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sexta-feira, 13 de maio de 2022

Sendo verdadeiros

O cristão verdadeiro tem o seu coração aberto ao Senhor, é praticante de todas as diretrizes do Reino de Deus, é submisso ao querer de Deus em seu viver porque sabe que é amado e o ama.  


A vida que Cristo traz ao cristão é a grande mensagem do Novo Testamento, designada com palavras, que expressam o seu sentido mais profundo. É vida porque nos possibilita viver com a vida de Deus [Romanos 6.3-11]; é graça porque nos faz participantes da vivência do Senhor [Romanos 1 João 3.9]; é regeneração porque nos faz nascer para as coisas espirituais [Gálatas 6.14; Efésios 4.20-24; Tito 3.3; 1 Pedro 1.23].

I - O ATO DE DAR ESMOLAS E A HIPOCRISIA

1. Definição de hipocrisia.

Hipócrita e hipocrisia são derivadas do grego, significando um hipócrita a pessoa que faz o papel de ator no teatro. Nas referências do Antigo Testamento, os termos hebraicos fazem supor que se trata de profanação ou alguém profano. No Novo Testamento, em muitas passagens a palavra é empregada trazendo o significado de atos conscientes [Mateus 6.16] e inconscientes [Mateus 7.15].

A palavra "hipócritas", da maneira como é usada em Mateus 6.1-4, descreve pessoas que fazem atos bons apenas por aparência, não por compaixão ou quaisquer outros motivos nobres.

2. A justiça pessoal.

Mateus 6.1-18 dedica-se ao tema da religiosidade autêntica oposta à hipocrisia. Em três exemplos bem paralelos, Jesus fala da prática de dar esmolas, orar e jejuar. Em cada caso, a motivação da conduta religiosa deve ser agradar a Deus e não às outras pessoas. 

3. As três práticas da ética cristã.

"Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte, não tereis galardão junto de vosso Pai celeste. Quando, pois, deres esmola, não toques trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa" - Mateus 6.1-2.

Vivemos num tempo em que, para muitos, há uma grande distância entre o dizer e o fazer, pregar e praticar, falar e dar o exemplo correto. Observando isso, diante de um líder cristão Mahatma Gandhi, disse: "Eu admiro o vosso Cristo, e não o vosso cristianismo".

• Esmola [Mateus 6.2-4]. 

O ato de dar esmola está prescrito na lei de Moisés, e os profetas dão grande ênfase a ele. Na versão King James em inglês, Mateus 6.1,2 faz menção sobre o ato de dar esmolas, que segue nos versículos 3 e 4, com a seguinte orientação: "Tu, porém, quando dares a esmola, ignore a tua mão esquerda o que faz a tua mão direita; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará." 

Os mais antigos manuscritos gregos apresentam o termo "vossas justiças" [ten dikaiosynen] em vez de "vossas esmolas" [ten eleemosynen]. Isto faria do primeiro versículo uma introdução mais ampla para as três discussões seguintes sobre dar esmolas [2-4], oração [5-15] e jejum [16-18]. 

Entre os judeus, a assistência social era tão importante que a palavra hebraica para "justiça" adquiriu o significado de "dar esmolas", pois esmolas são justiças [Salmos 112.9; Provérbios 10.2). Os judeus chamavam a caixa de esmolas para os pobres de "caixa da justiça". Diziam que era dever deles dar esmolas aos pobres [Provérbios 3.27]. 

A prática da ética cristã é o mesmo que praticar a Palavra de Deus. A Bíblia é o código de Deus para o homem, nela, de um lado, encontramos os estatutos e as normas das quais os interesses humanos, egoístas e carnais são contrariados e condenados. Não adianta ser religioso, praticar a filantropia e ser  equilibrado ao falar se não guardar-se da corrupção do mundo [Tiago 1.27; Hebreus 12.14].

Dar esmolas é um dever no qual todos os discípulos de Cristo, de acordo com a sua capacidade, devem auxiliar o necessitado de modo abundante. Jesus advertiu os seus discípulos contra a atitude de fazer doação com trombetas, isto é, anunciando o assistencialismo, "como fazem os hipócritas em lugares públicos" [Mateus 6.2]. 

• Oração [Mateus 6.5-15]. 

Neste ensino, indicou que uma oração que demonstre ostentação deve ser evitada. Os hipócritas sentiam prazer em orar em pé, para serem vistos pelos homens. E Cristo declarou que por este motivo já haviam recebido galardão. O que é melhor? A recompensa das criaturas ou a recompensa do Criador?

Jesus também deu aos discípulos um modelo clássico de oração, que ficou conhecido como o Pai Nosso ou a Oração Dominical [6.9-13]. Nela, Cristo mostra os elementos louvor e adoração, deixa margem para a vontade soberana de Deus prevalecer sobre a nossa vontade, esclarece que o cristão verdadeiro prioriza a manifestação do reino em sua vida; faz pedidos e súplicas por perdão, sendo estas solicitações e súplicas vinculadas ao perdão que concede aos outros.

