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segunda-feira, 18 de agosto de 2014

A RedeTV! e a grade de programação religiosa

Foi publicado recentemente um artigo interessante no site G+ (Gospel Mais.Com), assinado por  Dan Martins, cuja fonte é um colunista do portal UOL. que escreve sobre televisão.

De acordo com a nota, a orientação da cúpula da RedeTV! é a seguinte:

"É terminantemente proibido mexer com elas' (igrejas com horários veiculados no canal). 'Principalmente aquelas que pagam em dia, como a Universal, por exemplo – afirma o jornalista. De acordo com Flávio Ricco, os novos investimentos feitos pela emissora em sua grade de programação passam obrigatoriamente pelo crivo de não interferir na programação religiosa."

É claro que a decisão da direção da emissora ocorre motivada pelo dinheiro, não se espera outro motivo para gerentes de empresas. Os cristãos que pagam pela veiculação de conteúdo sabem disso, e estão dispostos a continuar pagando. Existe tal disposição porque eles são sabedores que Jesus manda o crente ir ao mundo pregar. Os evangélicos patrocinam esses programas com propósitos evangelísticos. É obrigação de todo crente procurar os espaços em que o pecador está e anunciar a mensagem de salvação. No caso da TV, o ambiente do mundo se configura nos espaços da grade de programação em canais seculares.

Da minha parte, sem me aprofundar em questões doutrinárias denominacionais, gostaria que todos os canais de televisão abrissem espaço às igrejas. Gostaria que todas as denominações evangélicas usassem pelo menos uma hora ao dia em comunicação televisiva. Penso que é importante a presença na grade de programação da televisão, pois a televisão ainda é um dos veículos de comunicação entre os mais populares da mídia mundial, portanto, ainda é um dos meios consideráveis para divulgar a Palavra de Deus.

Alguns anos atrás eu, em uma madrugada, sintonizei um determinado canal que regularmente veiculava programação religiosa e me surpreendi que houvesse naquele horário um tal de cine prive. A grade daquela programação havia sido mudada naquele horário, o espaço religioso pelo pornográfico. Nesta situação, me coloco no lugar de quem ainda não conhece Jesus, que salva todo indivíduo que invocar o seu nome. E diante disso fica a pergunta de Paulo, de maneira parafraseada: "Como o telespectador crerá se não há quem pregue via televisão?"

Tive a chance de conhecer um senhor cuja profissão era trabalhar como caminhoneiro, ele traiu a esposa por mais de trinta anos, por décadas foi viciado em cigarro e álcool, e o seu vocabulário era repleto de palavreado chulo - usava palavras torpes até diante de crianças, e era um sujeito briguento. Em determinada ocasião, se converteu ao Senhor Jesus e passou a ser marido fiel, livrou-se dos vícios da bebida e fumo, suas conversas passaram a ser agradáveis de se ouvir, tornou-se um sujeito tratável. Este tipo de transformação ocorre quando a pessoa ouve a Palavra de Deus e abre seu coração. Muitas vezes a mensagem libertadora acontece por intermédio da transmissão via televisor.

Eu ficaria muito feliz se a Assembleia de Deus inteira (todos os ministérios assembleianos: ministérios independentes e ministérios ligados em convenções pastorais distintas), Igreja Batista, Igreja Presbiteriana, etc, empenhassem-se com guarra no serviço da comunicação através de emissoras de TV. Talvez, se todas as igrejas evangélicas estivessem atuantes assim, seriam maiores do que são hoje em dia e com certeza dariam aos telespectadores brasileiros, aqueles que não frequentam templos, a oportunidade de conhecerem a Jesus e entenderem as diferenças entre as doutrinas neopentecostais, pentecostais, tradicionais, reformadas. Atualmente, para quem não é evangélico todas as igrejas se parecem iguais e sabemos que elas não são.

Penso que é importante existir a presença de mensagens evangélicas na televisão porque faço comparação entre os programas religiosos e os não-religiosos, cujo mote é quase sempre a violência, o sexo fora do casamento e idéias filosóficas que confrontam em 100 % o ensino de Cristo.

Em breve os canais brasileiros estarão com seu nível mais baixo do que já estão, pois importam programação americana, que se deteriora. Ouvi um jornalista - ele não é religioso, apenas passava adiante a informação exercendo sua profissão - comentar que em 2014 as emissoras de canais americanos lançaram 128 seriados com temática voltada à sensualidade. Então, brevemente, uma parcela deste conteúdo lascivo estará em nossos televisores.

