Por Luiz Felipe F. Alvarenga
Você se arriscaria pelos seus irmãos e pela Palavra de Deus?
“Saudai a Prisca e Áquila, meus cooperadores em Jesus Cristo, os quais expuseram as suas cabeças; o que não só eu lhes agradeço, mas também todas as igrejas dos gentios (Romanos 16:3-4).”
A saber, em algumas versões os judeus são chamados de Priscila e Áquila (Águia) conforme está escrito em Atos 18.2-4, 18 e 26-28 – Companheiros de Paulo em tempos de crise.
Começo com a pergunta: quem se habilita a ajudar? Atualmente, quando o exclusivismo e o egocentrismo imperam na sociedade, quem se arriscaria por um irmão em tempos de crise?
Acerca de vinte anos atrás fazia preleção em todo o Brasil, nos eventos da Adhonep (publicado na Revista A Voz e no Jornal Mensageiro da Paz – CPAD), contando o meu testemunho de que fui sequestrado em 12 de junho de 1991 e que depois do episódio visitei diversos presídios em todo o país e conheci inúmeros delinquentes resgatados por Jesus Cristo. Eu me arriscava entrando nas celas, participava por horas no “banho de sol no pátio das prisões” e ganhando almas para Jesus Cristo.
Eu tenho fotos daquela época e em breve publicarei o testemunho completo. Estará publicado no Facebook [http://www.facebook.com/lffalvarenga] e no meu blog [http://luizfelipealvarenga.blogspot.com.br/].
Na época minha família e amigos me criticavam, pois como um empresário poderia se expor aos sequestradores na cadeia, evangelizando-os? Era muito arriscado, diziam eles num misto de perplexidade e preocupação. Alguns afirmavam que era um risco desnecessário em favor da escória da sociedade, o que não concordava e continuo divergindo daqueles que pensam assim.
Sou contra estes inábeis porque Jesus Cristo me ensinou o contrário: “Então disse: Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino. Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso (Lucas 23.42-43).”
Não me arrependo de nenhuma visita, pois aprendi uma grande lição, que jamais esquecerei! Vou contar-lhes agora sobre um grande homem de Deus que me acolheu na sua casa numa cidade do interior de Minas Gerais. O testemunho dele também corroborava fielmente para a expressão de Paulo: “... os quais pela minha vida expuseram as suas cabeças.”
Nunca ouvi nada semelhante e até agora me emociono com o relato, e hoje rendo a este amigo e pastor a minha homenagem. O amigo não era evangélico, era líder da sua religião na sua cidade e era um próspero fazendeiro, quando as circunstâncias alheias a sua vontade impôs-lhe um grande desafio: o seu único filho até então, se tornou homossexual, fez implantes e fazia programas numa cidade vizinha, envergonhando toda a sua família e amigos mais próximos.
Imagine irmão, há trinta anos quando as situações eram extremamente mais difíceis de serem compreendidas. Aquele homem urrava chorando pelos cantos, e num dia de total desespero colocou uma toalha na boca e a mordeu para que as pessoas não ouvissem seus gritos de dor e saudade! Era o seu único filho, muito amado, homossexual, fazendo programa em cidades vizinhas, na rua, nômade, longe da família, entregue a todo tipo de riscos!
O amigo procurou a sua liderança que nada fez, e num dia aceitou o convite de visitar uma igreja evangélica. Entrou, gostou, ficou e se converteu a Jesus Cristo e foi batizado, contra a vontade de sua família e amigos. Alguns o ironizavam: ele é crente e o filho homossexual! Mas ele cada vez mais amava o seu filho, que cada dia mais “se tornava” mulher, participando inclusive de concursos e desfiles! Mas o amor de pai era maior, e ele cresceu na fé, e se tornou diácono, e as piadas aumentaram, e anos depois ele foi consagrado como pastor evangélico na sua própria igreja onde anos atrás entrou estarrecido e choroso.
As piadas aumentaram e um dia o Senhor falou ao meu querido pastor e inesquecível amigo: eu quero a sua melhor fazenda, que está numa estrada federal, para que todos vejam que você irá abrir uma casa de recuperação para drogados e também irá receber muitos homossexuais que precisarão de você!
Ele pasmou e disse ao Senhor: Como meu Deus, se a cidade e toda a minha região sabem do meu filho que continua pecando? Amo o meu filho, mas não concordo com seu pecado, pois a Bíblia nos ensina assim e o que dirão de mim? Serei motivo de questionamentos, pois não consegui criar o meu filho na Igreja e terei que cuidar de outros que não são meus filhos?
Ele chorou, urrou, buscou ao Senhor a confirmação até que comunicou a família e a sua igreja, que estava doando a fazenda para a denominação para que todos construíssem um centro de tratamento para drogados, que também cuidariam de muitos homossexuais que viriam, segundo a promessa de Deus. A perplexidade foi geral! Alguns tentaram demovê-lo dizendo: pastor, vão zombar do senhor! É muito arriscado, como iremos ajudar os outros se o senhor também precisa dessa vitória, da libertação do pecado do seu filho amado!
