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domingo, 1 de maio de 2022

Atos 20.1-16: A verdade sobre Êutico

É comum ouvir pessoas mencionarem a história de Êutico a fim de indicar que a pregação foi longa demais. As pessoas dizem, de forma humorística: não nos mate de tanto pregar! Será que o Espírito Santo inspirou Lucas a adicionar essa história no Livro de Atos com a finalidade de ensinar os pastores a limitarem a duração de suas lições? 

Embora os pastores devam ser sábios no que diz respeito ao tempo de cada sermão, veremos que o propósito da história de Êutico deve ensinar uma verdade mais elevada.

segunda-feira, 28 de março de 2022

O cristão evangélico e a interatividade com Deus

Muito se tem falado sobre a interatividade nos últimos tempos. Sabe-se que o ser humano é capaz de manter relações de troca com o seu ambiente e com as pessoas que são parte dele. Tem a capacidade de influenciar e ser influenciado, incentivar ações e obter respostas. Mas jamais explorou-se tanto esse aspecto de comunicação.

O que significa interação? Diz-se que é o processo de adoção recíproca de papéis, o desempenho mútuo de comportamentos estáticos. Noutras palavras, é o efetivo preenchimento de espaço entre dois seres que se comunicam. Em um modelo ideal, estes indivíduos possuem tanta intimidade, que o pensamento e a postura do primeiro se espelham no segundo, resultando em atitudes e ideias semelhantes.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Lições sobre o naufrágio do apóstolo Paulo na ilha de Malta

O apóstolo Paulo havia passado por cinco julgamentos, e estava em Cesareia aguardo sua viagem para Roma. Após tantas lutas, esperávamos um pouco de alívio, mas em Atos 27, vemos que no lugar de conforto ele recebeu uma nova tempestade, não provocada por ele.

Algumas informações importantes sobre a viagem:

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

A divindade de Jesus Cristo na vida dos cristãos

Deus disse a Moisés: Eu Sou o Que Sou. Disse mais: Assim você dirá aos filhos de Israel: "Eu Sou me enviou a vocês." Deus disse ainda mais a Moisés: Assim você dirá aos filhos de Israel: "O Senhor , o Deus dos seus pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me enviou a vocês. Este é o meu nome eternamente, e assim serei lembrado de geração em geração." Êxodo 3.14,15.

A expressão "Eu sou" dá o nome transliterado Jeová (Yahweh), explica o nome pessoal do Deus de Israel e indica Sua natureza. Com toda probabilidade, o nome de Deus

sexta-feira, 28 de maio de 2021

A mulher do fluxo de sangue: o toque com fé na orla das vestes de Jesus


Por Eliseu Antonio Gomes

O que é considerável no milagre da mulher com um fluxo de sangue, que moveu três evangelistas a contarem o mesmo milagre? Todas as intervenções sobrenaturais do Senhor narradas no Novo Testamento, têm a função essencial de motivar os homens a crerem que Cristo é o Filho de Deus e através da fé fazê-los conquistar a vida eterna (João 20.30-31).

Sobre a impureza cerimonial

Em Israel, os fluidos corporais, tais como sêmen e sangue menstrual, estavam intimamente relacionados à vida. Quando o potencial de vida que eles representavam não era aproveitado, passavam a representar a morte e, consequentemente, a impureza cerimonial. Havia situações que dificilmente poderiam ser evitadas, incluindo as impurezas de ordem sexual, as relacionadas a doenças e aquelas decorrentes do contato com um cadáver ou carcaça de animal. 

Nem toda impureza podia ser evitada, e muitas vezes era causada por algo que de modo algum poderia ser considerado pecado. Rituais de purificação eram exigidos para remover esse estigma e restaurar a pessoa ou grupo à participação na comunidade. Referências bíblicas: Números 5; Levítico, capítulos 12 e 15.

No que implicava uma mulher sofrer hemorragia constante àquela época?

De acordo com a lei judaica, quando alguém ou grupo era considerado impuro, o resultado era a proibição de participar de atividades religiosas. Todas as mulheres durante o período menstrual deveriam permanecer isoladas, porque eram consideradas cerimonialmente impuras.

Nem mesmo no conforto de seus lares poderiam abraçar seus familiares, quanto mais pensar em participar de festas religiosas nas sinagogas ou cogitar irem ao Templo em Jerusalém. Tudo aquilo que mexessem se tornaria impuro. As peças de roupas que vestiam, qualquer pessoa que tocasse, também se tornaria impura. O vínculo social era interrompido por sete dias em consequência da fase de menstruação  (Levítico 15.19,25-33).

Quem era a mulher do fluxo de sangue?

Segundo o relato em Marcos 5.25,26, uma mulher havia procurado os médicos, gastando seus recursos, porém, nenhum tratamento estancou o seu incômodo vazamento sanguíneo. Sua doença desagradável só piorava com o passar do tempo. Ela padecia em desespero com uma hemorragia por longos doze anos.

Seu nome não é citado, não sabemos se era solteira ou casada, pobre ou rica. É descrita apenas por seu problema de saúde, e por seu comportamento motivado pela fé em safar-se do angustiante problema. Os detalhes da história desta pessoa cheia de esperança se resumem em demonstrar que ela provavelmente era uma moradora de Cafarnaum. 

A verdadeira fé supera barreiras e manifesta o milagre. 

Os registros bíblicos de Marcos (5.26) e de Lucas (8.43) relatam que essa mulher infeliz já havia gasto todos os seus bens com médicos, porém, os médicos não puderam curá-la. Após viver por mais de uma década sob tortura emocional e física, alguém - que a Bíblia também não revela o nome - contou para ela sobre o Messias e suas curas e libertações. Assim, ela entendeu que a chance de mudar sua triste condição de vida estava nEle. Considerou em seu coração que se apenas tocasse na orla da veste do Salvador receberia o milagre. Pensou consigo mesma: "Se eu tão-somente tocar a sua roupa, ficarei sã" (Mateus 9.21). 

Mas, como sair de sua casa e aproximar-se de Jesus, arriscando-se em ser vista por seus vizinhos religiosos, que, com base em Levíticos 5.3, poderiam recriminá-la? E o que faria a multidão se descobrisse que naquele estado ela havia transitado no meio do povo, propositalmente, criando o risco de se esbarrar e tornar outros também cerimonialmente imundos?

Cheia de confiança no poder que há em Jesus, a mulher do fluxo hemorrágico aproximou-se de Cristo quando Ele estava a caminho da casa de Jairo na cidade de Cafarnaum, cercado por uma grande quantidade de pessoas, muitas delas também buscavam curas ou curas para seus parentes. Acreditava que Jesus não notaria sua presença, pois estava em meio a agitação de uma multidão. Embora ciente dos riscos de ser surpreendida, padecendo com o sofrimento físico, rompeu seu isolamento e entrou no meio da multidão. Ao chegar por trás, tocou na orla das vestes de Cristo, neste momento dEle saiu virtude, e imediatamente a perda de sangue cessou. Em contrapartida, seu toque fez com que fosse notada por Jesus. 

Foi quando Ele perguntou: "Quem é que me tocou?" Provavelmente, apreensiva por saber que havia contrariado a Lei de Moisés, que determinada que Jesus fosse recolhido em sua casa por causa do seu contato, permaneceu em silêncio por alguns instantes (Números 5.2). E junto com a multidão, Pedro com outros discípulos tentaram dissuadir a Cristo, argumentando: "Mestre, a multidão te aperta e te oprime e dizes: Quem é que me tocou?" (Lucas 8.45).

A mulher, aproximou-se envergonhada, contou porque o havia tocado e prostrou-se diante de Cristo. Então, Jesus, que já sabia que sua intenção era receber cura, que seu ato era em consequência da verdadeira fé, quis acalmá-la despedindo-a em paz: "Filha, a tua fé te salvou; vai em paz e sê curada deste teu mal" (Lucas 8.48).

Conclusão

Entre todas as pessoas da multidão, com certeza muitos haviam esbarrado em Jesus, porém, ninguém o havia tocado com fé e intenção de receber sua virtude. Se esta mulher não houvesse depositado sua fé em Cristo não superaria nenhum obstáculo, jamais iria tocá-lo e ficar livre do mal que a afligia. Seu contato físico seria igual ao de muitos presentes ao redor do Salvador. Ela permaneceria enferma, pois estaria presa ao pensamento de que poderia contaminá-lo. Porém, a confiança em Cristo, deu-lhe condição para refletir que a medicina e a religiosidade não trariam a solução que Jesus tinha para seu problema, e que deveria colocar sua fé em ação. 