Que bom seria se os programadores da televisão do Brasil comprassem menos produções vulgares e se interessassem mais em difundir programas religiosos. Seria ótimo se os espaços da televisão brasileira fossem preenchidos com menos produtos enlatados made in USA e houvesse mais mensagens que tocassem na necessidade da alma humana, tão carente de alimento espiritual. Minha esperança e oração é por esta mudança de disposição na mente de todos os detentores de concessão de televisão. Este desejo se baseia no fato de saber que existe muita gente precisando ouvir a mensagem do Evangelho, e entender ser uma boa estratégia evangelística manter programas de igrejas em canais seculares. Quando os cidadãos se convertem, a sociedade melhora, ao receber Jesus no coração o cidadão muda para melhor: aquele que mentia deixa de mentir, o que usava de violência procura resolver seus problemas usando o respeito ao próximo, a pessoa com tendência homicida se contém, e assim por diante.

É difundida a ideia que a maioria das transmissões de programas religiosos não atinge 1 ponto na escala do IBOPE. Eu desconfio da acuracidade dessas pesquisas. Será mesmo que refletem a realidade, ou será que elas apontam apenas ao resultado de um baixo percentual de televisores com o tal aparelhinho de aferição? E pergunto mais: quem usa os tais aparelhos? Qual critério é usado para instalar esses aparelhos?

E.A.G.

domingo, 17 de agosto de 2014

Perdoar no íntimo

Por Myrian Talitha Lins

Na parábola do "Credor Incompassivo" (Mateus 18.23-35), Jesus narra a história de um homem que devia ao seu senhor uma quantia vultosa. Não tendo ele com o que pagar, o senhor, generosamente, perdoou-lhe tudo. Entretanto esse servo não foi capaz de perdoar a um colega que lhe devia uma quantia insignificante, e lançou-o na prisão. Ao tomar conhecimento do fato, o senhor voltou atrás na decisão de perdoar-lhe. Ordenou que ele também fosse preso até que saldasse toda a dívida. E Jesus concluiu o ensino dando a seguinte  relevação: "Assim também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um de seu irmão (versículo 35).

Alguns anos atrás, certa pessoa teve para comigo um gesto de rejeição que me magoou profundamente. Achava-me numa situação delicada e sentia-me bastante insegura. Essa pessoa podia ter-me valido naquele momento, dando-me "uma força", atendendo a um pedido meu. Contudo, apesar de haver dito antes que o faria, acabou se recusando, Roguei-lhe insistentemente que reconsiderasse a decisão, mas permaneceu irredutível. Fiquei muito magoada e, durante muito tempo, carreguei aquela tristeza comigo.

O tempo foi passando e o rancor permanecia. Meu relacionamento com ela, conquanto não fosse propriamente conflituoso, tampouco era caracterizado pelo amor cristão. Eu a tratava com certa frieza, procurando manter distância, provavelmente temendo mais rejeições.

Permita-me aqui abrir um parêntese. Na verdade essa nossa mania de guardar mágoa pelas ofensas sofridas é uma insensatez, pois acarreta muito sofrimento. O rancor nos torna ressentidos, entristecidos. Podemos inclusive contrair enfermidades, como úlcera gástrica, artrite, depressão, pressão alta, etc. Naquela época, recordo-me, sofri vários distúrbios do aparelho digestivo. Vivia sentindo dores na região abdominal. E um detalhe curioso é que aquele que nos magoa, geralmente não sofre nada. Nosso ressentimento parece não afetá-lo. Além disso, o fato de termos rancor não muda o acontecido, não muda a ofensa, não cura a dor. Portanto, alimentar mágoa contra alguém não só é algo sumamente inútil, como pode trazer-nos grandes prejuízos.

Depois de certo tempo, Deus começou a falar-me com base em 1 João 4.20: "...aquele que não ama  seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê." De acordo com esse texto, eu não amava a Deus (embora julgasse amá-lo), já que não amava aquela que me magoara. Entretanto eu acreditava ter todo o direito de guardar mágoa, e cerrei os ouvidos à voz do Espírito. Contudo ele é fiel e continuou batendo à porta do meu coração.

Analisando bem os fatos, porém, compreendi que as ofensas que tanto sofrimento causam, na verdade, são de valor íntimo. Comparada com realidades como a morte e a perdição eterna, aquela ofensa que eu sofrera não passara de uma "ninharia".

