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sexta-feira, 19 de novembro de 2021

O valor do perdão aos que perdoam

José vendido pelos irmãos
Gravura de Gustave Doré
A partir do capítulo 37 de Gênesis lemos a história de José, que sofreu um bocado na mão de seus irmãos. O pai deles, Jacó, tinha uma preferência clara por José, e o ciúme dos demais foi tanto que resolveram sumir com ele. Chegaram ao ponto de induzir o pai a pensar que um animal tinha matado o irmão detestado. 

Durante muitos anos, aqueles homens sustentaram o peso do ódio, do rancor, da vingança e da mentira. Viram o pai de luto, inconsolável, mas nem assim se arrependeram. No entanto, a culpa continuava pesando, mesmo anos depois, ao serem justamente acusados de espionagem na corte de faraó, consideraram isso como castigo pelo que tinham feito a José (Gênesis 42.41).

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Será que o estilo de vida de Sodoma pode existir no coração de um cristão?


A esposa de Ló olha para trás e é transformada em estátua de sal.

Kent Hughes
Tradução livre: Eliseu Antonio Gomes


Se tivéssemos acesso apenas a história da vida de Ló, conforme narrada no livro de Gênesis, jamais teríamos a possibilidade de saber que Ló era uma pessoa crente. Entretanto, de acordo com três descrições em 2 Pedro, ele era um homem justo, comprometido e perturbado. Além disso, era "afligido" pela vida em Sodoma. A explicação que encontramos, no capítulo 2 e versículos 7 e 8, escrita de maneira minuciosa por Pedro, é a seguinte:
"... o justo Ló, afligido pelo procedimento libertino daqueles insubordinados (porque este justo, pelo que via e ouvia quando habitava entre eles, atormentava a sua alma justa, cada dia, por causa das obras iníquas daqueles) ..." - (RA)
Ironicamente, apesar de Ló revoltar-se por causa do estilo de vida das pessoas em Sodoma, a cidade de Sodoma estava em sua alma. Então, podemos concluir que, apesar de um crente sentir aflição por causa das coisas que presencia neste mundo, inconscientemente, ao mesmo tempo ele corre o risco de sentir-se atraído e aceitar o sentimento de afeição pelo mundo.

Não existe nenhum indício de que Ló tenha sido um agente influenciador para os habitantes de Sodoma. Conquanto tenha morado por muitos anos naquela sociedade, fosse um morador de destaque ali, agiu de modo decepcionante, pois não foi uma pessoa influente entre seus amigos. Ló foi uma decepção total. Quando o julgamento divino sobreveio sobre Sodoma, nenhuma pessoa justa foi achada fora de sua família. Não havia conhecidos, vizinhos, ninguém entre os seus servos sabia quem era o Senhor. Seu apelo aos sodomitas diante de sua porta não foi respeitado por eles. Suas palavras não eram ouvidas como sérias, não eram recebidas como algo que merecesse atenção.

A tragédia maior; o exemplo de Ló não colaborou para levar sua família e parentes ao céu. Nenhum indivíduo dos seus círculos familiar e de amizades temia a Deus. Ao avisar aos genros que deveriam escapar da iminente destruição das cidades, pensaram que ele agia como "zombador". As palavras de Ló não possuíam conteúdo porque ele era vazio. Além disso, os hábitos de Ló não inspiraram sua esposa a desapegar-se da cultura de Sodoma. Ao afastar-se daquela localidade, seu coração permaneceu lá, portanto, não conseguiu resistir a olhar para trás e por este motivo foi destruída junto com Sodoma e Gomorra. A mulher que gerou suas filhas, a pessoa mais íntima de Ló, que conhecia muitos detalhes de sua alma, não enxergou nada nele ou em sua fé que indicasse a ela a direção da terra ao céu.

Inclusive, não há dúvida que o modo que Ló escolheu para viver causou à anexação do espírito de Sodoma no coração de suas duas filhas. A maneira dissimulada de agir que ambas demonstraram ter, era conduta comum em Sodoma. Ló tinha sua parcela de culpa nisso. Este comportamento disfarçado era movido por natureza espiritual negativa, portanto, concentrava em seu âmago efeito mortal.

