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sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Tempo para o lazer


Por Ana Lúcia Leonardo Carriço 

Uma missionária, gozando de suas férias na cidade de Macaé, interior do Estado do Rio de Janeiro, aproveitou a tarde fresca da primavera e junto com a criançada da vizinhança, organizou brincadeiras e jogos; corrida de saco, de bicicleta, pular corda, soltar pipas etc. Eram momentos descontraídos e alegres que relembravam os tempos idos de infância. Numa dessas tardes prazerosas, uma criança que passava, espantada, gritou: "Mamãe, olha" É a missionária". A mãe, com olhar de reprovação, disse: "Os tempos mudaram... Parece que as missionárias não têm mais o que fazer e ficam brincando na rua, como se fossem crianças".

Como você pode observar, o lazer tem um aspecto controvertido, dando a entender que a espiritualidade é um compartimento na vida do ser humano que não se harmoniza com as outras necessidades vitais. Uns consideram o lazer como pecado; outros, como perda de tempo. Muitas formas de divertimentos são censuradas no meio evangélico e pouco se diz sobre isso como uma parte construtiva da vida.

É muito importante para a nossa saúde emocional, mental e física, que tenhamos momentos de lazer. Não basta uma noite bem dormida após o lufa-lufa diário, é preciso respirar outros ares e visualizar outras novas paisagens. O descanso é uma oportunidade para se refazer, refletir e recomeçar. O próprio deus criou o mundo e depois descansou. 

A palavra "lazer" vem do latim "licére", que significa o que é lícito, permitido. Se pensarmos bem, temos muitas oportunidades para usufruir dele, basta dividirmos sabiamente o tempo. Entretanto, lazer não é um tempo de abandono das responsabilidades para viver uma vida descontrolada durante alguns dias. O coração, órgão vital do corpo humano, sempre trabalha, mas, na verdade, ele descansa entre uma palpitação e outra. Se somente trabalhasse, não aguentaria. Se parasse de vez, morreríamos. É preciso tanto o trabalho como o descanso, e tudo em seu ritmo próprio.

Momentos de lazer são aqueles que separamos para a prática de atividades que nos trazem alegria, prazer, não estando presos à ideia de trabalho ou compromisso sério. É muito saudável a recreação em família, grupos de trabalho, grupos acadêmicos etc. Não somente a criança precisa de tempo de descontração, mas todos nós, jovens, adultos e idosos.

No livro de Êxodo, capítulo 31.51, o lazer na concepção judaica está associado ao descanso: Seis dias trabalharás, e no sétimo descansarás", ordenou o Senhor ao seu povo. A compreensão básica da relação descanso - lazer soma-se ao comportamento social do povo judeu, representado pelas festas judaicas, onde os "motivos espirituais" foram canais de expressão física e emocional através das palmas, cânticos, danças, banquetes e celebrações.

As marcas do sofrimento, da escravidão e do jugo legalista não puderam impedir a liberdade dos sentimentos, a espontaneidade e o contentamento do povo de Israel. Os reis Davi e seu filho Salomão, foram os que melhor ilustraram a natureza humana que busca a felicidade e que acha no lazer uma grande expressão da vida.

Grupos têm sofrido eventuais distorções na compreensão do conceito de lazer. De maneira hostil, aberta ou velada, sutil ou disfarçada, ele nos é apresentado como atividade não espiritual, ou ênfase mundana que tenta preencher o vazio da vida. Outros consideram os momentos lúdicos como mera perda de tempo, deixando de lado coisas mais importantes. E há até aqueles que defendem que o cristianismo privilegia o sofrimento. Portanto, o lazer, que proporciona prazer, deveria ser evitado.

Para alguns, quando o indivíduo se diverte, nega o testemunho. É preciso compreender que essa obsessão pelo testemunho indica um profundo engano acerca da espiritualidade e reflete a transferência, para o Evangelho, de conflitos de personalidade.

O descanso é fundamental, mas não pode se transformar numa estratégia de fuga. Quando interrompemos uma atividade de trabalho para, sem compromisso, nos dedicarmos a algo novo, que foge ao rotineiro, reorganizamos nossas percepções. Nos momentos de descontração, muitas vezes, surgem as soluções para determinados problemas.

