos deste mundo, crentes ou descrentes, usam para manterem-se no topo da pirâmide financeira. Na geração do apóstolo, existiam poucas pessoas da classe alta que se mostravam abertas ao Evangelho. Devido a perseguição contra a igreja, muitos crentes perderam seu meio de subsistência e passavam apuros financeiros. Enquanto isso, pessoas ricas faziam mau uso de suas posses, viviam de maneira extravagante, extasiados em seus deleites pareciam cegos e surdos aos clamores dos irmãos que precisavam do auxílio. Diante desta situação, ele exorta os ricos, pois eram capazes de ajudar mas se recusavam a realizar esta prestação, e além disso exploravam os crentes pobres (2.5, 6).

Conclusão

Deus se posiciona em relação às injustiças sociais, abomina aqueles que adquirem riquezas às custas da exploração de desvalidos e necessitados, não aceita nenhuma espécie de opressão e injustiça na relação entre ricos e pobres, funcionário e patrão.

O Senhor está ao lado de trabalhador humilde e honesto, ao lado de explorados e oprimidos. É importante estar consciente que para Deus os cristãos são irmãos, independente das posições socioeconômicas, empregador ou empregado. O crente é ensinado pela Palavra de Deus a fazer o bem, seja pagando salário ou trabalhando para recebê-lo.

Os bens são ferramentas para tornar viável a expansão da mensagem do Evangelho e para socorrer os irmãos que precisam de ajuda. Através da oferta voltada ao evangelismo e missões, as almas famintas são alimentadas; por meio da ação social, o corpo humano, que é templo do Espírito Santo, recebe oportunidade para continuar a louvar e servir para Deus.

E.A.G.

Compilações:
Ensinador Cristão, ano 15, nº 59, página 42, julho-setembro de 2014, Rio de Janeiro (CPAD).
Lições Bíblicas - Mestre, Elinaldo Renovato de Lima; 1º trimestre de 1999, páginas 73-79, Rio de Janeiro (CPAD).
Lições Bíblicas - Mestre, Eliezer de Lira e Silva; 3º trimestre de 2014, páginas 82-90, Rio de Janeiro (CPAD).

terça-feira, 9 de setembro de 2014

O julgamento e a soberania pertencem a Deus

Por Eliseu Antonio Gomes

No capítulo 4, versículos 11 ao 17, Tiago destaca a questão do relacionamento interpessoal entre os irmãos e o planejamento da vida, aconselha sobre a atitude ideal que as pessoas devem ter com seus semelhantes e com elas mesmas.

O apóstolo alude a Jesus Cristo, que declarou que a lei está resumida em dois mandamentos: o primeiro é "amar a Deus acima de todas as coisas" e o segundo é "amar ao próximo como a si mesmo".

A maledicência é proibida

A ligação entre o texto encontrado em 4.11-12 em que o apóstolo proíbe 'falar mal" (katalaleõ) e o restante do contexto deve ser visto como uma ênfase ao repúdio ao orgulho, que frequentemente está ligado à inveja (2 Corintios 12.20; 1 Pedro 2.1) e porfias (2 Corintios 12.20). Este texto reprisa às abordagens anteriores da carta, capitulado em 3.13 - 4.10, sobre os pecados da língua.

Literalmente, katalaleõ significa "falar contra", descreve muitos discursos nocivos: a contestação à autoridade legítima (Números 21.5); caluniar alguém secretamente (Salmo 101.5); fazer acusações improcedentes (1 Pedro 2.12; 3.16).

O Soberano Juiz 

Sabemos, só existe um único juiz e legislador, que é Deus. Apenas o Todo-Poderoso tem poder para legislar corretamente em favor das suas criaturas, Somente Ele é santo e justo, possui a capacidade para julgar sem cometer erros no julgamento, tem condições de conhecer todas as nossas intenções, declaradas e secretas,  pois é o único que possui o atributo da onisciência.

É muito perigoso colocar-se como juiz dos irmãos, pois a vida é breve e o sentimento pecaminoso de autossuficiência custa muito caro. Antes de pensar em pronunciar sentença de condenação ou absolvição do outro através de opinião própria, é preciso lembrar do ensino de Cristo, que nos manda examinar a nós mesmos (Mateus 7.1-3).

Como seres humanos, somos limitados, falhos, imperfeitos. Não temos capacidade de conhecer o que há no interior do coração alheio. E se nesta condição de incapacidade realizamos julgamento contra o próximo, estamos semeando para o nosso futuro o resultado da nossa insensibilidade, impiedade e injustiça (Gálatas 6.7), Ao condenar uma pessoa usando o senso de justiça errado, estamos condenando também o Criador que o fez.

O julgamento genuinamente cristão

Sobre o ato de julgar, devemos ter em mente as advertências de Jesus:

"Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo (falho) com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós" - Mateus 7:1-2 - parênteses meus.

Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça” - João 7.24 (grifo meu).

Muitos religiosos não baseiam seus julgamentos nas Escrituras Sagradas, que é a reta justiça.

Quando alguém emite parecer embalado por pensamentos humanos, deixa-se guiar pelo gosto pessoal e se coloca como juiz, colocando conceitos próprios acima do conceito divino. Falar mal do irmão e julgá-lo é descumprir o mandamento do amor a Deus e ao próximo e quem assim procede, arrogantemente, comporta-se como juiz da lei. Julgar a  lei, segundo Tiago 4.11, significa considerar inútil a orientação encontrada em Levíticos 19.16, como também considerar digno de desprezo o conjunto de ensinos de Jesus sobre o dever de amar a Deus e ao próximo. Agir assim é uma atitude de afronta à soberania do Senhor.

Julgar segundo a sabedoria desse mundo é o mesmo que vestir-se de trajes rasgados, usar trapos de imundícias fedorentos que causam vergonha ao usuário e repugnância a quem sente o cheiro. No dia da avaliação divina, toda ideia concebida pela inteligência humana que ignora a vontade de Deus será queimada. É recomendável reconhecer o valor das Escrituras Sagradas, usar o tempo se ocupando em meditar e fazer e falar tudo segundo a Palavra de Deus, porque só ela é a reta justiça, só ela possui valor espiritual. Ninguém deve ignorar que perante Deus a justiça emitida pelo homem é imprestável, é semelhante panos velhos e sujos (Isaías 64.6) .

Não podemos esquecer que o senso de justiça praticado pelo ser humano só tem valor quando está fundamentado em Cristo. Para opinar, é importante ao cristão ter o suporte de referências bíblicas. É triste ver defensores de causas que não possuem apoio das Escrituras. A vida delas não pode ser comparada com a casa edificada sobre a rocha, o  futuro dessas pessoas  está construído sobre a palha e o feno, constantemente espalhados pelo vento, cujo destino final é o fogo (Salmo 1.4-6; Mateus 7.24; 1 Corintios 3.11-13).

A fabilidade dos planos humanos

Tiago exorta aos negociantes cristãos, e cristãos em geral, sobre o futuro, cujo controle pertence apenas a Deus, que detém o atributo da onipresença.

A raça humana é efêmera, limitada, mortal, no entanto, muitos fazem planejamentos arriscados, confiando na própria sorte. São audazes e tendem ao fracasso porque possuem corações soberbos que se recusam à consulta da vontade de Deus.

O apóstolo descreve a consistência da existência humana na terra como um "vapor que aparece por pouco tempo e depois desvanece" (4.14). Ele enfatiza a duração extremamente curta da vida, que pode ser interrompida por uma enfermidade, morte acidental ou a volta de Cristo, assim como o sol dissipa a neblina e o rumo do vento afasta a fumaça. Outras afirmações realistas descrevem a brevidade da vida como um sopro:  Provérbios 27.1;  Jó 7.7, 9, 16; Salmos 39.5-6.

Provavelmente, Tiago tenha se inspirado no ensino de Cristo registrado em Lucas 12.15-20, quando Jesus adverte as multidões sobre a avareza e as lembra que a vida de uma pessoa não se consiste na quantidade de acúmulo de bens, usando uma parábola com a figura de um homem rico que fez planos para o futuro, guardando em celeiro toda sua produção como se a riqueza pudesse preservá-lo, sem levar em consideração que a morte poderia estar iminente.

Sendo a vida do homem frágil e breve, é importante que o cristão faça planos usando a sabedoria do alto, reconhecendo-se dependente de Deus e mantendo-se humilde perante Ele, que é o Criador de todas as coisas.

Como crentes em Deus, se quisermos ser bem sucedidos em nossos planos, devemos nos posicionar como servos de Cristo e reconhecer o valor da vontade divina a despeito de quaisquer circunstâncias, considerando a fragilidade da vida e a soberania divina. Apenas assim, descansando nEle e confiando em seu direcionamento, teremos plena convicção da realização, à contento, de nossos projetos.

Oremos para que jamais venhamos permitir que a presunção e o orgulho dominem os nossos corações e que nos faça acreditar que podemos controlar nossa vida sem a ajuda do Senhor.

A omissão

"Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado" - Tiago 4.17.

No quarto capítulo e capítulos anteriores de sua carta, Tiago mostrou o que é o bem. E agora afirma que se os seus leitores não o fazem estão pecando.

