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segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Uma salvação grandiosa

Por Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

O encorajamento do escritor da Carta aos Hebreus, no capítulo 2, versículos 1 ao 18, refere-se à grandiosidade da salvação proporcionada por Jesus, que é resultante da graça divina. A única maneira de cada um de nós nos manter no rumo certo é viver em Cristo, reconhecer que Ele pagou um alto preço para nos livrar da condenação eterna, quando voluntariamente passou pelo sacrifício vicário da cruz.

I - UMA SALVAÇÃO GRANDIOSA

1. Testemunhada pelo Senhor.

Hebreus, 2.1-4, relaciona uma mensagem estimulante com um aconselhamento enfático. com a finalidade de deslocar seus leitores a uma nova confiança, a uma esperança e fé resoluta em Cristo. Tal explanação bíblica do autor é originária de sua cuidado amoroso por seus leitores em face a situação perigosa que atravessavam.

Para redimir a humanidade pecadora, Cristo assumiu a forma humana a fim de se identificar conosco e nos oferecer a salvação. Ele morreu por nós, mas ao terceiro dia ressuscitou coroado de glória e honra.

A Antiga Aliança foi intermediada por anjos, a Nova Aliança tem Jesus, o Filho de Deus, como Mediador, pois foi Cristo, e não os anjos, quem nos ergueu a uma condição elevada, a de filhos e filhas de Deus e manifestou essa tão grande salvação:
• Nenhum dos anjos tinha capacidade de trazer a nova relação entre irmãos (Hebreus 2.2-13).
• Nenhum dos anjos foi capaz de livrar o homem do medo da morte (Hebreus 2.14-16);
• Nenhum dos anjos tinha competência para realizar a obra da remissão pelos pecados (Hebreus 2.17-18).
Por serem mediadores da Lei, os anjos originavam enorme  apreciação e respeito dos judeus por eles. Se uma Aliança estabelecida na Lei, mediada por anjos, inferior e provisória, exigia obediência por parte dos crentes, quanto mais a Nova Aliança que é perfeita e perpétua.

Sobre a supremacia de Cristo, não há nada melhor e maior que Jesus, seu sacrifício foi único, perfeito e estabeleceu uma Nova Aliança entre Deus e os homens.
• Hebreus 1.2: revelada por meio da sua filiação. Sendo Jesus o Filho de Deus, possui natureza divina e eterna.
• Filipenses 2.6-9: a superioridade de Cristo veio por adoção; o nome de Jesus está acima de todos os nomes.
• Colossenses 2.15: através do triunfo na cruz do calvário Jesus foi glorificado ao destronar em definitivo as hostes do mal.
2. Proclamada pelos que a ouviram.

Em Hebreus 2,3 está claro que o autor não presenciou os atos de Jesus Cristo, porém recebeu a informação através "dos que a ouviram". O termo grego "bebaioô" (confirmada) passa a nós o sentido de segurança e confiança. Assim, entendemos que o que o Senhor anunciou e que depois foi apregoado por testemunhas oculares, serve de fundamento à fé cristã.

3. Confirmada pelo Espírito Santo.

A Igreja Primitiva, composta de crentes tanto da primeira como da segunda geração, estava habituada com a operação dos dons do Espírito Santo. Para o autor da Carta aos Hebreus, a salvação não aconteceu somente no âmbito teórico e abstrato. mas também no plano concreto e prático, por meio da difusão dos dons do Espírito.

A doutrina, que primeiramente foi divulgada pelo Senhor e testemunhada pelos que a ouviram, foi operacionalizada pelo Espírito Santo, através dos discípulos. A distribuição de dons que o Espírito faz executa cada milagre e sinal realizados na história do povo de Deus, tanto na geração da Igreja Primitiva quanto entre os cristãos que vivem nos dias atuais.

Uma das coisas que todo cristão pode fazer, depois da decisão de seguir a Cristo, é descobrir sua vocação cristã e os dons que o Espírito lhe  deu. Não deixe de ser ativo como membro da Igreja do Senhor.

II - UMA SALVAÇÃO NECESSÁRIA

1. Por intermédio da humanização do Redentor.

Cristo realmente se tornou humano. 2 Pedro 1.4 enfatiza isso com toda a clareza possível, afirma que o Filho de Deus não permaneceu na glória eterna, mas de maneira inexplicável ajuntou-se complemente com a nossa natureza humana. Como o ser humano perfeito, Jesus se tornou o verdadeiro representante da humanidade e o cumprimento absoluto do Salmo 8. Identificou-se plenamente com a condição dos homens, incluindo o sofrimento, com a finalidade de abrir o caminho para a salvação e agir de maneira eficaz como o Sumo Sacerdote de seu povo na presença de Deus (Hebreus 4.15-16; 5.6).

O Evangelho de Cristo tem como foco central transformar a natureza do ser humano. No idioma grego, o termo "salvação" é "sõteria". Denota "libertação, preservação, salvação". Não alcança apenas a esfera espiritual futura, é capaz de produzir satisfação pessoal ao cristão, na esfera física, no aqui e no agora. O significado tem a ver com o resgate do espírito, da alma e do corpo. Envolve a libertação do pecado, libertação das doenças e da miserabilidade. Tem a ver com o bem-estar na vida no porvir e no viver o presente momento. É usado no Novo Testamento para se referir ao livramento material, temporal de perigo e apreensão e também ao ao livramento espiritual e eterno concedido imediatamente por Deus aos que aceitam a condições estabelecidas por Deus referentes ao arrependimento e fé no Senhor Jesus. Ver: Lucas 1.69, 71; Atos 4.12;  7.25; 27.34; Romanos 1.16; e Efésios 1.13.

2. Por meio do sofrimento do Redentor.

Os sofrimentos do Redentor o qualificaram para ser o Autor da salvação do ser humano. Sofrer pelos pecadores era detalhe necessário de sua missão redentora (Hebreus 2.7, 10).

No capítulo 1 da Carta aos Hebreus, o escritor mostra ênfase à questão da divindade da natureza do Filho; porém, coloca enfoque em sua humanidade e na humilhação. O Filho, que já foi apresentado como superior aos anjos, teve de ser feito "um pouco menor do que os anjos".

Cristo é superior aos anjos e a todas as coisas, a salvação que Ele dá é o maior bem que o ser humano pode receber, por este motivo não desprezemos tal favor. Os anjos, têm a missão de servir aos homens, que hão de herdar a salvação, como espíritos ministradores; Jesus Cristo é o Príncipe da salvação da humanidade, é o Salvador de todos que se chegam a Deus através dEle (Hebreus 1.4; 2.10; 7.25).

3. Por intermédio da glorificação do Redentor.

Convinha que Cristo fosse humilhado, sofresse e morresse, apesar de jamais ter pecado (Hebreus 4.15). Assim Ele completou a missão redentora que Deus tinha dado para Ele de ser o Salvador de todos (Hebreus 2.17-18; 5.8-9; 7.28). Por meio de seu padecimento e exaltação Deus, legitimamente, concluiu nEle a salvação da humanidade, pois a  missão redentora envolvia tanto sua humilhação como sua glorificação (Hebreus 2.7, 9-10).

Jesus possibilitou o domínio futuro do homem sobre a terra ao se tornar, Ele mesmo, encarnado e ao sofrer e morrer por todas as pessoas e ser coroado de glória e honra (Mateus 20.28; Marcos 10.45; Efésios 1.7; Filipenses 2.6-11; 1 Timóteo 2.6; Tito 2.14).

III - UMA SALVAÇÃO EFICAZ

1. Vitória sobre o Diabo.

Somente por meio da morte de Jesus Cristo na cruz, o Diabo foi derrotado. "Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, também Jesus, igualmente, participou dessas coisas, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo" - Hebreus 2.14.

O autor da Carta aos Hebreus usa o verbo "catargeo" para se referir à derrota do arqui-inimigo de Cristo e dos seres humanos. Este vocábulo significa "tornar inoperante" e "destronar". Portanto, na cruz Jesus Cristo desapropriou os principados e as potestades e nos garantiu a vitória (Colossenses 2.15).

2. Vitória sobre a morte.

Para que a salvação fosse efetivada, o Salvador precisava sofrer e morrer pela humanidade. A Carta aos Hebreus dá destaque à morte de Jesus, que livra os seres humanos da condenação eterna (Hebreus 2.9-10; 9.12, 14-15 e 26-28; 10.9-10, 19-20), sendo que a ressurreição é mencionada apenas uma vez (13.20-21).

O escritor ensina que Cristo é o nosso Sumo Sacerdote (2.17), que ofereceu a Deus o sacrifício que garante o perdão dos nossos pecados. O sacrifício dEle é a sua morte, com a qual Ele conquistou a nossa vida eterna (9.26; 10.25, 37).

3. Vitória sobre a tentação.

Bondoso e fiel no seu serviço a Deus, Cristo se fez propiciação pelo pecados de todos. A propiciação refere-se à satisfação da ira de Deus por meio da morte na cruz, diz respeito ao sacrifício para cumprir a justiça divina e obter  a reconciliação entre Deus e os homens  (Romanos 3.25; 1 João 2.2).

