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segunda-feira, 29 de abril de 2019

O crente e a fé insuflada por Mateus 21.21 e Hebreus 11.6

O crente e a fé insuflada por Mateus 21.21 e Hebreus 11.6. Blog Belverede. Eliseu Antonio Gomes. https://belverede.blogspot.com.br

Sobre pessoas portadoras da fé nos dias atuais, não é raro encontrar testemunhos considerados insanos, declarações que para alguns é entendida como propagação de heresias. É compreensível que seja assim, pois agir com fé é o mesmo que atravessar a linha racional, estar além da  lógica humana.

Esta postagem ocorre em consequência de uma troca de postagens em uma rede social. O que escrevo é baseado  no conhecimento bíblico adquirido pela leitura e meditação na Palavra, conhecimento este que trouxe experiências pessoais, bênçãos recebidas. Ao orarmos com fé, somos atendidos. Eu não digo "somos atendidos" retoricamente, digo isso como depoimento, testemunho cristão. Acontece comigo.

Reflexão sobre a fé

O  texto bíblico que descreve a fé é bastante conhecido, encontramos em Hebreus 11.1: "Ora, a fé é a certeza de coisas que esperamos, a convicção de fatos que não se veem". As pessoas citadas neste trecho da Bíblia são exemplos de fé que nos enchem de coragem e nos incentivam a seguir uma vida tendo a fé em ação, embora sejamos incompreendidos em diversas situações. Tais pessoas carregaram as promessas do Senhor no coração e tiveram a vida ativa dedicada ao Todo Poderoso. E assim alcançaram a graça do Senhor, nasceram de novo pelo Espírito Santo e entregaram-se a uma vida de trabalho e constante atividade no Reino de Deus. Serviram ao Pai celeste, foram desafiadas por causa da fé mas permaneceram fieis até o fim.

Ter fé não é arriscar tudo como o jogador que se lança à sorte e ao azar. O crente age com confiança que as promessas de Deus serão cumpridas integralmente e elas se cumprem na íntegra. A vida da pessoa que age crendo é uma declaração de fé por causa de suas ações. A fé é uma certeza que coloca o crente diante do sobrenatural, não é palpite e não cabe dúvida. Podemos comparar a fé com substâncias concretas, tal qual as coisas materiais e temporais são acessíveis aos nossos sentidos, a fé tem a mesma clareza do objeto perceptível. 

O foco da fé do cristão é o nosso Deus, que é o Ser Superior para o qual nada é impossível; e o acesso a Ele é em nome de Jesus, conforme a instrução e promessa de Cristo, tudo é atendido se o pedido é feito usando a fé.

Promessas aos portadores da fé no Deus que deseja nos abençoar agora

A prática de orar com fé impactante é diferente da prática da fé devocional, é mais do que crer na existência de Deus, é crer que Deus quer nos atender naquilo que pedimos. Esta crença tem o suporte da Bíblia, possui referência em Hebreus 11.6: "De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que recompensa os que o buscam."

Jesus prometeu, o seguinte: "Em verdade, em verdade lhes digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai. E tudo o que vocês pedirem em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se me pedirem alguma coisa em meu nome, eu o farei" - João 14.12-14. É importante atentar ao pronome "tudo", pois está muito bem traduzido do grego koiné ao nosso português.

Algumas pessoas afirmam que tomar a atitude conforme o ensino de Jesus neste trecho de João 14.12-14 é tratar Deus com irreverência, como se Ele fosse uma espécie de empregado ou gênio da lâmpada de Aladim. Mas o que lemos, tanto no Evangelho de João quanto em Mateus 21.21-22 são promessas bíblicas postas à disposição do crente. 

O Pai celeste nos atende quando vivemos como discípulos de Jesus, pois na condição de seguidores do Mestre buscamos ao Senhor em conformidade com a sua vontade. É verdade que Deus não responde aos interesses egoístas. Naturalmente, o crente convertido não alimenta desejos mesquinhos, sua oração não acontece em choque com a doutrina bíblica, o "tudo o que pedirdes (Mateus 21.21) está incluído em "se fizerdes tudo o que vos mando" (João 15;14).

Quando o crente ora, lembrando-se que tudo o que solicita com fé é atendido, não age de modo repreensível, não está fora do padrão do ensino de Jesus. Sua oração não está passível de contestação, pois resulta da aprendizagem oriunda do ensino de Cristo (Mateus 6.9-13; 21.22). Quem ora assim, considera "venha o teu reino; seja feita a tua vontade assim na terra como no céu".

Deus, o Pai perfeito

O Novo Testamento apresenta a Deus como aquEle que é realmente bom, quando comparado a pessoas boníssimas. Deus não alimenta nenhuma maldade, é o eficiente promotor do bem. Sua bondade é completa e está relacionada a sua justiça impecável. Ele a ninguém tenta porque não é possível que seja corrompido pelo mal (Lucas 18.19; Tiago 1.13, 17).

Na condição de Ser Supremo, o Absoluto, o Incomparável, o Altíssimo, Deus é descrito por Jesus como nosso Pai. Ele é o  Pai Eterno, o  Pai de amor, o Pai Celestial. Ao apresentar o modelo de oração aos cristãos, Cristo nos ensina a buscarmos a Deus na condição de uma figura paternal de uma família. 

"Portanto, orem assim: 'Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu Reino;  seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia nos dá hoje;  e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também perdoamos aos nossos devedores;  e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal [pois teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém]!" -  em Mateus 6.6. 

Na Oração Pai Nosso, Jesus nos deu a orientação sobre o que é orar, observamos que nos ensina a buscar a Deus como seus filhos amados. Ainda sobre a oração, Jesus disse o seguinte: "Peçam e lhes será dado; busquem e acharão; batam, e a porta será aberta para vocês. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate, a porta será aberta. Ou quem de vocês, se o filho pedir pão, lhe dará uma pedra"- Mateus 7.7-9.

Não é ao acaso que o Reino de Deus é citado na oração Pai Nosso. O Reino de Deus está presente no cotidiano do crente convertido a Jesus Cristo, é uma realidade incontestável a  todos os seguidores de Cristo. Mas esta situação não é compreendida perfeitamente pelas pessoas que criticam a oração do crente que agrada ao Pai celeste o buscando em oração movida pela fé de que Ele é galardoador por excelência. É importante refletir que se servimos a Deus com inteireza de coração, somos cidadãos do Reino porque vivemos o padrão comportamental cristão, embora ainda vivamos como peregrinos aqui na terra.

Os pais humanos, de filhos biológicos ou adotivos, mesmo sendo imperfeitos, geralmente desejam o bem-estar da sua prole, quanto mais o Pai celeste deseja nos ver em boa condição. Na sociedade, um pai tem a função de amar e educar uma criança, respondendo às suas necessidades básicas, com o objetivo de que ocorra o seu desenvolvimento quanto ao aspecto físico, emocional, psicológico e espiritual de modo perfeitamente saudável. No parâmetro desta perspectiva, quanto à noção cristã e bíblica da fé, devemos crer que Deus, nosso Pai celeste, deseja atender a nossa oração.

Conclusão

Heresias  se propagam por aí todos os dias. Não nos interessam conceitos de fé que não estão em acordo com a doutrina bíblica. Portanto, precisamos cuidar constantemente do verdadeiro ensino bíblico. É sempre necessário buscar o aprendizado sobre o conteúdo da Bíblia, todos os crentes precisam aprender sobre as Escrituras, ininterruptamente. Aprendizagem requer ensino, estudo, prova de conhecimento e aprovação, é o que afirma com razão um catedrático e amigo evangélico.  

Algumas vezes, obtive respostas inacreditáveis baseando-me em Mateus 21.22 e tenho certeza que não sou o único. É claro que esta convicção está acompanhada de reverência, não faço uso da minha fé, na disposição do Pai celeste em me atender, com trivialidades. Então, em casos e coisas que estão ao meu alcance, faço uso da minha capacidade e oportunidades que estão ao meu alcance. Pois as possibilidades são da competência humana e as impossibilidades estão na esfera divina.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

A Superioridade de Jesus em relação a Moisés

Por Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

Os cristãos neotestamentários, da época do autor da Carta aos Hebreus corriam o risco de ouvir mas não atender, ver e não crer e o perigo de começar mas não chegar ao fim da jornada de fé.

I - UMA TAREFA SUPERIOR

1. Uma vocação superior.

Na Carta aos Hebreus, está manifestada com clareza a superioridade da pregação de Jesus em relação ao sermão de Moisés. A base que o escritor usa para incluir o assunto sobre a vocação superior de Jesus é o fato de Jesus ser o autor e mediador da nossa salvação (Hebreus 2.14-18).

A Antiga Aliança apresenta Moisés como "apóstolo", isto é, o mensageiro de Deus da Aliança com o povo de Israel, e o seu irmão Arão, como sumo sacerdote do povo de Deus, respectivamente. Essa antiga dispensação deu lugar a uma nova ordem, a um novo concerto em que Cristo Jesus se apresenta como executor desses dois ofícios. Agora, Ele é o Apóstolo da Nova Aliança e o Sumo Sacerdote perfeito.