O Mestre enfatizou a importância da oração em oculto [Mateus 6.6]. Advertiu contra o uso de vãs repetições na oração [6.7]. Algumas pessoas inconscientemente repetem nomes e assuntos para o Senhor diversas vezes na oração pública, isso é uma repetição desnecessária. O nosso Pai Celestial sabe que estamos falando com Ele, e sabe o que precisamos antes mesmo que falemos [6.8]. 

• Jejum [Mateus 6.16-18]. 

Jejuar não é uma obrigação em si, mas um método para nos preparar para as outras obrigações. O jejum é um meio de reprimir a carne e os seus desejos, é um ato de mortificação do ego e uma maneira de nos humilharmos sob a mão de Deus. A oração está entre a atitude de dar esmolas e o jejum, como sendo a vida e a alma de ambos. Jejuar é um dever exigido dos discípulos de Cristo, quando Deus, em sua providência, o requer, e quando o jejum se fizer necessário como a solução para algum problema: "Dias… virão em que lhes será tirado o esposo, e então jejuarão" [Mateus 9.15]. 

• Ana jejuava bastante [Lucas 2.37];

• Cornélio jejuava e orava [Atos 10.30];

• Os primeiros cristãos jejuavam [Atos 13.3; 14.23].

Jesus não condenou o fato de os fariseus jejuarem duas vezes por semana, mas a atitude deles vangloriando-se por fazê-lo e se considerarem superiores aos demais por esta prática [Lucas 18.12]. Cristo cita-os como hipócritas porque eles desfiguravam o semblante para que as pessoas em sua volta notassem que estavam jejuando. E por este motivo declarou que eles "já receberam a sua recompensa".

As instruções de Jesus, colocadas em termos modernos, são as seguintes: Quando jejuar, penteie os cabelos e lave o seu rosto. Não tenha a aparência triste para demonstrar que você está jejuando. Ao contrário, jejue por causa do bem espiritual dos outros e de si mesmo. Observe que Jesus diz que Deus tem uma recompensa reservada ao praticante de jejum discreto.  

II - AUXILIANDO O PRÓXIMO SEM ALARDE

1. Qual é a motivação do seu coração?

A obrigação de praticar o bem é muito importante, pode ser considerada necessária e excelente; porém, pode ser usada pelos hipócritas para servir ao seu orgulho. As suas ações podem ser boas, mas seus motivos vazios. As atitudes vazias são a única recompensa de quem as pratica, mas Deus recompensará os que são sinceros em sua religiosidade e fé.

É verdade que realizar boas obras não é garantia de entrar no céu; mas também é verdade que não podemos ir para o céu sem demonstrar o fruto da nossa salvação, que é amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.  

"A religião pura e sem mácula para com o nosso Deus e Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se incontaminado do mundo" - Tiago 1.27. A palavra "religião" vem do latim "religionis", que, por sua vez, deriva do verbo "religare", que carrega o sentido de "ligar outra vez". O ser humano separou-se de Deus ao pecar. Tiago usa uma dialética perfeita para mostrar o que é ser um religioso agradável aos olhos de Deus: o verdadeiro religioso interessa-se pelo sofrimento alheio ao mesmo tempo em que cuida do espírito, zelando pela santidade pessoal. Através da prática da religião verdadeira o pecador arrependido pode reatar sua ligação com o Senhor. Mas, quem liga ou desliga o homem com Deus não é a religião, é Jesus Cristo, o único mediador entre Deus e os homens [1 Timóteo 2.5].

2. O que buscamos quando auxiliamos o próximo?

O cristão sincero vive grande perigo. A hipocrisia é um pecado sutil; a vanglória se introduz no que fazemos antes que consigamos estar cientes da sua presença em nosso coração. 

A motivação do seguidor de Jesus quando ele oferta para ajudar a Obra de Deus ou para ajudar o outro deve sempre ser pura, honesta e reta. Ao ofertar, é importante fazer o exercício de autoconsciência, para evitar cair em pecado. O Sermão do Monte trata de maneira cabal a respeito da vida interior do ser humano, toca no cerne que ninguém é capaz de tocar. Especificamente em Mateus 6.1-4, somos incentivados a descobrir o que há por trás das nossas ações, se a causa for vantagens próprias ou motivação egoísta, é necessário urgentemente lutar contra tais desejos pecaminosos. 

3. A maneira de ofertar segundo Jesus.

Quando socorremos os necessitados sem pensar em receber algo em troca mostramos, verdadeiramente, o que significa servir a Deus e aos outros. Para evitar que o mundo nos corrompa, precisamos nos comprometer com o sistema ético e moral de Cristo, e não com o sistema do mundo, que pratica o bem interessado em receber algo em troca. Não devemos nos adaptar ao sistema de valores mundanos, que se baseia no dinheiro, no poder e no prazer. A fé verdadeira não significará nada se estivermos contaminados pelos valores desse mundo.

