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sexta-feira, 26 de julho de 2019

A fornalha de fogo de Nabucodonossor não queima servos de Deus


Nabucodonosor foi rei da Babilônia (605-562 a.C.), frequentemente referido pelos profetas Jeremias, Ezequiel e Daniel, bem como na história dos últimos dias do reino de Judá. Seu nome em hebraico é a transliteração do babilônico, que talvez signifique "Nabu protegeu os direitos de sucessão".

sábado, 27 de dezembro de 2014

O tempo da profecia de Daniel

Por Eliseu Antonio Gomes

Aos leitores de Belverede, professores e alunos de Lições Bíblicas, a todos aqueles que amam a Deus, é necessário declarar que chegamos até aqui com a mente aberta ao fato de que em relação às questões proféticas existem "opiniões diferentes" e tudo que conhecemos é "em parte".

Por este motivo,  a Bíblia nos orienta:

"Cada um tenha a sua opinião muito bem definida em sua mente..." - Romanos 14.5.

"... nada julgueis antes do tempo" - 1 Coríntios 4.5.

O capítulo 12 de Daniel apresenta dois mundos: o material, ao abordar a libertação de Israel, e o espiritual, ao mostrar a atuação dos anjos.

Em Daniel 12.1, lemos "naquele tempo", anunciando a ajuda de Miguel (já citado em 10.13,21). A expressão se refere ao período da Grande Tribulação, se aplica ao começo e o término do conflito mencionado no capítulo anterior. Embora a função do anjo seja proteger, a profecia anuncia que ele não livraria o povo de Deus de ter que suportar o sofrimento, apenas que ele os livraria em meio ao sofrimento (Marcos 13.9; Apocalipse 12.7).

O esclarecimento de Daniel 12.2. O texto refere-se em primeiro plano à guerra entre Antioco Epifânio e os judeus macabeus, mas também estende-se ao fim dos tempos, quando o Anticristo travará guerra com os judeus no período da Grande Tribulação. Nestes dois momentos da História, a perseguição é de maior desconforto aos indecisos, faz com que eles se posicionem, é momento quando são obrigados a entrarem claramente em acordo com o regime pagão/anticristão ou provem que são realmente fiéis à aliança com Deus.

A ressurreição dos mortos. Uma das maiores dificuldades dos discípulos de Jesus foi a de entender que o Reino de Deus não era deste mundo. Não por acaso, quando Jesus partiu para ser crucificado seus discípulos o abandonaram. Eles não suportaram a decepção de ver o representante "do reino de Israel" morrer sem estabelecê-lo na Terra. Os discípulos só compreenderam a mensagem de Jesus depois de caminhar três anos com Ele e após sua ressurreição.

O segundo versículo do capítulo 12 de Daniel é a revelação mais clara da doutrina da ressurreição dos mortos no Antigo Testamento: "E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno". O texto descreve o resultado final da luta tanto de piedosos quanto de ímpios, que serão mortos, ficando entre os que dormem no pó da terra (Gênesis 3.19; Salmo 22.29). A razão do profeta usar o verbo "dormir" em lugar de "morrer" é para nos aproximar da ideia da ressurreição daqueles que deixaram de existir na esfera física. A palavra "muitos" no hebraico (habbîm) não é um paralelo com o sentido no idioma português, tende a significar "todos", como em Deuteronômio 7.1; Isaías 2.2. Esta citação nos lembra que é Cristo que trouxe à luz a vida e a incorrupção (2 Timóteo 1.10). 

As Escrituras Sagradas afirmam que os justos e os injustos que foram mortos serão ressuscitados para estar diante do Senhor.  Muitos crentes têm dificuldade de entender a ideia da ressurreição do corpo no Antigo Testamento (Confira em: Jó 19.25-27; Daniel 12.1-3). Apesar disso, a Bíblia confirma a realidade da ressurreição tanto no Antigo quanto no Novo Testamento (ver: Mateus 22.23-32; João 6.39, 40, 44, 54; Atos 17.18; 24.15; 1 Coríntios 15.17, 22; 2 Timóteo 2.18).

A doutrina da ressurreição de Jesus e do corpo é o fundamento da fé cristã e da esperança da Igreja. A ressurreição de Cristo dentre os mortos confirma e renova a nossa esperança que Ele voltará.

Daniel 12.3: "os sábios resplandecerão como o fulgor do firmamento". Não há razão para restringir o termo "sábio" aos heróis martirizados na guerra macabéia (11.35). O termo sábio (maskilîm) tem a mesma raiz do verbo "entender". O entendimento é dado por Deus e deve ser passado adiante a outros, os cristãos devem dar cuidadosa atenção às Escrituras Sagradas, no discurso e na prática, pois Bíblia contém a sabedoria de Deus (Daniel 9.22; 11.33).

Daniel 12.4: "fecha essas palavras e sela este livro". Encerrar implica em guardar a salvo até o tempo em que o conteúdo for necessário. Selar tem os sentidos de autenticar e preservar intacto. No caso de uma tabuinha, deveria ser colocada dentro de uma espécie de "envelope" de barro selado no qual era sumariado o seu conteúdo, na hipótese de falsificação a cobertura de barro poderia ser quebrada para uma verificação (Jeremias 32.11, 14). No caso de rolos de papiro. selar então implicava em fazer cópias, deixando apenas uma aberta e as outras guardadas do conhecimento geral, tal qual fez Isaías ao guardar o seu ensino dentro do círculo de seus discípulos (Isaías 8.16).

Não se pretende dizer que a selagem do livro de Daniel fosse literal, pois não há informação que a profecia de Isaías tenha sido guardada em segredo no sentido dela ter sido escondida, em proibição de lê-la, e nem que os últimos quatro capítulos de Daniel fossem tratados de modo diferente do restante do livro.

A multiplicação da ciência refere-se ao aumento sobre o conteúdo expresso da profecia de Daniel, não tendo relação alguma com o avanço da ciência formal. Deus revelou seu propósito aos profetas, porém, estes não deveriam colocar a revelação pendurada em cartazes para que todos pudessem ver. Aqueles que procurarem ao Senhor na Palavra o procurarão no lugar certo, e se se mantiverem firmes na fé o encontrarão  (Jeremias 29.13; Amós 8.12).

Verso 7: a figura celeste levanta as duas mãos e emite promessa de que todos os detalhes da profecia seriam cumpridos. Era usual ao prestar um juramento solene que se levantasse apenas uma das mãos (Gênesis 14.22; Êxodo 6.8; Ezequiel 20.5). Levantando as duas mãos, o mensageiro deu a Daniel a plena garantia da verdade de tudo que havia afirmado.

Os anjos são espíritos ministradores, eles agem em favor de Israel e da Igreja de Cristo, desde os tempos bíblicos aos dias de hoje, agirão com este mesmo objetivo também no futuro.

Em 12.8-9, Daniel deixa transparecer sua humildade. Ao relatar estar confuso o profeta demonstra ser humilde. Inúmeras vezes o orgulho impede pessoas de aprender porque não permite-lhes que perguntem, para que transpareça saber mais do que sabem.

Daniel viu e não entendeu, queria entender o significado pleno da revelação e então sentiu a necessidade de perguntar e perguntou: "Senhor meu, qual será o fim dessas coisas?" Ao passo que não obteve resposta clara: "Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até o tempo do fim." A profecia deveria ser fechada e selada, então o significado não é explicado ao profeta. Diante do exemplo, nos resta reconhecer a nossa finitude quanto àquilo que não sabemos.

É importante considerar que uma palavra profética pode não significar nada ao ouvinte, até que seu conteúdo se cumpra. A palavra profética não supre informações antecipadas a partir das quais seja possível elaborar projetos a partir dela.

Versículos 10 a 13: o fim dos dias é a  ocasião em que Deus fará com que o seu Reino triunfe sobre todos os poderes do mal. O simbolismo numérico, típico do livro, cria uma informação enigmática para os diversos intérpretes da obra de Daniel.

O profeta termina descrevendo um tempo de angústia, sofrimento, genocídios e atrocidades perpetradas por ímpios que não conhecem a Deus e não respeitam a dignidade humana. Porém, em meio ao caos descrito há promessa de intervenção divina na História. "Muitos serão purificados, e embranquecidos, e provados; mas os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão" - Daniel 12.10.

Jesus Cristo voltará. O castigo dos ímpios, o estado eterno de justiça, você crê nessas promessas? Diante dessas perguntas temos que manter a consciência de que vivemos em um período materialista e consumista cujo objetivo é nos afastar da vontade de Deus.

