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sábado, 24 de setembro de 2022

A fé existente em Michelangelo e nossa reflexão sobre a obra A Criação de Adão

A Criação de Adão é uma das obras-primas que consagraram Michelangelo como pintor.

Michelangelo Buonarroti [1475-1564]

A Criação de Adão é a mais famosa das nove cenas dos afrescos que compõem a parte central do painel que cobre o teto da capela Sistina, de autoria de Michelangelo. Foi pintada a mando do Papa Julio II. Figuras de profetas e sibilas que previram o nascimento de Cristo situam-se nas laterais do teto, enquanto as cenas centrais são flanqueadas por jovens, cujo significado é enigmático. Ao completar a obra, que durou de 1508 até 1512, deu provas cabais de possuir excelente resistência física, pois trabalhou durante todo o tempo quase sem ajuda e deitado de costas em andaimes precários. Michelangelo possuía convicções religiosas profundas e afirmava que seu trabalho incansável era inspirado pela glória de Deus.

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

2 Coríntios 12.9 - a graça de Deus e as orações respondidas satisfatoriamente

O que o cristão precisa fazer para ter orações respondidas satisfatoriamente sem tratar Deus como se fosse o gênio da lâmpada de Aladim ou um empregado?


"E, para que eu não ficasse orgulhoso com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que eu não me exalte. Três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então ele me disse: 'A minha graça é o que basta para você, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza.' De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Por isso, sinto prazer nas fraquezas, nos insultos, nas privações, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então é que sou forte" - 2 Coríntios 12.7-10 [NAA].

segunda-feira, 30 de maio de 2022

Pastorado feminino - proíbem o que Deus não proíbe?

É interessante a tentativa incansável de esconderem a concessão do dom ministerial pastoral conforme Efésios 4.11 às mulheres vocacionadas. No versículo 8, desse mesmo capítulo, está escrito: Jesus "deu dons aos homens" [anthropos]. "Homens", no grego "anthropos", é um termo usado para a espécie humana, tem o sentido que envolve o ser humano masculino e também o ser humano feminino.

Deus entre pobres e ricos: oração, trabalho e prosperidade

No primeiro livro do Antigo Testamento, a prosperidade material é apresentada como sinal de vida abençoada, Abraão era muito rico, dono de gado, prata e ouro [Gênesis 13.2]. O quinto livro do Pentateuco diz que Deus faz justiça em favor dos órfãos, viúvas, ama os estrangeiros, e os alimenta; e recomenda aos israelitas ter coração gentil e mãos abertas em favor de seus compatriotas pobres [Deuteronômio 10.18; 15.7]. E Jesus ensina: "Mais bem-aventurado é dar do que receber" [Atos 20.35].

domingo, 29 de maio de 2022

Trabalho e prosperidade


"O Senhor ama a justiça e não desampara os seus santos. Serão preservados para sempre, mas a descendência dos ímpios será exterminada" - Salmos 37.28. 

 "Eis o que eu vi: boa e bela coisa é comer e beber e desfrutar o que conseguiu de todo o seu trabalho, com que se afadigou debaixo do sol, durante os poucos dias da vida que Deus lhe deu; porque esta é a sua porção. Quanto àquele a quem Deus conferiu riquezas e bens e lhe deu poder para deles comer, receber a sua porção e desfrutar do seu trabalho, isto é dom de Deus. Porque não ficará pensando muito nos dias da sua vida, pois Deus lhe enche o coração de alegria"- Eclesiastes 5.18-20.

E.A.G.

domingo, 15 de maio de 2022

O estrito sentido do termo hipocrisia na fala de Jesus Cristo

O estrito sentido do termo hipocrisia na fala de Jesus Cristo
"Por que você vê o cisco no olho do seu irmão, mas não repara na trave que está no seu próprio? Ou como você dirá a seu irmão: "Deixe que eu tire o cisco do seu olho", quando você tem uma trave no seu próprio? Hipócrita! Tire primeiro a trave do seu olho e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão" - Mateus 7.3-5. 

Em nossa cultura, o termo "hipócrita" é comumente usado no pior sentido que ele tem, que é o ato de dissimular. Mas, no Sermão do Monte, o nosso Senhor

domingo, 9 de janeiro de 2022

A definição do vocábulo heresia nas páginas de Atos dos Apóstolos e cartas de Paulo e Pedro

No Novo Testamento, a palavra grega "hairesis" é traduzida pelo vocábulo "heresia" (Atos 24.14; 1 Coríntios 11.19; Gálatas 5.20; 2 Pedro 2.1). Primeiramente, "heresia" significava o ato de tomar, por exemplo, uma cidade; depois ganhou o sentido de escolha ou eleição, de inclinação ou preferência, que resulta em uma separação. Tornou-se então a significação da própria coisa escolhida; e, por fim, passou a significar um princípio filosófico ou

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

As orações de Davi nos Salmos 40 e 70: apresse-se, meu Deus Todo-Poderoso!

Alguns leitores da Bíblia podem pensar que o Salmo 70 é uma cópia parcial do Salmo 40. Bem, não é exatamente assim. Ambos possuem trechos parecidos, mas não idênticos. O Salmo 40 é uma oração de 17 versículos, enquanto o Salmo 70 contém apenas 5. Logo no início temos uma diferença importante a ser ponderada: enquanto o Salmo 40 tem o título "Salmo de Davi, para o cantor-mor", o Salmo 70 é nomeado "Salmo de Davi para o cantor-mor, para lembrança." 

Por quê? Porque é importante buscarmos a Deus

segunda-feira, 12 de abril de 2021

EBD Lição 3: Dons de revelação

Por Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

Deus busca pessoas que queiram adorá-lo em espírito e em verdade. Adorar ao Senhor é impossível sem a presença, sem a ajuda e o poder do Espírito Santo (Marcos 1.15; Judas 20).

Deus opera através dos dons nos seres humanos. Os dons espirituais são capacidades sobrenaturais vindas dEle por intermédio do Espírito Santo. Paulo recomenda que os cristãos se esforcem para ter amor e que procurem ardentemente exercer bem os dons espirituais. Ensina que todos os dons do Espírito são necessários e que o mais importante é o nosso amor uns pelos outros.

O uso dos dons trazem o poder do Espírito para o nosso tempo. O capítulo 12 não apresenta uma lista completa dos dons do Espírito Santo (veja mais em Romanos 12.6-8; Efésios 4.11-12). O objetivo de Paulo é, em primeiro lugar, exortar os crentes a buscar a graça de Deus, que é revelada pela manifestação dos dons espirituais. 

I - PALAVRA DA SABEDORIA

1. Um conceito.

"Sabedoria" no grego é "sophia", significa "julgamento de Deus diante de demandas feitas pelo homem, especificamente pela vida cristã".

O Deus da Bíblia é o Deus das grandes revelações. Em sua soberania decide realizar milagres e faz os homens conhecerem sua vontade e mistérios (Jeremias 33.3; Daniel 2.19-22). 

A sabedoria a que se refere 1 Coríntios 12.8 é um dom espiritual. É uma capacidade vinda diretamente de Deus, mediante a ação do Espírito Santo. Muitas pessoas são dotadas de grande capacidade intelectual, mas desconhecem a sabedoria de Deus. Todo crente é exortado a buscá-la (Tiago 1.5).  

2. A Bíblia e a palavra da sabedoria.

A sabedoria de Deus é de altíssimo nível, concedida pelo Espírito a quem Ele quer, é recurso extraordinário dado por meios sobrenaturais proveniente do Espírito Santo. Não é possível adquiri-la em estudos acadêmicos; não é alcançada em pesquisa científica, não existe possibilidade alguma de ser transmitida mediante livros nas universidades, em escolas teológicas, filosóficas. É  uma capacitação sobrenatural expressada em forma de declaração espiritual feita num dado momento específico.

A mensagem da sabedoria divina revela o propósito e a forma de Deus agir numa determinada situação, objetivando providenciar uma solução à necessidade da igreja, ou resolver problema individual, de algum servo ou serva sua, principalmente em ocasiões  em que o saber natural é insuficiente para a tomada de decisões, ou resoluções complicadas. 

Pelo fato da sabedoria divina ser superior à capacidade cognitiva humana, transcender os limites da sabedoria natural, seu portador recebe a habilidade de tomar decisões em condições obscuras. Este dom serve para orientação e conselho aos crentes, norteia para que haja decisões sábias em situações extremamente difíceis, cuja solução está fora do alcance da Igreja. Traz a resposta certa que encerra circunstâncias fora da regularidade no dia a dia da comunidade cristã.