 Hebreus 2.17 revela que convinha que Cristo sofresse, para que se tornasse semelhante aos irmãos e ser o Sumo Sacerdote fiel e misericordioso e realizasse a expiação dos pecados. A expiação enfatiza a remoção de pecados pelo sacrifício que satisfez a justiça de Deus.

Como Sumo Sacerdote, Jesus se fez um igual aos seres humanos nos seus limites. Soube o que é ser tentado e por essa razão está em prontidão para nos socorrer. O pecado interrompe o relacionamento normal com Deus; a expiação remove o pecado e restaura o relacionamento.

Sobre provas e tentações, reflitamos mais:
• 1 Coríntios 10.13: "Não sobreveio a vocês nenhuma tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que vocês sejam tentados além do que podem suportar; pelo contrário, juntamente com a tentação proverá livramento, para que vocês a possam suportar".
• Tiago 1.12: "Bem-aventurado é aquele que suporta com perseverança a provação. Porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam".
CONCLUSÃO

Diferente do que declara a doutrina calvinista, todos devem perceber que a salvação não é algo dado ao crente compulsoriamente, por isso, é necessário ser vigilante e não desprezar a graça recebida.

Equivocadamente, alguns cristãos se deixam seduzir pelo judaísmo, legalismo, sem se darem conta que o autor da Epístola aos Hebreus ao escrevê-la teve como proposta mostrar que Jesus é superior aos anjos, aos profetas e ao sistema levítico de sacrifícios. Ou seja, afirmou que Cristo é superior a todas as coisas e mediante o seu sacrifício na cruz nos concedeu uma salvação gloriosa.

Não nos esqueçamos: a grandiosa salvação pela fé em Cristo é eficaz.

E.A.G.

Compilações:
A Supremacia de Cristo. Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus, José Gonçalves, edição 2017, páginas 30, 32, Bangu, Rio de Janeiro / RJ (CPAD). 
Ensinador Cristão, ano 19, nº 73, páginas 31 e 36, janeiro a março de 2018, Bangu, Rio de Janeiro/RJ (CPAD).

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Os cinco pontos do arminianismo (parte 2 de 5 postagens)


Que aqueles que são enxertados em Cristo por uma verdadeira fé, e que assim foram feitos participantes de seu vivificante Espírito, são abundantemente dotados de poder para lutar contra Satã, o pecado, o mundo e sua própria carne, e de ganhar a vitória; sempre - bem entendido - com o auxílio da graça do Espírito Santo, com a assistência de Jesus Cristo em todas as suas tentações, através de seu Espírito; o qual estende para eles suas mãos e (tão somente sob a condição de que eles estejam preparados para a luta, que peçam seu auxílio e não deixar de ajudar-se a si mesmos) os impele e sustenta, de modo que, por nenhum engano ou violência de Satã, seja, transviados ou tirados das mãos de Cristo (João 10.28). Mas quanto à questão se eles não são capazes de, por preguiça e negligência, esquecer o início de sua vida em Cristo e de novamente abraçar o presente mundo, de modo a se afastarem da santa doutrina que uma vez lhes foi entregue, de perder a sua boa consciência e de negligenciar a graça - isto deve ser assunto de uma pesquisa mais acurada nas Santas Escrituras antes que possamos ensiná-lo com inteira segurança.

III - O caráter de Deus revelado nas Escrituras e as implicações com a doutrina da salvação 

Antes de discorrer sobre o arminianismo, ou sobre a remonstrância, desejamos resumir sobre a revelação das Escrituras quanto ao caráter de Deus e seus atributos divinos, chamados de atributos morais. Ter em mente esses atributos de Deus é fundamental para a análise crítica sobre quaisquer formulações teológicas sobre a salvação do homem.

1) A Santidade de Deus. Deus é absolutamente Santo. Bancrof [5] diz que "a santidade de Deus é seu atributo mais exaltado e destacado, pois expressa a majestade de sua natureza e caráter morais". No aspecto negativo, a santidade de Deus significa que Ele é separado de tudo o que é pecaminoso. No sentido positivo, entende-se "a absoluta perfeição, a pureza e integridade de sua natureza e seu caráter" (ibidem, p. 66) [...] "Esta santidade ética de Deus pode ser definida como a perfeição de Deus, em virtude da qual Ele eternamente quer manter e mantém a sua excelência moral, aborrece o pecado, e exige pureza moral em suas criaturas".

Desse modo, a santidade de Deus não permite que ele cometa pecado ou seja injusto, pois Ele é o modelo, o padrão e o exemplo perfeito para suas criaturas. Por causa de sua santidade, Deus não pode mentir (conferir Tito 1.2). Deus disse a Jeremias: "O SENHOR me disse: 'Você viu bem, porque eu estou vigiando para que a minha palavra se cumpra'" (Jeremias 1.12). Jesus disse: "Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão" (Mateus 24.35). Deus não pode dizer algo em sua palavra e mudar em sua aplicação no relacionamento com o homem. Ele se limita em si mesmo para que não se contradiga perante ninguém, sendo o fiador da sua Palavra.

2. O amor de Deus. Deus é Deus de amor. Ele próprio é amor: "E nós conhecemos o amor e cremos neste amor que Deus tem por nós. Deus é amor' [o amor na prática], 'e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus permanece nele" (1 João 4.16).

Chaffer [6] afirma que "Deus não obteve o amor, nel Ele por qualquer esforço mantém o amor; o amor é a estrutura do seu ser. Deus é a fonte inesgotável do amor [...] Como nenhuma outra virtude, o amor é a motivação primária  em Deus, e para satisfazer o seu amor, toda a criação foi formada". Diz ainda: "que o amor divino não começou a existir somente quando suas criaturas foram criadas, mas que Ele já previra em si o seu amor para com elas. Porém, quando o mal sobreveio à criação de Deus, houve um conflito "dentro dos atributos de Deus". "A santidade condena o pecado enquanto o amor de Deus procura salvar o pecador" (ibidem, p. 230). Deus nos ressuscitou porque estávamos mortos espiritualmente. "Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossas transgressões, nos deu vida juntamente com Cristo — pela graça vocês são salvos" (Efésios 2.4,5). Por causa do seu Amor, Deus não pode agir de modo injusto e contra a sua bondade.

3. A bondade de Deus. Segundo Strong, "bondade é o princípio eterno da natureza de Deus, que o leva a comunicar sua própria vida e bênção aos que são semelhantes a ele no caráter moral. Bondade, portanto, é quase idêntica ao amor da complacência; misericórdia ao amor da benevolência". [7]

Deus é bom, no sentido absoluto. Diz a Bíblia: "De fato, Deus é bom para com Israel, para com os de coração limpo" (Salmos 73.1); "Saindo dali, Jesus foi para o território da Judeia e para além do Jordão. E outra vez as multidões se reuniram junto a ele, e, de novo, ele as ensinava, segundo o seu costume" (Marcos 10.1). Sua bondade anda lado a lado com o seu amor e a  sua justiça. Admitir a predestinação, desde o ventre, não condiz com seu amor e sua justiça.

4. A justiça e retidão de Deus. Há teólogos como Bancroft [8] que consideram a justiça e a retidão como aspectos da santidade de Deus. Aqui, preferimos tratá-las como atributos distintos, embora intimamente ligados à santidade, como a outros atributos. "A retidão de Deus é a imposição de leis e exigências retas; podemos chamá-las de santidade legislativa. Nesse atributo, vemos revelado o empenho de Deus pela santidade que sempre o impele a fazer e a exigir o que é reto" (ibdem, p. 69). Segundo Joyner, "a retidão de Deus é tanto o seu caráter quanto o modo que ele opta por agir. Deus é ético no seu caráter ético e moral e, portanto, serve como padrão para determinar qual a nossa posição em relação a Ele" [9].

Por ser justo, não pode agir contra seu amor e sua bondade. Não se pode sequer imaginar Deus contrariando o seu caráter divino, como revelado nas Escrituras, fazer acepção de pessoas, a tal ponto de Ele dizer que não tem prazer na morte do ímpio, e, ao mesmo tempo, decretar, a priori, sua condenação inexorável ao inferno seria uma contradição jamais justificável diante do caráter do Deus bom e justo.
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5. E.H. BANCROFT, Teologia Elementar, p. 63-64;
6. Lewis Sperry CHAFFER, Teologia Sistemática, p. 229-30;
7. Augustus H. STRONG, Teologia Sistemática, p.432;
8. E.H. BANCROFT, Teologia Sistemática, p. 69;
9. RUSSEL, E. Joyner. Apud Horson, Stanley M. Teologia Sistemática, p. 140.

Fonte: revista Obreiro Aprovado, ano 38, número 75, 4º trimestre 2016, páginas 68, 69, 70, 77, Bangu, Rio de Janeiro/RJ (CPAD).

[ Em breve este artigo continuará em outra postagem. Agradecemos por sua opção de leitura neste blog: http://belverede.blogspot.com.br

domingo, 10 de dezembro de 2017

Os cinco pontos do arminianismo (parte 1 de 5 postagens)

Jacó Armínio
Por Elinaldo Renovato de Lima

Em seu plano de salvação, Deus oferece seu benefício a todos os homens. O convite à salvação é de uma extraordinária expressão do amor de Cristo por todos os perdidos e não apenas por alguns, eleitos ou predestinados de forma discriminatória:

"Venham a mim todos vocês que estão cansados e sobrecarregados, e eu os aliviarei. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, porque sou manso e humilde de coração; e vocês acharão descanso para a sua alma. 30 Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve" - Mateus 11.28-30.