O regime vigente é um sistema dirigido pelo príncipe deste mundo, antecede ao ambiente do governo do Anticristo. Nos  dias atuais, em muitas situações parece que o povo que serve a Deus vive em condições de derrota. Porém, o crente que em meio aos falsos profetas, iniquidades e falta de amor, perseverar em fé e fidelidade ao Senhor até o fim será salvo, porque o nosso Deus é o dono da História ((Jeremias 29.13; Mateus 11.28; 24.13).

São bem aventurados todos os que esperam no Senhor e atendem ao chamado de Jesus. Todas as pessoas que ainda não confessaram seus pecados não tiveram seus pecados perdoados e portanto ainda não são filhos do Pai Celestial, portanto precisam aproximarem-se da graça de Deus e seguirem a Jesus para serem salvas da perdição eterna. E todas as pessoas que já aceitaram a Jesus como Senhor, são propriedades de Jesus e precisam segurarem-se firmes na graça do Senhor até o fim de sua existência neste mundo, ou até o advento do Arrebatamento da Igreja.

Conclusão

As profecias escatológicas não foram escritas com o objetivo de causar pânico aos leitores, mas trazer esperança. Elas mostram que Deus é Onipotente, Onisciente e Onipresente, é amor, jamais abandonará os crentes fiéis,  e nunca será pego de surpresa por qualquer fato histórico.

"Tu, porém, vai até ao fim; porque descansarás, e te levantarás na tua herança, no fim dos dias" -Daniel 12:13. O profeta estava idoso, era natural que estivesse cansado e apreensivo quanto ao futuro diante das revelações que recebera. O último versículo do livro são palavras de conselho e encorajamento: ir até o fim de sua existência neste mundo vivendo em confiança em Deus.

E.A.G.

Postagem paralela: Bondade e justiça de Deus no juízo final

Compilações em:
As profecias de Daniel - Perspectivas de futuro, Norbert Lieth, página 236,  edição 2014, porto Alegre (Actual Edições) 
Ensinador Cristão, ano 15, página 42, outubro-dezembro de 2014, Rio de Janeiro (CPAD). 
Lições Bíblicas - Mestre, Elienai Cabral, 4º trimestre de 2014, páginas 90 e 91, 93, 95, 96  Rio de Janeiro (CPAD). 
Daniel - Introdução e Comentário, Joyce G. Baldwin, páginas 215, 216, 218, 220; 1ª edição 1983, reimpressão 2008, São Paulo (Vida Nova) . 

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Um tipo do futuro Anticristo

Por Eliseu Antonio Gomes

Johann Wolgang von Göethe escreveu certa vez o seguinte: "A humanidade progride cada vez mais, mas o homem continua sempre o mesmo. Se eu deixasse a minha vida correr livremente, sem restrições, destruiria a mim mesmo e ao ambiente ao meu redor". E, em outra ocasião alguém disse: "Humanidade sem Deus se transforma em bestialidade."

Daniel 11.1-3; 21-23; 31, 36

O capítulo 11 representa o ápice do cumprimento da profecia bíblica. Traz a predição a respeito da queda do império medo-persa, a ascensão do império grego e a sua posterior divisão em quatro partes, enfatizando  a figura déspota, cruel, vingativa, opressora, de Antioco Epifânio. De acordo com os estudiosos da linha dispensacionalista, até o versículo 35, encontramos a exata descrição deste ditador.

O décimo primeiro capítulo de Daniel  apresenta o Deus verdadeiro, entronizado, que estava presente no início do tempo e estará presente quando este não mais existir e pode declarar com justiça ser capaz de "anunciar as cousas futuras, as cousas que hão de vir" (Isaías 44.7).

A pausa de comunicação

Quando terminamos a leitura do Antigo Testamento e viramos a página ao Novo Testamento, não imaginamos o decurso de tempo que existe entre os livros Malaquias e Mateus. Existe um espaço de 4 séculos, período interbíblico em que o Senhor não falava com a humanidade.

Mas nesta temporada de silêncio acontecimentos proféticos se cumpriram: houve o retorno dos judeus do cativeiro e foi o período em que surgiu na história o imperador Antioco IV Epifânio, que presunçosamente declarou-se um ser divino. Epifânio significa "deus manifestado".

O perfil de um terrível ditador: o caráter traiçoeiro, astuto e enganador do imperador da Síria

Antioco IV Epifânio  foi um governante que fez da religião o seu principal instrumento para impor sua vontade, precipitando assim um conflito entre consagração ao único Deus, revelado ao seu povo, e o modo de vida baseado na sabedoria do mundo, inescrupuloso. Tinha obsessão pela sua importância própria, que é provado de modo conclusivo pelas moedas que mandou cunhar. No primeiro período de seu reinado, elas apresentavam seu próprio retrato e a inscrição "Rei Antioco", depois, houve a adição de símbolos tais como estrela e a sentença "deus manifestado".

Ele é considerado por muitos o Anticristo, mas pelos estudiosos da Palavra de Deus apenas prefigura o Anticristo que há de vir. Entrou aos anais da história como o personagem perverso que arrasou Jerusalém. A cidade de Antioquia, atual Antakya na Turquia, ganhou este nome devido à predominância do poder político de Seleuco, antepassado deste déspota, cuja família teve muitos membros com o nome Antioco.

Antioco fez parte da Dinastia Selêucida, foi governante da Síria entre 174 a 165 a.C. Após seu pai perder uma batalha para Roma, viveu 14 anos exilado em Roma e com acordo do senado romano passou a reinar na Síria. De posse do poder, tentou cercar Alexandria mas foi impedido por Roma. Adotou o ideal de Alexandre Magno, que tinha o objetivo de levar e difundir a cultura grega aos territórios que conquistava e com esta disposição política oprimiu a Palestina, com o objetivo de helenizar o povo de Deus, fazê-los falar e viver como os gregos.

Para expandir a helenização, Antíoco construiu uma instituição para educação de jovens judeus de acordo com os modelos da cultura grega, confiou a direção ao Sumo-Sacerdote Jasão. Algum tempo depois, aceitou suborno de Menelau e o nomeou ao cargo no lugar de Jasão.

Nesta época o posto de Sumo-Sacerdote havia deixado de ser uma instituição nomeada por Deus. Era uma instituição marcada pela conquista do poder pelo poder, uma situação que continuou até a geração do ministério terreno de Jesus e o levou à crucificação.

A troca de Jazão por Menelau gerou revolta dos judeus. Houve uma guerra liderada por Jasão, seu exército apoderou-se de toda Jerusalém, matando partidários de Menelau. Aproximadamente três anos depois, Antioco retomou a cidade e reempossou Menelau à função de Sumo-Sacerdote.

Nesta retomada, massacrou muitos judeus, deixou Jerusalém sob controle de soldados, proibiu que os israelitas observassem o shabbat, interferiu nos hábitos alimentares da cultura judaica, não permitiu a prática da circuncisão, saqueou e profanou o Templo ao entrar e erigir em seu interior uma estátua do deus grego Zeus e cometer o extremo sacrilégio de sacrificar porcos sobre o altar.

Essas ações provocaram grande revolta, sob a liderança de Matatias e os seus filhos Macabeus, os judeus conseguiram expulsar Antioco de Jerusalém. Conforme previsto pelo profeta Daniel , em 11.45, Antioco morreu sem socorro de qualquer pessoa. E segundo Políbio, geógrafo e historiador da Grécia antiga, estando ele na Síria decidiu fazer uma expedição contra o santuário de Artemis, em Elimas, para retirar dali todo o dinheiro para si; no local, tribos bárbaras não permitiram a violação, e veio a morrer em Tabe, na Pérsia acometido de loucura.

As profecias, os estudos e a aplicação pessoal

Por que exércitos haveriam de marchar sobre a Judéia fazendo pressão extrema sobre o povo de Deus e destruindo tudo que este povo se apega com dedicação? Estudar fatos históricos de um povo, saber quem foi Antioco, ajuda entendermos completamente a profecia de Daniel (11.1-36). Fazer isso é uma tarefa importantíssima. Através do conhecimento compreendemos a relevância da profecia, sabemos através de prognósticos bíblicos que o curso da história está sob a direção de Deus, o Senhor dirige a história para que sua soberana vontade seja exercida na vida dos crentes, faz com que seus propósitos se cumpram, especialmente em relação a aliança estabelecida com Israel.

Conclusão

A profanação do Templo dos judeus por Antioco, as intenções de incutir no coração dos judeus o modo de vida dos gregos, suas conquistas ditatoriais, bestialidades, crueldades, imoralidades, dão uma noção da maneira que o Anticristo agirá no futuro, no período da Grande Tribulação. O passado reflete o que haverá futuramente, mas em proporções maiores, quando o Anticristo fará um brutal ataque contra a santa aliança, respaldado em um apoio internacional tão grande que toda oposição a ele será sem efeito.