O mundo precisa de crentes que queiram visitar os solitários, os doentes, os excluídos da sociedade, aqueles que estão cansados de sofrer, desanimados, cheirando mal, sem esperança de dias melhores. O fato de um alguém anônimo ter a disposição de anunciar Jesus para a mulher que sofria com fluxo sanguíneo irregular, provocou a cura milagrosa. Cabe a todo cristão falar sobre o amor de Deus às almas aflitas.  

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Ester: rainha fiel a Deus e disposta a morrer por sua fé e por seu povo

Hadassa é o nome judeu da rainha Ester, e ela é mencionada por este nome em Ester 2.7, "Mordecai tinha um primo chamado Hadassa, que ele tinha criado porque ela não tinha pai nem mãe. Esta jovem, que também era conhecida como Ester, tinha uma figura encantadora e era bela. Mordecai tinha-a tomado como sua própria filha quando o pai e a mãe dela morreram." 

Hadassa é uma forma feminina da palavra hebraica "hadas", que significa "murta", um arbusto perene comum com folhas sempre verdes e flores brancas, em forma de estrela. As flores da murta são usadas para perfumar, e as bagas para as pimenta-da-jamaica. A murta é referida simbolicamente na Bíblia como sinal de paz e bênção de Deus em passagens como Zacarias 1.11, em que o anjo do Senhor está entre as árvores da murta e diz: "Fomos por toda a terra e encontramos o mundo inteiro em repouso e em paz."

O nome de nascimento Ester "Hadassa" talvez também fosse simbólico, não só devido à sua beleza mas também porque o seu destino era obter paz e bênção para o povo de Deus na Pérsia. Os judeus no tempo de Ester estavam sob ameaça de genocídio por Hamã, um confidente próximo do rei Ahasuerus (Assuero). Hadassa entrou no palácio de Assuero (cujo nome grego era Xerxes) como uma futura concubina, mas Deus tinha planos maiores para a jovem mulher judia. 
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O rei Assuero era conhecido pela sua bebida, banquetes luxuosos, temperamento áspero e apetite sexual. Em 483 a.C., após uma exibição de 180 dias das suas riquezas, esplendor e pompa, ele organizou um banquete maciço. Durante o entorpecimento da embriaguez, Assuero pediu que a sua esposa, a rainha Vasti, aparecesse perante o rei "a fim de mostrar a sua beleza ao povo e aos nobres, pois ela era encantadora de se ver" (Ester 1.11). Quando Vasti recusou, ela foi banida do reino.

Assuero nomeou oficiais em todas as províncias do seu reino para reunir todas as belas jovens virgens ao seu harém (Ester 2.3-4). Hadassa, ou seja, Ester, foi levada sob custódia pelo eunuco encarregado das mulheres, mas o seu primo Mordecai manteve-se atento a ela (Ester 2.11). Após dez meses, Ester foi levada perante o rei, e ele amava-a mais do que qualquer outra pessoa. Hadassa ganhou o favor do rei e tomou o lugar de Vasti como rainha (Ester 2.17).

Embora as circunstâncias iniciais de Hadassa parecessem servir os maus propósitos de um rei luxurioso, Deus usou a sua situação, posição e carácter para proteger o povo de Israel. Ester, com mansidão e humildade, confiou na soberania de Deus em cada ação, confiante de que a vontade divina seria feita em relação ao seu povo - independentemente das consequências para si própria. Sem qualquer preocupação pela sua segurança pessoal, Ester agiu como intercessora junto do rei em nome do seu povo, os israelitas (Ester 4.16), acabando por expor a conspiração maligna de Hamã e salvando os judeus da destruição.

Fonte:
Got Questions - https://www.gotquestions.org/Hadassah-in-the-Bible.html
Cassey Jones - http://adamselindesign.deviantart.com/art/Hadassah-444568103

Atualização: 5 de dezembro de 2021, às 07h01

domingo, 29 de setembro de 2019

Conhecendo os Dois Livros de Samuel


Por Eliseu Antonio Gomes 

INTRODUÇÃO

1 e 2 Samuel são dois importantes livros do Antigo Testamento: seus relatos mostram que Deus usou homens para falar ao coração do povo israelita. Deixa claro aos seus leitores que Deus levanta pessoas para cumprir o seu propósito. Vale ressaltar sua importância, lembrando a citação feita por Jesus Cristo a eles, ver Lucas 24.44.

I - CONTEXTO HISTÓRICO DE 1 E 2 SAMUEL

1. A originalidade de Samuel.

Seu conteúdo dá sequência aos livros Josué e Juízes. As lições se iniciam quando Deus rejeita a Saul e escolhe para ser rei um homem segundo o seu coração. 

Originalmente, as duas seções atualmente separadas, compreendiam apenas um livro, tinha o título Livro de Samuel. A divisão em duas partes foi feita pelos tradutores da Septuaginta, a antiga e conhecida tradução que verteu o hebraico do Antigo Testamento ao idioma grego.   

Os dois livros de Samuel são os primeiros dos seis 'livros duplos' que originalmente não estavam divididos e que perfaziam um total de três: Samuel, Reis e Crônicas. Samuel e Reis são encontrados no cânon hebraico ao lado de Josué e Juízes em uma seção conhecida como 'Os Profetas Anteriores'. Juntos, estes livros contêm o registro histórico iniciado por Josué e a travessia do Jordão e estendem-se até o período do exílio babilônico.

2. Os personagens principais do livro.

Os livros de Samuel iniciam-se com um resumo da vida e obra de Samuel, o último dos juízes e o primeiro da ordem profética, considerado o maior personagem na história de Israel entre Moisés e Davi (Jeremias 14.1).

Há vários personagens importantes nas páginas de 1 e 2 Samuel, mas somente três nomes aparecem destacados: Samuel, profeta, sacerdote e juiz; Saul, o primeiro rei de Israel; Davi, o homem segundo o coração de Deus. O rei Saul foi, de modo geral, desobediente a Deus, por isso o Senhor pôs em execução seu plano de fazer de Davi o rei seguinte de Israel.

Apesar de haver maior ênfase à cobertura dos passos de Samuel até o capítulo quinze do primeiro livro, ainda assim ele é protagonista nos dois livros. No segundo livro ele não aparece, mas as atitudes tomadas no primeiro são claramente fatores influentes. A última referência a ele consta em 1 Samuel 28.20.

3. O propósito de 1 e 2 Samuel. 

Israel veio a existir como nação na terra por causa do concerto incondicional que Deus fez com Abraão. O Senhor implementou o concerto abraâmico quando Ele resgatou o seu povo do Egito. E os livros de Samuel cobrem um dos períodos mais formativos do desenvolvimento da nação do povo israelita. 

O propósito de 1 e 2 Samuel é relatar a história do reinado de Israel, partindo do estado de anarquia no tempo dos juízes, quando havia o regime teocrático, para a monarquia (Juízes 21.25; 1 Samuel 10.1). Os dois livros registram essa mudança, tendo como linha narrativa às histórias sobre o ministério de Samuel, e os reinados de Saul e Davi.

Os destinatários originais de 1 Samuel foram os israelitas que viveram durante os reinados de Davi e Salomão, bem como as gerações subsequentes. As histórias  destes livros são dirigidas aos israelitas que viveram enquanto a monarquia estava em fase de consolidação, particularmente,  à luz do fato de que a narrativa atesta a escolha divina de Davi como monarca (1 Samuel 16.13).

Encontramos em suas páginas a tensão entre a lealdade pactual para com Deus e a monarquia humana. Podemos interpretar tal cenário como a luta entre a carne e o Espírito. E ponderar sobre a decisão de colocamos o reino de Deus e sua justiça em primazia ou se nos envolvemos com os desejos desenfreados da carne, dos olhos e viver impregnados pela soberba da vida (1 João 2.16-17; Romanos 8.5-17; Gálatas 5.16-23).

II - AUTORIA E DATA

1. Título e autor. 

Sobre o autor 1 e 2 Samuel, a questão é variável, de acordo com alguns estudiosos do Antigo Testamento, ao observarem o aspecto externo dos livros, as duas obras são produções anônimas no que se refere à autoria, assim como os outros livros históricos.

Entretanto, de acordo com o elemento interno, é diferente. A saber, uma das funções do profeta era agir como historiador, e é possível que Samuel tenha deixado anotações ou registros que foram incorporados aos livros. Temos informações de um livro escrito por Samuel e colocado por ele “perante o Senhor” (1 Samuel 10.25); em 1 Crônicas 29.29 há uma referência ao relato dos atos de Davi num livro chamado “crônicas de Samuel, o vidente”, cujos relatos seriam de ações realizadas antes da coroação. Portanto, é provável que dos capítulos 1 ao 24 de 1 Samuel, o filho de Ana pode ser apontado como autor, e os demais capítulos, atribuídos aos profetas Natã e Gade. Além desses, não há qualquer menção a outros autores que pudessem ter escrito.