Afinal, um dia, parei de resistir à voz de Deus. Tomei a decisão de amar o meu próximo, como Jesus ordenara. Para isso, para amar aquela que me magoara, teria de perdoar-lhe, então orei:

- Está bem, Senhor. Eu me disponho a amar essa pessoa. Ela não merece, mas vou amá-la em obediência a ti, só por isso!

Não foi fácil. Nunca é fácil perdoar. O problema é que deixara aquele sentimento enraizar-se profundamente em minha alma. Agora estava sendo extremamente difícil removê-lo. Exigia um processo longo e penoso.

O Senhor insistia comigo, dizendo-me que precisava amar e perdoar. Eu desejava obedecer, mas meu coração parecia endurecido.

Por fim, após alguns meses de relutância, num esforço de vontade, assumi conscientemente a decisão de perdoar e disse:

- Senhor, eu perdoo! Perdoo a essa pessoa aquele ato e rejeição que tanto me magoou!

Senti grande alívio. Reconheci tomara  decisão acertada. Contudo, apesar de ter sido sincera ao dizer que perdoava, o problema não ficou resolvido aí. É que, ver por outra, recordava-me daquele fato e, com a lembrança, retornavam a mágoa, a dor e o desconforto emocional. Assumira uma disposição consciente de perdoar, mas a ofensa sofrida ainda me doía interiormente.

E Deus continuou a falar-me ao coração. Precisava amar, o que implicava em perdoar. Como eu decidira amar, entendi que deveria manter  o perdão. Então repeti  decisão de perdoar.

- Senhor - disse- eu quero amar e, portanto, quero perdoar. Sinto novamente essa mágoa, mas decido perdoar. Perdoo outra vez!

Isso ocorreu várias vezes, sempre com o mesmo processo. Eu me lembrava da ofensa, sentia a mágoa, mas, em seguida para obedecer ao Senhor, exercitava minha vontade e perdoava de novo. Lembro-me de que, certo dia, achava-me no carro sozinha, dirigindo-me para o trabalho. Veio-me novamente  tentação de sentir raiva daquela pessoa, mas resisti e de novo decidi perdoar. Então falei em voz alta, com firmeza e decisão:

- Senhor, eu perdoo Fulana. Perdoo mesmo. Quero perdoar sim!

Como nas ocasiões anteriores, senti uma alegria intensa, difícil de ser explicada em palavras. Parecia-me que meu espírito se tornara mais leve.

Não sei quanto tempo isso durou nem quantas vezes tive que repetir o perdão. Sei, porém, que  cada vez que o renovava, , fazia-o com maior convicção e firmeza. Percebia também que, a cada vez, as palavras vinham mais e mais do fundo do meu ser.

Afinal, como persistisse na decisão de perdoar e amar, um dia fui capaz de chegar no fundo do coração, no íntimo, e falei:

- Senhor, eu perdoo! Perdoo! Perdoo! Perdoo!

Disse-o de forma incisiva, sem a menor dúvida no coração. Dias depois, ao pensar no fato, compreendi que era disse que Jesus falava em Mateus 18.35. O Pai quer que perdoemos no íntimo, isto é, de todo o coração, mesmo que precisemos perdoar várias vezes a mesma ofensa.

O que acontecera é que, apesar de haver perdoado com sinceridade, eu o fizera superficialmente. Assim que voltava  lembrar a ofensa sofrida, sentia de novo a dor, a mágoa e o rancor. Fora necessário, então, aprofundar o perdão. Era preciso perdoar no íntimo de meu ser, extirpar do coração a raiz de amargura.

Algum tempo depois de haver perdoado aquela pessoa no íntimo, percebi que a lembrança da rejeição que sofrera não me "doía" mais. Era como recordar qualquer outro ato dela. Ainda hoje, se a relembro, é como se nada houvesse ocorrido. Não sinto mais a mágoa. Tudo passou.

Recentemente voltei a ter contato com essa pessoa e a sensação que tive foi de liberdade e gozo, A atmosfera entre nós se desanuviara; achava-se límpida e clara. Não havia mais peso, nem sombra, nem escuridão. Glória a Deus!

Estou certa de que nem todo mundo precisa passar por um longo processo para perdoar um ofensor. Alguns talvez consigam dar um perdão profundo imediatamente. Contudo quem é como eu possivelmente terá de tomar a decisão várias vezes até chegar  perdoar no íntimo. E é imprescindível que perdoemos assim, sem o que a questão não ficará resolvida.

