Por Eliseu Antonio Gomes
Não adulterarás (Êxodo 20.14). Adulterar é o ato de uma pessoa casada relacionar-se sexualmente com outra que não é o seu cônjuge. O adultério é um grave pecado de consequências desproporcionais ao bem-estar da família. Agir como infiel no casamento produz sérias consequências. Gera o afastamento de Deus, acaba com a espiritualidade e torna o lar em pedaços, é o mesmo que desferir o golpe da ruptura da paz no ambiente da intimidade do casal, além de afetar o cônjuge desonrado também fere de forma brutal os filhos, que sofrem demais. Estes são motivos para o Senhor proibir o sexo extra-conjugal, considerá-lo ofensa, e abominar a prática da infidelidade conjugal.
Devido a esses males, na Lei Mosaica a pessoa infiel no casamento era julgada e condenada ao apedrejamento (Levíticos 20.10; Deuteronômio 22.22). O Novo Testamento contém reprimendas aos adúlteros: Romanos 13.9; Gálatas 5.19.
O adúltero é, espiritualmente cego, louco e fraco, pois troca minutos de prazer físico pelas bênçãos divinas, escolhe o prazer temporal em troca de prazeres indescritíveis e eternos, lá no céu (confira: Isaías 59.1-2; 1 Coríntios 6.10; Hebreus 13.4; Apocalipse 21.8; 22.15).
O curso deste mundo tenebroso
Quem adultera não entende o objetivo de Deus para sua felicidade no plano físico; o adúltero destrói violentamente a sua própria alma. É isso que sintetiza Provérbios 6.32. A união de um homem e uma mulher se consiste não apenas na procriação, combina todos os aspectos da vida. Tal conceito é apresentado primeiramente em Gênesis 2.24 e depois repetido no Novo Testamento, explicando que o casamento também tem o objetivo de atender mutuamente as necessidades um do outro, tendo como ilustração o relacionamento entre Cristo e a Igreja (Mateus 19.5; Marcos 10.8; 1 Coríntios 6.16; Efésios 5.33).
Para as pessoas que não seguem o plano divino, a infidelidade é uma atitude aceitável socialmente. Mas, mantém-se firme a orientação do Senhor sobre fiéis e infiéis: Deus une homem e mulher em uma só carne quando é efetivado o casamento e o que o Senhor ajuntou o ser humano não deve nem pensar em separar (Gênesis 2.24; Mateus 19.6).
O casal deve vigiar e orar em favor do bem-estar conjugal e bom relacionamento em família, evitando o adultério e posterior abalo conjugal (Mateus 26.41). A mente e o coração devem estar guardados no Senhor; usar as Escrituras Sagradas como bússola e com ela realizar auto-análises com o objetivo de aprimorar o convívio. O compromisso de vivenciar as diretrizes da Palavra de Deus aos casais fortalece a união do homem e da mulher, num amor profundo e permanente um pelo outro, gera uma unidade feliz, situação rara neste mundo carente de valores éticos e princípios cristãos.
As promessas no altar e o passar dos anos...
O diabo trabalha de maneira sagaz, cria ciladas para dilacerar a união conjugal bem-sucedida (Efésios 6.11). O adultério acontece num processo lento: começa na mente com pensamentos aparentemente inofensivos e travestidos de romance-com-final-feliz.
Provérbios 5.3 descreve a relação adúltera como prazerosa, porém, frisa que tal prazer tem preço altíssimo, sofrimento e dor. Se os pensamentos não são evitados apodrecem a alma e o coração. Ao serem alimentados a consequência é a maldade praticada contra Deus e o cônjuge.
Para manter as características de um casamento saudável e bem sucedido, evitar a infidelidade matrimonial ao passar dos dias e anos, conforme solicita Hebreus 13.4, esposo e a esposa precisam ter em mente que o matrimônio é um compromisso com objetivo claro. Há ocasião em que um dos cônjuges chega a duvidar se existe algum resto de amor por ele no coração daquela pessoa que um dia trocou alianças e juras de amor eterno numa solene reunião na igreja. Pensa-se em como o desapontamento dominou a relação e as expectativas transformaram-se em frustrações. Então, surge o perigo do fim, quando se pensa que não é possível continuar a relação a dois.