Os pecados de omissão são tão graves quanto o de comissão. Jesus Cristo esclarece isso na parábola registrada em Lucas 19.11-27, quando reprova o servo que se omitiu a usar o dinheiro que lhe fora confiado à administração; também, em Mateus 25.31-46, ao relatar como a de ser o julgamento final, e esclarece que uma multidão - descrita ser composta de "cabritos" - será condenada por tudo que eles deixaram de fazer.

Conclusão

A atitude correta do cristão para com seus irmãos é esforçar-se para compreendê-lo e amá-lo. O procedimento adequado do cristão em relação ao pecador "é convencê-lo do erro do seu caminho" e não criticá-lo com palavras desprovida de amor e contexto bíblico (Mateus 7.1-5; Tiago 5.20).

A pessoa que no momento de fazer planos ora e busca a Deus, e ao pronunciar julgamentos com relação ao próximo lança mão de conceitos bíblicos, e não o parecer deste mundo, realiza o bem, é alguém que aprendeu a usar a língua com sabedoria, reconhece a soberania de Deus, e, portanto, manifesta ser um cristão amadurecido.

E.A.G.

Compilação: 
Belverede, Eliseu Antonio Gomes, 6 de setembro de 2008, A reta justiça e os trapos imundos - http://belverede.blogspot.com.br/2008/09/reta-justia-e-os-trapos-imundos.html 
Lições Bíblicas - Mestre, Elinaldo Renovato de Lima; 1º trimestre de 1999, páginas 66-72, Rio de Janeiro (CPAD). 
Lições Bíblicas - Mestre, Eliezer de Lira e Silva; 3º trimestre de 2014, páginas 76-82, Rio de Janeiro (CPAD). 
Tiago - Introdução e Comentário, Douglas. J. Moo, páginas 150-158; 1ª edição 1990, reimpressão 2011, São Paulo (Edições Vida Nova).

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

O perigo da busca pela autorrealização humana

Por Eliseu Antonio Gomes

Todas as guerras começam com conflitos de interesses. Os principais tipos de guerra são:  guerra nuclear, guerra espacial, guerra civil, guerra de informação, guerra comercial,  guerra psicológica, guerrilha, guerra religiosa.

A guerra mais rápida da história durou 37 minutos. Uma esquadra inglesa decidiu ancorar no porto de Zanzibar, na África, em 1896, para assistir a uma partida de críquete. O sultão de Zanzibar não gostou e mandou que seu único navio atacasse os ingleses. Quando o navio abriu fogo, os ingleses o afundaram rapidamente e ainda destruíram o palácio do sultão, matando quinhentos soldados. Zanzibar se rendeu e o sultão fugiu para a Alemanha. A guerra mais longa da história é a do homem com Deus, que dura desde o pecado no Éden e só terminará no Dia do Juízo Final.

Há três guerras em andamento no mundo espiritual: a guerra entre irmãos ou uns com os outros; a guerra no coração do crente por causa das suas ambições egoístas e a guerra com Deus. Os três inimigos que trabalham para nos afastar de Deus, são: a carne, o mundo e o diabo (Efésios 2.1-3):

1. Carnalidade.
Na vida cristã temos o grande conflito entre o fazer a vontade de Deus ou a nossa. Paulo diz: "Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer" (Gálatas 5.17).
2. Mundanismo
No capítulo 4 e versículo 4, Tiago utiliza o termo feminino "moichalides" (infiéis), que em muitas traduções bíblicas brasileiras é vertido como "adúteros e adúlteras", deste modo ele caracteriza os leitores da carta de povo infiel de Deus. Jesus empregou adjetivo semelhante aos que o rejeitaram (Mateus 12.39; 16.4). 
O Antigo Testamento fornece a explicação para este tipo de tratamento. Deus se união ao povo de Israel ao elegê-lo graciosamente e ao colocá-lo numa relação de aliança consigo. Este relacionamento várias vezes é retratado com figuras matrimoniais (Isaías 54.1-6; Jeremias 2.2). O crente é casado com Cristo, então, não é possível servir a Deus e ao mundo ao mesmo tempo. Quando o crente divide o seu amor a Deus com qualquer outro, comete adultério espiritual (Romanos 7.4; Deuteronômio 5.9; 1 João 2.15).
3. Ação diabólica
O diabo é o grande adversário da igreja e do povo de Deus. Ele vive à procura de oportunidades para gerar confusão e conflito entre os irmãos, encontra espaço de ação quando o crente ao invés de consagrar-se age através da carnalidade.

No coração humano pecador há cobiça, ódio, inveja, egoísmo. A maioria das desavenças e tramas perversas é fruto da ambição, vontade de ver o desejo pessoal realizado. E qual é o objetivo dessa realização? O deleite.  "Deileites" é uma tradução da palavra "hêdonê", cuja conotação é negativa de prazeres pecaminosos e que busca apenas interesses próprios (dela vem a palavra hedonismo). A guerra entre irmãos tem origem no interior da pessoa, acontece quando ela cede à atração que o mundo exerce e quando aceita sugestões diabólicas e dá vazão aos deleites carnais.

Deus não governa pessoas que decidem desfrutar dos prazeres da carne, que são contrários à vontade divina (Tiago 1.14; 2 Timóteo 4.2-3).

Tiago inicia o quarto capítulo com uma pergunta: "De onde procedem guerras e contendas que há entre vós?"  Os termos "guerra" (polomoi) e contenda (machai) indicam polêmicas e discussões verbais violentas. O apóstolo responde qual é a origem da confusão: "sois invejosos e cobiçosos".

A grave consequência  espiritual de viver em guerra é a frustração de orar e não ser atendido. Quando os crentes estão brigando, Deus não responde às suas orações, pois Ele é santo e não aceita relacionar-se com quem é contencioso, portanto, todo crente deve vigiar para não cair na tentação de ser um instrumento de guerra na igreja (Mateus 26.41; Tiago 4.1-3; 5.16).

Tiago, ao escrever sobre a existência de desavenças entre os irmãos, aponta ao problema mas também mostra a solução. Ele informa que através da oração, da Bíblia, do Espírito e pela graça de Deus podemos vencer espiritualmente.

1. Oração: "Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque, aquele que pede, recebe; e, o que busca, encontra; e, ao que bate, abrir-se-lhe-á." - Mateus 7.7-8. O apóstolo lembra o discurso de Jesus no sermão do monte e explica: "Nada tendes porque não pedis" (Tiago 4.2) . Se o crente pede a Deus qualquer coisa em seu nome, está escrito que o Pai Celestial honra este pedido, principalmente se a solicitação for em busca da harmonia entre os irmãos (João 14.13-14; Salmo 122.6-9). 
Os crentes da geração de Tiago tinham uma relação com Deus não segundo a vontade divina, mas a sua própria, pois colocaram na cabeça que as bênçãos do Senhor existiam com o propósito de servir exclusivamente aos seus deleites. O apóstolo foi claro ao descrever a situação deles: "Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites. Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus" - Tiago 4.3-4.
2. Leitura Bíblica: "Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura..." - Tiago 4.5a. Tiago afirma que aquilo que Bíblia ensina não é vão ou sem razão. O apóstolo Paulo nos diz que ela é a espada do Espírito, instrumento de guerra para ataque e defesa espiritual, nos foi dada por Deus para o nosso aperfeiçoamento e capacitação para toda a boa obra (Efésios 6.17; 2 Timóteo 3.14-17). Portanto, seu conteúdo jamais deve ser desprezado.
3. Espírito Santo: "...o Espírito que em nós habita tem ciúmes?" - Tiago 4.5b. O Senhor habita em nós e se entristece quando pecamos e traímos a Deus (Efésios 4.30). O Espírito garante e sela a nossa redenção, produz o fruto espiritual, nos ilumina, capacita-nos com dons espirituais, nos induz a adorar a Deus, nos liberta do pecado, nos santifica, nos orienta a testificar que somos filhos de Deus, nos ajuda a orar (Efésios 1.13-14; Gálatas 5.22-24; 1 Coríntios 2.12-16; 12.7; Filipenses 3.3; Romanos 8.1-11; 14-17; 26-27). Deus exige fidelidade total em nosso relacionamento com Ele, assim sendo, é importante prezar pelo bom relacionamento com o Santo Espírito.
4. Graça: "Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes" - Tiago 4.6. Tiago reverbera os ensinos do livro de Provérbios, que nos diz que Deus abomina olhos altivos e o coração arrogante (6.17; 16.5): "

Conclusão

Deus concede bênçãos aos seus servos, porém, jamais para que elas sejam desfrutadas de maneira avarenta. Elas devem ser recebidas e compartilhadas (Salmos 37.4; Atos 2.45; 4.35).

O desafio de todo cristão é jamais considerar que o comportamento de satisfação carnal é uma atitude normal. É preciso expor a Palavra de Deus não apenas em discursos mas também em atos, diariamente, no seio familiar e na comunidade. Ainda que haja discordância entre irmãos, o que é normal, nunca pode haver dissimulação e desejo de praticar o mal. Tiago nos ensina que a omissão em fazer o bem, sabendo fazê-lo, é pecado (4.17). Todos nós devemos ser praticantes do bem, que em outras palavras é agir com humildade e valorizando a comunhão entre os irmãos.

