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segunda-feira, 23 de maio de 2016

O que é oração?


Lições Bíblicas, da CPAD, edição do 4º Trimestre de 2010, cujo título é O Poder e o Ministério da Oração — O relacionamento do cristão com Deus; escrita com comentários de Eliezer de Lira e Sergio Silva. Lição nº 1: O que é oração?
Oração é o meio que Deus proveu ao ser humano a fim de que este viesse a estabelecer um relacionamento de comunhão contínua com Ele. O método que Deus proveu com a finalidade de que este viesse a estabelecer um relacionamento de comunhão contínua com Ele. Tanto mais o cristão ora com fé no Senhor, mais desenvolve sua comunhão e submissão com o seu Criador.

No idioma original do Antigo Testamento, o substantivo feminino para “oração” é “tephillah”; significa súplica, intercessão; aparece mais de setenta e cinco vezes, sendo que trinta e duas encontram-se nas páginas dos Salmos. Este termo hebraico é próximo de outro, “tephilin”, que se refere às fitas amarradas ao redor do braço do judeu devoto, quando se preparava ao período das orações no templo.

Nas páginas do Novo Testamento, em Mateus 6.6, para o vocábulo “orares” encontramos a palavra “proseuchomai”. Esta palavra tem sentido progressivo, começa com “pros” (na direção de [Deus]); junta-se com um substantivo (“euche”: uma prece) que por sua vez liga-se com um verbo (“euchomai”: súplica, solicitação; invocação). Assim sendo, entendemos ao pés-das-letras: a prece com invocação / clamor / súplica dirigida (s) a Deus. 

Ao orar o crente deve ter em mente ao menos três propósitos: adorar a Deus, agradecer-lhe e pedir algo para si e/ou para outrem (intercessão).

Ore reverentemente, com fé e humildade (Salmos 96.9; 132.7; Mateus 4.10; 1 Timóteo 1.17; Efésios 3.20; Tiago 1.6).

Ore quando estiver vivendo no período de adversidade ou saiba que outros vivem momentos adversos (João 16.33; 1 Pedro 4.12-16; Romanos 5.3); ore também quando tudo estiver correndo muito bem (Marcos 6.45-48; Lucas 22.39-46).

Devemos orar a Deus em todas as circunstâncias dessa vida (Salmos 119.2; Jeremias 29.1 3; Efésios 6.18).

Tenha seu lugar da oração. O crente precisa de um local próprio e adequado para fazer as suas orações devocionais diárias (Mateus 6.6; Marcos 1.35; Atos 10.9).

• Ore por si mesmo. Ninguém melhor do que você para conhecer as suas necessidades espirituais, sociais, afetivas, familiares, econômicas e físicas. Há necessidades que, por sua natureza e estratégias espirituais, não podem ser do conhecimento de mais ninguém, devendo o crente, orar ao Senhor no seu íntimo.

• Interceda em favor de amigos. Siga o exemplo de Jó, que experimentando enorme sofrimento e com necessidades múltiplas, dedicava um tempo em suas orações para orar pelos seus amigos (Jó 42.10).

• Ore pelos inimigos. Não é tarefa fácil, demanda o exercício do amor, da renúncia. Só é possível se queremos realmente agradar a Deus, obedecer a sua Palavra e dominar as paixões da carne (Mateus 5.44; Romanos 12.14; Gálatas 5.16-23). Nesse aspecto Jesus Cristo é o nosso exemplo (Lucas 23.34; 1 Pedro 2.23).

Ore por todas as pessoas, conhecidas e desconhecidas, ore pelas autoridades constituídas (1 Timóteo 2.1,2). A vida de oração torna o crente sensível às necessidades dos que lhe rodeiam e dos que estão distantes, sejam eles conhecidos ou não e em qualquer esfera social, como, por exemplo, o profeta Eliseu orou (2 Reis 4.12-36).

Não existe limite para o crente viver uma vida de constante e crescente oração.

A Palavra de Deus nos estimula a orar sem cessar (1 Tessalonicenses 5.17). Também, para que não soframos prejuízos em nossos compromissos diários, diz em 1 Pedro 4.7 que precisamos vigiar enquanto oramos.

Não dê espaço para as dúvidas, combata-as lembrando que o Senhor é fiel e cumpridor de suas promessas (Marcos 11.23; Hebreus 10.23). Creia em Deus e na bondade dEle para com você. Ele te ouve e está pronto para distribuir suas bênçãos (Lucas 18.19; Hebreus 11.6).

Medite:

"Deleita-te também no Senhor, e te concederá os desejos do teu coração" - Salmos 37.4.

"Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque, aquele que pede, recebe; e, o que busca, encontra; e, ao que bate, abrir-se-lhe-á" - Mateus 7.7,8.

E.A.G.

Postagem baseada em:
Bíblia de Estudo Plenitude, páginas 447, 955, edição 2001, Barueri (Sociedade Bíblica do Brasil).
Lições Bíblicas - O Poder e o Ministério da Oração: O relacionamento do cristão com Deus; comentários de Eliezer de Lira e Sergio Silva; edição ao 4º Trimestre de 2010; Lição nº 1: O que é oração?; Rio de Janeiro (CPAD).

terça-feira, 10 de maio de 2016

O estrito sentido bíblico do vocábulo morte no Antigo e Novo Testamentos


Flor azul ao luar em ambiente escuro e pedregoso. O estrito sentido bíblico do vocábulo morte no Antigo e Novo Testamentos.
Antigo Testamento

No hebraico e em grego a palavra morte significa separação, não é unívoca, tem mais que um sentido.

No Salmo 48.14, encontramos o vocábulo “mãwet”, o substantivo é transliterado ao português como morte na Almeida Revista e Corrida. Mas, na Septuaginta este versículo tem “mãwet” vertido como “eternidade”, o que nos leva a perceber que o vocábulo também possui o sentido de "separação" real e alegórica.

O termo é usado com o sentido figurado (separação) em Gênesis 3.3: no dia que Adão e Eva pecaram, separaram-se de Deus, que deixou de conversar com o casal na viração da tarde e os afastou do Éden. Para eles, a morte física aconteceu muito tempo depois. Em sentido figurado, o termo ainda expressa a ideia de ruína, em contraste com a prosperidade e felicidade (Êxodo 10.17; Provérbios 11.19 e 12.28).

No modo literal, “mãwet”, denota a morte que ocorre por meios naturais ou violentos (Números 16.29; Juízes 16.30). Nas passagens Jó 27.15 e Jeremias 15.2, o significado está associado com as palavras pestilência, doença mortal, praga, epidemia.

“Mãwet” tem sua raiz mais primitiva em “múth” (morrer), verbo usado com o sentido de matar, executar e também morrer em paz, naturalmente, como ocorreu com Abraão na velhice (Gênesis 25.8).

O particípio presente desta forma pode indicar alguém que está morrendo (Gênesis 20.3).

Novo Testamento

No Léxico Strong, o substantivo “morte” (em grego thanatos) está posicionado com o número 2288. A definição esclarece que há o emprego dos sentidos literal e metafórico.

Thanatos alude à separação da vida de Deus para sempre, quando alguém passa pela morte física sem conhecer o dom da salvação através de Cristo; é a separação entre o homem e Deus na eternidade. Em João 11.4, thanatos fala da separação entre a alma e o corpo, quando a vida expira neste mundo físico. Em Romanos 1.32, as pessoas reprovadas por Deus e julgadas são contadas como dignas de experimentar a morte/separação dEle para sempre.

Em Mateus 4.16 e Lucas 1.79, thanatos tem comparação às regiões de espessas trevas. O apóstolo Paulo usou thanatos aludindo ao imaginário popular que personifica a morte como um agressor (Romanos 6.9 e 1 Corintios 15.26).

E.A.G.

terça-feira, 26 de abril de 2016

A maravilhosa graça


EBD - Licões-Bíblicas - Adultos: Maravilhosa Graça, o evangelho de Jesus Cristo revelado na carta aos Romanos.  Autor José Gonçalves. CPAD. Lição 5: A maravilhosa graça.
Por Eliseu Antonio Gomes

A graça é maravilhosa. Todos somos pecadores por natureza, mas Jesus, que nunca pecou devido sua natureza divina, veio para nos salvar e pagou com sacrifício por nós a culpa de nossos pecados. Ele sofreu em nosso lugar, e dessa maneira reconciliou-nos ao Pai (Isaías 53.6; Mateus 20.28; Romanos 3.25).

