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terça-feira, 16 de abril de 2019

segunda-feira, 4 de março de 2019

Bushmen, o homem primata de Botsuwana - África


Os bushmen são considerados os homens mais antigos do planeta. É dito que eles vivem da mesma forma há mais de cinquenta mil anos. Demonstram saber tudo sobre o meio ambiente. Têm uma ciência impressionante das plantas, dos animais, da chuva e do vento. São os últimos caçadores e coletores de alimentos, pegam suas presas munidos de instinto e um prosaico bastão.

A imagem exposta nesta postagem faz parte da coleção de fotografias do fotógrafo profissional Sebastião Salgado, projeto intitulado Gênesis. A cena capturada ocorreu em 2008 durante sua viagem, entre 2004 e 2012, quando percorreu cinco continentes e mais de trinta países em busca de formas de vidas primitivas.

E.A.G.

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Donald Trump: missão cumprida ou missão comprida?


2016. Crianças sírias refugiadas na Jordânia.
Fotógrafo não identificado.

O árabe Bashar Hafez al-Assad, tem 52 anos de idade, nasceu em Damasco. Tem formação em medicina, estudou oftalmologia em sua cidade natal e concluiu o curso em Londres; exerceu a profissão no exercito de seu País. Segue a religião islâmica da linha alauísmo e seu governo é descrito como secular.

Hassad é presidente da Síria desde 17 de julho de 2000, quando o pai Hafez al-Assad, que esteve no poder desde 1971, faleceu. Bashar al-Assad é descrito no Ocidente como ditador que comanda um regime genocida.

A guera civil na Síria

A Síria está em guerra civil há 7 anos. Em 2011, milhares de sírios protestaram nas ruas e praças para exigir mudanças no regime de Bashar al-Assad e a libertação de presos pela ditadura. O movimento de protesto tinha inspiração no movimento Primavera Árabe, que já havia passado pela Tunísia, Egito, Líbia, Bahrein e Iêmen, obtendo resultados almejados. Porém, o propósito sírio não alcançou êxito, se transformou em uma guerra civil com a cooperação indireta de muitas potências e causou em torno de 500 mil vítimas fatais e a dispersão de 5 milhões de sírios para outras nações. Assad vence a guerra civil com a ajuda da Rússia.

O povo sírio sofre com a presença do Hezbollah (Parido de Deus, em português), organização que atua de maneira paramilitar, fundamentalista com raiz islâmica xiita. Assad acusa o Hezbollah e os civis rebeldes de usarem armas químicas contra a população.

No território da Síria habita também a população curda  - povo sem Estado, que também estão no Iraque, Turquia e Irã. Existem também forças russas, turcas e dos Estados Unidos.

Países e seus armamentos químicos

A Arms Control Association, organização sem vínculos partidários com sede nos Estados Unidos, cuja missão declarada é a promoção e compreensão pública e apoiar políticas eficazes de controle de armas, não acusa apenas a Síria de possuir armamentos químicos. Segundo esta organização, os seguintes países possuem estoques de armamento químico: Síria, Coréia do Norte, Coréia do Sul, China, Egito, Líbia, Iraque, Israel, Líbia, Irã, Índia, Taiwan; sendo que os Estados Unidos teria 40 mil toneladas e a Rússia 27.770 toneladas, e seriam os países com maior posse deste tipo de arma - ambos negam, afirmando que destruíram parcialmente seus estoques.

Os Estados Unidos são acusados de possuir armas químicas,cujo estoque foi retirado do Iraque.

Morticínios

As armas químicas conhecidas, são: VX, Sarin, Soman, Mostarda, Lewicite, Fosgênio, Napalm, Fósforo, FP 2266, mistura de Mostarda e Lewicite. 

Os efeitos são: axfixia, bolhas na pele, sangramento, comprometimento grave do sistema nervoso central, que bloqueia a coodernação motora do indivíduo.

Ataque devastador, realizado por quem?

Tal brutalidade é o 37º ataque de armas químicas na Síria.

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e Theresa May, primeira ministra do Reino Unido,  anunciaram na última sexta-feira, dia 13, que houve o lançamento de mísseis no território da Síria,  numa coalizão internacional formada pelos Estados Unidos, Reino Unido e França, com o objetivo de destruir estabelecimentos de armas químicas em poder de Assad,  em reação ao suposto ataque químico cometido por ele contra a cidade de Douma no dia 7 de abril. O governo de Assad não confirma o uso de armas químicas, que é proibido por convenções da ONU.

Segundo os presidentes dos Estados Unidos, primeira ministra inglesa e Emmanuel Macron, presidente da França, em entrevista feita em dia posterior, o ataque tripartite ocorreu em consequência do uso de armas químicas em 7 de abril, contra civis em Douma, realizado por Assad.

O propósito de Trump, May e Macron foi mandar um recado específico ao ditador Hassad: "não faça faxina étnica, não faça faxina religiosa, não extermine os curdos". Entretanto, analistas de política internacional alegam que a ofensiva do Trump contra a Síria serviu de recado generalizado. Primeiro, para Bashar al-Assad, dizendo que não deve usar armas químicas contra civis. Em segundo lugar, para Kim Jong-un, o lider da Coréia do Norte, com quem se encontrará pessoalmente em breve, para que o mesmo saiba que cumpre suas ameaças, não blefa ao falar que atacará. Terceiro, ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, mostrando que tem amigos, pois o ataque a Síria foi junto com os ingleses e franceses.

Os mísseis teriam atingido três instalações do arsenal químico, tidos como alvos simbólicos, e não mudou o equilíbrio de poder na guerra de Assad contra os rebeldes, e não destruiu alvos russos. Teria destruído um centro sírio de pesquisa de armas químicas no subúrbio de Damasco, um armazém sírio em Homs. O governo de Assad afirma que o bombardeios alvejram fábricas, laboratórios e depósitos de remédios. 

Guerra e diplomacia?

Parece haver uma coordenação implícita entre Estados Unidos, França e Reino Unido e Rússia. Publicamente, mostram uma ferrenha guerra retórica, que  o mundo acompanha, e por baixo há o campo do canal diplomático.

Donald Trump alertou várias vezes em seu perfil no Twitter, semanas antes, que haveria a ofensiva. Digitou: "preparem-se, russos, misseis inteligentes virão". Não houve surpresa aos sírios e russos de que 105 mísseis riscariam o céu da Síria. Não aconteceu baixas humanas nos ataques, e muito provavelmente também não houve destruição de estoques de armas químicas. Ou será que Assad em sobreaviso ficaria de braços cruzados, aguardando o prejuízo?

Missão cumprida?

Após o bombardeio de misseis americanos e europeus em Damasco e Hums, Trump tuitou "missão cumprida", Sinalizou ao seu eleitorado dizendo que não há uma estratégia de ataques de longo prazo na Síria e que está prestes a retirar soldados americanos do Oriente Médio. Será, mesmo?