A partir dessas considerações, nossa tarefa como Igreja consiste em limpar, esclarecer o seu verdadeiro sentido. E assim, eis algumas sugestões básicas para o lazer.


1. Adequação de tempo

Há pessoas que trabalham doze a quinze horas por dia, sete dias na semana e depois reclamam que não têm tempo para se divertir. São os "viciados em trabalho". Determinado trabalhador fez a seguinte colocação: "Há cinco anos não tiro férias. Aproveito para tirar em dinheiro e assim compro alguns bens para a família". Isto deixa claro a falta de respeito do trabalhador para com seu corpo e sua família. Além disso, é uma demonstração de como a sociedade capitalista e consumista pode tornar o cidadão cego.

A rotina, fonte de tensões e estresses, é a grande inimiga da saúde emocional. Um indivíduo que se torna seu escravo não se dá ao direito de recrear-se e está violando uma lei bíblica: "Há tempo para todo o propósito debaixo do céu (Eclesiastes 3.1).


2. Reuniões informais

Esses encontros s são portas abertas para o crescimento pessoal. Saber lidar com as relações interpessoais é uma arte. A vida social faz-se necessária e essencial. A habilidade social se constrói, necessariamente, por um caminho de convivência, solidariedade, respeito mútuo e esquilíbrio, bases fundamentais para o convívio humano.


3. Seja livre, relaxe.

Há quem diga que a felicidade não existe, que há apenas momentos de felicidade. Outros, que ela é relativa:depende do dia, do estado de espírito e do humor. Mas devemos entendê-la como a busca do foco interior e exterior de uma relação do ser humano com ele mesmo e com o outro. Dá trabalho, demanda tempo e esforço, mas é o passaporte para uma vida com liberdade. Há os que vivem presos ao passado, sempre lamentando o presente e têm medo do futuro; são os indivíduos cujas vidas se transformaram num caos, sem espaço para ser feliz.

Momentos descontraídos, com brincadeiras, liberam as energias. É um tempo de liberdade no extravasamento do nosso potencial: correr, pular, brincar etc. Todos temos dentro de nós um pouco de criança. Quando alguém conta uma história, a atenção do grupo é captada para a cena, é um ato que nos envolve á infância e faz muito bem. Relaxa.

Quando o lazer pede um tempo na vida do indivíduo é necessário parar e atender. Lazer não é perda de tempo, ao contrário, trata-se de investimento na saúde, um recarregar das baterias físicas e emocionais, a fim de melhorar a qualidade das atividades cotidianas. É fundamental investir naquilo que o dinheiro não compra e a posição social não propicia.

Quem trabalha de forma insana, negligenciando a própria saúde, tem vida curta no mercado, porque atinge um grau de estresse tão alto que prejudica seu rendimento. O ritmo frenético do dia-a-dia pode nos deixar com os nervos "à flor da pele", com se diz, e é exatamente aí que o grito de socorro do nosso organismo precisa ser escutado. Afinal, ninguém é super-homem e nem deve haver qualquer pretensão de competir com a máquina. A Bíblia nos aconselha a dar o devido tempo ao descanso do nosso corpo e da nossa mente. Então, vamos obedecer!


Fonte: Vida Cristã, ano 52, número 209, 4º trimestre de 2005, página 35. Centro, Rio de Janeiro.

Ana Lúcia Leonardo Carriço é pedagoga e membro da Igreja Batista Central de Jardim América, no Rio de Janeiro. 

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

A Mordomia do Cuidado com a Terra


Por Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

O salvo em Cristo deve ter uma consciência bíblica de sua responsabilidade com o meio ambiente. Para que a vida cristã seja plena e frutífera, o crente deve colocar os princípios bíblicos em prática; precisa entender que ser uma pessoa praticante das Escrituras Sagradas é o mesmo que agir como um fiel mordomo (grego, oikonomos) do Criador de todas as coisas. A mordomia cristã envolve assuntos da maior importância no Reino de Deus. Que possamos fazer uma reflexão sobre isso e desenvolver uma consciência avivada para esse assunto, tanto na esfera imaterial quanto material.


