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terça-feira, 20 de agosto de 2019

Os endemoniados gadarenos. A exegese dos textos bíblicos e breve comentário sobre possessos e oprimidos


As ruínas da antiga cidade de Gadara.
Umm Qays - Jordânia,

Por Eliseu Antonio Gomes

O dilema das narrativas dos dois endemoninhados de Gadara.

Não poucas vezes, formula-se questionamentos sobre as histórias narradas na Bíblia Sagrada. Seja a indagação feita pela motivação da simples curiosidade ou com a intenção nefasta de confrontar nossa crença, é importante estar preparado para a situação.

Se há da parte alguém o desejo de conhecer mais o conteúdo da Bíblia, será sempre recomendável responder de pronto, mas se não houver condição para a resposta imediata, que se vá pesquisar a respeito e passar a informação o mais rápido que puder. Afinal, quando existe sinceridade, no coração de quem deseja aprender sobre o conteúdo bíblico, a sede e s fome de justiça devem ser respeitadas.

E na segunda circunstância, quando possivelmente possa haver vontade de escarnecer o povo cristão, penso que não existe necessidade de levar adiante a conversa, pois, quem decide levantar temas polêmicos com o objetivo de discutir conosco sobre assuntos das Escrituras Sagradas, é uma pessoa que a Palavra de Deus diz que precisa ser mantida longe de nós. Não convém ao cristão se assentar em roda de gente dessa espécie, é o que nos orienta o Salmo 1 e 1 Coríntios 15.33.

Existirão vezes em que uma observação rápida sobre o objetivo do interlocutor será suficiente, mas poderão ocorrer circunstâncias que exigirão do crente calma para conseguir discernir quais são as reais intenções de quem questiona. O entorno dá sinais importantes, mas Jesus Cristo ensina que não devemos nos guiar pelas aparências (João 7.24).

Há contradições bíblicas entre os relatos de Mateus (8.28-34), Marcos (5.1-15) e Lucas (8.26-37)?

Aparentemente, o leitor encontra contradições em diversos trechos da Bíblia. Mas, se faz a leitura sem pressa em tirar conclusões, o indício da discrepância desaparece em face do estudo bíblico cuidadoso. Podemos tomar como exemplo as narrativas encontradas nos Evangelhos, uma delas é o relato sobre o caso do endemoninhado de Gadara. As aparentes diferenças entre os Evangelhos de Mateus e Marcos se aplicam ao de Lucas, também.

Resposta:

Gadara (que em hebraico é "fronteira", "cercado") era uma das dez cidades autônomas da Decápole, situadas a sudeste do mar da Galileia, na atual Jordânia, era luxuosa e rica, habitada principalmente por gentios na época de Jesus. A Mishná (uma das principais obras do judaísmo rabínico) afirma que Gadara data do período do Antigo Testamento. Atualmente, a região de Gadara é conhecida pelo nome árabe Umm Qais (a mãe de Qais). No local foi encontrado um grande sítio arqueológico, que tornou-se ponto turístico.

A única referência no Novo Testamento sobre Gadara, diz respeito ao episódio em que demônios são exorcizados e em seguida eles se apoderam de uma manada de porcos e faz com que os porcos se precipitem nas águas do mar. Cogita-se que a região estivesse próxima ao mar da Galileia. 

Em Mateus, lemos que após Jesus desembarcar à beira do lago de Genesaré, dois endemoninhados encontraram-se com Ele, ao invés de um, conforme as narrativas de Marcos e Lucas. Se Mateus escreveu que houveram dois endemoninhados, isso quer dizer que houve, mesmo. E, considere-se que a narrativa de que houve um homem possuído tem dois registros de origens diferentes.

Essa diferença se consiste em grande problema? Não.

Os evangelistas Marcos e Lucas em nenhum momento escreveram que havia apenas um endemoniado, apenas se ocuparam em falar sobre um deles. Em diversas circunstâncias da vida ocorrem situações semelhantes aos relatórios sobre os homens endemoninhados de Gadara. Muitas pessoas passam desapercebidamente na vida porquê possuem uma personalidade recatada. Se em uma sala de aula houver 40 alunos e apenas 25 são extremamente extrovertidos, daqui há trinta anos, caso seja feito comentário sobre essa classe, será mais fácil lembrar o nome daqueles alunos mais agitados. Mas isso não quer dizer que 15 deles não estudaram lá.

Entendemos que o evangelista Mateus foi um narrador mais detalhista sobre a passagem de Jesus em Gadara, enquanto os evangelistas Marcos e Lucas depositaram toda atenção apenas ao endemoninhado que era o mais agressivo dos dois.

Os espíritos demoníacos podem invadir e habitar corpos humanos? Sim.

Habitando numa pessoa, eles ganham uma vantagem maior no controle dessa pessoa do que se tivessem de agir fora do corpo dela. Quando espíritos malignos habitam no corpo humano, diz-se que tal pessoa "tem" espíritos imundos, que "está possuída" por demônios. No Novo Testamento, a palavra grega encontrada para descrever tal situação, é "daimonízomai" (Mateus 4.24; 8.16, 28, 33; Marcos 1.32;  5.15; João 10.21 etc).

A atitude correta a ser feita é resistir ao diabo (Tiago 4.7). Para determinar a necessidade de libertação, é preciso ter discernimento. Muitas vezes, Deus usa cristãos aos quais deu-lhes o dom de discernir espíritos para que o problema seja revelado (1 Coríntios 12.10; 14.26; 1 João 4.1). O termo grego para discernir é "diakrisis", cujo sentido é julgar, ter percepção para desmascarar e capacidade para descobrir a fonte e a motivação.

Muitas almas estão possuídas por demônios e outras vivem oprimidas. No estado de opressão, o demônio não consegue entrar no corpo, mas permanece ao seu redor causando diversas dificuldades. Alguns sintomas de que há demônios habitando em alguém ou que este alguém vive oprimido por eles, são:
• distúrbios emocionais persistentes;
• problemas de comunicação: blasfêmia, mentira, zombaria, mexerico, maledicência;
• sexualidade pervertida: prostituição, adultério; fornicação, incesto etc
• vícios em álcool, nicotina, cafeína, cocaína, maconha e outras drogas não legalizadas.
Deus criou o corpo humano para ser morada do Espírito Santo. O Espírito de Cristo só entra no coração da pessoa quando ela permite sua entrada: "Será que vocês não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo, que está em vocês e que vocês receberam de Deus, e que vocês não pertencem a vocês mesmos? Porque vocês foram comprados por preço. Agora, pois, glorifiquem a Deus no corpo de vocês" - 1 Coríntios 6.19-20 (NAA).

E.A.G.

Consulta:
Manual de Dificuldades Bíblicas - respostas para mais de 780 passagens polêmicas. Norman Geisler e Thomas Howe. Edição 2015. Página 274. São Paulo. Editora Mundo Cristão.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

A água do Tanque de Betesda e as igrejas neopentecostais brasileiras

Tanque de Betesda, Israel.

"Incrível como uma certa denominação religiosa brasileira consegue trazer tanta água de um tanque que está quase seco..." - Igor Vaz - Facebook.

Confira: Excelente exposição bíblica e histórica, por Por Esdras Cabral de Melo, sobre o Tanque de Betesda, no União de Blogueiros Evangélicos (UBE Blogs): http://goo.gl/ZfioCo 

sábado, 23 de janeiro de 2016

A oração que funciona


Jesus e a mulher cananeia

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 "Esforçai-vos, e Ele fortalecerá o vosso coração vós todos os que esperais no Senhor."
 Salmo 31:24
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“Partindo dali, Jesus seguiu para a região de Tiro e Sidom. Uma mulher cananeia, vindo daquelas redondezas, pôs-se a gritar: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim! Minha filha está horrivelmente endemoninhada. Contudo, ele não lhe respondeu. Seus discípulos aproximaram-se dele e rogaram-lhe: Manda-a embora, porque vem gritando atrás de nós. Ele lhes respondeu: Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel.

Então, ela veio e, prostrando-se diante dele, disse: Senhor, socorre-me! Ele, porém, respondeu: Não é justo tomar o pão dos fi lhos e jogá-lo para os cachorrinhos. Ao que ela disse: Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa do dono. Então Jesus respondeu: Mulher, grande é a tua fé! Seja feito a ti como queres. E desde aquela hora sua fi lha ficou boa” (Mt 15.21-28).

Atitude, humildade, oração e vitória foram algumas das atitudes da mulher cananeia. Ela possuía uma filha cativa por um demônio que a fazia sofrer miseravelmente. Jesus estava passando na região de Tiro e Sidom. Ela estava diante de uma única oportunidade e não a desperdiçou. Não sabemos quantos anos tinha a filha daquela senhora. Mas sabemos que sua mãe tinha um propósito: conseguir a liberdade da filha. Ela não era de Israel. Era estrangeira. Ela não tinha amigos entre os discípulos de Jesus, por isso gritava. Perturbava. E Jesus permanecia em silêncio. Era o Messias; o enviado de Deus exclusivo para Israel.