É plenamente aceitável a informação que o profeta Samuel não seja o autor do seu início ao fim, uma vez que a morte de Samuel é descrita em 1 Samuel 25.1, quando Saul ainda vivia. Assim sendo, ele não poderia ter escrito os livros da maneira como se encontram hoje. Além disso, o reinado de Davi não foi presenciado por Samuel.

O período de relatos contidos em 1 e 2 Samuel é de aproximadamente 100 anos, começa nos dias de Eli (1 Samuel e conclui ao final do reinado de Davi (2 Samuel 24), o que nos leva a entender que  um único escritor ou compilador não poderia ter vivido tempo suficiente para registrar todas as informações do livro como testemunha ocular.

2. A data dos livros.

A datação de 1 e 2 Samuel está parametrizada entre 970 a 722 a.C.

A data do livro é muito discutida, todavia, se levarmos em consideração que quem os escreveu foi Samuel, Natã e Gade, tais escritos foram feitos no período do reinado de Davi, ou tempos próximos. Não há afirmação categórica por parte dos pesquisadores, outra ala de estudiosos apontam os capítulos 9 a 20 de 2 Samuel como tendo sido escritos no século 10 antes de Cristo, e as demais porções como tendo sido redigidas depois do período pós cativeiro babilônico. Contrapondo tais afirmações, é lembrado que 1 Samuel 27.6 afirma que Ziclague pertence ao rei de Judá, argumento que provaria que o livro fora escrito durante a o período da monarquia de Davi. 

3. A situação espiritual.

O conteúdo dos livros aborda fatos culturais e espirituais apresentando explanação da mais excelente qualidade. Aqui temos o retrato de Davi, o grande rei salmista, uma figura  detalhada com minuciosas que enriquecem a narrativa da Bíblia Sagrada. Apesar de muito haver nesses livros que reflete os baixos padrões morais daquela época, há igualmente grandes picos éticos e espirituais.

1 e 2 Samuel registra o tempo em que começou a suceder a distinção enfatizada entre as formas visíveis de adoração e da realidade por detrás delas.

III - A TEOLOGIA NOS LIVROS DE SAMUEL 

1. Profecias cumpridas.

A linha teológica que perpassa Samuel e Reis é a escolha divina de um líder para representá-lo, enquanto o Senhor implementa os concertos com Israel.

É digno de nota que 1 Samuel termina e Davi, ungido a rei, ainda não tomou posse do trono. Daí, aprendemos a respeito das promessas, propósitos e programas cronológicos de Deus. O leitor atento aprende que apesar de haver recebido promessas divinas, muita coisa pode acontecer durante o período da apresentação das promessas e do cumprimento de cada uma delas, e que deve aguardar com toda paciência, pois tudo o que foi prometido se cumprirá integralmente. 

Outro ponto a se considerar com atenção é que a bênção de Deus era dada a Israel apenas quando havia disposição à obediência, como declaradamente lemos a proposta do Senhor apresentada em Deuteronômio, capítulos 30 ao 33. Deus não mudou, nos dias atuais a condicional para ser abençoado continua a mesma na relação do Senhor com o ser humano. 

2. Em busca de um rei. 

Os dias na nação israelita foram dias sombrios, até que Deus levantou a Samuel, que viveu  com muita piedade por toda a vida e era agradável aos olhos de Deus. Samuel, embora seja uma das pessoas mais piedosas da Bíblia Sagrada, tenha exercido a função de juiz, que significa ser líder sobre Israel, no capítulo 8, do versículo 1 ao 22 do primeiro livro, no entanto, parece relatar um de seus poucos erros; já idoso, nomeia os filhos como juízes em seu lugar. Em nenhum lugar se define a sua idade, porém, em 12.2 Samuel fala de si mesmo com os termos “envelheci e encaneci”. Os nomes dos filhos de Samuel expressavam sua devoção ao Senhor: Joel significa “O Senhor é Deus”, e Abias quer dizer “O Senhor é Pai”. Infelizmente, os nomes não corresponderam à esperança que reside em seus significados, pois os filhos de Samuel não eram pessoas apropriadas para julgar Israel, eles tinham comportamentos reprováveis.

O cargo de juiz não era herdado, Deus era quem chamava pessoas ao magistrado. Israel não tinha rei, e parece que não pensava em tê-lo até o momento em que Samuel quis transmitir o cargo aos filhos. Até então, Israel era governado ocasionalmente por juízes em eventos de crise, quando o momento difícil passava o juiz, muitas vezes, retornava à sua vida anterior. Na situação de tentativa de transferência de autoridade, os anciãos recusaram a má liderança sugerida por Samuel e lhe pediram a que constituísse um rei sobre a nação. Os israelitas demonstraram indignação e clamaram, com muita contundência: "Dá-nos um rei que reine sobre nós, assim como todas as nações têm" Ao clamar dessa maneira, rejeitaram a Deus como Rei, sem saber como seria viver numa monarquia. De início, a monarquia se consistiu em um reino unido, mas dividiu-se por causa da desobediência dos reis.

3. A situação da dinastia davídica.

Em 2 Samuel 7.1-17, há o estabelecimento profético da dinastia de Davi. Ela surge pela ordem do Senhor. É importante ter atenção especial às promessas do Senhor a Davi e o modo como Davi reage perante o Senhor (versículos 18-29).

Davi morava em seu palácio, depois de conquistar todas as nações ao redor de Israel, quis construir a Casa do Senhor, faz um comentário ao profeta Natã sobre isso e ambos não cogitam em consultar ao Senhor respeito da intenção. Natã incentiva o rei a pôr o projeto em prática, porém, o Senhor diz ao profeta a sua vontade com fins a redirecionar os pensamentos humanos do rei (2-16). Contrário às intenções e suposições de Davi, Deus não queria uma casa naquele momento e não queria que Davi a construísse (versículo 7). E de acordo com as informações contidas em 1 Crônicas 22.8; 28.3, Davi não foi escolhido para construir o templo porque ele era um guerreiro que havia derramado muito sangue. 

Contudo, apesar disso, Deus honrou a boa intenção de Davi fazendo-lhe promessas:
• 7.9 - Deu-lhe um grande nome.
O Senhor renovou em Davi a promessa dada a Abraão (Gênesis 12.2), de abençoá-lo nas esferas material (Gênesis 13.2; 24.35) e espiritual (Gênesis 21.22);  
• 7.10 - Designou um lugar para Israel;
• 7.11 - Designou a Davi "descanso" de todos os seus inimigos.
Durante o período englobado pelo livro. nenhuma superpotência eclipsava a região hoje conhecida como a Palestina. Por isso Israel, liderado por Davi, aproveitou todas as oportunidades para subjugar as outras nações de Canaã.
• 12-15 - Deu-lhe Salomão.
Um filho para se sentar em seu trono, a quem supervisionaria como pai e o disciplinaria com misericórdia quando fosse necessário;
• 12.16 - Prometeu-lhe firmar a sua casa, estabelecer o reinado eterno de sua descendência.
No contexto imediato, a profecia sobre Salomão se referia ao reino temporal da família de Davi na terra. Mas num âmbito maior e mais sublime, referia-se ao descendente maior que ele viria a ter na pessoa do Messias, de natureza divina, a Jesus Cristo (Hebreus 1.8). 
IV - SAMUEL: DIVISOR DE ÁGUAS

1. Um momento de crise espiritual. 

Em Israel, a idolatria e a imoralidade eram os pecados dominantes. No início de 1 Samuel, Israel encontrava-se espiritualmente deficiente. Os sacerdotes era corruptos (1 Samuel 2.12-17; 22-26), a arca da Aliança não estava no tabernáculo (1 Samuel 4.3 - 7.2), havia prática de idolatria (1 Samuel 7.3-4), os judeus eram desonestos (1 Samuel 8.2-3). Porém, mediante a influência de Samuel (1 Samuel 12.23) e Davi (1 Samuel 13.14), essas situações foram revertidas. O livro de 2 Samuel termina com final feliz, relata que a ira do Senhor se afasta de Israel (2 Samuel 24.25).

2. O líder Samuel.

O livro começa com o relato do nascimento de Samuel. A informação, sobre a história de sua família lança interessante luz sobre as práticas e o estado daquele período, como igualmente sucede com o relato acerca de Eli, o sumo sacerdote. 