A influência da Carta aos Romanos na vida do avivalista inglês John Wesley

O avivamento evangélico do século 18 teve na figura de John Wesley o seu mais eminente representante. Porém, nem todos estão cientes que a Carta aos Romanos foi responsável pela profunda renovação espiritual de Wesley. A renovação espiritual que moveu a Inglaterra, iniciou em 24 de maio de 1738, quando Wesley visitou uma comunidade cristã na rua Aldersgate. Naquela noite, estava sendo lido o Prefácio de Lutero referente a Epístola aos Romanos. Assim que Wesley se expressou em seu diário: "(...) enquanto ele estava descrevendo a mudança que Deus operava no coração pela fé em Cristo, senti meu coração aquecer-se estranhamente. Senti que confiava em Cristo, somente em Cristo, para a minha salvação. Foi me dada a certeza de que Ele tinha levado embora os meus pecados, sim, os meus. E me salvado da lei do pecado e da morte".

A definição de "graça" na Bíblia

Romanos 5.20 b: "... onde o pecado abundou, superabundou a graça".

"Graça", no hebraico do Antigo Testamento, é “chen”. Significa curvar-se ou abaixar-se; é a aceitação e amor imerecidos da parte de um superior em valor e posição a um inferior. Atitude bondosa de Deus ou de um indivíduo em tempos de necessidade. Favor de Deus não merecido; salvação para os que merecem condenação (Romanos 3.24).

Outra palavra para "graça" encontrada no AT, mais de 250 vezes, é “hesed”. Esta palavra possui dois elementos essenciais. Primeiro: a ideia de força, lealdade, fidelidade. Segundo: a ideia de bondade, misericórdia. Ao associar estes elementos, captamos que "graça" tem a ver com "dedicação" e "verdade". É traduzida ao português como misericórdia, cujo significado é amor leal, firme e fiel, apontando ao auxílio divino.

Na definição do Novo Testamento, o termo "graça" é "charis" (grego), Significa bondade excepcional de Deus para com os seres humanos na condição de pecadores, para tornar possível o perdão e a salvação (João 1.14; Efésios 2.4-5). A palavra é usada cerca de cem vezes nas epístolas paulinas e vinte e quatro vez apenas em Romanos (1.5, 7; 3.24; 4.4, 16; 5.2, 15, 17, 18, 20, 21; 6.1, 14, 15; 11.5, 6; 12.3, 6; 15.15; 16.20, 24).

"Graça" é constantemente contrastada com a Lei, em que Deus exige justiça do homem (Tito 3.4, 5). Sob a graça, Ele concede justiça ao homem (Romanos 3.21, 22; 8,4; Filipenses 3.4). A misericórdia imerecida está sempre disponível para aqueles pecadores que creem no Evangelho e obedecem ao Senhor (Atos 11.23; 20.32; 2 Coríntios 9.14).

Os cristãos primitivos usavam essa palavra quando se reuniam e se saudavam (Romanos 1.7; 1 Coríntios 1.3; Gálatas 1.3).

O combate de Paulo ao Antinomismo

Como pode um indivíduo ser justificado e não viver justamente? Como consegue receber amor e não amar? Como é capaz de ser abençoado e não abençoar? Como alguém que recebe a graça não vive graciosamente? Paulo refuta tal ensino e comportamento reprováveis, cuja filosofia é identificada como antinomismo ("anti": contra; "nomi": lei moral).

Antinomismo, ou Antinomianismo, é a doutrina de que, pela fé e a graça de Deus anunciadas no Evangelho, os cristãos são libertados não só da lei de Moisés, mas de todo o legalismo e padrões morais de qualquer cultura. Também, é o modo antagônico de manifestação contra a lei e a legalidade, pode tornar-se patente através da rejeição anarquística da autoridade legislativa do Estado.

O Antinomismo é um dos maiores obstáculos contra o ensino do apóstolo Paulo quanto à maravilhosa graça de Deus, pois os promotores dessa ideia veem a graça mais como um motivo para se praticar o mal, do que para fazer o bem. Tal modo de pensar, trata-se de confusão no meio cristão, pois promove a extinção de quaisquer espécies de preceitos morais em forma de lei a ser seguida; traz implicações imorais às vidas das pessoas; faz com que se qualquer cristão exigir o mínimo de um comportamento moral do outro, logo seja denominado moralista, no sentido mais depreciativo do termo.

No capítulo 5.12-21, o apóstolo descreve a libertação do crente a partir da ação salvífica originada na graça de Jesus Cristo. E no capítulo 6, versículos 1 ao 23, mostra que a graça é oferecia ao cristão, porém, este cristão precisa corresponder à realidade da nova vida em Cristo. A regeneração, cuja graça de Deus manifestou-se em sua vida, deve rejeitar o pecado e produzir fruto para a santificação e para a vida eterna (versículo 22).

A analogia entre Adão e Cristo 

No capítulo 6 da carta aos crentes de Roma, o apóstolo Paulo aborda a questão da nova vida em Cristo; ensina que o crente não é mais escravo do pecado e que como nova criatura precisa viver para Deus, em obediência e santidade. Explica que o velho homem já foi crucificado com Cristo e, apesar disso, como nova criatura, o crente não alcança a perfeição, continua a ser tentado, mas desde o momento que decide viver pela fé, para Cristo, não é mais escravo do pecado, está livre pois Cristo habita nele.

Seja qual for o aprendiz consciencioso das Escrituras Sagradas, entenderá que Paulo não incentiva a vida em pecado. O apóstolo ensina sobre a universalidade dominante do pecado neste mundo, bem como o juízo e a morte; diz que ambos estão vinculados à pessoa de Adão (em quem o pecado superabundou). Paulo instrui sobre a entrada da justiça, o predomínio da graça, da justificação, retidão e da verdadeira vida, que estão ligadas a Jesus Cristo (em quem superabundou a graça).

O ser humano nascido de novo tem gerado dentro dele uma nova consciência que, mesmo quem não conheceu a Lei de Moisés, manifesta a ética e o comportamento baseado no Amor de Deus de maneira consciente e sincera (Gálatas 5.22-24). Ou seja, o Espírito Santo é quem convence este ser humano do pecado, da justiça e do juízo (João 16.8-11).

Conclusão

A doutrina da maravilhosa graça de Deus nos mostra que o ser humano dominado pelo pecado só pode ser livre desse domínio pela graça divina. Pela fé, morremos para o pecado e como novas criaturas vivemos em um mundo que jaz no maligno, mas desde o momento que tomamos a decisão de viver para Cristo experimentamos a vitória da graça e seus frutos: a vida neste presente século de forma sóbria, justa e piamente (Tito 2.11, 12).

A graça de Deus é colossal. É santificadora. É transformadora. Libertadora. Ela é vida, pois destrói o reinado da morte; ela é eterna, pois faz o homem levantar-se da morte para a vida plena. Atua no crente possibilitando que tenha uma vida justa e piedosa diante de Deus e dos homens.

O favor imerecido de Deus, mediante o qual os homens são salvos por meio de Cristo, não concede licença para a prática do pecado. É capaz de livrar as pessoas do senhorio do mal. Quando cheio da graça de Deus, o crente evita a impiedade, as paixões mundanas e vive a vida sensata que o Evangelho recomenda.

E.A.G.

Compilações:
Belverede, Eliseu Antonio Gomes, O Evangelho da Graça, 5 de julho de 2015, http://goo.gl/4BeUus
Bíblia do Pescador, página 1207, 1ª edição 2014, Rio de Janeiro (CPAD).
Ensinador Cristão, ano 17, nº 66, página 38, abril a junho de 2016, Rio de Janeiro (CPAD).
Lições Bíblicas - Mestre: Salvação e Justificação - Os pilares da vida cristã, Eliezer Lira, 1º trimestre de 2006,  página 33 a 40, Rio de Janeiro (CPAD).
Lições Bíblicas - Professor - Maravilhosa Graça - O evangelho de Jesus Cristo revelado na carta aos Romanos; 2º trimestre de 2016, página 35, Rio de Janeiro (CPAD).

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Definindo heresia e herege


Analisemos o versículo que se encontra no primeiro parágrafo deste artigo. O termo “heresias” (grego: haireseis”), em 2 Pedro 2.1, tem ligação com “hairemoai”. Descreve o indivíduo que faz uma escolha, porém, esta escolha não é uma opção harmoniosa, é a inclinação que gera a desunião, a dissensão, é a atitude de separação realizada com contenda, motivada por rebelião. Em síntese: heresia é a ação de rebelar-se contra a Palavra de Deus e aos que são fiéis a ela.

Por Eliseu Antonio Gomes

”E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição” – 2 Pedro 2.1.

