INTRODUÇÃO
Deus busca pessoas que queiram adorá-lo em espírito e em verdade. Adorar ao Senhor é impossível sem a presença, sem a ajuda e o poder do Espírito Santo (Marcos 1.15; Judas 20).
Deus opera através dos dons nos seres humanos. Os dons espirituais são capacidades sobrenaturais vindas dEle por intermédio do Espírito Santo. Paulo recomenda que os cristãos se esforcem para ter amor e que procurem ardentemente exercer bem os dons espirituais. Ensina que todos os dons do Espírito são necessários e que o mais importante é o nosso amor uns pelos outros.
O uso dos dons trazem o poder do Espírito para o nosso tempo. O capítulo 12 não apresenta uma lista completa dos dons do Espírito Santo (veja mais em Romanos 12.6-8; Efésios 4.11-12). O objetivo de Paulo é, em primeiro lugar, exortar os crentes a buscar a graça de Deus, que é revelada pela manifestação dos dons espirituais.
I - PALAVRA DA SABEDORIA
1. Um conceito.
"Sabedoria" no grego é "sophia", significa "julgamento de Deus diante de demandas feitas pelo homem, especificamente pela vida cristã".
O Deus da Bíblia é o Deus das grandes revelações. Em sua soberania decide realizar milagres e faz os homens conhecerem sua vontade e mistérios (Jeremias 33.3; Daniel 2.19-22).
A sabedoria a que se refere 1 Coríntios 12.8 é um dom espiritual. É uma capacidade vinda diretamente de Deus, mediante a ação do Espírito Santo. Muitas pessoas são dotadas de grande capacidade intelectual, mas desconhecem a sabedoria de Deus. Todo crente é exortado a buscá-la (Tiago 1.5).
2. A Bíblia e a palavra da sabedoria.
A sabedoria de Deus é de altíssimo nível, concedida pelo Espírito a quem Ele quer, é recurso extraordinário dado por meios sobrenaturais proveniente do Espírito Santo. Não é possível adquiri-la em estudos acadêmicos; não é alcançada em pesquisa científica, não existe possibilidade alguma de ser transmitida mediante livros nas universidades, em escolas teológicas, filosóficas. É uma capacitação sobrenatural expressada em forma de declaração espiritual feita num dado momento específico.
A mensagem da sabedoria divina revela o propósito e a forma de Deus agir numa determinada situação, objetivando providenciar uma solução à necessidade da igreja, ou resolver problema individual, de algum servo ou serva sua, principalmente em ocasiões em que o saber natural é insuficiente para a tomada de decisões, ou resoluções complicadas.
Pelo fato da sabedoria divina ser superior à capacidade cognitiva humana, transcender os limites da sabedoria natural, seu portador recebe a habilidade de tomar decisões em condições obscuras. Este dom serve para orientação e conselho aos crentes, norteia para que haja decisões sábias em situações extremamente difíceis, cuja solução está fora do alcance da Igreja. Traz a resposta certa que encerra circunstâncias fora da regularidade no dia a dia da comunidade cristã.
3. Uma liderança sábia.
É necessário ter certa sabedoria e instrução no exercício dos dons espirituais e no reconhecimento desses dons. A liderança cristã, bem como todos aqueles que querem servir à Igreja de Cristo, deve buscar o dom da sabedoria a fim de administrar e servir com excelência. A sabedoria de Deus é de grande valor em situações que exigem um preparo totalmente equilibrado, sensato, que faz cessar problemas.
No início da Igreja Primitiva, o número de judeus que se tornaram seguidores de Jesus aumentou bastante, juntamente com o crescimento surgiu a necessidade de organização e delegação (Atos 6.1-4). Alguns judeus de origem grega, aparentemente, eram negligenciados na organização da igreja de Jerusalém. Então os doze apóstolos, para que pudessem continuar nas atividades da oração e da pregação, instruíram os novos discípulos a escolherem do meio deles sete homens para posições de liderança.