3. Uma liderança sábia.

É necessário ter certa sabedoria e instrução no exercício dos dons espirituais e no reconhecimento desses dons. A liderança cristã, bem como todos aqueles que querem servir à Igreja de Cristo, deve buscar o dom da sabedoria a fim de administrar e servir com excelência. A sabedoria de Deus é de grande valor em situações que exigem um preparo totalmente equilibrado, sensato, que faz cessar problemas.

No início da Igreja Primitiva, o número de judeus que se tornaram seguidores de Jesus aumentou bastante, juntamente com o crescimento surgiu a necessidade de organização e delegação (Atos 6.1-4). Alguns judeus de origem grega, aparentemente, eram negligenciados na organização da igreja de Jerusalém. Então os doze apóstolos, para que pudessem continuar nas atividades da oração e da pregação, instruíram os novos discípulos a escolherem do meio deles sete homens para posições de liderança. 

Os crentes precisavam de poder espiritual e sabedoria para obter melhor aproveitamento. Os escolhidos deveriam ser pessoas cheias do Espírito Santo e de sabedoria, ter origem grega e possuir boa reputação. Assim, para atender uma necessidade logística, distribuir comida aos necessitados, surgiu o ofício dos diáconos. Entre os escolhidos estava Estevão, que não era apóstolo, porém, era muito abençoado por Deus e cheio de poder. Dispunha de tanta sabedoria que ninguém conseguia sobrepor a ele durante a pregação. A sabedoria e a unção caminham juntas com o amor  ao próximo!

II - PALAVRA DA CIÊNCIA

1. O que é?

O dom da palavra de ciência é fruto do resultado da iluminação do Espírito acerca das revelações e mistérios de Deus. É uma revelação espiritual de informação relativa a uma pessoa ou acontecimento, feita a um propósito especial, normalmente peculiar e tendo a ver com uma necessidade imediata.  

2. Sua função.

O dom da palavra da ciência se relaciona ao ensino das verdades da Palavra de Deus. Não funciona para servir a propósitos de pouca importância e para uso em situações comum ou simples. Seu objetivo é preservar a vida da Igreja, livrando-a de qualquer engano ou artimanha do maligno. 

Através da palavra da ciência, o Espírito, manifesta o conhecimento que não é transmitido senão pelo uso da fé. De maneira extranatural, beneficia a Igreja trazendo o ensino para uma pessoa ou grupo de pessoas sobre algo específico e com propósito imediato. 

3. Exemplos bíblicos da palavra da ciência.

A teoria psicológica, a sociologia, a história, a política são elaboradas em cima do conhecimento humano dos tempos de hoje, não passam de comprovação que reforça a cegueira espiritual das pessoas sem Cristo. As almas que não conhecem e ignoram a Jesus estão espiritualmente mortas, são como alguém que sempre viveu em trevas e nega a existência da luz. Apenas quando ouvem, creem, aceitam a Jesus como Salvador essa cegueira deixa o seu entendimento. Quando ouvem a mensagem ligada à  palavra da ciência, transmitida na pregação que apresenta o plano divino da salvação, sua perspectiva de vida muda drasticamente. A ciência do amor de Deus e o fato de que Jesus ressuscitou têm um profundo efeito na dimensão de suas vidas. Todo o intelecto humano é afetado depois que a alma conhece os benefícios espirituais existentes na luz divina. 

O Espírito Santo relaciona-se com as evidências do cristianismo. O testemunho do Espírito é útil à defesa da fé que o crente expressa. Este testemunho é uma comunicação pessoal do Espírito Santo ao espírito do crente, deixa-o ciente que o convertido a Cristo é filho de Deus (Romanos 8.15-17; Gálatas 4.6-7).

Em 1 Coríntios 2.6, Paulo faz uma comparação. Mostra à igreja de Corinto a diferença entre a sabedoria humana e a espiritual. Esclarece que a razão humana não é capaz de levar o homem à redenção dos seus pecados. Somos redimidos pela fé em Cristo. A fé salvífica é um dom divino. O homem que não aceita a Cristo como Salvador não pode compreender a sabedoria de Deus revelada em Jesus. A graça de Deus é dada ao crente, de múltiplas formas, através de Cristo, de modo que o Espírito Santo não permite que lhe falte dom algum (1 Coríntios 1.4-7).

III - DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS

1. O dom de discernir espíritos.

"Bom e reto é o SENHOR, por isso aponta o caminho aos pecadores. Guia os humildes na justiça e ensina aos mansos o seu caminho" - Salmos 25.8,9.

A palavra "retidão" vem de uma raiz hebraica que significa "direito", "que não tem "curvatura". Nas Escrituras Sagradas, tem a ver com o estilo de vida em santidade. O discernimento de espírito faz o crente reconhecer que "toda boa dádiva e todo dom perfeito vem lá do alto", tudo que provém de Deus está caracterizado segundo os atributos do Pai das luzes, "em quem não pode existir variação ou sombra de mudança", pois Ele é santo (Tiago 1.17).

A capacidade de discernir espiritualmente está citada em 1 Coríntios 12.8-10, logo após o dom de profecia. No grego, o primeiro substantivo encontra-se no plural, portanto, podemos considerar "discernimentos" ou "distinções".

2. As fontes das manifestações.

"Justo é o SENHOR em todos os seus caminhos, bondoso em todas as suas obras. Perto esta o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade" - Salmos 145.17,18. 

Em seu louvor, registrado no Salmo 145, o salmista descreve o modo como Deus é revelado e manifestado aos homens. Deus é imanente e transcendente. A imanência apresenta Deus presente e dinâmico na sua criação e interagindo com a humanidade; a transcendência mostra que Deus não é restrito à nossa capacidade de compreendê-lo ( Jeremias 12.1).

Nesta condição divina, o Espírito de Deus manifesta-se ao ser humano, limitado, concede o dom de discernimento de espírito para pessoas espirituais, aos que evitam seguir pela direção da maldade, escolhendo associar-se com outros crentes que devotam tempo e energia ao conhecimento da vontade divina (1 Coríntios 2.13-14).

O dom de discernimento de espírito (diakriseis pneumaton) é essencial ao cristianismo. Através desta capacitação espiritual, há o poder para detectar a origem das circunstâncias ou as intenções das pessoas, é possível distinguir a verdade espiritual do erro ou heresia. Dotado com o discernimento de espírito, o crente percebe a tortuosidade dissimulada de licitude, é capaz de reconhecer a simulação do gracejo pirracento travestido de inocência; pode descobrir autores de atos maus disfarçados de ovelhas de Cristo. A capacitação fornece condições ao crente para saber a diferença entre os dons que vêm do Espírito de Deus e os que não vêm dele.

3. Discernindo as fontes espirituais.

Durante o culto é esperado que cada membro manifeste um dom. "Que fazer, então, irmãos? Quando vocês se reúnem, um tem salmo, outro tem um ensino, este traz revelação, aquele fala em línguas, e ainda outro faz a interpretação. Que tudo seja feito para a edificação" (1 Coríntios 14.26). 

Paulo não sugere que todos os presentes se manifestem, destaca que cada membro é livre à manifestação. Ao encorajar os crentes ao exercício dos dons durante o culto, o apóstolo cita cinco elementos:

1. salmo;

2. doutrina;

3. revelação;

4. língua; e

5. interpretação.

Provavelmente, os cinco itens representem vários tipos de manifestações verbais do Espírito que deveriam acontecer na igreja de Corinto. Nota-se que o termo "revelação" está incluído, de maneira equivalente, no lugar de "profecia". 

Paulo ensina sobre o controle dos dons, não pode haver mais do que três expressões verbais glossolálicas em qualquer culto de adoração, pois nenhum dom deve sobrepor aos demais (1 Coríntios 14.27). Sobre o dom de profecia, diz: "os outros julguem". Isto é, a igreja como um todo deve julgar o conteúdo da profecia. O meio de avaliação é o dom de discernir os espíritos. 

CONCLUSÃO

Ao iniciar a primeira carta aos crentes congregados na igreja em Corinto, Paulo deu louvores pela graça de Deus, evidente naquela comunidade, pelo fato que nenhum dom lhes faltava. Contudo, eles não conseguiam lidar bem com estes dons espirituais. As atitudes de alguns crentes contribuía para reuniões caóticas e ruidosas que não edificavam os crentes e escandalizavam os descrentes que os visitavam (1 Coríntios 14.20-36). 