Meu irmão, se você perdoou um ofensor (e quem nunca sofreu uma ofensa?), mas sente que entre você e ele continua a haver alguma mágoa, é possível que não lhe tenha perdoado do íntimo, como Jesus ensinou. Então, perdoe de novo, do fundo do coração.

É vital que perdoemos e que o façamos do íntimo. Isso é necessário para que fiquemos livres do rancor, da dor, da mágoa. É necessário para que nos livremos de enfermidades e das outras dolorosas consequências da amargura. E o mais importante: é necessário para que o Pai nos perdoe!

E.A.G.
Fonte: Mensagem da Cruz, páginas 12-14, nº 109, Abril-Junho de 1996, Minas Gerais (Editora Betânia).

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Eduardo Campos candidato a presidente pelo PSB morreu hoje


Eduardo Henrique Accioly Campos, de 49 anos, era economista, ex-governador de Pernambuco, presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSC) e candidato à Presidência da República. Era neto de Miguel Arraes, o ex-governador de Pernambuco, casado há mais de 20 anos com Renata Campos e pai de cinco filhos, sendo o mais velho com idade de 21 anos e o mais novo apenas cinco meses. O caçula nasceu com síndrome de down.

A data do desastre fatal de Eduardo Campos coincide com a da morte de seu avô, em 13 de agosto de 2005.

Nota emitida pela Aeronáutica informa que o avião, modelo Cessna 560XL, prefixo PR-AFA, caiu às 10 horas. “A aeronave decolou do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, com destino ao aeroporto de Guarujá (SP). Quando se preparava para pouso, o avião arremeteu devido ao mau tempo. Em seguida, o controle de tráfego aéreo perdeu contato com a aeronave”.

A última entrevista de Eduardo Campos foi ao Jornal Nacional, ontem ele participou de entrevista ao vivo concedida a William Bonner e Patricia Poeta.

O avião caiu em área residencial do Boqueirão, na altura do número 136 da rua Alexandre Herculano, nas imediações do Canal 3, a cerca de sete quadras da praia e não deixou sobreviventes, próximo da base aérea de Santos. Segundo uma testemunha, houve explosão. Além de Eduardo Campos, também foram vítimas o ex-deputado, e assessor particular do candidato, Pedro Valadares Neto; o assessor de imprensa Carlos Augusto Percol Filho, o cinegrafista Marcelo de Lyra, o fotógrafo Alexandre Gomes e Silva; os pilotos da aeronave Geraldo da Cunha e Marcos Martins. Mais cinco pessoas que estavam em terra sofreram ferimentos.

Marina Silva, candidata a vice na chapa do candidato não estava a bordo da aeronave.

De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a aeronave está em nome da AF Andrade Empreendimentos e Participações, tinha capacidade para transportar até 12 pessoas, não tinha pendências e voava regularmente.

No local, a variação do tempo estava para nublado no momento do pouso, desfavoráveis para voar.

Uma notícia assim, difícil de se acreditar, já é confirmada pela assessoria de imprensa do partido e começa a ser veiculada como certa nos principais órgãos de imprensa do Brasil.

E.A.G.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

A fé se manifesta em obras

Por Eliseu Antonio Gomes

A doutrina bíblica da fé é uma das mais importantes e significativas para a vida do cristão.

A Bíblia fala que a fé é um presente de Deus, produzida por Deus no coração do ser humano por meio da pregação da Palavra (Tessalonicenses 2.13; Romanos 10.17).

A fé, as obras e a justificação

O termo fé ocorre 244 vezes no Novo Testamento. Pode ser vista com diversos significados: a fé comum aos que crêem (Marcos 16.17); fé como fruto do Espírito (Gálatas 5.22); fé como dom outorgado pelo Espírito (1 Coríntios 12.9 a); fé como meio de salvação (Romanos 5.1). O ponto de vista da fé apresentada por Tiago é a confiança em Deus. Sem essa confiança é impossível viver a vida cristã. O justo viverá pela fé, através dela recebe a salvação e é justificado por Deus (Tiago 2.19; Romanos 1.16 - 17;  Hebreus 11.6).

A justificação pela fé é a doutrina chave da salvação. Trata-se de um ato soberano em que Deus, justo Juiz, declara que o homem é pecador e torna-se inocente perante Ele por causa da obra realizada por Jesus Cristo na cruz. O pecador recebe a justificação exclusivamente pela fé. A fonte de justificação  é Deus e a sua graça; a base da nossa justificação é Cristo e sua cruz; o meio de se apropriar da justificação é a fé (Romanos 5.1).