O convite é para "todos" os "cansados e sobrecarregados". Não apenas algumas pessoas estão nessa condição, mas "todos".

Jesus proclamou solenemente:

"Em verdade, em verdade lhes digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida" - João 5.24.

É tão simples, descomplicado e claro:

"Quem nele crê não é condenado; mas o que não crê já está condenado, porque não crê no nome do unigênito Filho de Deus" - João 3.18.

Ao concluir sua missão e dar a grande comissão a seus discípulos, disse:

"Aquele, porém, que ficar firme até o fim, esse será salvo"- Mateus 24.13.

Antes já explicara que a condenação não decorre de alguma pessoa ser eleita ou não eleita, mas sim de não crer no unigênito Filho de Deus", e amar mais as trevas do que a luz (João 3.16-18).

I - As bases históricas da soteriologia

Foi nos séculos XVI e XVII, que, em meio aos impactos da Reforma Protestante, que homens de Deus foram levantados para estudar acuradamente as verdades bíblicas sobre a salvação do homem. Dentre esses estudiosos, destacou-se João Calvino, eminente professor e teólogo cristão de nacionalidade francesa. Sua visão da doutrina da  teve e tem muitos seguidores, simpatizantes e discípulos. Sua tônica é a doutrina da eleição de alguns, predestinados para a salvação, por decreto de Deus, enquanto outros são destinados desde o ventre à condenação eterna, por decreto divino, visto que, na visão de Calvino, Jesus Cristo veio dar a sua vida pelos eleitos e não pelo mundo, ou por todos os homens [1] 

As teses calvinistas tiveram o contraponto de Jacó Armínio, pastor da Igreja Reformada de Amsterdam,durante 15 anos (1588 a 1603); teólogo, professor da universidade de Leiden, de 1603 a 1609, na Holanda. Com a força dos argumentos fundamentados na Bíblia, Armínio tornou-se uma referência em matéria de soteriologia. Seus pontos de vista tiveram "o apoio de 44 ministros e teólogos das Províncias Unidas", nos Países Baixos [2]. Nos últimos anos de sua vida de apenas 49 anos, padecendo de enfermidade que o levou á morte (parece que os teólogos morrem cedo), Armínio  legou para seus discípulos a sistematização e formulação de sua doutrina da salvação, que eles condensaram num documento histórico, em 1610, um ano após a sua morte, a quem deram o nome de Remonstrância.

II. A Remonstrância - síntese do Arminianismo

As obras de Armínio (1509) são exaustivas. Mas seu pensamento teológico foi resumido por seus discípulos, após a sua morte, de forma compreensível e condensada, num documento chamado Remonstrância. Chamados de "remonstrantes" [3], os seguidores da teologia de Armínio resumiram "em cinco artigos, o que Jacó Armínio teria defendido como a visão mais coerente e majoritariamente aceita e amparada pela história da igreja em relação à doutrina da salvação" [4] • A partir e seus cinco artigos, podem-se resumir o Arminianismo em cinco pontos doutrinários.

"Artigo 1

Que Deus, por um eterno e imutável plano em Jesus Cristo, seu Filho, antes que fossem postos os fundamentos do mundo, determinou salvar, de entre a raça humana que tinha caído no pecado - em Cristo, por causa de Cristo e através de Cristo - aqueles que, pela graça do Santo Espírito, crerem neste seu Filho e que, pela mesma fé e obediência de fé até o fim; e, por outro lado, deixar sob o pecado e a ira os contumazes e descrentes, condenando-is como alheios a Cristo, segundo a palavra do Evangelho de João 3.36 e outras passagens da Escritura.

Artigo II

Que em concordância, com isso, Jesus Cristo, o Salvador do mundo, morreu por todos e cada um dos homens, de modo que obteve para todos, por sua morte na cruz, reconciliação e remissão dos pecados; contudo, de tal modo que ninguém é participante desta remissão senão os crentes.

Artigo III

Que o homem não possui por si mesmo graça salvadora, nem as obras de sua própria vontade, de modo que, em seu estado de apostasia e pecado para si mesmo e por si mesmo não pode pensar nada que seja bom - nada a saber, que seja verdadeiramente bom, tal como a fé que salva antes de qualquer outra coisa. Mas que é necessário que, por Deus em Cristo e através de seu Santo Espírito, seja gerado de novo e renovado em entendimento, afeições e vontade e em todas as suas faculdades, para que seja capacitado a entender, pensar, querer e praticar o que é verdadeiramente bom, segundo a Palavra dde Deus (João 15.5).

Artigo IV

Que esta graça de Deus é o começo, a continuação e o fim de todo o bem; de modo que nem mesmo o homem regenerado pode pensar, querer ou praticas qualquer bem, nem resistir a qualquer tentação para o mal sem a graça precedente (ou proveniente) que desperta, assiste e coopera. De modo que todas as obras boas e todos os movimentos para o bem, que podem ser concebidos em pensamento, devem ser atribuídos à graça não é irresistível, porque está escrito de muitos que eles resistiram ao Espírito Santo.

► Os cinco pontos do arminianismo (parte 2 de 5)
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1. Obras de Calvino: - De Clementia - obra anotada De Sêneca - 1532; - Psychopannychia - 1534; Institutos da Religião Cristã - 1536; e-Catéchisme de I'Eglise de Genève - 1542.
2. MARIANO, Wellington. O que é a teologia arminiana. p.17.
3. Apud MAIA, p. 62: "Os Remonstrantes são um grupo de mais de quarenta ministros e teólogos dos Países Baixos que deram continuidade ao desenvolvimento da teologia de Armínio, entre os quais se destacam Simão Episcópio (1583-1643), o conhecido cientista político Hugo Gr´cio (1583-1645), o político e diplomata João Oldenbarnevelt (1547-1619) e o ministro João Uytenbogaert (1557-1644). Eles escreveram um documento em defesa da doutrina arminiana, chamado Remonstrância, no qual discordavam das interpretações do ensinamento de João Calvino então vigentes na Igreja Reformada Holandesa". Os remonstrantes foram condenados como heréticos no Sínodo de Dort (1618-1619), que levaram a julgamento as teses de Armínio. E estabeleceram os 5 pontos do Calvinismo: Total desaprovação; eleição; eleição incondicional, Expiação limitada; Graça irresistívele Preservação dos salvos.
4. MARIANO, Wellington. O que é a teologia arminiana, p. 17.
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Fonte: revista Obreiro Aprovado, ano 38, número 75, 4º trimestre 2016, páginas 68, 69, 70, 77, Bangu, Rio de Janeiro/RJ (CPAD).

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Salvação e Livre-Arbítrio

Por Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

O principal plano de Deus foi salvar a humanidade, porém, em concordância com sua sabedoria, deu o livre-arbítrio ao homem.

I. A ELEIÇÃO BÍBLICA É SEGUNDO A PRESCIÊNCIA DIVINA

1. A eleição de Israel.

Qualquer estudo sobre a eleição deve começar por Jesus. Toda conclusão teológica que não fizer referência à doutrina de Cristo seja posta como ação suspeita, pois em Jesus encontramos o amor de Deus.

A eleição de Israel foi ímpar e pontual. Deus tinha o objetivo de enviar o Salvador ao mundo através da nação hebreia. Cristo reflete o Deus que elege. sem fazer acepção de pessoas. Por este motivo o apóstolo Paulo vinculou o amor à eleição ou predestinação.
a. "Antes da fundação do mundo, Deus nos escolheu, nele, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele. Em amor  nos predestinou para ele, para sermos adotados como seus filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o propósito de sua vontade" - Efésios 1.4-5.
b. "Portanto, como eleitos de Deus, santos e amados, revistam-se de profunda compaixão, de bondade, de humildade, de mansidão, de paciência" - Colossenses 3.12; 
c. "Sabemos, irmãos amados por Deus, que ele os escolheu" - 1 Tessalonicenses 1.4;
d. "Mas devemos sempre dar graças a Deus por vocês, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus os escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade" - .2 Tessalonicenses 2.13.
O Deus que elege é o Deus que ama o mundo inteiro de maneira tal, com um amor indescritível. Por isso não é aceitável a afirmação que Ele escolhe alguns para a salvação eterna e envia outros para a perdição sem-fim.

2. A eleição para a salvação.

A eleição divina é o ato pelo qual Deus chama os pecadores para a salvação em Cristo e torna-os santos. Essa eleição é proclamada através da pregação do Evangelho, e Deus deseja que todos sejam salvos e respondam afirmativamente ao chamado para a salvação. Romanos 8.29-30; João 1.11; Atos 13.46; 1 Corintios 1.9; Atos 2.37; 1 Timóteo 2.4; 2 Pedro 3.9.

A eleição é segundo a presciência de Deus.

É necessário nascer outra vez

3. A presciência divina.

A presciência é a capacidade de Deus saber todas as coisas de antemão e interferir na história humana (Atos 22.14; Romanos 9.23; Neemias 9.21; Salmos 3.5; 9.4; Hebreus 1.3).