O cenário de terror apresentado na profecia nos conduz a falar do ponto de vista do Novo Testamento, eu posso dizer a você: Deus observa sua vida, espera que entregue seu coração por inteiro para Ele, recusando as propostas deste mundo. Pondere sobre isso e aproveite o tempo da graça e confesse seus pecados ao Senhor Jesus Cristo e aceite a reta justiça divina, porque somente assim a sua felicidade eterna estará garantida. Quem assim proceder, estará livre das angústias que haverá na terra quando o Anticristo se manifestar no período da Grande Tribulação.

Deus sempre será Deus sejam quais forem as pretensões humanas ou do inimigo de nossas almas.

E.A.G.

Consultas:
As profecias de Daniel - Perspectivas de futuro, Norbert Lieth, páginas 85, 92 edição 2014, porto Alegre (Actual Edições). 
Atlas da História do Mundo, paginas 70, 72, 133, 4º edição por Geoffrey Parker, São Paulo, (Folha de São Paulo / Times Books)
Daniel - Introdução e Comentário, Joyce G. Baldwin, páginas 203, 210, 213, 1ª edição 1983, reimpressão 2008, São Paulo (Vida Nova) . 
Wikipedia, http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%ADoco_IV_Epif%C3%A2nio 
Wikipedia, http://pt.wikipedia.org/wiki/Antioquia 

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

O homem vestido de linho

Por Eliseu Antonio Gomes

Ocasião, tempo, maneira, lugar e duração

O capítulo 10 do Livro de Daniel se inicia com a última visão que o profeta teve.

Daniel já era um homem idoso, estava com aproximadamente 90 anos de idade, quando Deus levantou o véu e mostrou-lhe partes da realidade do mundo invisível - os conflitos entre inteligências super-humanas, boas e más, num esforço por controlar os movimentos das nações, algumas das quais agindo para proteger o povo de Deus.

Homem de oração, recebeu a revelação (registrada em 10.1-6, 9-10, 14) após o decreto de Ciro, que autorizou 40 mil exilados judeus voltarem à Palestina (536 a.C.). Naquela época, já havia se passado dois anos que os judeus podiam retornar da Babilônia e da Pérsia à sua terra para reconstruir a cidade e o templo. Não temos a informação do motivo de Daniel não ter retornado com seu povo, mas supomos que permaneceu naquela região por vontade divina para manter-se em condições de receber visões sobre os tempos finais.

O fato do profeta receber a visão às margens do rio Hidéquel (rio Tigre) é significativo, porque nesta região vivem os grandes inimigos de Israel: o Irã e o Iraque (Pérsia e Babilônia), países islâmicos que representam um grande perigo para Israel.

Em 10.4, Daniel escreve "e no dia vinte e quatro do primeiro mês Nisan ..." (março/abril). É uma data significativa para o profeta, pois era o tempo da celebração da Páscoa em Israel, a festa em que era lembrado como Deus havia livrado os judeus da escravidão egípcia.

O profeta estava muito triste, provavelmente, por estar exilado e sentir o peso do impacto da revelação acerca das últimas coisas. Não sabemos o motivo real que trouxe tamanha tristeza e dor ao coração do profeta, porém, sabemos que ele não se deixou abater por sua melancolia e continuou dedicado a orar e jejuar buscando o socorro divino. E desfaleceu. Diante do desfalecimento, Deus enviou um anjo para confortá-lo e reerguê-lo, com o recado de que o amava muito (10.12).

Deus e a consagração de seus servos

Os capítulos de 10 a 12 formam um conjunto, eles esclarecem que:

• atrás da história humana existem inteligências sobrenaturais boas e más, em conflito;
• a oração do crente cumpre positivamente um papel importante no conflito;
• Deus está interessado na terra e os anjos trabalham em favor dos homens;
• Deus revela o futuro, para que o seu povo não fique amedrontado e confuso.

O homem vestido de linho

A narrativa enfatiza por toda a sua extensão a figura de uma pessoa,  enfoca a humanidade do mensageiro, que é angelical,  magnífica, singular, literal, e destaca a humanidade do mensageiro. A descrição é diferente de todas as figuras de linguagem que ilustra o próprio Deus (10. 16, 18; 12. 6-7). Suas vestes eram de linho, o tecido que se confeccionava as vestes sacerdotais. Seu corpo estava acima de todas as descrições e sua voz era tal qual o som de uma multidão.

A visão de Daniel acerca do homem vestido de linho é semelhante a que o profeta Ezequiel teve (Ezequiel 1.26)  e o apóstolo João na ilha de Patmos (Apocalipse 1.12-20). A revelação, através do encontro direto com a deidade, pode ter sido uma teofania, a manifestação ou aparição do Senhor. Acredita-se que, de forma teofânica, assim como Ezequiel e João, Daniel tenha visto a segunda Pessoa da Trindade, o Senhor Jesus Cristo pré-encarnado. O texto fortalece a ideia de que era Jesus pelas características esplendorosas do personagem.

Teofania e angelofanias

Uma teofania significa Deus manifestando-se, tomando formas distintas para falar com o homem. Na Bíblia, temos teofanias, manifestações de Deus, e temos angelofanias, manifestações angelicais. Geralmente, essas manifestações são com formas humanas.

A natureza dos anjos

Os anjos não são simples figuras de retóricas, não são coisas e nem invencionices de teólogos.

• São criaturas, foram criados por Deus.  Antes da criação da humanidade eles existiam. Eles ministram por ordem divina, estiveram envolvidos com o futuro de Israel no Antigo Testamento e estão envolvidos com o futuro da Igreja no Novo Testamento. Sendo criados por Deus, rejeitam adoração, e em hipótese alguma devemos adorá-los (Apocalipse 19.10; 22.8, 9). Infelizmente muitos têm propagado uma falsa crendice acerca dos anjos, tirando o foco da glória que devemos dar exclusivamente ao Criador.
• Eles são seres espirituais ajudadores. Por isso não são limitados ao tempo e espaço que conhecemos e vivemos. Têm o poder de assumir forma humana a fim de comunicarem-se ao sentido dos homens (Gênesis 19.1-3).
• São seres pessoais, distintos da raça humana, não têm sexo, são diferenciados na finalidade da criação, sem a capacidade procriativa que Deus deu apenas aos seres humanos (Lucas 20.30, 35-36; Hebreus 1.4; Salmos 148.5).
• São imortais. Jesus Cristo explica em Lucas 20. 34-36 que os ressuscitados no último dia serão iguais aos anjos, nunca mais morrerão.
• São numerosos e presentes nas narrativas da Bíblia. As Escrituras nos informam que o número de anjos é grande: milhares serviam a Deus (Daniel 7.10); um exército celestial com mais de doze legiões (Lucas 2.13; Mateus 26.53).

Os anjos rebelados

Deus separou os santos anjos daqueles que pecaram seguindo a Lúcifer em sua rebelião, usou como base o amor e lealdade que se deve prestar a Ele (Mateus 25.31; Marcos 8.38; 2 Pedro 2.4; Judas 6; Isaías 14.12-17; Ezequiel 28.12-19).

Os anjos malignos, também chamados de demônios, dos quais Satanás é o príncipe (João 12.31; 14.30; Efésios 2.2; 6.12), se opõem aos bons (Daniel 10.13), perturbam o bem-estar do homem, às vezes adquirindo o controle que Deus tem sobre as forças da natureza (Jó 1.12-19) e as doenças (Jó 2.4-7; Atos 10.38). Eles tentam o homem para pecar (Gênesis 3.1-7; Mateus 4.3; João 13.27; 1 Pedro 5.8) e espalham falsas doutrinas (1 Reis 22.21-23; 2 Corintios 11.13-14; 2 Tessalonicenses 2.2; 1 Timóteo 4.1).

A liberdade que os demônios têm para tentar e testar o homem está sujeita a vontade permissiva de Deus (Jó 1.12; 2.6). Serão lançados à terra por Miguel e seus anjos antes da Grande Tribulação (Apocalipse 12.7-9) e depois lançados  no lago de fogo e enxofre para lá permanecerem para sempre(Mateus 25.41).

Conclusão

Aprendemos uma grande lição com a experiência de Daniel. No mundo temos uma guerra espiritual acontecendo sobre as nossas cabeças. Trata-se de uma guerra invisível. Mas podemos permanecer tranquilos porque temos na Palavra de Deus uma promessa de vitória.

Deus tem uma aliança com Israel e a cumprirá, porque Ele é imutável e cumpre suas promessas. Quanto à Igreja de Cristo, os mesmos espíritos do mal operam e hostilizam a igreja e aos crentes em particular. Quando oramos, entramos em batalha contra as potestades do mal (Efésios 6.12). Israel tem o seu ajudador especial da parte de Deus. A igreja, também, é protegida pelos anjos dos ataques satânicos.