Ontem, assisti durante a noite o Tá no Ar - a TV na TV, programa na Rede Globo, estrelado pelo humorista Marcius Melhem e uma turma de bons comediantes. Ao final do programa, foi apresentado uma paródia da música We Are The World, composição de Lionel Richie e Michael Jackson. O elenco da atração cantou a canção acompanhado de desenhos animados, cujas características lembram A Galinha Pintadinha. A letra da música impunha a ideia da necessidade de o cristão viver a sua fé adotando relações ecumênicas e de sincretismo religioso em nome da paz.

A regra de fé, conduta e ensino, do cristão autêntico é a Bíblia Sagrada. Quem ama a Deus de verdade, aceita a Jesus em seu coração como Senhor e Salvador, e coloca-o acima de tudo e todos; ama o próximo como a si mesmo - e jamais abre mão disso. A pessoa que vive a vida cristã com sinceridade, segue as diretrizes bíblicas, pois apenas ela é a sua autoridade máxima, que aponta o que é correto e o que é pecado. Quando o crente é fiel às diretrizes da Palavra de Deus, adota atitudes com firmeza e em algumas ocasiões desagradará algumas pessoas, sabendo que o mais importante é agradar ao Senhor e não aos homens (Atos 5.29; Gálatas 1.10).

sábado, 12 de março de 2016

Bem-aventurados os pobres de espírito

Bem-aventurado os pobres de espírito (  ). Menina descalça, com pés no gramado, vê lagarta sobre folha em planta no jardim. Ilustração de Donald Zolan.
Jesus falou: "Felizes são os pobres de espírito". Estranhamos estas palavras; achamos que felizes são os ricos, belos, habilidosos, inteligentes, os que não precisam de nada, nem de ninguém.

"Pobre", indica alguém que não tem absolutamente nada, Jesus não diz que pobre é santo por ser pobre, mas fala do homem que reconhece que depende de Deus para tudo.

Não é o "ter" e o "fazer" que definem  sua identidade e valor; não são suas posses nem suas habilidades, mas o caráter. Devemos viver para Deus e seu Reino, não para nós mesmos. Jesus nos convida a reconhecer nossa dependência dEle. A felicidade, segundo Cristo, começa quando deixamos tudo para segui-lo. Quando todos os recursos somem e nada mais pode ser retido, quando a salvação não pode vir de suas mãos, então o homem pode encontrar a felicidade. O pobre de espírito entende que sua vida não tem propósito fora do Criador. Não há um só recurso que não tenha origem no Criador; nem sequer existiríamos sem Ele.

"Pobreza de espírito" também indica o reconhecimento de que há em nossa vida, coisas que gostaríamos de apagar. Os humildes de espírito se deixam ensinar; reconhecem que precisam de cura e não justificam seus erros. Reconhecer as suas falhas é o início de um processo de cura e libertação interior. Pobreza espiritual é arrependimento na forma mais profunda.

Os pobres de espírito são aqueles que se rendem a Deus. Para eles, Deus é o real tesouro. Deles é o Reino dos Céus, o qual acontece sempre onde prevalece a vontade divina. Se o ego impera, não há Reino. Somente quem reconhece sua condição de pobreza deseja render-se a Deus e ao seu Reino. E onde a vontade de Deus se cumpre, ali há vida, ordem, paz, propósito e felicidade. Felizes são os pobres de espírito.

Fonte: Smilinguido - Agenda 2013, Josias Brepohl / Jaqueline J. Vogel Firzlaff, mensagem dedicada ao mês de março, Curitiba (Luz e Vida). 

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Mateus 5.31-32 em sete traduções diferentes e o significado do termo grego porneia


http://belverede.blogspot.com.brPor Eliseu Antonio Gomes

Primeiramente, é importante que esteja esclarecido que, como leitores da Bíblia Sagrada, precisamos ler e considerar o contexto do que lemos, no escopo histórico e entre os seus sessenta e seis livros.

Mateus escreveu o Evangelho de Cristo, que carrega seu nome, visando como seu público-alvo leitores judeus, porém, também, o conteúdo escrito vale para os gentios. O texto, contido no capítulo 5 e versículos 31 e 32, faz parte do famoso e longo discurso do Sermão do Monte, está endereçado aos discípulos de Cristo, os judeus convertidos e gentios convertidos, da primeira geração da Igreja até a data da volta de Jesus.

Mateus 5.31-32 em sete traduções ao idioma Português (em vermelho, a palavra traduzida).

"Estão lembrados do que dizem as Escrituras: 'Quem se divorciar de sua esposa, que o faça legalmente, dando-lhe o documento de separação e seus direitos legais'? Muitos de vocês estão essa lei como desculpa para seu egoísmo e seus caprichos, fingindo que estão fazendo algo justo só porque é legal. Por favor, parem de fingir! Se você se divorciar da sua esposa, será responsável por torná-la adúltera (a não ser que ela já o seja por ter se tornado promíscua. Se você se casar com uma adúltera divorciada, será automaticamente um adúltero. Você não pode usar a cobertura da lei para mascarar uma falha moral" - A Mensagem: Bíblia em Linguagem Contemporânea - Eugene H. Peterson, lançada pela Editora Vida em 2011.

"Também foi dito: Quem repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. Eu, porém, vos digo que todo o que repudia sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, a faz ser adúltera; e qualquer que se casar com a repudiada comete adultério" - Tradução Brasileira,  primeira impressão em 1917, edição de 2010 pela Sociedade Bíblica do Brasil.

"A Lei de Moisés diz: 'Se alguém quiser divorciar-se de sua esposa, deverá entregar-lhe um documento de divórcio'. Porém eu digo que se um homem se divorciar de sua esposa, a não ser por causa de infidelidade, faz com que ela, casando-se de novo, cometa adultério. E aquele que se casar com ela, também comete adultério" -  Nova Bíblia Viva, 2010, Editora Mundo Cristão.

"Também foi dito: Qualquer que deixar sua mulher, dê-lhe carta de desquite. Eu, porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de prostituição, faz que ela cometa adultério, e qualquer que casar com a repudiada comete adultério" - Almeida Revista e Corrigida 4ª Edição, lançada pela Sociedade Bíblica do Brasil em janeiro de 2009.

"Também foi dito: quem se divorciar de sua mulher, dê-lhe documento de divórcio. Eu, porém, vos digo que todo aquele que se divorciar de sua mulher, a não ser por causa de infidelidade. torna-a adúltera; e quem se casa com a divorciada comete adultério" - Almeida Século 21- publicação da Edições Vida Nova em 2008. 

"Foi dito: 'Aquele que se divorciar de sua mulher deverá dar-lhe certidão de divórcio'. Mas eu lhes digo que todo aquele que se divorciar de sua mulher, exceto por imoralidade sexual, faz que ela se torne adúltera, e quem se casar com a mulher divorciada estará cometendo adultério." - Sociedade Bíblica Internacional, lançada em 2000.

"Também foi dito: Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. Eu, porém, vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério" - 2ª revisão da Almeida Revista e Atualizada, publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil em 1993.

Vamos detalhar o significado de "porneia”?

O termo tem a conotação literal de prostituição. Mas, também significa "adultério" e "incesto". Figurativamente, define a idolatria religiosa. A raiz desta palavra grega é "pornôs" (de onde em nosso idioma Português usamos “pornografia”). “Pornõs” está associado com “comercializar”, “vender”, define a pessoa mercenária, corrupta, libertina, a pessoa que se relaciona com prostitutas, o indivíduo fornicário.

A tradução João Ferreira de Almeida, principalmente as versões mais antigas dela, traduz em alguns trechos a palavra grega "porneia" como "prostituição". Não é errada tal transliteração, mas também não é a melhor opção para se verter, pois "prostituição" é uma palavra que descreve ação específica. No idioma grego, "porneia" tem sentido genérico, descreve diversas práticas sexuais ilícitas, não apenas uma.

"Porneia" não descreve o estado civil de uma pessoa, se ela é solteira ou casada. Portanto, vale para solteiros, casados, viúvos.

E.A.G.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

O Tribunal de Cristo e os galardões




Por Eliseu Antonio Gomes

A abordagem deste tema é um dos mais profundos da Bíblia Sagrada. Ao meditar, a esperança que existe em nós robustece, o caminho fica iluminado para prosseguirmos na caminhada da fé, até que a trombeta que anunciará o regresso de Cristo toque nas alturas e sejamos arrebatados, encontrando com o Senhor nos ares (1 Pedro 1.3, 2 Pedro 1.19; Hebreus 12.1; 1 Coríntios 15.52; 1 Tessalonicenses 4.16). Quando assim acontecer, estaremos eternamente na mansão celestial, a qual Deus preparou para o seu povo (João 14.1-3; Hebreus 11.16).