E.A.G.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

O protesto de rua feito por indígenas da aldeia Guarani ao pé do Pico do Jaraguá


Flecha apontada ao motorista que registra protesto.
 Reprodução: compartilhamento via WhatsApp.
Ninguém entendeu muito bem qual era a reivindicação dos guaranis, ocorrida no último dia 28 de abril.

O que eles queriam? Com certeza não era chamar a atenção sem algum motivo importante. Querem demarcação de terras mais expansão, pois atualmente só há espaço de solo para moradia, não existe viabilidade para plantar.  

A grande imprensa não compareceu ao manifesto. Os protestantes não eram numerosos. Houve a queima de muitos pneus e ostentação de arcos e flechas durante os protestos na Estrada Turística do Jaraguá, próximo à rua Rua Comendador José de Matos, 386.

Através do WhatsApp, enquanto alguns moradores compartilharam fotos do momento, outros fizeram piada do evento peculiar: “Eles ganharam trinta reais do PT” - postou um usuário da mídia social. Outro, digitou; “estão protestando em troca de cachaça”.

Eu já visitei a aldeia Guarani algumas vezes, acompanhado com minha família. Os índios são receptivos. Existe muita pobreza lá. Comprei um pequeno entalhe em forma de coruja, feito em madeira. Fiz algumas doações, uma janela e uma caixa de água usadas. Distribuí literatura evangelística.

E.A.G.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Prefeito João Dória, pichadores e grafiteiros

Pico do Jaraguá
Imagem: Marcos  Trevisan

Hoje, 25 de janeiro, a cidade de São Paulo completa seu 463º aniversário, e os moradores paulistanos vivem o segundo feriado de 2017, que segundo os meteorologistas terá uma tarde chuvosa.

Está nos noticiários a "briga" entre João Doria, atual prefeito da nossa São Paulo, e os grafiteiros. Quero me manifestar dizendo algo em paralelo ao assunto, neste dia da celebração da cidade.

Na minha opinião, em muitos casos pichadores e grafiteiros agem em concordância ou até são os mesmos que fazem a pichação seguida do grafite. Por quê? Penso assim porque a pichação aparece de maneira ostensiva e com bastante insistência; o dono da parede encobre a sujeira e logo surge outra sobre a tinta nova. E este ciclo de terror evolui quando o dono chama o grafiteiro e paga para que ele deixe naquele espaço a sua "admirável obra de arte" - que só foi desejava para parar a pichação.

Será difícil alguém fazer com que eu pense diferente.

A solução é colocar a polícia atrás desses maus cidadãos: investigação e multa pesada. A penalização, de preferência, deveria ser algo que resultasse da equação do valor do imóvel pichado. Isto é, o preço da casa ou prédio, sendo medido o tamanho do lote e se auferindo o quanto custa em metros quadrados, depois medindo-se o tamanho da sujeira, resultando da dimensão em metros quadrados que os pichadores utilizaram para estabelecer o valor da multa cobrada, acrescida do custo da tinta para apagar o que eles picharam.

domingo, 4 de dezembro de 2016

Resposta para um cristão saudosista da IPDA em décadas passadas

Anos 1980. Fachada do prédio da antiga sede mundial da IPDA.
Avenida do Estado, 4568.  Capital de São Paulo.

Em 27 de janeiro de 2014, publiquei Saudades da Igreja Deus é amor que não existe mais. O conteúdo foi escrito por Levi Muniz,  radialista muito conhecido entre os membros daquela denominação.

Então, não demorou para surgir as participações de internautas. Esclareço que eu me sinto prestigiado quando existe tal interatividade do leitor, mesmo quando se manifesta para trazer sua crítica ao blog, o que raramente acontece e não é o caso agora.

Infelizmente, o participante em questão não apresentou quem ele é, fez seu comentário anonimamente. Vejamos logo abaixo o que ele disse e a minha resposta a ele:

domingo, 13 de março de 2016

Igreja Luterana de Istambul - Conto


Igreja Luterana de Istambul


      Abortar, mascarar e submergir.

      Doravante essas palavras ecoarão em meu coração como uma canção de Satã. Abortar, mascarar e submergir. Muito simples e executável para alguém pacificado no centro de uma suíte refrigerada, vinte seguros andares acima da cidade, no hotel cinco estrelas Marmara Taksim.
      A cidade – Istambul. Constantinopla de vielas e Audis, do moderno e do antigo, encruzilhada de civilizações, encruzilhada da civilização.
      A missão fora gestada durante três meses. Todas as possibilidades pesadas, as variantes, as eventualidades. Basicamente um avançado sistema de direcionamento de mísseis, uma das muitas tecnologias que faltam ao país para dominar verdadeiramente a tecnologia aeroespacial. Para colocar melhor e também colocar melhores satélites em órbita. E, claro, construir melhores armas no processo.
      O país é o Brasil, eu sou ou era um agente da ABIN, divisão especial ASR, de Ações Sob Risco, nome insosso para o nosso incipiente serviço de operações estrangeiras.
      A tecnologia era iraniana – isso mesmo, iraniana. Estava à venda no mercado negro global, e alguém na inteligência brasileira avisou seus superiores, um deles achando por bem comprá-la.
      O encontro fora marcado pela Deep Web, a web negra e relativamente imune à bisbilhotice da NSA e outras agências de espionagem. Cinco milhões pela tecnologia, uma pechincha, mas o superior que mandou comprá-la teve problemas para arrumar a quantia. Brasil...
      O vendedor, pudemos apurar, era um dissidente religioso, cientista ligado à religião Fé Bahá’í, muito perseguida no Irã. Parece que o cara quis dar o troco, embora a religião, segundo palavras de nosso analista, ‘prime pelo pacifismo’. Bem, eu não sou psicólogo ou especialista em religiões comparadas, só cumpro missões. Um pacote em troca do dinheiro, troca rápida numa loja de tapetes, pacotes novamente trocados a 50 metros, para despiste, repassados 300 metros depois para outro agente, que pegaria o pacote a partir de um veículo em movimento.
      Os escolhidos fomos eu, Pip e Eric, a quem chamávamos de Chaparral, além de um outro elemento, franco-atirador da ABIN de Brasília, a quem eu não conhecia, e de codinome Lampião (na ASR, todos deveríamos adotar pseudônimos, nomes de guerra que deveriam ser usados nas operações.  Assim Marcelo virou Pip, e Eric, Chaparral. Eu, Sammis, virei Sam; sim, óbvio demais para um codinome que objetivava exatamente esconder minha identidade. Questionado por meu superior, quando da escolha do codinome, redargui: “Em nosso mundo, senhor, o óbvio é sempre o mais inacreditável.” Ele sorriu e não me perturbou mais sobre isso).
      Chaparral era agente experiente em ações e um exímio atirador, mas coube a Pip a função de primeiro elemento, por sua longa experiência no Oriente Médio e seu domínio do farsi e de línguas semíticas. Eu seria o elemento de meio, ou seja, pegaria o pacote das mãos de Pip e me dirigiria para uma rua próxima, passando o material para Chaparral, que de carro o levaria para o ponto de extração, onde três outros agentes aguardavam.  Coordenando a operação, o ex-delegado da PF Simeônides Faria, agora chefe de operações da ASR (segundo as más línguas, não por suas competências, que eram algumas, mas principalmente graças às suas boas relações com o partido no poder).
      Tudo que deveria ser discutido já o fora – o perigo de lidar com iranianos, o perigo de comprar tecnologias vetadas e monitoradas pelos americanos e suas vadias, o perigo de o serviço secreto turco ser alertado.
      Minha parte consistia em sair da estação de metrô no momento combinado, em meio à multidão do horário de rush, e andar em direção à loja. Pip sairia dela com o material, cruzaria comigo e trocaríamos de pastas, idênticas. Nossa cobertura era um único atirador, situado a uma distância grande demais – mas a única possível. E vulnerável, pois a ocultação de sua presença era problemática. Tudo precisava ser muito rápido.


