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quinta-feira, 22 de setembro de 2022

2 Coríntios 12.9 - a graça de Deus e as orações respondidas satisfatoriamente

O que o cristão precisa fazer para ter orações respondidas satisfatoriamente sem tratar Deus como se fosse o gênio da lâmpada de Aladim ou um empregado?


"E, para que eu não ficasse orgulhoso com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que eu não me exalte. Três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então ele me disse: 'A minha graça é o que basta para você, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza.' De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Por isso, sinto prazer nas fraquezas, nos insultos, nas privações, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então é que sou forte" - 2 Coríntios 12.7-10 [NAA].

Saulo de Tarso era um judeu legitimo nascido na cidade de Tarso da Cilícia, pertencente à tribo de Benjamim, circuncidado no oitavo dia de vida e educado na Lei como um fariseu [Atos 22.3; Filipenses 3.5]. Alguns leitores das Escrituras Sagradas acreditam que seu nome foi trocado para Paulo na ocasião de sua conversão a Cristo no caminho de Damasco. Tal pensamento ocorre porque há registros de ocasiões em que Deus mudou o nome de uma pessoa, mas não existe base bíblica para afirmar que essa situação é o caso deste apóstolo, pois após ser transformado de perseguidor de cristãos a um grande pregador do Evangelho, ele continuou sendo designado no texto bíblico pelo seu nome, Saulo [Confira em Atos, capítulo 9 ao 13.9].

Ao nascer, Paulo recebeu o nome judaico Saul, o mesmo nome do primeiro rei de Israel que também pertencia à tribo de Benjamim. Este nome significa "pedido" ou "desejado". O nome Saulo é a tradução grega do nome hebraico Saul. Na geração que houve o início da Igreja do Senhor, era comum que as pessoas tivessem mais de um nome. Naquela época, o Império Romano exercia governo sob muitas províncias, embora o idioma romano fosse o latino, a língua predominante no império era o grego, por causa da enorme influência cultural grega no período helenístico. Os povos dominados mantinham suas particularidades embora submetidos ao domínio romano. Muitas pessoas que viviam no Império Romano mantinham um nome de batismo natural de sua terra e cultura e usavam ao mesmo tempo uma versão grega desse nome ou assumiam um nome latino. Essa era a realidade do apóstolo Paulo.

Saulo também tinha cidadania romana herdada de seu pai [Atos 22.8]. Nesta condição, Saulo tinha outros dois ou três nomes. Assim é possível explicar o uso do nome Paulo, que no grego aparece como Paulos, de origem latina, Paulus, que significa "pequeno" [1 Coríntios 15.9; Efésios 3.8]. É provável que Paulo era o cognome romano de Saulo. 

É a partir do capítulo 13 do livro de Atos dos Apóstolos que o nome Paulo é predominantemente empregado. Muitos estudiosos das Escrituras defendem a ideia de que tenha sido uma escolha de Lucas, o autor do livro; porém, outra corrente de estudiosos alegam que o próprio Saulo deu preferência ao uso destacado do nome Paulo por ser um nome gentio. A segunda interpretação é de mais fácil aceitação, pois é usando o nome Paulo que Saulo de Tarso assina as cartas que escreveu. 

Especulações à parte, entendemos que Paulo era um cognome romano de Saulo que remontava à sua vida em Tarso. As páginas do Novo Testamento mostram que ele era uma pessoa inteligente, dão a entender que cresceu em uma família cuja situação financeira era razoavelmente privilegiada, pois pôde estudar nas melhores escolas e ser poliglota.  

Paulo recebeu educação para ser um rabino, um líder da religião judaica. Quando Jesus já havia subido ao Céu e os membros da Igreja Primitiva pregavam o Evangelho, considerou que a mensagem do cristianismo ofendia as pessoas, a cultura de Israel  e a Deus e que era necessário fazer algo para parar o crescimento numérico dos cristãos. 