Os estrangeiros, naquele tempo, não faziam parte da sua missão. A mulher insistia. E quem busca, acha. Quem pede, recebe. E quem bate, a porta abrir-se-lhe-á (Mateus 7.7,8). Ela seguiu literalmente essa receita, sem nunca tê-la ouvido. Buscou, pediu, gritou e bateu. Humilhou-se. Insistiu. Até receber a admiração e o favor do Senhor e a libertação da filha.

Chegou aflita, desesperada. Ouviu palavras duras, mas não desanimou. Saiu chorando, não de tristeza, mas de contentamento. Sua filha estava livre. Ninguém sabe como aquela mulher achou Jesus. Nem ficou evidente quem lhe falou sobre o poder do Senhor sobre os demônios. Também não está escrito como descobriu que a vida miserável da filha era causada por um demônio.

Aquela mulher estava no tempo e lugar certos. Disse Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14.6). “Buscar-me-eis e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração” (Jeremias 29.13). Como foi possível àquela mulher conseguir uma bênção tão grande com tão poucas palavras? Oração. Sim, oração sincera. Não aquela oração de desfiar as contas de um terço. Foi uma oração produzida por um espinho na alma, que a fazia gritar e clamar: “Senhor, filho de Davi, tem misericórdia de mim”.

Há muitos que oram, mas não recebem. Não recebem porque oram mal. A oração para ser respondida tem que estar em harmonia, em sintonia com a vontade do Pai Eterno. Bênçãos grandes vêm de grandes orações e não de orações grandes. Você está com um espinho na alma? Sua dor é muito grande? Insuportável? Medite nas atitudes da mulher cananeia. Deixe de lado seus preconceitos, seu status.

Para chegar ao dono das bênçãos é preciso se despojar da soberba, da presunção humana e do pensamento cartesiano. Abra seu coração e clame a Jesus. Entre no quarto e feche a porta. Ajoelhe-se ao pé da cama e fale com Jesus, como se Ele estivesse assentado nela. Insista. Ore hoje. Amanhã. E continue orando. 

Jesus não é uma lenda. Ele é real. É o filho do Deus vivo, que morreu na cruz, mas hoje está vivo, assentado à direita do Pai. Seus ouvidos estão atentos às orações dos que estão necessitados. Desesperados. De corações quebrantados. Mas não basta ser necessitado, estar desesperado ou apenas quebrantado de coração. É preciso ter atitude: buscar, pedir e bater à porta com um coração sincero. Não uma única batida na porta, mas várias. Não um pedido envergonhado, mas um clamor bem alto. Não uma busca de faz de contas, mas verdadeira.

A mulher cananeia não foi a Jesus achando que talvez Ele a atendesse. Ela foi disposta a ser ouvida de qualquer maneira. Não importava ser chamada de filhote de cachorro, desde que alcançasse o direito de comer das migalhas que caiam dos pratos dos seus senhores. E quando o Senhor ouviu essa resposta, se compadeceu da dor daquela mulher, porque viu nela uma grande fé. E fé é a certeza das coisas antes de vê-las (Hebreus 11.1).

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Gênesis, o primeiro livro da Bíblia Sagrada

Monte Aratat, Turquia. Acredita-se que a Arca de Noé esteja localizada nele.

Gênesis, palavra que quer dizer começo, é o nome do primeiro livro da Bíblia Sagrada, que descreve a criação detalhadamente.

Será que o mundo é eterno? Sempre existiu? Muitas pessoas creem que a natureza, o sol, a lua, as estrelas, inclusive os seres humanos, não tiveram um princípio; que há um ciclo inacabável de nascimento, vida, morte, que se repete constantemente. Acreditam que tal ciclo eterno jamais teve início e jamais terá fim. Sempre existiu e sempre existirá.

Gênesis apresenta a concepção, é o livro dos princípios e nos ensina algo diferente. Tudo, exatamente tudo teve seu começo. Ensina-nos que houve um tempo em que o mundo que conhecem não e vivemos não existia. Mas, antes de tudo, Deus, o originador e o fundamento da vida

O livro de Gênesis se divide em duas partes.

A primeira, do capítulo 1 ao 11, conta como Deus estabeleceu os elementos básicos pelos quais fez a obra de criação, salvação e juízo concernente ao pecado e rebelião humanos. Mostra como criou tudo o que existe, inclusive a raça humana. Encontram-se aqui as histórias de Adão e Eva, Caim e Abel, Noé e o Dilúvio, a construção da Torre de Babel.

Na segunda parte, do capítulo 12 ao 50, Deus inicia o plano da salvação com apenas um homem: Abraão.. Concebe um povo ao qual se revelará como Deus salvador e, por meio deste povo, com o passar do tempo, também se revelará a todos os povos da terra. Detalhes e mais detalhes vão se tornando evidentes à medida que o embrião toma forma. Sara, Isaque, Rebeca, Jacó e Esaú, Raquel, José e seus irmãos. Conta a história dos patriarcas hebreus, mostra que Jacó e seus doze filhos - que viveram por volta de 1900 a 1650 a. C. -  foram o começo das doze tribos de Israel. O livro termina com a história de José, um dos doze filhos de Jacó, que fez com que seus irmãos e o seu pai fossem morar no Egito, e ali o povo escolhido se multiplicaria enormemente.

O embrionário povo de Deus cresce como que no útero. A gravidez se desenvolve. A vida está obviamente se desenvolvendo naquele útero, porém, há, também, muita coisa que não está clara nem visível. O panorama histórico é vago, as nações vizinhas e seus costumes o encobriam, como uma espécie de névoa densa. Mas apesar disso a presença de vida divinamente concebida está lá chutando com força. É a criação, geração após geração!

A tradição atribui a autoria de Gênesis a Moisés, severo, obstinado, um mimado príncipe no Egito, um assassino procurado e fugitivo e ao mesmo tempo humilde homem que liderou um enorme grupo de famílias escravas para fora do Egito. Sendo hebreu acabou trabalhando para o Deus dos hebreus. Moisés registra em Gênesis suas raízes até a primeira família e mesmo até a fundação do planeta e da raça humana, para que todos saibam de onde vieram e para onde estão indo.

E.A.G.

A Mensagem - Bíblia em Linguagem Contemporânea, Eugene H. Petersen, página 17, 20-21, edição 2011, São Paulo, Editora Vida.
Bíblia Devocional de Estudo, página 31, edição 2000, São Paulo, Fecomex. 
Bíblia de Estudo de Avivamento e Renovação Espiritual, página 3, edição 2009, Barueri, Sociedade Bíblica do Brasil.

Artigo paralelo: O livro de Gênesis


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

A peregrinação de Israel no deserto até o Sinai

Por Eliseu Antonio Gomes

O deserto era somente um lugar de passagem para os israelitas libertos da escravidão no Egito, porém se tornou uma grande escola para o povo de Deus.

O percurso escolhido pelo Senhor não foi o mais fácil, no entanto, com toda certeza foi o melhor naquelas circunstâncias. Deus conduziu o povo até o deserto de Sur (Êxodo 15.22). Dali, eles partiram em direção à Mara, depois ao oásis de Elin, dali rumaram para Sin e em seguida foram ao Sinai.

Deserto de Sur

Sur em hebraico significa muralha. Localizado entre a Palestina e o Egito, estende-se na direção sueste desde o istmo de Suez até o et-Tih (Gênesis 16.7; 20.1; 25.18; Êxodo 15.22; 1 Samuel 15.7; 27.8).

Mara

Uma região em que os israelitas acamparam pela primeira vez após saírem do Egito. No hebraico, a palavra significa "amargoso", termo derivado de um poço onde havia águas salobras. O povo murmurou por causa do sabor de sal na água e pela intervenção de Moisés, usado por Deus, que lançou uma árvore no poço, a água tornou-se potável (Êxodo 15.22-25).

Oásis de Elin

Elin (hebraico: terebintos). O terebinto é uma árvore com tronco pequeno e nodoso, cresce até à altura de quase 6 metros. Fora da Palestina, dela se extrai a terebentina, uma espécie de pistácia resinosa verde, para fins comerciais (Gênesis 43.11; Isaías 6.13; Oséias 4.13).

Situada doze quilômetros ao sul de Mara, foi o segundo lugar em que os israelitas acamparam. após a travessia do Mar Vermelho, o local é celebrado por suas doze nascentes e setenta palmeiras (Êxodo 15.27; Números 33.9, 10).

O deserto de Sin

Neste local os israelitas receberam o maná (hebraico: mam), o manjar caído do céu e codornizes (Êxodo 16.11-13; 17.1; Números 33.11-12).