Estamos sob os cuidados e a presciência de Deus, mas também desfrutamos paradoxalmente da liberdade do livre-arbítrio dado por Ele, situação que aumenta a responsabilidade humana em obedecer aos seus mandamentos (Hebreus 10.38; Apocalipse 3.20).

II. ARMÍNIO E O LIVRE-ARBÍTRIO

1. Breve histórico de Jacó Armínio (Jakob Hermanzoon)

Armínio, teólogo e reformador, nasceu na Holanda em 1560, foi pastor em uma igreja em Amsterdã, recebeu o título de doutor em teologia pela Universidade de Leiden. Suma mais enfática defesa é o livre-arbítrio humano. Por este posicionamento, enfrentou oposição, falsas acusações por parte dos calvinistas, porém manteve-se sempre manteve postura não combativa, embora firme em suas convicções. Armínio morreu no auge da controvérsia teológica na Holanda, em 1609.

Não trouxe nenhuma novidade à teologia cristã no sentido doutrinário. Para embasar seu parecer, usou em seu método os pais da Igreja, escritos medievais e muitos outros protestantes que lhe antecederam. Assim, refutou duramente algumas doutrinas de linha calvinista, com o objetivo de enfatizar o caráter bondoso, amoroso e justo de Deus.

Nomes arrolados ao lado de Armínio:
Melanchton, líder luterano;
Erasmo, reformador católico;
Balthasar Hubmaier líder anabatista do século XVI;
Menno Simons, líder anabatista contemporâneo de Hubmaster.
Segundo a doutrina arminiana, não apenas a cruz de Cristo é necessária para solicitar e obter a salvação, a fé no sacrifício realizado por Cristo na cruz também é necessária para obter a redenção. Deus elegeu e destinou todos para a salvação (João 3.14-16; 1 Pedro 2.9).

A principal característica do arminianismo é o livre-arbítrio. Os pontos básicos desta doutrina, são:
a. A predestinação depende da maneira de o pecador corresponder ao chamado da salvação. Assim, a salvação está fundamentada na presciência divina; não é um ato que segue única e exclusivamente a vontade de Deus;
b. Cristo morreu, indistintamente, por toda a humanidade, porém somente serão salvos os que crerem;
c. Como o ser humano não tem a capacidade de crer, necessita do auxílio da graça divina;
d. Apesar de não ter fim, a graça pode ser resistida;
e. Nem todos os que aceitaram a Cristo perseverarão.
Antes de existirem tradicionais-históricos, pentecostais e outros, já haviam milhares de cristãos fiéis ao Senhor. . Isso significa que a história da Igreja não teve seu início com uma pessoa ou uma só denominação. Por isso não se justifica guerras teológicas, brigas denominacionais e rompimentos de amizades. A Palavra de Deus não existe para trazer contendas e rivalidades. A diferença teológica não deve servir de motivação para erguer muros de inimizades entre irmãos. Não convém debater sobre o assunto em foco, oremos e nos esforcemos para que não haja ânimos exaltados por causa de linhas doutrinárias diferentes. Antes de Armínio e Calvino, tenhamos em alta consideração Jesus, que é o nosso Salvador. Vivamos nossa fé em Cristo fazendo uso do amor cristão uns pelos outros.

2. O livre-arbítrio.

O Criador fez o homem livre e independente, inteligente e permite que cada indivíduo escolha entre o bem e o mal. Deus quer que todo ser humano, livre e espontaneamente, o ame de todo o coração e mente. Então, em sua bondade, deu para seus filhos a possibilidade de escolha. Ele proveu a salvação para todos, mas nem todos atendem ao seu convite. Assim, Deus cortou Israel por escolha de Israel e enxertou pessoas de outras nações, que creram em Cristo como Salvador e o receberam como Senhor, em seu lugar e foram esses salvos que se tornaram o Israel de Deus (Mateus 21.43; Romanos 11.17-24).

Deus é soberano, amoroso e quer salvar a todos, mas isso não anula o direito de escolha do ser humano. Na Bíblia temos tanto a predestinação divina como a livre escolha humana, em relação à salvação, porém não uma predestinação em que uns são destinados à vida eterna e outros à perdição eterna. O que coube a Deus realizar no plano perfeito da salvação, está feito; mas a parte do ser humano, que é crer e aceitar o sacrifício de Jesus, o homem precisa fazer.

Aqueles que crerem serão salvos; os que não crerem, porém, serão condenados. Alguns, ao ouvirem o Evangelho, se endurecem ainda mais em seus pecados e perdem a oportunidade de salvação (Marcos 16.16; João 1.11; Atos 17.32).

3. O livre-arbítrio na Bíblia.

De acordo com sua soberania, Deus concedeu o livre-arbítrio ao homem. O livre-arbítrio é a possibilidade que os seres humanos possuem de fazer escolhas e tomar decisões  que afetam seu destino eterno, especificamente se tratando da salvação.

A ênfase inconsequente à livre vontade do homem conduz ao engano de uma salvação dependente de obras, conduta e obediência humanas.

III. ELEIÇÃO DIVINA E LIVRE-ARBÍTRIO

1. A eleição divina.

Eleição é a escolha que Deus faz para com grupos e indivíduos com finalidade específica determinada por Ele - no caso do presente assunto abordado, a salvação. Mas a eleição é condicionada à vontade humana. Essa vontade não prejudica em nada a vontade de Deus, pois prevê tudo antecipadamente.

Uma das palavras hebraicas para eleição é "yãdha". Este termo expressa sentido de amorosidade, carrega a ideia de que Deus escolhe porque seus afetos o levam a escolher as pessoas para a salvação.

No texto bíblico capitulado em Romanos 8.29, encontramos o vocábulo grego "proginõskõ", cujo significado remete à eleição amorosa, ao fato de que Deus amou a todos previamente.

2. Escolha humana e fatalismo.

"Portanto, assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os seres humanos para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos para a justificação que dá vida" - Romanos 5.18.

A graça divina é estendida a todos os seres humanos, abre a cada indivíduo a oportunidade de crer no Evangelho, o que descarta a possibilidade de a eleição ser uma ação fatalista de Deus. Por fatalismo, entenda-se acontecimentos que operam independentemente da nossa vontade e dos quais não é possível evitar.

3. A possibilidade da escolha humana.

Uma das informações admiráveis da Palavra de Deus é a que nos faz saber que embora Deus seja o Altíssimo, o Soberano Senhor dos senhores, Ele criou os seres humanos livres, dando-lhes a possibilidade de relacionar-se de maneira espontânea e livre, amando-o de todo o coração.

 Há vários textos bíblicos que apontam para o fato de o ser humano ser livre para escolher:

"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" - João 3.16..

"Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora" - João 6.37.

" Porque: 'Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo' ” - Romanos 10.13.

CONCLUSÃO

O Evangelho é uma dádiva maravilhosamente indescritível entregada a todas as pessoas, independente de merecimentos pessoais. Deus, em sua infinta misericórdia, nos chama para vivê-lo, diariamente: "Venham a mim todos vocês que estão cansados e sobrecarregados, e eu os aliviarei" - Mateus 11.28. Os que aceitam o convite estão predestinados a "serem conforme a imagem de seu filho Jesus (Romanos 8.29).

E.A.G.

As citações bíblicas expostas por extenso são extraídas da Nova Almeida Atualizada (NAA), tradução publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil.

Compilação:
A Obra da Salvação. Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida; Claiton Ivan Pommerening; páginas 85 a 89; 2ª impressão 2017; Bangu/RJ (CPAD);
Ensinador Cristão; ano 18; número 72; página 40; 4º trimestre de 2017; Bangu/RJ (CPAD);
Lições Bíblicas / Professor. A Obra da Salvação - Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida; Claiton Ivan Pommerening; 4º trimestre de 2017; páginas 54 a 60; Bangu/RJ (CPAD).

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

A salvação pela graça

Por Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

O fundamento essencial na dinâmica da salvação é o da graça preveniente. A nossa salvação é fruto exclusivo da graça de Deus. Com graça preveniente se quer dizer que o Espírito Santo chama, convence, ilumina o indivíduo a crer e possibilita a mudança de vida. Falar sobre o chamado de Deus, o que precede a conversão, no sentido de ser dEle a iniciativa do começo de relação com uma pessoa, que é livre para responder a esse chamado com arrependimento e fé. 

I. LEI E GRAÇA

1. O propósito da Lei.

A Lei tem finalidade espiritual, mostra  quão terrível é o pecado, bem como o propósito  concreto de preservar o povo de Israel do pecado.

Provavelmente em nenhuma outra passagem da Escritura a função objetiva da Lei esteja tão bem esclarecida como na Carta aos Gálatas.  O apóstolo Paulo indaga para que é a Lei,  em seguida responde: "Ela foi acrescentada por causa das transgressões, até que viesse o descendente a quem se fez a promessa, e foi promulgada por meio de anjos, pela mão de um mediador" (Nova Almeida Atualizada). E mais adiante: "De maneira que a lei se tornou nosso guardião para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados pela fé." (Gálatas 3.19, 24 - Nova Almeida Atualizada).