A nossa luz deve resplandecer diante dos homens.

"Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens.Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus" - Mateus 5.13-16.

No grego koiné, luz é "phos", associado à "phõphoros", o brilho da luz, a estrela da manhã. Conota e denota a luz moral, espiritual, o conhecimento compartilhado, que esclarece e ilumina a mente, a alma, a consciência, incluindo também o bem moral, pureza, santidade, e a inevitável consequência de recebimento da recompensa e felicidade.

No sentido figurado, de modo geral, o termo "luz" representa o verdadeiro conhecimento de Deus e das coisas espirituais, é a vida cristã que se empenha a executar todas as determinações da Palavra de Deus, prazerosamente (Mateus 4.16; João 3.19; 8.12; Atos 26.18, 23; Romanos 13.12; 2 Coríntios 6.14; Efésios 5.8; 1 Pedro 2.9; 1 João 1.7; 2.8, 10).

Vemos que, nos versículos 13 ao 16 de Mateus, o cristão é comparado ao sal, à luz e com uma cidade. O sal conserva da corrupção; a luz descobre e manifesta o que há na escuridão; uma cidade é um centro de cooperação, harmonia, governo, e, quando edificada sobre um monte é totalmente visível por todos os lados.

Quando uma pessoa recebe a Jesus, com inteireza de coração, torna-se uma luz de Deus no mundo, isto é, ilumina o sistema social de seres humanos que desprezam o Evangelho do Senhor. Ao iluminar quem está na escuridão das práticas pecaminosas, as pessoas iluminadas são postas a refletir se decidem viver conforme os ensinamentos de Cristo ou não.

Aquele que divulga a proposta das Boas Novas também é comparado ao perfume de Cristo: "Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem.  Para com estes, cheiro de morte para morte; para com aqueles, aroma de vida para vida. Quem, porém, é suficiente para estas coisas. Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus - 2 Coríntios 2.15-17.

A sequência dos fatos escatológicos

1. O arrebatamento da Igreja
Será em duas etapas: Atos 1.11; Apocalipse 1.7; Judas 14; Daniel 9.25-27;
2. O Tribunal de Cristo
Apenas os salvos participarão. Todos os crentes terão que comparecer a este tribunal, que será uma sessão cujo objetivo é julgar as obras e os atos dos crentes, recompensando-os, pelo que fizeram em sua vida cristã em prol do crescimento do reino de Deus neste mundo. Na ocasião, todas as obras serão provadas pelo fogo divino e o exame divino revelará todas as intenções dos corações, colocará à mostra se as obras realizadas foram feitas com objetivos corretos ou errados. As obras categorizadas como feno madeira e palha serão consumidas pelo fogo e o seu portador não será galardoado, pois representam ações motivadas por interesses egoístas, ações feitas sob pressão ou meramente feitas pela força do hábito (Romanos 14.10; 2 Coríntios 5.9-10).
3. As Bodas do Cordeiro
João 14.1-3, Cantares 2.4.
4. A Grande Tribulação
Apocalipse 7.14.
5. A Retorno de Jesus em glória
Apocalipse 1.7; Mateus 24.30.
6. O julgamento das nações vivas
Joel 3.12-14; Mateus 25.31-46.
7. O milênio
Salmo 72; Zacarias 14.9; Isaías 2.2-3; 65.20
8. O julgamento final (trono branco)
Daniel 7.11; João 5.22-27; Filipenses 4.3; Judas 6; Apocalipse 21.27 
9. A destruição do mundo
Mateus 24.3, 35; 2 Pedro 3.12-13; Hebreus 1.10-12.
10. Os novos Céus, a Nova Terra e a Eternidade
Isaías 65.17; 66.22 Pedro 3.31; Apocalipse 20.11; 21.1.

O crente foi gerado em Jesus Cristo para realizar boas obras.

"Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas" - Efésios 2.18-10.

Neste texto, "dom" (grego "dõron") indica o ato de presentear. Será que quando recebemos um presente de alguém perguntamos a ela "quanto lhe devo?", ou dizemos o quanto ele é bonito e agradecemos?

Devemos servir a Deus com gratidão, louvor, alegria, boa disposição. 

A nossa salvação e até mesmo a nossa fé são dádivas dadas por Deus. Não existe uma só pessoa que seja capaz de salvar-se por meio de esforço pessoal, dotes de grande inteligência, ato ou serviço oferecido e desempenhado com esmero. Apenas através do reconhecimento de Jesus Cristo como Senhor e Salvador o ser humano conquista a salvação (Atos 4.10-12).

Seremos justificados ou condenados mediante as nossas palavras.

"Ou fazei a árvore boa e o seu fruto bom ou a árvore má e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore' (...) 'Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo; porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado" - Mateus 12.33, 36-37.

Justificar: "tornar", "declarar" ou "considerar como se fosse". Em questão de direito e justiça, é "absolver", "livrar de qualquer acusação" ou "imputação" (de inocência). Referindo a caráter, é "declarar justo como deveria ser"; pronunciar como "correto"; referindo-se a coisas, quer dizer considerar como "apropriado".

Condenar: Katadikasõ, em grego. Significa "emitir uma sentença contrária"; é enunciar sentença de juízo; é a declaração "culpado". O termo é sinônimo de kataginõsko, cujo significado representa ter a prova de culpa; distinguir com clareza incontestável a pessoa culpada da pessoa inocente.

Os frutos revelam a árvore. Jesus, mais que ninguém, podia submeter-se a essa prova, como também podia reprovar os judeus, porque os frutos que produziam revelava a perversidade de seus corações.

Não há condenação para aqueles que estão em Jesus Cristo.

"Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte" - Romanos 8.1-2.

O capítulo 8 de Romanos começa sem nenhuma condenação e termina sem nenhuma separação entre Deus e aqueles que estão em Cristo. Embora os cristãos lutem contra a vontade da carne e evite praticar o pecado, a ameaça de juízo condenatório foi extinta de uma vez por todas através do sacrifício de Cristo na cruz.

Quando nos aproximamos de Jesus, Deus não somente nos perdoa, como também nos adota. Deus nos adotou. A verdade inalterável é que somos dEle e Ele nos ama, Nada pode nos separar do amor de Deus (versículos 15, 38 e 39).

Através de uma sequência de eventos dramáticos, passamos de órfãos condenados, sem quaisquer perspectivas boas, a filhos adotados e sem motivos de sentir medo. Como isso acontece? Você se aproxima do trono de Deus cheio de erros, mas arrependido de tê-los cometido. Deus não pode ignorar seus pecados. Assim sendo, em uma atitude de assombrar, Ele, na Pessoa de Jesus, colocou-se no lugar de todos os pecadores, sem nunca ter cometido pecados, castigou-se a si mesmo na cruz, realizando o sacrifício perfeito, válido para todo o sempre -  para que a justiça e o amor - que nEle estão - fossem honrados. E assim, hoje você é perdoado.

Você alimenta o pensamento de que se não tivesse cometido aquele pecado Deus o amaria mais do que ama-o agora? Cometeu uma traição decepcionante, uma deslealdade muito feia, fez uma promessa e não cumpriu no tempo determinado? E agora por causa disso acha que Ele não o ama mais ou o ama menos? Pensa que Ele o amaria muito se não tivesse cometido pecado? Acredita que se fosse uma pessoa com melhores atitudes o amor de Deus por você seria mais intenso?

Pare de pensar desse jeito. O amor de Deus não é humano, Ele o vê pecando, reprova a ação de pecado, mas se você se arrepende do que fez, busca a Jesus Cristo e confessa o pecado, não deseja voltar para trás e errar outras vezes, então, recebe a justificação do Senhor para levantar-se, manter a cabeça erguida e seguir adiante em sua vida cristã (Provérbios 28.13; 1 João 1.9).

O justo juiz dará a coroa da justiça a todos que amarem a sua vinda.

"Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas caducas. Exercita-te, pessoalmente, na piedade. Pois o exercício físico para pouco é proveitoso, mas a piedade para tudo é proveitosa, porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de ser" - 1 Timóteo 4.8.

a. "A vida que há de ser"

Trata-se da vida eterna, que o crente piedoso receberá como possessão definitiva assim que Jesus Cristo arrebatar a Igreja. Ver: Marcos 10.30.31; Romanos 6; 2 Pedro 1.3.

Enquanto Jesus não vem, o crente que ama a vinda de Jesus vive neste mundo aguardando que Ele volte, procede proativamente, em todas as circunstâncias e sentidos.

b. Comparação, sim. Proibição, não

1 Timóteo 4.7 afirma que o exercício da piedade é melhor do que o exercício físico. É uma frase destacando prioridades e não uma reprovação aos cuidados que devemos ter com o nosso corpo.