I. O HOMEM FOI CRIADO PARA SER MORDOMO DE DEUS

1. O Mordomo da Terra.

A Bíblia diz: "Porque assim diz o SENHOR, que criou os céus, o Deus que formou a terra, que a fez e a estabeleceu; que não a criou para ser um caos, mas para ser habitada: Eu sou o SENHOR, e não há outro" (Isaías 40.15 - ARC).

A programação de Deus para o planeta Terra é extraordinário. Um ambiente de paz, de harmonia espiritual e humana que transcende a compreensão limitada do homem. Dotado de sabedoria completa, Deus passou para os "filhos dos homens" a administração do planeta e de todos os seus recursos naturais. O programa do Criador demandava uma administração sábia e poderosa e para isso Deus escolheu seu administrador. O ser humano foi preparado para ser o mordomo da Terra.

A humanidade veio à existência com todas as condições para exercer a administração da Terra. Ao dar origem ao homem, Deus colocou em sua essência carências individuais e sociais. Na estrutura humana há a criatividade, necessidades físicas, como ter uma habitação, dormir e descansar, alimentar-se e reproduzir-se. Foi feito apto para aprender e ter condições de plantar, cultivar, construir famílias, sociedade e realizar empreendimentos.

Assim sendo, o ser humano é capaz de gerenciar os recursos naturais para sua sobrevivência e manutenção da Terra, preservando os recursos naturais que Deus lhe concedeu legitimidade para deles usufruir. Porém, se usar o livre arbítrio escolhendo viver completamente submisso a Deus.

2. A Terra habitável.

Em relação a alguns planetas do Sistema Solar, a Terra é muito pequena. Comparando com o tamanho de algumas estrelas, seu diâmetro é menor do que a ponta de um alfinete. Pela perspectiva das grandezas cósmicas, a Bíblia Sagrada refere-se aos habitantes da Terra de maneira peculiar, diz que o Criador considera as nações como um pingo que cai de um balde, como um grão de pó na balança e carrega as ilhas como se fossem pó fino (Isaías 40.15).

O gênero humano foi criado com as aptidões necessárias para agir eficazmente como mordomo da fauna e da flora terrestre. Para agir como mordomo do planeta, tem características diferentes dos anjos, que são seres apenas espirituais, o homem possui todas as condições  para ser excelente mordomo de todos os ecossistemas terrestres. Além das características mental e física, o Criador deu-lhe a inclinação para a espiritualidade.


II. DEUS CONCEDEU A TERRA AOS HOMENS

1. A Terra é do Senhor.

O Senhor é o dono da Terra e de todos os que habitam no planeta (Salmos 24.1). Nesta condição, Ele resolveu confiar a governança do planeta ao ser criado segundo à sua imagem, feito em conformidade com a sua semelhança. Assim o ser humano tem a grande responsabilidade de exercer a mordomia cuidando da preservação dos recursos naturais e humanos e um dia terá que prestar contas de tudo, inclusive de sua mordomia espiritual.

2. A Natureza é uma dádiva da graça de Deus.

Indescritivelmente bondoso, Deus deu e sustenta a vida de todos. Além da vida humana e na geração de cada ser vivo, Ele concede através da natureza, o ar, a água, o Sol, a chuva, a germinação das plantas, os frutos, os alimentos e tudo o que é necessário para a sobrevivência do planeta. Todas estas dádivas naturais procedem da graça divina (Mateus 5.45).

Deus é Soberano sobre todo o Universo. Todos os planetas, estrelas e outros corpos celestes e a Terra pertencem ao Criador. Ele criou tudo e preserva tudo o que fez (Salmos 104.30; 65.9-13). O cristão reconhece ao Senhor como Deus verdadeiro, o Criador da Terra e dos céus, sabe que todas as bênção advém de suas mãos por meio da natureza. Ao orar pelas refeições, agradece ao Senhor pelo alimento.

3. A missão de governar a Terra.

"Os céus são os céus do SENHOR, mas a terra ele deu aos filhos dos homens" - Salmos 115.16.