A graça que Deus nos dá nos capacita a vencer o pecado e a crescer em santificação, ela é infinita e inesgotável, porém, reservada apenas aos pacificadores e humildes de coração, ou seja, está disponível somente aos que não projetam uma imagem simpática através da falsa modéstia, mas aos que de fato são modestos e praticantes da Palavra (João 1.16; 2 Pedro 3.18).

E.A.G.

Compilações:
Ensinador Cristão, ano 15, nº 59, página 40, 41, julho-setembro de 2014, Rio de Janeiro (CPAD). 
Lições bíblicas - Mestre, Eliezer de Lira e Silva; 3º trimestre de 2014, páginas 70-74, Rio de Janeiro (CPAD).
Revista Exposição Bíblica - Liberdade, Fé e Prática - Gálatas e Tiago; Arival Dias Casimiro; páginas 55 -59; 3ª edição em julho de 2013; Santa Bárbara d'0este/SP (Z 3 Editora Ltda). 
Tiago - Introdução e Comentário, Douglas. J. Moo, páginas 137-139; 1ª edição 1990, reimpressão 2011, São Paulo (Edições Vida Nova).

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

A verdadeira sabedoria se manifesta na prática

Por Eliseu Antonio Gomes

A Carta de Tiago enfatiza o lado prático do Evangelho de Cristo. No capítulo 1 e versículo 27, o apóstolo destaca as evidências da "religião pura e imaculada" para nos faz entender que praticar a Palavra é torná-la viva ante o mundo. É importante viver na prática a Palavra de Deus, para não cairmos no descrédito daqueles que nos rodeiam.

O cristão portador da sabedoria do alto é um crente abnegado, ao invés de simplesmente pronunciar a Palavra, vive-a como um exemplo de que ela é praticável e benéfica. Seu comportamento faz com que as pessoas em sua volta reflitam sobre como recebem as Escrituras, se como simples relato histórico ou como a sagrada regra de fé e conduta.

Mahatma Ghandi, diante de um líder cristão, disse: "Eu admiro o vosso Cristo, e não o vosso cristianismo". Infelizmente, vivemos num tempo em que, para muitos, há um grande abismo entre o ato de dizer e o fazer, o ato de pregar e o praticar, o ensinar e o oferecer exemplo.

O crente tem que ser uma testemunha viva do amor e poder do Senhor. De que adianta, ao homem, ouvir mandamentos, preceitos e ordenanças sem conhecer na prática os seus efeitos positivos?

É necessário ouvir

Quem é de Deus ouve as palavras de Deus (João 8.47). O verbo ouvir neste texto tem mais do que o sentido de escutar, é prestar atenção com a intenção de aprender e tornar-se apto a pôr o ensinamento em prática.

Na Palavra encontramos a exposição de um padrão ético superior ao que se vê em homens e mulheres comuns. A ética bíblica não visa apenas ao que a pessoa faz, mas ao que ela é, vai ao encontro de todas as áreas essenciais da vida e de encontro ao código exterior da sociedade edonista e ególatra.

Quando o leitor se submete à vontade divina, a Palavra cria fé em seu coração (Romanos 10.17). À medida que uma pessoa lê a Bíblia, esta, por sua vez, interage com o leitor, falando dinamicamente às suas necessidades. Ela é a voz de Deus, é penetrante, toca no âmago do ser humano e oferece todas as respostas necessárias às perguntas mais importantes (Hebreus 4.12, 13).

A leitura bíblica gera conhecimento e o conhecimento do Senhor produz libertação (Oseias 6.3; João 8.32). A Palavra transforma o leitor em todos os setores que precisa ser transformado e o conduz ao encontro com Deus. O leitor cuja alma está cansada e oprimida, recebe o alívio proporcionado por Cristo, que troca o fardo pesado que encontra-se em seu coração pelo fardo leve e agradável que Ele tem para quem deseja ser praticante da vontade divina. Com a ajuda do Espírito o crente experimenta viver praticando a Palavra prazerosamente (Mateus 11.28-30; João 14.26).

As ideias expostas na Bíblia, morais e religiosas, encaminham o leitor em direção a Deus, que o ama, apresentando o Todo Poderoso como fonte originária da relevância e do propósito para si mesmo e para o seu mundo, orienta-o com vista ao seu bem-estar pleno.

O perfil do crente praticante da Palavra de Deus

Segundo Tiago, o nosso relacionamento com outros deve ser propenso a dar atenção ao próximo. O praticante da Palavra é sempre dado a ouvir, pois quando fala corre o risco de pecar.

Há muita sabedoria em ser uma pessoa tardia para falar, a Bíblia revela que o homem de entendimento cala-se, até o tolo, quando calado, será reputado por sábio (Provérbios 11.12; 17.28). No círculo social das rodas de conversas, a Bíblia valoriza mais quem se propõe a escutar do que quem se dispõe a expressar-se. Recomenda o filho prestar atenção nas instruções do pai, ouvir as palavras dos sábios e afirma que é melhor "ouvir a repreensão do sábio do que a canção do tolo" (Provérbios 1.8; 22.17; Eclesiastes 7.5).

Em nosso relacionamento com o próximo é preciso estar disposto a ouvir mais e não ter pressa para falar. Ao relacionarmos com Deus, é necessário estar sempre pronto a ouvir a Palavra com mansidão e possuir muita disposição para rejeitar o pecado.

O perfil do crente, que por esquecimento ou desatenção, não pratica a Palavra

Os exemplos de Moisés e Jesus em momentos de ira devem ser observados e imitados. A indignação que manifestaram teve como alvo a iniquidade e afronta contra Deus. Moisés revoltou-se contra a idolatria ao bezerro de ouro e quebrou as tábuas da lei. Jesus, irou-se contra a ação de cambistas no templo, virou mesas com chicote nas mãos. Ambos não pecaram contra o próximo ao agirem com objetivo de reestabelecer a vontade do Senhor. É válido frisar: eles não pecaram.

A Palavra de Deus conclama o ser humano a uma moralidade que supera a nossa medida de justiça. "A ira do homem não opera a justiça de Deus" (Tiago 1.20). O crente não praticante da Palavra ao sentir-se prejudicado, lança mão de recursos injustos, luta contra o próximo objetivando fazer justiça em favor de si mesmo e em proteção de seus interesses egoístas. Toda pessoa não praticante da Palavra ainda não despojou-se do "velho homem", portanto dá vazão à indignação através do pecado. É capaz de fazer uso de gritarias, seus lábios transbordam amargura, pensamentos maus, calúnias, mentiras, blasfêmias, e toda espécie de malícia contra seu semelhante por quem Cristo morreu, ignorando (ou ignorante) que seus inimigos reais têm origem espiritual, não possuem sangue e carne, são principados, potestades, os príncipes das trevas deste século, as hostes espirituais da maldade, alojadas nos lugares celestiais (Efésios 4.22, 25; 31; 6.12).

Tiago compara tais pessoas a um homem que se olha no espelho e ao afastar-se esquece dos detalhes de sua fisionomia. São exatamente assim as pessoas que um dia entregaram-se ao senhorio de Cristo, mas em determinadas circunstâncias costumam deixar que a raiva apodere-se de suas vidas. O sentimento de cólera toma o coração delas com autoridade de senhor, elas parecem esquecidas do mandamento que orienta a amar o próximo como a si mesmo. Talvez abatidas pelo surto de amnésia, ou propositalmente, desprezam a ordem de Jesus para amar quem nos odeia, falar e fazer o bem aos que nos maldizem e fazem mal, orar em favor de nossos perseguidores.

Conclusão

É primordial praticar a Palavra: no lar, na igreja, em trânsito. É necessário que cada cristão realize um exame de consciência e pergunte-se se seus sentimentos refletem ambição egoísta ou o amor de Deus, pois não há evidências aceitáveis no relacionamento com Deus e com os outros na vida de crentes que são apenas conhecedores e não praticantes. Suas ações produzem consequências maléficas à Obra de Deus.

Não é normal alguém pregar o Evangelho e ao mesmo tempo ter atitudes que destoam de seus ensinamentos. É anormal pronunciar a Palavra sem praticá-la, tal contradição é puro intelectualismo; o ensino sem a vivência é puro farisaísmo.

É preciso, diuturnamente, desejar e ser parte do grupo de crentes que são praticantes da Palavra e não apenas conhecedores e pregadores dela, é necessário aplicar a verdadeira religião cristã em nossas vidas, observando seus preceitos e estatutos. Do contrário, nossa religião será vã, vazia, sem resultados apropriados e a Palavra nos condenará ao porvir sem paz, sem alegria, sem motivos para sorrir.

E.A.G.

Consulta: 
Ensinador Cristão, ano 15, nº 59, página 40, 41, julho-setembro de 2014, Rio de Janeiro (CPAD). 
Lições Bíblicas - Mestre, Elinaldo Renovato de Lima; 1º trimestre de 1999, páginas 40, 24-30, Rio de Janeiro (CPAD). 