Quando o coração do homem está submetido à vontade do Criador, ele é descrito no Novo Testamento como templo do Espírito Santo. 

Cabe ao cristão zelar do santuário que ele próprio é, cuidar muito bem de sua saúde,  manter o corpo ativo, para que possa corresponder à altura do que Deus requer dele neste planeta, objetivando ser servo eficiente nas mãos do Criador que o fez saudável, instrumento habilitado para toda boa obra.

Além de realizar a alimentação regrada, exercitar-se fisicamente, é preciso consultar o médico sempre que necessário, cultivar o bom hábito de estar em contato com a biosfera de maneira adequada, seja por meio de atividades físicas amenas ou esportivas, dentro do dia-a-dia como trabalhador profissional, convivendo com os entes familiares, e/ou relacionando-se na sociedade secular como gente cristã.

As páginas da Bíblia Sagrada apresentam personagens interagindo com a Natureza de múltiplas formas. Eles foram bênçãos em suas gerações e nós, os cristãos, em nossas interatividades, devemos ser também. Agir com consciência ecológica também significa amar a nós mesmos e amar o próximo.

c. O mundo criado por Deus

O elemento humano faz parte do processo vital: nasce, cresce reproduz-se, envelhece, morre. Este processo pode acontecer com mais ou menos qualidade, com maior ou menor número de anos. Em parte, o alcance da longevidade depende do nosso próprio comportamento em relação às coisas criadas, aos seres vivos de todas as espécies, ao conjunto de tudo que existe no ambiente em que estamos inseridos.

O dinamismo eficaz da trajetória de cada ser humano neste mundo reside no fator Interação Inteligente com rios, lagos, florestas e oceanos. Para haver o bom funcionamento do nosso metabolismo, haja mobilidade perfeita da nossa anatomia, é necessário que estejamos em contato interativo de maneira respeitosa com o sistema ecológico.

O que há de mais óbvio e ululante é que vivemos dentro do ecossistema, não mais em seu estado bruto, mas ainda existimos nele. Infelizmente, muitas pessoas negam-se a parar e pensar que a espécie de atitude que tomam em relação ao meio-ambiente afeta diretamente a sua composição química corporal, positiva e negativamente.

Para que o nosso organismo funcione bem, depende dos cuidados acertados em relação aos seus limites. A boa saúde depende da interatividade, do auto-conhecimento e do conhecimento sobre tudo que há ao redor.

Em breve Jesus virá e dará galardão a todos aqueles que foram fiéis.

"E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras" - Apocalipse 22.12.

No idioma original do Novo Testamento, o termo galardão remete à salário, prêmio ou recompensa por serviços prestados, tal qual o pagamento de um soldado. Também equivale ao ato de punir, colocar uma sentença em curso para fazer valer a justiça e defender a honra.

Neste versículo, o termo obra (ergon) não significa um mero trabalho, mas um trabalho difícil de ser desempenhado. O que nos faz lembrar da passagem bíblica em Mateus 7.13-14, a descrição de Jesus Cristo sobre o caminho espaçoso e fácil que leva à perdição e o caminho estreito e difícil cujo destino final é o Céu.

Outras abordagens contendo temática sobre o fim-dos-tempos aqui no Belverede:
EBD Sumário - O final de Todas as Coisas. Esperança e glória para os salvos 
E.A.G.

1ª Escola Bíblica para Obreiros, apostila, Valdir Nunes Bícego, páginas 28, 29 (Assembleia de Deus, setor Lapa, Ministério do Belém).
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, página 1647, edição 2014, impresso na Gráfica da Bíblia (RJ).
Bíblia de Estudo Devocional- Max Lucado, páginas 1410, 1411; edição 2005, Rio de Janeiro (CPAD.
Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico Grego, anexo Dicionário do Novo Testamento, páginas 2150, 2159, 2210, 2255; 2455, edição 2011, Rio de Janeiro (CPAD).
Bíblia de Estudo Explicada S. E. McNair com texto bíblico Almeida Revista e Corrigida 1995, página 1036, 1048, edição 2014, Rio de Janeiro (CPAD). 
Lições Bíblicas/Professor - O Fim de Todas as Coisas - esperança e glória para os salvos, Elinaldo Renovato, 1º trimestre de 2016, páginas 41, Rio de Janeiro (CPAD). 

domingo, 31 de janeiro de 2016

Diferentes entendimentos da felicidade e suas consequências

Os antigos criam que a felicidade dependia de um deus ou deuses. Os gregos tinham deuses volúveis e cheios de vícios que ora favoreciam, ora desgraçavam as criaturas, bastando para isso um deslize do infeliz mortal.

Havia a deusa romana Fortuna. Segundo a crença pagã, era quem distribuía as riquezas e determinava os destinos. Mas sempre era representada com os olhos vendados, pois tomava suas decisões completamente ao acaso.

Ainda hoje, muitos têm uma visão de um Deus caprichoso e volúvel com o qual temos de barganhar para ganhar seu favor. "Eu faço o que você quer e você faz o que eu quero!"

Embora cheia de crendices, a Idade Média mantinha valores nobres e elevados do Cristianismo, apontando a felicidade como resultante da relação adequada com Deus. Quebrar esse relacionamento trazia infortúnios. A felicidade significava cumprir sua missão. Foi esta a atitude do apóstolo Paulo, que, mesmo sofrendo lutas, perseguição e morte violenta, foi feliz. Ele disse: "Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé" - 2 Timóteo 4.7.

O humanismo renascentista rejeitou os valores absolutos, centrados em Deus, e transformou o homem na medida de todos os valores. Surge o relativismo ético e moral: "Se interessa ao bem da humanidade, é certo!" A felicidade passou a ser a glória e a perfeição humana. Mas que glória em a criatura senão em seu Criador? Fez-se necessário dar novo sentido ao homem, agora sem Deus como referência. Contudo, o tempo e as guerras mundiais eliminaram todo o idealismo humanista: não somos seres gloriosos, somos feras que devoram outras feras. Assim resta apenas sobreviver e tirar o máximo da vida.

Sobre isso, basta ler sobre o pensamento dos positivistas anteriores às grandes guerras e sua crença na sublimidade humana e compará-los aos existencialistas do pós-guerra. Estes últimos afrmam que o homem é um nada, um vazo sem sentido e sem esperança. Notamos facilmente a mudança de pensamento.

Muitos, então, voltaram-se ao hedonismo, pensamento que diz que o sentido da vida está no prazer. "Comamos e bebamos porque amanhã morreremos" (Isaías 22.13; 1 Coríntios 15.32). O prazer e o capital acumulado tornaram-se a única esperança de felicidade no pós-modernismo.

O Cristianismo, porém, insiste que a felicidade se encontra na relação de amor com o Criador e na realização do propósito da vida que Ele nos deu. Deus não é volúvel, inconstante e cheio de caprichos, mas fiel e constantemente amoroso. Aliás, é o seu próprio Filho quem nos dá a receita da felicidade suprema.

_________

Nota: A palavra hedonismo tem sua raiz no idioma grego, está ligada à "hedoné", que significa prazer.

E.A.G.

Smilinguido - Agenda 2013, Josias Brepohl / Jaqueline J. Vogel Firzlaff, mensagem dedicada ao mês de fevereio, Curitiba (Luz e Vida).  Publicado no blog com adaptação.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

O arrebatamento da Igreja

Por Eliseu Antonio Gomes

"De fato, nós sabemos que, quando for destruída esta barraca em que vivemos, que é o nosso corpo aqui na terra, Deus nos dará, para morarmos nela, uma casa no céu. Essa casa não foi feita por mãos humanas; foi Deus quem a fez, e ela durará para sempre. Por isso gememos enquanto vivemos nesta casa de agora, pois gostaríamos de nos mudarmos já para a nossa nova casa no céu. Aquela casa será o nosso corpo celestial" - 2 Coríntios 5.1-2; Nova Tradução na Linguagem de Hoje - NTLH (Sociedade Bíblica do Brasil).

Muitas pessoas acreditam no céu, entretanto perguntam como ele é realmente. Está em algum lugar do espaço? Como a eternidade será vivida? A Bíblia não diz exatamente como ele é, mas dá uma ideia em detalhes importantes.

