Corbã: transliteração da palavra oferta
Corbã é uma palavra hebraica transliterada ao idioma grego, cuja  raiz significa “doação”, “oferta”, “oferenda”, "dádiva dedicada ao Senhor”, ou,  “aquilo que é trazido perto". 
No  judaísmo, depois que algo era dedicado por esta espécie de juramento jamais  poderia ser usado para outra finalidade, tornava-se inviolável, pois passava a  ser considerado santificado.
O Antigo Testamento não possui palavra geral  para “sacrifício”, então, é empregado vagamente o termo Corbã, sendo que o mesmo  está restrito ao livro Levíticos e existe uma única citação no Novo Testamento,  em Marcos 7.11. 
A razão bíblica da prática do Corbã e  o seu desvio doutrinário
 
O Corbã foi criado como uma fórmula de  dedicação aos propósitos sagrados do Senhor. Se consistia de oblações  (oferendas), ofertas de cereais, das primícias, do molho da oferta movida em 16  de Nisã, da massa da Festa das Semanas e do dízimo. Qualquer coisa levada a  Deus: gado, vaca - (Levíticos 1.2; 2.4). 
Os escribas e fariseus, que eram os líderes da religião judaica,  supostamente, seguiam a lei oral, passada de geração para geração no Templo.  Eles se apresentavam como pessoas que receberam de Moisés a Lei e tinham a  incumbência de transmiti-la, mas Jesus os acusou de fazer o contrário afirmando  que seus ensinamentos na verdade eram interpretação inventadas por eles mesmos,  e que eles induziam os judeus ao erro. Jesus repreendeu-os por diversos motivos,  e um deles era ensinar aos israelitas a substituir os mandamentos de Deus pelas  tradições dos homens.
Deus não é  contraditório
 
No caso do  Corbã, a fórmula de dedicação aos propósitos sagrados, segundo a tradição  religiosa dos fariseus e escribas, passou a ser pretexto para escapar das  obrigações dos filhos para com seus progenitores. Se alguém queria livrar-se da  responsabilidade de cuidar de seus pais em idade avançada, era só fazer a falsa  declaração de que seus bens pertenciam ao Templo, de que eram Corbã. Após o voto  proferido, os escribas e fariseus afirmavam que o filho ficava isento de seu  dever moral de cuidar dos pais, diziam que os bens deveriam ser registrados em  nome do Templo até a morte dos pais, quando então os familiares poderiam  “combinar” algo com os líderes religiosos para reavê-los, isto é, eles obrigavam  os familiares efetuar outra oferta para ter de volta o que por direito era  deles. 
Cuidar dos  pais era uma responsabilidade prescrita pela lei. “Honra teu pai e tua  mãe” (Êxodo 21.17; Levítico 20.9). O mandamento se consistia no dever  de sustentar os pais se estes estivessem padecendo necessidade. Porém, pelas  tradições religiosas dos escribas e fariseus quando a palavra Corbã era usada  referindo-se aos meios de auxílio, estes passavam a ser considerados  sacrossantos, intocáveis, inclusive os pais idosos necessitados ficavam  impedidos de seu uso.
Em Marcos  7.11 podemos entender que os escribas e fariseus induziam os israelitas a negar  socorro usando a formalidade religiosa do voto Corbã, ensinando-os a dizer  "dediquei a Deus o que poderia aliviar tuas necessidades", para assim serem  beneficiados. Quando o israelita fazia a declaração que suas posses estavam  dedicadas a Deus, que eram Corbã, até depois de sua morte os seus bens materiais  eram tidos como inacessíveis e ficavam sobre controle do Templo. 
É digno de  nota que nenhum filho era obrigado pelas Escrituras Sagradas a dedicar seus bens  e quantias ao Templo, mas eles eram incentivados pelos líderes judaicos a  praticarem o Corbã e assim as suas ofertas ficavam sobre a administração do  Templo sem haver a real necessidade disso.
Jesus  Cristo desaprovou a hipocrisia dos líderes judeus porque eles demonstravam  religiosidade extremada quando na verdade estavam sendo exageradamente  materialistas, amando mais as coisas do que a Deus e ao próximo. Jesus Cristo  não desaprovou apenas a prática hipócrita do voto Corbã, mas o próprio voto,  pois a religião era usada por eles contra a Palavra de Deus.
A  qualidade da sua fé é nivelada pela maneira como você se comporta dentro da sua  casa
 
Desprezar  os deveres de filho em nome da religião é desprezar a Palavra de Deus, e quem  despreza a Palavra perecerá (Mateus 5.23-24; Provérbios 13.13).
As  Escrituras Sagradas sempre valorizam as relações familiares: os maridos devem  amar suas esposas, as esposas devem respeitar seus maridos, os filhos devem  honrar seus pais. E afirma: “quem não cuida dos seus é pior do que um  incrédulo, abandonou a fé “ e “sem fé é impossível agradar a  Deus” (Efésios 5.22-33; 6.1-4; 1ª Timóteo 5.8; Hebreus  11.6).