O enfoque de Tiago não contradiz o ensino de Paulo (Romanos 3 e 4). A sua ênfase é que as obras não salvam, mas são evidências de que somos salvos, a espécie de fé que temos é a fé que demonstramos. Enquanto Paulo ensina que o crente não é justificado por suas ações (Romanos 4.5; 5.1; Gálatas 2.16). Tiago explica que as boas obras são o lado ativo da fé, o lado visível da justificação que é operada pela confiança plena que o verdadeiro crente possui  (1 Tessalonicenses 2.1-5; 2 Pedro 1.5-11; 1 João 5.12).

A fé de um verdadeiro crente justificado precisa ser revelada através da obediência. A fé que justifica é a mesma fé que produz obras coerentes com tudo o que o Evangelho orienta.

A fé sem obras é inútil

"Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado" - Tiago 4.17.

Está implícito nas Escrituras Sagradas que amar é agir fazendo o bem ao próximo, que a fé e as obras são inseparáveis. Quando a fé não está acompanhada de ação ela para nada serve, pois está morta.

As pessoas em nossa volta só poderão constatar que cremos realmente em Deus de todo o coração se em nosso relacionamento com elas revelarmos o amor do Criador por intermédio de nossos atos de amor.

As três características da fé morta

Tiago combateu a fé inoperante, este tipo de fé existe apenas no intelecto, trata-se de uma confissão vazia, improdutiva, imperceptível e demoníaca.

1. Fé improdutiva

Para ensinar sobre a necessidade de manifestar a fé com ações, Tiago cita duas figuras bíblicas muito diferentes uma da outra: Abraão, homem piedoso que deu origem ao povo de Israel, e Raabe, uma prostituta, que pertencia a um povo pagão e inimigo dos israelitas. Os dois tinham algo importante em comum: exercitaram a fé. A subordinação do patriarca Abraão em oferecer o sacrifício que o Senhor lhe pediu e a disposição de Raabe em ajudar os espias israelitas expressaram a confiança que eles tinham em Deus.

Usando ilustração simples e objetiva, Tiago ensina que a pessoa com a fé morta olha para o irmão necessitado, faz um discurso piedoso, mas não resolve seu problema (Tiago 2.15-17).

Sobre a fé morta, a declaração de João foi: "Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de Deus? Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade" - 1 João 3.17-18.

A fé morta não vem acompanhada de boas obras, é incapaz de agir para salvar o pecador. A fé salvadora é acompanhada de frutos. João Batista fala de frutos de arrependimentos, enquanto Paulo fala de sua operosidade (Mateus 3.8; Gálatas 5.16-23; Efésios 2.10; 1 Tessalonicenses 1.3).

Uma vez salvos em Cristo, o amor materializado por meio das boas obras, torna-se a identidade do cristão. Como cristãos temos a obrigação de suprir as necessidades do próximo, principalmente, dos irmãos. Ao ajudar o irmão carente, estamos fazendo para Cristo (Mateus 25.40; Gálatas 6.10).

A verdadeira fé opera através do amor, e a ajuda ao necessitado é uma expressão desse amor (Gálatas 5.6; 6.10).

Assim como Paulo, Tiago afirma que o crente será julgado (2 Corintios 5.10). O julgamento, naturalmente, será realizado por Cristo. Como Justo Juiz, contudo, Ele julgará usando liberalidade e generosidade para com os que são alvos de julgamento e manifestaram as boas obras de amor ao próximo. Ele explica os critérios deste juízo: "Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa do juízo" - Tiago 2.13.

2. Fé imperceptível

O conceito de boas obras na Bíblia está estritamente ligado à salvação. Boas obras são apenas aquelas que são compatíveis com a orientação bíblica, ou seja, que Deus ordena (Miqueias Miquéias 6.8; Colossenses 2.20-23). Nenhuma obra praticada pela natureza humana sem conversão é vista por Deus como boa obra, mesmo que sejam atos de bondade, pois não glorificam a Deus (2 Reis 10.30; Mateus 23.23; 1 Corintios 10.31).

As obras da natureza não regenerada, ou da carne, não têm nenhum valor diante de Deus, elas não glorificam ao Senhor porque são iniciativas que não representam a sua soberana vontade (1 Corintios 10.31; Isaías 64.6).