Sobre a função do ser humano na Terra, Deus decidiu delegar a ele autoridade sobre a criação no âmbito do planeta. A missão que Ele confiou ao homem, jamais confiou aos arcanjos e anjos, querubins e outros seres celestiais. Somente o ser humano recebeu a missão de ser mordomo do Criador do Universo para zelar, preservar a Terra em várias esferas da vida.

Apesar de o corpo humano ser formado do pó, o homem teve o privilégio de ser criado parecido com Deus, no que tange às características racional, moral, intelectual e espiritual (Gênesis 1.26, 27). Dotado das faculdades de raciocinar, de sentir e expressar emoções e de fazer escolhas e agir conforme o seu livre arbítrio, ser distinto entre todas as criaturas, cometeu pecado. Por causa da Queda de Adão, todos os seus descendentes se tornaram pecadores e destituídos da glória de Deus (Romanos 3.23; 5.12). Apesar de ter falhado, Deus nunca desistiu de sua obra-prima e nunca a desamparou (Salmo 8.4-6). Por intermédio de Jesus, o qual é "expressa imagem de Deus" (Hebreus 1.1-3), o homem tem a oportunidade de estar reconciliado com Deus outra vez (1 Corintios 5.18-19) e ter a sua semelhança com Deus restaurada ao estado original (1 João 3.2).

Ponderemos as sua escolhas. Se fosse pedido a nós que, depois de se nosso tempo neste mundo resumíssemos como passamos os nossos anos de vida? Em Jeremias 9.23-24, o profeta lembra que o que realmente tem importância não é tanto quanta educação adquirimos, quanto poder ou riqueza possuímos, mas se conhecemos e servimos de fato a Deus. O conhecimento espiritual e as realizações pessoais são importantes, mas não devem determinar nossas prioridades. Ao tomar decisões e fazer escolhas que moldam a nossa vida, o profeta lembra que devemos fazer do conhecimento e da mordomia bíblica nossa principal prioridade.

III. O HOMEM E SUA RELAÇÃO COM DEUS

1. A Terra antes do homem.

No segundo capítulo de Gênesis, vemos a descrição do ambiente terrestre antes do ser humano existir. A vegetação ainda brotava sem que houvesse uma pessoa a cultivando, Deus não havia permitido que chovesse sobre o solo, pois não havia quem lavrasse o campo. A Terra era preparada ao plantio por meio de um vapor que subia da superfície terrena (Gênesis 1.11-13; 2.6).

Só quando a ecologia estava perfeita, quando o planeta estava pronto para uma sobrevivência digna, saudável e feliz, foi que Deus colocou o primeiro casal no Jardim do Éden, coabitando com a natureza e os animais. Ali, corriam rios perenes. Depois de toda a disposição dos ecossistemas, o Senhor entregou ao homem a tarefa da mordomia da natureza.

Ainda em total comunhão, antes de desobedecerem a Deus, o plano do Criador para Adão e Eva, e seus descendentes, era que cuidassem das belezas edênicas, rodeados de animais em meio ao panorama fantástico do "Jardim das Delícias". Eles deveriam dominar a natureza, pois estariam incumbidos de lavrar e preservar o planeta (Gênesis 2.15).

O crente em Cristo precisa refletir profundamente consigo mesmo, manter em constante desenvolvimento a sua consciência sobre o compromisso que Deus lhe impôs quanto à mordomia bíblica em relação às esferas materiais e imateriais. Somente ao entender, colocará em prática os princípios que o Criador estabeleceu e terá uma vida frutífera como servo e mordomo da Terra.

2. A Terra depois da criação do homem.

O plano original de Deus foi prejudicado por causa da Queda de Adão, após pecar o homem perdeu a autoridade espiritual que tinha sobre os animais marinhos e terrestres e sobre tudo que há no planeta. O homem começou bem no cuidado do planeta, mas não soube levar adiante o que previra o plano de Deus. Dessa maneira, o plano de Deus incluía o papel mais importante na esfera terrena, que era o de zelar por ela.

Os cristãos verdadeiros em todo o mundo devem se esforçar para serem exemplos no trato com a vida em todas as suas proposições, evitando a poluição de recursos naturais, cuidando para que não aconteça o uso irracional do meio ambiente, pois conhecem a Palavra de Deus como revelação divina, sabem que todo o funcionamento dos ecossistemas são frutos da criação de Deus e de sua bondade para com o homem, face o seu plano glorioso para o planeta Terra (Deuteronômio 10.14; Jó 41.11).