      Já subindo as escadas, vindo da estação de metrô, pude ouvir os tiros e a multidão que corria em todas as direções, incapaz de atinar para a origem dos disparos. Instintivamente coloquei a mão na Glock sob meu paletó. Avaliei como pude o perímetro: nada, apenas pânico e terror. Fixei na loja à 50 metros, apressei o passo.
      Pip rompeu pela vidraça lateral da loja, com a pasta enfiada sob um dos braços. Caiu ao chão, imediatamente levantando-se e disparando para o interior. Um homem saiu pela porta, mas antes que pudesse fazer mira em Pip eu já lhe dera três tiros.
       – Pip! Por aqui!
       – Sam! O Mossad! Onde está o atirador???
      Notícia lúgubre, caindo como uma granada, não de estilhaços em chamas, mas de ecoante gelo em meio ao tiroteio. O serviço secreto de Israel, os melhores assassinos, não eram necessariamente nossos adversários, mas inimigos de morte dos iranianos. Mas também dos iranianos traidores? Ou talvez não soubessem? E onde estava nosso maldito atirador?
      Fugimos por entre a multidão, sendo perseguidos por um outro homem saído da loja e aparentemente outros três elementos, sendo dois homens e uma mulher.
      – Você foi seguido? –, perguntou Pip enquanto corríamos despistando nossos perseguidores.
       – Não  – respondi.
      –  Pois tome a pasta, siga para o ponto indicado, creio que somente a operação na loja foi comprometida.
      – Mas afinal o que houve lá?
      Após entrar na loja, ao avistar o cientista, cujas roupas batiam com a descrição combinada, Pip fez-lhe um sinal. Ele aproximou-se um tanto melindrado, e ambos trocaram os pacotes: a grande mala de dinheiro que Pip levava pela pequena pasta do iraniano. Imediatamente foram rendidos por um dos ‘vendedores’ da loja de tapetes, e um casal de ‘turistas’ que até então pareciam insuspeitamente observar as mercadorias. Pip entregara a mala a um dos turistas, mas aproveitando-se de um descuido da mulher, numa manobra envolvente agarrou-a por trás ao mesmo tempo em que segurava seu braço armado, direcionando o disparo instintivo dela para o abdômen de seu companheiro. Em seguida puxou-a para trás, e ambos caíram por trás de pilhas de tapete, fora da alça de tiro do elemento que disfarçara-se como vendedor. Pip sacou rapidamente sua arma, mesmo sendo acotovelado pela mulher, disparou à queima-roupa contra a nuca dela, levantando-se de um salto e disparando contra o vendedor. Iniciou-se a troca de tiros, e Pip aproveitou um momento de disparos que obrigou seu oponente a abrigar-se, para romper pela vidraça lateral. Percebera que era o Mossad pelo grito da mulher, no momento em que a agarrara: ela pediu, em hebraico, para seus companheiros atirarem neles dois.
      – O cientista estava lívido. Lívido demais, tremia demais – continuou Pip enquanto corríamos. – Ao vê-lo, soube logo que algo estava errado.
      Pip me deu a pasta, mas imediatamente aportaram à nossa frente outros dois agentes, de armas em punho. O plano de separar-nos fora comprometido também. Fomos obrigados a disparar em meio à multidão, pois os agentes dispararam contra nós.
      No novo pânico reinante, entramos por uma loja de carnes e saímos pelos fundos. Peguei a pasta, mas pedi a Pip para ignorar o protocolo e não nos separarmos. Aquela era a última missão dele, antes de ser realocado para a academia de formação de agentes, e ele já não era nenhum moleque. Ele refletiu por um momento, coisa rara nesses três anos em que atuamos juntos. E assentiu. Continuamos nossa fuga por uma rua contígua aos fundos da loja de carne, em direção à rua onde Chaparral passaria. Estávamos em cima da hora.
      Chegamos à rua atrasados, Chaparral acabara de passar, mas nos vira pelo retrovisor. Percebeu que acontecera algo, pois o plano era Pip fugir em outra direção, e eu chegar ao ponto de encontro sozinho. Mas era um bom agente, ou um idiota, dependendo de que lado e em que lugar está aquele que avalia.  Deu marcha à ré, e entramos no carro.
      – O Mossad apareceu, a operação foi comprometida. Mas temos a pasta. Atingimos três agentes deles.
      – Maldição! Já avisaram o ninho?
      – Ligarei agora.
      Liguei para o ninho, ou seja, para a suíte de onde nosso diretor coordenava a operação.
      – Anu voando para o ninho. A raposa atacou os pássaros, mas salvamos os ovinhos.
      – Onde você está, anu?  Como está a ninhada?
      – Completa e reunida, ninho. Migrando para o oceano neste momento.
      Houve um silêncio de oito ou nove segundos do outro lado, que psicologicamente durou como alguns minutos.
      – Abortar o voo, anu. Repito, abortar o voo. O oceano está poluído.
      – Mas como, ninho? Quais as instruções?
      – Operação comprometida. Abortar, mascarar e submergir. Repito: abortar, mascarar e submergir.
      Quedamos em silêncio enquanto Chaparral dirigia pelas ruas movimentadas de Istambul, agora indo em direção à parte nova da cidade.
Então fomos abalroados, por um furgão que surgiu de lugar nenhum avançando em direção à porta direita do veículo. Nosso carro fez menção de capotar, mas elevou-se como num cavalo-de-pau e caiu novamente. O lado abalroado era o lado de Pip (eu sentara-me no banco traseiro), que, sempre ágil, imediatamente começou a disparar contra o veículo agressor. Saltei do carro pelo lado esquerdo e disparei também, no que fomos brindados com mais tiros. A pasta, ela deveria estar com escutas ou um sinalizador. Que idiotas! A simples menção da palavra Mossad parece ter nos ‘emburrecido’ ou pior, inadmissivelmente apavorado, e nem nos perguntamos sobre a segurança da pasta.
      Chaparral saíra do carro, e juntos atravessamos a pista movimentada, saltando por sobre a mureta de concreto que separava as duas mãos da via, indo em direção a um pequeno conjunto de dutos de esgoto.
      – Algo está errado! O atirador não estava lá, mas antes de entrar na loja certifiquei-me à distância de sua presença e posição – disse Pip.
      Chaparral sangrava do ombro, logo ele que pouco participara dos tiroteios fora atingido.
      – Fujam, eu vou tentar atrasá-los. Estou com um mau pressentimento, não busquem auxílio diplomático ou da ASR, tentem sair do país por conta própria – disse Pip.
