Por Eliseu Antonio Gomes
Texto-base: 2 Reis 4.1-7.
O profeta e a viúva endividada
No norte, no reino de Israel, o profeta Eliseu dava continuidade à obra de Deus, depois que Elias partira. Eliseu era muito diferente de seu mestre. Enquanto Elias, admirado por muitos, demostrava ser rígido, impetuoso e inspirava medo em algumas pessoas, Eliseu era alguém mais sociável. Ambos viveram segundo as direções dadas pelo Espírito de Deus, sabiam que Deus havia se declarado amigo dos órfãos e das viúvas (Deuteronômio 10.18), Os dois eram sabedores que, como porta-vozes do Senhor, não podiam fazer ouvidos de mercador ao ouvir as queixas de viúvas; como ministros de Deus, deveriam atender aos enlutados em seus momentos de angústia.
A viúva endividada
Faça um pequeno esforço mental e tente visualizar a cena de encontro entre uma pobre viúva e Eliseu; Ela reclamando desse modo: "Não é justo! Eu perdi um bom marido, que era seu aluno na escola de profetas, e agora perderei meus filhos para pagar suas dívidas! É uma absurdo, meus filhos vão se tornar escravos! Alguém virá para possuí-los como propriedade!". Imaginou? Esta cena nunca aconteceu!
Quando todos os meios terrestre de ajuda estavam fechados para esta mulher aflita, ela foi procurar o profeta Eliseu, sem fazer quaisquer tipo de reclamações. Apenas derramou seus sentimentos de aflição nos ouvidos dele, contou-lhe que seu marido, um homem que fez parte do grupo de jovens profetas na escola criada por Eliseu, havia morrido recentemente e deixado uma dívida cujo valor ela não tinha condições de pagar.
Naquela sociedade e época, não havia perspectiva de um futuro feliz para uma mulher nas condições daquela mulher. Se ficasse sozinha, não teria nenhuma segurança na velhice, pois os filhos é que cuidavam de seus pais idosos, não existia o sistema do Estado efetuando ajuda financeira, como uma aposentadoria ou pensão às mulheres que perderam seus maridos. Consequentemente, restava a ela enfrentar a solidão, o luto, a miséria, o desespero, e até mesmo uma morte prematura por causa da opressão de um credor que violou a Lei de Deus.
Escravidão
A Lei de Moisés permitia que dívidas poderiam ser pagas com a mão-de-obra escrava. Entretanto, era proibido a um credor israelita, a quem outro israelita foi vendido, "obrigá-lo a servir como escravo", e a agir sobre a vida dele rigorosamente. Apesar disso, em alguns casos o quadro era dramático ao extremo, pois os credores eram inescrupulosos e davam pouca atenção às regras impostas por Deus (Levítico 25.39-43).
A viúva estava prestes a perder seus filhos para os credores de seu falecido marido, gente de coração duro, pouco importava se os dois filhos dela eram o seu conforto, se ela e os dois filhos temiam ao Senhor e se poderiam contornar a situação e pagar tudo o que deviam de uma maneira mais suave. Eles eram implacáveis, e levariam seus filhos para trabalharem como escravos.
Porém, felizmente, como mãe e mulher viúva, uma mulher que servia a Deus. ela sabia o que fazer para resolver o seu pesar, deveria resistir com persistência às dificuldades desse mundo, lutar as batalhas da vida sem ser covarde. Era convicta; era que não estava sozinha em sua luta. Lembrou-se do "Pai dos órfãos e defensor das viúvas" e clamou por sua ajuda (Salmo 68.5; Jeremias 33.3).
O milagre da multiplicação
Por hipótese, baseados em contextos bíblicos referente ao que Deus espera de cada um de nós que confiamos nEle, podemos concluir que antes desta mulher perder seu esposo ela cuidava de seu lar com eficiência, era companheira, apoiava o ministério de seu marido; após a morte dele, ela fez uso de todos os recursos disponíveis para sobreviver dignamente com os filhos e também esforçou-se para honrar a dívida do falecido. Apenas quando não haviam mais meios de arcar com as responsabilidades de sobrevivência dos filhos e estava reduzida à zero a possibilidade de pagar as dívidas e a ameaça de escravização rondava seu lar, ela procurou por Eliseu.