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

O cuidado com a língua

Por Eliseu Antonio Gomes

Quando a criança vai ao médico, uma das coisas que ele pede é para mostrar a língua. Talvez, alguém tenha a curiosidade de saber o motivo. Este exame é importante como método auxiliar no diagnóstico de algumas doenças. A língua, assim como o céu da boca, gengiva, glândulas, saliva e dentes, exibem sinais e sintomas muitas vezes precoces de enfermidades sistêmicas.

A Bíblia nos informa que a saúde espiritual de uma pessoa também pode ser diagnosticada pela sua língua. Paulo, ao descrever a depravação do coração da criatura que ignora o Criador, diz: "A garganta deles é um sepulcro aberto, urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios, a boca, eles a têm cheia de maldição e amargura" (Romanos 3.13-14).

Sintomas da qualidade espiritual

"Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo" - Tiago 3.2.

No terceiro capítulo de sua carta Tiago aponta para três aspectos da comunicação oral usando seis figuras de linguagens:

1. poder de direção: o freio e o leme (versículos 3 e 4);
2. poder de destruição: o fogo e o animal (6 e 7);
3. poder para dar prazer: a fonte de água e a árvore (11 e 12).

No processo biológico, nas primeiras fases do desenvolvimento da vida o ser humano é apenas um embrião, ser vivo que ainda não é dono da própria coordenação motora, passa a ser um feto e começa  ganhar corpo e inexpressiva força e movimentos involuntários, cresce, torna-se um bebê e conhece a luz do dia. Espera-se que abandone o choro e se comunique com palavras compreensíveis, equilibre-se, ande pelas forças de suas pernas coordenadamente, e da fase infantil alcance o estado adulto, quando além de apresentar o desenvolvimento físico pleno também apresente progresso psíquico e conquiste sua independência financeira e se transforme em pai ou mãe, tornando-se uma pessoa responsável por outro início do processo biológico. Este é o ciclo natural da vida projetado por Deus: a passagem gradual de um estágio inferior a um estágio mais aperfeiçoado.

Note bem este trecho do versículo 5: "a língua é um pequeno membro e gloria-se de grandes coisas. Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia". Se a pessoa que se diz cristã realmente nasceu da água e do Espírito, ela amadurece na fé e é contumaz praticante do bem e não do mal, sua fala e atos geram a vida e não a morte. Provérbios 11.30 afirma que o justo é gerador de árvores da vida e não quem as mata em queimadas. É aceitável afirmar que a língua descontrolada é agente de morte, pois em muitas passagens bíblicas o ser humano é comparado com árvores (Salmo 1.3; Ezequiel 17.24; Mateus 7.15-17).

Com a finalidade de acentuar o alto risco que o mestre submete a si mesmo ao se propor a ensinar, visto que a sua principal ferramenta de trabalho são as palavras e que a parte do corpo em que há maior embaraço e descontrole é a língua, ele usa figurativamente o verbo "ptaiõ" (tropeçamos) para assinalar o fracasso espiritual do cristão, sugerindo pecados cometidos sem reflexão e pecados intencionais - não colocando ênfase na quantidade de pecados, mas na variedade deles.

Ao usar as figuras do cavalo e o cavaleiro, o navio e o timoneiro, Tiago mostra a capacidade que o homem tem, mesmo sendo menor e mais fraco, para escolher o destino da viagem. O espírito indócil do animal e a força dos ventos em alto-mar se sujeitam ao ser humano que faz uso correto do freio e do leme.  E ao usar as ilustrações da árvore frutífera e de fontes de água potável e insalubre, ele ensina que a característica natural do crente é apresentar o fruto do arrependimento, caracterizado por Paulo em nove virtudes do Espírito Santo, entre elas o poder de controlar-se (Lucas 3.8; Gálatas 5.19-23);

Todos nós temos as opções de andar no Espírito ou satisfazer os prazeres carnais. Aquele que é renascido em Cristo pode escolher usar a sabedoria do alto ou a sabedoria terrena, animal e diabólica. A característica própria da natureza do autêntico seguidor de Cristo é apresentar autocontrole ao falar, é ser uma fonte geradora de situação saudável, semeadora e cultivadora de tudo que leva a conservar ou restabelecer a limpeza ou pureza, ser produtora de vida.

O domínio para falar é dado por Deus. Tiago revela que a pessoa que domina sua língua é capaz de dominar o restante do corpo. Embora haja dificuldade para controlar o linguajar, não é impossível realizar o controle, pois apesar da tentação do pecado no falar ser grande, nenhuma tentação ocorre além das forças de quem é tentado, porque Deus é fiel e jamais permite que alguém seja tentado além do que possa suportar (Confira: 1 Corintios 10.13).

Por haver no ser humano a dificuldade em controlar a fala, Tiago afirma que quem é capaz de evitar expressar aquilo que é prejudicial, falso e calunioso, também é capaz de dominar seu corpo inteiro e pode ser considerado uma pessoa madura, adulta na fé.

A vontade do Senhor é que todo indivíduo nasça de novo através do processo espiritual, não viva em uma religiosidade que aceita o comportamento de menino inconstante, cresça até chegar à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, se desenvolva pela transformação do entendimento dos propósitos de Deus em sua vida até ser homem perfeito, à medida da estatura de Cristo. E isto significa ser uma pessoa sábia ao falar, usando a boca para bendizer ao Pai e abençoar os irmãos com falas sinceras e construtivas (Romanos 12.1-2; Efésios 4.12-14)

O sinal mais claro da presença de sabedoria divina em uma pessoa é ela ser alguém que usa a comunicação com o objetivo de ganhar almas para o Reino de Deus (Provérbios 11.30).

E.A.G.

Consultas:
Lições bíblicas - Mestre, Eliezer de Lira e Silva; 3º trimestre de 2014, páginas 57, Rio de Janeiro (CPAD).
Revista Exposição Bíblica - Liberdade, Fé e Prática - Gálatas e Tiago; Arival Dias Casimiro; páginas 50-54; 3ª edição em julho de 2013; Santa Bárbara d'0este/SP (Z 3 Editora Ltda). 
Tiago - Introdução e Comentário, Douglas. J. Moo, páginas 119, 123; 1ª edição 1990, reimpressão 2011, São Paulo (Edições Vida Nova.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

A fé se manifesta em obras

Por Eliseu Antonio Gomes

A doutrina bíblica da fé é uma das mais importantes e significativas para a vida do cristão.

A Bíblia fala que a fé é um presente de Deus, produzida por Deus no coração do ser humano por meio da pregação da Palavra (Tessalonicenses 2.13; Romanos 10.17).

A fé, as obras e a justificação

O termo fé ocorre 244 vezes no Novo Testamento. Pode ser vista com diversos significados: a fé comum aos que crêem (Marcos 16.17); fé como fruto do Espírito (Gálatas 5.22); fé como dom outorgado pelo Espírito (1 Coríntios 12.9 a); fé como meio de salvação (Romanos 5.1). O ponto de vista da fé apresentada por Tiago é a confiança em Deus. Sem essa confiança é impossível viver a vida cristã. O justo viverá pela fé, através dela recebe a salvação e é justificado por Deus (Tiago 2.19; Romanos 1.16 - 17;  Hebreus 11.6).

A justificação pela fé é a doutrina chave da salvação. Trata-se de um ato soberano em que Deus, justo Juiz, declara que o homem é pecador e torna-se inocente perante Ele por causa da obra realizada por Jesus Cristo na cruz. O pecador recebe a justificação exclusivamente pela fé. A fonte de justificação  é Deus e a sua graça; a base da nossa justificação é Cristo e sua cruz; o meio de se apropriar da justificação é a fé (Romanos 5.1).

O enfoque de Tiago não contradiz o ensino de Paulo (Romanos 3 e 4). A sua ênfase é que as obras não salvam, mas são evidências de que somos salvos, a espécie de fé que temos é a fé que demonstramos. Enquanto Paulo ensina que o crente não é justificado por suas ações (Romanos 4.5; 5.1; Gálatas 2.16). Tiago explica que as boas obras são o lado ativo da fé, o lado visível da justificação que é operada pela confiança plena que o verdadeiro crente possui  (1 Tessalonicenses 2.1-5; 2 Pedro 1.5-11; 1 João 5.12).

A fé de um verdadeiro crente justificado precisa ser revelada através da obediência. A fé que justifica é a mesma fé que produz obras coerentes com tudo o que o Evangelho orienta.

A fé sem obras é inútil

"Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado" - Tiago 4.17.

Está implícito nas Escrituras Sagradas que amar é agir fazendo o bem ao próximo, que a fé e as obras são inseparáveis. Quando a fé não está acompanhada de ação ela para nada serve, pois está morta.

As pessoas em nossa volta só poderão constatar que cremos realmente em Deus de todo o coração se em nosso relacionamento com elas revelarmos o amor do Criador por intermédio de nossos atos de amor.

As três características da fé morta

Tiago combateu a fé inoperante, este tipo de fé existe apenas no intelecto, trata-se de uma confissão vazia, improdutiva, imperceptível e demoníaca.