Os dois primeiros salmos da Bíblia classificam as pessoas de acordo com sua escolha entre os dois caminhos: o caminho dos ímpios e o caminho dos que temem ao Senhor. Uma das ilusões apresentada pela serpente a Eva, e a de que a rebelião conduz o rebelde à liberdade e prosperidade. Ambos os salmos concluem que o prêmio é reservado apenas para os justos, para os rebeldes não há premiação, tudo que há é uma consequência catastrófica.

IV - A MORDOMIA DO MEIO AMBIENTE

1. A falha do homem na mordomia da Terra.

O vocábulo poluição deriva do latim "poluere", que significa “sujar”. Como mordomo dos bens naturais, o homem tem falhado ao longo da História. O interesse pelas riquezas materiais e pelo lucro financeiro induziu o homem a não se preocupar com o desenvolvimento sustentável, que é a conservação do meio ambiente, e como consequência somos afetados agora e as gerações futuras também serão prejudicadas pelas consequências ruins da poluição atmosférica, hídrica, do solo, sonora, visual, térmica, luminosa e radioativa.

O homem modifica intencionalmente os ecossistemas, urbano, agrário e natural, motivado por ganância. Agride a si mesmo, os animais e as plantas e todos os seres vivos que Deus criou para que ele zelasse. Enquanto a tecnologia avança, há progressos em áreas como a comunicação interpessoal e das massas, muitas áreas de matas e florestas são destruídas para uso do solo com a agricultura e a pecuária.

Com o surgimento das fábricas e das indústrias na Revolução Industrial, o trabalho artesanal e rural passou a ser industrial e poluente. Nesse processo, o ser humano provoca a alteração das leis naturais de ordem física, química ou biológica, de muitas formas. Diuturnamente, introduz substâncias e energias tóxicas na natureza. A fumaça suja a camada atmosférica e acarreta problemas sérios para as populações e todos os seres vivos existentes no ecossistema ao redor do planeta. O solo, as águas e o ar, antes limpos, passaram a estar contaminados com substâncias nocivas, prejudicando a qualidade de vida na Terra. Assim, as doenças se multiplicaram.

2. A degradação da Terra.

Na propensão para progredir, o homem provoca a alteração do meio ambiente. É responsável pela existência de partículas inaláveis, monóxido de carbono, dióxido de enxofre, dióxido de nitrogênio e ozônio causam danos profundos para à saúde humana. Provoca danos ambientais através do uso de agrotóxicos nas atividades agrícolas, descartes irresponsáveis o lixo nos ambientes domésticos, comerciais e industriais, e através do uso de esgotos. Polui rios, lagos, oceanos, o solo, a atmosfera e até a estratosfera.

Para quem vive nas metrópoles, é notório que os córregos, os rios, lagos e lagoas de hoje em dia possuem águas mortas; em muitas correntes fluviais não há mais condições para a existência de peixes e outras espécies de seres vivos. Por muitas décadas, no ambiente urbano brasileiro a habitação cresceu desordenadamente, não houve consciência ecológica e córregos e rios foram transformados em depósitos de dejetos. À luz da Bíblia, podemos ser categóricos ao dizer que esta situação não é vontade de Deus para o planeta. Não é fácil mas é possível que cidades e países se desenvolvam sem destruir os recursos naturais. Precisamos progredir preservando os recursos naturais, evitando o desperdício, a poluição das águas, evitando a contaminação do ecossistema.

3. A restauração da Terra.

Terra e céu renovados no fim dos tempos, a poluição ambiental acabará, o equilíbrio dos ecossistemas serão restabelecidos. Os poluentes que atualmente agridem a fauna e a flora, como o benzeno, chumbo, mercúrio, enxofre, monóxido de carbono, pesticidas, dioxinas e gás carbônico, não mais serão usados pelos homens. Esta é uma promessa de felicidade sem-fim, empenhada pelo Senhor aos seus servos. Deus fará novos céus e nova Terra. Ao longo dos séculos, o ser humano poluiu o planeta e o espaço sideral, o que está degradado precisa de renovação (Gênesis 1.31; Apocalipse 21.1).