Paulo não era nenhum santo: "... respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote e lhe pediu cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de que, caso achasse alguns que eram do Caminho, tanto homens como mulheres, os levasse presos para Jerusalém." [Atos 9.1-2]. Todos os contemporâneos de Paulo, inclusive os apóstolos, provavelmente, tinham certa reserva sobre ele, pois deveriam conhecer suas ameaças e saber que ele possuía uma carta que lhe delegava autoridade para perseguir todos os seguidores de Cristo [Atos 9.15].

Uma de suas iniciativas era matar os cristãos. Por ser quase um rabino e possuir a cidadania romana, encontrou facilidade para perseguir os pregadores do Evangelho de Cristo. Em sua cruzada assassina, encontrou o diácono Estevão, homem corajoso, cheio do Espírito Santo, que servia ao ministério dos apóstolos, socorria os cristãos necessitados e anunciava o plano da salvação aos pecadores. Sob o comando de Paulo, Estevão foi sumariamente julgado e abruptamente apedrejado, tornando-se o primeiro mártir cristão.

Talvez, Paulo esperasse que Estevão chorasse, pedisse clemência, mas ao invés de demonstrar o medo da morte, fez uma declaração contundente sobre a existência a glória de Deus e a vida além-túmulo: "Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, em pé à direita de Deus [...] Senhor Jesus, recebe o meu espírito!" [Atos 7.56,59].

Depois do massacre cruel, Paulo volta para sua cidade e o Senhor Jesus surge em seu trajeto: "Enquanto seguia pelo caminho, ao aproximar-se de Damasco, subitamente uma luz do céu brilhou ao seu redor. Ele caiu por terra e ouviu uma voz que lhe dizia: 'Saulo, Saulo, por que você me persegue?' Ele perguntou: 'Senhor, quem é você?' E a resposta foi: 'Eu sou Jesus, a quem você persegue. Mas levante-se e entre na cidade, onde lhe dirão o que você deve fazer.' [Atos 9.3-6].

Paulo perdeu a visão nesta experiência na estrada, ao recobrá-la através da intervenção de um servo de Deus que orou por ele, nunca mais perseguiu os crentes, deixou de ser o acadêmico e o poliglota entre os judeus, passou a viver como um membro da Igreja que tentou destruir. Os apóstolos desconfiaram que sua transformação fosse sincera. Para ensinar, primeiro é preciso possuir boa disposição para aprender, então ele passou quatorze anos estudando as Escrituras, absorveu que as revelações sobre o Salvador e também ocupou seu tempo exercendo a profissão de fabricante de tendas. 

No momento preparado por Deus, Paulo começou seu trabalho missionário tendo ao seu lado Barnabé. um companheiro que o Espírito Santo escolheu para que desse seus primeiros passos no ministério apostólico. Foi um pregador que pregava aos pecadores que não conheciam a Jesus Cristo, ia às sinagogas e praças, estruturou comunidades cristãs em localidades que não existiam igrejas, soube instruir os crentes apresentando a teologia que produz crescimento espiritual; sendo líder, foi exemplar formador de líderes eficazes à Obra do Senhor. Em seu período como apóstolo, deixou por escrito toda a sabedoria que Deus lhe deu. 

Reflexão

Na segunda carta aos crentes de Corinto, Paulo aborda um problema pessoal que o aflige, fala sobre um espinho em seu corpo. O que pode ser o espinho na carne? Está claro que não é uma dor emocional em sua alma. Ele ainda revela que orou ao Senhor a respeito, para que o tirasse e o Senhor disse-lhe: "A minha graça é o que basta para você, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza" [2 Coríntios 12.9]. E sua reação sobre a posição do Senhor é extremamente positiva, pois entendeu o objetivo divino sobre sua vida: "Sinto prazer nas fraquezas, nos insultos, nas privações, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então é que sou forte" [versículo 10].