E.A.G.

Compilações:
As profecias de Daniel - Perspectivas de futuro, Norbert Lieth, páginas 189-192, edição 2014, porto Alegre (Actual Edições). 
Daniel - Introdução e Comentário, Joyce G. Baldwin, páginas 190, 191, 1ª edição 1983, reimpressão 2008, São Paulo (Vida Nova) .  
Integridade Moral e Espiritual - O legado do livro de Daniel para a Igreja Hoje, Elienai Cabral, páginas 137-148, 1ª edição, 2014, Rio de Janeiro (CPAD).
Lições Bíblicas - Mestre, Elienai Cabral, 4º trimestre de 2014, páginas 76-78, Rio de Janeiro (CPAD).
Manual Bíblico - Henry H. Halley,  página 97, impressão de 1988 (Edições Vida Nova).

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

As setenta semanas de Daniel


Por Eliseu Antonio Gomes

O capítulo nove de Daniel é um dos mais controvertidos e especulados da Bíblia. Quantas datas foram marcadas para a vinda de Jesus a partir desse capítulo? Quantas pessoas pensaram que o Anticristo foi Hitler? Ou o Papa? Tudo a partir da leitura deste capítulo.

Encontramos no capítulo nove a terceira visão das revelações a respeito do tempo do fim, onde de maneira direta e através do anjo Gabriel o profeta Daniel recebeu de Deus tais informações. Tudo o que é descrito nesta passagem não tem relação com a história mundial ou com a história da Igreja, mas trata exclusivamente de Israel e de Jerusalém.

Ao escrever, o autor tem em mente o primeiro ano do império persa, 539 a. C., mencionado em Esdras 1.1 como o primeiro ano de Ciro.

As duas divisões do capítulo

1. A oração do profeta (9. 2-19)

É importante considerar que pela primeira vez no livro é a iniciativa de Daniel que ocasiona uma revelação.

Daniel leu os textos de Jeremias 25.11 e 29.10 e tomou ciência que haveria um intervalo de setenta anos antes da restauração do santuário, entendeu que o exílio na Babilônia duraria este período e, calculou que o tempo já estava quase passado. Ele reconheceu que a restauração dependia do arrependimento nacional, de modo que intercedeu pessoalmente por Israel, embora não exista registro que fosse sacerdote.

Em sua penitência e petições, jejuou e orou com a intenção de confirmar a profecia de Jeremias, humilhou-se perante o Senhor, confessando os pecados do povo e incluindo-se como um dos pecadores, implorou que se manifestasse a misericórdia divina. Pediu especificamente pela restauração de Jerusalém e do templo (9.3-19), fazendo menção da escravidão dos judeus no Egito e da intervenção de Deus possibilitando que os judeus ficassem livres das mãos de Faraó.

2. A resposta de Deus através do anjo (9.20-27)

Diante da disposição do profeta em buscar os desígnios de Deus com humildade e sinceridade, o anjo Gabriel surge a Daniel com o objetivo de satisfazer sua sede de conhecimento da vontade do Senhor.

A mensagem dada através de Daniel toma por garantida a reconstrução do santuário e reinterpreta os setenta anos para fazê-los aplicáveis ao período posterior, do qual o oitavo capítulo 8 fez abordagem.

Aparentemente, ele esperava o cumprimento imediato e completo da restauração de Israel com a conclusão do cativeiro dos setenta anos, mas a resposta esclareceu a ele que a restauração de Israel seria progressiva e se cumpriria definitivamente no tempo do fim.

As setenta semanas (9.24)

O relato de Daniel deixa implícito que estes anos de desolação estavam cumprindo alguma função, e tinham de transcorrer antes que qualquer nova construção tivesse lugar. Setenta anos era o termo fixo da indignação divina (Zacarias 1.12), descrito em 2 Crônicas 36.21 como "os dias em que a terra cumpriu os sábados, até se completarem setenta anos". A compreensão ritual do termo o leva além da esfera meramente numérica.  dando-lhe um significado ético e teológico. Existem várias formas de se contar o período de exílio, nenhuma das quais chega a um número exato de setenta anos. O ponto importante é que a restauração marcava a aceitação por parte do Senhor, que, restaurando o Seu povo de volta à sua terra, demonstrava assim tê-los perdoado e restabelecido (Isaías 40.1).

A profecia de Jeremias ganha um sentido maior depois que Daniel descobriu que o exílio de Israel duraria setenta anos. Não se tratava de um tempo aleatório, mas, de fato, significava um tempo especial que envolveria o seu povo Israel. O número setenta ganha um significado escatológico, para descrever na linguagem bíblica fatos futuros. Cada dia da semana significando um ano, e assim, cada semana ganha a representação de um período de sete anos. Portanto, as setenta semanas compreendem a 70 x 7 = 490 anos.

A contagem dessas setenta semanas, determinadas por Deus (9.24), teria seu início a partir do decreto de Artaxerxes, promulgado em 445 a.C.

A profecia divide as setenta semanas em três períodos distintos:

1. O primeiro período de sete semanas, é equivalente a 49 anos, ou seja, sete períodos de sete anos.

2. O segundo tempo seria de sessenta e duas semanas. Interpreta-se 62 x 7 = 434 anos. Essas sessenta e duas semanas, somas às sete primeiras semanas, chegariam ao tempo da restauração de Jerusalém até a vinda do Messias.

3. O terceiro período,  denominado como "o de grande tribulação" (9.27), implica em uma semana, ou seja, sete anos, quando haverá uma invasão do Anticristo e se iniciará um tempo extremamente difícil para o povo judeu.

Os três príncipes

O esclarecimento do anjo Gabriel sobre as setenta semanas cita três personagens:

O primeiro é chamado de Messias (9.25), que aparecerá depois que as 62 semanas estiverem cumpridas, trata-se de Jesus Cristo.

O segundo príncipe é aquele que aparecerá posteriormente e destruirá a cidade e o santuário (9.26), refere-se, especificamente, a Tito, que com suas milícias romanas entrou em Jerusalém no ano 70 d.C. e destruiu o templo, profanando o santuário e desterrando completamente o povo judeu. Depois dessa destruição, os judeus deixaram de ser um povo estabelecido como nação, espalhando-se pelo mundo inteiro.

O terceiro, surgirá no futuro, na última semana profetizada,e é dito que "destruirá a cidade e o santuário" (9.27). É mencionado em Daniel 8.23 como "o rei de cara feroz", o "homem do pecado" e "filho da perdição" por Paulo em 2 Tessalonicenses 2.1-8, e de anticristo por João (1 João 2.18).

Conclusão

Muitos comentaristas têm falhado em explicar o significado exato das  palavras contidas no texto de Daniel 9.24-27. Cabe a nós, leitores da Bíblia, orar e aplicar critérios coerentes de maneira mais consistente possível, analisar cuidadosamente as conclusões de outros e apresentar as sugestões quanto ao que poderia ser a solução mais provável para um problema complicado.

Daniel tinha o hábito de estudar os Livros e orar três vezes por dia. Graças a essa característica, soube encaixar os acontecimentos de sua época dentro da Palavra Profética, estava qualificado ao ministério da intercessão. Que a tomada de propósito de Daniel sirva a todos nós de estímulo para buscarmos a vontade do Senhor com inteireza de coração. Que tal qual ele, que decidiu se preparar  por meio de jejum e um período de oração em favor de Israel, tenhamos o objetivo de interceder em favor do próximo, do Brasil, demais nações e inclusive Israel.

Não é verdade quando se diz que os cristãos não devem se preocupar com as coisas que acontecem ao seu redor. Nós temos que observar os acontecimentos políticos e econômicos de nossa época à luz das Escrituras Sagradas. A Palavra de Deus nos desafia a olhar para os sinais dos tempos e esperar pelo encontro com o Senhor, assim como fizeram os profetas do Antigo e Novo Testamento.

E.A.G.

Compilações:
As profecias de Daniel - Perspectivas de futuro, Norbert Lieth, páginas 168, 176, edição 2014, porto Alegre (Actual Edições).
Daniel - Introdução e Comentário, Joyce G. Baldwin, páginas 172, 175, 1ª edição 1983, reimpressão 2008, São Paulo (Vida Nova) .
Ensinador Cristão, ano 15, página 41, outubro-dezembro de 2014, Rio de Janeiro (CPAD).
Integridade Moral e Espiritual - O legado do livro de Daniel para a Igreja Hoje, Elienai Cabral, páginas 128-130, 1ª edição, 2014, Rio de Janeiro (CPAD)..

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

O prenúncio do tempo do fim

Por Eliseu Antonio Gomes

O tempo do fim: há pessoas que têm arrepios quando ouvem tal expressão. Mas esta frase no Livro de Daniel não representa o fim do mundo, aponta ao período de tratamento de Deus com o povo de Israel, prenunciando a vinda de Cristo.