É importante que haja no relacionamento interpessoal entre crentes o interesse comum de agradar ao Senhor em tudo, o que consequentemente resultará no uso de todos os dons em conformidade com o plano original do Senhor. Os dons quando não são empregados no amor, que é abnegado e focado nas outras pessoas, torna-se inútil. Apesar de ser provisões de Deus, o amor é o que realmente importa (1 Coríntios 12.31 - 13.13).

E.A.G.

Atualização em 16/04/2021; 16h41; 18h23; também em 17/04/2021; 03h19; 05h42 

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

O que é casamento aos olhos de Deus?


Resposta sobre o que é casamento aos olhos de Deus, nosso Criador.

Por conta da postagem de ontem, sobre o casal Gunnar e Frida Vingren, tenho recebido comentário sobre o que significa o casamento aos olhos de Deus. Respeitosamente, quero dizer que me surpreendi quando alguém falou que não há no enlace matrimonial nenhum aspecto espiritual.

Eu me sinto na obrigação de me pronunciar, não para discutir, mas pontuar sobre o que a Palavra de Deus diz a respeito do tema. Tenho que divergir daqueles que defendem a tese de que não existe no matrimônio um elo espiritual.

Concordamos quando é dito que existe o propósito bíblico da conjunção carnal para procriação e também o prazer físico. E discordamos quando dizem que é fanatismo acreditar que existe no casamento o aspecto espiritual.

Em primeiro lugar, lembremos do que o Criador disse sobre o casamento: "e serão uma só carne". Ora, duas pessoas se tornam uma pessoa no casamento. Como é possível isso? O corpo do marido se liga ao da esposa, pele e ossos num corpo único? Não. Como, então? Não é fisicamente, pois não é possível que duas matérias estejam em um mesmo lugar ao mesmo tempo.

O termo hebraico para a palavra “uma”, contida no versículo “uma só carne” é um vocábulo que não significa unidade, mas UNICIDADE.

O que é unicidade? É quando duas peças, duas unidades, de metal são diluídas em uma fundição pela alta temperatura, e no estado líquido o fundidor derrama as peças de metal liquidificados em uma vasilha, e então os líquidos se misturam. Após a temperatura baixar o líquido volta ao estado sólido. Depois que as peças estão frias, voltam para o estado sólido, e assim temos o resultado chamado UNICIDADE. Duas unidades transformadas em uma. E nunca mais será possível reverter o processo de fundição dessas duas unidades. Para sempre elas serão um objeto só, algo indivisível, o estado original é passado que não volta. O casamento para o Criador é UNICIDADE. Não são duas unidades juntas.

A expressão "dois são um" só é comparada a Deus, a Jesus e a Igreja no sentido espiritual. O Senhor disse "eu e o Pai somos um". E o que Deus é? Matéria ou espírito? Paulo disse que somos o Corpo de Cristo, membros interligados em um só corpo, cuja cabeça é Cristo. Separados desse corpo, morremos...

Portanto, o matrimônio tem o seu aspecto espiritual. Não nos esqueçamos da advertência do escritor de Hebreus, no capítulo 13 e versículo 4, parte a: “Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula...".

Aos que não honram o casamento, há a sentença condenatória na parte b deste versículo: “Deus julgará os impuros e adúlteros". Isto é, aqueles que após casados, se relacionam como se não houvesse uma aliança de marido e esposa e o compromisso de união honrado perante o Criador da UNICIDADE MARTRIMONIAL, tem em seu futuro um momento reservado para o “acerto de contas”.

Não darei continuidade nisso, pois já me fiz entendido. Acabei esse assunto por aqui.

Caso alguém se interesse em saber mais sobre o que tenho escrito sobre o matrimônio à luz da Bíblia, sugiro que, aqui mesmo neste blog, vá ao ecrã de busca e digite a palavra “casamento”. Nestes anos como blogueiro cristão, recebi diversas perguntas no espaço de comentários das postagens que publiquei, e também pedidos de aconselhamentos. Sempre respondi a todos em sigilo, inclusive aceitando contato em anonimato. 

segunda-feira, 8 de julho de 2019

João 10.10 - o ladrão no qual Jesus se refere não é o diabo?


Por Eliseu Antonio Gomes

Muitos leitores da Bíblia acreditam que o ladrão, no qual Jesus se refere em João, capítulo 10 e versículo 10, é o diabo. Por outro lado, é impressionante como é fácil encontrar um número grande de pessoas contestando essa interpretação e afirmando que o "ladrão" de João 10.10 não é o diabo.

Será que nesta porção das Escrituras Sagradas "ladrão" se refere apenas a um criminoso qualquer? Ao ler esta passagem bíblica, cujo conteúdo é por demais apropriado às comunidades evangélicas nos dias atuais, é importante ter em vista o contexto do texto em foco.

Parcialmente, eu concordo com a afirmação de que Jesus tenha se referido a pessoas e não ao ser demoníaco, especificamente à referência citada. Nos versículos 8, 12 e 13 está bem claro que Jesus faz alusão aos falsos pastores, mestres e mercenários. Porém, percebemos no contexto bíblico que o diabo também tem muito a ver com ladroagem, todos sabemos que ele é ladrão, que a intenção dele é roubar, matar e destruir, o povo de Deus. O que quero dizer é que no modo literal os ladrões, mercenários e salteadores são líderes religiosos, mas no sentido figurado é o próprio diabo agindo na vida desses líderes religiosos, fazendo uso de seus apetites carnais, amor ao dinheiro, egoísmo, egocentrismo e etc.

Etimologia de palavras

É digno de nota que no original grego o termo "ladrão", que encontramos em João 10.1 é "cleptos". O termo também é usado na passagem O Bom Samaritano (Lucas 10.25-30) e em Apocalipse 16.15 (Eis que venho como um ladrão).

Em João 10, versículo 6, o vocábulo “parábola” não é a tradução de “parabolê”, definição das comparações, analogias e alegorias que Jesus apresentou com a intenção de passar lições espirituais aos seus seguidores. Neste versículo 6, o termo usado é “paroimia”, cujo significado é enigma e provérbio, como no Livro de Provérbios.

Encadeamento do tema

Certa vez, Jesus Cristo afirmou: “quem comigo não ajunta, espalha” (Lucas 11.23). Deu a entender, claramente, que na esfera espiritual não há meio termo, ou somos seus seguidores ou indivíduos inconvenientes que atrapalham o progresso da expansão do Reino de Deus aqui na terra.

O Evangelho de João, capítulo 10, traz a lição O Pastor e as Ovelhas, que está atrelada com a narrativa do capítulo anterior. O duplo “em verdade” (10.1), faz a transição entre o diálogo do capítulo 9 ao monólogo do capítulo 10.

No capítulo 9 de João, encontramos o episódio do cego de nascença, que Jesus curou passando lama em seus olhos e o mandando lavar-se no tanque de Siloé. A narrativa conta que depois este homem foi interrogado pelos fariseus, líderes da sinagoga, que se quer puderam acreditar que ele havia sido pessoa cega, só creram após o depoimento de seus pais. Ao invés de se alegrarem com ele por ter recebido o milagre, criticaram a situação pois o relato dizia que a cura ocorreu num dia de sábado. Estes judeus expulsavam da sinagoga as pessoas que confessavam que Jesus era o Cristo, mas com certeza teriam reivindicado para si o título de pastor, aos quais Cristo se refere como ladrões e salteadores. Nesta circunstância, com certeza o ex-cego faz parte do rebanho do Bom Pastor. 

Analisando o conteúdo contextual, podemos categoricamente afirmar que o "ladrão", de João 10.10, representa toda a classe de falsos pastores, são as lideranças inúteis que adentram os meios cristãos mais preocupadas em transformar ovelhas em alimento do que em alimentá-las, protegê-las e curar o rebanho de Cristo (Ezequiel 34.1-5; Zacarias 11.17).