O profeta perguntou-lhe "o que você tem em sua casa?". Ela respondeu: "não tenho nada além de uma vasilha de azeite" (versículo 2). Ao contrário da viúva na história de Elias, Eliseu pediu-lhe para usar tantos frascos vazios quanto possível, recomendou-lhe recolher muitos vasos, "não poucos vasos" (versículo 3).
Em seguida instruiu-lhe para isolar-se em sua casa com seus filhos, orientou-lhe que apenas quando fechasse a porta de sua residência apenas ela e seus dois filhos, no interior do lar, deveriam derramar o óleo de sua pequena jarra em todos os frascos recolhidos por empréstimo (versículo 4). Caso houvesse gente estranha ao recebimento da maravilhosa provisão de Deus, a bênção não aconteceria naquela família.
Quando Eliseu ordenou-lhe: "Vai, pede emprestadas vasilhas a todos os teus vizinhos, vasilhas vazias, não poucas." emitia solicitação preparatória a viúva, preparava-a psicologicamente para viver uma experiência liberal da bondade de Deus, fazia-a quase que antever as grandes coisas que estavam em iminência de acontecer em sua vida atribulada. Aos olhos humanos, a orientação do profeta não parecia ser algo dito por uma pessoa que tivesse realmente o objetivo de ajudá-la. Não fazia sentido algum, mas ela tinha fé e obedeceu a determinação.
Tal qual a indicação do profeta, Jesus também solicita a que façamos uso do interior de nossas casas. Cristo pede que na privacidade do ambiente caseiro busquemos a Deus em oração. A ordem tem o objetivo de fazer com que o cristão tenha o costume de cultivar momentos particulares de comunhão espiritual. Ao fazer uso do quarto com porta fechada, estando sozinhos e sem a menor possibilidade de ser incomodado, obtemos maior chance de dispôr o espírito humano e os pensamentos diante do Espírito Santo e dessa maneira receber o benefício da bênção integral (Mateus 6.1-18).
A lição sobre o Abençoador, o abençoado e a bênção
Logo que a viúva obedeceu detalhadamente o que o profeta disse, ela viu uma ação sobrenatural acontecer, bem diante de seus olhos o óleo começou um processo de multiplicação nos vasos emprestados, Da pouca quantidade de líquido que ela possuía, encheu todos os jarros que havia recolhido. E, em determinado momento, dirigiu-se a um de seus filhos: "Traga-me ainda uma vasilha." (versículo 6). Todos os recipientes estavam cheios e seu filho avisou-lhe que não havia mais recipientes para serem enchidos. Então, o óleo parou de fluir e nenhum elemento da bênção foi desperdiçado. Se houvessem mais vasos, mais azeite fluiria.
Notemos que o azeite parou de multiplicar exatamente no momento que os vasos vazios terminaram. Assim, aprendemos que Deus não se dispõe a dar bênçãos para que sejam desperdiçadas por nós, nunca seremos abençoados com bênçãos que vão além de nossa capacidade de administrá-las de maneira responsável e corretamente.
Após chegar a informação ao profeta que o milagre havia acontecido, ele ordenou que a viúva agisse com honestidade, comercializasse o produto e pagasse o valor de tudo que devia, e vivesse junto com os filhos do lucro das vendas. Ela não era mais uma viúva paupérrima!
A simbologia do óleo
Você sabe que o óleo também é um símbolo do Espírito Santo. Quando o Espírito se envolve em um assunto, o impossível se torna possível. As coisas necessárias começam a acontecer. E a viúva miserável passou a ter o suficiente para pagar os credores de seu marido e ainda cuidar de si mesma e de seus filhos.
A atitude da viúva em crise é uma lição importante para todos os cristãos de hoje em dia. Quando realizamos atos em obediência ao que a Bíblia recomenda, agimos pela fé em Deus. Se obedecemos com coração voluntário, plantamos sementes que serão colhidas em forma de bênçãos no futuro, pois sempre que agimos obedecendo há uma recompensa de Deus para nós.
O Espírito Santo pergunta: o que você tem? O auxílio do Altíssimo começa a partir do que já temos e dispomos. Ele solicita a você que interaja em seu círculo social usando o que já tem, mesmo que seja pouco.
Antes de Eliseu ajudar a viúva, perguntou sobre suas posses, porque o método de ajuda sobrenatural de Deus sempre faz uso de algo que temos na esfera material. Quando Elias atendeu ao clamor da viúva de Sarepta, ela usou o conteúdo de óleo, farinha e potes; ao multiplicar pães, Jesus recebeu cinco pães e dois peixinhos (1 Reis 17.12; João 6.9).