O apóstolo era alguém enviado em uma missão, enquanto o sacerdote atuava como um representante dos homens diante de Deus. Jesus exerce essas funções mais do que qualquer outra pessoa do antigo pacto. 

2. Uma missão superior.

Em Atos 3.22-26, Pedro apresenta Jesus como o profeta semelhante a Moisés, lembra aos ouvintes a aliança com Abraão, muito importante para se entender a obra de Cristo, aponta para Jesus que é quem traz a bênção prometida e que cumpre a aliança com Abraão - e não apenas a Lei dada por meio de Moisés.

Então, podemos abordar o assunto sobre a supremacia de Jesus Cristo dirigindo a nossa atenção para Mateus, capítulo 16 e versículo 18: "...edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela". São dignos de nota o verbo "edificarei" e o pronome possessivo "minha".

3. Uma mediação superior.

Existe superioridade da vocação, da missão e da mediação de Jesus em relação a Moisés.

Na sua missão salvífica, Jesus foi concebido por Deus como o grande Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa salvação. John Wesley traduziu a palavra apóstolo como "mensageiro de Deus que pleiteia a causa de Deus conosco", e o termo sumo sacerdote como "aquele que defende nossa causa com Deus". Wesley lembra que ambos os termos estão contidos na palavra "mediador", e que o autor da Carta aos Hebreus compara Cristo, na função de Apóstolo, com Moisés, e a atividade de Sacerdote, com a atividade sacerdotal de Arão. Sendo que Cristo ao carregar os dois ofícios, os desempenha de maneira muito mais eficaz.

II - UMA AUTORIDADE SUPERIOR

1. Construtor, não apenas administrador.

O capítulo 3, versículos 1 ao 19, da Carta aos Hebreus, aborda a supremacia do Filho de Deus, demarca a proeminência de Jesus em relação a Moisés, o legislador de Israel.

Lembra que Moisés foi um mordomo fiel na Casa de Deus, habitação essa que não era o tabernáculo, mas a moradia de Deus, uma comunidade de fé ou o povo de Deus. Também, Hebreus 3.1-19, ainda recorda que Moisés era legislador desta casa enquanto fazia parte dela, era o legislador dos hebreus durante a peregrinação no deserto. Destaca que Jesus é o construtor dessa Casa de Deus, é o Salvador é o dono deste povo peregrino.

O escritor de Hebreus usa essa metáfora como uma analogia da missão de Jesus, o Filho de Deus. Assim como Moisés, Jesus também foi fiel sobre a Casa de Deus, que é a igreja. A Igreja do Deus vivo não é um prédio e nem qualquer outra estrutura arquitetônica, entretanto, efetivamente, o povo comprado com o sangue de Jesus Cristo.

A Carta aos Hebreus evidencia o Senhor Jesus como o construtor da Nova Aliança; o Filho amado de Deus; o ministro excelente da Igreja de Deus. Expõe claramente a superioridade de Cristo em relação a Moisés, tanto quanto à tarefa, como à autoridade e o discurso.

Categoricamente, afirma que é Cristo quem construiu, edificou e ergueu o povo de Deus. Em tudo foi superior a Moisés na Casa de Deus, embora Moisés fosse um líder proeminente e figura exemplar entre os judeus, ele não edificou os judeus, mas se achou parte dele.

Hebreus 3.2 é uma referência a Números 12.7, sendo que nesse contexto "casa" também significa "família" e é aplicada em relação aos povo de Deus na antiga aliança.

2. Filho, não apenas servo

O autor sabe da grande estima que Moisés possuía dentro da comunidade judaico-cristã e por isso é extremamente cuidadoso ao usar as palavras.

"E, na verdade, Moisés foi fiel em toda a sua casa, como servo, para testemunho das coisas que se haviam de anunciar; mas Cristo, como Filho, sobre a sua própria casa; a qual casa somos nós, se tão somente conservarmos firme a confiança e a glória da esperança até ao fim" - Hebreus 3.5-6.

Em vez de usar o termo doulos (servo), vocábulo usado para se referir a um escravo ou serviçal, ele usa outro vocábulo, therápôn. Essa palavra só aparece aqui no Novo Testamento e é traduzida como servo ou ministro. A ideia expressa é de um serviço que é prestado de forma voluntária entre duas pessoas que se relacionam bem. Assim era Moisés com o seu Deus. Mas o autor deixa claro que esse relacionamento de Moisés com Deus não podia se equiparar ao de Deus com o seu Filho, Jesus.

3. Uma igreja, não apenas tabernáculo. 

Alguns autores entendem que a expressão "Casa de Deus" usada em relação a Moisés pode se referir ao tabernáculo como centro do culto mosaico no deserto, enquanto outros veem como uma referência à antiga congregação do povo de Deus do êxodo. Em todo caso, a ideia gira em torno do povo de Deus que adora na Antiga Aliança. Moisés foi um ministro de Deus no culto da congregação do deserto. Mas Jesus, como Filho é o ministro da Igreja, o povo de Deus na Nova Aliança, "a qual casa somos nó" (Hebreus 3.6).

3-1. O perigo de começar, mas não terminar.

Os israelitas deixaram de opor-se ao pecado e de manter-se fiéis a Deus, por isso foram proibidos por Deus de entrar na Terra Santa. No texto de Hebreus 3.16-19, a crise de Israel em iniciar e não concluir a jornada rumo à Canaã, é descrita como provocação ou rebelião (versículo 16), pecado (17), desobediência (18) e incredulidade (19). Não foi um decreto de Deus que impediu os hebreus de entrarem na Terra Prometida; não foi porque lhes faltavam a força para fazê-lo; não foi porque faltou-lhes o conselho divino instruindo-os como deveriam fazer. Tudo isso eles tinham em abundância; pelo que escolheram pecar e desprezar ao Senhor.

A Terra Prometida ao judeus é uma figura para falar sobre a salvação por meio de Cristo (Hebreus 4.1). O descanso é uma metáfora às bênçãos eternas que Deus prometeu (Hebreus 9.15). Ambos os termos são o mesmo que o Reino do Céu (Mateus 4.17) ou a vida eterna (João 3.16).  Portanto, conclui o autor, façamos tudo para receber tamanha dádiva. E, o Espirito nos avisa que Deus não prosseguirá insistindo conosco indefinidamente se endurecermos os nossos corações em teimosia.

Os crentes de hoje são aconselhados e lembrados que são participantes da vocação celestial (1 Pedro 1.10). Somos chamados a permanecer em Cristo e, enquanto permanecermos nEle, estaremos seguros. Somos exortados a ser fiéis a esse chamado, tendo sempre em mente que a necessidade de vigilância precisa estar sempre presente para evitar o decair da fé. Os crentes precisam admitir que eles, do mesmo modo que os contemporâneos de Moisés, arriscam-se a ficar fora do repouso divino, se forem desobedientes e permitirem que seus corações sejam insensíveis.

Embora Deus tenha prometido a possibilidade de entrarem em seu descanso, alguns arriscam-se a não experimentar a graça salvadora por causa da provocação ou rebelião, do pecado, desobediência e incredulidade. A descrença produz desobediência, a incredulidade por sua vez leva à cegueira mental e dureza de coração. Foi exatamente por este motivo que o juízo e a ira de Deus veio sobre os judeus que se rebelaram no deserto, nenhum rebelde escapou das consequências de suas escolhas ruins.

III- UM DISCURSO SUPERIOR

1. O perigo de ouvir, mas não atender.

Moisés havia declarado: "O SENHOR, seu Deus, fará com que do meio de vocês, do meio dos seus irmãos, se levante um profeta semelhante a mim; a ele vocês devem ouvir" (Deuteronômio 18.15).

Seria normal afirmar que em Josué aconteceu o cumprimento dessa profecia. Josué, o continuador do ministério de Moisés, de fato surgiu depois deste e tornou-se um notável libertador de sua época. Surgiu, porém, outro Josué (na língua hebraica, os nomes Josué e Jesus são idênticos). Os cristãos primitivos reconheciam Jesus como o derradeiro cumprimento da profecia de Moisés.

Ao confessarmos a Jesus como Salvador, concordamos que Ele em tudo tem primazia. Ele é o Senhor. Ele é maior do que tudo e do que todos; Ele e somente Ele é a razão do nosso viver. Portanto, devemos ouvir e atender aos seguintes chamados:
• Jesus nos chama a buscar a perfeição que há em Deus (Mateus 5.48)
• Paulo solicita que cheguemos ao conhecimento pleno de Cristo (Filipenses 3.7-10);
• Devemos atender ao chamado à unidade da fé (Efésios 4.1-5);
• Paulo nos chama ao esforço para alcançar à medida da estatura de Cristo (Efésios 4.13).
2 . O perigo de ver, mas não crer.