A palavra "maná" é derivada de uma pergunta dos israelitas diante do alimento espiritual, perguntaram "o que é isso?" (Êxodo 16.15).

As codornizes teriam chegado ali por causa da migração anual, voaram até Sin pela pressão do vento sudoeste, que sopra do Egito e Etiópia sobre as praias do Mar Vermelho. Além de Sin, os israelitas foram contemplados com as aves em Quibrote-Hataavá (Números 11.31-34).

Apesar de abençoados com a comida, os israelitas cobiçaram coisas más ao desejarem comer outra vez a comida do Egito, desprezando as codornizes e o maná oferecido por Deus (Números 11.4; Êxodo 16.1-36; Salmo 78.25; 1 Corintios 10.6).

No sopé do Monte Sinai

Os israelitas estiveram no Monte Sinai cerca de 11 meses (Êxodo 19.1, e passagem correlata de Números 10.11). Presenciaram trovoadas, o som sobrenatural de buzinas, terremoto, e viram o monte envolto de fumaça e o cume coroado de chamas aterrorizantes. Ali Deus proferiu as palavras dos Dez Mandamentos e deu a Lei.

A pedra

Paulo escreveu que uma pedra espiritual seguia os israelitas, talvez, aludindo à uma lenda rabínica que afirmava que literalmente uma pedra seguia-os provendo de água. Nesta lenda,  transformaram o milagre em uma alegoria, interpretavam a rocha como um símbolo da Lei. O milagre da rocha vertendo água é mencionada apenas duas vezes em contextos diferentes. Nesta alegoria, o apóstolo afirma que a pedra que acompanhou os israelitas em sua jornada era Jesus Cristo (Êxodo 17.1-9; Números 20.1-13; 1 Coríntios 10.4).  Tratava-se de duas rochas fixas, não era uma rocha portátil e móvel.

A idolatria é pecado

O touro, representando Horo, era um dos principais deuses do Egito, e lembrando-se dele os israelitas provavelmente construíram o bezerro de ouro. A lamentável apostasia ocorreu logo após Deus trovejar no Sinai "não terá outros deuses diante de mim".

"Não vos façais pois, idólatras, como alguns deles, porquanto está escrito: O povo assentou-se para comer e beber e levantou-se para divertir-se. E não pratiquemos a imoralidade como alguns deles o fizeram, e caíram, num só dia, vinte e três mil" - 1 Corintios 10.7-8 (ARA).

Veja bem, os israelitas estavam em pleno deserto, alimentados por Deus, fartaram-se à mesa, mesmo assim eles construíram o bezerro de ouro para adorarem como seu deus e partiram para uma festividade carnal totalmente imoral. A ira do Senhor recaiu sobre tamanha insensatez e ingratidão, e foram atacados por cobras. Devido ao comportamento reprovável, 23 mil pessoas morreram naquele dia, e Números 21.6 indica que houve outras mortes depois. Apesar do pesar, anos mais tarde, o pecado veio a repetir entre as dez tribos do norte (1 Reis 12.28).

"Considerai o Israel segundo a carne; não é certo que aqueles que se alimentam do sacrifício são participantes do altar?" - 1 Coríntios 10.18. O apóstolo Paulo adverte sobre festas, afirmando que ser participante delas significa ter comunhão com os demais que estão nela. Isto se aplica a Israel no deserto, à Ceia do Senhor e aos banquetes pagãos. Em festas pagãs, o crente se expõe de maneira espiritual aos ataques demoníacos e arrisca-se a perder a vida eterna com Deus.

O resultado final da peregrinação

Os hebreus tropeçaram várias vezes até chegarem em Canaã, apesar de tantas falhas Deus nunca os abandonou pelo caminho.

Paulo escreveu que se esforçava para pregar e no final não ser rejeitado. Será que existe um pouco de "israelita" dentro de nós? A nação de Israel é usada como como ilustração de alguns que foram reprovados, serve como referência para que não cometamos os mesmos enganos. Estamos livres da escravidão do mundo, e ao mesmo tempo dando alguma vazão para a reclamação e falta de gratidão? A única maneira de os israelitas sobreviverem no deserto seria seguindo as orientações de Deus e de igual modo ocorre com o cristão.

Todos os israelitas passaram pelo mar, foram guiados pela nuvem, e da grande multidão que testemunhou essa grande maravilha, Deus não se agradou da maioria deles, e eles ficaram prostrados no deserto, exceto Josué e Calebe. Mais do que a sobrevivência, a alegria mais profunda é resultado da obediência a Deus, não importa o que esteja acontecendo, sirvamos a Deus  (Êxodo 13. 21, 22, 14.19; 14.15-22; 1 Corintios 10. 5).

Talvez você esteja passando por uma terra árida. O deserto não é o lugar que Deus preparou para você, é apenas o momento em que experimentará grandes experiências com Deus, momento de receber milagres e provisões em sua vida. Após as lutas, sempre há bonança e refrigério. Depois dos "desertos", você estará pronto para a eternidade com Deus.

"Por isso, irmãos santos, participantes da vocação celestial, considerai a Jesus Cristo, apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão, sendo fiel ao que o constituiu, como também o foi Moisés em toda a sua casa. Porque ele é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou. Porque toda a casa é edificada por alguém, mas o que edificou todas as coisas é Deus. E, na verdade, Moisés foi fiel em toda a sua casa, como servo, para testemunho das coisas que se haviam de anunciar; mas Cristo, como Filho, sobre a sua própria casa; a qual casa somos nós, se tão somente conservarmos firme a confiança e a glória da esperança até ao fim" - Hebreus 3.1-6.

E.A.G.

A Bíblia Anotada Expandida - Charles C. Ryrie, página 1118, edição 2007, São Paulo - SP (Editora Mundo Cristão).
Ensinador Cristão, ano 15, nº 57, página 39, jan-fev-mar-2014, Rio de Janeiro (CPAD).
Manual Bíblico Halley, página 122, 123, edição 1994, São Paulo - SP,  (Edições Vida Nova)
Dicionário Bíblico Universal, A. R. Buckland & Lukyn Williams, página 188, edição 2007, São Paulo-SP (Editora Vida).

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

A travessia do mar vermelho

Por Eliseu Antonio Gomes

Os hebreus viveram 430 anos sofrendo como escravos no Egito. O Todo-Poderoso tirou o povo israelita do cativeiro de maneira marcante, com cuidado e zelo, através de Moisés o conduziu no meio do deserto à Terra Prometida.

A saída deles do território de Faraó significou um desastre para a economia egípcia. Além da perda da mão de obra escrava, os israelitas não saíram daquele país com as malas vazias, eles despojaram os egípcios, como uma forma de ressarcir os anos em que não foram pagos pelos quase quatro séculos e meio trabalhados em regime forçado.

Mares na Bíblia

Entre os hebreus o termo "mar" compreendia qualquer massa de água. Então, na Bíblia encontramos à extensão de água designada como mar, a água salgada ou doce. Exemplos: o oceano (Gênesis 1,10; Jó 38.8); o Mar da Galiléia (que é um lago, Mateus 4.18).

Os mares são:

1 - Mediterrâneo, também chamado apenas de Mar, ou de Mar dos Filisteus, Mar Grande, Mar Ocidental (Números 34.6).
2 - Mar Morto, ou de Arabá, ou Oriental, ou Salgado (Josué 3.6).
3. Mar Vermelho, ou Mar Eritreu, Mar de Sufe, ou Mar do Egito (Êxodo 13.18)

O Mar Vermelho

Mar de Sufe ("Yam Suph"), significa "de plantas marinhas". Não se sabe como originou o nome Mar Vermelho, suas águas não são avermelhadas, mas verde-azul.

Embora não pertença à Terra Santa, encontra-se estreitamente ligado à história do povo israelita.

O Mar Vermelho separa os territórios egípcios e sauditas, está entre a África e a Arábia. Na parte setentrional divide-se em dois golfos pela península do Sinai: o braço ocidental é conhecido como o Golfo de Suez; o oriental, Golfo de Acaba.

É provável que os israelitas tivessem atravessado o Mar Vermelho num ponto que fica 300 milhas * ao norte da atual entrada do Golfo de Suez. Como todo o exército pereceu nas águas, a largura deveria ser de pelo menos 12 milhas.

A parte mais larga do Mar Vermelho, até o sítio onde se fende em dois golfos é de 200 milhas e a parte mais estreita é de 100 milhas. O Golfo de Suez ao longo do tempo da era cristã tem se estreitado. A mudança de largura, secando-se a língua do Mar Vermelho, dificulta localizar a região onde ocorreu a travessia dos hebreus. Mas cogita-se que possa ter sido próximo dos Lagos Amargos.