2. A Lei nos conduziu a Cristo.

O legalismo é antagônico, adverso à graça. A nossa salvação é resultado do favor imerecido de Deus à humanidade pecadora.

O homem é salvo unicamente pela fé em Cristo Jesus, pela graça, e não pelas obras da Lei ou pelo seu esforço em tentar agradar a Deus.

Ninguém é capaz de receber a salvação por méritos próprios ou pela observância da Lei, pois o propósito da Lei, segundo o apóstolo Paulo, era somente apontar o pecado a fim de nos conduzir a Cristo, isto é, servir como um condutor para o encontro com Cristo (Gálatas 3.24). 

A Lei nos convence, por sua impossibilidade de ser cumprida, de que não podemos alcançar a salvação sem a mediação de Cristo. Desse modo, a Lei tem sentido depreciativo para mostrar o estado daqueles que se justificam sob a Lei, quando se torna nossa justiça como mérito humano que impossibilita obter a salvação, somente alcançável por Evangelho da graça. 

3. A graça revela que a Lei é imperfeita.

Tragicamente, a religião oprime, não liberta. O coração humano se enche de culpa por causa do pecado, não consegue se libertar das lembranças do erros cometidos. Busca a graça, mas  o que encontra é a vergonha, o medo do castigo, o sentimento de julgamento e a crítica. Ao procurar a graça na religião, com frequência encontra a sua ausência.

Muitas igrejas estabelecem limites entre o "tempo da Lei" e o "tempo da graça". Embora seja ignorada muitas proibições do Antigo Testamento, mantém seus próprios mandamentos prediletos. Proibições como usar maquiagem e jóias; assistir a ou participar de esportes; sobre o cumprimento das saias para as mulheres; comprimento dos cabelos para os rapazes. Nessas comunidades, as pessoas são tidas como espirituais se obedecem a essas regras sem nexo, muitos não conseguem perceber à contento a diferença entre as dispensações da Lei e da graça.

Antropologicamente, o ser humanos tem a necessidade de expiar sua culpa. Dentro dele há um grito na alma que faz anelar por um preço que precisa ser pago. Muitos crentes não entendem a graça de Deus e acham que precisam ter méritos diante dEle, pagando um preço pela sua salvação. E assim são inventados os esquemas humanos: legalismos, critérios, ordenanças, doutrinas.

A graça é entendida como essencial à salvação, pois através da morte de Cristo, o pecador alcança favor incondicional de Deus, não necessitando de absolutamente nenhum esforço humano para alcançá-la; basta ter fé para a salvação. "E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça" (Romanos 11.6, NAA).

II. O FAVOR IMERECIDO DE DEUS

1. Superabundante graça.

Uma das maneiras de Deus demonstrar sua bondade é através da graça salvífica. No Antigo Testamento, a ênfase da graça recai sobre o favor demonstrado ao povo da aliança, embora as demais nações também estejam incluídas. No Novo Testamento, a graça, como dom imerecido mediante o qual as pessoas são salvas, aparece primariamente nos escritos de Paulo.

Um importante aspecto do significado de graça em sentido original no grego (charis) é sua relação com a beleza tanto de gestos e palavras  quanto àquilo que dá prazer e provoca júbilo por causa de sua graciosidade presente na beleza das pessoas e suas ações.

As palavras mais frequentemente usadas no Antigo Testamento para transmitir o conceito de graça são "chanan" (demonstrar favor"; "ser gracioso") e suas formas derivadas:

Chên: 
Refere-se usualmente ao favor de livrar o seu povo dos inimigos (2 Reis 13.23; aos rogos pelo perdão dos pecados (Salmos 41.4). Isaías (30.18) revela que o Senhor anseia por ser gracioso com o seu povo. O substantivo "chên" aparece principalmente na frase "achar favor aos olhos de alguém":
a. dos homens (Gênesis 30.27; 1 Samuel 20.29;
b. de Deus (Êxodo 34.9; 2 Samuel 15.25. 
Chesedh:
Significa "bondade fiel"; "amor infalível". Contém sempre um elemento de lealdade às alianças e promessas, expresso espontaneamente em atos de misericórdia e amor.

2. Fé e graça.

Aprendemos a respeito de uma palavra com seu antônimo. Hoje, é dito que o sistema comunista "caiu em desgraça"; descreve-se aquele que não reconhece o bem recebido como "ingrato"; quem comete atos abomináveis é considerado alguém "desgraçado". E aquele que fere as normas de uma instituição com atitudes de traição é taxado como "persona non grata" (indesejável).

A graça nos chama. Um compositor pode inserir uma "nota graciosa" e melódica na partitura, embora não seja essencial à melodia, a inserção acrescenta um brilho tal que a sua ausência é sentida na música. Muitas pessoas "dão graças" antes das refeições, reconhecendo diariamente o pão como uma dádiva de Deus. Somos "gratos" pela bondade do alguém; nos sentimos "gratificados" com boas notícias; "congratulados" quando temos sucesso.

Passamos a conhecer essa salvação porque Deus, em sua graça, nos escolheu. Lançamos mão dessa graça pela fé. A graça opera mediante a fé no sacrifício vicário de Jesus Cristo. Assim, somos salvos pela graça para nos transformar em uma nova pessoa (Gálatas 1.5; 2.6; 6.15).

Ambas, fé e graça, atuam juntamente na obra de salvação: a graça, o presente imerecido de Deus; a fé, a contrapartida humana à obra de Cristo. Nesse sentido, não é a fé que opera a salvação, mas a graça de Deus que atua mediante a fé do crente no Filho de Deus.

3. A graça não é salvo conduto para pecar.

Pecado não é aquilo que necessariamente fere a Deus e nem aquilo que o destrona ou o diminui. É, sim, tudo o que prejudica o ser humano de alguma forma. Quando Deus define o que é pecado, Ele não define pensando nEle, mas, sim, no melhor para o pecador.

A graça jamais é ou será salvo conduto para a prática do pecado ou para a libertinagem, muito pelo contrário, ela nos convoca à obediência em gratidão ao Doador da graça. O favor imerecido de Deus não permite que o ser humano permaneça sob o domínio do pecado, pois aqueles que são alcançados por ela passam a experimentar o processo da santificação.

O cristão não deve resistir ao Espírito Santo, como fizeram os fariseus que arduamente resistiram à mensagem de Jesus Cristo (Mateus 12.22-32). É importante reconhecer a própria condição de pecador e crer no único Salvador.

O pentecostalismo clássico abraça a linha doutrinária do teólogo holandês Jacó Armínio quanto a doutrina da salvação. A teologia de Armínio sempre foi compromissada com a graça de Deus, jamais atribuiu qualquer eficácia salvífica à bondade ou à força de vontade do ser humano. É um equívoco pensar que quem afirma que o ser humano é capaz de resistir à graça de Deus está afirmando que o que define a salvação é a vontade humana. Não havia dúvida para Armínio que a salvação é de graça, provém de Deus, é um presente incomensurável do Altíssimo para o homem.

Alinhado à visão arminiana, o crente pentecostal não tem dificuldade de pregar a graça de Deus e, ao mesmo tempo, reconhecer que a chamada para a salvação pode ser rejeitada pela pessoa. É claro para o pentecostal que nenhuma pessoa pode se arrepender, crer e ser salvo sem o auxílio do Espírito Santo.

III. O ESCÂNDALO DA GRAÇA

1. Seria a graça injusta?

Ao ser comparada com a graça humana, a justiça divina é imensamente perdoadora. Logo, sob a ótica humana, a graça é considerada injusta.

Deus demonstra sua graça, acima de tudo, em sua "operação de resgate", sua salvação dos pecadores (Efésios 2.1-10). Torna-a conhecida dos pecadores ao perdoá-los e absolvê-los, devido à morte do Senhor Jesus Cristo na cruz (Gálatas 1.3, 4).

2. A divina graça incompreendida.

Uma das formas de compreender os conceitos da graça de Deus, que chega até nós por intermédio da eficácia da obra de Cristo  na cruz, e analisar o conceito do termo Palavra dos Vinhateiros. Ali não há méritos por tempo de serviço ou produtividade; a mesma recompensa dos que iniciaram o trabalho no fim do dia é dada aos que começaram no início do dia.

A graça de Deus é estendida a todas as dimensões da vida e não somente na salvação. É o que alguns teólogos chamam de graça comum. Ela é vista no domínio físico quando diz que Deus faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos (Mateus 5.44-45). Nas belezas da criação com suas múltiplas cores, nuances, beleza, mistério. Também é vista na capacidade intelectual de desenvolver o conhecimento, a ciência, a tecnologia, as artes e em tudo que a humanidade cria. Na capacidade que a sociedade tem de, apesar de muita maldade, conseguir organizar-se e viver em harmonia; na organização das religiões, que, mesmo sendo pagãs, revelam traços de mistério divino e da transcendência de Deus.

3. Se deixar presentear pela graça.

Toda a história da salvação é uma sucessão de dons concedidos por Deus. Por conseguinte, a atitude do ser humano que busca ao Senhor deve ser uma atitude de agradecimento Àquele que constitui a fonte inesgotável de seus bens. A gratidão é expressão de uma alma generosa, que não se acha dona de tudo o que tem, sabendo descobrir o que lhe foi dado. A graça provém do amor. É o próprio Deus que se dá ao ser humano como Salvador. E, por isso, merece a suprema gratidão, que se expressa na fé e no amor, com a peculiaridade de que podemos e devemos mostrar nossa gratidão a Deus.

