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sábado, 2 de outubro de 2021

O olhar protestante e respeitoso sobre Maria, a mãe de Jesus

Cristãos católicos usam muitos nomes ao referirem-se a Maria, mãe do Salvador: Mãe de Deus, Virgem Santíssima, Nossa Senhora, Rainha do Céu, Mãe da Misericórdia, Rainha da Paz, entre outros títulos devocionais. Mas na Bíblia ela é conhecida como Maria.
 
Cresci frequentando escola bíblica dominical e levado aos domingos por meus pais aos cultos dominicais noturnos. Nesta condição, jamais presenciei alguém escamoteando Maria como alguns católicos insinuam que protestantes o façam. O cristão protestante, em sua prática de exposição bíblica, apenas reproduz o que está escrito na Bíblia Sagrada, sem aumentar e nem tirar nenhuma informação contida nela a respeito da mãe de Jesus.

A veneração católica

Entre os protestantes não existe a veneração que é concedida a Maria pelos católicos, uma qualidade quase semelhante a Deus. O culto idólatra se desenvolveu ao longo dos séculos, quando os primeiros cristãos exaltaram as virtudes de Maria acima de todos as mulheres. E com o passar do tempo, a exaltação aumentou ao ponto de a figura de Maria rivalizar com a divindade de Jesus. 

O dia do parto

Cogita-se que Maria deu à luz a Jesus no ano 6 ou 7 a.C., em 7 de janeiro, de acordo com o calendário juliano, e em 25 de dezembro, de acordo com o calendário gregoriano. 

Oito dias após seu nascimento, Maria e José levaram Jesus ao Templo para a circuncisão, conforme exigia a lei mosaica. Maria encontrou neste episódio um homem piedoso chamado Simeão, que tomou Jesus nos braços e profetizou que a espada da criança revelaria o pensamento de muitas pessoas a quem abriria o coração, mas que a espada também perfuraria sua alma, dizendo respeito à rejeição ao ministério de Jesus pelos líderes de Israel (Lucas 2.25-38).

Podemos aceitar que houve a virgindade perpétua?

No terceiro século da Era Cristã, a tradição dizia que todo sexo era contaminado pelo pecado, inclusive o ato entre pessoas casadas. Dessa premissa surgiu a doutrina católica que afirmava ter sido Maria uma mulher sempre virgem, não apenas virgem no nascimento de Jesus. O título Virgem Maria só passou a ser usado oficialmente depois do Terceiro Concílio Ecumênico, que aconteceu em Éfeso no ano d.C.

Porém, as Escrituras Sagradas dizem que Jesus é o Unigênito de Deus (único filho de Deus, João 10.16) e o Primogênito de Maria (primeiro filho de Maria, Lucas 2.6). Outras passagens bíblicas (Mateus 13.55,56) cita Tiago, José, Simão e Judas como irmãos de Jesus e filhos de José e Maria; um texto em Marcos (confira no capítulo 6 e versículo 3) divulga que além de irmãos Jesus também teve irmãs.

Maria nos quatro Evangelhos e cartas paulinas

O nome Maria em aramaico é Miriã. Ela provavelmente nasceu no ano em que o rei Herodes começou a reconstruir o Templo em Jerusalém. A informação sobre Maria é escassa na Bíblia. Através dos Evangelhos sabemos que ela morava em Nazaré, um vilarejo remoto da Galileia, e que costumava ir todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa, embora a lei não obrigasse as mulheres a isso. Casou com José, um descendente do rei Davi; era prima de Isabel, esposa do sacerdote Zacarias e mãe de João Batista.
• Na biografia escrita por Mateus, Maria não teve um papel ativo sobre o ministério de Jesus, o autor se interessa em enfatizar que Jesus é o filho de Deus, não um homem e ao mesmo tempo um verdadeiro homem nascido de uma mulher.