      – De maneira nenhuma, senhor! O senhor fugirá, eu fico para despistá-los. Deus, é sua última missão! – retorquiu Chaparral.
– Vão, idiotas! E não confiem em ninguém! Esses planos valem muito mais que cinco milhões. Talvez tenhamos sido vendidos!
      Outra estrofe da canção de Satã, de que falei no início deste relato, outro trecho que ele usaria em meus dias maus para me acordar e ver-me chorar a seco: “talvez tenhamos sido vendidos.”
      Isso explicaria o sumiço do atirador, os agentes do Mossad, o carro, e principalmente a forma como o diretor falara, sua frieza, seu quase “danem-se aí, idiotas”.
      E a escolha de Chaparral para esta missão... Chaparral caíra em desgraça diante do próprio diretor da Abin, por recusar-se a matar durante uma operação de queima. Coisa simples, em território nacional. Foram duas as ‘recusas’ consecutivas de Chaparral, e ele estava na ‘geladeira’. Por que fora enviado para este caldeirão fervente? Então o próprio diretor da ASR estaria envolvido? E por que não desconfiei dessa sujeira toda?
      Com Chaparral na retaguarda, seguimos os dutos em direção a uma bifurcação, seguida por um viaduto. Eu trazia a pasta, abrira-a ali, recolhendo os papéis, enfiando-os numa embalagem de biscoitos ou coisa parecida, que encontrara pelo chão, e desfazendo-me da pasta. Em seguida entramos por baixo do viaduto, correndo entre os carros.
      Ao sairmos do outro lado, outros perseguidores desceram de um Corolla prata e dispararam contra nós. Chaparral e eu saltamos para trás de veículos que passavam lentos no engarrafamento; Pip, que vinha atrás cobrindo nossa retaguarda, só teve tempo de virar-se para receber sua bala no peito.
      Mesmo ferido, Chaparral correra agachado entre os carros, rapidamente pondo-se em posição de flanquear nossos oponentes. Percebi sua intenção, e Pip não gostaria que eu fizesse algo diferente: levantei-me disparando com tudo que podia, dando cobertura à manobra de Chaparral. E ele emergiu quinze metros além de onde estávamos, exatamente na lateral dos atiradores, que foram alvejados rapidamente.         
      Algo grande e ruim estava em andamento, eram muitos opositores, ATÉ MESMO PARA A CAPTURA DE UM PLANO DE DIRECIONAMENTO DE MÍSSEIS. Abaixado sobre Pip, segurei em sua mão: não conseguia falar mais nada, meu amigo e mentor partia impedido de sua última palavra.  
      Maldito trabalho, maldito dia em que deixei a polícia para entrar neste lodaçal. Ao menos como policial eu morreria em casa, e não do outro lado hostil do oceano.
      – Sam! Fuja para o metrô, eu irei em direção ao porto! Vamos submergir!
      – Está bem! Tome cuidado! Lembra daquele dia no Panamá, os contêineres de carne? Tente fugir da mesma forma!
      Corri em direção à estação de metrô. Sirenes tomavam de assalto os ouvidos; ambulâncias, bombeiros, policiais em suas viaturas brancas com faixas azuis onde se lia um agora onipresente POLIS completavam a medida de nossos olhos. E mais disparos.
      Enquanto corria, subi no capô de um carro para observar. A polícia atirava contra Chaparral, que correra na pior direção, em sentido contrário ao tráfego, dando de cara com as viaturas. Ele não se renderia, ele tinha aquela coisa idiota e romântica do espião, sempre sonhara com esse trabalho de merda. Morreria atirando, esfaqueando, mordendo se pudesse. Morreria com aquele sorriso de deboche, aquele sorriso que me fazia sempre confiar em sua coragem. Agora estava sozinho.
      No metrô eu ficaria encurralado como um rato, as estações poderiam simplesmente ser bloqueadas. Precisava de uma outra saída.
      Em nossa profissão maldita, o óbvio é o mais inacreditável. Andando apressado entre um conjunto de edifícios comerciais, li uma inscrição em turco, Istanbul Luteryen Kilisesi, que nada me disse, mas logo abaixo ela tinha a legenda, em letras menores, agora inteligíveis pelo meu regular alemão: Istanbul-Lutherischen Kirche, Igreja Luterana de Istambul.
      A última vez em que entrara numa igreja fora antes de assassinar o primeiro homem, em minha primeira operação pela ABIN, na cidade paraguaia de Hernandarias. Naquela operação vi que não poderia conciliar minha fé e minha profissão, embora tantos o façam. Instintivamente sabia que cristão algum deveria portar armas, mas até ali tentava contextualizar, meu pastor era policial militar, eu fora um, e havia outros tantos. Grande lástima, são idiotas mentindo para si mesmos e para idiotas. Mas não existe um Deus idiota, um Deus que possa ser engabelado. E como mentir para mim mesmo? Abandonei a fé, lutei com todas as minhas forças para deixar de pensar nela, deixar de torturar-me por matar, por torturar, por mentir por profissão e interesse.
      Agora, cinco anos depois, exausto num país muçulmano, uma casa de Deus é tudo o que eu tenho para abrigar-me, tudo o que eu tenho para dar esconderijo às minhas mentiras e armas. Deus, que caminho tomei, que caminho tomei...
      Eram já dezoito e quinze. Algumas pessoas estavam assentadas nos bancos; um homem à porta me observou a entrar e veio abraçar-me, numa saudação tipicamente turca. Ele percebeu meu constrangimento ao abraçá-lo, mas não era por timidez ou por estar suado e fedendo: tentava evitar que ele sentisse a arma sob meu paletó.
      Sentei-me na penúltima fileira de bancos, do lado direito. Ajeitei a gola, abaixei a cabeça. Ficaria ali até terminar o culto, eventualmente iria ao banheiro e lá tentaria encontrar um espaço ou local onde pudesse esconder-me em silêncio até o dia seguinte. Ou solicitaria abrigo ao pastor, me faria de mendigo ou imigrante em trânsito para a Europa. Falava apenas alemão e inglês; torci para que ele pregasse em alemão e não em ou não apenas em turco.
      Após longos vinte e sete minutos, um jovem achegou-se ao púlpito e proferiu algumas palavras em alemão. Em seguida chamou um grupo de três mulheres, duas senhoras e uma jovem, as quais cantaram. Eles não usavam microfones nem aparelhagem alguma de som, e convidaram todos os presentes a se achegarem para os primeiros bancos, para que pudessem ouvir melhor o culto. Declinei do convite com um aceno de mão, e com alívio percebi que outros dois homens declinaram também.