Escravidão na Bíblia

Muitos se perguntam sobre o motivo de os judeus escaparem da servidão no Egito e depois incorporarem o regime escravagista após o estabelecimento da sua sociedade. Segundo Charles H. Spurgeon, comentando a passagem de Êxodo 21.5-6, a escravidão que existia entre os judeus antigos era uma coisa muito diferente daquela que desgraçou  humanidade nos tempos modernos. O escravo de um judeus tinha liberdade para sair da casa de seu mestre e ir sozinho onde quisesse. Mas, parece que, por ser a servidão tão leve - diz Spurgeon - benéfica para a pessoa escravizada, era comum o escravo não buscar sua liberdade.

Conclusão

Depois da conversão, o pecador torna-se servo de Jesus Cristo. Ele apresenta seu como um sacrifício vivo. Seus ouvidos estão sempre abertos na direção da porta do Salvador. O pecador arrependido ouve a sua voz (João 10.3, 9).

O cristão verdadeiro submete-se voluntariamente à Lei de Cristo: 1 Coríntios 9.21; Gálatas 6.2).

É necessário crer na eficaz proteção de Deus e eficiente providência divina. Assim como Ele não havia se esquecido das promessas que havia feito para Abraão, não abandona o cristão. Se esperamos que os planos do Senhor sejam realizados, não podemos cair em desespero e nos esquecer que nenhum objetivo do dEle é frustrado. Ele jamais se esquece das promessas que faz, todas são concretizadas efetivamente.

E.A.G.

* - Para converter medidas de milhas para metros, e obter o número exato, é preciso usar o Sistema Internacional, multiplicando o valor por 1 609,344.

Consultas:
Bíblia de Estudo Almeida, Dicionário, página 109, edição 2007, Barueri, (SBB).
Bíblia Evangelismo em Ação, página 76, edição 2005, (Editora Vida).
Geografia Bíblica, Claudionor de Andrade, página 140 1987, Rio de Janeiro (CPAD).
Lições Bíblicas, Antonio Gilberto, 1º trimestre 2014, Rio de Janeiro (CPAD)..
Pequena Enciclopédia Bíblia O.S. Boyer, páginas 401 e 402, 404, edição 1992, São Paulo (Editora Vida).

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Marcello Oliveira: blog Davarelohim - Supremacia das Escrituras

Ao fundo, a Jerusalém oriental destacando em amarelo a Cúpula da Rocha, também
conhecida como Mesquita de Omar..
Deixo aqui a você, leitor assíduo ou visitante deste blog, uma dica especial. 

Se ainda não conhece, procure conhecer o blog Davarelohim - Supremacia das Escrituras. Encontrará naquele espaço, criado e mantido por Marcello Oliveira, conteúdo de muito conhecimento teológico, generosamente compartilhado com internautas, principalmente sobre vocábulos dos idiomas originais do Antigo Testamento e assuntos correlatos, além de outras curiosidades do universo cristão de nossa contemporaneidade.

Marcelo por Marcelo:

" 'Não sou o que deveria ser..., Não sou o que gostaria de ser...; MAS NÃO SOU MAIS O QUE EU ERA. Por graça de Deus sou o que sou'. [John Newton] Teólogo. Hebraísta. Escritor. Por graça de Adonay, sou consultor teológico do Programa Crescendo na fé, da rádio Musical FM 105,7. Escrevo para o excelente site: www.bibliaworldnet.com.br - na coluna: Crescendo na graça. Pregador Itinerante. Atualmente, estou fazendo pós graduação em Antigo Testamento na FTB [Faculdade Teológica Betesda] onde tenho a honra de ter como profs. Dr Russel Shedd, Ms. Luis Sayão, e Prof Lucian Benigno. Tenho alguns artigos publicados no excelente site da Sepal, nas categorias [Igreja, Teologia] www.sepal.org.br - Acima de tudo, um instrumento nas mãos de HaShem, procurando agradá-lo e fazer o seu NOME conhecido. Por graça do Eterno, escrevi um livro: Os Produtos do Mercador, onde faço uma leitura alegórica do livro de Cântico dos Cânticos. Esta singela obra foi prefaciada pelo "princípe dos pregadores" - Pr Geziel Nunes Gomes, a quem devo respeito, gratidão, e profunda admiração." 

E.A.G.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O céu de Corinto

Foto de Katia Cristina Pereira, postada no álbum UBE Blogs, plataforma Ning.

Existe no Brasil uma cidade com o mesmo nome da cidade grega, onde no primeiro século havia uma igreja fundada pelo apóstolo Paulo. A Corinto brasileira situa-se ao norte das Minas Gerais . A Katia diz que essa cidade precisa de muitas orações.

E.A.G.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Jesus Cristo e o monte Gerizim

O poço de Jacó, ponto turístico no monte Gerizim
Nablus, Cisjordânia. 
"E será que, quando o SENHOR teu Deus te introduzir na terra, a que vais para possuí-la, então pronunciarás a bênção sobre o monte Gerizim, e a maldição sobre o monte Ebal." - Deuteronômio 11:29.

Os montes Gerizim e Ebal, situados na serra de Efraim, Palestina, são considerados gêmeos, são muito semelhantes em altura e formas. Na topografia de Israel, ocupam posições estratégicas de defesa. Estão próximos um do outro, separados por um profundo vale onde foi edificada a cidade de Siquém, a moderna Nablus (Juízes 9.7).

Ambos foram usados como símbolos da escolha entre o bem e o mal, entre ser obediente e desobediente ao Senhor. Antes de apresentar as leis e mandamentos a que os israelitas deveriam obedecer, Moisés ordenou que assim que o povo tivesse atravessado o rio Jordão, se dirigisse a Siquem e naquele local se dividisse em dois grupos, cada um composto de seis tribos, e fossem um grupo para o Gerizim e outro para o Ebal. Aqueles que estivessem no Gerizim deveriam proclamar as bênçãos de Deus aos israelitas que observassem com fidelidade as leis do Senhor, enquanto que aqueles que estivessem sobre o Ebal deveriam proferir maldições aos infiéis (Deuteronômio 11.29; 27.11-13; Josué 8.30-31).

O monte Ebal

Ebal, no idioma hebraico é "descoberto", "pedra". Considerado célebre, tem 900 metros de altura, fica a mais de mil metros acima do Mediterrâneo, está ao norte do vale de Siquém. É desprovido de vegetação tem solo aridificado e com muitas escarpas.

O primeiro grande altar foi construído nele (Deuteronômio 27.2-8). Ali foi erigido um memorial em pedras para recordar a chegada dos israelitas na terra prometida depois da vitória sobre as cidades de Jericó e Ai. Os samaritados sustaram a versão que este memorial foi feito no monte Gerizim.

O monte Gerizim

Gerizim, em hebraico significa "terra estéril", embora se encontre paisagem verde. Um monte de 869 metros acima do nível do mar. mais ao sul do vale de Siquém, defronte do monte Ebal, que faz sombra para a moderna aldeia Nablus, na Cisjordânia.

Por ter sido o local onde ocorreu os pronunciamentos de bênçãos, é conhecido como o Monte da Bênção. Neste monte foram abertas muitas cisternas para captação de águas das chuvas. Segundo tradição samaritana, diz-se que Abraão teria entregue o dízimo para Mequisedeque neste lugar, e que foi ali que Abraão sacrificaria Isaque, apesar de Gênesis 22.2 apontar como certo o monte Moriá..

Jotão pronunciou seu apólogo do cume deste monte. E dessa engenhosa maneira incitou Israel a lutar contra o usurpador Alimeleque. Uma saliência, a meio caminho do topo, ganhou o nome de Púlpito de João por conta dessa ocorrência.

Os samaritanos, povo miscigenado através da migração de babilônicos, descendentes das tribos de Manassés e Efraim, circularam bastante por esta região. A mistura de povos provocou sincretismo religioso e causou guerras contra Israel. Moedas encontradas em Nablus apresentam a figura de uma escadaria que conduzia adoradores a um templo dedicado a Júpiter no topo do Gerizim.

Ali contou-se a parábola de Jotão aos homens de Siquém (Juízes 9.7).

O monte foi venerado pelos samaritanos - que aceitavam apenas Moisés como profeta. O templo samaritano localizava-se neste mesmo monte. Após o exílio babilônico, por volta do ano 400 a.C, foi construído no monte Gerizim o templo de Sambalate, com objetivo de centralizar o culto judaico no local, depois que o genro foi expulso pelo governo persa. O objetivo da construção era tirar a glória do templo reconstruído por Neemias e Esdras em Jerusalém. Segundo o historiador Flávio Josefo, era uma réplica do templo de Israel. E por este motivo os judeus entraram em guerra contra eles e quase os eliminaram.

O templo dos samaritanos foi destruído por João Hircano. aproximadamente em 129 a.C..