Muitas vezes Deus permite o espinho na vida do cristão para evitar que o cristão tropece em seu orgulho e torne-se incapaz de se levantar. O religioso fanático reclama da existência do espinho; o cristão autêntico é capaz de agradecer a Deus por ter a graça salvífica no lugar de uma oração tola respondida positivamente, pois sabe que estar fora da vontade divina é existir neste mundo caótico como um ser desgraçado. Atravessar dias, meses e anos sem a graça de Deus é ser uma pessoa espiritualmente miserável. Mesmo que o ser desgraçado obtenha todas as coisas que o dinheiro possa comprar, não terá lá no porvir o mesmo destino de Estevão, que viu o Céu aberto e Jesus a esperá-lo em pé.

A pessoa cujo coração está centrado apenas em coisas materiais e interesses voltados a esse mundo, não é capaz de aceitar que a vontade divina prevaleça sobre seus desejos. O cristão autêntico é uma pessoa agraciada, inclusive quando experimenta adversidades. Compreender o valor da graça de Deus é algo importantíssimo. É certo que ter a graça do Senhor não significa que em todas as orações receberemos a mesma resposta que Deus deu a Paulo, Deus é capaz de nos abençoar com o envolvimento completo da graça e ainda nos envolver respondendo ao que pedimos de tal maneira que é impossível descrever em palavras o quanto os seus benefícios são satisfatórios. 

Em Jeremias 18.1-6, encontramos a lição sobre como Deus age com o ser humano que se encontra no erro. Lá é citado a figura do oleiro e do vaso trincado. O oleiro representa o próprio Deus e o vaso o coração humano que se comporta fora da vontade divina. O oleiro não joga fora o vaso quebrado, ele o refaz. Isto posto, compreendemos que é necessário viver sempre confiante que o Senhor quer o melhor para os seus servos. 

Caso a rotina de orações feitas não sejam atendidas, a indicação bíblica para a situação é colocar o coração nas mãos de Deus, para que Deus refaça os propósitos que buscamos. De todas as orações que venhamos a fazer, uma das mais importantes é pedir a Deus misericórdia. Outra, é pedir para que o nosso coração seja um coração que pulse tendo objetivos em conformidade com tudo o que Ele espera de cada um de nós, pois a vontade do Senhor é sempre boa, sempre perfeita e sempre agradável [Romanos 12.2].

Para Deus satisfazer os desejos do coração humano, antes o ser humano precisa buscá-lo com intenção de viver em conformidade com sua vontade, é só assim que ocorrerá respostas atendendo o clamor [Jeremias 33.3]. E é imprescindível aproximar-se de Deus crendo que Ele é Abençoador e quer abençoar. Jesus Cristo e o escritor da Carta aos Hebreus falam sobre respostas diferentes da resposta que Paulo recebeu: 
"Porque em verdade lhes digo que, se alguém disser a este monte: “Levante-se e jogue-se no mar”, e não duvidar no seu coração, mas crer que se fará o que diz, assim será com ele" - Marcos 11.23.

"De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que recompensa os que o buscam" - Hebreus 11.6.
Deus muda o ser humano completamente quando o ser humano tem um encontro com Jesus Cristo. E chegará um dia em que cada cristão estará lá no Céu e passará a ter uma nova identidade. O apóstolo João, no capítulo 2 e versículo 17, menciona uma promessa especial aos crentes perseverantes:
"Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: ‘Ao vencedor, darei do maná escondido. Também lhe darei uma pedrinha branca, e, sobre essa pedrinha, um novo nome escrito, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe,'"
Reflita em oração, o seguinte: Você é um agraciado de Deus, mesmo quando uma oração parece não ter sido ouvida e atendida pelo Senhor. É importante saber e nunca esquecer que quando Deus diz "não" Ele continua agindo em favor, do crente fiel, Ele jamais age contra; o "não" do Senhor preenche todas as necessidades básicas do cristão fiel. 

E.A.G.

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