Por meio do contexto profético, a mensagem bíblica no oitavo capítulo de Daniel é de esperança, não há a perspectiva de terror, pois apresenta o triunfo do Reino de Deus.

Do segundo ao sétimo capítulos, Daniel usou o idioma aramaico, usado pelos gentios; a partir do capítulo 8 até o final do livro, o idioma usado pelo profeta passa a ser o hebraico, do povo de Deus, pois o assunto em foco dizia respeito ao povo judeu entre as nações gentílicas.

 Daniel 8.1

Verso 1. O ano terceiro do rei Belsazar seria 550/540 a.C., um ano muito significativo, em que Ciro rompeu com sua sujeição a Astíage, o medo, estabelecendo o estado conjunto dos medos e persas. Aquele que o Senhor tomara pela mão direita (Isaías 45.1) já estava inconscientemente desempenhando o papel que Deus lhe designara na história, e sem dúvida alguns dos exilados na Babilônia reconheceram este fato.

Versículo 3: O significado do carneiro é o advento do império medo-persa

Segundo a interpretação de Daniel, 8.21, os dois chifres representam reis da Média e da Pérsia, sendo o maior o persa, que dominava sobre a Média. O rápido progresso de Ciro durante dez anos, de 549 a 539, sugeria um carneiro marrando todo animal que se lhe opunha. Arremetendo com ímpeto em direção ao ocidente e ao norte, para dentro da Ásia Menor, ele sobrepujou a Babilônia, somente para capturá-la mais tarde, tomando as terras a sudoeste e a sudeste.

Versículos 5 a 8: a visão do bode e do carneiro

Os dois animais referem-se respectivamente aos impérios medo-persa e grego.

Eram dois os chifres do carneiro: um maior que o outro. O maior referia-se a Ciro, o persa; o menor, a Dario da Média. O carneiro provindo do oriente, defrontando-se com um bode que vinha do ocidente, deparou-se com um inimigo mais forte, chegando ao seu fim. O bode representava o império grego, e o grande chifre Alexandre Magno, o mais célebre conquistador do mundo antigo.

Alexandre Magno, também conhecido como Alexandre o Grande, era filho de Felipe da Macedônia, o qual fora educado aos pés do sábio Aristóteles. Ele nasceu na Macedônia em 365 a.C., possuía inteligência avançada para o seu tempo, e foi comandante perspicaz das milícias gregas, humilhou o império medo-persa sem compaixão, quebrou os dois chifres do carneiro, por volta de 331 a.C., sendo depois também quebrado ainda quando forte, morreu prematuramente de maneira misteriosa com a idade de 43 anos, no ano 323 a.C - e assim cumpriu-se a profecia que Deus deu a Daniel cerca de 200 anos antes do fato ocorrer.

A continuação da visão mostra quatro chifres notáveis substituindo o chifre quebrado, esses quatro chifres representam quatro generais que após a morte de Alexandre o Grande assumiram o governo grego, repartindo entre si o império do seu predecessor, cada um uma parte do que lhe coube, isto é, Macedônia, Ásia Menor, Síria-Babilônia, e Egito.

O versículo 9: o protótipo do Anticristo

O texto nos informa que dos quatro chifres surgiu um chifre menor. Este, refere-se a Antioco Epifanes, o rei da Dinastia Selêucida, que governou a Síria entre 174 e 164 a.C.

Diz o relato profético que "por ele foi tirado o sacrifício contínuo, e o lugar do seu santuário foi lançado por terra". Isto é, ele impediu que os judeus realizassem os sacrifícios diários, da manhã e da tarde, conforme perscritos em Êxodo 29.38-42. A palavra "lugar" é reservada para a "habitação de Deus" e o Templo (1 Reis 8.30; 2 Crônicas 6,20). O ataque ao lugar de culto a Deus é um ataque ao próprio Deus.

Devido a intensa crueldade e ignomínia de Antioco Epifanes, muitos estudiosos das Escrituras Sagradas o consideram como um tipo de Anticristo. Porém, enquadrá-lo como a personificação do Anticristo mencionado no Novo Testamento é apenas especulação. Contudo, o capítulo 8 do Livro de Daniel aponta para "o tempo do fim", refere-se à uma época escatológica, nos fazendo entender que a mensagem tem dupla referência profética. A conduta cruel e destrutiva de Antioco contra Israel no passado, representa perfeitamente a figura de um governante que surgirá no futuro, o Anticristo, que promoverá muitos males contra os israelitas e contra o restante da população mundial.

O espírito do Anticristo já opera no mundo. Entretanto, o povo de Deus deve se alegrar porque o nosso Senhor se relaciona com seus servos através do Espírito Santo. O povo escolhido é o conjunto de membros da Igreja de Cristo e pessoas, revestidas das armaduras celestiais, são  selecionadas para anunciar o plano da salvação a este mundo que desconhece Jesus Cristo.

Conclusão

Quando teve esta visão, o profeta tinha por volta de 90 anos de idade. Naturalmente, sua força física e emocional era fraca devido aos anos vividos, e ao deixar o estado de êxtase espiritual e passar ao natural, não tinha forças para permanecer em pé.  O conteúdo do que viu lhe tirou as forças físicas por algum tempo, impedindo que ele fizesse as coisas mais básicas (conferir versículos 11, 12, 27). Algo semelhante aconteceu com João na ilha de Patmos. Apesar disso, Daniel permaneceu lúcido e guardou segredo da revelação recebida, conforme orientação divina,

Para ninguém mais foi revelado o futuro como foi revelado ao profeta Daniel.

E.A.G.

Compilações:
Daniel - Introdução e Comentário, Joyce G. Baldwin, páginas 146, 147, 1ª edição 1983, reimpressão 2008, São Paulo (Vida Nova)
Ensinador Cristão, ano 15, página 40, outubro-dezembro de 2014, Rio de Janeiro (CPAD).
Integridade Moral e Espiritual - O legado do livro de Daniel para a Igreja Hoje, Elienai Cabral, páginas 115-125, 1ª edição, 2014, Rio de Janeiro (CPAD).
Lições Bíblicas - Mestre (Jovens e Adultos), Integridade Moral e Espiritual, Elienai Cabral, 4º trimestre de 2014, páginas 62-67,  Rio de Janeiro (CPAD).

sábado, 22 de novembro de 2014

Os impérios mundiais e o reino do Messias

Por Eliseu Antonio Gomes

Os estudiosos do Livro de Daniel dividem o livro em duas partes: histórica e profética. Os capítulos 1 a 6 o identificam como conteúdo composto de narrativa cuja predominância é classificada como histórica, mesmo contendo uma parte no capítulo 2 que é profética; e do capítulo 7 ao 12 o que predomina são as profecias, recebidas por Daniel em formas de visões.

É importante notar que a ordem cronológica dos fatos não se seguem na ordem dos capítulos. Nos capítulos 5 e 6, o profeta passava dos 80 anos de idade, no capítulo 7 ele tinha por volta de 70. Do capítulo 7 ao 12, há sequência cronológica.

Império é a forma de governo monárquico, cujo soberano tem o título de imperador ou imperatriz. Enquanto os impérios humanos caem, o Reino de Deus se expande através de Jesus.

A Palavra de Deus é capaz de falar sobre acontecimentos históricos antes mesmo que eles aconteçam. No caso do profeta Daniel, Deus o usa em visões para revelar sobre o futuro do mundo e sobre o Reino de Deus.

A visão dos animais ferozes

O sétimo capítulo retrata uma grande parte da história antiga da civilização humana, que pode ser perfeitamente descrito como o Apocalipse do Antigo Testamento. Este capítulo é paralelo com a visão de Nabucodonosor, relatada no capítulo 2.

Em Daniel 7.1-8, o profeta, servo de Deus, recebe visões e interpretações, tal revelação foi recebida antes da festa de Belsazar (capítulo 5). Daniel vê animais ameaçadores, a aparência deles era repulsiva aos judeus, causavam terror por serem incomuns: um leão com asas de águia, um urso com três costelas na boca, um leopardo com quatro asas, um animal com aparência indescritível com dentes de ferro que comia e triturava tudo que encontrava pelo caminho. O quarto animal traz algo bastante peculiar: dez chifres e um chifre pequeno.