Há muitos pseudos-pastores, falsos irmãos hoje em dia. Eles estão infiltrados no rebanho do Bom Pastor e agem como lobos camuflados em pele de ovelhas. Jesus se referiu a eles como guias cegos. Eles se apresentam com autoridade espiritual falsa, falam supostamente em nome de Deus, pregam sobre salvação mas colocam sobre os cristãos jugos pesados. O objetivo deles é lucrar financeiramente, não se importam em roubar, destruir e, espiritualmente, matar, com a finalidade de conquistar bens materiais, viver em glamour, projetar sua imagem com situações de pompa e circunstância. Quanto a essa gente desnaturada, é preciso ter o máximo de cuidado, afastar-se delas. Ainda bem que quem é ovelha, e se mantém vigilante, reconhece e atende apenas a voz do verdadeiro pastor.

Exortações apostólicas

O apóstolo João fez referência aos que “não ajuntam com Cristo”, chamando-os de anticristos (1 João 2.18). Tais opositores do progresso do Reino de Deus, se assumem posto de líderes, são mercenários, ladrões e salteadores. Eles se comportam como os fariseus que ao invés de ajudar o cego o expulsaram do rebanho no qual eram responsáveis por seu bem-estar.

Precisamos meditar em outro contexto para João 10. Façamos uso da nossa força de raciocínio, para relembrar a exortação de Pedro aos cristãos. Ele nos alerta assim: “Sejam sóbrios e vigilantes. O inimigo de vocês, o diabo, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1 Pedro 5.8). Ora, alguém já viu, ou ouviu falar, que o diabo atacou literalmente uma pessoa? Ele faz isso no sentido amplo da situação, usa todo aquele que “não ajunta com Jesus”, mas espalha, atrapalha o progresso do Reino de Deus.

O apóstolo Paulo aconselha o povo de Deus a viver em harmonia, pede aos irmãos de fé que, assim como ele, tenham disposição para perdoar. “A quem vocês perdoam alguma coisa, eu também perdoo. Pois o que perdoei, se é que perdoei alguma coisa, eu o fiz por causa de vocês na presença de Cristo, para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não ignoramos quais são as intenções dele.” (2 Coríntios 2.10-11).

Conclusão

Naquele triste acontecimento do rompimento da barragem em Brumadinho, muitas vidas foram ceifadas pela lama. A Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros pediram para diversas famílias deixarem as suas residências, elas corriam risco naquele local devastado. E foi triste saber que cidadãos maus aproveitaram a ocasião para saquear as casas cujas famílias não estavam presentes. A estratégia do diabo é impulsionar pessoas para agirem malignamente, ele quer roubar toda a nossa paz e toda a nossa alegria. Essa história é uma advertência para aqueles de nós que podem ser pegos despreparados ao lidar com ataques do diabo. Ele assume o posto de comando de vidas humanas por meio do pecado que é praticado sistematicamente. Quando o indivíduo se esquece de ser crente vigilante, dá lugar para o diabo moldar suas opiniões, controlar suas atitudes e apagar seus objetivos nobres (Efésios 4.27).

De uma maneira similar ao caos causado pela lama, o pecado pode destruir coisas que aparentemente estão em boa ordem. O esforço para remover a lama e limpar depois de o diabo aparecer no caminho do crente é muitas vezes mais doloroso do que o evento inicial. Se as brasas ardentes da vontade carnal quer guiar nossas atitudes, a melhor coisa a fazer é lembrar-se da Palavra de Deus e tomar as medidas apropriadas para superar o mal, pois ao dar vez às obras da carne o crente cria a oportunidade para que o diabo tire vantagem da sua falta de vigilância, pois nesta condição o crente é um infeliz anticristo.

Mantenha-se em oração, para estar sempre firme e forte, livre das amarras diabólicas.

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Mateus 6.31 - Deus quer apenas nos dar o que comer, beber e vestir?


"E por que se preocupam com o que vão vestir? Observem como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam. Eu, porém, afirmo a vocês que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, não fará muito mais por vocês, homens de pequena fé? Portanto, não se preocupem, dizendo: “Que comeremos?”, “Que beberemos?” ou “Com que nos vestiremos?” Porque os gentios é que procuram todas estas coisas. O Pai de vocês, que está no céu, sabe que vocês precisam de todas elas. Mas busquem em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas lhes serão acrescentadas" - Mateus 6.28-31 (NAA).

Usando este texto bíblico, mais de uma vez presenciei cristãos, cheios de boa intenção, interpretá-lo afirmando categoricamente que o nosso Pai celeste não está interessa em nos abençoar além do prato de comida de cada dia, do copo de água e das roupas que precisamos nos resguardar.

É complicado ouvir pregadores dizer que Deus não pretende nos abençoar no campo financeiro ou material, após haver orado e ter sido atendido pelo Pai celeste. O Senhor é soberano, age de muitas formas, deseja o nosso bem-estar. Milagres acontecem na vida do crente em Cristo, e não há como explicar tais ocorrências,  só nos resta agradecer por cada uma delas. O que dizer mais? Orei considerando meu Deus o meu Pai e simplesmente após isso esqueci que havia feito a oração e o milagre aconteceu.

O apóstolo Tiago (capítulo 4 e versículos 1 ao 3) nos ensina a orar e receber a resposta positiva do Pai celeste. Ele escreveu: "De onde procedem as guerras e brigas que há entre vocês? De onde, senão dos prazeres que estão em conflito dentro de vocês? Vocês cobiçam e nada têm; matam e sentem inveja, mas nada podem obter; vivem a lutar e a fazer guerras. Nada têm, porque não pedem; pedem e não recebem, porque pedem mal, para esbanjarem em seus prazeres".

Ao orar ao Pai, o Pai vê quais são as nossas motivações e o nosso jeito de se relacionar com as pessoas em nossa volta, vê se há dentro de nós ambição egoísta, sabe se existe ou não intenção de compartilhar com os irmãos a bênção que solicitamos. Não seremos atendidos caso faltar em nós o amor ao próximo. Ao orar, que o objetivo seja nobre.

Numa pesquisa do grego koiné, sobre Mateus 6.31, vi que os verbos “comer” e “beber” estão restritos ao sentido em português que usamos, porém, “vestir” vai além do sentido de vestuário. O termo (“peribalô”) abrange tanto as roupas quanto investimentos. 

A raiz dessa palavra é “peri”, usado como superlativo, indica figurativamente tempo , assunto e ocasião e lugar; literalmente, conota “circunstância” e “propriedade”.

“Ballõ” é um verbo, significa lançar (-se) com veemência.

Disto, podemos entender que além de “o que iremos vestir?”, a tradução também poderia ser outra, remetendo às situações de trabalho digno, salário justo, residência, estabilidade financeira. Mas observando diversas traduções da Bíblia, os tradutores que consultei, tanto em português quanto em inglês, escolheram verter “peribalô” se referindo apenas às vestes.

E.A.G.

quarta-feira, 1 de maio de 2019

O Livro Provérbios de Salomão

Arte: Gustave Doré
Por que ler Provérbios? Desde os debates na televisão até as colunas de aconselhamento nos jornais, passando pelos livros de autoajuda, nossa cultura dá acesso ao conhecimento, enfatiza a necessidade de buscar a instrução, porém, muitas vezes há carência de discernimento ao indicar os meios de agregar e manejar o saber. Uma motivo disso é a complexidade da vida. Precisamos de conselhos práticos, mas também espirituais. O Livro de Provérbios põe à disposição do seu leitor essa inteligência espiritual para questões que vão desde a boa administração do dinheiro, passando pelos perigos do adultério, até a identificação dos verdadeiros amigos. Ao se dispor a lê-lo, o leitor encontra a sabedoria que funciona e entendimento que nunca se desatualiza. 

O que é provérbio?

A raiz latina do vocábulo provérbio consiste de duas palavras: "pro" (em lugar de) e "verba" (palavras). Às vezes chamado máxima. É uma verdade condensada em poucas palavras e declarada de modo memorável, sendo pertinente a várias situações da vida, assim um provérbio é um dizer breve que é pronunciado "em lugar de muitas palavras" que ajudam as pessoas a tomar atitudes sábias.

 A palavra hebraica traduzida por "provérbios" significa "uma comparação". Os israelitas, e à maioria dos povos orientais, costumavam ensinar através de provérbios. Tais frases eram de natureza fácil de memorizar e condensavam muita sabedoria num espaço resumido.

Quem escreveu Provérbios?

Essencialmente, Salomão, filho de Davi e Bate-Seba, o rei mais sábio que já governou Israel, escreveu boa parte do livro. Agur, filho de Jaque, e Lamuel (talvez rei não israelita) também contribuíram para a obra.