Os crentes precisavam de poder espiritual e sabedoria para obter melhor aproveitamento. Os escolhidos deveriam ser pessoas cheias do Espírito Santo e de sabedoria, ter origem grega e possuir boa reputação. Assim, para atender uma necessidade logística, distribuir comida aos necessitados, surgiu o ofício dos diáconos. Entre os escolhidos estava Estevão, que não era apóstolo, porém, era muito abençoado por Deus e cheio de poder. Dispunha de tanta sabedoria que ninguém conseguia sobrepor a ele durante a pregação. A sabedoria e a unção caminham juntas com o amor ao próximo!
II - PALAVRA DA CIÊNCIA
1. O que é?
O dom da palavra de ciência é fruto do resultado da iluminação do Espírito acerca das revelações e mistérios de Deus. É uma revelação espiritual de informação relativa a uma pessoa ou acontecimento, feita a um propósito especial, normalmente peculiar e tendo a ver com uma necessidade imediata.
2. Sua função.
O dom da palavra da ciência se relaciona ao ensino das verdades da Palavra de Deus. Não funciona para servir a propósitos de pouca importância e para uso em situações comum ou simples. Seu objetivo é preservar a vida da Igreja, livrando-a de qualquer engano ou artimanha do maligno.
Através da palavra da ciência, o Espírito, manifesta o conhecimento que não é transmitido senão pelo uso da fé. De maneira extranatural, beneficia a Igreja trazendo o ensino para uma pessoa ou grupo de pessoas sobre algo específico e com propósito imediato.
3. Exemplos bíblicos da palavra da ciência.
A teoria psicológica, a sociologia, a história, a política são elaboradas em cima do conhecimento humano dos tempos de hoje, não passam de comprovação que reforça a cegueira espiritual das pessoas sem Cristo. As almas que não conhecem e ignoram a Jesus estão espiritualmente mortas, são como alguém que sempre viveu em trevas e nega a existência da luz. Apenas quando ouvem, creem, aceitam a Jesus como Salvador essa cegueira deixa o seu entendimento. Quando ouvem a mensagem ligada à palavra da ciência, transmitida na pregação que apresenta o plano divino da salvação, sua perspectiva de vida muda drasticamente. A ciência do amor de Deus e o fato de que Jesus ressuscitou têm um profundo efeito na dimensão de suas vidas. Todo o intelecto humano é afetado depois que a alma conhece os benefícios espirituais existentes na luz divina.
O Espírito Santo relaciona-se com as evidências do cristianismo. O testemunho do Espírito é útil à defesa da fé que o crente expressa. Este testemunho é uma comunicação pessoal do Espírito Santo ao espírito do crente, deixa-o ciente que o convertido a Cristo é filho de Deus (Romanos 8.15-17; Gálatas 4.6-7).
Em 1 Coríntios 2.6, Paulo faz uma comparação. Mostra à igreja de Corinto a diferença entre a sabedoria humana e a espiritual. Esclarece que a razão humana não é capaz de levar o homem à redenção dos seus pecados. Somos redimidos pela fé em Cristo. A fé salvífica é um dom divino. O homem que não aceita a Cristo como Salvador não pode compreender a sabedoria de Deus revelada em Jesus. A graça de Deus é dada ao crente, de múltiplas formas, através de Cristo, de modo que o Espírito Santo não permite que lhe falte dom algum (1 Coríntios 1.4-7).
III - DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS
1. O dom de discernir espíritos.
"Bom e reto é o SENHOR, por isso aponta o caminho aos pecadores. Guia os humildes na justiça e ensina aos mansos o seu caminho" - Salmos 25.8,9.
A palavra "retidão" vem de uma raiz hebraica que significa "direito", "que não tem "curvatura". Nas Escrituras Sagradas, tem a ver com o estilo de vida em santidade. O discernimento de espírito faz o crente reconhecer que "toda boa dádiva e todo dom perfeito vem lá do alto", tudo que provém de Deus está caracterizado segundo os atributos do Pai das luzes, "em quem não pode existir variação ou sombra de mudança", pois Ele é santo (Tiago 1.17).