"Ele é o nosso Deus, e nós somos povo do seu pasto e ovelhas de sua mão. Hoje, se ouvirem a sua voz, não endureçam o coração, como em Meribá, como naquele dia em Massá, no deserto, quando os pais de vocês me tentaram, pondo-me à prova, apesar de terem visto as minhas obras. Durante quarenta anos, estive irritado com essa geração e disse: 'Este é um povo que gosta de se desviar; eles não conhecem os meus caminhos.' Por isso, jurei na minha ira: 'Eles não entrarão no meu descanso' "- Salmos 95.7-11.

A Carta aos Hebreus (4.15) reflete sobre a probabilidade de manter-se firme na fé ou de abandoná-la como uma alternativa existente. O escritor menciona Salmos 95.7-11 para admoestar aos crentes sob o novo concerto. Pega como ilustração a segunda escolha referindo-se à destruição dos hebreus rebeldes no deserto após sua gloriosa libertação do Egito.

A doutrina de Cristo nos instrui a sermos vigilantes, pois existe o risco de ouvir o conselho, mas não obedecer à advertência; a inconveniência de contemplar, porém não acreditar que a revelação seja verdadeira.

Os cristãos precisam tomar este episódio como exemplo.  Se procedermos com letargia aos alertas do Espírito Santo, nossos corações se tornarão cada vez mais inflexíveis e rebeldes a ponto de se tornarem insensíveis à Palavra de Deus. O Espírito comunica-se com cada um de nós com súplicas, fala-nos sobre as consequências da prática do pecado. Atentemos ao apelo contido nas Escrituras Sagradas (João 16.8-11; Romanos 8.11-14; Gálatas 5.16-25).

Diferente do comportamento dos judeus no deserto, que não atentaram para as palavras de Moisés, nós, seguidores de Cristo, tenhamos a devida atenção ao mandamento do Filho, o edificador do povo de Deus, e não nos deixemos induzir pelo engano do pecado. Que para nós a verdade e o levar a vida em integridade sejam prioridades, e que busquemos andar nos caminhos de Deus e jamais procuremos os prazeres nas maneiras que o mundo age.

2-1. A humilhação do servo.

Jesus Cristo cumpriu plenamente a profecia do Servo Sofredor (Isaías 53). Antes de vir ao mundo, Cristo desfrutava de completa igualdade com o Pai (João 17.24). Todavia, com o propósito de tirar o pecado do mundo, abriu mão voluntariamente dos privilégios e da glória de sua autoridade celestial, desfez-se de seu esplendor, da sua posição majestosa para identificar-se com a humanidade pecadora. Ele abriu mão de tudo o que era seu, era rico e por amor a humanidade se fez ser humano e tornou-se pobre (2 Coríntios 8.9; Filipenses 2.7-8). Sua humilhação estava associada aos seus sofrimentos, como o fato de sua humilde origem como carpinteiro em Nazaré, cidade sem importância, que ficava 26 quilômetros a oeste do sul do lago da Galileia (João 1.46). Foi ultrajado, pelas circunstâncias de ser perseguido, importunado e menosprezado pelos poderes políticos e religiosos; emudecido perante os seus recriminadores; espancado impiedosamente e sentenciado como blasfemador de Deus e revolucionário, injustamente. E por fim, crucificado e morto entre dois criminosos.

Muitos leitores da Bíblia Sagrada enxergam em Filipenses 2.6-11 um hino de louvor cantado pelos cristãos da Igreja Primitiva. Sendo um cântico de louvor ou não, o fato é que esses versículos descrevem o Messias antes de sua vinda a este mundo, sobre a sua humildade e obediência a Deus como Aquele que viria e com toda determinação levaria o pecado do mundo (Mateus 8.17;1 Pedro 2.24).

3. O perigo de começar, mas não terminar

Estes sempre erram em seu coração e não conhecem os meus caminhos" (Hebreus Hebreus 3.10 b). Com estas palavras o autor mostra o perigo de começar, mas não chegar. De andar, mas se desviar. Alguns do antigo povo de Deus haviam começado bem, mas terminaram mal. Muitos caíram pelo caminho, desistiram da estrada. O mesmo risco estava ocorrendo com os cristãos neotestamentários, eles haviam começado bem, mas estavam correndo o risco de caírem e perderem a fé. O alerta é para nós também

3-1. O exemplo a ser seguido.

Na época em que esteve na Terra como gente de carne e ossos, Jesus nos deu a perfeita vivência a ser imitada. Ele realizou completamente o desejo do Pai celeste, agiu com toda coragem e serenidade. Amou o próximo com um amor inigualável (João 4.34; Lucas 4.18, 19). Por consequência lógica, a partir do exemplo do Salvador como base, somos incentivados a colocar em primeiro lugar o Reino de Deus, a pessoa do Altíssimo em todas as extensões de nossa vida, não deixando que nada ocupe o lugar em nosso coração. Desse modo, somos chamados por Cristo a amar o próximo na mesma intensidade do próprio amor que o Pai nos ama (Marcos 12.30-31).

Por atos e palavras, Jesus mostrou que o amor a Deus e aos outros são igualmente importantes e não podem ser separados (Romanos 13.8-10; Gálatas 5.14; Tiago 2.8; 1 João 4.20-21). 

CONCLUSÃO

Hebreus 3.6 (cujo paralelo é 1 Timóteo 3.15) nos fala sobre a necessidade de tão somente conservarmos firmes a esperança e a confiança. O autor vê a vida cristã dentro de um contexto escatológico, não imediatista, ao falar de confiança e esperança. E por este ângulo chama a nossa atenção para não desanimarmos na fé. Quem faz parte da Igreja de Deus precisa demonstrar confiança a fim de poder ter esperança até o fim.

E.A.G.

Compilações:
A Supremacia de Cristo. Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus, José Gonçalves, edição 2017, páginas 40, Bangu, Rio de Janeiro / RJ (CPAD).
Ensinador Cristão, ano 19, nº 73, página 37, janeiro a março de 2018, Bangu, Rio de Janeiro/RJ (CPAD).
Lições Bíblicas / Professor. A Supremacia de Cristo; José Gonçalves; 1º trimestre de 2018; páginas 19 a 25 ; Bangu, Rio de Janeiro/RJ (CPAD). 

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Uma salvação grandiosa

Por Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

O encorajamento do escritor da Carta aos Hebreus, no capítulo 2, versículos 1 ao 18, refere-se à grandiosidade da salvação proporcionada por Jesus, que é resultante da graça divina. A única maneira de cada um de nós nos manter no rumo certo é viver em Cristo, reconhecer que Ele pagou um alto preço para nos livrar da condenação eterna, quando voluntariamente passou pelo sacrifício vicário da cruz.

I - UMA SALVAÇÃO GRANDIOSA

1. Testemunhada pelo Senhor.

Hebreus, 2.1-4, relaciona uma mensagem estimulante com um aconselhamento enfático. com a finalidade de deslocar seus leitores a uma nova confiança, a uma esperança e fé resoluta em Cristo. Tal explanação bíblica do autor é originária de sua cuidado amoroso por seus leitores em face a situação perigosa que atravessavam.

Para redimir a humanidade pecadora, Cristo assumiu a forma humana a fim de se identificar conosco e nos oferecer a salvação. Ele morreu por nós, mas ao terceiro dia ressuscitou coroado de glória e honra.

A Antiga Aliança foi intermediada por anjos, a Nova Aliança tem Jesus, o Filho de Deus, como Mediador, pois foi Cristo, e não os anjos, quem nos ergueu a uma condição elevada, a de filhos e filhas de Deus e manifestou essa tão grande salvação:
• Nenhum dos anjos tinha capacidade de trazer a nova relação entre irmãos (Hebreus 2.2-13).
• Nenhum dos anjos foi capaz de livrar o homem do medo da morte (Hebreus 2.14-16);
• Nenhum dos anjos tinha competência para realizar a obra da remissão pelos pecados (Hebreus 2.17-18).
Por serem mediadores da Lei, os anjos originavam enorme  apreciação e respeito dos judeus por eles. Se uma Aliança estabelecida na Lei, mediada por anjos, inferior e provisória, exigia obediência por parte dos crentes, quanto mais a Nova Aliança que é perfeita e perpétua.

Sobre a supremacia de Cristo, não há nada melhor e maior que Jesus, seu sacrifício foi único, perfeito e estabeleceu uma Nova Aliança entre Deus e os homens.
• Hebreus 1.2: revelada por meio da sua filiação. Sendo Jesus o Filho de Deus, possui natureza divina e eterna.
• Filipenses 2.6-9: a superioridade de Cristo veio por adoção; o nome de Jesus está acima de todos os nomes.
• Colossenses 2.15: através do triunfo na cruz do calvário Jesus foi glorificado ao destronar em definitivo as hostes do mal.
2. Proclamada pelos que a ouviram.

Em Hebreus 2,3 está claro que o autor não presenciou os atos de Jesus Cristo, porém recebeu a informação através "dos que a ouviram". O termo grego "bebaioô" (confirmada) passa a nós o sentido de segurança e confiança. Assim, entendemos que o que o Senhor anunciou e que depois foi apregoado por testemunhas oculares, serve de fundamento à fé cristã.