      Enquanto cantavam, pus-me a refletir não sobre aquele dia miserável, mas sobre a coletânea de misérias que me levaram até ali. Minhas escolhas, minha carreira, minhas ‘conquistas’, cujos prêmios eram meus dois amigos mortos, cujo prêmio fora uma traição, cujo prêmio fora estar sendo procurado por serviços secretos de no mínimo três países. Sim, eram comendas, minhas medalhas de lata: Semi, sub vivo, sozinho e longe de todos que conhecia.
      Era o fim da festa e eu estava nu: Um abortado, um mascarado, um submerso no inferno que a vida tinha pra oferecer. Que tal? Escolhi viver pela espada: Cristo disse que morrerei pela espada. Por que não me levanto de uma vez e vou lá para fora ser morto por israelenses, turcos ou brasileiros que vendem brasileiros?
      Um senhor subiu ao púlpito, todos se levantaram. Levantei-me também. Ele procurou por instantes um trecho em sua Bíblia, e começou a ler.
      Se você é ou já foi um cristão, notadamente um cristão evangélico, deve estar familiarizado com o fato de que Deus fala poderosamente em momentos assim. São mesmo os momentos eleitos. Em meu coração imaginava que Ele não perderia a oportunidade, e faria o homem pregar sobre algo como as agruras do filho pródigo. Mas o Deus-que-não-desiste foi ainda além: o trecho lido era de Gênesis 37, versículos 12 a 36. José sendo lançado num poço, e depois vendido por seus irmãos. Esperava por acusação; ouviria o relato sobre o sacrifício de um inocente, a traição e o degredo.
      Eis-me no poço, eis onde todas as minhas boas intenções me trouxeram. Como li certa vez, e jamais me esqueci: todos os caminhos levam ao tribunal de Cristo. Não sou o fiel José, sou um qualquer que trocou Cristo pela fruição que o mundo apostou na mesa, aposta que ele me fez vencer, e que ele venceu: seria eu homem o suficiente para transformar essa situação, esse literal fundo do poço, em algo benéfico para mim, para mais alguém?
      Esforçando-me para compreender a mensagem, pensava também no que faria. Poderia tentar voltar ao Brasil, descobrir o que acontecera, vingar-me se possível e caso os fatos realmente concretizassem nossas suspeitas. Mas nesse caso, as chances de eu ser morto, no Brasil ou a caminho, eram incomparavelmente maiores.
      Tinha o dinheiro, a conta secreta em Luxemburgo. O falsário em Marselha, especializado em documentos sul-americanos. Ele poderia confeccionar-me documentos de fina falsificação, e dali eu poderia tentar recomeçar, como o filho de Jacó, num ‘Egito’ a escolher, embora com o vingativo Mossad e outros em meu encalço.
      Poderia também jogar alto no velho jogo sujo: tentar revender no mercado os papéis (que tipo de cientista idiota não digitalizaria isso? Medo do poder rastreador (on e off line) da NSA? Das novas granadas de pulso eletromagnético, que se dizia que os americanos já possuíam, e eram capazes de apagar informações de discos rígidos, pendrives e, claro, inutilizar quaisquer parafernálias eletrônicas?). Ou poderia, mesmo traído por parte de meus ‘irmãos’, de alguma forma entregar a tecnologia ao Brasil, dar-lhes o tão almejado trigo. Como José.
      De lapsos em lapsos, deixava de prestar atenção no sermão para juntar os cacos de ideias e traçar meus planos, sempre três, o velho A, B, C. Como em tantas outras vezes, mas agora de uma maneira anabolizada, o tempo oferecia-se como meu inimigo, ou só mais um deles, só mais um dos gigantes que me encurralavam. Defini as três opções.
      O plano A: sair da Turquia, entregar os papéis nalguma representação diplomática num dos países circunvizinhos (três cópias entregues em representações brasileiras em três países diferentes), sacar o dinheiro em Luxemburgo, providenciar documentos falsos, e seguir a sina do traidor, fazer o que fazem traidores quando descobertos: mascarar & submergir, abrigar-me nas sombras. E tentar fazer o que tantos e tantos traidores não tiveram oportunidade, tempo hábil, a singeleza da coragem: Abandonado pelos meus mas abalroado por uma nova chance, encontrar um lugar seguro e voltar para o aprisco deste Deus que não trai. E viver em paz com todos, se possível for.
      O plano B era a direta antítese do A: Simplesmente alcançar de uma vez o fim merecido, o fim dos que vivem pela espada. Sim, abandonar a igreja e ir para fora combater meus perseguidores. Disparar com o abrasante prazer da fúria cada tiro, os tiros derradeiros de minha perícia, e fruir sua doce canção; e tombar no chão sarraceno como meus amigos.
      Se a política é o jogo sujo por natureza, a geopolítica é o poker dos satanases. Quanto ao Brasil, os partidos no governo mudam, mas meu país nunca teve arroubos imperialistas; possui mesmo uma divertida, embora nobre, inabilidade para a vilania. Porém precisa defender-se, defender-se dos chacais. Precisa de informação, o tipo de poder mais básico, molecular, elementar. O plano C seria então um complemento do A; ou melhor, de meu plano de redenção e de meu plano de perdição, seria a síntese: Pois eu posso conseguir informação. É o que sei fazer de melhor. Agora livre das amarras institucionais, que, embora poucas, sempre foram algo sufocante nesse ramo, posso oferecer minha vida em holocausto, e militar até o último suspiro, até que o Mossad ou qualquer me alcance. Ajudando meu país de dentro das sombras. De dentro do Egito. E mais, posso ajudar nações miseráveis a identificar seus inimigos, seus exploradores e manipuladores. Seguir de uma outra maneira a trilha de Assange, de Snowden.
      E retornar ao aprisco. Sim, doravante ninguém me forçará a matar; e espero nunca mais ter que matar. Ah!!! Como um homem pode ser idealista quando está prestes a ser eliminado! Oh Deus, que maldita vida a minha! Tenha misericórdia deste porco, desse saco de ossos angustiados...  
      Sei que é uma proposta a mais miserável, e fácil de ser feita aqui, novamente num banco de igreja, novamente encurralado, novamente no poço. Tudo que tenho é esse resto de vida, e esse ofício amaldiçoado. Mas se é Tua vontade, usa, Senhor, meu dom miserável para promover justiça na terra...
      Se essa pregação é mesmo para mim, se sou o José vendido, se foi Tua mão o que lá fora distorceu as probabilidades para me fazer sobreviver, preciso então ir para fora, encontrar minha posição no tabuleiro, no Egito tão grande em deserto e dor. E reassumir o controle.