Sobre nossas cabeças, existe o céu azulado, repleto de nuvens brancas, raios de sol e a lua e estrelas a brilhar no período noturno. Este céu pertencente à natureza física, é definido como espaço limitado, no qual se locomovem os astros, descrito como a abóboda celeste. É importante observar que há na Bíblia a narrativa escatológica sobre os termos céu e terra. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, é reconhecido que o Universo como existe hoje não é eterno, desaparecerá no modo em que é observado na atualidade, com a finalidade de dar lugar a novos céus e nova terra (Isaías 65.17; 66.22; 2 Pedro 3.10-13; Apocalipse 21.1).

Deus acabará com todo o lixo espacial na atmosfera terrestre. A quantidade de sujeira que o homem coloca no espaço é assustadora. Segundo a Agência Espacial Norte-Americana (Nasa), existem aproximadamente 500 mil pedaços de lixo e equipamentos espaciais orbitando nosso planeta. São estágios completos de foguetes desgastados, ônibus espaciais, satélites antigos desativados, tanques de combustível, efluentes de motores de foguetes sólidos, fragmentos de aparelhos defeituosos ou desintegrados.

A Agência Espacial Europeia declarou que em janeiro de 2018, existiam cerca de 30 mil objetos maiores que 10 centímetros, cerca de 750 mil objetos que variam entre 1 a 10 centímetros e cerca de 166 milhões de objetos entre 1 milímetro e 1 centímetros de tamanho. O maior pedaço de lixo espacial na órbita baixa da Terra mede cerca de 30 metros de comprimento por 16 metros de largura. Seu painel solar, de 46 metros de comprimento, dá ao satélite um perfil ainda maior. Esta espaçonave pesa 8 toneladas.

Após o Arrebatamento da Igreja, o crente fiel passará a conhecer todas as coisas boas que Deus fez em seu estado de planejamento inicial (Romanos 8.19-22; Colossenses 1.20). A condição final de toda a criação expressará de maneira perfeita e pormenorizadamente a vontade de Deus sobre a Terra: a devastação e os efeitos da devastação serão desfeitos; as consequências da destruição da biodiversidade serão desfeitas; não haverá poluição sonora, radioativa da água, do ar. Este será o  tempo em que Jesus, como Rei dos reis e Senhor dos senhores, governará tendo ao seu redor os salvos.

A humanidade atingia 900 anos antes do Dilúvio. Após o cataclismo da grande inundação, as pessoas vivem 70 anos, aproximadamente. O apóstolo Pedro, em sua segunda carta, no capítulo 2 e versículo 7, apresenta  a profecia sobre um segundo cataclismo, quando a Terra será renovada através do fogo.

Pedro afirma que a renovação do Universo será pelo fogo, ocorrerá no Dia do Juízo e no momento da renovação haverá um grande estrondo (rhoizêdon). No novo Universo, a Criação inteira será restaurada, tudo será restaurado a harmonia original (2 Pedro 3.7,10,12). Nesta fase da vida humana, a humanidade viverá em harmonia com Deus, que habitará com os homens, não haverá mortes e luto, nem pranto e dor (Apocalipse 21.1-4).

Deus pôs o arco-iris no céu para indicar que Ele não inundaria novamente a Terra (Gênesis 9.13). Mas no futuro Ele intervirá na história por meio do fogo (Isaías 66.15; Daniel 7.9-10). Não temos informações detalhadas sobre como ocorrerá a intervenção divina no planeta, porém, sabemos que existe no céu um número incontável de estrelas, cometas e asteroides; e que. no centro da esfera terrestre existe um lago de fogo, cujo líquido  ferve a uma temperatura  de aproximadamente 6.800 graus centígrados; a superfície terrestre está separada deste centro ardente por uma crosta de apenas 16 quilômetros. Além disso, toda a Criação é uma bomba com potencial por causa da sua estrutura atômica. Do mesmo que o ser humano cria a partir de átomos bombas altamente destrutivas, Deus pode desintegrar todo o Universo com uma explosão de energia atômica. Mas diferente dos homens, Ele é capaz de restaurar a composição de toda matéria, reverter a reação atômica, fazer os átomos, nêutrons, prótons e elétrons voltarem ao estado anterior, causando assim o novo céu e a nova terra.

