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sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Por que líderes religiosos escolhem o suicídio?


Não pretendo julgar ninguém. Sei que cada caso é um caso que precisa ser analisado de modo específico. Não fomos criados como peças padronizadas numa esteira de montagem.

Jesus Cristo nomeou doze homens como apóstolos. Os designados pelo Senhor, foram: Pedro, Tiago (filho de Zebedeu), João, André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé; Tiago (filho de Alfeu), Tadeu, Simão (zelote) , e Judas Iscariotes (Marcos 3.16-19). Judas usava uma máscara social, esteve no círculo íntimo mas não demonstrava suas reais intenções. Quando a máscara caiu, não suportou ter a verdade da sua realidade exposta perante a sociedade e enforcou-se (Mateus 27.5).

Não uso a palavra máscara apenas com o sentido de desvio de caráter. Embora haja quem a use para esconder a índole má, em muitos casos trata-se de pessoas que estão no meio cristão sem objetivos ruins. É aquele ou aquela que adota o comportamento religioso pelo fenômeno da osmose, gente que age como renascido em Cristo mas ainda não passou pela experiência da regeneração espiritual. Não foi sem propósito que Jesus disse "Não fique admirado por eu dizer: 'Vocês precisam nascer de novo' ” (João 3.7).

A minha impressão pode estar errada, mas penso que a armadilha que prende e destrói muitos religiosos, sejam eles líderes ou não, é a máscara da santidade. Explico: a pessoa cria a imagem pública diferente daquela que realmente é, e depois essa imagem o "sequestra", o indivíduo vira escravo do personagem que criou de si mesmo.

O que há de triste no meio cristão, e eu me incluo nessa condição, é que em muitas situações a pessoa conhecedora do conteúdo da Bíblia Sagrada esquece o que sabe, não pratica o que aprendeu nas Escrituras e esconde seus erros. Ao agir assim, ao invés de semear a semente da Palavra, que gera a colheita das promessas de bênçãos do Senhor, semeia ideias humanas, e com toda certeza colherá cardos e espinhos e sofrerá pela ausência das bênçãos em seus dias. Não devemos esconder que há falhas em nós, é preciso admitir que às vezes o controle foge das nossas mãos.

Paulo admitiu suas falhas. Ele escreveu: "Porque bem sabemos que a lei é espiritual. Eu, porém, sou carnal, vendido à escravidão do pecado Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto. Ora, se faço o que não quero, concordo com a lei, que é boa. Neste caso, quem faz isso já não sou eu, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim, mas não o realizá-lo. Porque não faço o bem que eu quero, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim" Romanos 7.14-20.

Todos nós desejamos ter uma vida feliz. A Bíblia tem a fórmula da felicidade. Leia-a nos Salmos 34.12-14). Para ser feliz, é necessário propor a si próprio conhecer a Bíblia e ser praticante das orientações que ela apresenta. Precisamos, periodicamente, orar, ler e meditar sobre o conteúdo das Escrituras; fazer do conhecimento bíblico a maneira de viver (Provérbios 4.7; 24.3-4). Adotar o cristianismo como estilo de vida significa abandonar a máscara em definitivo (Provérbios 28.13). A máscara é pesada, machuca a consciência e tem poder para destruir o seu portador, portanto, que o seu portador a destrua antes de ser destruído por ela.

O que eu vi de perto? Eu conheci uma pessoa vítima da máscara, era alguém do meu círculo próximo. Eu perdi este amigo porque ele ingeriu “uma tonelada” de pílulas. Ele foi parar numa UTI, passou por cirurgia, ficou em coma por dois dias, retomou a consciência por algumas horas e depois entrou em óbito.

Este amigo esteve em minha casa uns três dias antes de tomar a carga de comprimidos. Chegou fazendo surpresa, não avisou que viria, como era seu costume. Fez uma visita de despedida não declarada, só entendi isso depois.

Conversamos em reservado. Conversa séria, mas em tom de informalidade. Em minha sala de estar, ele disse que não estava mais suportando a si mesmo. Eu falava com ele e ao mesmo tempo orava em pensamento pedindo a Deus para ter a mensagem certa com palavras certas. Dialogamos sobre suicídio sem falar a palavra suicídio. Eu lhe disse o que entendia sobre esse assunto pela perspectiva da Bíblia: a nossa vida pertence a Deus, só Ele pode dá-la e tomá-la.

Tudo em vão. Ele já havia decidido o que faria. Deus não suspende o livre-arbítrio que nos deu. Passados cinco anos ainda me lembro dele neste encontro derradeiro. Saiu de minha residência segurando a mão da sua esposa. Olhou para trás em minha direção e da minha família. Acenou sorrindo. Era o riso da máscara maldita. A coitada da esposa estava de fato feliz. Foi-se para sempre. Entristeceu a esposa linda, deixou assuntos não acabados com seus dois filhos lindos, e não quis ver os netos lindos crescerem...

Uma lástima. Lastima!

2 comentários:

José Edis disse...

Estes lideres são nuvens sem água, estão a muito cortados da oliveira verdadeira, nunca entregaram os seus julgos a Jesus, por isso nunca encontraram descanso.(Mt.11:28)

Eliseu Antonio Gomes disse...

Olá, José Edis.

Saiba que sinto prazer em trocar ideias com você, mesmo nas raras vezes que não convergimos no modo de pensar. Sendo aqui pelo blog Belverede, é uma novidade que sacode essa minha alegria com mais contentamento.

Como eu digitei no artigo, mas com palavras diferentes, penso que não há apenas um motivo que leve alguém a dar cabo da própria vida, porque o ser humano é um indivíduo, isto é, cada ser é diferente do outro, não existe uma só pessoa que seja igual a outra.

Considerando esta particularidade, pessoalíssima, não creio ser possível fazer uma análise do assunto, que é em extremo delicado, de maneira generalizante. Abordei apenas um ângulo do tema sabendo que existem muitos outros. Por exemplo, há o fator psiquiátrico. E sobre este lado da medicina, é sempre mais complicado, porque além de o doente precisar lidar com a falta de saúde, é comum ter que também procurar e encontrar estrutura para enfrentar o preconceito social.

Volte outras vezes, em outras matérias.

Abraço.