Salomão, que significa "Pacífico", conduziu Israel à sua fase mais próspera e menos violenta de todo o período monárquico. O reinado de Salomão despertou admiração e respeito até mesmo de governantes estrangeiros (1 Reis 10.6-9).

A respeito de Agur e do rei Lemuel, que contribuíram com os últimos capítulos de Provérbios, não se sabe muito, exceto que não estavam entre os reis israelitas conhecidos no Antigo Testamento.

Esquema do conteúdo
• 1 - 4.7 - Elogio da sabedoria; 
• 5.1 - 7.27 - Conselhos contra o adultério e outros pecados;
• 8.1 - 9.18 - A sabedoria e a falta de juízo;
• 10.1 - 22.16 - Primeira coleção de provérbios;
• 22.17 - 24.34 - Trinta provérbios dos sábios; 
• 25.1 - 29.27 - Segunda coleção de provérbios;
• 30.1 - 31.9 - Provérbios variados;
• 31.10-31 - A esposa ideal.
Para quem foi escrito?

Para o povo de Israel, sobretudo para os jovens que estavam se lançando à jornada da vida, e consequentemente para todos os povos. Os conselhos do livro fazem sentido tanto para cristãos quanto para não cristãos.

Provérbios menciona com frequência três classes de pessoas que necessitam desesperadamente de sabedoria: a insensata; a simplória, e a escarnecedora (veja 1.22). Os tolos são apresentados em quatro características: o ignorante; o teimoso; o orgulhoso; e o imoral. Para estas pessoas, são lançadas as seguintes questões:
• Qual é a vantagem de não fazer apenas o que dá prazer? (Provérbios, capítulo 2);
• É impossível falar sempre a verdade? (6.16-17; 12.17-19; 17.4-20);
• Reflexão sobre o desejo de ficar rico (10.4; 11.4, 28; 15.16).
Provérbios foi escrito para todos nós. Ele nos exorta a viver a vida com boa qualidade de relacionamento interpessoal. Ensina que é preciso ter cuidado com a espécie da nossa comunicação, pois tanto a palavra quanto o silêncio possuem poder. Provérbios 15.1; 16.23-24; 20.15; 21.23. 

Quando foi escrito?

Salomão reinou no século 10 a.C., mas a coleção de provérbios só foi compilada e editada 250 anos depois da morte de Salomão, aproximadamente em meados de 700 a.C.. A data de conclusão apontada por uma linha considerável de teólogos é 950 a.C., com algumas partes escritas por volta de 720 a.C.

Por que foi escrito?

Provérbios é um livro de sabedoria prática. Ensina que a religião está ligada aos problemas comuns da vida. As palavras-chave são sabedoria, conhecimento, compreensão, instrução, temos a Deus. O conteúdo da obra visa mostrar como a sabedoria de Deus serve para a vida real (1.2-6).

Em Provérbios a sabedoria é descrita como uma mulher amável que chama as pessoas para que a sigam a fim de terem uma vida abençoada e bem sucedida. A estultícia é descrita como uma mulher ímpia que leva as pessoas para o inferno.

De modo geral pensamos que sabedoria seja a habilidade de usar o conhecimento de forma correta, e essa é uma definição prática. Mas na Bíblia, sabedoria quer dizer muito mais. A verdadeira sabedoria é algo que envolve o coração e não apenas a razão. Existe uma questão espiritual. Há uma "sabedoria deste mundo" (1 Coríntios 2.1-8; Tiago 3.13-18), e há uma sabedoria divina que vem do alto.

Apesar de não haver nenhuma referência direta a Cristo, profética ou tipológica, nas páginas de Provérbios, é muito evidente a menção subentendida do Filho de Deus em suas páginas. Alguns provérbios são a respeito das relações de família. outros sobre comportamento nos negócios, outros tratam de boa educação nas relações sociais; e ainda outros falam da necessidade de a pessoas saber se controlar. Toda a coletânea ensina sobre o valor da humildade, da paciência, do respeito pelos pobres e a lealdade para com os amigos e o respeito aos pais (1.7; 3.5-6; 4.1-7). As qualidades necessárias para se viver com sabedoria, obediência a Deus, bom comportamento, paciência, confiabilidade, humildade, diligência, percepção das coisas como elas realmente são, são perfeitamente ilustradas na personalidade do nosso Salvador e Senhor.

Cristo é a Sabedoria de Deus para os crentes (1 Coríntios 1.24, 30; Colossenses 2.3). Quando se lê a descrição que Salomão faz da sabedoria em Provérbios 8.22-31, não se pode fugir da impressão de que a referência é a pessoa de Jesus Cristo. A sabedoria é descrita como eterna (versículos 22-26), criadora de todas as coisas (versículos 27-29), e a amada de Deus (versículos 30-31). Imediatamente somos levados a pensar em João 1.1-2 e em Colossenses 1;15-16. Entregar a vida a Cristo e obedecer os seus ensinos é a atitude que representa a verdadeira sabedoria.

O que se deve buscar em Provérbios de Salomão? 

O Livro de Provérbios descreve o caráter da pessoa que é sábia.
• 1.5 - ouve a instrução;
• 9.4-6, 10 - foge do pecado e se desvia do mal;
• 10.5 - é diligente e esforçada no seu trabalho diário;
• 10.8 - obedece ao que ouve;
• 10.14 - guarda a instrução recebida;
• 11.30 - ganha outras pessoas para o Senhor;
• 16.23 - controla a língua e cuida do que fala.
O Livro de Provérbios menciona a situação desesperadora de pessoas tolas. O insensato é descuidado, superficial, quase sempre está procura a autossatisfação. Acredita que está sempre certo, torna-se agressivo verbal ou fisicamente por motivos fúteis, toma decisões sem pensar e sem pedir opinião (12.15, 16; 13.16). Nabal é um exemplo clássico de pessoa precipitada, que não preserva boas amizades, não se afasta de problemas e desagrada a Deus com seu estilo de vida. A palavra nabal significa pessoa insensata (1 Samuel 25). 

Procure oposições como estultícia versus sabedoria, preguiça versus diligência, adultério versus fidelidade e amizades verdadeiras versus falsas. Procure, também, os princípios para um casamento sólido, para que pai e mãe sejam bons pais e para um bom relacionamento no emprego. Preste bastante atenção aos diferentes resultados obtidos pelos que seguem a sabedoria divina e pelos que não a seguem.

Conclusão

Precisamos aprender com as gerações passadas e através das experiências práticas da vida. Muitas vezes a juventude é possuída por uma sensação de que é capaz de "reinventar a roda"; acredita que sempre é possível ser original e desenvolvedora das soluções de seus problemas. É extremamente importante ouvir a voz das gerações mais experientes e estar disposto a aprender nos bancos escolares. A pessoa sábia é aquela que observa os fatos de sua sua e procura extrair ensinos práticos para a sua vida.

Compilação:
Bíblia de Estudo Vida, edição 1998, página 977, São Paulo /SP (Editora Vida).
Toda a Bíblia em um ano: Ester a Malaquias - volume 2; Darci Dusilek; 11ª edição; ano 2014, página 23; Rio de Janeiro (Horizontal Editora). 

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Salvação e Livre-Arbítrio

Por Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

O principal plano de Deus foi salvar a humanidade, porém, em concordância com sua sabedoria, deu o livre-arbítrio ao homem.

I. A ELEIÇÃO BÍBLICA É SEGUNDO A PRESCIÊNCIA DIVINA

1. A eleição de Israel.

Qualquer estudo sobre a eleição deve começar por Jesus. Toda conclusão teológica que não fizer referência à doutrina de Cristo seja posta como ação suspeita, pois em Jesus encontramos o amor de Deus.

A eleição de Israel foi ímpar e pontual. Deus tinha o objetivo de enviar o Salvador ao mundo através da nação hebreia. Cristo reflete o Deus que elege. sem fazer acepção de pessoas. Por este motivo o apóstolo Paulo vinculou o amor à eleição ou predestinação.
a. "Antes da fundação do mundo, Deus nos escolheu, nele, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele. Em amor  nos predestinou para ele, para sermos adotados como seus filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o propósito de sua vontade" - Efésios 1.4-5.
b. "Portanto, como eleitos de Deus, santos e amados, revistam-se de profunda compaixão, de bondade, de humildade, de mansidão, de paciência" - Colossenses 3.12; 
c. "Sabemos, irmãos amados por Deus, que ele os escolheu" - 1 Tessalonicenses 1.4;
d. "Mas devemos sempre dar graças a Deus por vocês, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus os escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade" - .2 Tessalonicenses 2.13.
O Deus que elege é o Deus que ama o mundo inteiro de maneira tal, com um amor indescritível. Por isso não é aceitável a afirmação que Ele escolhe alguns para a salvação eterna e envia outros para a perdição sem-fim.