Em um dos momentos mais sombrios da nação israelita, quando por um longo período os filisteus intimidavam os israelitas e ameaçava tragá-los, Ana, a esposa de Elcana, estava muito preocupada com o fato de não ter filhos. Ao adorar ao Senhor no Tabernáculo em Siló, rogava para que o Todo Poderosa desse um filho, o qual ela ofereceria para ser um nazireu de Deus (Números 6). Ana foi atendida. Este filho foi Samuel, aquele que ungiu reis, o último dos juízes, e o primeiro dos profetas depois de Moisés. O filho de Ana foi um dos maiores líderes de Israel (2 Crônicas 35.18; Salmos 99.6; Jeremias 15.1; Atos 3.24; Hebreus 11.32). Samuel surgiu em uma das horas mais sombrias da nação israelita.

CONCLUSÃO

Os livros de 1 e 2 Samuel, e 1 e 2 Crônicas, registram os dias dos reis em Israel. Os filhos de Deus que foram criados a fim de "ser um reino, e sacerdotes", a fim de "reinar sobre a terra (Apocalipse 1.6; 5.10), podemos aprender muitas lições valiosas ao estudar esses livros. O conceito amplo que absorvemos na obra é que Deus é quem dá ordem ao rei, aos povo, ao profeta. é quem exalta, escolhe e abate, pois Ele é soberano.


Compilações:

Comentário Bíblico Beacon - Josué a Ester - volume 2. 4ª impressão 2012. Páginas 175 e 192. Rio de Janeiro / RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD). 
Lições Bíblicas. O Governo Divino em Mãos Humanas - Liderança do Povo de Deus em 1º e 2º Samuel. Osiel Gomes. 4º trimestre de 2019. Páginas 5-9. Bangu, Rio de Janeiro/RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).
O Governo Divino em Mãos Humanas - Liderança do Povo de Deus em 1º e 2º Samuel. Capítulo 1: Conhecendo os Dois Livros de Samuel. Osiel Gomes. 1ª edição 2019. Páginas 7 a 13, 15, 17 a 19. Bangu, Rio de Janeiro/RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).   
Pastor Christian Mölk. 1 Sam 8:1-22; Israel begär en kung - https://www.christianmolk.se/2013/02/1-sam-81-22-israel-begar-en-kung/

quarta-feira, 1 de maio de 2019

O Livro Provérbios de Salomão

Arte: Gustave Doré
Por que ler Provérbios? Desde os debates na televisão até as colunas de aconselhamento nos jornais, passando pelos livros de autoajuda, nossa cultura dá acesso ao conhecimento, enfatiza a necessidade de buscar a instrução, porém, muitas vezes há carência de discernimento ao indicar os meios de agregar e manejar o saber. Uma motivo disso é a complexidade da vida. Precisamos de conselhos práticos, mas também espirituais. O Livro de Provérbios põe à disposição do seu leitor essa inteligência espiritual para questões que vão desde a boa administração do dinheiro, passando pelos perigos do adultério, até a identificação dos verdadeiros amigos. Ao se dispor a lê-lo, o leitor encontra a sabedoria que funciona e entendimento que nunca se desatualiza. 

O que é provérbio?

A raiz latina do vocábulo provérbio consiste de duas palavras: "pro" (em lugar de) e "verba" (palavras). Às vezes chamado máxima. É uma verdade condensada em poucas palavras e declarada de modo memorável, sendo pertinente a várias situações da vida, assim um provérbio é um dizer breve que é pronunciado "em lugar de muitas palavras" que ajudam as pessoas a tomar atitudes sábias.

 A palavra hebraica traduzida por "provérbios" significa "uma comparação". Os israelitas, e à maioria dos povos orientais, costumavam ensinar através de provérbios. Tais frases eram de natureza fácil de memorizar e condensavam muita sabedoria num espaço resumido.

Quem escreveu Provérbios?

Essencialmente, Salomão, filho de Davi e Bate-Seba, o rei mais sábio que já governou Israel, escreveu boa parte do livro. Agur, filho de Jaque, e Lamuel (talvez rei não israelita) também contribuíram para a obra.

Salomão, que significa "Pacífico", conduziu Israel à sua fase mais próspera e menos violenta de todo o período monárquico. O reinado de Salomão despertou admiração e respeito até mesmo de governantes estrangeiros (1 Reis 10.6-9).

A respeito de Agur e do rei Lemuel, que contribuíram com os últimos capítulos de Provérbios, não se sabe muito, exceto que não estavam entre os reis israelitas conhecidos no Antigo Testamento.

Esquema do conteúdo
• 1 - 4.7 - Elogio da sabedoria; 
• 5.1 - 7.27 - Conselhos contra o adultério e outros pecados;
• 8.1 - 9.18 - A sabedoria e a falta de juízo;
• 10.1 - 22.16 - Primeira coleção de provérbios;
• 22.17 - 24.34 - Trinta provérbios dos sábios; 
• 25.1 - 29.27 - Segunda coleção de provérbios;
• 30.1 - 31.9 - Provérbios variados;
• 31.10-31 - A esposa ideal.
Para quem foi escrito?

Para o povo de Israel, sobretudo para os jovens que estavam se lançando à jornada da vida, e consequentemente para todos os povos. Os conselhos do livro fazem sentido tanto para cristãos quanto para não cristãos.

Provérbios menciona com frequência três classes de pessoas que necessitam desesperadamente de sabedoria: a insensata; a simplória, e a escarnecedora (veja 1.22). Os tolos são apresentados em quatro características: o ignorante; o teimoso; o orgulhoso; e o imoral. Para estas pessoas, são lançadas as seguintes questões:
• Qual é a vantagem de não fazer apenas o que dá prazer? (Provérbios, capítulo 2);
• É impossível falar sempre a verdade? (6.16-17; 12.17-19; 17.4-20);
• Reflexão sobre o desejo de ficar rico (10.4; 11.4, 28; 15.16).
Provérbios foi escrito para todos nós. Ele nos exorta a viver a vida com boa qualidade de relacionamento interpessoal. Ensina que é preciso ter cuidado com a espécie da nossa comunicação, pois tanto a palavra quanto o silêncio possuem poder. Provérbios 15.1; 16.23-24; 20.15; 21.23. 

Quando foi escrito?

Salomão reinou no século 10 a.C., mas a coleção de provérbios só foi compilada e editada 250 anos depois da morte de Salomão, aproximadamente em meados de 700 a.C.. A data de conclusão apontada por uma linha considerável de teólogos é 950 a.C., com algumas partes escritas por volta de 720 a.C.

Por que foi escrito?

Provérbios é um livro de sabedoria prática. Ensina que a religião está ligada aos problemas comuns da vida. As palavras-chave são sabedoria, conhecimento, compreensão, instrução, temos a Deus. O conteúdo da obra visa mostrar como a sabedoria de Deus serve para a vida real (1.2-6).

Em Provérbios a sabedoria é descrita como uma mulher amável que chama as pessoas para que a sigam a fim de terem uma vida abençoada e bem sucedida. A estultícia é descrita como uma mulher ímpia que leva as pessoas para o inferno.

De modo geral pensamos que sabedoria seja a habilidade de usar o conhecimento de forma correta, e essa é uma definição prática. Mas na Bíblia, sabedoria quer dizer muito mais. A verdadeira sabedoria é algo que envolve o coração e não apenas a razão. Existe uma questão espiritual. Há uma "sabedoria deste mundo" (1 Coríntios 2.1-8; Tiago 3.13-18), e há uma sabedoria divina que vem do alto.

Apesar de não haver nenhuma referência direta a Cristo, profética ou tipológica, nas páginas de Provérbios, é muito evidente a menção subentendida do Filho de Deus em suas páginas. Alguns provérbios são a respeito das relações de família. outros sobre comportamento nos negócios, outros tratam de boa educação nas relações sociais; e ainda outros falam da necessidade de a pessoas saber se controlar. Toda a coletânea ensina sobre o valor da humildade, da paciência, do respeito pelos pobres e a lealdade para com os amigos e o respeito aos pais (1.7; 3.5-6; 4.1-7). As qualidades necessárias para se viver com sabedoria, obediência a Deus, bom comportamento, paciência, confiabilidade, humildade, diligência, percepção das coisas como elas realmente são, são perfeitamente ilustradas na personalidade do nosso Salvador e Senhor.