Os que compreendem o favor inefável de Deus, mediante sua graça, devem deixar-se presentear por ela.

CONCLUSÃO

Deus se deu na criação, depois se deu na salvação, onde Ele próprio se mostrou ao mundo inteiro como dom. A história bíblica é graça, a autodoação incessante de Deus que culmina em Cristo. Deus fez isso para salvar a todos nós, sobretudo, para nos transformar no processo da redenção, de gente perdida a reclinada no seio de Abraão. Por isso, a graça deveria ser acolhida pela humanidade com a alegria de quem se vê escolhido sem méritos, com o júbilo pela maravilha do dom e com o humilde desejo de compreender à eleição gratuita.

E.A.G.

Compilações:
A Obra da Salvação. Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida; Claiton Ivan Pommerening; páginas 72 a 83; 2ª impressão 2017; Bangu/RJ (CPAD);
Ensinador Cristão; ano 18; número 72; página 39; 4º trimestre de 2017; Bangu/RJ (CPAD);
Lições Bíblicas / Professor. A Obra da Salvação - Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a VidaClaiton Ivan Pommerening; 4º trimestre de 2017; páginas 47 a 54; Bangu/RJ (CPAD);
Maravilhosa GraçaPhilip Yancey; 2ª edição revista e ampliada; 5ª reimpressão 2012; páginas 10 e 11; São Paulo (Editora Vida).
Vocabulário Teológico para a América Latina, J.L. Idigoras, página 179, edição 1983, São Paulo (Edições Paulinas).

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

A criação dos anjos e a doutrina da predestinação


Deus conhece o futuro. Um dos atributos de Deus é a onisciência. Seu conhecimento é primoroso e cabal. Ele conhece o que passou, o que é presente e o que ainda virá a ser. Conhece tão bem o passado, quanto sabe do presente e do futuro.
Por Manoel Ramos de Oliveira

Pergunta-se: Quando os anjos foram criados, Deus tinha ciência de que um deles - Satanás - se rebelaria? Por que, então, criou os anjos?

Sim, Deus sabia sobre o futuro da classe angelical. Um dos atributos de Deus é a onisciência. Seu conhecimento é primoroso e cabal. Ele conhece o que passou, o que é presente e o que ainda virá a ser. Conhece tão bem o passado como o futuro. Temos que nos conscientizar dessa verdade. Temos que aceitá-la, porque é uma realidade inegável.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

A Teologia dividida segundo Calvino e Armínio

Jacob Arminio
(Jakob-Hermanszoon)
Por Lucilene Batista de Brito Shirota

Faz pouco tempo que comecei a entender o que é Arminianismo. Sendo sincera, nunca havia ouvido falar desse termo, que é uma visão teológica oposta ao Calvinismo, teologia que eu sempre conheci. Desde que comecei a estudar e entender melhor o que é um e outro e suas diferenças e particularidades, fiz amizades com pessoas tanto de um lado como do outro e me aprofundei no assunto.

O problema é que se apegar a uma ou outra visão não é exatamente um erro, pois ambas são baseadas na Bíblia, mas o que temos visto atualmente, principalmente neste Brasil com quase metade da população se dizendo evangélica, é que se tendo para o lado Calvinista, logo sou arrogante e quero "tulipar" todo mundo. Se digo ser Arminiana e ainda Pentecostal (e sou mesmo), aí já me olham como um pião que fica rodando no mistério, carregando várias heresias nas costas e com passaporte assinado para o inferno.

Ah, que mundo chato e insuportável estamos vivendo e que tipo de evangelho mais tosco, deturpado, fétido, podre e falsificado estamos pregando! Pregamos o que nos amacia o ego! Cantamos aquilo que queremos ouvir e vivemos como um bando de hipócritas com uma Bíblia debaixo do braço, roupa bonita no domingo e sorriso amarelo, quando na verdade vivemos de aparências, carrancudos e tiramos o pó de cima da Bíblia no fim de semana.

João Calvino
(Johannes Calvin)
É esse cristianismo que Jesus pregou? Foi por isso que Jesus morreu naquela cruz? Sou forçada a dizer, com base nessa realidade grotesca, que Cristo morreu em vão? Ou o céu é uma fábula ou o inferno é verdadeiro e imenso para abrigar tanta gente? E eu e você vamos estar lá nos despedindo um do outro, "dando tchauzinho" um para o outro?

Não estou dizendo que ser Calvinista ou Arminiano é errado, mas se focar de tal maneira em um dos dois lados ao ponto de não considerar o outro como seu irmão, é no mínimo algo totalmente inaceitável. Para mim, o tal é pior que um incrédulo! Paulo disse em 1 Coríntios 3.4, que são carnais as pessoas que preferem fazer dissensão nas igrejas. Quanto às visões teológicas, o apóstolo diz no versículo 6 que ele plantou, Apolo regou mas Cristo deu o crescimento; ou seja, não interessa de que lado que você está, desde que o foco seja Cristo!

Essas brigas ridículas que têm acontecido nas redes sociais, onde um zomba do outro, e critica a ponto de usar palavreado chulo e ofensas, que geram até processos judiciais, são atitudes de gente com falta de entendimento e provavelmente endemoniada, não de crentes em Jesus, não de cristãos equilibrados.

Quer ser cristão? Ame o outro como a si mesmo e suporte os mais fracos na fé. Se você se considera tão forte, então, antes de ficar destilando veneno, você deve levar em conta outra passagem bíblica, que diz "olhe o outro como superior a si mesmo".

Estamos deixando de evangelizar, de fazer a diferença e de sermos irmãos por causa de visões teológicas distintas? O Arminianismo clássico, não pelagiano, assim como o Calvinismo puro, são visões que podem e sempre andaram juntas, mas um bando de gente que vem mais para ofuscar e não ser luz, mais para salgar em demasia do que temperar, tenta estragar tudo, achando que dessa forma estão combatendo as heresias dos pelagianos - pois acreditam que a salvação é por obras e não pela graça.

Concluo esta postagem dizendo que criticar e julgar os males em que a igreja tem se atolado é mais do que nossa obrigação, mas devemos fazer isso pautados na Bíblia e com nossos joelhos firmados em oração aos pés do Senhor. Estude a Bíblia, não use argumentos isolados, fora de contexto, conheça a história da igreja desde seus primórdios, saiba da vida e obra de homens e mulheres de Deus e só depois entre em questões teológicas com fundamento. Respeite quem quer que seja, aja com prudência, vigilância e temperança com todos. Inclusive, seja cuidadoso no agir e no falar com com os "super crentes" - aqueles que de tão santos só falta mesmo morrer e ir para o céu tamanha a santidade e "pudêr" (poder).

Siga a visão teológica que você julgue ser mais bíblica e fiel a Deus e não se torne um intolerante e chato, seja ainda mais humilde e destituído de si mesmo. Mais amante de Deus e da Palavra e um defensor da sã doutrina. Persevere nisso e você verá que independente de Paulo, Apolo, Calvino e Armínio, é o Cristianismo puro, santo e cristalino que você está seguindo, vivendo e apontando para outros verem e também seguirem rumo ao céu!

QUE DEUS NOS AJUDE E VOS ABENÇOE! PAZ DO SENHOR!

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Jesus Cristo e o livre arbítrio de cada dia


VIDA CRISTÃ. Blog Belverede. Eliseu Antonio Gomes. https://belverede.blogspot.com.br
Deus prioriza a liberdade de decisão, porque Ele é o Autor da liberdade de escolhas.

Morrer não é o fim. É o começo da existência no porvir, espaço onde cada qual dará conta de suas decisões  nesta vida. Vide Hebreus 9.27.

Em Mateus 11.28, Jesus Cristo nos convida a estar com Ele, chama almas cansadas e em opressão a receber o alívio que Ele tem condições de dar.

E, em Romanos 1.25, está escrito que o Criador abandona na vida de pecado quem não dá importância ao conhecimento de Deus. O próprio Deus os abandona às consequências nefastas da vida em pecado, e por suas opções erradas os tais não têm discernimento de que praticam coisas inconvenientes a eles próprios. Então sofrem em consequências de suas paixões e desprezo ao Senhor, por honrarem mais a criatura do que o Criador.

Via de regra, o cristão prega a Palavra de Deus sem enfatizar condutas. E é fato que quem sempre fala através da pregação é o próprio Criador. A mensagem de Deus salta aos olhos do ser humano em pecado, incomoda-o, porque o Espírito Santo quer comunicar-se com ele. Para alguns pecadores, expressar a verdade é como se fosse insulto, mostrar a realidade espiritual é o mesmo que desejar-lhes o mal. Não compreendem que a Verdade liberta. Então, às vezes, o crente é perseguido por anunciar o Evangelho, é desdenhado e visto com maus olhos por quem tem mentalidade apenas para as coisas desse presente momento, é contraditado e ridicularizado por quem não consegue entender os fatos que ocorrem além-túmulo.