CONCLUSÃO

Deus jamais transferiu o domínio e a propriedade da Terra para qualquer ser. Porém, em seu plano divino, fez Terra contendo o ambiente composto de todas as condições geográficas e físicas favoráveis à vida e ao desenvolvimento do homem, criado à sua imagem e semelhança, para que dominasse plenamente sobre o reino animal, vegetal e mineral, como representante do Criador.

O ser humano rebelou-se contra o Criador. Consequentemente, houve transtornos de ordem moral, física e espiritual sobre si e sobre a natureza. Deus não amaldiçoou o ser humano, mas amaldiçoou a Terra, a casa provisória do homem, que passou a ter catástrofes ambientais e ecológicas. No futuro, o Criador restaurará a Terra e todos os ecossistemas, desfazendo as atrocidades cometidas pelas ações da humanidade.

E.A.G.

Compilação

A Rocha - A Bíblia que Conduz às Escolhas Corretas. Notas e comentários John McDowell. 1ª edição novembro de 2012. Página 759. São Paulo - SP (Editora e Distribuidora Candeias).
Bíblia de Estudo MacArthur. Edição 2010. Páginas 1748 e 1749. Barueri / SP (Sociedade Bíblica do Brasil - SBB).
Escatologia - Doutrina das Últimas Coisas. Severino . Pedro da Silva, 11ª edição, 1988, página 174, Rio de Janeiro (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).
O Céu físico e o Céu como Casa de Deus e Morada dos Salvos em Cristo - Escatologia: Acontecimentos futuros no Plano da Redenção. Eliseu Antonio Gomes. Belverede.  12 de agosto de 2019. https://bit.ly/2ZVdPUg
Tempo, Bens e Talentos - Sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus tem nos dado. Elinaldo Renovato. 1ª edição 2019. Páginas 143 a 149. Bangu; Rio de Janeiro / RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Fotos históricas da Assembleia de Deus em São Paulo, capital


Missionário Daniel Berg em frente ao primeiro templo da Assembleia de Deus na capital paulista, situado no bairro do Ipiranga. A igreja foi fundada em São Paulo em 15 de novembro de 1927.


Frente do antigo templo da Assembleia de Deus, ministério Belenzinho, em 1976, na Avenida Alcântara Machado, número 616, conhecida como Radial Leste. Componentes da banda musical posam para a foto, celebrando aniversário do conjunto, então sob a batuta do maestro João Querite.


Atual sede ministerial da Assembleia de Deus - ministério Belém. Agora situada na rua Conselheiro Cotegipe, nº 273, no Belenzinho, Mooca (São Paulo /SP). E após décadas neste lugar, a sede está em vias de se mudar definitivamente para novo endereço, cuja igreja tem proporção maior e acomodação mais aconchegante à membresia e visitantes. 


Ano 2012: ainda na fase de construção.


O novo templo está localizado muito próximo da estação Belém do Metrô, encontra-se na Avenida Alcântara Machado, pista na qual esteve no passado. O templo pode ser encontrado também pelas ruas Doutor Fomm, João Tobias e Siqueira Cardoso.


Por que líderes religiosos escolhem o suicídio?


Não pretendo julgar ninguém. Sei que cada caso é um caso que precisa ser analisado de modo específico. Não fomos criados como peças padronizadas numa esteira de montagem.

Jesus Cristo nomeou doze homens como apóstolos. Os designados pelo Senhor, foram: Pedro, Tiago (filho de Zebedeu), João, André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé; Tiago (filho de Alfeu), Tadeu, Simão (zelote) , e Judas Iscariotes (Marcos 3.16-19). Judas usava uma máscara social, esteve no círculo íntimo mas não demonstrava suas reais intenções. Quando a máscara caiu, não suportou ter a verdade da sua realidade exposta perante a sociedade e enforcou-se (Mateus 27.5).