O céu é o lugar onde Jesus mora e onde moraremos com Ele. É um local diferente de tudo que já tenhamos visto ou experimentado, é muito melhor do que imaginamos. Literalmente, representa um suspiro de alívio aos que sofrem e estão cansados.  onde não haverá mais dor, um ambiente em que ninguém que lá estará ficará só e não envelhecerá. Antes do arrebatamento, estamos sujeitos às intempéries da vida, mas após o arrebatamento viveremos felizes para sempre com Jesus Cristo nas Mansões Celestiais..

Quando não havia retornado ao céu, Jesus prometeu que iria preparar um lugar para seus discípulos. Agora, a morada celestial está pronta para receber a todo cujos nomes estiverem escritos no Livro da Vida (João 14.2; Apocalipse 20.15).

Em breve iremos participar das Bodas do Cordeiro. "Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou, pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos" - Apocalipse 19.7-8.

Ser arrebatado é a esperança de todo o crente. É uma esperança segura, uma vez que quem garante é o próprio Filho de Deus.

Para quem segue o curso deste mundo, aos que rejeitam a Jesus Cristo e são indiferentes ao sacrifício do Senhor na cruz, a promessa de ir morar no céu é recebida como incerta, porque não possuem perspectiva alguma sobre o futuro quanto ao que será deles mesmos na esfera espiritual.

A vinda do Filho de Deus: como se dará o arrebatamento e a ressurreição dos mortos? "Depois, nós, os que ficarmos  vivos, seremos arrebatados, juntamente com eles nas nuvens..." 1 Tessalonicenses 4.17.

O arrebatamento da Igreja é um dos acontecimentos proféticos mais alegres e impressionantes da Bíblia. Trata-se da plenitude da salvação, quando todos os salvos sobressairão sobre os pecadores impenitentes, serão glorificados por Deus através de Cristo.  Isto é esclarecido de maneira inequívoca em 1 Tessalonicenses 4.15-18. Tal texto bíblico aumenta a nossa confiança de que um dia  reencontraremos e estaremos para sempre próximos de pessoas muito queridas que já partiram e estão com o Senhor.

Todos os salvos serão arrebatados, aqueles que já entregaram suas vidas ao Salvador têm a certeza de que em breve iremos nos encontrar com Jesus Cristo. 

A vinda de Jesus ocorrerá em duas fases distintas. 

Na primeira fase, haverá o arrebatamento da Igreja. Jesus voltará  invisível aos olhos do mundo, detendo-se nas nuvens, não tocará tocará na Terra, e, em abrir e fechar de olhos, arrebatará para si todos os santos.
"O próprio Senhor descerá do céu com alarido e com som de trombetas"; os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; nós, os que estivermos vivos, e permanecermos na Terra seremos arrebatados (grego: harpazo - este vocábulo dá a ideia de rapto, ou remoção repentina, de modo súbito) juntamente com eles nas nuvens. Quando, então, encontraremos o Senhor e estaremos para sempre com Ele.
Todos os salvos que foram transformados, mediante o novo nascimento serão arrebatados.
O apóstolo Paulo revelou o que chamou de "mistério" a respeito do arrebatamento: "Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória" - 1 Coríntios 15.51-54.
Paulo explica que todos aqueles que permanecerem fiéis ao Senhor serão transformados, alguns  crentes não dormirão (morrerão), mas seus corpos serão instantaneamente transformados. Portanto, nesta ocasião, os que estiverem vivos serão arrebatados e os que morrerem em Cristo ressuscitarão para a vida eterna. Isso ocorrerá antes da Grande Tribulação.
Assim como Jesus ordenou ao defunto Lázaro que saísse para fora do túmulo, também se fará ouvido no dia do arrebatamento, então aqueles que morreram em fidelidade se levantarão e o acompanharão rumo ao céu (João 5.28; 11.43). A singularidade de sua voz ressuscitará bilhões de crentes, nos termos descritos de Salmos 29.3-9. 
A segunda fase da vinda do Senhor acontecerá sete anos mais tarde, já no fim da Grande Tribulação. Dessa vez, Ele voltará em grande poder e glória, visível aos olhos de todos e acompanhado dos santos que foram arrebatados. Virá, então, para salvar e restaurar o povo de Israel, destruir o anticristo, amarrar o Diabo e governar a Terra por mil anos.

A carne e o sangue não poderão herdar o Reino de Deus. "Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção" - 1 Coríntios 15.50.

Por causa da sua cultura, os cidadãos de Corinto não acreditavam na ressurreição. Pensavam, antes, que apenas a alma se levantaria dos mortos, deixando o corpo para trás. Porque Jesus ressuscitou dos mortos, temos esperança, salvação, vitória e bom propósito. Podemos ser confiantes na fé e diligentes em nosso trabalho.

Tenha confiança hoje por causa de tudo que Jesus fez. Ele aniquilou o poder da morte para que você possa ter a vida eterna com Ele.

Nosso corpo abatido será transformado em um corpo glorioso. "Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós. Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas. Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas" - Filipenses 3.17- 21.

Paulo desafia os crentes filipenses a imitarem a Cristo usando seu próprio padrão e exemplo comportamental. Isso certamente não quer dizer que deviam copiar tudo que o apóstolo fazia, pois tinha acabo de afirmar que não era perfeito (3.12).Mas, assim como esforçava-se para ser semelhante a Cristo, os filipenses deveriam imitar o seu esforço neste objetivo. Naquela época, Paulo não poderia pedir-lhes que lessem a Bíblia, muito provavelmente os Evangelhos ainda não tivessem sido divulgados amplamente, restava-lhe solicitar que o imitassem.

As pessoas frequentemente baseiam seu conceito próprio em suas realizações. Mas o nosso relacionamento com Cristo é muito mais importante que o nosso conhecimento, trabalho, riqueza, sucesso. O cristão é particularmente escolhido por Deus  e chamado para representá-lo às outras pessoas, seu valor não consiste em suas realizações, mas na realização do sacrifício de Jesus na cruz.

Paulo critica não só os judaizantes, mas também os cristãos comodistas, aquelas pessoas que afirmavam ser cristãs mas não viviam de acordo com o modelo de serviço e sacrifício de Cristo. Estas, embora religiosas, não aguardam a volta de Cristo, portanto, serão deixadas para trás quando a Igreja for conduzida ao Céu.

Os que permanecem fiéis até à morte receberão a coroa da vida. "Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida" - Apocalipse 2.10.

O apóstolo João escreveu várias recomendações para diversas igrejas situadas na Ásia Menor, às quais diziam respeito à fidelidade e ao fervor a Deus (2.1-29). Em resumo, emitiu a orientação de Jesus Cristo para que os cristãos mantenham os olhos fixos nEle, evite viver em pecado e aplique a Palavra de Deus em suas vidas, diuturnamente, em razão de que somente aqueles que perseverarem até o fim em sua fidelidade ao Senhor compartilharão a glória de Deus na eternidade.

Aqueles que forem fiéis farão parte da primeira ressurreição. "Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição" - Apocalipse 20.4-5.

Na oração Pai Nosso, Jesus nos ensina a alimentar o desejo de que haja o contínuo e poderoso avanço da causa de Deus sobre a Terra. Incentiva-nos a orar pedindo para que para que aumente a maravilhosa notícia da liberdade Cristo entre os desinformados e os corações dos homens converta-se a fim de que aumente a população do Reino.

Está para chegar o momento do triunfo final do Reino de Deus sobre o mal. quando Satanás será amarrado e ele com os pecadores não arrependidos serão condenados  ao sofrimento eterno.

"Maranata, ora vem Senhor Jesus" (Apocalipse 22.20). Apesar dos obstáculos que os crentes enfrentam nesta vida, todos os que tiverem a Jesus como o seu Senhor, em todas as épocas, passarão a eternidade em comunhão com Deus. Quando o Arrebatamento acontecer, as lágrimas, a ira, e as frustrações desaparecerão para sempre. Assim sendo, o desejo mais ardente do cristão deve ser que o Senhor volte logo, para que seja iniciado o processo de condução  à colheita e introduzir-se a fase conclusiva do Reino, após a Grande Tribulação, momento no qual o pecado será destruído em definitivo e a morte morrerá.

E.A.G.