Paulo, em 1 Timóteo 5.3 recomenda prestar assistência social. Não é sem razão que ele frisa a expressão "de fato", em relação às viúvas. Provavelmente, tal afirmação se deve à constatação que naquela igreja muitas viúvas não eram realmente necessitadas. Com essa expressão, o apóstolo mostra uma clara definição do que deve ser entendido por carente ou necessitado. 

Conta-se de um rapaz que tinha por parte de seu chefe a confiança para indicar uma pessoa desempregada para uma vaga na empresa em que trabalhava, que não precisava de experiência anterior para a função. Ao encontrar uma pessoa em situação de mendicância, o rapaz ofereceu a ela a chance de ganhar o emprego, que lhe daria uma condição econômica estável. A reação do mendigo foi surpreendente, ao invés de agradecer e alegrar-se, proferiu ofensas e afastou. Ele queria dinheiro, demonstrou não gostar de trabalhar.

III. DEUS CONTEMPLA O BEM QUE REALIZAMOS

1. O Deus que tudo vê.

A cada momento que encontramos uma pessoa com fome ou sede, sem um abrigo, precisando de uma troca de roupas, enferma e solitária, e há em nossa vida condições de demonstrar empatia, precisamos lembrar que Deus nos vê e que tal situação é um momento de prova que Ele nos dá. Jesus Cristo se coloca no lugar do pobre, do miserável, indigente, doente, de todos que vêm até nós e espera nosso auxílio. A prova real da nossa fé não é uma tarefa fácil, mas precisamos passar por ela e sermos aprovados, se queremos chegar ao céu. 

Tudo o que é possível fazer em benefício do próximo demonstra o que realmente consideramos sobre o senhorio de Jesus para nós: para viver em obediência e sinceridade ao Senhor, devemos tratar as pessoas que estão ao nosso lado como se elas fossem Jesus: "Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: 'Venham, benditos de meu Pai! Venham herdar o Reino que está preparado para vocês desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; eu era forasteiro, e vocês me hospedaram; eu estava nu, e vocês me vestiram; enfermo, e me visitaram; preso, e foram me ver" [Mateus 25.34-36]. 

2. O Deus que recompensa.

No século 1, os órfãos e as viúvas tinham poucos meios de sustento econômico. A menos que houvesse um membro da família disposto a cuidar deles, eles seriam reduzidos a mendigar, a vender-se como escravos, ou a passar fome. Ao cuidar dessas pessoas, a igreja colocou a Palavra de Deus em prática. 

Em Mateus 25.31-46, encontramos a passagem que relata o futuro da humanidade, o momento em que Deus separará os crentes fiéis dos incrédulos e daqueles que fingem segui-lo. O destino de muitos será a vida eterna e de outros o castigo eterno. Essa passagem causa perplexidade em muitas pessoas, pois encontramos no julgamento a ênfase na questão dos atos de generosidade em favor dos pequeninos. Receberão o veredito de salvação apenas aqueles que cumprirem o princípio fundamental do cristianismo, que é servir ao necessitado, o que nos faz entender que além dos conceitos espirituais, é preciso prestar socorro aos carentes de toda carência material e física.

CONCLUSÃO 

Recapitulação: Jesus ensina aos seus seguidores que devem praticar os seus deveres religiosos: a caridade, a oração e o jejum. Cristo adverte sobre o perigo da hipocrisia no jejum, ao dar esmolas e ao orar. Devemos fazer essas coisas para servir a Deus e aos outros e não para receber elogio e ser o centro das atenções serem visto [Mateus 23.5]. Cristo afirma de maneira contundente que aquele que exibe tais ações recebe o galardão deste mundo, isto é, o louvor das pessoas que o vê, e não tem nada a receber de Deus.

A lição de Jesus Cristo, registrada em Mateus 6.1-4, nos adverte versículos contra a hipocrisia dizendo "guardai-vos". O motivo de sermos solicitados a ter cuidado indica que toda forma de hipocrisia é pecado. Proteja-se da hipocrisia, porque se ela reinar em você, irá destruí-lo espiritualmente.

Ter uma vida religiosa composta de fingimento é comparável à existência sem sentido do pescador que se apaixona pela rede e perdeu o desejo de pescar. 

E.A.G
Compilações:
Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal. 1ª Edição 2015, página 1562.Bangu, Rio de Janeiro-RJ [Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD]. 
Comentário Bíblico Beacon - Mateus a Lucas. Volume 6. Edição 2006. Páginas 62, 63. Bangu, Rio de Janeiro-RJ [Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD]. 
Ensinador Cristão. Ano 23, número 89, página 40. Bangu, Rio de Janeiro-RJ [Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD]. 
Lições Bíblicas - Tiago : a prática da vida cristã. Elinaldo Renovato de Lima. 1º trimestre de 1999. Lição 4: A prática da Palavra de Deus. 24/01/99, página 18. Bangu, Rio de Janeiro-RJ [Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD]. 
Manual de Aplicação Pessoal. 1ª Edição 2013, página 398. Bangu, Rio de Janeiro-RJ [Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD]. 
Manual Bíblico Vida Nova. David S. Dockerye. Edição 2010, páginas 583. Brooklin Paulista. São Paulo [Edições Vida Nova].

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