A capacidade de discernir espiritualmente está citada em 1 Coríntios 12.8-10, logo após o dom de profecia. No grego, o primeiro substantivo encontra-se no plural, portanto, podemos considerar "discernimentos" ou "distinções".
2. As fontes das manifestações.
"Justo é o SENHOR em todos os seus caminhos, bondoso em todas as suas obras. Perto esta o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade" - Salmos 145.17,18.
Em seu louvor, registrado no Salmo 145, o salmista descreve o modo como Deus é revelado e manifestado aos homens. Deus é imanente e transcendente. A imanência apresenta Deus presente e dinâmico na sua criação e interagindo com a humanidade; a transcendência mostra que Deus não é restrito à nossa capacidade de compreendê-lo ( Jeremias 12.1).
Nesta condição divina, o Espírito de Deus manifesta-se ao ser humano, limitado, concede o dom de discernimento de espírito para pessoas espirituais, aos que evitam seguir pela direção da maldade, escolhendo associar-se com outros crentes que devotam tempo e energia ao conhecimento da vontade divina (1 Coríntios 2.13-14).
O dom de discernimento de espírito (diakriseis pneumaton) é essencial ao cristianismo. Através desta capacitação espiritual, há o poder para detectar a origem das circunstâncias ou as intenções das pessoas, é possível distinguir a verdade espiritual do erro ou heresia. Dotado com o discernimento de espírito, o crente percebe a tortuosidade dissimulada de licitude, é capaz de reconhecer a simulação do gracejo pirracento travestido de inocência; pode descobrir autores de atos maus disfarçados de ovelhas de Cristo. A capacitação fornece condições ao crente para saber a diferença entre os dons que vêm do Espírito de Deus e os que não vêm dele.
3. Discernindo as fontes espirituais.
Durante o culto é esperado que cada membro manifeste um dom. "Que fazer, então, irmãos? Quando vocês se reúnem, um tem salmo, outro tem um ensino, este traz revelação, aquele fala em línguas, e ainda outro faz a interpretação. Que tudo seja feito para a edificação" (1 Coríntios 14.26).
Paulo não sugere que todos os presentes se manifestem, destaca que cada membro é livre à manifestação. Ao encorajar os crentes ao exercício dos dons durante o culto, o apóstolo cita cinco elementos:
1. salmo;
2. doutrina;
3. revelação;
4. língua; e
5. interpretação.
Provavelmente, os cinco itens representem vários tipos de manifestações verbais do Espírito que deveriam acontecer na igreja de Corinto. Nota-se que o termo "revelação" está incluído, de maneira equivalente, no lugar de "profecia".
Paulo ensina sobre o controle dos dons, não pode haver mais do que três expressões verbais glossolálicas em qualquer culto de adoração, pois nenhum dom deve sobrepor aos demais (1 Coríntios 14.27). Sobre o dom de profecia, diz: "os outros julguem". Isto é, a igreja como um todo deve julgar o conteúdo da profecia. O meio de avaliação é o dom de discernir os espíritos.
CONCLUSÃO
Ao iniciar a primeira carta aos crentes congregados na igreja em Corinto, Paulo deu louvores pela graça de Deus, evidente naquela comunidade, pelo fato que nenhum dom lhes faltava. Contudo, eles não conseguiam lidar bem com estes dons espirituais. As atitudes de alguns crentes contribuía para reuniões caóticas e ruidosas que não edificavam os crentes e escandalizavam os descrentes que os visitavam (1 Coríntios 14.20-36).
É importante que haja no relacionamento interpessoal entre crentes o interesse comum de agradar ao Senhor em tudo, o que consequentemente resultará no uso de todos os dons em conformidade com o plano original do Senhor. Os dons quando não são empregados no amor, que é abnegado e focado nas outras pessoas, torna-se inútil. Apesar de ser provisões de Deus, o amor é o que realmente importa (1 Coríntios 12.31 - 13.13).
Atualização em 16/04/2021; 16h41; 18h23; também em 17/04/2021; 03h19; 05h42