      Mas antes o primeiro passo, preciso escalar esse poço em que fui por meus irmãos abortado, mascarado, submerso. Preciso sobreviver.

Sammis Reachers

Conto do livro O Pequeno Livro dos Mortos (Editora Letras e Versos, 96 págs., R$ 20,00). Para saber como adquirir, escreva para  sreachers@gmail.com


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Novo templo-sede da Assembleia de Deus ministério Belenzinho São Paulo


Fotografia nº 1
Fotógrafo não identificado.

Fotografia nº 2
Fotógrafo não identificado

Fotografia nº 3
 Imagem: Tiago Bertulino

Fotografia nº 4
Imagem: Luiz Marcos

  
Imagem nº 5

Construção de seis andares localiza-se há alguns metros da estação Belém do Metrô, entre a Avenida Alcântara Machado (sentido centro, também conhecida como Radial Leste), e ruas Doutor Fomm, João Tobias e Siqueira Cardoso, no bairro Moóca, São Paulo/SP. 


Ainda antes da inauguração, eventos ocorrem no local. Em 12 de junho de 2012, 6.194 novos crentes passaram pelo batismo nas águas em tanque batismal construído no prédio.

Coleta de imagens, em:

1. Pastor José Wellington Bezerra da Costa, Ministério se reúne no Novo Templo nesta Sexta, 06 de Abril, ano da postagem não está definido, http://goo.gl/ZHZxqk

2Nova Sede Belenzinho Capital, Nova Sede Belenzinho SP Capital 2013, postagem em 6 de novembro de 2013, http://goo.gl/g8fNaQ

3. Tiago Bertulino, 5 mil são esperados para o culto de abertura da 7ª AGE da CGADB, data da postagem em 22 de janeiro de 2016,  http://goo.gl/zyS9FR

4. Edificando Nossa Cada AD Belenzinho - álbum sem título/foto 3, postagem de 5 de março de 2015, - https://goo.gl/cjPXLi

5. Google Maps -  Avenida Alcântara Machado, Janeiro de 2016 - https://goo.gl/Tw4pXi

E.A.G.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Fotografias de 1954 e 2014: Avenida São João (capital paulista)



Avenida São João em 1954. Fotografia de Antonio Aguillar.

Em 25 de janeiro de 1954 era celebrado 40º Centenário de São Paulo. Imagem da Avenida São João encomendada pelo jornal O Estado de São.Paulo. À esquerda, bem próximo ao ciclista, o Largo do Paisandu em direção ao centro,  e no alfalto é possível ver a linha de bonde. Ao fundo os prédios do Banco do Brasil e Banco do Estado e o edifício Martinelli.

9 de dezembro de 2014. Avenida São João, uma quadra antes da foto acima. Imagem do meu celular postada no perfil que está no Instagram.

E.A.G.

Fonte:
We Love the Beatles Forever https : // luciazanetti . wordpress . com / 2013 / 01 / 10 / reliquias - historicas - do -acervo - de  antonio - aguillar/
Eliseu Antonio Gomes / @eliseu.gomes | https://www.instagram.com/p/wX_SoewQ86/?taken-by=eliseu.gomes 

domingo, 7 de junho de 2015

Urbanidade versus ruralidade - símio fêmea e filhote atravessam asfalto


Bela foto! O flagra da urbanidade invadindo o meio ambiente dos animais é chocante.  Mãe e filhote correm risco para atravessar o asfalto. Nós, humanos que nos classificamos como seres civilizados, estamos acabando com a ruralidade, os campos, as matas. E dizemos que o bicho é o invasor do nosso espaço.

E.A.G.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Não se preocupe


Por George Foster

Não se preocupe! É fácil dizer isso aos outros, mas e a nós mesmos? Como vencer o estresse e a ansiedade?

Cansado de ficar preocupado? É um problema comum, poucos são os que não têm preocupações. Ficamos inquietos e angustiados sem querer e, às vezes, sem saber o motivo. Alguns parecem ter nascido ansiosos. Outros, ao longo dos anos, aprendem a se preocupar excessivamente.

Preocupação é o estado de espírito de quem se atormenta com pensamentos dolorosos. Ansiedade, palavra usada praticamente como um sinônimo de preocupação, é um mal estar psicológico causado pela incerteza quanto a possíveis prejuízos.

Não temos prazer na ansiedade, mas é uma aflição que invade o nosso coração com tanta frequência que dificilmente a percebemos nem quando entra e nem quando sai. A ansiedade faz parte da nossa vida, apesar de a Palavra de Deus nos advertir: "Não andeis ansiosos de cousa alguma..." (Filipenses 4.6).

A ansiedade pode ter relação com o futuro ou com o passado. O futuro quando se trata de algo que poderá acontecer e o passado quando tem a ver com as possíveis consequências de algo que já aconteceu.

Não estamos falando da prudência que devemos usar para precaver-nos contra sinistros. Referimo-nos ao medo irracional de coisas que poderão acontecer ou que não serão tão prejudiciais como imaginamos. 

Vamos pensar na situação de Paulo, autor do versículo citado acima. Responsável por várias igrejas que passavam dificuldades, ele permanecia encarcerado em Roma pelo crime de pregar o Evangelho. Dessa forma, nada podia fazer senão escrever cartas e orar pelas igrejas. Mesmo assim, ele não ficava aflito, pois acreditava que Deus respondia suas orações e usava suas cartas. Além disso, ele confiava nos líderes que havia preparado para cuidar das igrejas e ficava firme na sua decisão de ver o lado positivo em todas as situações. Até quando alguns pregavam o Evangelho por motivos errados, Paulo se alegrava porque, ao menos, a mensagem estava sendo anunciada.

Paulo e Jesus pregavam igual a respeito da ansiedade: "Não andeis ansiosos":
- pela comida,
- pela bebida,
- pelo vestuário,
- pelo que vai dizer,
- pela vida,
- por coisa alguma.

Jesus assegurava aos seus seguidores que o Pai celeste sabia que necessitavam dessas coisas e que bastava buscarem o reino de Deus em primeiro lugar para que elas lhes fossem acrescentadas (Mateus 6.32-33). Paulo afirmava: "E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir em Cristo Jesus cada uma de vossas necessidades" (Filipenses 4.19).

Por reconhecermos que a ansiedade é um receio irracional, em situações que a provocam devemos cogitar:
- Posso fazer algo?
- O que pode dar errado?
- Qual será a consequência se der certo?
- E se não fizer nada?
- Posso deixar isso nas mãos de Deus?

