Por Eliseu Antonio Gomes
Moisés é o autor do livro de Êxodo, o segundo livro do Pentatêuco, que também lhe é atribuído autoria. Foi filho de casal israelita, Anrão e Joquebede, da tribo de Levi, e irmão mais jovem de Miriã e Arão. Nasceu no Egito.
O livro de Êxodo figura a extraordinária redenção efetuada pelo Senhor, a libertação de Israel, o povo eleito, das guarras tiranas do Egito, potência mundial da época. Afirma-se que foi escrito por volta de 1450 e 1410 a.C, durante a peregrinação pelo deserto, com o objetivo de oferecer um registro permanente dos atos históricos e redentores de Deus, para descrever as atividades divinas na libertação do povo escolhido do Senhor - as etapas do cativeiro egípcio e toda a trajetória pelo deserto rumo à Terra Prometida.
A divisão do Êxodo
A narrativa do livro enfatiza ao longo dos capítulos conceitos importantes, como a libertação da morte, da escravidão e da idolatria, mostra como os hebreus foram duramente afligidos por Faraó e como Deus os resgatou do jugo do inimigo. Em grande angústia o povo hebreu clamou ao Senhor, e a Palavra de Deus nos diz que ouviu o gemido do seu povo (Êxodo 1.4; 2.24)
Os pontos culminantes do livro são os detalhes da história da partida de Israel do Egito e o recebimento da Lei. O trecho mais conhecido de Êxodo é o capítulo 20, onde está a passagem dos Dez Mandamentos. Os eventos relatados ocupam posição central na revelação que Deus fez de Si mesmo ao seu povo, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento.
Moisés é a pessoa central do livro, que está dividido em quatro partes:
1 - A libertação (1 - 15.21);
2 - A viagem até o Sinai (15.22 - 18.27);
3 - A Lei e a Aliança (19 - 24);
4 - A Tenda Sagrada e o culto (25-40).
Aborto
Durante muitos anos difundiu-se a crença de que Ramsés II era o Monarca da Opressão, porém, descobertas arqueológicas revelaram que a dura escravidão dos hebreus ocorreu sob a égide de Tutmés III, cujo reinado durou de 1501 a 1447.
Segundo os eruditos, o Faraó que consta no Êxodo é Amenotepe II. As páginas bíblicas mostram o quanto esse rei era cruel e capaz de tomar atitudes atrozes. O livro inicia apresentando uma breve genealogia, e em seguida apresenta a inquietude dos egípcios por causa do crescimento numérico dos israelitas, que tiveram uma multiplicação vertiginosa no Egito (Atos 9.31; Lucas 14.22-23)..
Para contrabalançar a explosão populacional dos hebreus, que os egípcios consideraram ameaça, Faraó promulgou decretos. O primeiro sujeitava os hebreus ao trabalho forçado, suprindo a necessidade de mão-de-obra, sob vigilância de capatazes. O segundo decreto ordenava o extermínio de bebês masculinos, às parteiras egípcias receberam ordens para matar todos os recém-nascidos, porém, elas eram tementes a Deus e não o obedeceram. Depois Faraó ordenou que todos os meninos hebreus fossem atirados no rio Nilo para morrerem afogados ou servissem de alimento aos crocodilos (Êxodo 1.17, 21, 22).
Vale observar: meninas não deveriam ser assassinadas.
A atrocidade de Faraó subsiste nos dias atuais. Muitas crianças são mortas vítimas do aborto.O infanticídio generalizou-se, em muitas partes do planeta está legalizado.
A impressionante biografia de Moisés
1 - Joquebede, a mãe exemplar
Deus cuidou de Moisés em todas as etapas de sua vida.
Ele nasceu durante o período em que Faraó ordenou a matança de meninos israelitas recém-nascidos. Quando bebê, escapou da morte porque seus pais eram tementes a Deus, e com a ajuda celestial conseguiram salvá-lo. Movidos pela fé em Deus eles descumpriram a ordem do rei e o esconderam em casa. Por providência divina, a fé que possuíam fez com que elaborassem um plano brilhante que livraria o bebê da ira do monarca e o colocaria em plena segurança até alcançar a fase adulta. Para que Moisés escapasse do edito faraônico, ele foi posto em um cestinho de junco ou papiro recoberto de pixe, entre as canas que havia à margem do Nilo, sua mãe orientou sua irmã Miriã a vigiá-lo secretamente. Assim, ele foi encontrado e adotado pela filha de Faraó, que ao banhar-se encontrou o cesto. A princesa escolheu sua própria mãe para criá-lo como se fosse sua babá. Desta forma Joquebede foi remunerada para tratar bem seu filho (Êxodo 2.1-10; Atos 7.22; Hebreus 11.23).
Não temos a informação por quanto tempo Moisés ficou aos cuidados de seus pais, em determinado momento o menino foi levado ao palácio para receber preparo intelectual. Frequentou as mais renomadas universidades egípcias (Gênesis 41.45; Atos 7.22). Segundo achados arqueológicos, na educação superior egípcia constavam ensinos de administração, arquitetura, matemática, astronomia, engenharia, etc. Todo esse preparo serviu de base para que ele fosse escritor, condutor e legislador do povo hebreu pelo deserto.