Outras abordagens contendo temática sobre o fim-dos-tempos: EBD Sumário - O final de Todas as Coisas. Esperança e glória para os salvos

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, páginas 1666, 1766, edição 2004, impresso na Gráfica da Bíblia, Rio de Janeiro (CPAD).
Bíblia de Estudo Devocional- Max Lucado, páginas 1443, 1576, 1596, 1597; página 1650 do apêndice Trinta Estudos para Novos Convertidos, edição 2005, Rio de Janeiro (CPAD).
Lições Bíblicas/Professor - O Fim de Todas as Coisas - esperança e glória para os salvos, Elinaldo Renovato, 1º trimestre de 2016, páginas 34-40, Rio de Janeiro (CPAD). 

domingo, 5 de julho de 2015

O Evangelho da Graça

Por Eliseu Antonio Gomes

O apóstolo Paulo era um pastor dedicado em extremo com o rebanho do Senhor sob seus cuidados. Quando escreveu a primeira carta a Timóteo, este se encontrava em Éfeso, cumprindo a orientação de Paulo, a fim de ministrar as devidas orientações àquela igreja, ante as ameaças de falsos mestres que se infiltravam no seio dos irmãos e já estavam semeando seus ensinos perniciosos.

O jovem obreiro não era o pastor da igreja em Éfeso, mas recebera a pesada incumbência de não só advertir a igreja, mas de confrontar os que se tornaram instrumentos a serviço da semeadura das heresias. O problema era tão grave que Paulo fugiu ao seu estilo peculiar de redigir suas cartas. Normalmente, ele começava algumas de suas missivas com ações de graças (Romano 1.8; 1 Coríntios 1.4; 2 Coríntios 1.2).

O Evangelho. A palavra em si significa boas novas; por isso é alguma coisa especialmente distinta a qualquer ensino ou doutrina anterior.

Quatro características do Evangelho devem ser notadas:

1. O Evangelho do Reino. É a boa notícia que Deus propõe estabelecer na terra, em cumprimento do concerto davídico (2 Samuel 8.8), um reino político, espiritual, universal, sobre o qual o Filho de Deus, herdeiro de Davi reinará, e o qual será por mil anos, a manifestação da justiça de Deus entre os homens. Duas pregações deste Evangelho são referidas, uma passada, começando com o ministério de João Batista e terminando com a rejeição do seu Rei dos Judeus. A outra, ainda futura (Mateus 24.14), durante a Grande Tribulação, e imediatamente antes da vinda gloriosa do Rei.
2. O Evangelho da Graça de Deus. Ao desobedecer o Criador, Adão trouxe o pecado ao mundo. Então, cada ser humano nascido após a desobediência ocorrida no jardim do Éden herdou características da natureza pecaminosa. Para reverter este triste fato, Deus enviou ao mundo Jesus com a missão de resgatar a humanidade. Para resgatá-la, Cristo recebeu a condenação pelos nossos pecados sem jamais ter cometido pecado. Ele morreu na cruz em lugar de todos os pecadores e ao terceiro dia em que estava sepultado foi ressuscitado pelo Criador e agora está ao lado direito de Deus intercedendo por todos os seres humanos que o seguem como Senhor e Salvador.
Esta é a boa-nova: Jesus Cristo, o Rei rejeitado, morreu na cruz pelos pecados do mundo, ressurgiu para a nossa justificação, e que por Ele todos os que crêem são justificados de todas as coisas. 
3. O Evangelho Eterno (Apocalipse 14.6) que será pregado logo no fim da grande tribulação e imediatamente antes do julgamento das nações (Mateus 25.31). Este não é o Evangelho do Reino e nem da Graça. Embora seu tema é mais juízo do que salvação, e uma boa-nova para Israel e aqueles que tem sido salvos durante a Tribulação (Apocalipse 7.9-14; Lucas 21.28; Salmos 96.11-13; Isaías 35.4-10).
4. O que Paulo chama "meu Evangelho" (Romanos 2.16). Esse é o Evangelho da Graça de Deus no seu mais pleno desenvolvimento.
5. Há também "outro evangelho" (Gálatas 1.6; 2 Coríntios 11.4), que é falso, uma perversão do Evangelho da Graça de Deus, contra o qual somos advertidos. Nega a suficiência da graça divina para salvar, guardar, aperfeiçoar o crente, e mistura com a graça algum merecimento humano.

A graça. Os cristãos primitivos usavam essa palavra quando se reuniam e se saudavam (Romanos 1.7; 1ª Coríntios 1.3; Gálatas 1.3).

Graça, no hebraico, é “chen”. Significa curvar-se ou abaixar-se com a conotação de receber favor imerecido ou a condescendência de um ser superior por alguém inferior em valor e posição. Outra palavra para graça encontrada no Antigo Testamento mais de 250 vezes é “hesed”, traduzida ao português como misericórdia, cujo significado é amor leal, firme e fiel, apontando ao auxílio divino.

No idioma grego, usado no Novo Testamento, graça é o mesmo que bondade excepcional de Deus para com os seres humanos (como pecadores), para tornar possível o perdão e a salvação (João 1.14; Efésios 2.4-5).

"Graça a benignidade e caridade de Deus, nosso Salvador para com os homens... não por obras de justiça que houvéssemos feito" (Tito 3.4, 5), e é por isso constantemente contrastada com a Lei, em que Deus exige justiça do homem. Sob a graça, Ele concede justiça ao homem (Romanos 3.21, 22; 8,4; Filipenses 3.4).

A misericórdia imerecida está sempre disponível para aqueles pecadores que crêem no Evangelho e obedecem ao Senhor (Atos 11.23; 20.32; 2ª Coríntios 9.14). 

"Querendo ser mestres da lei, e não entendendo nem o que dizem nem o que afirmam" 1 Timóteo 1.7. Na cidade de Éfeso, onde Timóteo situava-se, certas pessoas estavam ensinando doutrina falsa, eles não compreendiam o que ensinavam (4.1-13; 6.3-5, 20-21). Eram falsos doutores de Lei de Deus, queriam ser mestres mas seu ensino não tinha nada a ver com o plano de Deus. Abandonaram o que é realmente importante e se perderam em discussões inúteis. Por isso Paulo pede a Timóteo que diga a essas pessoas que parem com isso.

Paulo cuidava da qualidade exegética das Escrituras, veementemente refutava o falso ensino do caráter judaico. Ao escrever para Timóteo, ressalta que seus expoentes desejavam ser reconhecidos como mestres da Lei, título honroso no Novo Testamento - em Atos 5.34 é aplicado a Gamaliel. Eles extraíam da Lei, a porção legal do Antigo Testamento, mitos fantásticos e preceitos ascéticos, comprovando assim que realmente não compreendiam as Escrituras. Paulo usa o título pomposo contra os hereges ironicamente. 

Himeneu e Alexandre. A Lei não foi feita para os justos, mas para os injustos (1 Timóteo 1.9-10). Os justos não estão isentos da Lei, mas por causa da graça de Deus e da nossa fé em Jesus Cristo, temos a possibilidade de fazer o que é justo. Se fizéssemos isso ininterruptamente, não precisaríamos da lei. Mas não o fazemos. Ninguém vive cem por cento justo entre os cristãos; somos "obras em andamento". Assim, necessitamos que a lei nos aponte as falhas cometidas, para que confessemos os nossos pecados e recebamos do Senhor, que é fiel e justo, o perdão e a purificação (1 João 1.9).

A relação de vícios exposta em 1 Timóteo 1.9-10 segue em parte a ordem dos dez mandamentos, particularmente, daqueles que tratam do relacionamento humano (Êxodo 20.12-16). Explicam a utilidade da Lei para arguir os iníquos e convencê-los da sua transgressão.

Himeneu e Alexandre eram dois cabeças do grupo de falsos mestres, dos quais, por sua autoridade apostólica, Paulo cassou o direito de membro da igreja. Provavelmente, é o mesmo Alexandre, que um pouco depois foi a Roma depor contra Paulo, e talvez aquele que a princípio fora seu amigo devotado (Atos 19.33; 2 Timóteo 4.14).

A conservação da boa consciência e o naufrágio (1 Timóteo1.19-20). Neste texto, encontramos um surpreendente exemplo da disciplina apostólica, que mostra como o mal se apoderara da igreja primitiva. Aprendemos que quem descuida de conservar a boa consciência é capaz de perder a fé.

Paulo caracteriza os falsos mestres como:

1. Mestres de mitos e estórias fantasiosas judaicas que se baseavam em genealogias obscuras (1.4; 4.7; Tito 1.4; 3.9);
2. Presunçosos (1.7; 6.4);
3. Argumentadores (1.4; 6.4);
4. Desejosos de ensinar a Lei, mesmo sem conhecer aquilo de pretendiam ensinar (1.7);
5. Cheios de argumentos destituídos de sentido (1.6; Tito 3.9);
6. Pessoas que usavam as suas posições de liderança religiosa para obterem vantagens financeiras pessoais.
Conclusão

Com a graça de Deus e o apoio de homens fiéis, como Timóteo e Tito, o apóstolo fez frente aos falsos mestres que se levantam para prejudicar o trabalho iniciado e desenvolvido em muitas igrejas.
Na primeira epístola a Timóteo, Paulo designou o jovem obreiro para pastorear a igreja em Éfeso, para conter a maré de heresias diversas, dentre as quais o gnosticismo e o judaísmo. Nos dias atuais, há muitas heresias infiltrando-se nas igrejas, ou surgindo no seio delas. Os líderes do povo de Deus precisam agir com sabedoria, graça, e firmeza contra essas ameaças reais.