Cristo é a Sabedoria de Deus para os crentes (1 Coríntios 1.24, 30; Colossenses 2.3). Quando se lê a descrição que Salomão faz da sabedoria em Provérbios 8.22-31, não se pode fugir da impressão de que a referência é a pessoa de Jesus Cristo. A sabedoria é descrita como eterna (versículos 22-26), criadora de todas as coisas (versículos 27-29), e a amada de Deus (versículos 30-31). Imediatamente somos levados a pensar em João 1.1-2 e em Colossenses 1;15-16. Entregar a vida a Cristo e obedecer os seus ensinos é a atitude que representa a verdadeira sabedoria.

O que se deve buscar em Provérbios de Salomão? 

O Livro de Provérbios descreve o caráter da pessoa que é sábia.
• 1.5 - ouve a instrução;
• 9.4-6, 10 - foge do pecado e se desvia do mal;
• 10.5 - é diligente e esforçada no seu trabalho diário;
• 10.8 - obedece ao que ouve;
• 10.14 - guarda a instrução recebida;
• 11.30 - ganha outras pessoas para o Senhor;
• 16.23 - controla a língua e cuida do que fala.
O Livro de Provérbios menciona a situação desesperadora de pessoas tolas. O insensato é descuidado, superficial, quase sempre está procura a autossatisfação. Acredita que está sempre certo, torna-se agressivo verbal ou fisicamente por motivos fúteis, toma decisões sem pensar e sem pedir opinião (12.15, 16; 13.16). Nabal é um exemplo clássico de pessoa precipitada, que não preserva boas amizades, não se afasta de problemas e desagrada a Deus com seu estilo de vida. A palavra nabal significa pessoa insensata (1 Samuel 25). 

Procure oposições como estultícia versus sabedoria, preguiça versus diligência, adultério versus fidelidade e amizades verdadeiras versus falsas. Procure, também, os princípios para um casamento sólido, para que pai e mãe sejam bons pais e para um bom relacionamento no emprego. Preste bastante atenção aos diferentes resultados obtidos pelos que seguem a sabedoria divina e pelos que não a seguem.

Conclusão

Precisamos aprender com as gerações passadas e através das experiências práticas da vida. Muitas vezes a juventude é possuída por uma sensação de que é capaz de "reinventar a roda"; acredita que sempre é possível ser original e desenvolvedora das soluções de seus problemas. É extremamente importante ouvir a voz das gerações mais experientes e estar disposto a aprender nos bancos escolares. A pessoa sábia é aquela que observa os fatos de sua sua e procura extrair ensinos práticos para a sua vida.

Compilação:
Bíblia de Estudo Vida, edição 1998, página 977, São Paulo /SP (Editora Vida).
Toda a Bíblia em um ano: Ester a Malaquias - volume 2; Darci Dusilek; 11ª edição; ano 2014, página 23; Rio de Janeiro (Horizontal Editora). 

domingo, 27 de janeiro de 2019

Elias, o profeta servido por corvos à margem do riacho de Querite


O MINISTÉRIO DE ELIAS

No capítulo 17 do primeiro livro de Reis, entra no olhar dos leitores das Escrituras Sagradas um dos mais importantes personagens do Antigo Testamento, o profeta Elias (que viveu, aproximadamente, entre 874 a 852 a.C.). Seu nome significa “meu Deus é o Senhor”, e correspondia a característica de seu ministério, ele foi designado a declarar a Israel, que o Senhor é Deus e não há outro. A sucessão de fatos de sua vida está registrada nos capítulos 17 a 19 e em 2 Reis, capítulos 1 e 2.

A DECADÊNCIA RELIGIOSA DE ISRAEL 

Quando Elias surgiu, a situação espiritual em Israel era calamitosa, o país prosperava em termos políticos, mas perdia sua comunhão com Deus. Naquele tempo, o rei Acabe, influenciado por sua esposa Jezabel, havia colocado o ídolo Baal em lugar do Deus verdadeiro. Portanto, era ilegal exercer o ministério de profeta do Senhor e a adoração a Baal era requerida por lei. O povo “acreditava” no Senhor, porém sob pressão “dobrava os joelhos” em adoração a Baal. Era necessário demonstrar a falsidade de Baal e a existência do único Deus vivo.

BAAL: “MESTRE” E “SENHOR”

A chamada de Elias trouxe à tona a verdade sobre Baal, o mais conhecido dos deuses cananeus (1 Reis 16.32). Cego, mudo e inanimado, porém considerado o deus da fertilidade, era atribuído a ele o crescimento do número de crianças na comunidade. Apregoava-se que era o responsável pela germinação das colheitas, pelo aumento dos rebanhos. Era adorado como deus da chuva e como vencedor da morte.

O culto a Baal constituía de prostituição religiosa, masculina e feminina.

ACHADO ARQUEOLÓGICO SOBRE O CULTO A BAAL

O Instituto Oriental da Universidade de Chicago, auxiliado pelo governo da Palestina, em 1924, adquiriu o direito de escavar a Colina de Megido. Sistematicamente, uma equipe escavou e removeu muitas camadas de terra, registrando e preservando tudo que era avaliado como peça de valor histórico.

Nas proximidades do templo de Acabe, o Instituto encontrou as ruínas do templo de Astarote, deusa esposa de Baal e também o templo de Baal. A poucos passos dos templos de Astarote e Baal havia um cemitério, onde encontraram muitos jarros contendo despojos de crianças sacrificadas no dito templo. Daí, a conclusão de que os sacerdotes de Baal serem assassinos de criancinhas, o que esclarece a matança deles pelo profeta Elias, na narrativa de 1 Reis 18.

 Manual Bíblico Henry H. Halley, páginas 184 192, 193. Edição de 1994. São Paulo /SP (Edições Vida Nova).

ELIAS E O PENTATEUCO

As chuvas de outono e o orvalho de verão eram necessários para as colheitas de Israel. O Senhor havia avisado que faria cessar a precipitação de águas das nuvens e o orvalho noturno e das madrugadas sobre a plantação, se o povo se desviasse dEle para servir a outros deuses (Levítico 26.19-8-19; Deuteronômio 11.16-17; 28.23-24).

Neste cenário, o ministério de Elias começa um tanto abrupto. Corajosamente, o profeta não manda recado, não fala aos ouvidos do povo, em pessoa ele comunica o juízo divino ao rei Acabe, que matava os profetas do Senhor enquanto os profetas pagãos sentavam-se à mesa do monarca. Deus determinou que a seca e que a fome deveriam durar três anos e meio na terra de Israel, então, Elias prediz esta grande seca e um longo período de fome, com o qual Israel seria punido pelos seus pecados de idolatria.

Elias orou pela seca e Deus respondeu sua oração, não houve chuva do céu durante três anos e seis meses conforme escreveu Tiago em sua carta (5.17). Diante deste fato, muitos israelitas de coração endurecido pereceram, o gado morreu e a vegetação se transformou em pau e palha.

A RECLUSÃO DO PROFETA

Naquela época, a missão dos profetas de Deus era condenar o pecado e o culto pagão dos israelitas. Os profetas não estavam vinculados ao palácio e nem ao templo judaico, então, o sustento deles dependia totalmente da providência de Deus e da sua comunidade de discípulos.

De acordo com a vontade do Senhor, Elias deveria se dirigir à beira do riacho de Querite, cujas correntes desaguavam no rio Jordão, próximo ao mar Morto. O Senhor determinou que o profeta fosse e permanecesse ali, para receber sua provisão sobrenatural, muito semelhante ao maná e às codornizes durante as peregrinações de Israel pelo deserto (Êxodo 16.13-36).

Às margens do Querite, era possível a Elias saciar sua sede com suas águas correntes, esperasse duas vezes ao dia pão e pedaços de carne trazidos por corvos, seus improváveis fornecedores alados, enviados pelo Criador. Havia condição para que o profeta pudesse aproveitar seu tempo meditando sobre as coisas celestes e orando. A provisão era boa e abundante, embora não fosse um banquete o profeta aprendeu a ficar contente com a providência divina. Assim, enquanto a nação sofria com as dificuldades de beber e comer, o profeta tinha água e alimento suficientes.

A ATUAÇÃO DOS CORVOS

As Escrituras Sagradas narram que Elias foi sustentado por corvos. Infelizmente, existe quem duvide que o Criador proveja sustento aos seus servos de modo fora do comum ou do natural, quando a ocasião é necessária. A palavra hebraica que encontramos em 1 Reis 17.4 é “oreb” (referência 6158 na Concordância de Strong), cuja tradução aos idiomas que a Bíblia Sagrada está traduzida, é “corvo”, inclusive à Língua Portuguesa.

O Senhor é o Criador de todas as coisas, Ele tem controle total sobre os elementos que criou; assim Ele possui controle absoluto sobre as aves dos céus e tudo o mais que existe. 