A interpretação

O significado desta visão nos leva a entender que, as figuras representadas pelo leão, o urso, o leopardo, e a fera indescritível,  simbolizavam os quatro grandes impérios do mundo: Babilônia, Pérsia, Grécia e Roma; os quatro animais representam quatro reis que se levantaram sobre a terra. Em primeiro lugar, Nabucodonosor, o rei da Babilônia, em segundo lugar o império Medo-Persa, representado pela aliança dos reis da Média e da Pérsia, o terceiro, o império grego que aparece sobre a figura de Alexandre Magno, que após morrer teve seu reino dividido entre quatro generais, e, em quarto lugar o império romano. Esses impérios são representações de poderes gentílicos dominando o mundo, compreendem desde o período da geração do profeta Daniel até a segunda vinda de Cristo.

As características desses quatro seres é o retrato que Deus dá desses quatro impérios, são figuras animalescas, figuras de conhecimento cultural do homem para revelar verdades morais e espirituais, para revelar o surgimento deles ao longo da vida de Israel e do mundo, bem como destacar o último grande império mundial sob a égide de Satanás, representado pelo Anticristo. 

Sobre o quarto animal, seus dez chifres simbolizam sua capacidade de realizar ataques eficazes, o poder que ele possui para subjugar e reinar. O significado dos dez chifres que saíam de sua cabeça, prefiguravam dez reis, advindos do antigo império romano.

O Anticristo

O pequeno chifre (Daniel 7.8), saído entre os dez chifres, descrito como tendo olhos e uma boca que fala insolências, será uma pessoa na pele do Anticristo escatológico, descrito pelo apóstolo Paulo como "homem do pecado" e "filho da perdição" (2 Tessalonicenses 2.3). Surgirá no último tempo entre dez reinos, no período da Grande Tribulação, blasfemando contra o Altíssimo até que venha o juízo de Deus sobre ele.

Tanto a profecia de Daniel quanto do evangelista João (7.8; Apocalipse 13.1, 5-6) apontam para um personagem dos últimos tempos, o período da Grande Tribulação, o Anticristo.  Revelam que haverá um governante cuja personalidade terá alto poder de convencimento, sua retórica será persuasiva e impressionante, capaz de enganar através da eloquência de suas palavras, influenciando as nações tanto para a paz quanto para as guerras. Ele será um Líder que manipulará os governos do mundo, pois terá "uma boca que falará grandiosamente", e assim fará um pacto com Israel. Apresentará uma retórica blasfemadora contra o Criador e contra os homens, mostrará postura zombeteira contra Deus e contra Israel.

Ao longo dos anos muitas especulações foram feitas a respeito das figuras dos quatro animais. No passado, muitos crentes apontaram Hitler como o pequeno chifre, isto é, o Anticristo. Outros, Stalin, ainda, outros, o papa João Paulo II. Não sabemos quem é o Anticristo porque sua identidade não está revelada na Bíblia. O tempo provou que todas estas especulações eram equivocadas. Não devemos ir além do que menciona o texto bíblico.

De acordo com a interpretação evangélica conservadora, é preciso levar em conta que os muitos intérpretes de Daniel consideram os capítulos 7 e 8 como uma continuação do capítulo 2. As duas visões apresentam os mesmos fatos, a decadência desses impérios, porém, a Nabucodonosor, rei pagão, a visão da estátua revelou o lado político e material dos impérios, enquanto que a Daniel, servo de Deus, a visão revelou o lado moral e espiritual representados pelas figuras dos quatro animais.

O capítulo 2 tem o sonho de Nabucodonosor, interpretado por Daniel. O sonho apresenta quatro impérios representados por quatro figuras do mundo material. Os impérios são representados por uma grande estátua com cabeça feita de ouro; peito e braços de prata; ventre e quadris de bronze; pés compostos da mistura de ferro e barro. A estátua é derrubada por uma pedra, que é lançada sem o uso de ferramentas. Esta pedra é o Reino de Deus destruindo toda a concepção humana de imperialismo, desfazendo o poder das forças gentílicas.

O Anticristo será destruído pelo fogo e será lançado no Lago de Fogo (Daniel 7.11; Apocalipse 19.20). A Bíblia declara que ele será destruído pela força da vinda do Messias (2 Tessalonicenses 2.8).

O Filho do Homem 

Em Daniel 7, o significado da expressão "filho do homem" refere-se a um ser humano distinto que recebe de Deus a soberania celestial, não é outra pessoa senão Jesus Cristo, o Messias, que se dará a conhecer em sua segunda vinda quando todo o olho o verá vindo do céu sobre o Monte das Oliveiras. (Zacarias 14.4; Atos 1.9-11; Apocalipse 1.7).

Jesus Cristo se identificou como o Filho do Homem (João 14.1-6, 28), para que soubéssemos que além de ser gerado no útero de uma mulher era o Filho de Deus (Salmos 2.7), para que pudéssemos saber que Ele além de divino também era um ser humano.

A Grande Tribulação

O clímax da visão profética de Daniel marca o advento da Grande Tribulação, que não será para a Igreja de Cristo. Antes deste período a igreja será arrebatada para o céu e os mortos em Cristo serão ressuscitados gloriosamente (1 Coríntios 15.51-52; 1 Tessalonicenses 4.13-18). O Messias virá para Israel e para o mundo.

A Grande Tribulação durará três anos e meio, ou 42 semanas, ou 126 dias (Daniel 9-7; 12.7; Mateus 24.21-22; Apocalipse 7.14). Será um período de sofrimento mundial, especialmente contra Israel. Nesta época, o Anticristo firmará o concerto com Israel, usará artifícios políticos simulando relações de paz entre Israel e as demais nações, depois quebrará o pacto e passará a perseguir Israel com o apoio das nações.

Jesus, o Messias, se fará visivelmente presente em plena batalha do Armagedom, quando as nações da terra sob o comando do Anticristo estiverem atacando Israel, e Israel estiver prestes a ser destruído clamar a Deus por socorro.  A interferência do Senhor nesta guerra resultará na derrota do Diabo, seus anjos e todos os comandados pelo Anticristo.

O profeta Daniel viu o dia em que virá o Messias, nesta segunda vinda. O capítulo 7, versículos 9 a 14, nos mostra Deus, representado pela figura do Ancião de Dias. assentado em um trono de juízo, ali proferirá sentenças contra todos os reinos do mundo que tenham se associado com o Anticristo, julgará tanto os grandes quanto os pequenos. Em seguida, surgirá o Filho do Homem perante o tremendo e resplandecente trono de Deus, para receber o domínio, a glória, o reino, e o direito de reinar para sempre.

O milênio

Após a Grande Tribulação, que terminará quando Jesus tomar posse do governo do mundo e desfazer o domínio do Anticristo, do Falso Profeta e do Diabo, terá início o  Milênio, que não é mera alegoria, Jesus reinará literalmente por mil anos, promovendo a paz na terra.

Conclusão

Nos dias atuais, o mundo parece estar sob a síndrome deste líder futuro, o Anticristo, ele não mostrou a sua cara porque a Igreja de Cristo ainda está presente neste mundo, guiada e fortalecida pelo Espírito Santo. Não há dúvida de que o espírito do Anticristo, movido pelo Diabo, mostra os seus primeiros sinais preparando o cenário mundial para o seu advento, que ocorrerá após o arrebatamento da Igreja ao céu.

E.A.G.

Compilações:
Ensinador Cristão, ano 15, página 40, outubro-dezembro de 2014, Rio de Janeiro (CPAD).
Integridade Moral e Espiritual - O legado do livro de Daniel para a Igreja Hoje, Elienai Cabral, páginas 97-101, 1ª edição, 2014, Rio de Janeiro (CPAD).

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

A queda do império balilônico

Por Eliseu Antonio Gomes

No relato do capítulo 5 do livro de Daniel aprendemos que ninguém zomba de Deus e encontra impunidade. Tal registro bíblico mostra que os grandes impérios mundias e seus representantes estão sujeitos ao Deus dos exilados de Judá, que se havia dado a conhecer fora da terra prometida assim como dentro dela. Aprendemos que Deus é soberano e sua soberania jamais poderá ser questionada por seres mortais, sejam eles governantes ou governados, reis ou súditos.

Os fatos futuros, presentes e passados são todos conhecidos do Criador, que é onipotente, onipresente e onisciente. Cerca de 150 anos antes, Isaías (14.3-5; 47.1, 5) profetizou a queda do Império Babilônico; Jeremias (50.2; 51; 53; 58) também anunciou antecipadamente as invasões de Jerusalém e Judá, como também a destruição da Babilônia.

Belzasar: o rei imoral, arrogante e cruel

Sem nenhuma explicação ou indicação de data, a narrativa do capítulo salta do reino de Nabucodonosor para o fim do império babilônico, a noite em que Belsazar, último governante da Babilônia, caiu nas mãos dos medos e persas.