No tempo de Antioco IV, o monte Gerizim tornou-se centro político e de culto. Descobertas arqueológicas fez com quem se soubesse que era uma construção suntuosa. A mulher samaritana fez alusão a esse templo ao conversar com Jesus. Na beira do poço de Jacó, ela perguntou para Cristo qual era o lugar correto para adorar a Deus, se no templo em Jerusalém ou no templo situado no monte Gerizim. Jesus respondeu que não era em nenhum dos dois, pois Deus procura adoradores que o adorem em espírito e não fisicamente. (João 4.20).

Ainda nos dias de hoje o monte Gerizim é endereço de culto. os remanescentes dos samaritanos celebram ali a Festa dos Tabernáculos, da Páscoa e do Pentecostes. O nome atual do monte é Jebel et-Tor.

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Geografia Bíblica, Claudionor de Andrade, edição de 1987 (CPAD).

Minidicionário Bíblico, David Conrad Sabbag, edição 2008 (Difusão Cultural do Livro).

Dicionário Bíblico Universal, A.R. Buckland & Lukyn Willians, maio de 2007 (Editora Vida).

O Novo Dicionário da Bíblia - volumes I e II, 4ª edição, 1983 (Edições Vida Nova).

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Neemias e as portas de Jerusalém

Em 2004, houve um acordo entre palestinos e israelenses para reformar uma  parte do muro próximo ao acesso do portão mougkrampi, nas proximidades conhecida como Muro das Lamentações. 


A vida de Neemias nos fornece um grande exemplo no que se refere ao sacrifício, à consagração e ao apego a um projeto. Ao mesmo tempo, encontramos na pessoa dele as características de alguém que ora e jejua, nunca age impulsivamente e de quem age com bastante determinação.

Copeiro de Artaxerxes I, rei da Pérsia entre 465 a 424 a.C., função na qual era bem remunerado, conceituado, e de alta confiança - pois garantia que o monarca não fosse envenenado -  ao ter conhecimento das consequências da grande destruição dos muros de Jerusalém,  provocada por Nabucodonossor, por volta de 586 a.C., quis abandonar o conforto de sua vida em país estrangeiro, pediu e obteve permissão do rei para deixar a função de oficial do governo e voltar a sua terra natal como empreiteiro designado a reconstruir os muros da cidade empobrecida e cercada de inimigos.

Classificar a vida como sagrada e profana é um prejuízo espiritual, mas é muito comum encontrar quem faça isso na Igreja do Senhor. Considera-se que o ofício de pastores, missionários e sacerdotes são sagrados, enquanto que o de engenheiro, pedreiro, agricultor, e outros, são serviços seculares. Nós precisamos dos dois tipos de trabalhos.

O retorno de Neemias à Jerusalém foi como governador de Judá. Lendo o livro, que podemos concluir fosse um diário pessoal, observamos que o trabalho honesto, por natureza, é sagrado. Nas páginas da Bíblia encontramos diversas situações em que servos de Deus, assim como Neemias, trabalharam na política e serviços fora da esfera do templo, dentro do contexto social. Na agricultura, no serviço militar, na carpintaria, na pescaria, nas tarefas domésticas, etc, e empreenderam ações de glórias ao Senhor. Pessoas de todo o tipo participaram da reconstrução: sacerdotes, ourives, perfumistas, comerciantes, líderes e mulheres (3.1, 8, 12, 17, 32).

Para reconstruir os muros de Jerusalém e congregar o povo judeu como nação, Neemias foi prático, bravo e um talentosos organizador e administrador. Contou com a companhia de Esdras, um estudioso e mestre que se dedicava a aprender e ensinar o conteúdo das Escrituras. O trabalho dos dois eram importantes e igualmente segundo a vontade de Deus.

Os judeus, motivados por um líder forte, em sua quase totalidade se envolveram no projeto restaurador. Quase todos eles foram encarregados de reconstruir o muro na parte que era próximo às suas casas.

No muro, haviam dez portas: porta do peixe, porta antiga, porta do vale, porta do monturo, porta da fonte, porta das águas, porta dos cavalos, porta oriental, porta da guarda, e porta das ovelhas. Cada qual tinha sua finalidade específica, e cada uma delas foi mantida funcionando como era antes da destruição

Neemias resistiu a oponentes poderosos durante 52 dias (1.1 ao 3.32). Lutou e venceu os problemas de falta de unidade interna se mostrando como exemplo pessoal (5.1-19) e enfrentou corajosamente todas as falsas acusações (6.1-14). Ao terminar a restauração da cidade, ele providenciou para que Esdras  lesse a Lei para que através dela conduzisse a vida do povo (8.1-18). Então, Neemias e todo o povo confessaram os seus pecados e renovaram a aliança buscando a aproximação com Deus.  Mas, com o passar do tempo o fervor espiritual diminuiu e novamente Neemias se apresentou como reformador e enfrentou grande oposição (13.1-31).

E.A.G.

sábado, 20 de agosto de 2011

Sodoma e Gomorra: arqueologia bíblica

Há quem diga que o livro de Gênesis não seja literal, porém os tais se esquecem de um ramo científico que é importantíssimo. A arqueologia aponta para vestígios históricos.

O Mar Morto

O Mar Morto tem aproximadamente 64 quilometros de extensão por 16 de largura. A extremidade norte é muito profunda, em alguns lugares são 300 metros. A terça parte do sul não vai além de cinco metros. O nível de suas águas é mais elevado hoje do que ao tempo de Abraão, por causa de sedimento despejado nele pelo rio Jordão e outros cursos d'água, que não têm saída. O que hoje é a terça parte do sul do Mar Morto, antigamente era uma planície.

Nota arqueológica

Em 1924, W. F. Albright e M.G. Kyle, diretores de uma expedição Conjunta das Escolas Americanas e o Seminário Xenia, descobriram, no ângulo sudeste do Mar Morto, cinco oásis de correntes de água doce e, localizado no centro deles, numa planície acima do nível do mar, fortificado, evidentemente um "lugar alto" para festas religiosas. Havia uma grande quantidade de cacos de louça de barro, pederneiras e outros resíduos de um período datado entre 2500 a.C. e 200 a.C., evidência de que a região acabara instantaneamente, a cerca de 2000 a.C.

Esta evidência de que a região fora densamente populosa e próspera indica que deve ter sido muito fértil ". Que a população acabara num momento e que desde então aquilo se tornou em verdadeira desolação, isto parece indicar que a tal região fora destruída por algum enorme cataclisma que mudou o solo da região.

A opinião de Albright e Kyle, bem como da maioria dos arqueólogos hodiernos, é que Sodoma e Gomorra ficavam naquele oásis, mais abaixo dos cursos d'água, e que o local hoje se acha coberto pelo Mar Morto.

Gênesis 14.10 e 19.24: os poços de betume e enxofre

Betume era asfalto, pez, produto de petróleo, preto e lustroso, fusível e inflamável. Há vastas jazidas dele de ambos os lados do Mar Morto, mais abundantes na região sul, e grandes massas no leito do Mar Morto, mais abundantes na extremidade sul, e grandes massas no leito do mar. Consideráveis quantidades têm irrompido à superfície durante terremotos.

Enxofre

Kyle disse que sob o monte Usdom existe um veio de sal, de 49 metros de espessura, e sobre ele um estrato de marga misturada com enxofre livre; e que no tempo próprio de Deus ateou fogo aos gases; grande explosão se verificou; o sal e o enxofre, incandescentes, foram atirados pelos ares, de modo que caiu literalmente do céu uma chuva de fogo e enxofre. A mulher de Ló ficou impregnada de sal. Há muitas colunas de sal na extremidade sul do Mar Morto, que tomaram o nome o nome de "Mulher de Ló". Com efeito, tudo ao redor daquela região parece ajustar-se com exatidão à história bíblica de Sodoma e Gomorra.

Manual Bíblico - Henry H. Halley - Edições Vida Nova, impressão de 1988, página 97.

domingo, 27 de março de 2011

DORCAS: A COSTUREIRA QUE RESSUSCITOU

Máquina de costura Singer - modelo italiano série 12 1876
O ministério de Pedro

Em Atos 9.36-43 encontramos a ministração sobrenatural ocorrida no ministério apostólico de Pedro.Trata-se de uma das sete ressurreições narradas na Bíblia Sagrada. Além dessa, encontramos em 1º Reis 17 (por Elias); 2º Reis 4 (por Eliseu); Marcos 5, Lucas 7, João 11 (por Jesus); e, Atos 20 (por Paulo).

Pedro cumpria sua missão de cuidar do rebanho do Senhor, obedecendo a missão que Jesus lhe tinha atribuído. Ao visitar os discípulos de Lida, uma pequena cidade que ficava, aproximadamente, à uns 40 quilômetros a noroeste de Jerusalem e 20 de Jope, dois homens o procuraram e pediram que o acompanhassem até a cidade deles, Jope.