Devido a seca, o Querite secou. Após a experiência com as aves de rapina, Deus dirigiu Elias até a viúva de Sarepta (cidade em que nos dia de hoje localiza-se o Líbano). Ali, uma mulher estrangeira, desconhecida e pobre, teve a sua fé usada pelo Senhor para a multiplicação da farinha, que serviu como sustento a Elias, para ela mesma e ao filho, por três anos (1 Reis 17.8-24; 18.1).

DEUS DOS IMPOSSÍVEIS

Muitas vezes, a forma de Deus agir está além da lógica humana. Pois, Ele “escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes. E Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são, a fim de que ninguém se glorie na presença de Deus” – 1 Coríntios 1.27-29”.
De acordo com Salmos 147,9 e Jó 38,41, Deus se ocupa em alimentar até os filhotes dos corvos. Se Ele ouve até os filhotes de corvos quando clamam, não se preocupará com os seus próprios filhos (Mateus 7.9-11). Jesus disse: “Observem os corvos, que não semeiam, não colhem, não têm despensa nem celeiros; contudo, Deus os sustenta. Vocês valem muito mais do que as aves!” – Lucas 12.24.
O Criador preparou um grande peixe para transportar Jonas, salvando-o de afogar-se em alto-mar e para que profetizasse em Nínive; também usou um pequeno peixe que vivia nas águas do mar da Galileia fazendo-o engolir uma moeda com o objetivo de que a moeda chegasse às mãos de Pedro e com ela Pedro pagasse aos romanos o seu tributo e o de Jesus (Jonas 1.17; Mateus 17.24-27).
O Criador usou o canto do galo para despertar a consciência de Pedro, quando este estava enfraquecido na fé (Marcos 14.72).
O Criador usou um jumento, dando-lhe o poder de falar, para que o animal repreendesse Balaão, que se encontrava repreensível; usou um jumentinho como meio de transporte para que Jesus entrasse em Jerusalém (Números 22.27-31; Lucas 19.28-38).
De acordo com 1 Reis 17.4-6, o leitor da Bíblia aprende como Deus trabalha de forma imprevisível para dar bênçãos aos seus servos. Ele age como não imaginamos; realiza fatos onde não haveria nenhuma ocorrência positiva; é responsável por acontecimentos com quem pensamos que nada de bom aconteceria. Quem imaginaria que Deus usaria corvos como garçons do profeta Elias?

OBJETIVOS DO CRIADOR

Tudo o que Deus faz tem um propósito definido. No caso do episódio dos corvos, ao trazer alimentação para Elias duas vezes ao dia, o Senhor quis provar de maneira inequívoca que é o Todo Poderoso. Nesta ocasião, o sustento do profeta em tempo de estiagem mostra a intenção do Criador em se revelar como provedor de seus servos. No mesmo capítulo, Ele mostra ser o Deus que vence a morte ao ressuscitar uma criança e no capítulo 18, através de Elias, desafia quatrocentos profetas de Baal e os vence quando o fogo desce sobrenaturalmente do céu e os consumiu.

CONCLUSÃO

Se confiarmos nas promessas de Deus, haver em nós a convicção sobre a providência de recursos, como demonstrou Elias ao obedecer a ordem de ocultar-se nas proximidades do riacho conhecido como Querite, teremos a garantia de sua provisão.

Elias confiou em Deus para responder às suas orações. Em resposta à confiança de Elias, Deus manifestou-se com os milagres espetaculares registrados na Bíblia Sagrada. Quantas vezes as pessoas afirmam que estão comprometidas com Deus e dizem confiar nEle mas se recusam a tomar posição firme quando é o momento de exercer a sua fé?

Deus não era a causa das dificuldades do povo israelita, eles é que eram a causa por quebrarem o pacto com o Senhor. Enquanto o pecado continuou em Israel, não houve bênção sobre o povo rebelde. A fé em Deus requer não só que digamos que cremos e confiamos nEle mas também que coloquemos realmente nosso o coração, nossa alma e o corpo em suas mãos. Longe de Deus o tempo se fecha e densas trevas cobrem a vida. Só o arrependimento pode trazer de volta as chuvas de bênçãos do Senhor. Se a sua vida tem falta de luz e você está longe da vontade de Deus, amarrado ao pecado arrependa-se, mude de hábitos. Esforce-se para viver próximo do Senhor, entregue o seu coração ao Deus verdadeiro. Só então os céus se abrirão, a chuva cairá e as bênçãos voltarão a florescer.

domingo, 3 de junho de 2018

Descortinando o Santuário- uma reflexão sobre os efeitos da morte e ressurreição de Cristo

"E Jesus, clamando outra vez em alta voz, entregou o espírito. 51 Eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes, de alto a baixo; a terra tremeu e as rochas se partiram; 52 os túmulos se abriram, e muitos corpos de santos já falecidos ressuscitaram; 53 e, saindo dos túmulos depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos. 54 O centurião e os que com ele guardavam Jesus, vendo o terremoto e tudo o que se passava, ficaram possuídos de grande temor e disseram: Verdadeiramente este era o Filho de Deus" - Mateus 27.50-54.


A invisível presença de Deus

Neste momento de agonia de Jesus Cristo, onde estava Deus? O Todo Poderoso sempre esteve presente, esteve lá sem que fosse possível ser notado, estava além da grande cortina da eternidade.

O pecado de Adão foi o motivo que levou Deus a ocultar-se do homem. Antes de Adão e Eva sucumbirem à tentação ocorrida no Éden, diz a Bíblia, em Gênesis 3.8, que o casal ouvia a voz do Criador na viração do dia. A consequência devastadora da ação do pecado criou a separação da raça humana, criou a separação entre Deus e o homem, inclusive, com repercussão alcançando a eternidade.

Onde esteve Deus nos grandes momentos históricos? Ele se manteve atrás da grande cortina, porque é santo e abomina o pecado.

Amor correspondido

Algumas vezes essa grande cortina se abriu. Era Deus se revelando aos homens que lhe prestavam obediência:
1. O servo Abraão e sua fé..
No Monte Moriá, quando Abraão levanta o seu cutelo para sacrificar Isaque, a grande cortina se abre e Abraão ouve a voz de Deus. Abraão levanta seus olhos e vê atrás de si um cordeiro, amarrado pelos chifres entre os arbustos. Aquele animal apontava para o sacrifício do Filho do Altíssimo na cruz (Gênesis 22.10-13; João 1.29).
2. A chamada do servo Moisés.
Esta mesma cortina abriu-se diante de Moisés no sopé do monte Sinai. Ele estava no meio do fogo que incendiava a sarça, que não se queimava (Êxodo 3).
3. A chamada do servo Isaías.
No santuário em Jerusalém, Isaías (6.1-8) foi surpreendido por três visões. Simbolicamente, podemos dizer que o véu se abriu diante do profeta messiânico..
O propiciatório terrestre

No ritual judaico, no lugar Santo dos Santos, estava a grande cortina impedindo o homem de aproximar-se de Deus. Na ocasião da festa anual dos israelitas, apenas o sumo sacerdote tinha permissão para entrar no lugar Santo dos Santos, e ali oferecer sacrifícios pelos pecados do povo, borrifando sangue na tampa dourada da Arca da Aliança, denominada propiciatório (Êxodo 25.17-22; Levítico 16.5-19). A autoridade de Cristo, como intercessor da humanidade pecadora perante nosso Deus santo, é tipificada no propiciatório ensanguentado. Ali, naquele ritual reservado, com o propiciatório terrestre molhado de sangue de animais, estavam as figuras de dois querubins com suas asas abertas em direção da Arca, representando a presença da glória celeste na vida de toda pessoa cujo coração arrependeu-se de seus pecados e aceitou o sacrifício do Cordeiro de Deus em seu favor. 

Contudo, aquela cena do culto hebraico não era suficiente para rasgar a cortina, a divisória entre os homens e Deus permanecia.

No monte da transfiguração, Pedro, Tiago e João viram o rosto de Cristo brilhar como o sol e suas roupas em cor alva como a brancura da neve. Testemunharam naquela ocasião, a comunhão entre a criatura e o Criador, a conversa do  Mestre com os profetas Moisés e Elias. (Mateus 17.1-3).

O propiciatório divino

Na tarde de sexta-feira, na semana da Páscoa, quando Cristo brada pela última vez na cruz, o sacerdote ministrava no santuário, no Lugar Santo dos Santos. Naquele instante em que o Cordeiro de Deus expirou, o sumo sacerdote foi surpreendido pelo terremoto, que rasgou o grande véu do templo. Rasgou-se o véu, rasgadura começando do alto para baixo. O sangue do Cordeiro de Deus, imolado na cruz do Calvário deu acesso para o homem chegar-se a Deus.