Tudo o que fazemos sem fé é pecado; jamais receberemos alguma recompensa de Deus se não agirmos pela fé (Romanos 14.23; Tiago 1.6 -7).

3. Fé demoníaca

O crente que não ama não produz boas obras, pois o mandamento ordena amar ao Senhor e ao próximo. Aquele que usa a fé amando cumpre a lei de Cristo (Mateus 5.43-44; 1 João 4.21; Romanos 13.8-10).

Tiago ensina que não basta ter o conhecimento da existência de Deus e crer que Ele existe. A fé alojada apenas no intelecto, se não for posta em prática, é morta. Quem tem apenas o conhecimento de Deus, sem fazer uso desse conhecimento em favor do próximo, está na mesma condição dos demônios.

"Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus" - Mateus 7.21.

"Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também os demônios o crêem, e estremecem" - Tiago 2.19.

Quando o diabo tentou a Jesus, deu prova de possuir conhecimento bíblico (Mateus 4.1-11).  Os demônios sabiam quem era Jesus e confessaram o nome de Cristo (Marcos 1.24; 3.11; 5.7; Lucas 4.34). Eles reconheceram a Jesus como o Juiz e criam na existência de um lugar de castigo (Marcos 5.1-13; Lucas 8.31). Apesar de tudo isso, eles não agem segundo a vontade de Deus, e, portanto, não possuem boas obras.

A fé sem boas obras é igual a fé que os demônios possuem. Observe que ela envolve o intelecto e as emoções, porém não produz a salvação de seus portadores porque no que se refere à parte volitiva que é vontade de agir segundo Deus quer, não existe decisão pela obediência ao Senhor.

As três características da fé viva

A fé age através de três elementos: intelecto, emoção e volição. Temos um exemplo disso em Atos 2.37:

1. Parte intelectual: "Ouvindo eles estas coisas"
2. Parte emocional: "compungiu-se lhes o coração" 
3. Parte volitiva: "e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos irmãos?"

Conclusão

O poder de produzir boas obras provém do Espírito Santo que habita no coração do cristão fiel. Ninguém jamais deve pensar que possui uma fé atuante por méritos próprios. Os evangelistas Marcos e João, o escritor de Hebreus e o apóstolo Paulo esclarecem que o Espírito Santo habita em nós, que alcançamos a graça de Deus e que somente através da intercessão sacerdotal de Cristo é que temos condição de manifestar boas obras ((João 15.4-6; Lucas 11.13; Hebreus 7.25; Romanos 1.17).

Tiago converge com estes ensinamentos e dirige seus ensinos contra os que na igreja professavam fé em Cristo e na expiação pelo seu sangue, crendo que isso por si só bastava para a salvação. Eles também achavam que não era essencial no relacionamento com Cristo obedecer-lhe como Senhor. Tiago afirma que semelhante fé é inútil e que não resultará em salvação e nem em qualquer outra coisa positiva.  Também, diz que não devemo pensar que mantemos uma fé viva exclusivamente por nossos esforços.

Artigo relacionado: Da zona do meretrício à genealogia de Jesus

E.A.G.

Compilações:
Bíblia de Estudo Palavras Chaves, página 1293, edição 2011, Rio de Janeiro (CPAD).
Lições bíblicas - Mestre, Eliezer de Lira e Silva; 3º trimestre de 2014, páginas 49-55, Rio de Janeiro (CPAD).
Lições Bíblicas - Mestre, Elinaldo Renovato de Lima; 1º trimestre de 1999, páginas 40, 43-44, Rio de Janeiro (CPAD). 
Revista Exposição Bíblica - Liberdade, Fé e Prática - Gálatas e Tiago; Arival Dias Casimiro; páginas 45-49; 3ª edição em julho de 2013; Santa Bárbara d'0este/SP (Z 3 Editora Ltda). 

Provérbios 6.16-19 na tradução bíblica A Mensagem


"Aí estão as seis coisas que o Eterno detesta e as sete que ele não tolera:

olhos arrogantes,
língua que profere mentiras,
mãos que matam o inocente,
coração que planeja maldades,
pés que correm pela trilha da impiedade,
boca que mente e é cheia de falsidade,
e aquele que provoca brigas e discórdia entre irmãos."

A Mensagem - Bíblia em Linguagem Contemporânea, Eugene H. Peterson, 2011, São Paulo (Editora Vida).