Situações assim são apenas fases baixas da convivência entre marido e mulher, não são motivos para pensar em desistir do casamento ou relação extra-conjugal. Homens e mulheres são seres humanos, têm temperamentos, sentimentos, desejos variáveis. É natural que sejam afetados por ciclos de mudanças que marcam a convivência no relacionamento mais íntimo da vida deles.
Para vencer esses momentos em que o amor parece ter acabado, é necessário o casal focalizar em seu compromisso com Deus, e nas promessas que um dia fez ao cônjuge diante de Deus na cerimônia da igreja. Havendo cuidado em manter viva a lealdade a Deus, decisão em afastar-se das tentações, ambos contribuem com o respeito mútuo e favorecem a continuidade do afeto e fidelidade entre si. Assim, ambos resistem aos momentos em que o amor parece ter ido embora. E este momento ruim é que realmente desaparecerá.
A fidelidade resulta em condições para vencer batalhas aparentemente insuperáveis.
Cuidados necessários
Sabedor da importância da prática de intimidade entre o casal, que é um presente de Deus para homem e mulher aproveitarem, o apóstolo Paulo respondeu aos cristãos de Corinto, 1 Coríntios 7.1-5, perguntas. Ele ensina três estratégias básicas aos casais para protegerem-se contra as artimanhas do diabo:
1. O homem tem o dever primordial de suprir as necessidades da mulher e vice-versa (7.3);
2. Apesar do sexo ser imprescindível ao homem, para a mulher há momentos que a relação física fica em segundo plano, vindo antes os cuidados com filhos, trabalho, etc. O apóstolo chama a atenção para isso, afirmando que o princípio de entregar-se ao outro colabora para o sucesso conjugal, a carência física é usada pelo diabo para trazer as tentações do adultério (7.4);
3. A separação de corpos só é recomendável quando existir da parte de marido e esposa o consenso pleno de cessar o ato sexual por determinado tempo com o objetivo de aplicarem-se à oração (7.5)
Reflexão de Steve Stephens: "A maioria dos fracassos conjugais é o resultado da falta de intimidade emocional. Se os dois não se conectam em nível sentimental, lutarão entre si. Muitos casais acham-se desunidos emocionalmente."
Use a prudência como Jesus ensinou, tome cuidado com o que você pensa e vê: Mateus 10.16; 26.41; Salmo 101.3; Filipenses 4.8. Vivemos neste mundo mas não somos dele, e como seres sociais podemos e devemos nos relacionar com diversas pessoas, porém é preciso conhecer e respeitar nosso limite, evitando comprometer a estabilidade do relacionamento conjugal. É preciso saber até onde podemos ir e não ir. Hoje em dia, vivemos numa sociedade em que não é apenas a comunicação presencial que gera riscos ao casamento. Além dos círculos de atividade profissional e relacionamentos na igreja, há a navegação pela Internet também.
1. Emprego: É inevitável conhecer pessoas na empresa e fazer aproximação com quem sentimos mais afinidade e assim produzirmos comunicação permanente com elas. Alguém já disse que honrar é respeitar o outro na ausência. Honremos o esposo e a esposa em ambientes em que estamos distantes.
Muitos cristãos, inconscientemente descuidam-se do seu casamento. Por falta de orientação dedicam-se exageradamente ao trabalho, secular ou eclesiástico, em detrimento de sua família. As horas-extras no emprego roubam a presença atenciosa e carinhosa do marido e do pai em casa. É necessário haver equilíbrio, pois o casamento é projeto de Deus, pois a família é o primeiro rebanho do Senhor e jamais deve ser esquecido ou desprezado (1 Timóteo 3.1-7; 5.8; 1 Coríntios 7.32-34).