1. Fé improdutiva

Para ensinar sobre a necessidade de manifestar a fé com ações, Tiago cita duas figuras bíblicas muito diferentes uma da outra: Abraão, homem piedoso que deu origem ao povo de Israel, e Raabe, uma prostituta, que pertencia a um povo pagão e inimigo dos israelitas. Os dois tinham algo importante em comum: exercitaram a fé. A subordinação do patriarca Abraão em oferecer o sacrifício que o Senhor lhe pediu e a disposição de Raabe em ajudar os espias israelitas expressaram a confiança que eles tinham em Deus.

Usando ilustração simples e objetiva, Tiago ensina que a pessoa com a fé morta olha para o irmão necessitado, faz um discurso piedoso, mas não resolve seu problema (Tiago 2.15-17).

Sobre a fé morta, a declaração de João foi: "Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de Deus? Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade" - 1 João 3.17-18.

A fé morta não vem acompanhada de boas obras, é incapaz de agir para salvar o pecador. A fé salvadora é acompanhada de frutos. João Batista fala de frutos de arrependimentos, enquanto Paulo fala de sua operosidade (Mateus 3.8; Gálatas 5.16-23; Efésios 2.10; 1 Tessalonicenses 1.3).

Uma vez salvos em Cristo, o amor materializado por meio das boas obras, torna-se a identidade do cristão. Como cristãos temos a obrigação de suprir as necessidades do próximo, principalmente, dos irmãos. Ao ajudar o irmão carente, estamos fazendo para Cristo (Mateus 25.40; Gálatas 6.10).

A verdadeira fé opera através do amor, e a ajuda ao necessitado é uma expressão desse amor (Gálatas 5.6; 6.10).

Assim como Paulo, Tiago afirma que o crente será julgado (2 Corintios 5.10). O julgamento, naturalmente, será realizado por Cristo. Como Justo Juiz, contudo, Ele julgará usando liberalidade e generosidade para com os que são alvos de julgamento e manifestaram as boas obras de amor ao próximo. Ele explica os critérios deste juízo: "Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa do juízo" - Tiago 2.13.

2. Fé imperceptível

O conceito de boas obras na Bíblia está estritamente ligado à salvação. Boas obras são apenas aquelas que são compatíveis com a orientação bíblica, ou seja, que Deus ordena (Miqueias Miquéias 6.8; Colossenses 2.20-23). Nenhuma obra praticada pela natureza humana sem conversão é vista por Deus como boa obra, mesmo que sejam atos de bondade, pois não glorificam a Deus (2 Reis 10.30; Mateus 23.23; 1 Corintios 10.31).

As obras da natureza não regenerada, ou da carne, não têm nenhum valor diante de Deus, elas não glorificam ao Senhor porque são iniciativas que não representam a sua soberana vontade (1 Corintios 10.31; Isaías 64.6).

Tudo o que fazemos sem fé é pecado; jamais receberemos alguma recompensa de Deus se não agirmos pela fé (Romanos 14.23; Tiago 1.6 -7).

3. Fé demoníaca

O crente que não ama não produz boas obras, pois o mandamento ordena amar ao Senhor e ao próximo. Aquele que usa a fé amando cumpre a lei de Cristo (Mateus 5.43-44; 1 João 4.21; Romanos 13.8-10).

Tiago ensina que não basta ter o conhecimento da existência de Deus e crer que Ele existe. A fé alojada apenas no intelecto, se não for posta em prática, é morta. Quem tem apenas o conhecimento de Deus, sem fazer uso desse conhecimento em favor do próximo, está na mesma condição dos demônios.

"Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus" - Mateus 7.21.

"Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também os demônios o crêem, e estremecem" - Tiago 2.19.

Quando o diabo tentou a Jesus, deu prova de possuir conhecimento bíblico (Mateus 4.1-11).  Os demônios sabiam quem era Jesus e confessaram o nome de Cristo (Marcos 1.24; 3.11; 5.7; Lucas 4.34). Eles reconheceram a Jesus como o Juiz e criam na existência de um lugar de castigo (Marcos 5.1-13; Lucas 8.31). Apesar de tudo isso, eles não agem segundo a vontade de Deus, e, portanto, não possuem boas obras.

A fé sem boas obras é igual a fé que os demônios possuem. Observe que ela envolve o intelecto e as emoções, porém não produz a salvação de seus portadores porque no que se refere à parte volitiva que é vontade de agir segundo Deus quer, não existe decisão pela obediência ao Senhor.

As três características da fé viva

A fé age através de três elementos: intelecto, emoção e volição. Temos um exemplo disso em Atos 2.37:

1. Parte intelectual: "Ouvindo eles estas coisas"
2. Parte emocional: "compungiu-se lhes o coração" 
3. Parte volitiva: "e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos irmãos?"

Conclusão

O poder de produzir boas obras provém do Espírito Santo que habita no coração do cristão fiel. Ninguém jamais deve pensar que possui uma fé atuante por méritos próprios. Os evangelistas Marcos e João, o escritor de Hebreus e o apóstolo Paulo esclarecem que o Espírito Santo habita em nós, que alcançamos a graça de Deus e que somente através da intercessão sacerdotal de Cristo é que temos condição de manifestar boas obras ((João 15.4-6; Lucas 11.13; Hebreus 7.25; Romanos 1.17).

Tiago converge com estes ensinamentos e dirige seus ensinos contra os que na igreja professavam fé em Cristo e na expiação pelo seu sangue, crendo que isso por si só bastava para a salvação. Eles também achavam que não era essencial no relacionamento com Cristo obedecer-lhe como Senhor. Tiago afirma que semelhante fé é inútil e que não resultará em salvação e nem em qualquer outra coisa positiva.  Também, diz que não devemo pensar que mantemos uma fé viva exclusivamente por nossos esforços.

Artigo relacionado: Da zona do meretrício à genealogia de Jesus

E.A.G.

Compilações:
Bíblia de Estudo Palavras Chaves, página 1293, edição 2011, Rio de Janeiro (CPAD).
Lições bíblicas - Mestre, Eliezer de Lira e Silva; 3º trimestre de 2014, páginas 49-55, Rio de Janeiro (CPAD).
Lições Bíblicas - Mestre, Elinaldo Renovato de Lima; 1º trimestre de 1999, páginas 40, 43-44, Rio de Janeiro (CPAD). 
Revista Exposição Bíblica - Liberdade, Fé e Prática - Gálatas e Tiago; Arival Dias Casimiro; páginas 45-49; 3ª edição em julho de 2013; Santa Bárbara d'0este/SP (Z 3 Editora Ltda). 

terça-feira, 5 de agosto de 2014

A verdadeira fé não faz acepção de pessoas

Por Eliseu Antonio Gomes

O primeiro conselho de Tiago aos irmãos evangélicos é sobre a necessidade de não haver na igreja uma fé que cometa acepção de pessoas. Provavelmente, ele tenha convivido com irmãos que prestavam consideração exagerada às riquezas e aos luxos desse mundo, tenha conhecido crentes que prestigiavam os ricos e desonravam os pobres.

Deus trata todas as pessoas de maneira igual

João viu "uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos e povos, e línguas, que estavam diante do trono e perante o Cordeiro..." - Apocalipse 7.9.

Por influência de características genéticas e climáticas e de outras ordens, os seres humanos foram se reunindo em cantos distintos da Terra, mas toda a Humanidade tem origem comum em Adão. Portanto, não tem o mínimo sentido dizer que os negros, os africanos, foram pessoas escolhidas para serem rejeitadas por Deus. Para o Criador,  não há privilégios, favoritismo ou discriminação de raças; o Senhor contempla a todos de maneira igual, independente do grupo biológico, características genéticas e posição socioeconômica (Gênesis 1.27; Isaías 45.12; Atos 17.26).

O que é acepção de pessoas?

Acepção é a tradução de uma palavra grega que, literalmente, significa "receber o rosto". No Novo Testamento, ela é usada primeiramente como uma tradução literal da palavra hebraica do Antigo Testamento correspondente a acepção.

"Receber o rosto" é fazer julgamentos e estabelecer diferenças baseadas em considerações externas, tais como aparência física, status social ou raça; é agir com parcialidade, tomar partido, formar facção, fazer escolhas e rejeições; é a tendência de preferência em favor de pessoa ou pessoas em detrimento de outra ou outras, atribuição de títulos ou privilégios. Tiago utiliza o termo com o significado de preferência de pessoa ou grupo, predileção por alguém em atenção à classe social.

O favoritismo baseado em aspecto externo é incompatível com a fé em Jesus, que veio derrubar as barreiras de nacionalidade, raça, classe e religião. No exercício da fé verdadeira "não pode haver grego, nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em todos" (Gálatas 3.11).

Você já viveu uma situação de ver uma pessoa pela primeira vez e sentir aversão dela? Esta sensação é o estado primário da acepção, mesclado com o preconceito. É preciso aplicar em nosso viver diário os ensinamentos do próprio Deus, que a despeito de Sua glória e majestade, trata a todos de igual modo, não discriminando raça, nacionalidade, cultura, condição social, sexo. Ele não olha a aparência exterior, mas o coração.