3. Confirmada pelo Espírito Santo.

A Igreja Primitiva, composta de crentes tanto da primeira como da segunda geração, estava habituada com a operação dos dons do Espírito Santo. Para o autor da Carta aos Hebreus, a salvação não aconteceu somente no âmbito teórico e abstrato. mas também no plano concreto e prático, por meio da difusão dos dons do Espírito.

A doutrina, que primeiramente foi divulgada pelo Senhor e testemunhada pelos que a ouviram, foi operacionalizada pelo Espírito Santo, através dos discípulos. A distribuição de dons que o Espírito faz executa cada milagre e sinal realizados na história do povo de Deus, tanto na geração da Igreja Primitiva quanto entre os cristãos que vivem nos dias atuais.

Uma das coisas que todo cristão pode fazer, depois da decisão de seguir a Cristo, é descobrir sua vocação cristã e os dons que o Espírito lhe  deu. Não deixe de ser ativo como membro da Igreja do Senhor.

II - UMA SALVAÇÃO NECESSÁRIA

1. Por intermédio da humanização do Redentor.

Cristo realmente se tornou humano. 2 Pedro 1.4 enfatiza isso com toda a clareza possível, afirma que o Filho de Deus não permaneceu na glória eterna, mas de maneira inexplicável ajuntou-se complemente com a nossa natureza humana. Como o ser humano perfeito, Jesus se tornou o verdadeiro representante da humanidade e o cumprimento absoluto do Salmo 8. Identificou-se plenamente com a condição dos homens, incluindo o sofrimento, com a finalidade de abrir o caminho para a salvação e agir de maneira eficaz como o Sumo Sacerdote de seu povo na presença de Deus (Hebreus 4.15-16; 5.6).

O Evangelho de Cristo tem como foco central transformar a natureza do ser humano. No idioma grego, o termo "salvação" é "sõteria". Denota "libertação, preservação, salvação". Não alcança apenas a esfera espiritual futura, é capaz de produzir satisfação pessoal ao cristão, na esfera física, no aqui e no agora. O significado tem a ver com o resgate do espírito, da alma e do corpo. Envolve a libertação do pecado, libertação das doenças e da miserabilidade. Tem a ver com o bem-estar na vida no porvir e no viver o presente momento. É usado no Novo Testamento para se referir ao livramento material, temporal de perigo e apreensão e também ao ao livramento espiritual e eterno concedido imediatamente por Deus aos que aceitam a condições estabelecidas por Deus referentes ao arrependimento e fé no Senhor Jesus. Ver: Lucas 1.69, 71; Atos 4.12;  7.25; 27.34; Romanos 1.16; e Efésios 1.13.

2. Por meio do sofrimento do Redentor.

Os sofrimentos do Redentor o qualificaram para ser o Autor da salvação do ser humano. Sofrer pelos pecadores era detalhe necessário de sua missão redentora (Hebreus 2.7, 10).

No capítulo 1 da Carta aos Hebreus, o escritor mostra ênfase à questão da divindade da natureza do Filho; porém, coloca enfoque em sua humanidade e na humilhação. O Filho, que já foi apresentado como superior aos anjos, teve de ser feito "um pouco menor do que os anjos".

Cristo é superior aos anjos e a todas as coisas, a salvação que Ele dá é o maior bem que o ser humano pode receber, por este motivo não desprezemos tal favor. Os anjos, têm a missão de servir aos homens, que hão de herdar a salvação, como espíritos ministradores; Jesus Cristo é o Príncipe da salvação da humanidade, é o Salvador de todos que se chegam a Deus através dEle (Hebreus 1.4; 2.10; 7.25).

3. Por intermédio da glorificação do Redentor.

Convinha que Cristo fosse humilhado, sofresse e morresse, apesar de jamais ter pecado (Hebreus 4.15). Assim Ele completou a missão redentora que Deus tinha dado para Ele de ser o Salvador de todos (Hebreus 2.17-18; 5.8-9; 7.28). Por meio de seu padecimento e exaltação Deus, legitimamente, concluiu nEle a salvação da humanidade, pois a  missão redentora envolvia tanto sua humilhação como sua glorificação (Hebreus 2.7, 9-10).

Jesus possibilitou o domínio futuro do homem sobre a terra ao se tornar, Ele mesmo, encarnado e ao sofrer e morrer por todas as pessoas e ser coroado de glória e honra (Mateus 20.28; Marcos 10.45; Efésios 1.7; Filipenses 2.6-11; 1 Timóteo 2.6; Tito 2.14).

III - UMA SALVAÇÃO EFICAZ

1. Vitória sobre o Diabo.

Somente por meio da morte de Jesus Cristo na cruz, o Diabo foi derrotado. "Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, também Jesus, igualmente, participou dessas coisas, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo" - Hebreus 2.14.

O autor da Carta aos Hebreus usa o verbo "catargeo" para se referir à derrota do arqui-inimigo de Cristo e dos seres humanos. Este vocábulo significa "tornar inoperante" e "destronar". Portanto, na cruz Jesus Cristo desapropriou os principados e as potestades e nos garantiu a vitória (Colossenses 2.15).

2. Vitória sobre a morte.

Para que a salvação fosse efetivada, o Salvador precisava sofrer e morrer pela humanidade. A Carta aos Hebreus dá destaque à morte de Jesus, que livra os seres humanos da condenação eterna (Hebreus 2.9-10; 9.12, 14-15 e 26-28; 10.9-10, 19-20), sendo que a ressurreição é mencionada apenas uma vez (13.20-21).

O escritor ensina que Cristo é o nosso Sumo Sacerdote (2.17), que ofereceu a Deus o sacrifício que garante o perdão dos nossos pecados. O sacrifício dEle é a sua morte, com a qual Ele conquistou a nossa vida eterna (9.26; 10.25, 37).

3. Vitória sobre a tentação.

Bondoso e fiel no seu serviço a Deus, Cristo se fez propiciação pelo pecados de todos. A propiciação refere-se à satisfação da ira de Deus por meio da morte na cruz, diz respeito ao sacrifício para cumprir a justiça divina e obter  a reconciliação entre Deus e os homens  (Romanos 3.25; 1 João 2.2).

 Hebreus 2.17 revela que convinha que Cristo sofresse, para que se tornasse semelhante aos irmãos e ser o Sumo Sacerdote fiel e misericordioso e realizasse a expiação dos pecados. A expiação enfatiza a remoção de pecados pelo sacrifício que satisfez a justiça de Deus.

Como Sumo Sacerdote, Jesus se fez um igual aos seres humanos nos seus limites. Soube o que é ser tentado e por essa razão está em prontidão para nos socorrer. O pecado interrompe o relacionamento normal com Deus; a expiação remove o pecado e restaura o relacionamento.

Sobre provas e tentações, reflitamos mais:
• 1 Coríntios 10.13: "Não sobreveio a vocês nenhuma tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que vocês sejam tentados além do que podem suportar; pelo contrário, juntamente com a tentação proverá livramento, para que vocês a possam suportar".
• Tiago 1.12: "Bem-aventurado é aquele que suporta com perseverança a provação. Porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam".
CONCLUSÃO

Diferente do que declara a doutrina calvinista, todos devem perceber que a salvação não é algo dado ao crente compulsoriamente, por isso, é necessário ser vigilante e não desprezar a graça recebida.

Equivocadamente, alguns cristãos se deixam seduzir pelo judaísmo, legalismo, sem se darem conta que o autor da Epístola aos Hebreus ao escrevê-la teve como proposta mostrar que Jesus é superior aos anjos, aos profetas e ao sistema levítico de sacrifícios. Ou seja, afirmou que Cristo é superior a todas as coisas e mediante o seu sacrifício na cruz nos concedeu uma salvação gloriosa.

Não nos esqueçamos: a grandiosa salvação pela fé em Cristo é eficaz.

E.A.G.

Compilações:
A Supremacia de Cristo. Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus, José Gonçalves, edição 2017, páginas 30, 32, Bangu, Rio de Janeiro / RJ (CPAD). 
Ensinador Cristão, ano 19, nº 73, páginas 31 e 36, janeiro a março de 2018, Bangu, Rio de Janeiro/RJ (CPAD).

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

A Carta aos Hebreus e a Excelência de Cristo

Por Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

A Carta aos Hebreus é a única no Novo Testamento cujo autor e o receptor não são revelados. E uma vez que não menciona a destruição de Jerusalém, que teve lugar em 70 d.C., provavelmente foi escrita entre 64 e 68 d.C.

I - AUTORIA, DESTINATÁRIO E PROPÓSITO

1. Autoria

A Carta aos Hebreus não revela o nome de seu autor. Ainda hoje é objeto de debates polêmicos entre os historiadores e teólogos que discutem o seu conteúdo e principalmente quem a escreveu. A autoria da epístola não é tão clara como a de outros livros do Novo Testamento, e isto tem sido motivo de controvérsia desde os primeiros tempos. As igrejas do oriente e do ocidente debateram sobre quem era o autor do livro, há vários motivos para se pensar em nomes como Paulo e Barnabé, Lucas, Apolo ou Clemente.