A Palavra de Deus tem poder para libertar o pecador. Porém o Senhor não age como ditador, prioriza em sua relação com o ser humano à liberdade de escolha, nunca força os ouvintes à conversão. A libertação da alma só acontece quando ela aceita o convite para receber em seu coração o Caminho Certo - Jesus Cristo.

O pregador não deve aumentar e nem diminuir o que está escrito, através de interpretações particulares

Mesmo quando a Palavra de Deus é enérgica, não tem propósito de ofender, mesmo aqueles que se sentem ofendidos ao ouvi-la.

É importante anunciar o conteúdo bíblico exatamente como é. Quando citamos textos bíblicos sobre determinado comportamento errado, cabe a nós mostrar a posição bíblica, e nada mais que isso. Como cristãos evangélicos, devemos tão-somente anuncia-la..

O cristão temente a Deus não aceita a abominação e sentimentos perversos, sabe que seus praticantes caminham para o inferno, e por este motivo odeia o pecado. Ama o pecador e sabe que a verdade precisa ser dita e ele. E faz isso.

 E.A.G.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A defesa do indefensável

Na semana passada, me senti fustigado. A pressão era para tomar partido contra uma certa pessoa. Não ataquei-a e nem arvorei uma argumentação favorável. Para quem acusava, disse: Não fique apenas em suas palavras de acusação. Palavras são só palavras se com elas não houver a ação. Palavras sem práticas são palavras frívolas, exerça seu direito de cidadão e formule queixa no Ministério Público. O MP é uma autoridade constituída por Deus e investigará o caso.

Diante dessa imparcialidade, usaram a frase: Você faz a defesa do indefensável. Quando leio essa frase, vem em minha mente a pergunta: defender do quê e de quem? Respondi: que defesa é essa que dá a ideia de levar o MP para devassar a vida do acusado?

A justiça que me interessa é a de Deus. Quando eu ainda era adolescente, vi um vizinho com idade próxima da minha se perder no vício das drogas. Primeiro, passou a roubar os pais para alimentar seu vício, depois as casas da vizinhança, e em seguida passou a cometer assaltos. Numa tarde ensolarada do meio da semana, a polícia surgiu no bairro, quando o viciado viu a viatura começou a correr. Atiraram nele, que estava sem arma alguma, e o mesmo foi ao chão instantâneamente desacordado. Então, um soldado desceu do carro com um revórver e um rolo de fita adesiva nas mãos, fixou a arma no tornozelo dele, rolando várias vezes a fita branca envolta da arma e da perna. Prova forjada de resistência à prisão.
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"Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades como um vento nos arrebatam" - Isaías 64.6.
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"Abstende-vos de toda a aparência do mal" - 1 Tessalonicenses 5.22.
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Pense naquela situação em que todas as provas levam a crer que alguém errou, mas o tal suspeito vira-se para você e diz "sou inocente". Como cristão, é o momento de lutar contra a sua carne, deter o pensamento negativo e caminhar impulsionado por 1 Co 13.5. Neste momento, é hora de amar!
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O cristão não deve ser guiado pela vista, mas pela fé em Cristo, que nos manda amar. Amando, devemos julgar segundo a reta justiça e nunca pelas aparências. Se vivemos em Cristo, vivemos debaixo da égide do amor, que não suspeita mal contra ninguém (1 Coríntios 13.5).

Não pratico partidarismo. Não tenho legenda na política. Não tenho um time de futebol predileto. Não lustro placas evangélicas denominacionais, não me converti a Jacó Arminio ou João Calvino. Não tenho um grupinho de pastores e pregadores preferidos dentro da igreja. Mas, vivendo de acordo com a égide do amor, "nunca me alegro com a injustiça" (1 Co 13.6).

A justiça da terra não é igual a justiça divina. A terrena quer punir ainda neste tempo presente; a do céu é misericordiosa e perdoa o "meliante" arrependido e que deixa os seus delitos. A justiça de terra, prende aquele que é julgado e as provas apontam que ele é culpado. A justiça de Deus inocenta o culpado que confessa a sua culpa.

O que é ser justo diante de Deus? Não é viver sem pecado, é viver justificado pelo sangue do Cordeiro. Sim, Jesus Cristo é o Advogado de todos nós, Ele defende os indefensáveis e transforma todos os culpados em inocentes.

Todos nós somos "meliantes" diante da face dAquele que tudo vê, mas se nos arrependemos de nossos "crimes", então, somos perdoados.

"Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós" - 1 João 1.8-10. 

Como é bom receber esse perdão! Vivemos na dispensação da lei da liberdade, a lei de Cristo, o Advogado que faz defesa de todos os indefensáveis. Mas, só tem direito de receber essa determinação da reta justiça quem usa a reta justiça em favor do próximo. Para receber perdão, é preciso considerar que o próximo é um pecador e perdoá-lo, agir com misericórdia.

"Assim falai, e assim procedei, como devendo ser julgados pela lei da liberdade. Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa do juízo. Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo?" - Tiago 2.12-14.
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Vivamos conforme a justiça dAquele que faz defesa dos indefensáveis! Todos somos culpados, e só seremos perdoados se perdoarmos os indefensáveis que estão em nosso derredor.
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E.A.G.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Bíblia de Estudo de Genebra: análise

Não existe Bíblia de Estudo Bíblico completa e perfeita.

Cada qual tem sua utilidade em temas devocionais e / ou teológicos específicos. Cabe ao usuário ser analítico, não fechar os olhos e jamais (repito: jamais) considerar notas de rodapé como se fossem as próprias Escrituras Sagradas.

Sobre a Bíblia de Estudo de Genebra, minha intenção não é desanimar ninguém a comprar, apenas informo.

A Bíblia de Estudo de Genebra é publicada no Brasil pela Editora Cultura Cristã, vinculada à Igreja Presbiteriana.

Aos cristãos que creem na doutrina de Jacob Armínio, diante dela resta-lhes apenas o uso como fonte de análises. Ela foi escrita como defesa à doutrina calvinista, está inteiramente voltada aos cristãos que acatam o pensamento de João Calvino.

Portanto, para quem é cristão pentecostal, e todo aquele que segue a linha da doutrina arminiana, saiba que não existe a menor possibilidade de usá-la à contento se a ideia for pesquisar subsídios teológicos dentro do tema Eleição / Predestinação. Neste caso, com certeza, o conteúdo oferecido o desagradará profundamente.

E.A.G.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O apóstolo Paulo versus a doutrina da eleição de Calvino

Apóstolo Paulo versus doutrina calvinista da eleição.

"Este mandamento te dou, meu filho Timóteo, que, segundo as profecias que houve acerca de ti, milites por elas boa milícia; conservando a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé" - 1ª Timóteo 1.18-19.

Paulo manda Timóteo conservar a sua fé e sua consciência limpa. Ora, se ele fosse predestinado, segundo as ideias de Calvino, precisaria desse alerta?

Por que Paulo o alertou? Porque a salvação foi extendida para toda a Humanidade (João 3.16), todos são eleitos para entrar no éu, mas os escolhidos para a salvação são apenas àqueles que se mantém puros e conservando a fé em Jesus Cristo como único Senhor e Salvador na prática do dia-a-dia.

A salvação é um dom (presente) - Efésios 2.8.

E todo presenteado tem a liberdade de escolha quanto ao que fazer com seu presente. Ele pode rejeitá-lo de pronto. Pode recebê-lo e usá-lo. Ou recebê-lo e ao mesmo tempo depois rejeitá-lo, se distraindo com outras coisas menos importantes.

Temos livre-arbítrio! A liberdade é a maior expressão do amor de Deus para conosco!

E.A.G.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Um comentário sobre os protestantes cristãos e a salvação

Praticamente todos os cristãos evangélicos sabem, mas é sempre bom deixar as coisas bem esclarecidas em determinados pontos. O quê? Se apresentar como cristão protestante não é uma condição que leva a alma humana ao céu. Para ser salvo, não basta se dizer "sou cristão", da ala tradicional, ou pentecostal, ou neopentecostal, nem ser militante da doutrina calvinista ou arminiana.

E, nenhuma denominação evangélica têm o poder de salvar ninguém.

Os prerequisitos bíblicos para a salvação, são:

1 - Crer em Jesus como Senhor e Salvador (Atos 4.12)

Considerar Jesus como Senhor é mais do que dizer isso com nossos lábios. A mera confissão se constitui em fé morta, enquanto que a fé viva é ativa, faz com que o crente passe a agir obedecendo a Cristo.

Quem realmente aceita a Jesus como seu Senhor passa a viver segundo as vontades dEle. Para obedecer a Cristo é necessário conhecer tudo o que Ele disse. O Novo Testamento contém os Seus ensinos. Após conhecer esses ensinamentos, passamos a saber o que Ele quer de nós. Os servos fiéis seguem as vontades do seu Senhor.

A melhor maneira de conhecer ao Senhor, saber o que Ele espera de todo cristão, é ler e orar, com o coração disposto à submissão. A leitura do Novo Testamento e a oração são as atitudes que produzem resultados espirituais positivos entre os cristãos e Jesus Cristo.

2 - Colocar a fé em prática (Romanos 2.21-24; Tiago 1.22-23)

Crer não é apenas um esforço mental, é seguir o mandamento de amar a Deus e ao próximo.

a) Amar a Deus significa o mesmo que obedecê-lo de maneira espontânea, sem a busca de tirar proveito próprio dessa relação.