A doutrina calvinista

O teólogo João Calvino ensinava que segundo o decreto de Deus algumas pessoas estão predestinadas a vida eterna e outras a condenação eterna. Esta declaração é contrária ao caráter de Deus, que "amou o mundo inteiro" e interessa-se por todos que aceitam a Palavra, com obediência, em qualquer lugar do mundo, de todas as etnias e classes sociais (João 3.16).

Deus quer que as pessoas de todas as nações se arrependam de seus pecados e sejam salvas (2 Pedro 3.9).

O procedimento ideal do cristão

As exortações da Carta de Tiago abordam a questão da perseverança na provação, a importância de uma fé inabalável, os problemas de riqueza e pobreza (1.2-18); a necessidade de se colocar em prática a Palavra de Deus (1.19 - 2.26); o problema das brigas entre irmãos e o antídoto às crises de relacionamento (3.1-4, 12); as atitudes e características que devem estar presentes no perfil do cristão (4.13 - 5.11); juramentos, oração, o estímulo a que se conduza os pecadores ao arrependimento (5.12-20).

Isto tudo posto, é marcante que as diversas preocupações de Tiago revelam a unidade do seu raciocínio do início ao fim de sua redação. O apóstolo revela a necessidade de cada cristão ser praticante da Palavra de Deus, pois a religião pura se consiste dessa prática, que por sua vez só é possível quando o crente vive em ações de amor a Deus e ao próximo. Amor a Deus manifestado pela obediência; amor ao próximo manifestado através do fato de não discriminá-lo e ao socorrer os pobres e as viúvas em suas necessidades.

Em Tiago 2.3, é apresentada uma situação que exemplifica o ato de acepção. O apóstolo retrata uma cena deplorável. A ilustração mostra duas pessoas de aparências externas bem diferentes entrando num local de reunião como visitantes. Uma delas apresenta todos os sinais de riqueza: veste-se em trajes de luxo resplandescentes e usa anéis de ouro, tais como os usados por membros da classe alta dos cavaleiros romanos. O outro é um homem pobre e veste-se com roupas sujas. O homem rico recebe uma atenção especial e é conduzido com gentilezas ao seu assento. Por outro lado, ao homem pobre é dito: "Você, fique de pé ali', ou: 'Sente-se no chão, junto ao estrado onde ponho os meus pés" (Tiago 2.3 - NVI).

É pecado fazer acepção, principalmente contra as pessoas menos favorecidas economicamente, pois Deus as escolheu para Si (Tiago 2.5). É preciso vigiar, caso não haja vigilância, é possível haver favoritismo social onde as pessoas dizem ser geradas pela Palavra da Verdade. A principal razão para rejeitar a acepção de pessoas é que o Evangelho é a mensagem que dá respeito e dignidade ao ser humano. O favoritismo, a parcialidade e quaisquer tipos de discriminação devem ser combatidas rigorosamente na igreja local, porque é atitude altamente reprovável diante de Deus.

Atitudes de parcialidade, ou acepção, demonstram que quem assim age não é pessoa espiritualmente sábia, pois a sétima característica da sabedoria do alto é a imparcialidade, ou seja, não executar preferência injusta (Tiago 3.17).

Sobre acepção no Antigo e Novo Testamento

Existem diversas referências no Antigo e Novo Testamento que evidenciam a recomendação de que é preciso saber respeitar as diferenças individuais, e Tiago faz uso de algumas delas.

A passagem bíblica de Deuteronômio 10.17 reflete muitos assuntos abordados por Tiago (1.21 - 2.2.6). O texto veterotestamentário narra o momento quando Moisés, o grande líder de Israel, se despediu do povo, exortou-o a amar a Deus e servi-lo, dizendo: "Pois o Senhor vosso Deus, é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande e terrível, que não faz acepção de pessoas".

Tiago também se reporta a Levíticos 19.15 (ARA), que tem escrito "Não farás injustiça no juízo; nem favorecendo o pobre, nem comprazendo ao grande; com justiça julgarás o teu próximo", uma vez que no capítulo 2 e versículo 18 de sua carta encontramos a citação expressa de Deuteronômio 18.18.

Assim como tratou Tiago, Pedro também abordou a questão da acepção de pessoas: ao chegar à casa de Cornélio. Muitos dos companheiros judeus de Pedro acreditavam que Deus os amava mais do que os gentios, mas Pedro compreendeu que Deus não se relacionava com os israelitas usando favoritismo. Então iniciou a pregação dizendo: "Reconheço, por vontade, que Deus não faz acepção de pessoas; mas que lhe é agradável aquele que, em qualquer nação, o teme e faz o que é justo" (Atos 10.34, 35).

Conclusão

Tiago refere-se ao Evangelho como a Lei da Liberdade.

No coração do cristão deve haver respeito às pessoas de maneira igual, o crente não deve favorecer algumas pessoas mais do que outras. Se age assim, desobedece a Lei da Liberdade, a Lei de Cristo. O apóstolo repele, duramente, o comportamento de quem privilegia as pessoas por sua riqueza, afirmando que tal ação se caracteriza em se fazer de "juízes de maus pensamentos", e afirma que tal procedimento a seu tempo será julgado. (Tiago 2.1-4, 12 , 8-9).

Na Igreja do Senhor não deve haver acepção de pessoas, pois todos custaram o mesmo preço do sangue de Jesus e todos somos um nEle. No Corpo de Cristo, constituído por almas remidas,  flui a vida divina, em cujo processo natural é a relação interpessoal de amor e confiança entre todos os membros, que afetam uns aos outros gerando a edificação mútua (Efésios 4.13-16).

O cristão brasileiro, de pele parda, com miscigenação do índio, do europeu, do africano e asiático, tem a mesma importância para Deus que o cristão israelense ou palestino, chinês ou japonês, russo ou norte-americano, inglês ou argentino. Enfim, em Cristo, todos, de qualquer raça, aparência ou cultura, pobres ou ricos, quando aceitam a Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas, são uma só pessoa para Deus (Gálatas 3.28).

E.A.G.

Compilação 
Lições bíblicas - Mestre, Eliezer de Lira e Silva; 3º trimestre de 2014, páginas 41-47, Rio de Janeiro (CPAD).
Lições Bíblicas - Mestre, Elinaldo Renovato de Lima; 1º trimestre de 1999, páginas 32-36, Rio de Janeiro (CPAD). 
Tiago - Introdução e Comentário, Douglas. J. Moo, páginas 62 e 63; 1ª edição 1990, reimpressão 2011, São Paulo (Edições Vida Nova).

segunda-feira, 28 de julho de 2014

O cuidado ao falar e a religião pura

Por Eliseu Antonio Gomes

Ouvir é uma arte essencial

Há na atualidade pouca disposição em se ouvir, estudar e entender, compreender para expor um assunto. Mesmo sem maturidade intelectual, muitos querem sair por aí questionando e opinando sobre tudo e todos os temas antes de preparar-se para abordá-lo.

Ao ouvir alguém, quer através da comunicação verbal, escrita ou oral, quer através da comunicação não verbal, admitimos a possibilidade de aprender para conhecer. É esperado de quem se propõe a falar sobre qualquer assunto que tenha o mínimo de conhecimento necessário a respeito do tema que falará.

A fala do cristão

"Põe, ó Senhor, uma guarda à minha boca; guarda a porta dos meus lábios" - Salmo 141.3.

Tiago nos aconselha a manter a língua sob irrestrita vigilância. Afirma que "todos tropeçamos em muitas coisas", incluindo-se ele próprio entre os crentes que falham e acrescentando que "se alguém não tropeça em palavra" tal pessoa é perfeita e capaz de refrear todo o corpo.

É muito difícil dominar a linguagem, entretanto, é extremamente necessário combater o tropeço ao falar. A palavra dita sem pensar, fora do tempo, e sem conhecimento dos fatos pode provocar grandes tragédias. Às vezes dizemos algo que não gostaríamos que saísse de nossos lábios, quando percebemos o ato falho já aconteceu e o que foi dito causa sérios problemas a quem diz e a quem ouve. 

O modo de exprimir ideias e sentimentos ou a maneira de dizer revela o coração de uma pessoa. A língua controlada significa um coração e um corpo controlados. O tom de voz e o estilo de expressão apresentam o que vem do pensamento e da intenção, mostra o que está no interior da pessoa; por isso, devemos vigiar, santificando o linguajar e a alma, para não tropeçar no uso do vocabulário e ações.

Jesus Cristo advertiu: "Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; porque o que passa disso é de procedência maligna" - Mateus 5.37.

A calúnia, a difamação e a injúria constituem crimes cometidos com a língua, pecados que destroem valores humanos. O boato, a murmuração, o palavreado torpe agradam ao diabo e entristecem ao Espírito Santo. Se quisermos atingir o perfil do homem perfeito, teremos que controlar nosso ímpeto e evitarmos tropeçar na comunicação.

O cristão alcança o domínio no diálogo através da constância à leitura e prática do ensino da Palavra de Deus, vigiando e disciplinando a conversa. Ao entregar o nosso eu ao controle do Espírito Santo, Ele pode refrear nossos impulsos, inclusive a compulsão no pronunciar-se desordenadamente.