► Sumário: A Supremacia de Cristo - Fé, Esperança e ânimo na Carta aos Hebreus

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

A salvação pela graça

Por Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

O fundamento essencial na dinâmica da salvação é o da graça preveniente. A nossa salvação é fruto exclusivo da graça de Deus. Com graça preveniente se quer dizer que o Espírito Santo chama, convence, ilumina o indivíduo a crer e possibilita a mudança de vida. Falar sobre o chamado de Deus, o que precede a conversão, no sentido de ser dEle a iniciativa do começo de relação com uma pessoa, que é livre para responder a esse chamado com arrependimento e fé. 

I. LEI E GRAÇA

1. O propósito da Lei.

A Lei tem finalidade espiritual, mostra  quão terrível é o pecado, bem como o propósito  concreto de preservar o povo de Israel do pecado.

Provavelmente em nenhuma outra passagem da Escritura a função objetiva da Lei esteja tão bem esclarecida como na Carta aos Gálatas.  O apóstolo Paulo indaga para que é a Lei,  em seguida responde: "Ela foi acrescentada por causa das transgressões, até que viesse o descendente a quem se fez a promessa, e foi promulgada por meio de anjos, pela mão de um mediador" (Nova Almeida Atualizada). E mais adiante: "De maneira que a lei se tornou nosso guardião para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados pela fé." (Gálatas 3.19, 24 - Nova Almeida Atualizada).

2. A Lei nos conduziu a Cristo.

O legalismo é antagônico, adverso à graça. A nossa salvação é resultado do favor imerecido de Deus à humanidade pecadora.

O homem é salvo unicamente pela fé em Cristo Jesus, pela graça, e não pelas obras da Lei ou pelo seu esforço em tentar agradar a Deus.

Ninguém é capaz de receber a salvação por méritos próprios ou pela observância da Lei, pois o propósito da Lei, segundo o apóstolo Paulo, era somente apontar o pecado a fim de nos conduzir a Cristo, isto é, servir como um condutor para o encontro com Cristo (Gálatas 3.24). 

A Lei nos convence, por sua impossibilidade de ser cumprida, de que não podemos alcançar a salvação sem a mediação de Cristo. Desse modo, a Lei tem sentido depreciativo para mostrar o estado daqueles que se justificam sob a Lei, quando se torna nossa justiça como mérito humano que impossibilita obter a salvação, somente alcançável por Evangelho da graça. 

3. A graça revela que a Lei é imperfeita.

Tragicamente, a religião oprime, não liberta. O coração humano se enche de culpa por causa do pecado, não consegue se libertar das lembranças do erros cometidos. Busca a graça, mas  o que encontra é a vergonha, o medo do castigo, o sentimento de julgamento e a crítica. Ao procurar a graça na religião, com frequência encontra a sua ausência.

Muitas igrejas estabelecem limites entre o "tempo da Lei" e o "tempo da graça". Embora seja ignorada muitas proibições do Antigo Testamento, mantém seus próprios mandamentos prediletos. Proibições como usar maquiagem e jóias; assistir a ou participar de esportes; sobre o cumprimento das saias para as mulheres; comprimento dos cabelos para os rapazes. Nessas comunidades, as pessoas são tidas como espirituais se obedecem a essas regras sem nexo, muitos não conseguem perceber à contento a diferença entre as dispensações da Lei e da graça.

Antropologicamente, o ser humanos tem a necessidade de expiar sua culpa. Dentro dele há um grito na alma que faz anelar por um preço que precisa ser pago. Muitos crentes não entendem a graça de Deus e acham que precisam ter méritos diante dEle, pagando um preço pela sua salvação. E assim são inventados os esquemas humanos: legalismos, critérios, ordenanças, doutrinas.

A graça é entendida como essencial à salvação, pois através da morte de Cristo, o pecador alcança favor incondicional de Deus, não necessitando de absolutamente nenhum esforço humano para alcançá-la; basta ter fé para a salvação. "E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça" (Romanos 11.6, NAA).

II. O FAVOR IMERECIDO DE DEUS

1. Superabundante graça.

Uma das maneiras de Deus demonstrar sua bondade é através da graça salvífica. No Antigo Testamento, a ênfase da graça recai sobre o favor demonstrado ao povo da aliança, embora as demais nações também estejam incluídas. No Novo Testamento, a graça, como dom imerecido mediante o qual as pessoas são salvas, aparece primariamente nos escritos de Paulo.

Um importante aspecto do significado de graça em sentido original no grego (charis) é sua relação com a beleza tanto de gestos e palavras  quanto àquilo que dá prazer e provoca júbilo por causa de sua graciosidade presente na beleza das pessoas e suas ações.

As palavras mais frequentemente usadas no Antigo Testamento para transmitir o conceito de graça são "chanan" (demonstrar favor"; "ser gracioso") e suas formas derivadas:

Chên: 
Refere-se usualmente ao favor de livrar o seu povo dos inimigos (2 Reis 13.23; aos rogos pelo perdão dos pecados (Salmos 41.4). Isaías (30.18) revela que o Senhor anseia por ser gracioso com o seu povo. O substantivo "chên" aparece principalmente na frase "achar favor aos olhos de alguém":
a. dos homens (Gênesis 30.27; 1 Samuel 20.29;
b. de Deus (Êxodo 34.9; 2 Samuel 15.25. 
Chesedh:
Significa "bondade fiel"; "amor infalível". Contém sempre um elemento de lealdade às alianças e promessas, expresso espontaneamente em atos de misericórdia e amor.

2. Fé e graça.

Aprendemos a respeito de uma palavra com seu antônimo. Hoje, é dito que o sistema comunista "caiu em desgraça"; descreve-se aquele que não reconhece o bem recebido como "ingrato"; quem comete atos abomináveis é considerado alguém "desgraçado". E aquele que fere as normas de uma instituição com atitudes de traição é taxado como "persona non grata" (indesejável).

A graça nos chama. Um compositor pode inserir uma "nota graciosa" e melódica na partitura, embora não seja essencial à melodia, a inserção acrescenta um brilho tal que a sua ausência é sentida na música. Muitas pessoas "dão graças" antes das refeições, reconhecendo diariamente o pão como uma dádiva de Deus. Somos "gratos" pela bondade do alguém; nos sentimos "gratificados" com boas notícias; "congratulados" quando temos sucesso.

Passamos a conhecer essa salvação porque Deus, em sua graça, nos escolheu. Lançamos mão dessa graça pela fé. A graça opera mediante a fé no sacrifício vicário de Jesus Cristo. Assim, somos salvos pela graça para nos transformar em uma nova pessoa (Gálatas 1.5; 2.6; 6.15).

Ambas, fé e graça, atuam juntamente na obra de salvação: a graça, o presente imerecido de Deus; a fé, a contrapartida humana à obra de Cristo. Nesse sentido, não é a fé que opera a salvação, mas a graça de Deus que atua mediante a fé do crente no Filho de Deus.

3. A graça não é salvo conduto para pecar.

Pecado não é aquilo que necessariamente fere a Deus e nem aquilo que o destrona ou o diminui. É, sim, tudo o que prejudica o ser humano de alguma forma. Quando Deus define o que é pecado, Ele não define pensando nEle, mas, sim, no melhor para o pecador.

A graça jamais é ou será salvo conduto para a prática do pecado ou para a libertinagem, muito pelo contrário, ela nos convoca à obediência em gratidão ao Doador da graça. O favor imerecido de Deus não permite que o ser humano permaneça sob o domínio do pecado, pois aqueles que são alcançados por ela passam a experimentar o processo da santificação.

O cristão não deve resistir ao Espírito Santo, como fizeram os fariseus que arduamente resistiram à mensagem de Jesus Cristo (Mateus 12.22-32). É importante reconhecer a própria condição de pecador e crer no único Salvador.

O pentecostalismo clássico abraça a linha doutrinária do teólogo holandês Jacó Armínio quanto a doutrina da salvação. A teologia de Armínio sempre foi compromissada com a graça de Deus, jamais atribuiu qualquer eficácia salvífica à bondade ou à força de vontade do ser humano. É um equívoco pensar que quem afirma que o ser humano é capaz de resistir à graça de Deus está afirmando que o que define a salvação é a vontade humana. Não havia dúvida para Armínio que a salvação é de graça, provém de Deus, é um presente incomensurável do Altíssimo para o homem.

Alinhado à visão arminiana, o crente pentecostal não tem dificuldade de pregar a graça de Deus e, ao mesmo tempo, reconhecer que a chamada para a salvação pode ser rejeitada pela pessoa. É claro para o pentecostal que nenhuma pessoa pode se arrepender, crer e ser salvo sem o auxílio do Espírito Santo.