Apesar de documentos babilônicos o mencionarem, pouco se sabe além da narrativa encontrada neste livro É sabido que Nabucodonosor foi o mais importante dos reis da Babilônia, Seus feitos arquitetônicos construindo cidades e palácios e sua ousadia política, além de demonstrar uma inteligência espetacular apresentam sua história. Ao morrer em 562 a.C., Evil Menodaque o sucedeu no trono e dois anos depois foi assassinado por Neriglissar, seu cunhado, porém, quem se assentou no trono real foi Nabonido, genro de Nabucodonosor, o qual gerou Belzasar. Belzasar reinou com muita crueldade, total falta de clemência com seus súditos e muita devassidão. 

O banquete sacrílego

O banquete de Belzasar foi pura bravata. Nebonido, seu pai havia abandonado a capital e existia o rumor de que rei Ciro se aproximava para tomar o poder. Era o último ruído agonizante de um rei apavorado que fazia cena para esconder seus temores,

"O rei Belsazar deu um grande banquete a mil dos seus senhores, e bebeu vinho na presença dos mil' (...) 'e beberam neles o rei, os seus príncipes, as suas mulheres e concubinas" - Daniel 5.1, 3. E por ocasião do banquete sob a influência do vinho, "deram louvores aos deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de madeira, e de pedra" (versículo 4)

Todos os utensílios sagrados que seu avô, Nabucodonosor, havia roubado do templo em Jerusalém e trazido para a Babilônia eram consagrados ao altar (Números 4.7). Lá no templo estava a Lei, outorgada a Israel, ou seja, Os Dez Mandamentos, que têm validade para o mundo todo. O rei Belzasar profanou esses utensílios sagrados e usou-os para colocar neles  elementos de seu paganismo cometendo abominação ao Senhor ao realizar sua festa promíscua.

Belzasar procedeu levianamente em relação ao pecado ao beber usando os utensílios santos e oferecê-los para que outros bebessem também, pois conhecia as consequências das transgressões do Nabucodonosor, sabia do grande livramento de Daniel e seus amigos na fornalha ardente. Conscientemente, quis afastar da Babilônia a influência do Deus de Israel. Então, enquanto Bezasar vivia seus momentos festivos, Deus agia através do rei Ciro da Pérsia, que tomava as províncias e cercava com seus exércitos a capital babilônica. A festa foi interrompida quando, "apareceram uns dedos de mão de homem, e escreviam, defronte do castiçal, na caiadura da parede do palácio real; e o rei via a parte da mão que estava escrevendo. Mudou-se então o semblante do rei, e os seus pensamentos o turbaram; as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos batiam um no outro" (versículos 5 e 6). Os termos escritos Menen, Tequel e Parsim (Ufarsim na Almeida Revista e Corrigida) eram perfeitamente compreensível para quem conhecia o hebraico. Possivelmente, Belzasar conhecesse o idioma e sua dificuldade era entender o que a mensagem estava dizendo para ele. É interessante observar que o candeeiro do próprio palácio real jogava luz sobre o que era escrito na caiadura da parede.

Na angústia e pânico, Belzasar procurou a ajuda de sábios e encantadores, mas todos eles, reunidos numa força-tarefa, não puderam socorrê-lo. O profeta Daniel foi chamado para esclarecer a mensagem. Nos versículos 25 ao 28 encontramos a explicação do profeta Daniel para Belzasar: "Este, pois, é o escrito que se escreveu: MENE, MENE, TEQUEL, UFARSIM. Esta é a interpretação daquilo: MENE: Contou Deus o teu reino, e o acabou. TEQUEL: Pesado foste na balança, e foste achado em falta. PERES: Dividido foi o teu reino, e dado aos medos e aos persas".

A humanidade de hoje pressente e percebe que há uma "escrita na parede" reprovando sua vida em pecado e procura ajuda, quase sempre no lugar errado. Talvez, haja gente humilde e gente importante, pobre e rico, lendo este artigo e tenha buscado orientação em mapa astrológico e descobriram que não há resposta sincera em prognósticos da Astrologia. Existe apenas uma fonte verdadeira que responde corretamente ao ser humano as perguntas de ordem pessoal e que a alma pode se guiar: Jesus Cristo.

Tal escritura divina está nas paredes dos corações dos homens espalhados em todos os povos, e é um mistério que não conseguem decifrar porque não dão liberdade ao clamor do Espírito Santo.

Conclusão

Através da Bíblia, temos discernimento que nosso mundo se encontra em profunda imoralidade, tolerada e estimulada por líderanças políticas e religiosas que zombam de Deus e tentam afastar a influência da Palavra de Deus da vida do povo, sabemos que este espírito babilônico, anticristão, rebelde e orgulhoso, permeia os corações ao longo da história mundial, e só deixará de agir quando se cumprir a profecia de Apocalipse 17-18, ao enfrentar e ser derrotado pelo Senhor dos senhores e Rei dos reis.

Tal qual Belzasar, todas as pessoas serão julgadas pelo padrão de justiça divina, devidamente exposta na sua Palavra, a Bíblia, se não se arrependerem de seus pecados serão condenadas. Vivemos na última hora, e cada vida humana sem Jesus Cristo é achada em falta diante de Deus. De nada vale as normas de medidas criadas pelo homem, porque o caráter moral e espiritual do ser humano não se ajusta por conta própria à justiça do Senhor, que é santo.

É interessante notar que na parede de Belzasar estivesse escrito duas vezes MENE, MENE (contado, contado). Quando Deus conta uma vez já é o suficiente, mas Ele repete a contagem por misericórdia, para dar ênfase na sentença que poderá ser motivo de arrependimento do homem, o seu perdão e livramento da condenação eterna.

E.A.G.

Compilações:
As profecias de Daniel - Perspectivas de futuro, Norbert Lieth, páginas 97, 99-102, edição 2014, porto Alegre  (Actual Edições)
Daniel - introdução e comentário, Joyce G. Baldwin, páginas 125, 126, 131 edição 1983, reimpressão 2008, São Paulo (Vida Nova).
Integridade Moral e Espiritual - O legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje, Elienai Cabral, página 78, edição 2014, Rio de Janeiro (CPAD).

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

EBD - Lição nº 2: A firmeza do caráter moral e espiritual de Daniel




Por Eliseu Antonio Gomes

No ano 605 a.C., Nabucodonosor dominou a Síria e a Palestina. No ano 606, sitiou Judá e Jerusalém e confiscou utensílios de valor do templo de Jerusalém que eram consagrados a Jeová e os levou para a Babilônia para depositá-los perante seu deus. Destruiu os muros da cidade de Jerusalém e queimou o templo de Jerusalém. Também, levou consigo nobres da casa real que eram versados em conhecimentos gerais e ciência. Cumpriu-se assim a profecia do profeta Isaías ao rei Ezequias, proferida muitos anos antes (2 Reis 25.8-21; Isaías 39.1-6), e o pronunciamento da profetiza Hulda (2 Crônicas 43.22-28). Além de cumprirem-se as profecias de Jeremias 25.11, Miqueias 4.10  e Habacuque 1.5-11.

O primeiro capítulo do livro de Daniel apresenta a história de Daniel, Ananias, Misael e Azarias, situando-os no processo de deportação de Jerusalém para a Babilônia de Nabucodonosor. Dá ênfase no caráter ilibado de Daniel e seus três amigos, que mesmo forçados a viverem em uma sociedade distante de Deus não se deixaram influenciar por seus costumes pagãos.

Daniel pertencia à nobreza, era de descendência real (1.3). Estava no primeiro grupo de cativos levados de Jerusalém para a Babilônia, no ano 605 a.C. Ganhou maior destaque na narrativa bíblica entre os três outros jovens judeus pela demonstração  de integridade, fidelidade, fé em  meio a situações instáveis e opostas a tudo que conhecia no meio do seu povo. Segundo o historiador Josefo, tanto Daniel quanto seus três amigos eram parentes do rei Ezequias, condição que lhes facilitou o acesso ao palácio babilônico. 

Os quatro jovem tinham boa aparência, eram sem defeito algum, talentosos, instruídos em toda a sabedoria, sábios em ciência e deram bom testemunho na corte pagã, que naquela época governava o mundo. Estudaram com afinco o idioma e a literatura dos caldeus.

Frequentemente, o termo caráter é conceituado como um tipo ou sinal convencionado em uma sociedade. Refere-se à índole, ao temperamento e à forma moral. A família, a escola e a religião contribuem para o caráter de uma pessoa.

A força da fé e caráter  de Daniel e seus amigos era algo que aparecia em suas falas. Nabucodonosor quis mudar a identidade deles, trocando seus nomes hebraicos por caldeus, mudar a educação cultural e religiosa, fazê-los desprezar as regras da religião judaica, educá-los nas ciências da Babilônia para que fossem usados como astrólogos e adivinhadores, além de serem aproveitados através de todo conhecimento adquirido na sua terra em Judá. Os jovens foram desafiados na sua fé em Deus e resistiram sabiamente. Eles propuseram outra estratégia para viverem no palácio  babilônico  sem desonrar a Deus e conservando a integridade de caráter herdado de seu povo.