2. A eleição para a salvação.

A eleição divina é o ato pelo qual Deus chama os pecadores para a salvação em Cristo e torna-os santos. Essa eleição é proclamada através da pregação do Evangelho, e Deus deseja que todos sejam salvos e respondam afirmativamente ao chamado para a salvação. Romanos 8.29-30; João 1.11; Atos 13.46; 1 Corintios 1.9; Atos 2.37; 1 Timóteo 2.4; 2 Pedro 3.9.

A eleição é segundo a presciência de Deus.

É necessário nascer outra vez

3. A presciência divina.

A presciência é a capacidade de Deus saber todas as coisas de antemão e interferir na história humana (Atos 22.14; Romanos 9.23; Neemias 9.21; Salmos 3.5; 9.4; Hebreus 1.3).

Estamos sob os cuidados e a presciência de Deus, mas também desfrutamos paradoxalmente da liberdade do livre-arbítrio dado por Ele, situação que aumenta a responsabilidade humana em obedecer aos seus mandamentos (Hebreus 10.38; Apocalipse 3.20).

II. ARMÍNIO E O LIVRE-ARBÍTRIO

1. Breve histórico de Jacó Armínio (Jakob Hermanzoon)

Armínio, teólogo e reformador, nasceu na Holanda em 1560, foi pastor em uma igreja em Amsterdã, recebeu o título de doutor em teologia pela Universidade de Leiden. Suma mais enfática defesa é o livre-arbítrio humano. Por este posicionamento, enfrentou oposição, falsas acusações por parte dos calvinistas, porém manteve-se sempre manteve postura não combativa, embora firme em suas convicções. Armínio morreu no auge da controvérsia teológica na Holanda, em 1609.

Não trouxe nenhuma novidade à teologia cristã no sentido doutrinário. Para embasar seu parecer, usou em seu método os pais da Igreja, escritos medievais e muitos outros protestantes que lhe antecederam. Assim, refutou duramente algumas doutrinas de linha calvinista, com o objetivo de enfatizar o caráter bondoso, amoroso e justo de Deus.

Nomes arrolados ao lado de Armínio:
Melanchton, líder luterano;
Erasmo, reformador católico;
Balthasar Hubmaier líder anabatista do século XVI;
Menno Simons, líder anabatista contemporâneo de Hubmaster.
Segundo a doutrina arminiana, não apenas a cruz de Cristo é necessária para solicitar e obter a salvação, a fé no sacrifício realizado por Cristo na cruz também é necessária para obter a redenção. Deus elegeu e destinou todos para a salvação (João 3.14-16; 1 Pedro 2.9).

A principal característica do arminianismo é o livre-arbítrio. Os pontos básicos desta doutrina, são:
a. A predestinação depende da maneira de o pecador corresponder ao chamado da salvação. Assim, a salvação está fundamentada na presciência divina; não é um ato que segue única e exclusivamente a vontade de Deus;
b. Cristo morreu, indistintamente, por toda a humanidade, porém somente serão salvos os que crerem;
c. Como o ser humano não tem a capacidade de crer, necessita do auxílio da graça divina;
d. Apesar de não ter fim, a graça pode ser resistida;
e. Nem todos os que aceitaram a Cristo perseverarão.
Antes de existirem tradicionais-históricos, pentecostais e outros, já haviam milhares de cristãos fiéis ao Senhor. . Isso significa que a história da Igreja não teve seu início com uma pessoa ou uma só denominação. Por isso não se justifica guerras teológicas, brigas denominacionais e rompimentos de amizades. A Palavra de Deus não existe para trazer contendas e rivalidades. A diferença teológica não deve servir de motivação para erguer muros de inimizades entre irmãos. Não convém debater sobre o assunto em foco, oremos e nos esforcemos para que não haja ânimos exaltados por causa de linhas doutrinárias diferentes. Antes de Armínio e Calvino, tenhamos em alta consideração Jesus, que é o nosso Salvador. Vivamos nossa fé em Cristo fazendo uso do amor cristão uns pelos outros.

2. O livre-arbítrio.

O Criador fez o homem livre e independente, inteligente e permite que cada indivíduo escolha entre o bem e o mal. Deus quer que todo ser humano, livre e espontaneamente, o ame de todo o coração e mente. Então, em sua bondade, deu para seus filhos a possibilidade de escolha. Ele proveu a salvação para todos, mas nem todos atendem ao seu convite. Assim, Deus cortou Israel por escolha de Israel e enxertou pessoas de outras nações, que creram em Cristo como Salvador e o receberam como Senhor, em seu lugar e foram esses salvos que se tornaram o Israel de Deus (Mateus 21.43; Romanos 11.17-24).

Deus é soberano, amoroso e quer salvar a todos, mas isso não anula o direito de escolha do ser humano. Na Bíblia temos tanto a predestinação divina como a livre escolha humana, em relação à salvação, porém não uma predestinação em que uns são destinados à vida eterna e outros à perdição eterna. O que coube a Deus realizar no plano perfeito da salvação, está feito; mas a parte do ser humano, que é crer e aceitar o sacrifício de Jesus, o homem precisa fazer.

Aqueles que crerem serão salvos; os que não crerem, porém, serão condenados. Alguns, ao ouvirem o Evangelho, se endurecem ainda mais em seus pecados e perdem a oportunidade de salvação (Marcos 16.16; João 1.11; Atos 17.32).

3. O livre-arbítrio na Bíblia.

De acordo com sua soberania, Deus concedeu o livre-arbítrio ao homem. O livre-arbítrio é a possibilidade que os seres humanos possuem de fazer escolhas e tomar decisões  que afetam seu destino eterno, especificamente se tratando da salvação.

A ênfase inconsequente à livre vontade do homem conduz ao engano de uma salvação dependente de obras, conduta e obediência humanas.

III. ELEIÇÃO DIVINA E LIVRE-ARBÍTRIO

1. A eleição divina.

Eleição é a escolha que Deus faz para com grupos e indivíduos com finalidade específica determinada por Ele - no caso do presente assunto abordado, a salvação. Mas a eleição é condicionada à vontade humana. Essa vontade não prejudica em nada a vontade de Deus, pois prevê tudo antecipadamente.

Uma das palavras hebraicas para eleição é "yãdha". Este termo expressa sentido de amorosidade, carrega a ideia de que Deus escolhe porque seus afetos o levam a escolher as pessoas para a salvação.

No texto bíblico capitulado em Romanos 8.29, encontramos o vocábulo grego "proginõskõ", cujo significado remete à eleição amorosa, ao fato de que Deus amou a todos previamente.

2. Escolha humana e fatalismo.

"Portanto, assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os seres humanos para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos para a justificação que dá vida" - Romanos 5.18.

A graça divina é estendida a todos os seres humanos, abre a cada indivíduo a oportunidade de crer no Evangelho, o que descarta a possibilidade de a eleição ser uma ação fatalista de Deus. Por fatalismo, entenda-se acontecimentos que operam independentemente da nossa vontade e dos quais não é possível evitar.

3. A possibilidade da escolha humana.

Uma das informações admiráveis da Palavra de Deus é a que nos faz saber que embora Deus seja o Altíssimo, o Soberano Senhor dos senhores, Ele criou os seres humanos livres, dando-lhes a possibilidade de relacionar-se de maneira espontânea e livre, amando-o de todo o coração.

 Há vários textos bíblicos que apontam para o fato de o ser humano ser livre para escolher:

"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" - João 3.16..

"Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora" - João 6.37.

" Porque: 'Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo' ” - Romanos 10.13.

CONCLUSÃO

O Evangelho é uma dádiva maravilhosamente indescritível entregada a todas as pessoas, independente de merecimentos pessoais. Deus, em sua infinta misericórdia, nos chama para vivê-lo, diariamente: "Venham a mim todos vocês que estão cansados e sobrecarregados, e eu os aliviarei" - Mateus 11.28. Os que aceitam o convite estão predestinados a "serem conforme a imagem de seu filho Jesus (Romanos 8.29).

E.A.G.