Jope era metrópole portuária ao sul da terra de Israel, localidade a 60 km de Jerusalém.. Hoje em dia é conhecida como Jaffa, comunidade residencial de Tel Aviv. Alguns associam esse nome a Jafé, filho de Noé, atribuindo a ele a fundação da cidade após o dilúvio. Nos dias atuais, é um centro turístico, por ser região de poucos conflitos. Ali, árabes e judeus têm convivência pacífica há mais de um século. Foi exatamente em Jope que o profeta Jonas zarpou (Jonas 1.3).
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Pedro foi com eles, ao contarem que... [continue a ler...]

domingo, 4 de julho de 2010

A Tamargueira na Bíblia

Tamargueira da espécie Tamarix Parviflora.
Hotel Stravis, Chora Sfakion, Creta, Grecia.

Por Eliseu Antonio Gomes 

“Plantou Abraão tamargueiras (em hebraico 'eshel') em Berseba, e invocou ali o nome do SENHOR, Deus eterno. E foi Abraão, por muito tempo, morador na terra dos filisteus” - Gênesis 21.33, 34 (ARA).

Segundo alguns especialistas, a Tamargueira citada nas Escrituras seria uma planta de crescimento extremamente lento, de madeira macia, casca adstringente da família das tamarináceas. Composta por cerca de 54 espécies nativas da África do Norte, Mediterrâneo e Oriente Médio. Desenvolve-se como um arbusto ou árvore de pequeno porte em solos onde há água perto da superfície.
O Pequeno Dicionário Bíblico, de Orlando Boyer (19ª impressão pela Editora Vida), descreve a Tamargueira afirmando que “é mais provável que o original se refira a uma espécie de junípero anão e chocho que cresce nas partes mais estéreis do deserto. Arbusto solitário”. E, o Novo Dicionário da Bíblia (Edições Vida Nova – 4ª edição) descreve-a como um arbusto pequeno ou árvore cheia de sulcos das regiões desérticas, com folhas muito pequenas em forma de escamas.

Versões bíblicas usam o termo 'tamargueira' para substituir 'árvore' (eshel). Mas, a transliteração não é padronizada, o mesmo vocábulo também é traduzido como arvoredo, uma fazenda, um campo cultivado, um pomar (casos de 1º Samuel 22.6 e 31.13). Ainda, 'tamargueira' e 'arbusto' são vertidos a partir do termo hebraico 'sïhim' (Gênesis 21.15). 

Em 1º Samuel 22.6, 13 lemos que Saul fez uso da sombra da Tamargueira que havia na colina de Gibeá e que seus ossos foram sepultados sob ela. 

Em Jeremias 17.5-6 está escrito: "Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do SENHOR! Porque será como o arbusto solitário (Tamargueira) no deserto e não verá quando vier o bem, morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável" (ARA).

O botânico alemão G. Ehrenberg afirma que “o maná não era outra coisa senão uma secreção das árvores e arbustos da Tamargueira” (a espécie Tamarix Mannifera). Segundo ele, quando as árvores nativas são picadas pelo cochonilha, um inseto encontrado no Sinai, elas produzem uma secreção resinosa especial, que seria o maná bíblico. Ainda hoje esta resina, de gosto insípido, é encontrada em abundância na península do Sinai, deserto da Arábia e proximidades do Mar Morto. 

Ocorrem três espécies de Tamargueiras nas áreas desérticas do sul da Palestina e de Berseba. São: Tamarix articulata, Tamarix pentadra, e Tamarix tetragyna. A Tamargueira é encontrada nos desertos dos Estados Unidos também, ali a árvore é chamada pelo nome popular, Sal de Cedro. 

A Tamargueira da espécie Tamarix parviflora (foto acima) pode oferecer sombra perfeita sem tirar toda a luz do sol. Traz uma atmosfera muito agradável, suas raízes podem crescer por mais de 80 metros em busca de água, que pode ser salgada, porque pode eliminar o excesso de sal pelas pontas de suas folhas. Quando sua folhagem cai, aumenta a salinidade do solo, reduzindo ainda mais a capacidade de outras plantas continuarem vivas ao seu redor. Sua presença força à ausência de insetos, como as moscas. Ela é altamente adaptada aos climas áridos e solos salinos e pobres em nutrientes. Em muitas áreas onde os cursos de água são pequenos ou intermitentes, ela domina a região, sendo capaz de limitar severamente a água disponível, ou até secar uma fonte de água. É altamente resistente, ao ser queimada, não leva muito tempo para que surjam novos brotos.

Postagens paralelas no ecrã de pesquisas: Árvores na Bíblia Sagrada

E.A.G.

Fonte: Scafia Cretre, Treasury Of Scripture Knowledge; ACTS 242 , Enciclopédia da Bíblia por John Drane (edições Loyola), O Pequeno Dicionário Bíblico, Orlando Boyer (Editora Vida), Novo Dicionário da Bíblia (Edições Vida Nova).

Este artigo está liberado para cópias, desde que mencionados o nome do autor e o link (URL) do blog Belverede.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

CURIOSIDADES DE ONTEM E DE HOJE SOBRE O MAR MORTO


Vista do Mar Morto a partir do Monte Massada

Localização:


Localiza-se na mais profunda depressão das terras emersas do planeta, na região do Oriente Médio, na foz do rio Jordão, entre as colinas da Judéia e os planaltos da Transjordânia, na região interior da Palestina, alcançando a Jordânia, Israel e Cisjordânia. A região é praticamente desértica.
As Escrituras fornecem algumas pistas sobre sua posição. Em Gênesis 14.3, lemos que Sodoma estava no Vale de Sidim, que é o mar salgado, provavelmente o Mar Morto.
Uma colina de sal (Jebel Usdum, monte Sodoma), no extremo sudeste, está gasto pela erosão, tomando formas estranhas, incluindo pilares que são exibidos como “Mulher de Ló”, pelos árabes do local, reportando-se à Gênesis 19.15-28.
Em 1924, William F. Albright e M. Kyle, grandes nomes da Arqueologia, visitaram uma região nessas proximidades chamada em árabe de Bab-Edh-Dhra. Ali eles encontraram vários restos de um santuário cananeu que datava de 2800-1800 a.C. Quarenta anos depois, Paul Lapp, juntamente com a sua equipe, realizou a primeira escavação e encontrou o cemitério da cidade que ficava a um quilômetro de distância do centro. Foi nessa época que Lapp e Albright relacionaram esse sítio arqueológico com a bíblica Sodoma e sugeriram a idéia de que o local era no passado grande centro religioso das cidades da planície.
O Mar Morto está há cerca de 400 metros abaixo do nível do Mediterrâneo, e o ponto mais profundo de sua profundidade fica cerca de 390 metros, portanto, quase há 800 metros abaixo da linha horizontal mediterrânica.

Como é o Mar Morto:
O Mar Morto é um lago tectônico salgado. Possui a salinidade mais elevada do mundo.
No Antigo Testamento, era chamado de Lago Salgado, Mar de Arabá, Mar Salgado e Mar Oriental (Gênesis 14.3; Deuteronômio 4.49; Josué 3.16; Ezequiel 47.18). Pelos árabes é conhecido como Mar de Ló. Flavio Josefo cognomina-o de Mar do Asfalto, e de igual forma consta em outros registros gregos clássicos, “Asphaltites”.Por que Asphaltites? Na superfície flutuam fragmentos de betume, donde se compreende o nome antigo de lago Asphaltites, que lhe deram os gregos. Até o dia de hoje veem-se massas informes de asfalto flutuando em sua extremidade do lado sul.
Só mais recentemente o lago é descrito como Mar Morto. O nome moderno provém de sua característica, é a reservada natural de água mais salgada do mundo, fazendo com que nele não haja qualquer espécie de vida.
Devido a água ser por demais densa, é quase impossível o mergulho e o afogamento. E o Mar Morto confere a qualquer pessoa a extraordinária oportunidade de flutuar sem esforço. Então, existe a curiosa tradição de turistas brincarem boiando, e também lerem jornais e revistas sobre a superfície de suas águas.
O Mar Morto (al-Bahr al-Mayyit em árabe, Yam ha-Melah em hebraico) ocupa uma área de aproximadamente 1.020 quilômetros quadrado. Tem formato estreito e alongado, cerca de 77 quilômetros de comprimento e largura máxima de 17 quilômetros se estende desde as inclinadas colinas de Moabe, até cerca de 10 a 15 quilômetros do outro lado das colinas de Judá.

A península de al-Lisan ("língua") divide o Mar Morto em duas bacias: a maior, ao norte, compreende quase três quartos da superfície total e profundidade máxima de 400 metros; a outra tem profundidade média de apenas três metros.
A característica marcante deste lago é a alta concentração de sal em suas águas, atinge um nível de mais de 300 partes de sal por mil de água. A quantidade considerada normal para os oceanos é de 30 gramas para cada litro de água. Esta característica impossibilita o desenvolvimento de peixes ou qualquer outra forma de vida. Os peixes, que chegam pelo rio Jordão, morrem instantaneamente ao entrarem no lago. Por isso, ele é chamado de Mar Morto.