Eles não eram vegetarianos, mas tomaram a firme decisão de ingerirem apenas verdura, legumes e água. Corajosamente, com sabedoria e respeito pela autoridade, recusaram comer, "a fina iguaria do rei" (1.8) porque como judeus, a lei mosaica proibia que comessem carne de animais "imundos" (Levíticos 11; Deuteronômio 14), além disso aquela comida antes de ir à mesa era oferecida em sacrifício aos ídolos da Babilônia. A decisão de recusa era uma forma de desprezar a idolatria e o paganismo babilônico. Essa atitude significava a disposição moral e espiritual recebida de seus pais.

A história de Daniel e seus amigos, entre tantos outros  exilados de Judá é um testemunho vibrante de que entre circunstâncias adversas é possível preservar valores espirituais e morais. Foram expostos ás seduções que satisfariam os desejos da juventude, mas não se deixaram atrair pelas paixões que a vida palaciana oferecia. Eles demostraram possuir um caráter imaculado e não se deixaram seduzir pelas ofertas malignas de Nabucodonosor. Apesar de estarem no exílio, o relacionamento deles com Deus não foi afetado, mantiveram-se fiéis aos Senhor e às suas leis.

A fé desses rapazes fez com eles se tornassem exemplo de fidelidade para os crentes de todas as épocas. Neste início do século 21, somos desafiados na nossa integridade como cristãos a termos uma postura que jamais renegue a nossa fé cristã. Para esse tempo de crise de integridade, os exemplos de Daniel e seus amigos -  assim como José (Gênesis 39.2),  Samuel (1 Samuel 3.1-11), Davi (1 Samuel 16.12), Timóteo (2 Timóteo 3.15) são modelos que nos inspiram a agir com firmeza espiritual e do caráter. A conduta deles nos ensina que é possível ser feliz neste mundo sem se deixar contaminar por ele.

Como cristãos, tenhamos como propósito não aceitar a contaminação deste mundo, assim como Daniel, Ananias, Misael,Azarias não se contaminaram ao negarem a dieta imposta por Nabucodonosor.

E.A.G.

Compilações:
Ensinador Cristão, ano 5, ,nº 60, página 37, outubro-dezembro de 2014, Rio de Janeiro (CPAD)
Integridade Moral e Espiritual - O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje, Elienai Cabral, páginas 27-36, agosto de 2014, Rio de Janeiro (CPAD).
Lições Bíblicas - Mestre,, Elienai Cabral, 4º trimestre de 2014, páginas 8-17, Rio de Janeiro (CPAD).
Manual Bíblico Henry H. Halley, página 304, edição 1994, São Paulo, (Edições Vida Nova).

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Daniel, nosso contemporâneo

Por Eliseu Antonio Gomes

O nome Daniel é a forma grega do nome hebraico, que quer dizer "Deus é meu juiz". Diversas passagens do livro informam que sua autoria pertence a Daniel. A narrativa em primeira pessoa, a partir do capítulo 7 e versículo 2 e as palavras de 12.4, como também as palavras de Jesus em Mateus 24.15 nos faz entender que Daniel é o autor da obra.

A vida de Daniel resume o exílio do povo de Judá. Poucos detalhes se sabe sobre ele, a não ser o que está relatado no livro que carrega seu nome. Sabemos que foi levado à Babilônia por volta de 605 a.C., quando adolescente. O fato ocorreu, aproximadamente, vinte anos antes da queda de Jerusalém. Durante décadas viveu distante de sua casa e próximo aos amigos Hananias, Mizael e Azarias. Viveu a maior parte de sua vida como exilado e serviu a reis idólatras sem se deixar influenciar pelos costumes da sociedade pagã.

Cristo em mim
Fidelidade
Dez propostas para que o pregador convidado se saia bem na igreja que o convidou
O cuidado com a língua
O ministério profético: os profetas maiores e menores e outras classes de profetas...
Os heroicos colportores
Organização para viver mais e em melhor qualidade de vida
Quando é para acontecer até quem tenta atrapalhar ajuda

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A profecia em Daniel 12.4

"E tu, Daniel, fecha estas  palavras e sela este livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará" - Daniel 12.4 (ARC).

Não há dúvida de que o livro, originalmente em hebraico e aramaico, foi escrito por Daniel. O verso 4 do capítulo 12 declara a autoria explicitamente; o capítulo 7 possui muitas referências autobiográficas; e Jesus Cristo ao citar a passagem de 9.27 atribuiu a autoria ao profeta (Mateus 9.27). Com o passar dos anos, o livro jamais deixou de despertar interesse e provocar controvérsias nos círculos teológicos. Causou admiração com os relatos de heroísmo num período de perigo iminente. Trouxe consolação com os relatos da presença do Senhor na vida de Daniel e seus amigos.

Daniel, cujo nome significa "Deus é meu juiz", era descendente do rei Ezequias (2 Reis 20.17-18; Isaías 39.6-7). Foi contemporâneo de Jeremias, Ezequiel, Josué, o sumo sacerdote da restauração, Esdras e Zorobabel.

Estava na fase adolescente durante a invasão de Jerusalém e a primeira deportação de Judá nos tempos de Nabucodonosor, e junto com seu povo foi capturado e levado cativo à Babilônia, a superpotência mundial daquela época, o século IV a.C. Por ser de família proeminente, da classe alta de Jerusalém, possuir boa aparência e ter uma mente privilegiada, Nabucodonosor o escolheu para estar em sua corte real, sendo aproveitado em todo seu potencial num programa para funcionários civis de primeiro nível, onde se destacou entre os sábios por sua integridade de caráter, intervenções divinas em sua vida e operações de dons proféticos.

Segundo uma larga escala de estudiosos, o livro foi escrito entre 536 e 530 a.C., pouco depois de Ciro conquistar a Babilônia. Provavelmente, durante a narrativa do capítulo 1 ele ainda Daniel ainda era um jovem,, e durante os capítulos 9 ao 12 já havia alcançado seus 80 anos de idade.

Ao ler o livro, o leitor se depara com elementos profético futuristas, assuntos de vital importância para a Igreja atual: a apostasia do povo de Deus; a revelação do homem do pecado; a tribulação; a segunda vinda de Cristo; o milênio; o dia do juízo final. Encontra-se interpretação da história, que já teve seu cumprimento em sua maior parte, e outras que será totalmente cumprida. Tudo isso tendo como linha de raciocínio lógico a soberania do Senhor sobre tudo e todos: "Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre os reinos dos homens, e a quem quer constitui sobre eles" - Daniel 5.29 d.

Daniel, homem de origem estrangeira e êxito político na Babilônia - foi primeiro ministro, o principal dos três oficiais mais importantes do Império Medo-Persa -, é um personagem de grande valor pessoal, cuja vida se mescla nas conturbações da história, foi pessoa refugiada, cativa, na maior parte dos anos que viveu. Não temos informação que tenha se casado e nem que tivesse membros de sua família perto dele. Teve uma vida longa, que se estendeu desde os governos de Nabucodonosor até Ciro. Seu testemunho de vida é singular: no ambiente corrompido de uma corte oriental, escolheu viver uma vida de grande proveito e piedade.

Daniel é o profeta do "tempo dos gentios" (Lucas 21.24). Suas visões percorrem todo o curso do governo mundial dos gentios até seu catastrófico fim e o estabelecimento do reino do Messias. O tempo do fim começa com "o príncipe que há de vir": o homem do pecado, a besta. A duração do "fim do tempo" é de três anos e meio, coincidindo com a septuagésima semana de Daniel (7.25; 12.7;  Apocalipse 13.5). Esse período é descrito por Jesus como "grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há de haver" (Mateus 24.21).

O livro de Daniel é uma introdução indispensável às profecias encontradas no Novo Testamento. Na passagem de 12.4, Daniel recebe a ordem de selar o livro. As profecias que ele recebeu não são para os dias dele, mas para o tempo do fim, profecias escritas para despertar os que viverem no fim dos tempos. A expressão "fim do tempo", ou equivalentes, aparece em 8.17-19; 9.26; 11.35, 40, 45; 12.6, 9.

E..A..G.

Veja mais a respeito da profecia de Daniel 12.4: Influências dos meios de comunicação
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Compilações:
Bíblia de Estudo Scofield,  edição 2009 (Holy Bible - Bom Pastor), 
Bíblia de Estudo Pentecostal, edição 1996, impressa nos Estados Unidos (CPAD).
Bíblia Sheed, edição 2011, Barueri - SP (Edições Vida Nova).