Através da fala, tanto podemos bendizer como amaldiçoar. É importantíssimo evitar a dubiedade da língua, calar quanto ao ato de disseminar maldição e falar apenas com a intenção de proclamar a bênção.

Na mesma linha de raciocínio de Tiago, 1.19, que ensina ser mais importante ouvir do que falar, o apóstolo Paulo escreveu que a fé surge no coração humano através da disposição de ouvir a Palavra de Deus. Jesus Cristo é o Verbo Divino de Deus, a quem devemos estar sempre atentos (João 1.1; Hebreus 1.1).

Quem ouve o que o Senhor nos diz alimenta a própria alma e ao abrir a sua boca para dirigir-se a alguém, falará reproduzindo a inteireza da Escritura, que "é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra" (2 Timóteo 3.16-17).

Que Deus nos ajude a disciplinarmos nossa linguagem para que sirva de instrumento à exaltação do Senhor e à edificação espiritual do nosso próximo.

A religião pura

O que é religião? Geralmente a religião se caracteriza pela crença na existência de um poder ou princípio superior, sobrenatural, do qual depende o destino do ser humano e ao qual se deve respeito e obediência. A religião verdadeira é composta de autênticos discípulos de Cristo, não se consiste em ritual e regra humana, mas em vida de amor a Deus e ao próximo, portanto, ninguém deve pensar que agrada a Deus apenas pelo costume de frequentar um templo.

Na prática da religião pura, o crente possui autocontrole tanto no falar quanto em suas emoções. É pronto para ouvir e não se apressa para dizer algo e irar-se. Em tempo: a Bíblia Sagrada não proíbe o sentimento de indignação, apenas estabelece limites para a conduta cristã em momentos de raiva (Isaías 58.1, 7; Lucas 1945; Efésios 4.26; Provérbios 17.27).

Tiago compara a verdadeira e a falsa espiritualidade, a primeira chamada por ele de religião pura (1.7), que procede do coração voltado para Deus, é compreensiva e manifesta-se em atos positivos. No capítulo 2, ele trata da questão do crente não combinar a profissão de fé com a evidência clara de transformação de vida. E em 4.1-5, 7 enfatiza que a verdadeira espiritualidade é desinteressada, generosa, imparcial e paciente.

Em vista disso, o crente não deve pensar apenas em si mesmo, mas demonstrar o que significa amar tanto de teoria quanto de fato. Não basta dizer que temos fé, o verdadeiro teste da fé não são as nossas afirmações religiosas, mas as nossas ações em compatibilidade com o ensino de Cristo. A religião e a fé verdadeira são demonstradas por obras e atitudes que espelham o autêntico Evangelho.

O praticante da religião pura

"Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque se contempla a si mesmo, e vai-se, e logo se esquece de como era" -Tiago 1.23-24.

No capítulo 1, versos 2 ao 18, Tiago aborda a necessidade de o crente pedir a sabedoria do alto. E nos versos 19 ao 27 ele expõe uma análise minuciosa sobre como o cristão deve usar esta sabedoria dentro e fora da comunidade cristã. Ensina que o crente precisa apresentar coerência, pois não é o discurso que mostra quem somos, mas a nossa ação.

O apóstolo usa a ilustração de uma pessoa diante do espelho para descrever o cristão que vive a religião pura. Tal pessoa ora tal qual o salmista, que pedia a Deus ajuda para contar os seus dias até alcançar um coração sábio (Salmos 90.12).

Contemplar-se diante do espelho é a mesma orientação apresentada por Cristo na parábola da trave e o argueiro: antes de observar a falha do outro é preciso observar-se atentamente e  corrigir os próprios erros. Também, é a mesma orientação de Paulo aos crentes à  mesa de Santa Ceia (Mateus 7.5; 1 Coríntios 11.28).

Conclusão

Quem dentre os religiosos é um discípulo de Cristo?

O praticante da religião pura é um autêntico discípulo de Cristo. Ele está pronto para ouvir e usa prudência ao falar; fala na hora certa, do modo certo; não vive uma vida de discursos vazios. Suas palavras são providas de uma consciência oriunda do Evangelho, através de sua conduta as pessoas em sua volta sabem o tipo de fé e sabedoria que ele tem.

Os discípulos de Jesus são pessoas que adotam o sacrifício da santificação pessoal diuturnamente, que é: refrear a língua; o exercício da misericórdia; manter-se puro. Sabem que é por meio da vida consagrada que irão influenciar positivamente o mundo, sabem que cada cristão é responsável por sua santificação e que cada um prestará conta de si mesmo a Deus.

Assim, em tudo que fazem aparece o respeito, a ternura e o amor. Professam e adotam as propostas do Evangelho, como também aplicam sua compreensão crescente da vida do Reino de Deus a todos os aspectos da sua vida na terra. Guardam-se a si mesmos de serem contaminados pelo sistema de valores da sociedade sem Deus; e empenham-se na busca de sua santificação e na pureza da sua vida (Romanos 14.12; 2 Pedro 3.14).

Os discípulos de Jesus são pessoas que adoram ao Pai e servem aos irmãos desinteressadamente.

E.A.G.

Compilações:
Ensinador Cristão, ano 15, nº 59, página 38, julho-setembro de 2014, Rio de Janeiro (CPAD). 
Lições bíblicas - Mestre, Eliezer de Lira e Silva; 3º trimestre de 2014, páginas 33-39, Rio de Janeiro (CPAD).
Lições Bíblicas - Mestre, Elinaldo Renovato de Lima; 1º trimestre de 1999, páginas 45-51, Rio de Janeiro (CPAD).
Revista Exposição Bíblica - Liberdade, Fé e Prática - Gálatas e Tiago; Arival Dias Casimiro; páginas 34; 3ª edição em julho de 2013; Santa Bárbara d'0este/SP (Z 3 Editora Ltda). 


Artigo atualizado: 02/08/14 - 5h01.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Gerados pela palavra da verdade

Por Eliseu Antonio Gomes

Deus é sempre bom

A sabedoria de Deus é pura, boa, humilde, repleta de benignidade e bom senso. A carta de Tiago nos mostra que Ele em sua sabedoria age fazendo apenas o bem, jamais houve ou haverá nEle a variação entre benignidade e malignidade e entre luz e trevas.

Sejamos sempre bons, tratando o próximo como Jesus o trataria.

Os pobres e os ricos da igreja

Tiago usa enfoque escatológico para apresentar lições sobre ética cristã. A perspectiva de libertação ou julgamento na futura volta do Senhor é um fator motivacional que tem como objetivo nos incentivar a viver uma vida santa e agradável ao Senhor. Ele lembra que os cristãos são "herdeiros do reino" e "como que as primícias de suas criaturas", recorda que existe uma recompensa àqueles que se mostrarem fiéis e frutíferos, e faz admoestação dizendo que "o Juiz está às portas" para pedir prestações de contas aos que não vivem ordenadamente (1.10-11, 18; 2.5, 12-13; 3.1; 5.1-6, 9).

Os cristãos que não ocupam posições elevadas na sociedade, embora às vezes sejam desprezadas até dentro das igrejas por serem pobres, não devem ficar tristes, porque são grandes aos olhos do Senhor e jamais serão desprezadas e maltratadas por Deus (Marcos 4.18-19).

Os acumuladores

Tiago afirma que a acumulação de ouro e prata enferrujam e que a tal ferrugem servirá de testemunho contra acumuladores e a devorará como fogo. Diz que o dinheiro atrai desgraça ao que o adora, pois quem trata o dinheiro como "deus" é incapaz de ser justo, não o usa para ajudar o próximo, antes usa o próximo para enriquecer-se ainda mais.

Quem enriquece tendo como meio de enriquecimento a injustiça contra seus irmãos, um dia receberá a cobrança do Senhor dos Exércitos por não ter aliviado o sofrimento de seus filhos (Confira: Tiago 5.3-4).

O apóstolo não condena o rico apenas porque ele é rico, em 1.10-11, esclarece que a pessoa abastada também é considerada um irmão. Ele descreve os pecados que tornam alguns ricos censuráveis: uma maneira egoísta de acumular dinheiro (5.2-3); fraude contra o trabalhador (5.4); luxo sem sentido (5.5); perseguição ao justo (5.6).

Pobreza e riqueza são temas que aparecem em diversas passagens bíblicas. Deus tem um interesse todo especial pelas pessoas humildes de coração, sejam elas pobres ou ricas. Ele põe os pobres, se humildes, em lugares de honra e manda os ricos para longe de sua presença de mãos vazias, se estes forem avarentos e orgulhos (1 Samuel 2.1-8; Salmo 35.10; Provérbios 22.22-23; Amós 8.4-6; Lucas 1.51-53; 6.20, 24; 1 Timóteo 6.17-19).

Posições sociais e o acúmulo de dinheiro não tornam as pessoas mais dignas diante de Deus, então, jamais devemos atribuir a essas coisas importância exagerada e nem honrar as pessoas apenas porque elas os têm.

