O que Deus faz na vida da pessoa que se arrependeu dos pecados e creu no Senhor Jesus como Senhor e Salvador? Ele realiza o processo bíblico de salvação, que se dá por meio de três aspectos: a justificação, regeneração e santificação do ser humano. A obra do Espírito Santo não cessa quando a pessoa reconhece sua culpa diante de Deus, cresce a cada etapa subsequente. No momento da conversão, nascemos de novo, dessa vez nascemos do Espírito. Ao mesmo tempo o Espírito nos integra no corpo de Jesus Cristo, que é a Igreja. Instantaneamente, somo lavados, santificados e justificados, mediante o poder do Espírito.
I - JUSTIFICADOS POR DEUS
1. A natureza da Justificação.
A justificação é algo completamente imerecido. Não é uma conquista. É uma obtenção, não uma aquisição. Mesmo a fé não é alguma boa obra que Deus precise premiar com a salvação. É um dom de Deus. Não é a causa de nossa salvação, mas o meio pelo qual a recebemos.
A ação de Deus a justificar o pecador sugerem um contexto judicial e forense. Porém, não devemos considerá-la uma ficção jurídica, como se estivéssemos justos sem no entanto, sê-lo. Realmente, os o termo justificação refere-se à nossa mudança de situação diante de Deus. É o ato pelo qual o Altíssimo declara os pecadores outrora acusados, culpados e condenados, agora livres e absolvidos com base na definitiva e satisfatória obra salvífica de Jesus Cristo operada na cruz. Por estarmos nEle, Jesus Cristo tornou-se nossa justiça (Efésios 1.4, 7, 11; e 1 Corintios 1.30).
Pela fé em Cristo e mediante a sua graça somos justificados por Deus. A fé no Filho de Deus e no seu sacrifício nos proporciona a justificação divina. Estar justificado tem como consequência direta o perdão dos pecados, a reconciliação do pecador com Deus, a segurança da salvação e a santificação da vida.
A santificação precisa ser distinguida da justificação. Na justificação Deus atribui ao crente, no momento em que recebe a Cristo, a própria justiça de Cristo, e a partir de então vê esta pessoa como se ela estivesse morrido, sido sepultada e ressuscitada em novidade de vida em Cristo (Romanos 6.6-10). É uma mudança que ocorre "de uma vez por todas" na condição legal ou judicial da pessoa de Deus.
A santificação, em contraste, é um processo progressivo, que ocorre na vida do pecador regenerado, momento a momento. Na santificação ocorre uma cura substancial da separação que havia ocorrido entre Deus e o homem, entre o homem e os seus companheiros, entre o homem e a natureza.
2. A necessidade da Justificação.
A justificação é necessária pelo fato de que o pecado levou a humanidade a contrariar as normas de justiça estabelecidas por Deus. A justificação implica em adequar o ser humano às normas que foram descumpridas, tornando-o justo e cumpridor da Lei de Cristo. A necessidade da justificação é para que nos encontremos justos e santos diante de Deus, a fim de que sejamos participantes das bênçãos da salvação e para que o Diabo não acuse o crente dos pecados que Cristo perdoou.
Assim como a regeneração leva a efeito uma mudança em nossa natureza, a justificação modifica a nossa situação diante de Deus. O termo "justificação" refere-se ao ato mediante o qual, com base na obra infinitamente justa e satisfatória de Cristo na cruz, Deus declara os pecadores condenados livres de toda a culpa do pecado e de suas consequências eternas, declarando-os plenamente justos aos seus olhos.
3. A impossibilidade da autojustificação.
A justificação não se refere ao esforço humano por santidade ou pureza, mas ao estado de retidão diante de Deus por meio de Jesus, o justo, que morreu tomando sobre si todas as acusações contra nós. O pecador é justificado pela graça de Deus somente, jamais por méritos pessoais (Romanos 3.21, 26, 28; e 4.5; Gálatas 3.11).
Os que reconhecem a necessidade de justificação são alcançados por ela. Para ilustrar essa realidade espiritual, o Senhor Jesus ensinou sobre a justificação apresentando a história de um fariseu que se justificava orgulhosamente por evitar certos pecados, mas alcançou a justificação; enquanto o publicado, que reconhecia a sua miséria diante de Deus, teve os seus pecados perdoados e sua vida justificada (Lucas 18.9-14).
O Deus que detesta "o que o ímpio justifica" mantém a sua própria justiça ao justificá-lo, porque Cristo já pagou a penalidade integral do pecado. Constamos, assim, diante de Deus como plenamente absolvidos (Provérbios 15.17; Romanos 3.21-26).