III. O ESCÂNDALO DA GRAÇA

1. Seria a graça injusta?

Ao ser comparada com a graça humana, a justiça divina é imensamente perdoadora. Logo, sob a ótica humana, a graça é considerada injusta.

Deus demonstra sua graça, acima de tudo, em sua "operação de resgate", sua salvação dos pecadores (Efésios 2.1-10). Torna-a conhecida dos pecadores ao perdoá-los e absolvê-los, devido à morte do Senhor Jesus Cristo na cruz (Gálatas 1.3, 4).

2. A divina graça incompreendida.

Uma das formas de compreender os conceitos da graça de Deus, que chega até nós por intermédio da eficácia da obra de Cristo  na cruz, e analisar o conceito do termo Palavra dos Vinhateiros. Ali não há méritos por tempo de serviço ou produtividade; a mesma recompensa dos que iniciaram o trabalho no fim do dia é dada aos que começaram no início do dia.

A graça de Deus é estendida a todas as dimensões da vida e não somente na salvação. É o que alguns teólogos chamam de graça comum. Ela é vista no domínio físico quando diz que Deus faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos (Mateus 5.44-45). Nas belezas da criação com suas múltiplas cores, nuances, beleza, mistério. Também é vista na capacidade intelectual de desenvolver o conhecimento, a ciência, a tecnologia, as artes e em tudo que a humanidade cria. Na capacidade que a sociedade tem de, apesar de muita maldade, conseguir organizar-se e viver em harmonia; na organização das religiões, que, mesmo sendo pagãs, revelam traços de mistério divino e da transcendência de Deus.

3. Se deixar presentear pela graça.

Toda a história da salvação é uma sucessão de dons concedidos por Deus. Por conseguinte, a atitude do ser humano que busca ao Senhor deve ser uma atitude de agradecimento Àquele que constitui a fonte inesgotável de seus bens. A gratidão é expressão de uma alma generosa, que não se acha dona de tudo o que tem, sabendo descobrir o que lhe foi dado. A graça provém do amor. É o próprio Deus que se dá ao ser humano como Salvador. E, por isso, merece a suprema gratidão, que se expressa na fé e no amor, com a peculiaridade de que podemos e devemos mostrar nossa gratidão a Deus.

Os que compreendem o favor inefável de Deus, mediante sua graça, devem deixar-se presentear por ela.

CONCLUSÃO

Deus se deu na criação, depois se deu na salvação, onde Ele próprio se mostrou ao mundo inteiro como dom. A história bíblica é graça, a autodoação incessante de Deus que culmina em Cristo. Deus fez isso para salvar a todos nós, sobretudo, para nos transformar no processo da redenção, de gente perdida a reclinada no seio de Abraão. Por isso, a graça deveria ser acolhida pela humanidade com a alegria de quem se vê escolhido sem méritos, com o júbilo pela maravilha do dom e com o humilde desejo de compreender à eleição gratuita.

E.A.G.

Compilações:
A Obra da Salvação. Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida; Claiton Ivan Pommerening; páginas 72 a 83; 2ª impressão 2017; Bangu/RJ (CPAD);
Ensinador Cristão; ano 18; número 72; página 39; 4º trimestre de 2017; Bangu/RJ (CPAD);
Lições Bíblicas / Professor. A Obra da Salvação - Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a VidaClaiton Ivan Pommerening; 4º trimestre de 2017; páginas 47 a 54; Bangu/RJ (CPAD);
Maravilhosa GraçaPhilip Yancey; 2ª edição revista e ampliada; 5ª reimpressão 2012; páginas 10 e 11; São Paulo (Editora Vida).
Vocabulário Teológico para a América Latina, J.L. Idigoras, página 179, edição 1983, São Paulo (Edições Paulinas).

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Efésios 4.27: O importante contexto de "não deis lugar ao diabo"


É muito importante ter avivado em nossas mentes o contexto aproximado de “não deis lugar ao diabo”. Este contexto explica com a máxima clareza como dar ou negar dar lugar ao inimigo. A explicação está dividida antes e depois do versículo 27 de Efésios 4.

Parte 1- Efésios 4.22-26: “Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade. Portanto, cada um de vocês deve abandonar a mentira e falar a verdade ao seu próximo, pois todos somos membros de um mesmo corpo. Quando vocês ficarem irados, não pequem. Apazíguem a sua ira antes que o sol se ponha” (NVI).

Parte 2 – Efésios 4.28-32: “O que furtava não furte mais; antes trabalhe, fazendo algo de útil com as mãos, para que tenha o que repartir com quem estiver em necessidade. Nenhuma palavra torpe saia da boca de vocês, mas apenas a que for útil para edificar os outros, conforme a necessidade, para que conceda graça aos que a ouvem. Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, com o qual vocês foram selados para o dia da redenção. Livrem-se de toda amargura", indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade. Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou vocês em Cristo” (NVI).

E.A.G.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

O perigo das obras da carne

É necessário sempre vigiar e lutar contra a carne. Esta luta não deixa de ser necessária enquanto estivermos no corpo físico. Paulo nos conclama à luta, e devemos nos encorajar mutuamente nela. A carne deve ser vencida a tal ponto que possamos dizer, juntamente com Paulo: "Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim" - Gálatas 2.19-20.
Por Eliseu Antonio Gomes

Introdução.

No Novo Testamento, temos a descrição da plena vida no Espírito Santo: "Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós; acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição" - Colossenses 3.12-14.

Os cristãos devem ter uma experiência pessoal da operação do Espírito Santo. Andar no Espírito, momento após momento. Assim são edificados para habitação de Deus no Espírito.

Sem a operação do Espírito Santo na vida do crente, a leitura da Bíblia Sagrada é inútil para a salvação. Sem a ajuda do Espírito, as Escrituras Sagradas são meras palavras sem poder, sem Ele ninguém entende o que Deus nos deu pela graça. O crente deve ouvir a Palavra e ser semelhante ao homem prudente: colocando em prática tudo o que ouvir. Fazendo assim, permaneceremos firmes quaisquer que sejam  as tempestades que possam assolar a nossa vida (Lucas 6.39-49).

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O propósito do fruto do Espírito
O Espírito é Espírito de sabedoria e conhecimento na revelação de quem é Jesus. Por intermédio dEle encontramos a realidade que o Pai enviou o seu Filho por amor a nós, e que o Filho morreu, ressuscitou e voltou a sentar-se à direita do Pai. Porém, sem o Espírito, isto nunca teria se tornado em conhecimento salvífico para ninguém. É apenas mediante o Espírito que os tesouros que temos em Cristo nos são revelados (Efésios 3.3-6).

O Espírito Santo é a prova de que alguém pertence a Cristo, porque o Espírito Santo é o Espírito de Cristo, e Cristo não pode morar nos corações através da fé a não ser pelo Espírito (Romanos 8.9, 14).

I. A vida conduzida pela concupiscência da carne.

1. A concupiscência da carne.

A palavra concupiscência é um termo usado teologicamente para expressar os desejos malignos e libidinosos que assediam as pessoas que vivem em vida pecaminosa. Expressamente, a palavra significa "desejos físicos", diz respeito aos interesses lascivos que dominam a mente humana. É a velha natureza manifestando as ações do velho homem, suas piores ações voluptuosas e abominações.

Carnal: esta palavra aparece somente no Novo Testamento, embora o termo "carnalmente" seja encontrado três vezes no Antigo Testamento. "Carnal" aparece onze vezes no Novo Testamento, e "carnalmente" apenas uma vez. "Carnal" significa "pertinente à carne". O substantivo em grego (sarx) significa basicamente o corpo de um animal ou de uma pessoa, ou a carne de um animal. No entanto, no Novo Testamento, o termo "carnal" algumas vezes está literalmente relacionado à carne, e algumas vezes à antiga natureza humana corrompida por Adão, que é encontrada em todos os homens.

O crente pode desejar algo, isso não é errado, mas desejos que vêm dominados pela concupiscência da carne devem ser evitados, porquanto eles causam grandes estragos. Os desejos que não ferem  em nada a santidade de Deus podem ser cultivados, porém, aqueles que  se comprazem na prática do mal, da libidinagem ou sensualidade, na corrupção, no sexo explícito, prontamente devem ser rejeitados (2 Timóteo 2.22; Colossenses 3.5; 1 Pedro 2.11; 2 Pedro 1.4; 2.10).

2. A vida guiada pela concupiscência da carne.

Algumas pessoas pensam que o mundanismo está limitado ao comportamento exterior - as pessoas com quem nos associamos, os lugares que frequentamos, as atividades que apreciamos. Porém, o mundanismo também atua no interior das pessoas, porque nasce no coração humano.

O homem recebeu de Deus o livre-arbítrio e segue sua própria vontade, e é dominado pelas suas próprias tendências, cobiças e paixões. Muitas indivíduos não levam Deus em conta, pois não se interessam em possuir conhecimento dEle. Mesmo que possuam um pouco deste conhecimento, repudiam toda solicitação de Deus sobre suas vidas. O pecado é a decorrência natural da personalidade dessas pessoas (Gálatas 5.19-21).