As citações bíblicas expostas por extenso são extraídas da Nova Almeida Atualizada (NAA), tradução publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil.

Compilação:
A Obra da Salvação. Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida; Claiton Ivan Pommerening; páginas 85 a 89; 2ª impressão 2017; Bangu/RJ (CPAD);
Ensinador Cristão; ano 18; número 72; página 40; 4º trimestre de 2017; Bangu/RJ (CPAD);
Lições Bíblicas / Professor. A Obra da Salvação - Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida; Claiton Ivan Pommerening; 4º trimestre de 2017; páginas 54 a 60; Bangu/RJ (CPAD).

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Divorciados no grupo de obreiros - a interatividade do blogueiro com o leitor

Em 24 de abril de 2013 publiquei o artigo Divorciados no grupo de obreiros. Pode?. Trata-se de uma reflexão bíblica, sem a intenção de me posicionar como alguém capaz de fechar o assunto. Continuamos a refletir sobre este tema, polêmico e importante, no espaço de comentário do artigo

Veja a interatividade mais recente, recebida em 11 de novembro passado, enviada por Marcos Roberto Chagas. Importante frisar que o mesmo inseriu a questão de adultério à questão "união conjugal de obreiros divorciados", quando citou o trágico episódio de aproximação íntima entre Davi e Batseba.

A infidelidade conjugal
A família e a sexualidade
As bases do casamento cristão
Briga entre pessoas casadas
Divórcio e novo casamento pela ótica da Reforma Protestante
O Divórcio
Qual a permissão dada na Bíblia para o divórcio?

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Igreja é vocábulo de origem grega. Por que usar palavra grega à instituição de origem judaica?

Encontrei na mídia social um questionamento, que parece uma brincadeira zombeteira aos cristãos que possuem razoável conhecimento bíblico. Contudo, entendo que é uma pergunta pertinente aos que dão os primeiros passos de fé e possuem sede e fome de conhecimento sobre as Escrituras Sagradas. Assim, transporto a pergunta ao blog Belverede, como também a resposta que escrevi para a pessoa que a fez.

A pergunta:

Igreja, do grego εκκλησία (Ekkclesía). Essa palavra não existe no aramaico e nem no hebraico. Por acaso a Igreja é grega? 

A resposta:

Prezada Wilma R. B.

Com todo respeito, venho dizer que a Igreja foi, primeiramente, composta por judeus, gente de Israel. A primeira vez que o vocábulo "igreja" aparece no Novo Testamento, foi através da pronúncia de Jesus, registro disso em Mateus 16.18. Ora, Cristo não usou o idioma grego quando falava aos hebreus, se expressava no idioma de seus concidadãos. Então, é óbvio que usou o termo hebraico correspondente. Sugiro que analise isso lendo o contexto da referência bíblica que citei.

O fato de os Evangelhos terem sido escritos em grego não é motivo para suscitar a questão se a Igreja era ou não grega em período inicial. Ela começou por meio de gente cuja nacionalidade era israelita e em território de Israel. Aliás, o vocábulo grego "ekklesia" tem o sentido de "assembleia"; "chamados para fora", e tem tudo a ver com a decisão de os apóstolos usarem o idioma mais popular do mundo para a missão que tinham que desempenhar. Qual era a missão? Expandir a doutrina de Cristo pelo mundo, para fora de Israel, e se usassem o hebraico (fala desconhecida pelos estrangeiros) não obteriam o êxito que obtiveram.

Podemos dizer que o grego antigo é comparável com o inglês de hoje em dia. Portanto, passar à escrita todo o conteúdo do Novo Testamento em idioma grego, que era o idioma usado de maneira predominante no primeiro século da Era Cristã ao redor do mundo, em nada muda o fato de onde foi e ainda é o berço do cristianismo. 

Se eu ou você se perder na Japão, sem o domínio da língua-pátria daquele país, muito provavelmente encontraremos o socorro se falarmos em inglês com algum japonês. Contudo, usando o nosso idioma, será bem mais difícil nossa comunicação. Este foi o raciocínio dos apóstolos para que se usasse o idioma grego na redação do Novo Testamento, eles quiseram dizer o que deveria ser dito e serem plenamente entendidos com toda a facilidade possível.

Cordialmente,

E.A.G.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

O Anjo do Senhor visita Manoá para avisar que sua esposa gerará Sansão

Por Eliseu Antonio Gomes

“E o Anjo do SENHOR lhe disse: Por que perguntas assim pelo meu nome, visto que é maravilhoso” – Juízes 13.18 (ARA)..

Tenho carinho especial pelos capítulos 13 ao 16 do livro Juízes, tais capítulos narram a história de Sansão. Trazem em minha mente lembranças do meu tempo de criança na escola bíblica dominical.

Juízes 13 relata como foi o nascimento de Sansão, conta que naquela época a nação de Israel havia desprezado a fé em Deus, desprezo este que teve como consequências uma sociedade violenta e cruel, repleta corrupção moral e espiritual, e a grande opressão dos filisteus contra os israelitas por um período de 40 anos.

Neste cenário de caos, o Anjo do Senhor visitou a esposa de Manoá, com a finalidade de dizer-lhe sobre o nascimento de seu filho,e os propósitos de Deus para a criança. Aquela mulher não tinha capacidade de gerar filhos e o ser angelical declarou que ela engravidaria e deveria consagrar o menino ao Senhor pelo voto do nazireado desde o seu ventre, pois ele começaria a libertar a nação israelita - a libertação completa só aconteceu na geração de Saul e Davi (1 Samuel 13-14; 17; 2 Samuel 5.17-25; 8.1).

A mãe de Sansão

Consta no texto sagrado que a esposa de Manoá não duvidou do milagre de cura da sua infertilidade e nem que seu filho seria uma personagem de grande importância ao seu povo. A narrativa informa ao leitor que ela foi contar ao seu marido, detalhadamente, o encontro que teve com o Anjo do Senhor. Logo que soube, Manoá ficou interessado no assunto e foi orar, pedindo ao Senhor novo encontro, para que pudesse aprender dele como educar o seu filho que ainda haveria de nascer. Deus o atendeu. O Anjo do Senhor apareceu novamente a Manoá e à sua esposa, que ofereceram sacrifícios e se admiraram diante da manifestação de seu poder.

É comum encontrar muita gente interpretando o capítulo treze como uma narrativa que apresenta uma Teofania: aparição de divindade em forma humana. Existem outras passagens veterotestamentárias que citam o Anjo do Senhor, sendo a primeira o episódio do aparecimento a Agar (Gênesis 16.7). 

Manoá quis saber como se chamava o Anjo e perguntou seu nome. Penso que a resposta foi mais importante que a pergunta. “E o Anjo do SENHOR lhe disse: Por que perguntas assim pelo meu nome, visto que é maravilhoso?”.

Deus maravilhoso.

No idioma hebraico, “maravilhoso” é "pil'i". Este termo tem o sentido de “algo ou alguém que supera a compreensão humana"; "maravilhoso demais"; "maravilhosíssimo"; "misterioso". O termo hebraico aponta ao "conhecimento do Senhor" (Salmos 139.6); foi usado pelo profeta messiânico para identificar o Messias, que haveria de vir (Isaías 9.6).

Este personagem “maravilhoso”, na maioria das traduções bíblicas, tem o termo “anjo” traduzido com letras maiúsculas.

Quanto a “senhor”, traduz-se com as consoantes e vogais em maiúsculas. A tradução “senhor” é realizada em caracteres de maiúsculas porque os biblistas consideram importante evidenciar aos leitores da Bíblia que no idioma hebraico, onde se lê em português “senhor”, existem quatro letras, que compõem o nome que Moisés ouviu no Monte Horebe. Além de "senhor" nas Escrituras em português o nome de Deus está vertido como Jeová e Javé.

Deus revelou ao patriarca chamar-se EU SOU. Em hebraico, as letras são YHWH  (Êxodo 3.1-6, 14). As quatro letras (Tetragrama), vertidas ao português, são: YHWH. Hebraístas declaram que a sonoridade seria “iodevave”.