II. REGENERADOS PELO ESPÍRITO SANTO
1. A natureza da Regeneração.
Após o arrependimento e a fé, Deus nos regenera por intermédio do Espírito Santo. Depois de justificados, somos regenerados e santificados mediante a ação do Espírito Santo. A santificação é uma obra continuada, aplicada à vida do crente, realizada de maneira progressiva, pois a operação do Espírito é permanente. Sem a ação do Espírito não há salvação, justificação e nem o processo da santificação.
A regeneração não é uma reforma da natureza velha, mas a operação nova do Espírito (João 3.5 e 1.12, 13; 2 Coríntios 5.17, Efésios 2.10 e 4.24).
A regeneração é o milagre da criação de uma nova natureza interior. operado por Deus na âmago da pessoa, um fenômeno incompreensível à mente natural. É uma ação divina, decisiva e instantânea, de criar um novo homem, dando-lhe um novo coração, transformando-o em nova criação, tornando-o filho de Deus, e fazendo-o passar da morte para a vida. A regeneração espiritual é uma ação semelhante ao que profetizou o profeta Ezequiel (11.19): " Eu lhes darei um só coração, e porei um espírito novo dentro deles; tirarei deles o coração de pedra e lhes darei coração de carne."
O substantivo grego (polingenesia) traduzido por "regeneração" aparece apenas duas vezes no Novo Testamento. Mateus 19.28 emprega-o com referência aos tempos do fim. Somente em Tito 3.5 refere-se a renovação espiritual do indivíduo.
Embora o Antigo Testamento tenha em vista a nação de Israel, a Bíblia emprega várias figuras de linguagem para descrever o que acontece:
• "O Senhor 'tirará o coração de pedra e lhes dará um coração de carne (Ezequiel 11.19).
"Então aspergirei água pura sobre vocês, e vocês ficarão purificados. Eu os purificarei de todas as suas impurezas e de todos os seus ídolos. Eu lhes darei um coração novo e porei dentro de vocês um espírito novo. Tirarei de vocês o coração de pedra e lhes darei um coração de carne. Porei dentro de vocês o meu Espírito e farei com que andem nos meus estatutos, guardem e observem os meus juízos" - Ezequiel 36.25-27.
• "Porque esta é a aliança que farei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente lhes imprimirei as minhas leis, também no seu coração as inscreverei; eu serei o Deus deles, e eles serão o meu povo" - Jeremias 31.33.
• "O SENHOR, seu Deus, circuncidará o coração de vocês e o coração dos seus descendentes, para que vocês amem o SENHOR, seu Deus, de todo o coração e de toda a alma, para que vocês tenham vida" - Deuteronômio 30.6.
Mesmo após a condição de os crentes serem justificados, continuam cometendo pecados (Tiago 3.2; 1 João 1.10). Deus nos vê santos em Cristo, no entanto, nossa santificação é relativa em relação a nossa natureza inclnada ao pecado.(Romanos 7.15). Por isso, exige-se um esforço e dependência constante do Espírito Santo para a santificação.
2. A necessidade da Regeneração.
A necessidade da regeneração, isto é, o nascer de novo, vem da capacidade do homem natural para ser ou entrar no Reino de Deus. Ainda que seja inteligente, moral ou temente a Deus, o homem natural é cego às verdades espirituais e incapaz de entrar no Reino, pois ele não pode obedecer, entender, nem agradar a Deus (João 3.3, 5, 6; Salmos 54.5; Jeremias 17.9; Marcos 7.21, 23; 1 Coríntios 2.14; Romanos 8.7, 8; Efésios 2.3).
3. Consequências da Regeneração.
É possível verificar se somos regenerados por meio de algumas mudanças que passam a fazer parte de nosso viver:
• amor intenso a Deus (1 João 4.19; 5.1);
• amor pelos irmãos (1 João 3.14);
• rejeição ao estilo de vida do mundo (1 João 2.15, 16);
• amor à Palavra de Deus (Salmos 119.103; 1 Pedro 2.2);
• amor pela s almas perdidas (Romanos 9.1-3);
• desejo de estar em comunhão com Deus e adorá-lo (Salmos 42.1,2; 63.1; Efésios 5.19, 20)
• a vitória sobre o pecado, a carnalidade e as práticas contrárias ao Evangelho (1 João 5.18; Gálatas 5.16; 2 Corintios 5.17);
• o conhecimento da vontade de Deus (1 Corintios 5.12);
• o testemunho interior do Espírito Santo atestando nossa filiação ao Pai (Romanos 8.16);
o intenso interesse de praticar a justiça (1 João 2.29).