Os depósitos químicos concentrados (sal, potassa, magnésio, e cloreto e brometo de cálcio, 25% da água), bem pode ter sido iniciado por um terremoto e causado a chuva de fogo e enxofre que destruiu Sodoma e Gomorra.

Apesar de toda a conotação negativa que o Mar Morto tem, o Estado de Israel extrai dele bilhões de dólares em sal e minérios. Suas águas são processadas industrialmente, elas fornecem bromo, óxido de magnésio e ácido clorídrico.

A riqueza desse inusitado mar é mais do que extraordinária. Segundo o Pr. Enéas Tognini, no livro Geografia da Terra Santa, são retirados das profundezas do Mar Morto 22 trilhões de toneladas de cloreto de magnésio; 11 trilhões de cloreto de sódio; 7 trilhões de toneladas de cloreto de potássio; e 1 trilhão de toneladas de brometo de magnésio.


Como é o clima na região:



Do ponto de vista climático e geográfico, a região onde se localiza o Mar Morto apresenta clima subtropical e semi-árido, com verões de altas temperaturas e ar muito seco, principalmente no lado norte, mediterrânico, e desértico no sul, onde com frequência são vistas neblinas provocadas pela acentuada evaporação.

A perda de umidade, no entanto, é compensada com as águas dos rios Jordão, Hasa, Muhib, Zarqa, e de correntes intermitentes das fontes a emanar o líquido de ricos lençóis freáticos.
Tendo em vista a posição geográfica do Mar Morto, não existe nenhum escoadouro de águas. Esse problema é resolvido pela descomunal evaporação no local. Aproximadamente, 8 milhões de toneladas de água evaporam por dia nessa região, onde a temperatura no verão chega 50 graus. Em algumas épocas do ano o Mar Morto lembra gigantescos tachos em ebulição.

Origem:

Existem algumas suposições sobre a origem do Mar Morto. Há quem acredite que tenha surgido em conseqüência de uma erupção vulcânica após a destruição de Sodoma e Gomorra, um erro, pois há citação bíblica dele antes da destruição das cidades. Outros, afirmam que o Mar Morto possui as características atuais devido ao castigo divino que abateu as impenitentes cidades Sodoma e Gomorra, que o beiravam. Bryant Wood, arqueólogo cristão da atualidade, afirmou que a Arqueologia não tem respostas para esse fenômeno.

A lição encontrada no Mar Morto:


Claudionor de Andrade descreve o Mar Morto assim: “é o símbolo da consequência do pecado: a morte. Nenhum peixe consegue aproximar-se deste cemitério aquático”.
Quando a Bíblia Sagrada se refere ao pecado dos cidadãos se Sodoma e Gomorra não se dirige apenas a eles. Por extensão, subentendidamente fala dos cidadãos das cinco cidades-estado do Vale de Sidim, próximas ao Mar Morto. Eram elas: Sodoma, Gomorra, Admá, Zebolim e Bela, que também é chamada de Zoar.Avaliemos a situação dessas cinco cidades vizinhas ao Mar Morto: nas escavações de Paul Lapp e sua equipe as pesquisas arqueológicas trouxeram a nós dados avançados, foram constados que o fogo começou no telhado das casas, que cederam e espalhou chamas para dentro delas. Foram encontradas várias camadas de cinza com alguns metros de espessuras, onde no passado existiram as cidades. Nos cemitérios, que ficava há aproximadamente um quilômetro dos povoados, a evidência é mais impressionante, foram encontradas cinzas e marcas de fogo também.
Por quê? A Bíblia fornece a resposta: foi Deus quem destruiu essas cidades com fogo e enxofre (Gênesis19.23-29).
Mas por que um Deus de amor, segundo 1ª João 4.8, destruiria uma cidade de forma tão violenta? A resposta pode ser encontrada em Judas 7. Ali lemos que foram destruídas por causa da sua prostituição.
Em grego, a prostituição é porneia, que deu origem ao nosso vocábulo "pornografia". A idéia básica de porneia é toda e qualquer relação sexual, dentro ou fora do casamento, não aprovada por Deus. Adultério, fornicação, masturbação é apenas uma pequena amostra de uma vasta lista de degradações. Quando olhamos para a triste história destas cidades, vemos um Deus que é amor, mas também é justo. “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gálatas 6.7). Que grande alerta aos que estão acomodados vivendo no pecado!

E.A.G.
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Compilações de:
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Bíblia de Estudo NVI – Editora Vida;
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O Novo Dicionário da Bíblia, 4ª edição - Edições Vida Nova;
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Geografia Bíblica, 1ª edição – Claudionor de Andrade - CPAD,
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Wikipédia
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Enciclopédia Britânica do Brasil (Publicações Ltda) via comunidade Assembleia de Deus no Brasil (Orkut);
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Fotos: Arlene G. Taylor Home Page.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

O monte Sião



"Os que confiam no SENHOR são como o monte Sião, que não pode ser abalado, mas permanece para sempre" - Salmo 125.1 (Almeida Século 21).
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A cidade de Jerusalém situava-se na região de Davi. Apesar de rigorosamente localizada em território pertencente a Benjamim (Josué 18.28), distava apenas 12 quilômetros de Belém, cidade de Davi, localizada em Judá. Além de ficar próxima de sua cidade natal, Jerusalém oferecia a Davi uma estratégica vantagem militar. E por estar situada ao centro da terra prometida, era acessível tanto às tribos do norte quanto às do sul. Ao fazer de Jerusalém sua capital, Davi marcou pontos unindo os povos e carimbando sua liderança em sua geração.
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Localizado na parte leste de Jerusalém, o Monte Sião é soberano e altivo, possui aproximadamente 800 metros de altura, ao nível do Mediterrâneo, é a mais alta montanha da Cidade Santa.
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O Monte Sião era habitado pelos jebuseus. Davi, ao assumir o controle político-militar de Israel, resolveu desalojá-los dali e assim o local passou a ser considerado sua casa, pois construiu sua moradia (2 º Samuel 5.6-7; Neemias 12.37) . A partir de então, aquela espetacular elevação passou a ser a capital do Reino de Israel. Em virtude de sua posição privilegiada, era uma fortaleza natural para a cidade de Jerusalém.
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Davi ordenou que a arca da aliança fosse levada a Sião. Por causa disso o monte passou a ser considerado sagrado pelos hebreus, tido como onde habita o Senhor (Salmo 2.6; 9.11; 76.2; Isaías 8.18). Depois que a arca foi transportada ao interior do templo construído por Salomão no cume deste mesmo monte (2 º Samuel 24.18; 2 º Crônicas 3.1) , o local passou a ser considerado como a Casa do Senhor. Davi foi enterrado neste lugar (1 º Reis 2.10). E, com o passar do tempo a própria Jerusalém veio a ser chamada de Sião (2 º Reis 19.21; Salmo 126.1; Isaías 1.8; 10.24).
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O Salmo 48, creditado aos filhos de Corá, é um dos cânticos de Sião, cantados pelos hebreus em exílio na Babilônia (Salmo 137.3).
O templo de Salomão foi erguido sobre uma grande rocha, que já havia sido usada como eira (1 º Crônicas 21.28 – 22.1). Talvez, em Isaías 28.16, a pedra tenha sido chamada de “pedra já provada” porque ali se realizava o joeirar, simbolo do juízo e prova de Deus.
Em Sião Deus colocou a pedra de tropeço, a rocha da ofensa e vergonha aos descrentes de todas as nações – Romanos 9.33. “Pedra já provada” também pode significar um parâmetro – pedra usada como padrão para o corte de outras pedras. Essa figura da pedra angular foi usada pelo apóstolo Pedro como a figura de Jesus Cristo (1ª Pedro 2.6,7).
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A Igreja de Cristo é considerada a Sião Celestial, cheia de justiça e habitada por homens, mulheres e crianças comprados pelo sangue do Cordeiro (Hebreus 12.22).
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Em Sião, Jesus se porá em pé acompanhado de 140 mil remidos, e estes ao som de harpas cantarão um cântico novo (Apocalipse 14.1-3). 
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E.A.G. 

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Fontes de Consultas:

Bíblia de Estudo Vida - Editora Vida

Pequena Enciclopédia Bíblica Orlando Boyer, 19ª impressão - Editora Vida

Geografia Bíblica - autor: Claudionor de Andrade - Editora CPAD

Foto:Blog Um Olhar Sobre a Verdade
 

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

As profecias de Jonas e Naum - Opressores, oprimidos e os carros da cidade de Nínive

Portões de Nínive
 Ruínas da cidade mencionada no livro de Jonas e Naum, destruída entre 612 a 606 a.C. 
"Os carros de guerra passam furiosamente pelas ruas e se cruzam velozes pelas praças; parecem tochas, correm como relâmpago" - Naum 2.4.