2. Igreja: Segundo Barbara Hughes, no livro Disciplina da Mulher Cristã (CPAD), a igreja parece uma comunidade de casamentos sãos. É boa na superfície, com seus cursos de segurança financeira e casas elegantes, com terapeutas matrimoniais para quando houver crises; mas, diz a escritora, não é por esses padrões que Deus mede um casamento. Ela tem plena razão, pois Deus não se atém aos detalhes, mas ao escopo geral, à faixa dos valores assumidos pelo casal.
A igreja é uma comunidade para que estabeleçamos laços fraternos de amizade, lugar em que temos a oportunidade de criarmos relacionamentos com pessoas distintas. Há os departamentos de adultos e de jovens.
3. Internet: A invenção que revolucionou a comunicação da humanidade pode ser uma bênção aos casais. Ela proporciona um mundo imenso de novas oportunidades, novos empregos e amizades. A esfera virtual congrega pessoas de diversos tipos e origens, intenções boas e más, então, é preciso muito cuidado diante do monitor, pois a imoralidade e a infidelidade destroem a família. Todo cuidado é pouco quanto às imagens e sites acessados. Não dê margem alguma à pornografia.
Recado aos adúlteros
É para lamentar, muitos cristãos se deixam levar pelas armadilhas diabólicas fazendo da infidelidade ao seu par um costume. Não trate o pecado sexual como mero romance. Não se engane pensando que a paixão carnal e o sentimento de bem-querer por alguém que não é o marido ou a esposa o isentará de castigo no Dia do Julgamento Final, apesar de seu relacionamento extra-conjugal ser aceito em seu círculo social. Se estiver fazendo da infidelidade conjugal uma rotina de vida, conserte-se enquanto é tempo.
Mude, perante Deus e a sociedade: "Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos em trevas, mentimos, e não praticamos a verdade.
Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.
Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós.
Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça." - 1 João 1.6-9.
Depois da morte segue-se o juízo (Hebreus 9.27): "Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados,
Mas uma certa expectação horrível de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar os adversários.' (...) 'Porque bem conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu darei a recompensa, diz o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo.
Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo." - Hebreus 10.26-27; 30-31.
Conclusão
Como vai sua família? Apesar de homem e mulher serem radicalmente diferentes, física, emocional e espiritualmente, ambos foram criados por Deus para complementarem um ao outro. A família é o bem maior que o Senhor nos concedeu. A vontade divina é que o lar seja um ambiente tranquilo, alegre, confortante, revigorante. Para que o lar seja sempre um aconchego, o casal precisa apreciar um ao outro em todos os aspectos - apreciar é valorizar. Há casais que dão valor imenso para a decoração de casa, há maridos que cuidam bem do rendimento do dinheiro no banco, entretanto se esquecem de dispensar o merecido valor a pessoa com quem escolheu casar-se. Onde estiver seu tesouro também estará seu coração (Lucas 12.34).
O cônjuge jamais deve desprezar o outro, a fim de que suas orações sejam respondidas por Deus e o perigo da deslealdade jamais se aproxime da unidade familiar (1 Pedro 3.7; Malaquias 2.16).
Ame a pessoa com quem você casou-se. O marido deve dedicar seu carinho, sua honra e sua fidelidade à esposa, e de igual maneira ela para ele (Efésios 5.22-28). O amor é um antídoto contra a deslealdade. O amor entre os cônjuges deve ser incondicional, como é o de Cristo pela Igreja.
E.A.G.
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Artigo em parte escrito por quem o assina, contém compilações de:
Bíblia da Família, notas de Jayme e Judith Kemp, página 112, Barueri - SP, edição de 2007, (SBB).
Bíblia de Estudo da Mulher, notas de diversas autorias, página 1170, Belo Horizonte - MG, edição 2002, (Atos)
Bíblia da Mulher, anotações de autorias diversas, página 1998, Barueri - SP, edição 2009, (SBB).
Lições Bíblicas -edição mestre, 2º trimestre de 2013, Elinaldo Renovato, Rio de Janeiro - RJ, (CPAD).
Atuazações: 8h43; 8h49; 9h26; 10h05.