Pela experiência da regeneração o crente vem a ser participante da natureza divina e da vida de Cristo (Gálatas 2.20; Efésios 2.10 e 4.24; Colossenses 1.27; 1 Pedro 2 Pedro 1.4; 1 João 5.10-12).
III. SANTIFICADOS EM CRISTO
1. Uma consequência da salvação.
Somos salvos por meio de Cristo. Como crentes em Jesus, justificados, regenerados e santificados, devemos anunciar ao mundo as virtudes do Reino de Deus mediante a nossa maneira de viver.
Os cristãos são santificados para Deus pela redenção (Hebreus 10.9, 10). Santificar é fazer santo ou separado. Neste sentido, a santificação é o processo pelo qual o crente se afasta do pecado para viver uma vida inteiramente consagrada a Deus, desenvolvendo nele a imagem de Cristo (Romanos 8.29). Isso ocorre desde o momento em que creram (Filipenses 1.1; Hebreus 3.1);
Em experiência o crente está está sendo santificado pela obra do Espírito Santo mediante as Escrituras (João 17.17; 2 Coríntios 3.18; Efésios 5.25, 26; 1 Tessalonicenses 5.23, 26.
Quando agimos com falta de santidade, somos feridos de várias maneiras e acabamos ferindo também pessoas queridas a nossa volta. Para evitar o sofrimento da dor alheia ou até mesmo para esconder a falta de santidade, muitos acabam usando "marcaras", e, ao usá-las, tornam-se hipócritas.Por isso, a melhor maneira de evitar a falta de santidade é sermos transparentes com Deus, permitindo que Ele assuma o controle de nos vidas e livre-nos das garras do pecado.
O cristão aguarda a completa santificação na vinda do Senhor (Efésios 5.27; 1 João 3.2).
2. Um esforço pessoal.
Deus anela pela santificação de seus filhos e nossa natureza pecaminosa resiste ao processo de santificação. A Bíblia revela que devemos almejar e priorizar a santificação (Hebreus 12.14). Romanos 7.14, 21).
Às vezes, pensamos que podemos ser bons e santos em todo o tempo. Muitos cristãos têm sido aprisionados pela culpa e vivem em indignidade, não conseguindo exercer com desenvoltura seu chamado no Reino de Deus; mas o que entendem o que é a graça vivem livres da culpa, pois ninguém poderá acusá-los, nem mesmo sua própria consciência, pois ela está purificada graciosamente pela obra redentora de Cristo.
3. O desafio de sermos santos.
As Escrituras revelam que devemos almejar e priorizar a salvação, pois a nossa natureza pecaminosa insiste em resistir a esse processo. Deus anela pela santificação dos seus filhos, não por capricho divino, mas porque o pecado nos fere de morte e o nosso Pai de amor não quer ver os seus filhos feridos, mortos pelo pecado, pois isso contraria sua natureza amorosa.
Às vezes achamos que podemos ser continuamente bons e santos (1 João 1.10). Na verdade, a nossa meta deve ser essa, mas não devemos deixar de reconhecer que somos simultaneamente justos e pecadores. Em Cristo, Deus nos vê absolutamente santos; mas, em relação à nossa natureza inclinação ao pecado, nossa santificação sofre revezes. Por isso é exigido um esforço pessoal e dependência contínua do Espírito Santo para sermos santos.
CONCLUSÃO
A regeneração é uma doutrina urgente que deve ser pregada e ensinada. Uma das verdades que os crentes pentecostais não podem deixar de enfatizar é a mudança de vida como prova da verdadeira conversão em Cristo, pois a regeneração leva à santificação.
A maravilhosa doutrina da salvação precisa ser pregada, afirmada e reafirmada nos púlpitos e nas classes de escola bíblica.
E.A.G.
Compilações:
A Obra da Salvação. Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida; Claiton Ivan Pommerening; página 119; 2ª impressão 2017; Bangu/RJ (CPAD);
Ensinador Cristão; ano 18; número 72; página 41; 4º trimestre de 2017; Bangu/RJ (CPAD);
Lições Bíblicas / Professor. A Obra da Salvação - Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida; Claiton Ivan Pommerening; 4º trimestre de 2017; páginas 68 a 74; Bangu/RJ (CPAD).
Pequeno Dicionário Bíblico S. E. Mcnair, paginas 194, 195, 206 e 207, 8ª impressão 2016, Bangu/RJ (CPAD).