O Tetragrama aparece mais de seis mil vezes no Antigo Testamento. Aparentemente, sugere a atemporalidade de Deus, que é a origem de toda a existência. É provável que Apocalipse 1.4, onde está escrito sobre Cristo ("aquele que é, e que era. e que há de vir") se refira ao nome EU SOU / YHWH - fortalecendo assim a existência da Trindade. E por esta razão, estudiosos das Escrituras atribuem também, ao Anjo do Senhor, a identidade de Cristo e por conseguinte à narrativa de Juízes 13 uma aparição de Jesus  Cristo antes de sua encarnação (cristofania),

Não há dúvida que o Tetragrama, impronunciável aos judeus, refere-se ao nome de Deus. O nome de Deus é impronunciável pelos judeus por questão de reverência.

O propósito divino para o nascimento de Sansão.

Para mim, o aspecto mais notável neste texto é o fato de a mulher, para quem Deus colocou seus olhos e decidiu que seria a mãe de Sansão, não ser identificada pelo próprio nome. Ela é citada como a esposa de Manoá e como a mãe de Sansão. Ao contrário de Sara, Agar, Rebeca, Raquel, Rute, Noemi, Ana, Maria, mãe de Jesus, Isabel, mãe de João Batista, e tantas outras servas do Senhor. É digno de nota, também, que ela foi fiel e obedeceu às instruções que recebeu do Anjo; após gerar o bebê, educou-o dentro das normas estabelecidas para um homem nazireu (Números 6.1-21; Levíticos 11; Deuteronômios 14.3-21).

Como nazireu, Sansão  nasceu sobre a proteção dos céus, foi dedicado a uma missão especial, possuía uma força impressionante gerada pelo Espírito Santo e deveria levar uma vida diferente.

Sansão nasceu de forma milagrosa. Seu nascimento foi prometido e abençoado por Deus, quando a sua mãe não tinha mais esperança de engravidar. Havia um propósito definido por Deus para que ele nascesse, sua vida traria esperança de liberdade, graça e prosperidade ao povo. Desde o nascimento, passagem pela mocidade e fase adulta, o Espírito se manifestava através dele. Foi um dos juízes escolhidos para libertar os israelitas da opressão dos filisteus.

Assim que houve o anúncio de que Sansão seria gerado pelo Anjo do Senhor, houve a instrução aos seus pais que ele deveria ser consagrado a Deus como nazireu. Ou seja, havia um voto que consistia em não cortar o cabelo da criança e ensiná-lo que não deveria beber ou comer qualquer coisa que procedesse da uva, jamais comer alimentos considerados impuros.

Conclusão.

Façamos uma reflexão sobre esta passagem bíblica: Deus também tem um propósito especial para a Igreja; como cristãos, não devemos ficar de braços cruzados diante de tantas armadilhas diabólicas: vidas humilhadas e escravas da paixão, corrupção, violência, drogas, sexo ilícito, jogos de azares, desespero; o crente precisa buscar do Senhor o poder fenomenal para estar alerta e sempre pronto ao combate contra o pecado em suas diversas modalidades. Cabe a todos os cristãos realizar a obra do Espírito Santo nos dias atuais. Não mais usando a força física, mas as estratégias de sabedoria cuja origem está no conhecimento do Evangelho de Jesus Cristo.

E.A.G.

Fonte:
Bíblia de Estudo da Mulher Sábia, página 295, edição 2016, Várzea Paulista/SP (Casa Publicadora Paulista).
Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego, página 70, apêndice Dicionário do Antigo Testamento página 1867, edição 2011,Rio de Janeiro (CPAD),  
Mensagens Bíblicas a Cada Dia, Suely Ceruci, postagem sem título, 22 de janeiro de 2017, http : // sbertoncini . zip . net / arch  2017 - 01 - 22 _ 2017 - 01 - 28 . html # 2017 _ 01 - 22 _ 07 _ 59 _ 19 - 127692565 - 0 

domingo, 14 de agosto de 2016

A cura realizada pelo Abba Pai


Por Tânia Guahyba

Não sou pai – graças a Deus!  Mas sou mãe e ao longo dos anos de vida e ministério já conheci muitos, muitos pais. E seus filhos.

(pula para a introdução)

"Abba Pai": este termo, na realidade, é a junção de duas palavras iguais, porém, expressas em dois idiomas. Os vocábulos aparecem três vezes no Novo Testamento e têm o mesmo significado."Abba" significa "Pai" em hebraico. Portanto, no Novo Testamento original está "Abba", em hebraico, seguido do seu equivalente em grego, que foi traduzido para o português, sem que a palavra hebraica o tivesse sido. Se ambas as palavras fossem traduzidas, nosso Novo Testamento traria "Pai, Pai".

“Abba" era a pronúncia usada no hebraico falado no tempo do Novo Testamento. No Antigo Testamento era "Ab" e não se restringia ao uso de Pai em relação a filhos. Eliseu usou a mesma palavra, no original, com respeito a Elias; os servos a aplicavam a seus senhores (2 Reis 2.12; 5.13; 6.21).

Jeová perguntou em Jó 28.38: "A chuva porventura tem pai?". No Novo Testamento esta palavra parece ser usada num sentido mais restrito de parentesco (Romanos 8.15, Gálatas 4.6 e Marcos 14.36).

Alguns sugerem que as duas palavras, em língua hebraica e em grego, tenham sido colocadas juntas para que tanto aqueles que eram judeus de origem, como aqueles que tinham sido gentios, pudessem igualmente dizer "Pai", cada um na sua própria língua.

Deus Se revelou no Antigo Testamento como Jeová, Deus Altíssimo, mas reservou os tempos do Novo Testamento para Se fazer conhecido aos crentes em Seu parentesco de Pai, (confira: João 20.17 - informações tiradas de Concise Bible Dictionary).

Hoje é o Dia dos Pais!

Alegria dos comerciantes, desespero das mães e sentimentos variados nos filhos. Saudade, alegria, angústia, euforia, má vontade, ternura, raiva, indiferença e assim vai...

Muitos estão tristes, sentindo saudades ou não, porque seu pai terreno não está mais nesta vida ou não estará em casa por um motivo justo ou não.

Outros, estarão alegres por ter um pai ao lado, passarão o dia no parque, é provável que irão Shopping e ali almoçarão em um bom restaurante. Ou, possivelmente, provarão o banquete da Mama, mesmo, uma deliciosa macarronada. E os filhos presentearão seus pais, pela enésima vez com uma gravata ou um par de meias; quem sabe o presente o celular da moda (saído do bolso do dito cujo mesmo). Ao entardecer, os pais lerão seus jornais, verão seu jogo de futebol preferido e dormirão felizes por mais um Dia dos Pais.

Alguns filhos irão aos Cultos e lá agradecerão a Deus por já serem pais.  Enfim, são tantas situações...

Penso nos pais que estão presos, nos pais que abandonaram suas famílias, nos pais que não souberam e naqueles souberam da paternidade, porém, pouco se importam com os filhos”. São tantas circunstâncias...

Claro que existem os excelentes pais! Eles serão lembrados para sempre e homenageados nas escolas, igrejas e sociedade de modo geral. Entretanto, hoje penso e oro em favor dos pais maus. Eu intercedo por seus filhos, pobres filhos: magoados; traumatizados; eu também penso nos filhos rebeldes. Levanto minha prece, ao Abba Pai, ao qual Jesus se referiu, reverentemente, solicitando-lhe que perdoe pais e filhos por tudo e os cure da dor, ponha fim no abandono, raiva, vergonha e toda gama de traumas que ambos experimentaram no passado.

Minha prece é para que pais e filhos se espelhem no Abba Pai, ao qual Jesus se referiu, para que se conscientizem e queiram se esforçar de todas as formas para não pecar mais um contra o outro. 

Finalmente, suplico ao Abba Pai, ao qual Jesus se referiu, abençoe todos os pais e filhos em desentendimento, e que leem este texto. Meu pedido é para que sejam muito felizes em Cristo Jesus.

Paz no Dia dos Pais! 

"...porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Pois vocês não receberam um espírito que os escravize para novamente temer, mas receberam o Espírito que os adota como filhos, por meio do qual clamamos: "Aba, Pai". O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus. Se somos filhos, então somos herdeiros; herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo, se de fato participamos dos seus sofrimentos, para que também participemos da sua glória” - Romanos 8.14-17 (NVI).

 “E dizia: "Aba, Pai, tudo te é possível. Afasta de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, mas sim o que tu queres" -  Marcos 14:36 (NVI). 

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Escrevi este texto, pensando em você Beatriz, perdoe o seu pai ausente e segure nas mãos do seu PAI sempre presente. A alegria DO SENHOR é a sua força! (Neemias 8.10).