O que resolvermos fazer, deveremos fazer com bastante determinação. O que não podemos é protelar, porque a procrastinação não revolve nada e só aumenta o nosso estresse. Devemos agir, mesmo que a única ação seja pedir a ação de Deus.

O oposto da ansiedade é a confiança em Deus. É sempre bom lembrar: "Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todo os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas" (Provérbios 3.5, 6).

E não podemos esquecer os motivos para confiar em Deus:
- Deus é bom, quer o melhor para nós.
- Deus é sábio, sabe o que é melhor para nós.
- Deus é poderoso, pode fazer o melhor para nós.
- Deus é fiel, promete o melhor para nós e cumpre suas promessas.
- Deus é paciente, espera o momento em que nós estaremos prontos para receber o melhor.
- Deus é justo, trata-nos com equidade.

Por esses motivos e muito mais, entreguemos a Deus as nossas preocupações e deixemos que ele cuide de nossas ansiedades. "Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós" (1 Pedro 5.7).

Fonte: Revista Betânia, ano 1, nº 4, página 12,  maio-agosto de 1999 (Venda Nova, Minas Gerais).

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Chuvas de setembro de 2014 em Recife PE

Dia 2 de setembro, inteiramente chuvoso e frio. Clima atípico na região, que de setembro até maio costuma ser muito quente.

Bela imagem do Brasil no centro de Recife - Pernambuco! O bairro Boa Vista; o rio Capiberibe; a Rua da Aurora; o edifício Ébano, ladeado à esquerda pelo Recife Plaza Hotel e à direita por construções menores cujas fachadas são de arquiteturas em estilo mais antigo.

sábado, 8 de março de 2014

Como faço para publicar fotos no meu blog?


Para publicar fotos armazenadas em seu computador no corpo de uma postagem a ser publicada no blog, os passos são os seguintes:

1- Publicando no corpo de um texto


Na página de postagem existe uma barra com alguns ícones, ao lado esquerdo de LINK há um pequeno quadradinho azul (ao passar o ponteiro sobre ele lê-se “inserir imagem”) Clique nele.

 Na página Selecionar Arquivo, há uma coluna à direita da tela, clique na primeira opção, que é “fazer upload” e em seguida, na mesma página, em “escolher arquivos”.

Ao fazer isso, será direcionado ao seu computador. Suponho que a foto esteja em Imagens/Minhas Imagens. Mas poderá ser que possa estar arquivada em Downloads. Ao encontrá-la selecione-a para começar o upload.

2 - Publicando na coluna do blog


• Design

• Layout

• Adicionar um gadget

• Imagem

• Selecionar arquivo
As mesmas instruções para pôr imagem no corpo de um texto.

• Configurar imagem
a. Preencher os requisitos Título (obrigatório) e Legenda (opcional)
b. É importante marcar “reduzir imagem”, para que ela seja ajustada adequadamente ao seu blog.
c. Caso queira que a imagem seja direcionadora, preencha o campo link com a url da página que deseja conduzir o internauta.
d. Salvar
e. Salvar configurações (aqui, antes, é possível arrastar a imagem para o ponto que pretende mantê-la).

Observações úteis: Todos esses passos podem ser dificultados se você não fizer a limpeza de histórico do seu navegador. Não sei dizer o motivo, ultimamente o navegador Mozilla Firefox não responde à operação de publicação de fotos. Sugiro o uso do Chrome, do Google.

Boa sorte.

domingo, 16 de junho de 2013

Manifestações por catraca livre ou rebeldia sem causa?

Avenida Mutinga, São Paulo (SP).

Sou usuário do transporte público na cidade de São Paulo.

Não preciso de ônibus todos os dias e tenho a regalia de usá-lo em dias e horários que quiser, portanto, uso fora daqueles momentos do rush. E é nessa condição que escrevo. 

Ando por toda São Paulo. É possível sair da zona oeste e descer lá na Praça da Sé, em cerca de 45 minutos, gastando menos de dez reais. Com uma viagem de ônibus, uma de trem da CPTM e uma de metrô. E voltar sem pagar nada mais que isso se a volta acontecer dentro do período de três horas entre a passagem do cartão eletrônico no dispositivo da primeira e da última catraca utilizadas.

Costumo ver pelo lado de fora da condução os trabalhadores voltando para casa depois de seus expedientes: gente assentada nos bancos com a cabeça encostada no vidro da janela ou reclinada à parte de trás do banco, rostos cansados com olhos fitos ao longe ou dormindo. Também, passageiros espremidos uns nos outros em pé, com a mesma fisionomia de esgotamento físico. Não é vida fácil, agradeço a Deus por estar fora dessa rotina.

Críticas superficiais

Manifestantes estiveram na semana passada na Avenida Paulista  e mediações reivindicando melhorias e o uso de transporte público gratuitamente. A passagem de graça já ocorre parcialmente. O Passe Livre solicitado já é uma realidade na cidade de São Paulo para todos os usuários durante os dias de Virada Cultural. Os idosos têm direito de viajar de graça todos os dias, os estudantes pagam a metade do preço durante o meio da semana.

A capital paulista não tem o melhor transporte público do Brasil e nem do mundo. Mas minha impressão é que os críticos que participaram de protestos (e muita gente na política, críticos de plantão em redações de jornalismo) desconhecem aquilo que criticam. O sistema de transporte público paulistano ainda precisa melhorar bastante, mas não está tão ruim como dizem estar.

Na semana passada, o discurso desse pessoal foi confuso e sem foco definido. Parecia reivindicação sindicalista ao reclamar dos salários de motoristas e cobradores, politiqueiro ao lembrar a corrupção de governo em Brasília, e sem noção ao referir-se aos administradores do transporte público paulistano - como se o maior sistema da América Latina, composto por cerca de 15 mil veículos,  não fosse gerenciado por grupos empresarias privados e sim pela já inoperante CMTC.

Sobre assédio sexual contra mulheres e as questões de gestantes, idosos. 

Ontem, li uma pessoa fazendo a velha associação do ônibus com a lata de sardinha, ao comentar sobre a condição de usuários com idade avançada, passageiros deficientes, mulheres grávidas, mulheres vítimas de "mãos bobas".

Idosos e deficientes não pagam passagem e têm garantidos por lei vagas reservadas para viajarem sentados. Os velhinhos foram há muito tempo favorecidos na gestão de Jânio Quadros - o então prefeito baixou decreto e a Câmara Municipal aprovou o uso gratuito por eles.

O comportamento do assédio existe nas viagens. E é algo que tem a ver com a educação dos passageiros que usam o coletivo. É possível perceber a diferença comportamental de linha para linha. Ao casar, mudei de bairro e tive esse impacto da mudança de mentalidade dos passageiros. Usava carros em que o percurso recebia pessoas mais humildes e menos cordiais, depois entrei noutro em que as viagens sempre foram mais agradáveis. Antes, bancos rasgados e riscados, palavreado chulo em conversas e escritas por todo lado, depois a manutenção do equipamento e ambiente tranquilo.