Ele não perdeu tempo, doou a fazenda e logo as obras foram feitas e profissionais foram contratados para a inauguração do centro de recuperação, e as pessoas começaram a chegar de todas as cidades conforme Deus o havia prometido, todavia o seu filho se afundava no pecado! Mas o homem de Deus por anos trabalhou para os outros, mesmo com o seu coração saudoso do seu filho amado!
Um dia, para surpresa geral, seu filho apareceu em casa, depois de uma longa temporada longe, quando o pastor se preparava para culto com sua esposa e sua filhinha caçula que ao longo desses anos havia nascido. Seu filho totalmente travestido, perguntou ao seu pai se poderia dormir em casa naquela noite, o que o pai, o meu amado e inesquecível pastor, respondeu: o seu quarto está pronto, seu vestuário está todo limpo e passado, seus calçados limpos e todos os seus pertences organizados como você sempre gostou!
O filho entrou, e perguntou ao seu pai: posso ouvir músicas no seu novo aparelho “três em um – rádio/fita cassete/LP?” Claro meu filho, fique à vontade! Fique com Deus, pois estamos indo para a igreja, e logo voltaremos!
O pastor foi cumprir a sua missão baseado na Palavra que o amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (1 Coríntios 13.7). Ao chegar à igreja contou ao povo e o culto transcorria em meio aos louvores. Em casa o seu filho teve a curiosidade de ouvir “uma fita k7” da pastora Valnice Milhomes e uma frase, uma única frase, respondeu as suas indagações e preencheu o seu vazio coração. Abriu o armário e as roupas já não lhe cabiam mais, devido aos longos anos de ausência, correu para o quarto do pai e pegou sapatos, calça e camisa. Foi às pressas, meio desajeitado para igreja do seu pai.
O pastor se preparava para pregar: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece (Filipenses 4.13)”. Segundo a igreja me relatou, o meu inesquecível pastor ficou dizendo, aos prantos, dezenas de vezes “Eu posso” enquanto contemplava seu filho sentado no último banco ouvido suas palavras, e os irmãos sem nada entender, até que todos viraram para trás e os amados contemplaram o milagre: o filho voltou, com as roupas do pai, para o aprisco! O filho se entregou a Jesus Cristo, e a emoção foi generalizada! O filho firmou na Igreja e se casou, têm dois filhos e hoje dirige a Casa de recuperação para drogados aonde muitos homossexuais vieram por causa desta história de amor!
Queridos esta história real, não é uma história homofóbica, nem preconceituosa, é uma história de amor de um pai, que esperou uma década pela volta do seu filho amado! Você entende agora a essência deste versículo: “Saudai a Prisca e Áquila, meus cooperadores em Jesus Cristo, os quais expuseram as suas cabeças; o que não só eu lhes agradeço, mas também todas as igrejas do gentios (Romanos 16.3-4)?” Você arriscaria a sua reputação e o seu patrimônio (uma linda fazenda) para recuperar pessoas que não têm nenhum vínculo contigo?
Tive a oportunidade de conhecer esta Casa e pregar nesta Igreja onde toda esta maravilhosa história se transcorreu. O pastor teve um casal de filhos, e o filho também teve um casal de filhos! O pastor teve a dupla honra!
Você gosta de ajudar a quem precisa, ou prefere ficar na zona de conforto?
Você se exporia por amor as almas e a Palavra de Deus? Colocaria “a sua cabeça a prêmio”, ou o seu pudor é maior? O politicamente correto “fala mais alto” do que as suas convicções e conhecimentos cristãos?
Você se arriscaria como Raabe para salvar a sua família (Josué 2.12-16) quando ele protegeu e salvou dos dois espias (Josué 2:1-24 e Josué 6:25)? Raabe se arriscou e foi salva, entrando assim para a história judaica na genealogia de Jesus Cristo (Mateus 1.5). Valeu a pena salvar uma geração e entrar para a história de todas as gerações! O risco foi altamente recompensado por Deus!
Você se exporia para viver este versículo: “um irmão ajudado pelo irmão é como uma cidade fortificada; é forte como os ferrolhos dum castelo (Provérbios 18.19)?”
Você conhece esta verdade bíblica: “O que despreza ao seu vizinho peca; mas feliz é aquele que se compadece dos pobres (Provérbios 14.21)?”
Querido não julgue, não despreze as minorias e as diferenças, saia do seu pedestal, respeite as pessoas, saia da sua autossuficiência. Não odeie, pelo contrário ame as pessoas, arrisque-se a fazer a vontade de Deus: “O ódio excita contendas; mas o amor cobre todas as transgressões (Provérbios 10.12).”.
Sejam como Prisca e Áquila, cooperadores de Jesus Cristo, você pode contemplar a olhos nus, nesta geração, outros “Saulos” se transformarem em “Paulos.”
Jesus Cristo seja glorificado em nossas vidas! Amém! Deus te abençoe!