2 - Foragido
Moisés cresceu mantendo viva sua origem hebraica. Adulto, certo dia testemunhou um hebreu sendo maltratado por um egípcio e fez justiça com as próprias mãos, matando o opressor e enterrando seu corpo no deserto. O crime não ficou às escondidas por muito tempo e ele teve que fugir para não morrer. O equívoco, o zelo precipitado e a fuga não impediram os propósitos divinos em sua vida.
Morou em Midiã por quarenta anos. Foi bem recebido por Jetro, xeque e sacerdote, em sua casa e casou-se com Zípora, uma de suas filhas. Como estrangeiro, formou sua família longe de seus pais e irmãos (2.11-22).
3 - A chamada ministerial
Por meio da visão da sarça ardente que não se consumia, Deus revelou a Si mesmo a Moisés dizendo seu nome sagrado, Jeová, e comissionou-o a voltar ao Egito para libertar Israel da escravidão e conduzi-lo rumo à Terra Prometida. Ele obedeceu e assumiu o posto de liderança, colocou os israelitas para fora do território egípcio. Após dez pragas ocorridas por intermédio do ministério de Moisés, Faraó consentiu que os israelitas seguissem para Canaã (2-18).
4 - Últimos dias
Por mais de quarenta anos Moisés cumpriu o mandado de Deus: promoveu a Aliança entre os israelitas e Deus; tornou-os preparados para a entrada em Canaã (19-24; Deuteronômio 1-37). Morreu às portas de Canaã, no monte Nebo (Deuteronômio 34).
A libertação dos judeus
O vocábulo "êxodo" significa "saída". É a forma latinizada da palavra usada na Septuaginta (exodos).
O povo hebreu viveu no Egito por 430 anos, grande parte em aflição, oprimido por Faraó. A saída dos israelitas do Egito é o episódio histórico mais expressivo do Antigo Testamento, porque mostra teologicamente a magnificente ação de Deus em favor de seu povo e de todas as nações gentias. Mostra como Deus é cumpridor de suas promessas, como estabeleceu um povo sem pátria em uma nação, conforme havia dito que faria aos patriarcas.
No livro de Gênesis vemos a criação, a Queda e o projeto de redenção divina para a humanidade. Deus chama Abraão e promete que de sua descendência abençoaria todas as famílias da terra. E no livro de Êxodo podemos ver o povo hebreu, descendência do patriarca, sendo resgatado da escravidão, criando uma nação com a finalidade de que o plano da salvação, na pessoa de Jesus Cristo, alcançasse toda a humanidade.
Igreja
As crianças necessitam de pais verdadeiramente cristãos, que zelem por suas vidas assim como Moisés foi preservado da morte por iniciativa corajosa e perspicaz de sua mãe. Há uma recompensa para os pais piedosos e obedientes, nenhum cristão pode desanimar em conduzir seus filhos no caminho do Senhor (Provérbios 22.6)
Como Moisés, muitas vezes as circunstâncias desta vida levam o cristão a viver em terra estrangeira, longe dos familiares. E não precisa amedrontar-se porque Deus está presente providenciando tudo que for necessário. Esses são momentos em que o Senhor treina quem o serve para ser instrumento de realizações da sua obra.
O cristão está sujeito a experimentar aflições. Se oprimido, não desanime diante das crises. Quando a situação é humanamente irreversível, o Pai se mantém atento e tem o poder de nos libertar da opressão do mundo e do pecado. O Senhor observa sofrimentos e súplicas, e responde apresentando a libertação no momento certo.
Tal qual os israelitas se multiplicaram no Egito, o povo de Deus precisa multiplicar-se em todos os municípios, estados, países e continentes. Por todo o mundo. Porém o Senhor deseja que o crescimento da Igreja seja tanto em quantidade quanto em qualidade espiritual, quer que o crente seja fortalecido em Cristo (Marcos 16.15; João 3.3; Atos 1.8; Filipenses 4.13; 1 Pedro 5.10).
Na Antiga Aliança a redenção do homem era por meio de sacrifícios e por isto um animal puro deveria morrer em um ritual religioso. Cristo morreu na cruz do Calvário para nos libertar do jugo do pecado de uma vez por todas. Ele morreu em nosso lugar para que Deus nos liberte da escravidão espiritual operante neste mundo tenebroso. Na Nova Aliança, o homem deve sacrificar os desejos desenfreados da sua natureza pecadora e caminhar segundo as sete características do fruto do Espírito Santo (Gálatas 5.16-23; Colossenses 3.5-17).
Deus não muda. Do mesmo modo que foi atuante em favor de Moisés e do povo hebreu, também está presente para livrar o cristão e toda sua família da ira do Inimigo.
E.A.G.
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Compilações:
Ensinador Cristão, ano 15, nº 57, jan/fev/mar de 2014, Rio de Janeiro - RJ, CPAD.
Lições Bíblicas, lição 1,1º trimestre de 2014, Rio de Janeiro - RJ, CPAD.
O Novo Dicionário da Bíblia, volume I, 4ª edição 1981, São Paulo - SP, Edições Vida Nova.
O Novo Dicionário da Bíblia, volume II, 4ª edição 1981, São Paulo - SP, Edições Vida Nova.