3. A vida conduzida pela concupiscência dos olhos.

A grande questão da queda do homem, que o leva a ter um viver que não agrada a Deus, é que ele, vivendo sem caminhar no Espírito, sempre preferirá satisfazer a si próprio (2 Timóteo 3.4), posto que está destituído do amor verdadeiro de Deus, para amá-lo de todo coração e com todas as suas forças, sempre desejando fazer a sua vontade (Deuteronômio 6.4, 5; Mateus 22.35-38).

Na luta entre quem dominará a mente humana, se o Espírito ou a carne, se percebe a necessidade da mortificação da carne, pois quando não há a comunhão com Deus, não existe o compromisso de buscá-lo de todo o coração e mente, o ser humano comporta-se de modo incontrolável, sem qualquer referência de santidade.

A tendência para deixar-se seduzir pelas coisas e situações que o mundo apresenta, sem investigar os seus valores espirituais, é altamente temerária. A visão que Eva teve da árvore proibida, considerando-a "agradável aos olhos", o olhar cobiçoso de Acã, vendo "entre os despojos uma boa capa babilônica", e o olhar lascivo de Davi quando viu Bate-seba banhando-se, são exemplos de pessoas que permitiram a vazão dos apetites carnais. Gênesis 3.6; Josué 7.21; 2 Samuel 11.2.

O apóstolo João, em sua primeira carta, no capítulo 2 e versículo 16, menciona a concupiscência da carne, a concupiscência do olhos e a soberba da vida. É notável que no espaço de três versículos ele cite o mundo, a carne e o diabo (14-16). Ao comentar sobre a concupiscência dos olhos, indica as tentações que nos assaltam, não de dentro para fora, mas do exterior ao interior, através do que observamos.

II. A degradação do caráter cristão

1. O caráter.

Caráter é a expressão do temperamento de uma pessoa, é o agrupamento de traços distintivos de uma pessoa ou coisa, a qualidade que é inerente a alguém, animal ou coisa. É a mescla de traços psicológicos e morais que distinguem um indivíduo ou um grupo de pessoas. É a maneira de ser, ou de se comportar, próprio de um indivíduo.

O indivíduo que experimentou o novo nascimento é caracterizado por um caráter moldado pelo Espírito, possui particularidades psicológicas e morais semelhantes ao caráter de Cristo.

Na degradação espiritual o homem procura colocar-se em primeiro lugar, mostra-se indiferente às coisas santas ou demonstra abertamente ter aversão a Deus, isso porque todo o seu ser está corrompido pela natureza pecaminosa, quer seja no coração, pensamentos, sentimentos e vontade, de modo que seu caráter leva-o a estar em constante inimizade com o Senhor (Efésios 4.18; Romanos 7.18).

O homem pode ter intenções e ações boas em sua vida, mas caso seu caráter não seja transformado pelo Espírito, tudo resultará em obras, e jamais chamará a atenção de Deus. Deus tem prazer em tudo o que fazemos quando nascemos outra vez por meio do sacrifício do seu Filho Jesus Cristo.

2. O caráter moldado pelo Espírito.

Não é fácil preservar o caráter íntegro em Deus. Os convites do mundo são muitos, as propostas são diversas e as tramas realizadas são inúmeras para nos afastar do propósito do Evangelho, em desenvolver a vida segundo a perspectiva do Reino de Deus.

O Espírito Santo mostra ao pecador a necessidade de abandonar as obras da carne para ter o caráter de Cristo; produz o fruto espiritual em nós quando nos rendemos sem reservas a Ele. Isso abrange nosso espírito, alma e corpo e todas as faculdades que os constitui. Além disso, Ele aplica ao coração do homem, ensinamentos cristalinos das Sagradas Escrituras. Por meio desses ensinos é possível viver o dinamismo da vida no Espírito.

A ação dinâmica do Espírito Santo na vida do homem faz com que o homem separe-se daquilo que não agrada a Deus. As Escrituras mostram que Deus é santo e deseja que todos quantos se aproximem dEle sejam santos também (Êxodos 19.22).

Deus estimula o autocontrole, um espírito de generosidade, e o compromisso de servir com humildade. Algo que se torna possível somente por intermédio do Espírito Santo. Por isso, a Palavra de Deus nos diz que devemos levar "cativo todo entendimento à obediência de Cristo (2 Coríntios 10.5).

3. Ataques ao seu caráter.

A narrativa da criação relata como Deus se comunica conosco. O clímax da semana da criação é a criação da humanidade. Deus traz Adão e Eva ao mundo descrevendo-os com seres criados "à imagem de Deus" (Gênesis 1.26, 27). Isso os torna completamente distintos das plantas e dos animais e tudo o que há no universo. O ser humano tem dentro de si o que as Escrituras chama de coração. É ali que o Espírito de Deus se comunica conosco. Ele nos guia, nos estimula, manda-nos mudar de direção. Por esta razão, Salomão escreveu: "Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida" (Provérbios 4.23).

O que quer que signifique ser "a imagem de Deus", a narrativa de Gênesis 5 afirma que esta imagem mudou quando o primeiro casal humano pecou e assim corrompeu a raça humana. O pecado distanciou Adão e Eva do Criador, e quando eles formaram sua família, a diferença na descrição de seus filhos é digna de nota: "E Adão tinha cento e trinta anos, e gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem" (5.3). A criação do primeiro homem e da primeira mulher se fez à imagem de Deus, mas, quando Adão e Eva se multiplicaram, a reprodução aconteceu de acordo com o estado espiritualmente decaído em que se encontravam.

Ao pecar, o ser humano tornou-se depravado, ficou desprovido da justiça original de Deus e do desejo pelas coisas santas, sua natureza ficou adulterada e cedendo fortemente para o mal. A ênfase da Bíblia é que o homem passe pelo novo nascimento (João 3.3).

O fruto do Espírito é o caráter de Cristo produzido  em nós para que em nosso viver o demonstre ao mundo. Caráter este revelado nos tipos, símbolos, figuras e nas inúmeras profecias messiânicas do Antigo Testamento que tratam do assunto a começar pelos Evangelhos. Infelizmente, muitas pessoas degradam o caráter que um dia foi forjada para a glória de Deus. O apóstolo Pedro nos mostra como isso acontece. O processo não começa da noite para o dia, ele se dá paulatinamente, aos poucos, e quando menos se percebe "o cão voltou ao próprio vômito" (2 Pedro 2.20-22).

Adão e Eva foram criados para ter a conexão e comunicação com Aquele que os criaram. Este plano foi destruído quando o pecado ocorreu, mas essa comunicação foi apenas manchada. A mesma situação é válida para nós hoje. Nós vivemos com a imagem deteriorada e manchada, porém, diferentemente dos animais podemos nos conectar com o nosso Deus, de uma maneira como nossos animais de estimação não têm condições e jamais terão.

O Espírito Santo age em nosso favor, nos ajuda em nossas fraquezas, nos ensina a buscar e a falar com o Criador em oração (Romanos 8.26).

III. Uma vida que não agrada a Deus.

1. Viver segundo a carne.

À expressão agradar a Deus, segundo Paulo, expressa um viver em plena harmonia com Deus, uma vida que de fato já foi transformada ou santificada pelo Espírito Santo. Apenas o indivíduo que tem um espírito contrito, arrependido, que se deixa moldar pelo Espírito Santo, agrada ao Senhor (Salmos 51.17).

O crente que quiser mandar na sua vida e fazer a sua vontade para agradar a si próprio pode continuar transmitindo uma aparência de cristão, mas nunca será vitorioso no seu viver em geral, e nem jamais terá o testemunho do Espírito na sua consciência cristã de que está em tudo agradando a Cristo e realizando a vontade divina.

Há pessoas que procuram, na sua própria força limitada, na natureza humana, viver uma vida admirável. Não reconhecem que necessitam de um poder maior do que a capacidade que possuem, nem o procura. Extraem tudo de si mesmos. Vivem na carne e qualquer poder que possuam é poder carnal. Tudo que fazem, por mais bonito que possa parecer, é produção da carne. Portanto, não conseguem agradar a Deus. Conscientes ou inconscientemente, são inimigos de Deus.

Uma vida que não agrada a Deus vive segundo a carne e é incapaz de produzir o fruto do Espírito. A pessoa que não tem sua mente conduzida pelo Espírito Santo é uma pessoa descontrolada, entregue às concupiscências carnais.

Os cristãos devem entender o perigo das obras da carne e repudiar isso em suas vidas. Para Deus somente a obra não basta, muitas igrejas da Ásia tinham muitas obras, eram atuantes. No caso da Igreja de Éfeso, o apóstolo João mostra que ela tinha muitas obras, mas Deus não aprovou completamente seu trabalho, posto que estava faltando o primeiro amor (Apocalipse 2.4).