E.A.G.

Compilações



1 e 2 Timóteo e Tito - Introdução e comentário, J.N.B Kelly, volume 14, página 55, reimpressão 2011, São Paulo (Vida Nova). As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais, Elinaldo Renovato, páginas 21, 29, 1ª edição 2015, Rio de Janeiro (CPAD). 
Bíblia de Estudo Explicada S. E. McNair com texto bíblico Almeida Revista e Corrigida 1995, páginas 1356, 1488, edição 2014, Rio de Janeiro (CPAD).
Bíblia de Estudo NTLH, página 1226, edição 2005, Barueri, (Sociedade Bíblica do Brasil) 
Bíblia de Estudo Vida. edição de 1998, página 1849; São Paulo (Editora Vida). 
Manual Bíblico Henry H. Halley, página 559, reimpressão 1998, São Paulo  (Edições Vida Nova).
Pequeno Dicionário Bíblico S. E. McNair, página 1494, © 2006 (CPAD), publicaado como apêndice à Bíblia de Estudo Explicada S. E. McNair com texto bíblico Almeida Revista e Corrigida 1995, edição 2014 (CPAD).

terça-feira, 23 de junho de 2015

Introdução à etimologia da palavra hebraica promessa

Daladier Lima

Há, em hebraico, ao menos duas palavras cuja raiz expressa diretamente uma promessa ou juramento. Abaixo as colocamos em hebraico, com sua transliteração:

A primeira é alah, e diz respeito ao compromisso objetivo, à descrição do que é acertado. Alah é da mesma raiz de Elohim, daí não ser novidade que Deus é um Deus que se compromete e cumpre (Jr 1:12).  E a segunda, dabhar, diz respeito ao ato e à palavra empenhada para a consecução do compromisso. Davar se refere ao emprego de palavras onde se promete alguma coisa, tenha o promitente consciência de suas implicações ou não. O substantivo alah ocorre muito mais vezes que o verbo no texto original, apesar de terem o mesmo formato. Uma conotação paralela vem da palavra berith, que significa aliança. De modo que quando alguém faz uma aliança (berith) com alguém, jura (alah) através de sua palavra (davar).

Nos relatos mais antigos de juramentos e alianças não existem documentos escritos, assinaturas reconhecidas em cartório, ou coisas semelhantes, para que alguém cumpra o que prometeu. Apenas a palavra é suficiente, muitas vezes assumida publicamente, à porta das cidades, na presença dos mais velhos, como recomendavam as tradições mais arcaicas. Expressa tanto juramentos entre homens, como Abraão fez com Eliezer em Gn 24, como entre Deus e os homens em Gn 6:18. Promessas do ponto de vista de Deus não precisam de assinaturas de qualquer natureza, afinal ele não é o homem para que minta (Nm 23:19)! Do ponto de vista do homem há vários exemplos de juramentos escritos, alguns dos quais do homem para com Deus, como alguns dos Salmos. O Salmo 119, por exemplo, é um juramento para seguir a Lei do Senhor.

A palavra é, portanto, a verbalização do contrato assinado mentalmente (intencionalmente) entre as partes. Documentos antigos mostram que quando o juramento tinha vulto, os contratantes imolavam e dividiam os pedaços de alguns animais. Em seguida, passavam por entre aquelas partes como a testemunhar que assim deveria ser feito a quem falhasse. É exatamente o que acontece em Gn 15:17, quando Deus se apropria de um simbolismo humano, para mostrar a Abraão seu empenho no acerto. Ainda que no caso em apreço Abraão tenha falhado, Deus permaneceu cumprindo sua parte, inclusive, exigindo em Jesus a morte que não recaíra sobre Abraão.

Há promessas de vitória (Êx 3:8) e de derrota (Dt 28:20). Deus é justo o suficiente para zelar por ambas (Na 1:2). O mesmo empenho que Ele teve para fazer com que Abraão gerasse filhos na velhice apesar de seu sorriso zombeteiro (Gn 17:17), teve para espalhar Israel pelas nações por causa da idolatria (Compare Dt 4:27 com Ne 1:8), inclusive, uma parte das tribos que foi para a Assíria não voltou do cativeiro até os dias modernos. Como dizíamos é um compromisso, para o bem ou para o mal, para a morte ou para a vida. Às vezes, um compromisso de derrota, gera uma maldição, porque se repete através de diversas gerações (Dt 5:9), o mesmo ocorre com a benção que é perpetuada nos filhos (II Rs 15:12). Curiosamente, nós só esperamos de Deus promessas de vitória, mas não é isso apenas o que a Bíblia mostra.

Como os seres humanos se especializaram na arte de falhar com os compromissos assumidos, com outros e com Deus, as promessas divinas tomaram uma relevância importante, a ponto de um salmista desiludido afirmar: É melhor confiar no Senhor do que confiar no homem (Sl 118:8), nem mesmo os príncipes são confiáveis (Sl 118:9). Quando adicionamos o ingrediente da morte, que fez com que muitas pessoas falhassem nas suas promessas, dada a finitude da vida, então restou somente Deus. E Ele não foge à sua responsabilidade quando, por exemplo, prometeu a Abraão que seus filhos voltariam para Canaã, após a quarta geração (Gn 15:16), e mesmo estando este homem ilustre morto há muitos anos, cumpriu!

Às vezes, a promessa é um objetivo a ser alcançado com a ajuda de Deus. É o que aconteceu a Israel. Embora a terra que mana leite e mel estivesse prometida, Deus estaria subordinado à disposição do povo para conquistá-la. Quando eles lutavam adequadamente a vitória era certa, caso contrário eram entregues nas mãos dos inimigos (Jz 2:14). Isto acontece para que não pensemos que fomos nós que conseguimos a vitória (Jz 7:2), para que toda a honra, a glória e o louvor sejam dados a Deus. E para que nossa vigilância não dê lugar ao comodismo. Em outras palavras, pensaríamos: se Deus prometeu, então Ele que cumpra.

Exceto, naquelas situações em que as forças humanas se acabam, quase sempre Deus usa o homem como instrumento do cumprimento de suas promessas. Até mesmo quando cumpre uma maldição. É o caso de Nabucodonosor, que Deus usou para cumprir seus juízos sobre várias nações (Ez 29:18,19). Foi a liderança de Josué, por outro lado, tonificada pela ordenança divina, que possibilitou a entrada em Canaã (Js 1:9).

Deus não está atrelado aos anos para cumprir suas promessas, basta-nos ver Gn 3:15. Do ponto de vista do homem, temos sempre pressa. Uma pressa que acaba personalizando nossa necessidade. Do ponto de vista de Deus, as coisas acontecem em pararelo umas com as outras, de maneira que situações diversas estão interconectadas. Deus promete a Abraão (Gn 15:16) que seu povo desceria ao Egito, somente para que não pereça na fome em Canaã. Uma atitude que soa desconcertante, mas que José capta bem (Gn 45:5-7). Jacó poderia pensar ser penoso que Deus não tenha o abençoado ali mesmo onde morava, mas a benção precisava repercutir. Quatrocentos e trinta anos depois é que houve o regresso. Logo, o abrangente relógio kairológico de Deus nem sempre se enquadra no restrito relógio cronológico humano (Is 55:8). Assim se expressa o salmista: Porque mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a vigília da noite (Sl 90:4).

Em alguns casos um posicionamento errado do homem pode anular uma aliança de Deus. Foi o que aconteceu a Saul, em I Sm 15. A ordem que foi-lhe dada era para destruir tudo dos amalequitas. Mas não foi cumprida. Então Deus anulou a escolha que havia feito (I Sm 10:24) e pôs outro em seu lugar (I Sm 28:17). O que nos leva a concluir que escolhas erradas possam mudar o curso de uma promessa de Deus em nossa vida. De fato, ações erradas de nossa parte podem, conforme diz a Palavra de Deus, até mesmo abreviar a vida (II Cr 35:21). Por outro lado, promessas de morte podem se tornar em promessas de vida, quando alguém ora ao Senhor, foi o que aconteceu a Ezequias (Is 38:21).

Que tenhamos paciência para aguardar o cumprimento das promessas de Deus em nossa vida. Ele não falhará!