Os crente maduros

Tiago usa o termo grego "teleios" ao referir-se a "perfeito" -  o dom perfeito. Tal palavra significa completo, maduro, pleno. Quando o crente recebe este dom, amadurece por intermédio dele, aperfeiçoa-se como cristão, torna-se pronto para toda boa obra. Então, que cada um de nós, aperfeiçoados pela dádiva divina, incorporemos ao procedimento diário verdades bíblicas que proporcionem maior equilíbrio e a completa maturidade espiritual. E maduros na fé, tenhamos a oportunidade de acrescentar coisas positivas à vida de outras pessoas, fazendo a diferença necessária ao nosso círculo de influência e para toda a nossa geração.


O Pai das luzes

A descrição de Deus como o Pai das Luzes é única nas Escrituras, restrita à passagem de Tiago 5.17. Com certeza, Tiago fazia referência à Lua, ao Sol e outras estrelas ao usar o vocábulo "luz". Tal abordagem alude à obra criadora e o contínuo exercício de poder de Deus sobre os corpos celestes para nos fazer entender a benevolência do Criador ao gerar o ser humano. (Jó 38-4-15, 28; 19-21; 31-33; Salmos 136.4-9; Isaías 40.22, 26;  38.38).

No mesmo verso bíblico as palavras "sombras" e "variações" são usadas com sentido astronômico, embora não sejam termos técnicos apontam claramente às constantes mudanças observadas na criação. Indicam movimentos cíclicos de rotações de planetas e satélites naturais, fenômenos de eclipses solares e lunares, alternância entre dia e noite, entre a clareza e a escuridão.

Deus, em sua imutabilidade contrastante com a mutação de toda a natureza criada, nos gerou a partir de sua determinação espontânea e gratuita pela palavra da verdade. E nos colocou como as "primícias de suas criaturas" - "criatura" no texto, em grego, é "ktismata", faz referência à criação não-humana.

É importante lembrar que a palavra grega, vertida ao português como "gerou" (apokyeo) significa "dar à luz", ou produzir uma nova vida (Efésios 2.10; 2 Corintios 5.17; Gálatas 6.15). Também, que a afirmação sobre o cristão ser como "a primícia de toda a criação" encontra paralelo em Romanos 8.19-23, e alude à vida espiritual.

O novo nascimento só é possível através da palavra da verdade, e ocorre por intermédio da soberania do Espírito, sendo o homem totalmente passivo nesta questão (Ezequiel 11.19; João 1.11; Filipenses 2.13). O cristão renasce através da palavra do Evangelho, cresce espiritualmente, e amadurece na fé através da aplicação da Palavra de Deus em seu viver. A disponibilidade deste desenvolvimento, cuja capacidade vem da boa dádiva e dom perfeito de Deus, visa à qualidade de uma vida em santidade, para dessa maneira glorificar ao Criador (2 Corintios 6.7; 2 Timóteo 2.5; 1 Tessalonicenses 2.13; Apocalipse 14.4).

Conclusão

As riquezas jamais deveriam dirigir os objetivos e ser a razão de viver do ser humano, pois é um estado transitório. Os recursos financeiros podem ser facilmente perdidos, e sendo assim os crentes ricos e pobres devem se sentir felizes por saber que a fartura e a falta de dinheiro não significam nada para Deus. O que importa para Deus é o que a pessoa tem em seu coração e não o seu status social e saldo da conta bancária.

Que a bondade do Pai Celestial inunde a vida de cada cristão, para que, assim como Ele amou o mundo inteiro, também decida fazer o bem ao próximo. Que nós entendamos e abramos o coração ao agir de Deus e alcancemos plena maturidade espiritual.

E.A.G.

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, páginas 1752, 1753, edição 2004, Rio de Janeiro (CPAD).
Bíblia de Estudo de Avivamento e Renovação Espiritual, página 1244, edição 2009, Barueri, (Sociedade Bíblica do Brasil).
Lições bíblicas - Mestre, Eliezer de Lira e Silva; 3º trimestre de 2014, páginas 27, Rio de Janeiro (CPAD).
Revista Exposição Bíblica - Liberdade, Fé e Prática - Gálatas e Tiago; Arival Dias Casimiro; páginas 34; 3ª edição em julho de 2013; Santa Bárbara d'0este/SP (Z 3 Editora Ltda). 
Tiago - Introdução e Comentário, Douglas. J. Moo, páginas 44, 75, 76; 1ª edição 1990, reimpressão 2011, São Paulo (Edições Vida Nova)..

segunda-feira, 14 de julho de 2014

A importância da sabedoria humilde

Tiago distingue dois tipos de sabedoria. Aborda o assunto em duas passagens: 1.5 e 3.13-18. Na primeira, estimula seus leitores a pedirem sabedoria a Deus, se tiverem falta dela. E na segunda, censura algumas pessoas ciumentas e causadoras de divisões na igreja, que, reividicavam ser sábias, comparando o tipo de sabedoria que possuem - terrena, animal e diabólica - com a sabedoria que desce lá do alto.

A aplicação que o apóstolo faz do termo está de acordo  com a ênfase do Antigo Testamento, onde se diz que a sabedoria é uma dádiva divina altamente valorizada (Provérbios 2.6) pelo fato de que ajuda aquele que a possui a compreender a vontade do Senhor e a obedecer a esta vontade.

Há uma ligação entre o Espírito e a sabedoria feita pelo profeta Isaías (11.2) e destaca-se que a descrição das virtudes produzidas pela sabedoria, segundo Tiago (3.17), corresponde de perto à descrição que Paulo fez do fruto do Espírito (Gálatas 5.22-23).

Descrevendo a sabedoria que vem de Deus

A sabedoria genuína pode ser medida pelo caráter de uma pessoa, da mesma maneira que é possível saber que tipo que uma árvore é pela produção de seus frutos.

A verdadeira sabedoria tem origem em Deus e se centraliza em Cristo (Colossenses 2.3; 1 Corintios 1.30). Ela é humilde, é caracterizada por boas obras e produz virtudes que garantem relacionamentos harmoniosos entre os irmãos. Dá capacidade de pensar da maneira mais apropriada, nos faz pessoas melhores quanto ao trato com o próximo. Assinala até onde podemos ir; quanto e como falar. É geradora de amor, cortesia e brandura, sempre manifesta respeito e modéstia e se compraz em fazer o bem.

Não é fator estimulante que leva o crente à arrogância e soberba.

A sabedoria terrena

A falta da sabedoria do alto conduz à desordem, logo a pessoa tola segue à cobiça e à competitividade destrutiva, conforme às pressões da sociedade.

A sabedoria que não vem do alto é a sabedoria do homem sem Deus, que Paulo descreve como "sabedoria deste mundo" (1 Coríntios 1.20, 21). Tiago esclarece que a sabedoria mundana é diferente da sabedoria do alto, é terrena, animal e demoníaca. É terrena porque está em contraste com o que Deus cria a partir do céu e se opõe ao que é sagrado e divino; é animal porque tem origem no homem natural, que não possui condições de entender as coisas de Deus; e, demoníaca, porque é pertinente aos demônios, age de modo contrário aos planos de Deus.

A sabedoria terrena resulta em problemas; inveja, sentimento faccioso (Tiago 3.17), e nos remete aos três inimigos do cristão: o mundo, a carne e o diabo (Efésios 2.1-3).

A necessidade de buscar e ter a sabedoria

Não é o bastante ensinar, é preciso falar e ter o que dizer. Quem pretende ensinar deve ter bom conteúdo e sabedoria para se expressar. Tiago aborda essa questão. Todos os crentes necessitam da sabedoria do alto, pois ela o capacidade a atender ao mandamento de fazer discípulos e o sustenta em todas as situações da vida (Mateus 28.19; Provérbios 4.7).

Caso haja em si falta de sabedoria em alguma área, peça-a a Deus. Ele é bom e liberalmente dá sabedoria a quem lhe pede, para que seja posta em prática como uma ação concreta através da humildade.

A sabedoria do alto nos é transmitida  pelo Espírito Santo (Efésios 1.17; 1 Corintios 2.1-5), através da Palavra (2 Timóteo 3.15) e pela oração (Tiago 1.5).

Conclusão

A vida obedece à Lei da Semeadura, colhemos o que plantamos. O delineamento daquele que não porta a sabedoria do alto é de alguém que comete muitos pecados, principalmente o pecado que Deus mais abomina, a semeadura de contenda entre irmãos. O perfil do crente portador de sabedoria é retratado em pessoas que realizam a colheita de justiça, que é semeada em paz, pois toda pessoa sábia promove a paz (Provérbios 6.16-19; Tiago 3.18).

Tiago orienta seus leitores a abandonarem seus maus desejos e incentiva-os a viverem de modo sábio. A sabedoria de Deus produz bênção, pois o Senhor ama os pacificadores (Mateus 5.9). Busque-a e use-a sempre.

E.A.G.

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, página 1757, edição 2004, Rio de Janeiro (CPAD).
Revista Exposição Bíblica - Liberdade, Fé e Prática - Gálatas e Tiago; Arival Dias Casimiro; páginas 53-54; 3ª edição em julho de 2013; Santa Bárbara d'0este/SP (Z 3 Editora Ltda). 
Tiago - Introdução e Comentário, Douglas. J. Moo, páginas 52 e 53, 1ª edição 1990, reimpressão 2011, São Paulo (Edições Vida Nova).