Nínive foi a maior cidade do mundo por cerca de 150 anos, até um amargo período de guerra civil na Assíria, cujo desfecho foi ser saqueada em 612 antes de Cristo, por uma coalizão incomum de antigos povos subjugados, os medos, persas, babilônios e caldeus. Suas ruínas estão do outro lado do rio da moderna cidade de Mosul, no Iraque.

Nos tempos bíblicos do Antigo Testamento, a desprezível Nínive era uma antiga cidade assíria na margem oriental do rio Tigre. Era a capital do império assírio. Chegou a atacar Israel e fazer 200 mil israelitas prisioneiros. Obrigava Judá a pagar tributos altos, como um seguro contra invasões e desolações. Os ninivitas eram inimigos terríveis, sempre estiveram debaixo dos olhos do Criador, tinham fama de praticar atrocidades. E Deus enviou a eles dois dos seus profetas.

Jonas foi enviado á Nínive em torno de 785 a.C., para conclamar a mudança de coração aos ninivitas ou seriam destruídos. Depois de ouvirem o profeta, os ninivitas se arrependeram dos males que faziam contra Israel. Porém, cerca de 65 anos depois, Nínive e toda a Assíria se esqueceram da pregação de Jonas. Em 720. a Assíria invadiu Israel, os ninivitas voltaram a praticar maldades, oprimir, saquear, matar. Assim, neste período de turbulências surgiu Naum profetizando a eles que Deus estava disposto a castigá-los. Naum profetizou por volta de 612 a.C. 

Provavelmente, o profeta Jonas tenha vivido entre 783 a 743 a.C. Além da menção do seu nome em seu próprio livro, ele é mencionado em 2 Reis 14.25 e Mateus 12.39; 16.4 e Lucas 11.29. Seu livro mostra como Deus age com amor quando o pecador se arrepende de seus atos.

Naum profetizou, aproximadamente, entre os anos 663 a 612 a.C. Pouco se sabe sua vida. Sabemos que Naum começou a profetizar quando a Assíria já havia conquistado Israel, o reino do norte, e estava causando muitos problemas para Judá, o reino do sul. Todas profecias do livro que Naum escreveu se cumpriram à risca. Nínive foi conquistada pelos babilônios. De nada adiantou a proteção da grande muralha em volta da cidade, com 12 quilômetros de extensão e 15 metros de altura, onde podiam correr quatro carros de guerra lado a lado. Sem a presença de Deus em nossa vida, toda sensação de segurança é falsa!

O Livro de Naum, em forma de poesia hebraica, mostra-nos a queda de Nínive através de diversas figuras; anuncia as boas novas do Senhor aos seus servos, declarando-lhes que Deus faria justiça aos oprimidos, mandaria castigo sobre seus cruéis perseguidores.

No mundo, existem leis e regras impostas por Deus a serem cumpridas. Há quem pense que possa ostentar os erros de quem quebre estas leis e regras e ao mesmo tempo esconder suas transgressões ao infringir as mesmas leis e regras. Há quem se engane e acredite que ter poder é o mesmo que possuir liberdade para impingir opressão sobre os mais fracos. E há quem considere que os olhos do Senhor estão fechados e seus braços cruzados e que Ele jamais agirá em favor dos oprimidos.

O Todo Poderoso é misericordioso e fala ao homem para mudar de atitudes. A melhor coisa a fazer quando Deus nos dá uma segunda oportunidade, é aceitá-la com gratidão. A rebelião e a injustiça jamais prevalecerão sobre a terra por todo tempo. Quando o ser humano opressor ouve a repreensão do Senhor, deve mudar de atitudes e esforçar-se para não voltar aos erros do passado porque nem sempre existe mais que uma chance para receber a misericórdia divina.

Deus faz justiça em nosso favor quando não podemos fazê-la. Ao passar por opressões e depois pela oportunidade de ver quem nos oprimiu sofrer o castigo merecido, é difícil controlar a sensação de prazer. Mas, será que é certo sentir alegria quando quem agiu como nosso inimigo padece? A notícia da destruição dos assírios foi motivo de festa para Judá. A sabedoria divina nos ensina que não devemos agir desta maneira: "Quando cair o teu inimigo, não te alegres, nem quando tropeçar regozije o teu coração" - Provérbios 24.17.


Atualizado em 10 de agosto de 2019; às 15h30.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Os endemoniados de Gadara - questões descomplicadas

Esta postagem recebeu atualização, está ampliada e postada aqui mesmo neste blog. Confira: Os endemoniados gadarenos. A exegese dos textos bíblicos e breve comentário sobre possessos e possuídos.
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Gadara-Eliseu-Antonio-Gomes_Belverede-Umm-Qays-sitio-arqueologico-nymphaeum-gadara
Jordânia, Umm Qays - a antiga Gadara, citada na Bíblia.
O dilema das narrativas dos dois endemoninhados de Gadara.

Essa questão, abordada nesta postagem, foi feita na comunidade Assembléia de Deus - Belém (hospedada na rede social Orkut), que conta com 11.700 participantes, da qual sou um dos três moderadores. E o texto que se segue é uma adaptação da resposta que deixei lá.

Não poucas vezes, formula-se questionamentos sobre as histórias narradas na Bíblia Sagrada. Seja a indagação feita pela motivação da simples curiosidade ou com a intenção nefasta de confrontar nossa crença, é importante estar preparado para a situação.

No primeiro caso, será sempre recomendável responder de pronto, mas se não houver condição para a resposta imediata, pesquisar a respeito e passar a informação o mais rápido que puder. Afinal, existe sinceridade, sede e fome de justiça, no coração de quem deseja aprender sobre a Bíblia Sagrada.

E na segunda circunstância, penso que não existe necessidade de levar adiante a conversa, pois, quem decide levantar temas polêmicos com o objetivo de discutir conosco sobre assuntos da Bíblia, é uma pessoa escarnecedora. Não convém ao cristão se assentar em roda de gente dessa espécie, é o que nos orienta o Salmo 1.

Basta a nós uma observação feita com calma para discernir quais são as intenções do interlocutor.

Há contradições bíblicas entre os relatos de Mateus (8.28-34), Marcos (5.1-15) e Lucas (8.26-37)?

Aparentemente, o leitor encontra contradições em diversos trechos da Bíblia Sagrada. Mas, se faz a leitura sem pressa em tirar conclusões, o indício da discrepância desaparece em face do estudo bíblico cuidadoso.

Podemos tomar como exemplo as narrativas encontradas nos Evangelhos, uma delas é o relato sobre o caso do endemoniado de Gadara. As aparentes diferenças entre os Evangelhos de Mateus e Marcos se aplicam ao de Lucas, também.

Resposta:

Gadara (que em hebraico é "fronteira", "cercado") era uma das dez cidades autônomas da Decápole situadas a sudeste do mar da Galileia, na atual Jordânia, era luxuosa e rica, habitada principalmente por gentios na época de Jesus. Atualmente, a região de Gadara é conhecida pelo nome árabe Umm Qais (a mãe de Qais). No local foi encontrado um grande sítio arqueológico, tornou-se ponto turístico.

A única referência no Novo Testamento à área de Gadara, diz respeito ao episódio  em que demônios são exorcizados e em seguida eles se apoderam de uma manada de porcos e faz com que ela se precipite ao mar. Cogita-se que a região estivesse próxima ao mar da Galileia. A Mishná (uma das principais obras do judaísmo rabínico) afirma que Gadara data do período do Antigo Testamento.

Em Mateus, lemos que após Jesus desembarcar à beira do lago de Genesaré, dois endemoniados encontraram-se com Ele, ao invés de um, conforme as narrativas de Marcos e Lucas. Se Mateus escreveu que haviam dois, isso quer dizer que houve, mesmo... E, considere-se que a narrativa de que houve um homem possuído tem dois registros de origens diferentes. Essa diferença se consiste em grande problema? Não.

Em diversas circunstâncias da vida ocorrem situações semelhantes aos relatórios sobre os homens endemoniados de Gadara. Muita pessoas passam desapercebidamente na vida porquê possuem uma personalidade recatada. Se em uma sala de aula houver 40 alunos e apenas 25 são extremamente extrovertidos, daqui há trinta anos, caso seja feito comentário sobre essa classe, será mais fácil lembrar o nome daqueles alunos mais agitados. Mas isso não quer dizer que 15 deles não estudaram lá.

Concluímos, com toda tranquilidade, que o evangelista Mateus depreendeu com mais detalhes o fato, enquanto os evangelistas Marcos e Lucas depositaram toda atenção apenas ao endemoniado que era o mais agressivo dos dois, o que chamou mais a atenção de todos no local da ocorrência de exorcismos.