Segundo descreve Pedro, particularmente Ló estava "afligido" por causa das ações depravadas dos ímpios e sua alma estava angustiada, mas guardava para si este estado interior, porque era uma personalidade de destaque na cidade. Usar a sinceridade prejudicaria a sua imagem perante aquela comunidade. Assim, Ló acostumou-se a fazer-se de cego, surdo e mudo quanto ao que via, não manifestava opinião quando via atos de abusos sociais e transgressões sexuais em Sodoma. Apesar de abominar, não praticar e abominar, nunca marcou posicionamento algum contra os pecados que eram cometidos. As blasfêmias e as conversas obscenas tiveram com reação de Ló um sorriso falso, a estratégica mudanças de assunto e de ambientes, com todo o cuidado de manter a aparência "politicamente correta".

As filhas do sobrevivente Ló conviveram com a figura de um pai que possuía grande habilidade de esconder suas opiniões, elas não esqueceram de sua negligência em seu dever paternal de educá-las, tinham na memória sua deslealdade torpe ao lhes oferecer como objetos sexuais para uma turba de homens inflamados de Sodoma, torpeza esta com a finalidade de apaziguar seus ânimos exaltados. Então, quando aconteceram as sucessivas seduções incestuosas, as filhas apenas usaram o método do engano, que receberam de herança. Nas profundezas de uma caverna,foi servido a Ló um copo escuro que continha vinho misturado com fraude e deslealdade. A desonra que Ló foi vítima por parte de suas filhas é uma situação incomum, numa circunstância de ironia cruel, pois ele realizou o ato vergonhoso que havia sugerido que os homens de Sodoma fizessem. Realmente, ele havia plantado no coração de suas duas filhas as sementes de Sodoma.

A postura insensata de Ló foi esta: embora o mundanismo de Sodoma afligisse sua alma justa, preferiu continuar vivendo o mais próximo possível de tudo que lhe causava aflição, até o último momento de seu final amargo. E a sequela foi que, apesar de Deus ter julgado os moradores de Sodoma, com exceção de Lós e as filhas, Sodoma renasceu em suas vidas.

Constata-se, assim, que é provável acontecer na vida de crentes como nós, gente realmente incomodada com o curso deste mundo, a adoção de atitudes pertencentes a cultura de Sodoma, é possível renascer tais atitudes na vida de crentes porque no coração do crente pode haver alguma espécie de relação com o sistema de vida mundano.

E.A.G.

Fonte: Westminster Theological Seminary | Título original: Does Sodom Live in our Souls?

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Potifar, o eunuco egípcio

José e a esposa infiel de Potifar
Depois de uma troca de postagens no chat da comunidade UBE Blogs, houve a curiosidade e senti vontade de pesquisar sobre quem era de fato Potifar.

Eu já estudei o tema antes e me lembrava que Potifar era retratado como eunuco. Mas, um participante do bate-papo disse-me que havia lido um estudo bíblico que concluía que Potifar não era eunuco. Então, veio em mente escrever sobre o tema e postar neste blog. E fiz isso.

Nos idiomas hebraico e aramaico, o substantivo masculino “eunuco” é “saris” e está inserido como palavra estrangeira na língua hebraica, usado junto com a ideia de castrar. O termo é de origem assíria. Ao pé da letra, é interpretado como “na cabeça”, isto é, o chefe, um administrador. Uma antiga tradução siríaca da Bíblia, traduziu o vocábulo como “pessoa de confiança”.

Cogita-se que a razão para essa confiança especial que os eunucos gozavam era porque não tinham a possibilidade de gerar filhos, sendo inférteis e sem capacidade de atividade sexual, não havia motivação para agir de maneira corrupta e nem tentar derrubar governos a fim de beneficiar a família em posições políticas de destaque social.

Normalmente, uma pessoa descrita como "eunuco" era um homem deliberadamente castrado em idade jovem. Não era costume que pessoas nascidas com defeitos físicos nos testículos, problemas congênitos, fossem considerados “eunucos”.