Agora, o santuário está descortinado. Por esta razão o apóstolo Paulo escreveu: "Mas agora, em Cristo Jesus, vocês, que antes estavam longe, foram aproximados pelo sangue de Cristo. Porque ele é a nossa paz. De dois povos ele fez um só e, na sua carne, derrubou a parede de separação que estava no meio, a inimizade" - Efésios 2.13-14.

Na ilha de Patmos, João recebeu a revelação e teve a capacidade de ver Jesus andando entre os sete castiçais de ouro, que representam a Igreja (Apocalipse 1.20)..

Conclusão

"Portanto, aproximemo-nos do trono da graça com confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça para ajuda em momento oportuno" - Hebreus 4.16.

O crente em Cristo tem a possibilidade de estar na presença do Senhor, tem acesso direto ao Pai,por causa do efeito eficaz do derramamento de sangue de seu Filho Unigênito. Que haja em cada cristão o a disposição para  realizar sei exercício de fé, vontade de orar, fazer orações com a plena confiança que a porta está aberta e tem permissão para entrar no Santo dos Santos- não a réplica terrestre, mas o tabernáculo original, existente no plano espiritual.

Façamos isso reverentemente, com bastante regularidade de vezes. Pois Jesus, através de seu sacrifício perfeito, ao entregar o seu corpo como o Cordeiro sem pecados, abriu um novo e vivo caminho aos pecadores arrependidos. Aproximemos de Deus com confiança, pois houve o resultado positivo na morte vicária de Jesus na cruz; Ele venceu a morte ao ressuscitar.

Através do sacrifício de Jesus na cruz, Ele tem poder de nos justificar de todo pecado através de seu sangue (1 João 1.9).

E.A.G.

sexta-feira, 27 de abril de 2018

A vida é fantástica



"Você nunca dará uma topada se ficar parado. Quanto mais depressa andar, mais chances terá de dar topadas, mas também terá mais oportunidades de chegar a algum lugar" (Charles F. Kettering).
"O urso veio e preparou Davi para o leão. O leão veio e preparou Davi Para Golias. Golias veio e preparou Davi para Saul. Saul veio e preparou Davi para o trono.
Deus permite situações aparentemente impossíveis em nossas vidas para nos levar a lugares maiores. Quando chegamos no limite: Deus chega com providência.
O limite de Moisés era o mar. Deus abriu as águas para ele e o povo de Israel atravessar em terra seca.
O limite de Abraão era a morte de Isaque. Deus providenciou o cordeiro, com vista a honrar sua fidelidade e fé..
O limite de Ana era a esterilidade. Deus lhe deu um filho, mostrando que seu plano criador se consiste em que as mulheres conheçam a fecundidade. 
O limite de Jesus (como homem) era a morte. Deus o ressuscitou porque é o Autor da vida.
Deus conhece o seu limite e deseja levá-lo ao estado de excelência e primor.
Que Deus abençoe a sua vida abundantemente. Ao encontrar a limitação, que ela seja apenas o instrumento para o milagre acontecer.
Não olhe para o problema como o fim, mas como a oportunidade da manifestação da glória de Deus!!!"
Tudo que está ao nosso alcance é capaz de nos surpreender de alguma maneira positiva, porque existe nelas a capacidade de oferecer a alegria, muitas vezes despretensiosamente. Mantenha seu coração e olhos e ouvidos abertos para pessoas que compõem sua rotina e repense sobre alguns relacionamentos que se esfriaram. Queira escutar mais do que falar. Valorize ideias, objetos esquecidos em fundos de gavetas, quinquilharias no quartinho da bagunça. Não se apresse a descartar situações e coisas que parecem não merecer seu tempo e atenção. Faça tudo isso tendo como base os ensinamentos da Bíblia Sagrada.
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Nota Belverede: Encontrei o este texto, publicado entre aspas, em uma rede social, fiz uma pequena adaptação ao blog com o objetivo de compartir com os leitores deste espaço. A autoria é desconhecida.

E.A.G.

sábado, 10 de março de 2018

Quem era Maria Madalena, segundo os relatos bíblicos?

O Arrependimento.
 Tela de Domenico Fetti
(Roma, 1589 † Veneza, 1623)

Eliseu Antonio Gomes

Maria Madalena, discípula de Jesus, era uma mulher extraordinária, amável e dedicada ao Senhor em sua vida, morte e ressurreição. Os autores dos quatro Evangelhos identificam-na como uma das mais fervorosas seguidores de Jesus, pessoa intrépida e testemunha ocular essencial dos momentos mais marcantes da vida de Cristo. 

Não se sabe se "Madalena" era seu sobrenome ou se representa Magdala, uma vila no litoral oeste da Galileia, três a cinco quilômetros de Tiberíades, local que provavelmente teria nascido.

Ela é mencionada em nove listas de mulheres que seguiam Jesus e encabeça oito delas, o que sugere que talvez exercesse a posição de liderança do grupo feminino das seguidoras de Cristo (Mateus 27.55, 56, 61; e 28.1; Marcos 15.40, 41, 47; e 16.1; Lucas 8.1-3; e 24.10; João 19.25).

Alguns acreditam que ela é a mulher, que ungiu os pés de Cristo e os enxugou com seus cabelos, citada em Lucas 7.37-50. É improvável, pois Lucas não a apresentaria nominalmente no capítulo 8, se realmente relatasse sobre ela no capítulo anterior. De igual modo, não há razão para pensar que tivesse vivido como prostituta em seu passado baseando-se no fato de ser liberta de sete possessões malignas. Em 591, o Papa Gregório afirmou que Maria Madalena era uma prostituta, e este erro sobre o estilo de vida dela, antes de conhecer Jesus, permanece na mente de muitos até os dias de hoje.

Jesus expeliu sete demônios de Maria Madalena

Referências textuais: Marcos 16.9; Lucas 8.2-3.

Antes de conhecer Jesus, o coração de Maria Madalena era reduto das forças malignas. As Escrituras não informam como foi possuída por demônios, quanto tempo viveu nesta circunstância desesperadora e como teve um encontrou com Cristo. Sabemos que sua vida era socialmente perturbada. Pode ter havido momentos estranhos, gritado muito e brigado com sua família por motivos banais, afastado todas as pessoas que tentassem ajudá-la, se atirado pelo chão, espumado pela boca, sofrido convulsões, exibido publicamente o corpo como fez o endemoninhado gadareno.

Sabemos que nenhum endemoninhado recorreu a Jesus em busca de ajuda, apenas os enfermos o procuravam. Normalmente, outro indivíduo recorria a Jesus para libertar parentes ou amigos vítimas de possessão. Às vezes, Jesus intervinha sem ser solicitado.

Não está escrito na Bíblia, mas de acordo com o contexto sobre possessões malignas, a história de Maria Madalena é a de o Pastor que foi atrás da ovelha e não o contrário. Sua existência inútil e autodestrutiva se transformou em uma vida cheia de graça a partir do momento em que Jesus a socorreu, restituiu sua capacidade de raciocinar com clareza e libertou-a do cativeiro demoníaco. Após liberta, em vez de despedir, Jesus a levou para junto de seus discípulos e ela passou a integrar o privilegiado grupo de mulheres da Galileia, que juntamente com os doze discípulos, caminhavam ao lado do Senhor de cidade em cidade.
  
Magdala, às margens do Mar da Galileia.
Foto de Daniel B. Sheep em 1894.
Wikipedia

Maria Madalena, a servidora

Referências textuais: Mateus 27.55; Lucas 8.1-3; Marcos 15.40-41.

Jesus, acompanhado por seus discípulos por diversas cidades, por um período breve de três anos de evangelismo, anunciava a salvação, curava os enfermos, libertava as almas cativas das trevas. Eles não tinham grandes recursos para a própria sustentação financeira durante toda aquela extensa missão, que demandava constantes viagens, pois se concentravam todo o tempo em benefício da obra espiritual. Os gastos com a alimentação, com a lavagem e a manutenção das suas roupas, e com a pousada, implicava em custos consideráveis. Então, Deus preparou corações voluntários; havia a ajuda e a hospitalidade de pessoas solidárias, e assim o ministério terreno de Jesus alcançou êxito pleno.