Não uso a palavra máscara apenas com o sentido de desvio de caráter. Embora haja quem a use para esconder a índole má, em muitos casos trata-se de pessoas que estão no meio cristão sem objetivos ruins. É aquele ou aquela que adota o comportamento religioso pelo fenômeno da osmose, gente que age como renascido em Cristo mas ainda não passou pela experiência da regeneração espiritual. Não foi sem propósito que Jesus disse "Não fique admirado por eu dizer: 'Vocês precisam nascer de novo' ” (João 3.7).

A minha impressão pode estar errada, mas penso que a armadilha que prende e destrói muitos religiosos, sejam eles líderes ou não, é a máscara da santidade. Explico: a pessoa cria a imagem pública diferente daquela que realmente é, e depois essa imagem o "sequestra", o indivíduo vira escravo do personagem que criou de si mesmo.

O que há de triste no meio cristão, e eu me incluo nessa condição, é que em muitas situações a pessoa conhecedora do conteúdo da Bíblia Sagrada esquece o que sabe, não pratica o que aprendeu nas Escrituras e esconde seus erros. Ao agir assim, ao invés de semear a semente da Palavra, que gera a colheita das promessas de bênçãos do Senhor, semeia ideias humanas, e com toda certeza colherá cardos e espinhos e sofrerá pela ausência das bênçãos em seus dias. Não devemos esconder que há falhas em nós, é preciso admitir que às vezes o controle foge das nossas mãos.

Paulo admitiu suas falhas. Ele escreveu: "Porque bem sabemos que a lei é espiritual. Eu, porém, sou carnal, vendido à escravidão do pecado Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto. Ora, se faço o que não quero, concordo com a lei, que é boa. Neste caso, quem faz isso já não sou eu, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim, mas não o realizá-lo. Porque não faço o bem que eu quero, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim" Romanos 7.14-20.

Todos nós desejamos ter uma vida feliz. A Bíblia tem a fórmula da felicidade. Leia-a nos Salmos 34.12-14). Para ser feliz, é necessário propor a si próprio conhecer a Bíblia e ser praticante das orientações que ela apresenta. Precisamos, periodicamente, orar, ler e meditar sobre o conteúdo das Escrituras; fazer do conhecimento bíblico a maneira de viver (Provérbios 4.7; 24.3-4). Adotar o cristianismo como estilo de vida significa abandonar a máscara em definitivo (Provérbios 28.13). A máscara é pesada, machuca a consciência e tem poder para destruir o seu portador, portanto, que o seu portador a destrua antes de ser destruído por ela.

O que eu vi de perto? Eu conheci uma pessoa vítima da máscara, era alguém do meu círculo próximo. Eu perdi este amigo porque ele ingeriu “uma tonelada” de pílulas. Ele foi parar numa UTI, passou por cirurgia, ficou em coma por dois dias, retomou a consciência por algumas horas e depois entrou em óbito.

Este amigo esteve em minha casa uns três dias antes de tomar a carga de comprimidos. Chegou fazendo surpresa, não avisou que viria, como era seu costume. Fez uma visita de despedida não declarada, só entendi isso depois.

Conversamos em reservado. Conversa séria, mas em tom de informalidade. Em minha sala de estar, ele disse que não estava mais suportando a si mesmo. Eu falava com ele e ao mesmo tempo orava em pensamento pedindo a Deus para ter a mensagem certa com palavras certas. Dialogamos sobre suicídio sem falar a palavra suicídio. Eu lhe disse o que entendia sobre esse assunto pela perspectiva da Bíblia: a nossa vida pertence a Deus, só Ele pode dá-la e tomá-la.

Tudo em vão. Ele já havia decidido o que faria. Deus não suspende o livre-arbítrio que nos deu. Passados cinco anos ainda me lembro dele neste encontro derradeiro. Saiu de minha residência segurando a mão da sua esposa. Olhou para trás em minha direção e da minha família. Acenou sorrindo. Era o riso da máscara maldita. A coitada da esposa estava de fato feliz. Foi-se para sempre. Entristeceu a esposa linda, deixou assuntos não acabados com seus dois filhos lindos, e não quis ver os netos lindos crescerem...

Uma lástima. Lastima!