Não existe quem ame a Deus de verdade sem obedecê-lo. A obediência é a tradução do amor verdadeiro, e a rebelião - declarada por contestações ou no silêncio do desprezo - é a tradução do amor a si mesmo, é a manifestação da egolatria.

b) Amar o próximo é o mesmo que fazer o bem ao próximo, quer mereça ou não. O cristão fiel faz o bem a todos, até aos inimigos, porque Jesus manda, porque está consciente que a obediência ao mandamento do amor é a diferença entre ser fiel e rebelado, ser ovelha e bode, ser joio e trigo, ser luz e trevas.

3 - O Padrão dos crentes protestantes

Os protestantes consideram os personagens da Bíblia pessoas falhas, pecadoras. Nenhum prostestante segue os apóstolos Paulo, Pedro, ou outros apóstolos. Fazer deles padroeiros não é uma doutrina da Igreja Reformada, é doutrina da Igreja Católica Apostólica Romana.

É um erro pensar que os apóstolos são modelos aos crentes protestantes! Quando Paulo escreveu "sejam meus imitadores", ele não estava aconselhando a imitar sua pessoa como ser humano. Ele acrescentou: "como eu sou imitador de Cristo" (1ª Corintios 11.1).

Assim sendo, a lição é: sejamos imitadores de Cristo, e não meros imitadores de homens.

Apesar de Martinho Lutero, João Calvino, Unrico Zuínglo e Jacó Arminio serem considerados grandes reformadores, os protestantes têm como modelo a ser seguido apenas Jesus Cristo.

Imitar homens é perigoso, é praticamente uma idolatria, pois Jesus deixa de ser entronizado em nossos corações.

Eu procuro sempre olhar a Igreja como Organismo Espiritual, cuja cabeça é Cristo. Ou seja: eu nunca esqueço que a Assembleia de Deus – denominação evangélica onde cresci e me converti - é apenas uma denominação, uma instituição humana (esta afirmação não é um desprezo!).

A Assembleia de Deus contém muitos cristãos que fazem parte do Corpo de Cristo, mas ela não é a Igreja, é apenas uma organização criada por homens. E como tal, possui seus equívocos - só Jesus não tem pecado. Nesta mesma condição estão todas as denominações evangélicas: Batista, Presbiteriana, Quadrangular, Deus é Amor, etc.

A Igreja é simbolizada pela anatomia do corpo humano, com seus membros diferentes e com funções diferenciadas e essenciais. Cada membro é útil em sua ação específica, útil a si e coletivamente. Mas, alguns líderes de denominações – assembleianos, batistas, presbiterianos, e outros - se esforçam para que todos os membros do Corpo de Cristo sejam iguais – segundo a doutrina denominacional em que vivem e desejam que todos a vivam também. Impossível acontecer essa padronização de fé e ações, então, eles criticam uns aos outros porque têm características e funções diferentes!

Conclusão

Observando os protestantes, encontramos diferenças teológicas encontradas na maneira de professar suas crenças. A diferença faz com que hajam diversas denominações evangélicas através de liturgias distintas, - agrupados nos movimentos tradicionais, pentecostais e neopentecostais. Mas esta diferença não interfere na questão da salvação.

Os pentecostais e os neopentecostais crêem, e recebem o batismo e os dons do Espírito, os tradicionais, não... Porém, os três movimentos crêem que a salvação é apenas crendo em Jesus Cristo como Salvador e Senhor.

Como alguns dizem: maior é a semelhança que une a cristandade do que a diferença que a separa.

E.A.G.

O artigo está liberado para cópias, desde que citados o link (HTML) do blog Belverede e o nome do autor.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Isaías 46.10 dá base aos calvinistas para refutar o livre-arbítrio?


“Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade" – Isaías 46.10.

Esta epígrafe não vai contra a soberania de Deus, como alguns demonstram entender. Aliás, o versículo endossa exatamente o contrário. É o que procuraremos mostrar mais abaixo, pontuando dentro do capítulo 46 do livro de Isaías.

Antes, é preciso deixar claro que levamos em alta consideração o fato de o Criador ser soberano, que a todos nós como criaturas Ele dispensa aos seres humanos duas situações. Estamos debaixo da vontade e da permissão dEle. Dentro da soberania divina, Deus.

Sob a vontade divina, não temos condições de deixar de responder pelas consequências de nossas escolhas. Ao fazer uso do livre-arbítrio são geradas consequências espirituais. É a lei da semeadura, colhemos o que plantamos! O resultado final de tudo é o céu ou o inferno. Estes dois destinos é a estipulação da vontade absoluta de Deus para toda a humanidade, não há como ir para outro lugar diferente destes, ou é um ou é outro.

Sob a permissão divina, nós vivemos fazendo escolhas dentro da condição de liberdade concedida por Ele. Somos livres para escolher fazer o bem ou o mal, e Deus sabe o que escolheremos amanhã, daqui um ano... Ele nos deixa seguir a direção que queremos ir. Essa situação não significa que Ele determinou que assim acontecesse conosco (não é a vontade absoluta dEle, é a nossa vontade em ação).

Entendemos que o livre-arbítrio não toca na autoridade do Criador, pois a liberdade de escolha que todo ser humano tem foi criada liberalmente por Ele. Deus quis nos dar o direito de escolhas. A liberdade de iniciativas que temos é a vontade dEle para nós!

Se o ser humano opta por não fazer o bem, a não adorar a Deus, e rouba, assalta, mata, estupra, mente, dissimula, trai, e comete outros pecados, faz tudo isso debaixo da permissão divina. A soberania dEle continua intacta, porque Ele concedeu liberdade de escolhas para todos. Mas, que fique claro que a vontade dEle não é que pequemos, quer que O amemos acima de tudo e todos e ao semelhante como a nós mesmos.

Nos treze versículos do capítulo 46, do livro de Isaías, duas vezes há um pedido de Deus ao homem: ouve-me! (versos 3 e 12) Isto denota que o ser humano tem liberdade para não ouvi-lo. O capítulo 46 trata do caso de judeus que ESCOLHERAM fazer ídolos ao invés de adorar ao Senhor, e Ele apela para que se convertam desse grande erro. Caso passem a ouvir, serão abençoados.

E.A.G.

sábado, 10 de abril de 2010

O LIVRE ARBITRIO E O CORAÇÃO DURO DE FARAÓ

Deus não tem seus prediletos.

Quando Moisés solicitou ao monarca egipcio para deixar o povo judeu partir, Deus deu a ele a opção de entrar para a História de uma maneira diferente. O rei do Egito teve liberdade de escolha, em não endurecer o coração contra a vontade divina.

Vemos que o endurecimento do coração dele não foi o suficiente para imperdir que a vontade divina prevalecesse.

A Bíblia ensina que Deus é justo e imparcial (Salmo 111.7);

A Bíblia declara que Deus não tem prazer na morte do ímpio (Ezequiel 18.23);

A Bíblia declara que Deus deseja que todos os homens sejam salvos (1ª Timóteo 2.4).

Faraó não foi uma vítima fatal de Deus.

Ele não foi arrastado para a desobediência, não esperneou e nem gritou contra a decisão de oprimir os judeus e tentar mantê-los na escravidão, ele queria a mão-de-obra gratuita, via-os como instrumento para alcançar suas ambições.

Ele se opôs a vontade de Deus por iniciativa própria.

"Porque a Escritura diz a Faraó: Para isto mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder..." - Romanos 9.17 a.

A palavra traduzida por "levantei" não significa, no idioma original, "criar". É "ficar em pé", é "permanecer".

Vemos que Deus manteve Faraó no poder, com vista a fazer dele instrumento de anunciação de seu poder ao povo israelita. Quando Moisés pediu-lhe para libertar os judeus, ele escolheu endurecer o coração quando poderia ter optado em deixá-lo partir.

A Bíblia diz "em ti mostrar o meu poder", não diz que Faraó estava predestinado à ser condenado.

Faraó não foi joguete nas mãos de Deus.

O fim que ele teve foi merecido, pois agiu com a liberdade de escolha.

Mesmo que alguns textos bíblicos, no primeiro lance de leitura, levem a crer que os acontecimentos, e a reação de Faraó diante destes acontecimentos, não foram reações inteiramente suas, o contexto bíblico mostra que o endurecimento do coração de rei egípcio ocorreu de diferentes maneiras e momentos por iniciativa pessoal.

Nove passagens bíblicas mostram que o próprio Faraó endureceu seu coração: Êxodo 7.13, 14, 22; e, 8.15, 19, 32; e, 9.7, 34, 35.

Somente na sexta praga do Egito é que lemos, com clareza que Deus endureceu o coração de Faraó. E podemos concluir com isso que existe perigo em resistir a vontade do Senhor, a rebeldia obstinada nos conduz ao castigo de nossas próprias escolhas. Foi isso que o apóstolo Paulo explicou em Romanos 1.24, 26, 28. Deus entrega o homem às suas paixões pecaminosas, e o pecado leva à morte.

E.A.G.

Consultas: A Bíblia de Estudo Vida (Editora Vida); Manual Prático de Teologia - Eduardo Joiner (Editora Central Gospel).