Tão logo Jesus ressuscitou, seu primeiro contato foi com Maria Madalena, pediu a mulher que contasse aos homens que estava vivo. Naqueles dias, uma testemunha feminina no tribunal não era aceita da mesma forma que uma masculina. Mesmo assim Jesus concedeu a Maria Madalena o privilégio de entrar para a História como a primeira testemunha das boas novas da ressurreição. Disse-lhe Jesus: [...] "Vá até os meus irmãos e diga a eles: 'Subo para o meu Pai e o Pai de vocês, para o meu Deus e o Deus de vocês.' Então Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos: 'Eu vi o Senhor!' E contava que Jesus lhe tinha dito essas coisas'" - João 20.17b-18.
É notável que Jesus nunca tenha ensinado especificamente sobre o papel das mulheres no reino de Deus. Provavelmente esse silêncio nos leve à conclusão de que no reino de Deus não há distinção entre homem e mulher, e sim que os dois sexos são "um em Cristo" como escreveu Paulo em Gálatas 3.26-28.
Mas não é apenas na falta de ensino específico para mulheres que podemos aprender com Jesus. Para entender como Jesus eleva as mulheres ao nível de igualdade, é preciso ver como o Mestre na prática rompeu com as normas farisaicas tradicionais no que tange ao tratamento dispensado ao universo feminino. E, infelizmente muitos cristãos sentem enorme dificuldade em compreender completamente o quão notável foi o tratamento de Jesus dado às mulheres há 2 mil anos.
Nos dias de Jesus, um homem não se dirigia a uma mulher sozinha e fora de casa. No entanto, Jesus iniciou uma conversa com a mulher samaritana no poço de Sicar (João 4). Logo em seguida, atendendo ao pedido de Jesus, aquela mulher testemunha aos seus concidadãos, povo de Samaria, sobre o Salvador e a cidade o recebe e passa a ouvi-lo e acreditar nEle.
Ser discípulo nos tempos bíblicos era mais do que apenas ir à escola com um rabino e estudar teologia. Além de ouvir o mestre, o aluno tinha a obrigação de praticar o conhecimento imitando-o. A experiência de aprender a parte teórica era chamada de "sentar-se aos pés de seu mestre", algo que Paulo fez quando se sentou aos pés de Gamaliel e que Maria, irmã de Marta, fez quando se sentou aos pés de Jesus (Atos 22.3; Lucas 10.38-42).
Um rabino judeu não ensinava a Torá às mulheres. Entretanto, Jesus ensinou a Maria, irmã de Marta, a palavra de Deus. Jesus incentivou a escolha de Maria quanto a estudar a palavra de Deus em vez de consolidar o lugar da mulher na cozinha. Dessa maneira Ele mostra que no Evangelho a mulher e o homem têm as mesmas oportunidades, ambos possuem o direito de escolher o rumo de sua vida. Estar em casa e cuidar de tarefas domésticas é uma decisão aceitável, estudar teologia e servir ao Reino de Deus é ainda melhor.
O Senhor não só se associou aos homens, Ele também permitiu que as mulheres tivessem um lugar em seu círculo social. Jesus conviveu com Marta e Maria como suas amigas íntimas (João 11.5). Ele não sexualizou o relacionamento com nenhuma mulher, e sempre as tratou com respeito, dignidade e as valorizou como seres humanos.
Não era permitido que mulheres tocassem em homem que não fosse membro de sua família, todavia Jesus deixou que a mulher acometida de fluxo de sangue o tocasse e disse a ela que havia sido salva (Marcos 5.25-34). Não só isso, Jesus tocou em outra mulher, que vivia encurvada e houve a cura (Lucas 13.10-13). É óbvio que Jesus estabelece e liberta as mulheres da exclusão, humanizando-as e permitindo que elas entrem no reino de Deus nos mesmos termos que os homens.
No tempo de Jesus, a sociedade tentava separá-las dos homens e do público em geral, não havia liberdade para participar de acontecimentos sociais da mesma forma que os homens. O corpo feminino deveria estar coberto de roupas da cabeça aos pés. A mulher que não seguisse o costume estabelecido corria o risco de ser acusada de luxúria. Quando Jesus ensinou sobre sexualidade, não culpou a mulher em casos de imoralidade sexual, fez menção à torpeza alojada no coração dos homens (Mateus 5.27-30).
No momento em que os judeus quiseram discutir diferentes razões para o divórcio, Jesus virou a mesa e ensinou sobre perdão e reconciliação. O casamento é sagrado e não deve ser desfeito por motivação banal.
Mulheres acompanharam Jesus em suas viagens de pregação na Galileia (Lucas 8.1-3). Cheias de fé em Deus, algumas delas se aplicaram em, reverentemente, servir a Jesus como Senhor (Mateus 27.55, Marcos 15.40-41).
Jesus dá do seu Espírito tanto a homens como a mulheres. O batismo do Espírito Santo visa transformar os seguidores de Cristo em propagadores do Evangelho até os confins da terra (Atos 1.8). Todos devemos seguir seus exemplos e tratar as mulheres com a mesma dignidade, respeito e igualdade. É necessário compreender o chamado, talentos naturais e dons espirituais dos quais elas são portadoras.
Enfim, não existe nenhuma dúvida que algo muito especial acontece na vida do ser humano quando reconhece o valor do sacrifício de Jesus Cristo na cruz, seja essa pessoa um homem ou uma mulher. Por meio da entrega vicária do Cordeiro no calvário, independente do sexo de cada um, somos convidados a trabalhar neste mundo fazendo a vontade de Deus.
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