Salários

O Blog Ponto de Ônibus, dedicado aos trabalhadores da área, afirma que em uma greve de 2011 os motoristas que trabalham no município paulistano chegaram ao salário de R$ 1.815,00 por mês e os cobradores a R$ 1.072, 00, com direito a vale-refeição de R$ 13,00. Hoje, esses valores devem ser um pouco maiores. Podemos dizer que esses profissionais têm salários bem próximo do que ganha a classe de professores municipais. Todos eles, professores e motoristas e cobradores, poderiam ter mais aumentos!

Qualidade do sistema de transporte paulistano

Pode parecer que eu defenda as gestões na prefeitura de São Paulo da Luíza Erundina, Marta Suplicy e Fernando Haddad ao falar das frotas de ônibus.  Não estou defendendo. A Erundina começou o processo de melhora dos carros, a Marta aperfeiçoou e o Haddad recebeu a situação como temos agora.

As melhorias mais significantes ocorridas no sistema de ônibus ocorreram em gestões de prefeitos do PT. Não sou petista, mas reconheço o que foi feito de positivo pelo partido no transporte público da capital paulista. Quais melhorias? 1. Portas mais largas para todos os passageiros, contendo degraus rebaixados e corrimão, favorecendo a subida de idosos; 2. Porta exclusiva com rampa elétrica e espaço específico para afixar cadeira de deficiente; 3. Até 10% de assentos reservados aos deficientes, idosos e mulheres grávidas.

É sabido que as melhorias já existentes não aconteceram por bondade dos governantes municipais, eles foram impulsionados por leis municipais, estaduais e da esfera federal, o crédito disso é de vereadores, deputados estaduais e federais.

É claro que, apesar das melhorias, o sistema de transporte de ônibus ainda possui pontos deficitários, como por exemplo a necessidade de diminuir o tempo entre os carros, fiscalizar a pontualidade e manter a frota que trafega nas regiões periféricas, onde estão a população mais pobre e sofrida, com a mesma qualidade e regularidade que os ônibus que circulam na Vila Madalena, região nobre da cidade.

Polícia Militar versus manifestantes

O protesto contra aumentos de tarifas de transporte é válido e louvável, assim como expressar repúdio contra a corrupção. Porém, a manifestação de cidadania deve ser realizada sem ferir leis e respeitando o direito do concidadão alheio ao evento.

É ilegal fechar vias públicas para protestar, ninguém pode impedir o trânsito dos cidadãos se antes não for solicitada para a prefeitura uma autorização, que reorganiza as rotas do tráfego se autorizar o manifesto.

A  polícia tem o dever de garantir o direito constitucional de todos. E faz valer o direito de ir e vir livremente. Para isso usou bombas de efeito moral contra pedestres manifestantes, que ilegitimamente pretendiam usar o asfalto de vias públicas impedindo veículos de circularem.

Policiais também erraram no exercício da função, excedendo a autoridade ao procurar fazer com que houvesse dispersão do povo. Eu publiquei um relato: aqui. Existe soldado da PM gravemente ferido e também morto em São Paulo, atacados por manifestantes.

A polícia tem o dever de proteger patrimônios públicos. Manifestantes protestaram quebrando vitrines de loja; destruindo lixeiras públicas, semáforos de trânsito, depredando as dependências do metrô... Analise comigo, isto não é manifesto cívico é baderna. Infelizmente não tenho outro termo, mesmo entendendo que no meio dos manifestantes poderia estar gente bem intencionada. A PM não poderia se omitir, cumpriu obrigação de impedir o vandalismo, lançou bombas de gás lacrimogênio e deteve alguns baderneiros.

Em situação de provável conflito, não é possível o pelotão de soldados se relacionar com a multidão, sem liderança presente (no vocabulário da PM esse tipo de aglomeração é uma turba), entregando flores. Os soldados não possuem informação  prévia sobre quem é quem, qual manifestante é amigável e qual carrega armas - alguns foram flagrados portando armas e presos.

Cuidado, não se deixe ser um simplório elemento de massa de manobra!

Alguém, criticando a truculência da PM disse para mim: "Eu estava lá e vi, você não estava, assistiu pelo televisor". Quem estava presente viu e ouviu apenas até onde olhos e ouvidos, humanamente, tiveram capacidade de alcançar. 350 metros de alcance? É preciso analisar as ideologias por trás dos acontecimentos.

O perigo de qualquer tipo de engajamento é se tornar elemento de massa de manobra de indivíduos interessados em extrair proveito da situação em benefício próprio. Parece ser o caso nestas recentes manifestações da Avenida Paulista e adjacências.

Por que a Governo Dilma dá dinheiro para a Alquimidia, a ONG que realiza essas manifestações? O colunista Reinaldo Azevedo, da revista Veja, escreveu um artigo interessante apontando para quem é responsável pelas aglomerações de protestos e badernas no Rio de Janeiro e São Paulo. Leiam o artigo dele aqui. Existe lógica no conteúdo que ele escreveu, afirmando provável envolvimento, não declarado, do governo federal, pois libera verbas via Ministério da Cultura e da Petrobrás e de incentivo da Lei Rouanet. O objetivo do patrocínio seria conquistar nas próximas eleições os controles dos estados do Rio de Janeiro, que atualmente está em poder do PMDB, e de São Paulo, com o PSDB. Justamente nestes dois estados, importantíssimos, a bagunça foi mais generalizada.

A gestão de Fernando Haddad (PT) na Prefeitura de São Paulo não fica totalmente comprometida se manifestantes entram em choque com a PM, por este motivo ele lança combustível ao invés de tentar apagar o fogo. O prefeito, no auge dos nervos acirrados dos manifestantes, fez pronunciamento público afirmando que não abaixará a tarifa e criticou a atuação policial. Está claro que a motivação dessa situação de caos tem objetivo eleitoreiro, querem colocar os eleitores contra o mandatário-maior da Polícia Militar, uma instituição cuja autoridade maior é o governador. Neste caso, arranhar as imagens dos governadores Geraldo Alckmin em São Paulo e Sergio Cabral no Rio de Janeiro.

Imagens de agressões entre manifestantes e polícia paulista são materiais preciosos para servir como peças de propagandas petistas às candidaturas de Lula ou José Eduardo Cardozo, para governador do estado de São Paulo.

Espere para ver se haverá a mesma vontade de manifestar-se no dia seguinte às eleições de 2014. Eu acredito que isso jamais acontecerá.

E.A.G.

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Blog Ponto do Ónibus - http://blogpontodeonibus.wordpress.com/2011/05/18/sp-se-livra-de-greve-de-onibus-veja-quanto-vao-ganhar-motoristas-cobradores-e-funileiros/