Entre as pessoas que comprovaram ter engajamento com a causa de Jesus, estão algumas mulheres, como Maria Madalena e Joana, apesar de que muitas outras também tenham colaborado nessa assistência e trabalho significativo para a subsistência de Jesus e seus discípulos. Elas se empenharam em servi-lo porque estavam extraordinariamente gratas pelas bênçãos que lhes foram concedidas por Jesus, transformaram gratidão em ação, como deveriam fazer todos aqueles que Ele abençoa com a sua salvação. 

Maria Madalena, nos episódios de tortura, julgamento, crucificação e morte

Nos episódios da crucificação, Maria Madalena deve ter se sentido totalmente confusa. Deve ter ouvido os diálogos tensos entre seu Mestre e os líderes religiosos. Jesus estava calado, não oferecia resistência aos que o maltratavam verbal e fisicamente. Os acontecimentos trágicos se desenrolavam sem que pudesse interrompê-los. Devota, ela e as mulheres da Galileia se arriscaram ao  acompanharem o julgamento e os sofrimentos de Cristo, pois o ambiente era hostil e violento, principalmente aos que se identificavam com o Mestre (Mateus 27.45-56; João 19.25; Lucas 23.55). Apesar de tudo, elas permaneceram próximas ao Senhor até o terrível momento da crucificação e testemunharam sua morte (João 20.15-16).  

Enquanto os discípulos fugiam e se escondiam, Maria Madalena ficou para trás para observar onde José de Arimateia o sepultaria (Marcos 15.44-45), pois planejava ungir o corpo de Jesus com especiarias e perfumes (Lucas 23.56).

A bem da verdade, mesmo que os discípulos tenham entrado em pânico quando Jesus se recusou a revidar os ataques, não entendessem que aquele momento era o clímax da Obra da Redenção, é preciso considerar que depois de tudo acontecido eles não omitiram a extraordinária coragem feminina neste episódio e não tentaram justificar a conduta vacilante. Eles registraram suas ações covardes e a valentia das seguidoras de Cristo nos Evangelhos.

A crucificação de Jesus Cristo.
Maria Madalena é uma das testemunhas oculares da morte do Salvador.
Fonte: FreeBibleImages.org

O relato bíblico sobre Maria Madalena no episódio da ressurreição

Referências textuais: Mateus 28.1-10; Marcos 16.1-10; Lucas 24.1-10; João 20.1-18.

Maria Madalena é figura proeminente no episódio da ressurreição.

Ainda era madrugada de domingo, o sol nem havia nascido quando as mulheres chegaram ao túmulo de Jesus, que julgavam ainda estivesse morto. Elas tinham o propósito de ungir o seu corpo, realizarem o ritual de preparação de cadáver, como era costume entre os judeus, pois isso não havia sido feito antes do sepultamento por causa da chegada do sábado. Ali, foram surpreendidas ao verem que a pedra usada para fechar o túmulo havia sido removida e encontrarem um anjo, anunciado-lhes a ressurreição de Jesus.

Pequenas diferenças ocorrem nos relatos sobre a chegada das mulheres no sepulcro. Maria Madalena acompanhou as outras mulheres, porém, conforme o relato de João nos versículos 1 e 2, em determinada altura do caminho deve ter seguido em passos mais rápidos que suas companheiras e chegou em primeiro lugar ao túmulo. Marcos (16.9) diz que Cristo apareceu primeiramente para Maria Madalena. Quando ela tomou ciência dos fatos, procurou a Pedro e ao discípulo amado e contou o que havia acontecido e depois foi alcançada pelas outras mulheres.

Depois disso, Maria Madalena retornou em companhia de Pedro e do discípulo amado e permaneceu ali chorando quando todos se foram. Não estava em condições de entender como aquEle que podia curar e ressuscitar pessoas, não salvou a si mesmo. Então, em meio ao desespero por ter encontrado o túmulo dEle vazio, pensando não restar nada mais a fazer, um dos dois anjos que apareceram ali perguntou-lhe qual era a razão das lágrimas, Maria Madalena quis saber sobre o paradeiro do corpo do Senhor (João 21.11-15). De súbito, no momento de sua intensa emoção, Cristo se fez presente, exclusivamente para ela, mas ela pensou que fosse o jardineiro. Só após Cristo gentilmente chamá-la pronunciando seu nome é que ela o reconheceu. Assim, estando pessoalmente com o Salvador, Maria Madalena é confortada pelo próprio Cristo ressurreto e depois da conversa conta aos discípulos que havia visto Jesus vivo (João 20.18).

Gli amici di Gesù. 
Coprodução: Alemanha e Itália (2000).
 Atriz Maria Grazia Cucinotta vive Maria Madalena.
 Roteiro sem fidelidade às Escrituras Sagradas.
O perfil falso de Maria Madalena (Bíblia não descreve)

Gente sem nenhum compromisso com o conteúdo da Palavra de Deus, faz interpretações sem respaldo bíblico sobre a biografia de Maria Madalena.

Feministas, com o suposto pretexto de elucidar quem realmente era a discípula de Jesus Cristo, descontentes com a identidade que a Bíblia apresenta, extraindo e distorcendo textos do Novo Testamento e também usando antigos textos extra-bíblicos - como o Evangelho de Filipe e o Evangelho de Maria Madalena - afirmam que Maria Madalena  era a líder escolhida para a Igreja. Além disso, afirmam que ela seria esposa de Jesus e mãe de um filho dEle.

O Código da Vinci, livro de autoria de Dan Brown, veiculou essas ideias equivocadas e alcançou enorme sucesso, inclusive através de uma adaptação ao cinema, filme produzido em Hollywood com atores consagrados na indústria cinematográfica. O enredo de Brown afirma, entre outras heresias, que o apóstolo amado não era João, o evangelista, mas Maria Madalena.

Roney Mara no papel de Maria Madalena

No próximo dia 15 de março, estreia nas telas de cinema do Brasil, o filme Maria Madalena, do diretor australiano Garth Davis e das roteiristas Helen Edmundson e Philippa Goslett. O longa conta com Rooney Mara, duas vezes indicada ao Oscar, como a atriz protagonista do filme; Joaquin Phoenix na pele de Jesus e Chiwetel Ejiofor como apóstolo Pedro. É produzido pela  empresa 360 WayUp, conhecida por apresentar grandes projetos no mercado cristão cinematográfico, e distribuído pelos estúdios Universal Pictures France.

Segundo o marketing dessa produção, a personagem central é a figura de uma mulher corajosa, temente a Deus, que se transforma em alguém melhor ao caminhar com o Senhor, a personagem desafia a sociedade retrógrada da época a se juntar a Jesus em sua jornada para espalhar a Palavra de Deus. E as mulheres da sociedade atual, acostumadas a tomarem decisões, situadas em posições nunca antes conquistadas nos âmbitos políticos e econômicos, se sentirão representadas por ela.

Só nos resta saber se o roteiro é ou não fiel aos relatos da Bíblia Sagrada.

Conclusão

Apesar do equívoco de interpretação dos textos bíblicos que muitos fazem sobre a identidade de Maria Madalena, sem dúvida alguma ela é uma das mulheres mais importantes do Novo Testamento. Entre todas que conheceram Jesus Cristo pessoalmente, apenas Maria de Nazaré é citada mais vezes que ela. Na galeria bíblica de exemplos femininos, seria uma perda irreparável não haver seu nome na lista. Aos estudiosos e propagadores do conteúdo da Bíblia, é um grande erro desprezar o estudo sobre esta mulher.

Maria Madalena, depois de ser libertada por Cristo da condição de escrava de sete demônios, servir ao Senhor por livre e espontânea vontade, sentir a dor de vê-lo preso, acusado injustamente, torturado, crucificado e morrer na cruz, foi a primeira testemunha ocular do surgimento do cristianismo no mundo.

E.A.G.

Compilações:
A Bíblia de Estudo da Mulher Sábia, páginas 1043, 1062 e 1063, edição 2016, Várzea Paulista - SP (Casa Publicadora Paulista).
Histórias de Mulheres da Bíblia, Eva Mündlen, páginas 119 e 120, edição 2010, Barueri - SP (Sociedade Bíblica do Brasil).
Mulheres Esquecidas da Bíblia - Encontre força e sentido em suas histórias, Carolyn James, páginas 195, 196, 197, 199, 204, edição 207, São Paulo- SP (Editora Vida)
O Novo Dicionário da Bíblia, volume 2, páginas 1006 e 1007, 4ª edição 1981, São Paulo- SP (Edições Vida Nova).
Quem é Quem na Bíblia Sagrada - A história de todas as personagens da Bíblia, editado por Paul Gardner, páginas 437 e 438, 19ª impressão 2015, São Paulo - SP (Editora Vida).