Pondere seriamente se deseja agir pela fé ou guardar o seu jarro quase vazio, se quer que haja uma multiplicação espetacular ou se pretende viver acomodado com sua situação.
Tudo o que o cristão precisa é confiar e obedecer. Não há melhor opção, a obediência é o que mais importa.
Observe o que há ao ao redor, e olhe para dentro de si mesmo e veja o poder da manifestação espiritual desempenhar maravilhas e tomar conta de sua vida:
• Você tem peças de roupa, em bom estado de conservação, no fundo da gaveta, que não usa mais. Doe-as no departamento da igreja, para que alguém necessitado possa ser beneficiado;
• Você tem talentos naturais, que não são insignificantes e inúteis, podem ser usados em favor da sociedade e da comunidade cristã, então, disponha-se a trabalhar em favor do próximo;
• Você tem dons espirituais, dons que foram dados pelo Espírito Santo, e pode usá-los na sociedade e dentro da comunidade cristã, para abençoar muitas pessoas;
• "Abra a sua boca, e eu o alimentarei." - Salmos 81.10 (NVI).
Coloque a fé em ação, sendo confiante nEle será surpreendido com sua prontidão e generosidade. Olhe para os jarros e prepare-se para que o conteúdo multiplique-se.
Impasse
Existe muita gente com estes dilemas: "Por que essa calamidade aconteceu em minha família? Por que as promessas de bênçãos para os justos não se tornam realidade para nós? Por que o meu marido/esposa, mãe/filho(a) morreu na flor da idade? Por que não consigo superar as nossas dificuldades financeiras? Por que sustentar a família é tão difícil para mim?
O incidente nos ensina a confiar em Deus em momentos de necessidade, Deus não desampara os justos, não abandona sua descendência os deixando mendigar o pão (Salmo 37.25). Além de podermos esperar dEle o suprimento das coisas temporais, muito mais ainda poderemos esperar que supra as espirituais (Salmo 37.16, 25; Filipenses 4:19).
O agir divino
Ninguém deve esperar que um milagre idêntico ao que ocorreu com a viúva na ministração do profeta Eliseu ocorra também nos dias atuais, porém, jamais poderá deixar de crer que o Senhor cumprirá suas promessas, Ele continua disposto a sempre socorrer todas as pessoas que possuem fé, aguardam sua misericórdia estando em perigo, sofrendo com a necessidade extrema e sem nenhum meio de sair da situação por sua própria capacidade.
Através da leitura desta passagem bíblica, entendemos que uma pessoa piedosa e bem intencionada, caso seja imprudente, corre o risco de, da condição financeira estável, passar por grandes infortúnios e afluir à pobreza extrema. E lembramos que Jesus afirmou que vivendo no mundo os cristãos teriam aflições
(João 16.33).
Conclusão
Sem dúvida, encontramos na passagem bíblica 2 Reis 4.1-7 o relato de uma história de sofrimento, que aborda uma das tragédias pouco observada pelas autoridades constituídas em muitos países e pela igreja ao redor do nosso planeta, mas que os cristãos não devem jamais deixar passar em branco. Como cristãos, em todos os lugares e em todas as épocas.devemos socorrer os necessitados, pois este é o dever de todos nós que cremos e aceitamos a Jesus Cristo como nosso Senhor e Salvador. "Os pobres sempre terão consigo, e poderão ajudá-los sempre que o desejarem", disse Jesus (Marcos 14.7).
É muito triste a situação do servo de Deus, na posição de chefe da família, ter morrido e deixado sua esposa e filhos em péssima situação financeira. Estar precavido quanto ao bem-estar dos seus entes queridos de sua casa é um contingência de todos os cristãos, pois "quem não cuida dos seus é pior que os incrédulos, abandonou a fé" (1 Timóteo 5.8).
Os cristãos podem pedir ajuda a Deus em momentos de necessidade, porque Ele é capaz de fornecer abundantemente para as nossas necessidades. Deus quer que sejam aproveitados em seu reino.Ao agir de acordo com a recomendação do Senhor, Ele sempre manifesta a Sua glória, Sua bondade, Sua disposição, a Sua proteção e Sua superintendência sobre nós. O efeito multiplicador sempre se faz presente e preenche os jarros vazios - para abençoar a nós mesmos e também ao próximo.. Basta confiar e pôr a confiança em gestos efetivos que representem a nossa crença.
E.A.G.