A carne está no seu ponto mais perigoso quando finge ser religiosa, como se fosse glorificar a Deus e salvar a alma humana (Gálatas 6.12, 13).  A hipocrisia revestida de religião promove um culto sem renúncia, sem abnegação, cheio de falsa humildade e induz o ser humano ao orgulho denominacional (colossenses 2.23).

Jamais agradaremos a Deus apenas com o que fazemos. Aos que nascerem de novo o Espírito trabalha declarando suas exigências, dizendo para se separarem daqueles que são injustos, dos que ensinam falsas doutrinas (2 Coríntios 6.17, 18; 2 Timóteo 2.21; 2 João 9, 10). O cristão tem que procurar ser diferente, pois já foi separado por Deus para viver uma nova vida em Cristo (Romanos 6.11, 12; 2 Coríntios 7.1; 1 Tessalonicenses 4.3, 7).

A carne é inimiga do Espírito. Portanto, podemos concluir que a carne jamais irá querer agradar a Deus, já que faz oposição ao Espírito constantemente. Assim sendo, é necessário vigiar sempre e manter a disposição de lutar contra a carne. Esta luta não deixa de ser necessária enquanto estivermos no corpo físico. Paulo nos conclama à luta, e devemos nos encorajar mutuamente nela. A carne deve ser vencida a tal ponto que possamos dizer, juntamente com Paulo: "Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim" - Gálatas 2.19-20.

2. Vivendo como espinheiro.

Deus seria o rei de Israel, não o homem. Abimeleque, filho legítimo de Gideão, queria usurpar a posição reservada somente ao Senhor. Em sua ambição egoísta, ele matou 69 dos 70 meio-irmãos; sobreviveu apenas Jotão que se escondeu durante a chacina. Após Abimeleque atacar, retornou para Siquém e se autoproclamou rei e juiz.  Três anos mais tarde, Siquém se rebelou ao seu reinado e ele foi assassinado por uma mulher em Tebes (Juízes 8.31 - 9.57; 2 Samuel 11.21).

Jotão, apresenta algumas árvores em uma narrativa alegórica para o seu povo (Juízes 9.7-21). Na parábola, as árvores representam o povo de Siquém que desejam um rei. Essas árvores eram boas: uma produzia azeite que era utilizado na unção dos sacerdotes e iluminação; outra produzia figos que alimentava o povo; a videira produzia vinho, que era usado nos sacrifícios de libações. Entretanto, o espinheiro, arbusto inútil, representa Abimeleque.

Para os dias atuais, a parábola de Jotão alude à necessidade de estabelecer prioridades. Devemos tomar cuidado com os nossos objetivos e meios de alcançá-los, precisamos aprender a viver como árvores frutíferas, que não troca a ação de frutificar por outras atividades estranhas à vontade de Deus (Juízes 9.7-15).

3. Uma vida infrutífera.

Ao refletir sobre a importância de produzir o fruto do Espírito e rejeitar as obras da carne, devemos nos lembrar sobre dois pecados contra o Espírito Santo, cometidos por alguns cristãos: entristecer o Espírito e apagar o Espírito. Quase tudo que fazemos de errado pode ser incluído em uma dessas duas situações. Vejamos:

• Entristecendo o Espírito.

Em Efésios 4.30, lemos que Paulo escreve a seguinte advertência aos seus leitores: "Não entristeçais o Espírito Santo, no qual fostes selados para o dia da redenção". Paulo faz esta advertência aos que são selados pelo Espírito e  fala sobre ações que não combinam  com a natureza do Espírito. diz que o crente está sujeito a cometer determinados atos e entristecê-lo. Tristeza é uma palavra ligada ao amor. É possível magoar e irar alguém, mas entristecer só quem nos ama profundamente.

Como um cristão pode entristecer ao Espírito? Em Efésios 4.20-32 Paulo diz que tudo que não combina com Cristo, em ações, palavras e pensamento, entristece o Espírito da graça. Sabemos o que causa tristeza analisando nossa conduta à luz das palavras que as Escrituras definem o Espírito.
a. Verdade (João 14.17). Tudo que é falso , enganoso e hipócrita entristece o Espírito;
b. Fé (2 Coríntios 4.13). Desconfiança, dúvidas, ansiedade e preocupação entristecem o Espírito;
c. Graça (Hebreus 10.29). Tudo em nós que provoque amargura, seja indelicado, malicioso, e haja indisposição para perdoar, entristece o Espírito;
d. Santidade (Romanos 1.4). Aquilo que é impuro, sujo ou degradante, causa tristeza ao Espírito.
A missão do Espírito Santo é revelar Cristo ao mundo através do cristão, proporcionar alegria, paz e satisfação ao coração. Mas se o crente o entristece, o seu ministério é interrompido.

• Apagando o Espírito.

A breve advertência de Paulo "Não apagueis o Espírito" (1 Tessalonicenses 5.19) dá a ideia de mágoa, de sofrimento. Tem a ver com a maneira com que nós ferimos o coração do Espírito em nossa vida particular. O verbo apagar nos lembra o conceito bíblico de que o Espírito é simbolizado pela figura do fogo. Ao apagá-lo, não o expulsamos, mas abafamos o amor e poder emanados dEle para nós e por intermédio de nós ao próximo.

Um fogo se apaga quando lhe tiramos o combustível. No caso do Espírito, isto acontece se deixamos de orar, falar de Cristo e ler a Palavra de Deus. Um fogo se apaga ao jogar água sobre ele, e de maneira semelhante um pecado intencional apaga o Espírito em nós. Se somos grosseiros, emitimos palavras sem pensar e depreciativas contra os semelhantes, estamos apagando o fogo espiritual.

Todos nós estamos sujeitos a pender ao mal, mas a partir do momento que o Espírito Santo tem o controle sobre a pessoa, dificilmente as obras da carne terão chance de sobressair. A oração e a vida em vigilância são elementos fundamentais para evitar a vida cristã infrutífera.

A falta de fruto é sinal de vida em pecado. O Senhor nos convida a andar no Espírito e manifestar as nove características do fruto do Espírito (Gálatas 5.16-23), para dessa maneira lutarmos e vencermos o estilo de vida religiosa voltado às práticas de diversos pecados. Consideremos que o pecado socialmente aceito e o pecado repudiado por toda a sociedade para Deus tem o mesmo peso e recebe do Senhor o mesmo grau de repugnância.

Conclusão. 

Cristo é o Senhor em todas as áreas de nossa vida. Não há uma só área que não deva ser dirigida e dominada por Ele. O cristão precisa produzir um estilo de vida distinto, que envolve o fruto do Espírito, porque seu alvo é ser como Jesus Cristo (Romanos 8.29). E sendo desse modo, o cristão deve viver em santificação contínua, separando-se daquilo que Deus não aprova. A santificação é um processo em nossa vida que ocorre diariamente, até o dia em que Jesus Cristo se manifestar e os que procedem buscando a santidade logo irão contemplar a Jesus exatamente como Ele é (Filipenses 1.6; 1 João 3.2).

E.A.G.

Compilação:
Abraçado pelo Espírito- as bênçãos incalculáveis da intimidade com Deus, Charles Swindoll, páginas 116-118, 1ª edição 2014, Bangu, Rio de Janeiro (CPAD).
As Obras da Carne e o Fruto do Espírito. Como o crente pode vencer a verdadeira batalha espiritual travada diariamente. Osiel Gomes; edição novembro de 2016, páginas 32-39; Bangu, Rio de Janeiro/RJ (CPAD).
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, páginas 332, 333,, edição 2004, Bangu, Rio de Janeiro/RJ (CPAD). 
Lições Bíblicas - As Obras da Carne e o Fruto do Espírito - Como o crente pode vencer a verdadeira batalha espiritual travada diariamente. Comentarista: Osiel Gomes. 1º trimestre de 2017, páginas 21-24, Bangu, Rio de Janeiro/RJ (CPAD).
O Espírito Santo - Ativando o poder de Deus em sua vida. Billy Graham, páginas 123-127, edição 1995, São Paulo, (Edições Vida Nova).
O Espírito Santo na vida de Paulo, Gordon Chown, edição 1987, páginas 81, 82, 87, 89, 90,125-127, 131, 134, Rio de Janeiro/RJ (CPAD).
1, 2 e 3 João -  Introdução e comentário - Série Cultura Bíblica. John R. W. Scott, página 86, reimpressão 2011, São Paulo (Vida Nova)

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

O Plantio e a colheita, a causa e o efeito

Lei-da-Semeadura-O-plantio-e-a-colheita-a-causa-e-o-efeito-carta-epistola-galatas-capitulo-seis-versiculos-7-8-e-9

Na vida, só podemos colher aquilo que plantamos, então procure sempre plantar coisas boas. Cada um recebe de acordo com o que dá. Se der ódio, indiferença e abandono, na mesma medida ou em proporção muito maior, receberá essas coisas futuramente. Mas, se der afeto, tolerância e atenção, em seu porvir haverá de ser muito feliz com a colheita

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Foto e frase de autoria indefinida, encontradas em uma rede social.