No Antigo Testamento “saris” é traduzido como camareiro treze vezes (2 Reis 23.11;. Ester 1.10-15; 2.3, 14, 15,.21; 4.4-5; 6.2, 14; 7:9) . E eunuco dezessete vezes (2 Reis 9:32;. 20:18;. Isaías 39.7; 56.3-4; Jeremias 29.2: 34.19; 38.7; 41.16; 52.25;. Daniel 1.3-18).

Ver Gênesis 39:1; 40:2, 7; 1 Samuel 8:15;. 1 Reis 22:9;. 2 Reis 8.6; 24.12-15; 25.19;. 1 Crônicas 28.1, 2 Crônicas. 18.8.  

Os eunucos / saris desempenharam papéis importantes na história antiga, nas sociedades chinesa, romana, bizantina, dos impérios otomanos. Eram assessores de alto escalão, ministros de Estado, funcionários que cumpriam papéis burocráticos. Muitos eram encarregados dos aposentos de rainhas e de haréns de reis. Na Europa, meninos eram castrados para que pudessem crescer mantendo a voz estridente e de grande alcance vocal – estes eram conhecidos como “castrati”.

“E os midianitas venderam-no no Egito a Potifar, oficial de Faraó, capitão da guarda” - Gênesis 37.36.

Praticamente, todos os cristãos conhecem a história de José e o episódio em que é comprado como escravo e vai trabalhar para Potifar e nesta ocasião é assediado sexualmente pela esposa dele e injustamente preso.

Abri diversas traduções bíblicas em português em Gênesis 37.36 e 39.1. Nelas, o termo "saris" está vertido como "eunuco" apenas na João Ferreira de Almeida, Edição Revista e Corrigida - na grafia simplificada, 44ª impressão, de 1980, da Imprensa Bíblica do Brasil. Tal versão oferece nota de rodapé, esclarecendo que o "eunuco" do texto era um oficial. Observação: a 54ª impressão, edição de 1982 da mesma editora, é similar. 

Encontramos no relato de Gênesis, capítulo 39, versículo 1 ao 9, o oficial Potifar, eunuco não no sentido literal, pois era homem casado e portanto podemos considerar que não tivesse sua genitália mutilada. Hoje em dia os historiadores estão inclinados a declarar que, fisiologicamente, Potifar não poderia ser considerado como um eunuco. Entretanto, apesar do casamento, há quem cogite que a insistência da esposa de Potifar em tentar um ato de infidelidade conjugal com José, aconteceu porque ele não tivesse capacidade de manter conjunção carnal.

Nem todos os “eunucos” eram castrados, ao menos no Egito. A sociedade egípcia parece ter sentido repugnância ao ato de extrair órgãos do corpo humano.

Segundo historiadores, não há documentos faraônicos indicando que eles ocupassem postos predominantes nos palácios, como guardiões de haréns e escritórios administrativos e conselheiros de monarcas. Não existe nada parecido no Egito com o que havia na Mesopotâmia em relação aos eunucos.

No Egito, existia o uso da atribuição apenas para designar os altos funcionários da corte de faraó. A presença comum nos tempos antigos de homens castrados nas cortes reais mesopotâmicas deve ser o motivo da palavra “eunuco” ter sido difundida de maneira generalizada para pessoas não castradas que exerciam funções importantes junto ao faraó. Ou seja, havia a atribuição apenas para designar os altos funcionários da corte de faraó e Potifar era uma dessas autoridades com o título “eunuco” sem ser mutilado.

Eunuco no Novo Testamento

"Porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos, por causa do reino dos céus. Quem pode receber isto, receba-o.” – Mateus 19.12.

A palavra usada no idioma grego, nas páginas do Novo Testamento é "eunouchos", da qual temos a nossa palavra eunuco. "Eunouchos" é a junção de eune (cama) e echein (para segurar). A maioria dos estudiosos explica que o termo significa "aquele que guarda a cama." Mas Jesus não teria usado a palavra grega no texto de Mateus 19.12, uma vez que Ele conversava em hebraico.


E.A.G. 

Consultas:
http://wiki.answers.com/Q/Was_Potiphar_a_eunuch
http://wiki.answers.com/Q/How_are_eunuch_born
http://bible.cc/genesis/39-1.htm