• O Evangelho de Marcos a nomeia como a mãe de Jesus e a apresenta em uma cena em que Jesus, incompreendido por sua família terrena, confirma que sua verdadeira família são seus discípulos.

• Lucas, como historiador da época, provavelmente fez pesquisas cuidadosas, procurou detalhes sobre Jesus conversando com muitas testemunhas, provavelmente até conversou com Maria, pois o seu relato traz pormenores que apenas sua mãe poderia saber.

•  João não a chama pelo nome, mas a define como "mãe de Jesus".

•  Assim como Marcos e João, Paulo não cita Maria nominalmente, em suas cartas o apóstolo diz que Jesus "nasceu de uma mulher".
É digno de nota lembrar que no primeiro milagre que Jesus Cristo realizou, em um casamento em Caná, quando transformou água em vinho, Ele referiu a sua mãe chamando-a de "mulher" (João 2.1-11). Historiadores explicam que o tratamento ocorreu assim porque no Antigo Testamento este termo representava Israel. 

Houve a ascensão de Maria ao céu?

A morte de Maria não é mencionada na Bíblia, alguns registros dizem que ela morreu em Jerusalém e outros em Éfeso. No ano de 1950, foi instituído o dogma que afirma que Maria não morreu, mas subiu ao céu. Entretanto, as Escrituras Sagradas revelam que apenas Jesus Cristo, Elias e Enoque tiveram seus corpos elevados ao céu (Atos 1.1-2; 2 Reis 2.11; Hebreus 11.5).

Redentora e mediadora? 

A doutrina católica afirma que Maria é capaz de representar o pecador na função de mediadora, ao lado de Jesus faz mediação da salvação dos pecadores. Mas o que está escrito na Bíblia sobre isso?

"E assim como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem nele crê não é condenado; mas o que não crê já está condenado, porque não crê no nome do unigênito Filho de Deus (João 3.14-18).

"Porque há um só Deus e um só Mediador entre Deus e a humanidade, Cristo Jesus, homem, que deu a si mesmo em resgate por todos, testemunho que se deve dar em tempos oportunos" (1 Timóteo 2.5,6).

Segundo a ótica das Escrituras, Maria não era nem redentora e nem mediadora. De fato, foi uma mulher como outras mulheres virtuosas, todas nascidas com pecado herdado, como todo ser humano nasce desde a Queda de Adão e Eva. A Bíblia nos diz que apenas Jesus foi concebido pelo Espírito Santo, e por causa da participação do Espírito não houve nEle a associação com o pecado original. Todos os outros seres humanos "pecaram e carecem da glória de Deus" (Romanos 3.23). 

Conclusão

Deus escolheu Maria para ser a portadora da missão de ser a mãe do Salvador porque viu que nela havia virtudes, integridade, devoção sincera  (Lucas 1.47). Convém a todas as pessoas, gente cristã católica e protestante, e outros, agradecer a Deus pela vida de Maria, a mãe de Jesus. Em sua alegria por saber que conceberia o Messias, louvou ao Senhor assim: "A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador, porque ele atentou para a humildade da sua serva. Pois, desde agora, todas as gerações me considerarão bem-aventurada, porque o Poderoso me fez grandes coisas. Santo é o seu nome" (Lucas 1.46-49).

Enfim, é de suprema importância atingir equilíbrio sobre as opiniões que católicos defendem sobre Maria e o destaque encontrado nas Escrituras Sagradas sobre ela. Ao cristão cabe seguir doutrinas cristãs a partir das Escrituras Sagradas. As informações sobre Maria estão contidas em traduções protestantes e católicas. E sendo assim, se houver o desrespeito, como alguns católicos acreditam acontecer por parte de crentes protestantes, o desrespeito tem origem em Bíblias publicadas por protestantes e católicos. Se anunciamos o que a Bíblia informa, e se dizem que cometemos desonra, os autores da desonra são as pessoas que Deus usou para escrevê-la. E é claro que esta hipótese é inaceitável. 

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