Por Cristiano Santana
Sei que a questão do divórcio e novo casamento é um assunto que sempre gera debates acirrados, por isso nem quero entrar no mérito da discussão. Eu apenas gostaria de me endereçar àqueles que acreditam estar seguindo toda a tradição reformada ao defenderem o indissolubilidade absoluta do casamento, que se resume nisso: um cristão só está livre para novo casamento quando o seu ex-cônjuge morrer.
Na verdade, a doutrina acima é muito mais católica do que reformada. Na Reforma do séc. 16, no esforço de retornar ao ensino bíblico, os protestantes rejeitaram a natureza sacramental do casamento, e com isso a indissolubilidade absoluta do casamento cristão. Com base na Bíblia, desenvolveu-se no campo protestante o consenso que o casamento é santo, e em princípio indissolúvel, mas que existem situações que rompem o laço matrimonial, e que permitem o divórcio e novo casamento.
Lutero, João Calvino, Zwinglio, Melanchton e outros, se pronunciaram a favor do divórcio, como último recurso nos seguintes casos: infidelidade, recusa em se manter relações sexuais, abandono do casamento, diferenças religiosas irreconciliáveis, perigo de vida, insanidade. Em Estrasburgo até o consentimento mútuo era aceito (abandono do casamento por ambos).
Olhem o que diz a Confissão de Westminster, uma das últimas confissões formuladas durante a Reforma:
"O adultério ou a fornicação cometidos depois de um contrato, sendo descoberto antes do casamento, dá à parte inocente justo motivo de dissolver o contrato; no caso do adultério depois do casamento, à parte inocente é lícito propor divórcio, e, depois de obter o divórcio, casar com outrem, como se a parte infiel fosse morta."
Encerro dizendo, mais uma vez, não quero discutir se o novo casamento é válido ou não. Mas creio ter atingido o meu propósito ao demonstrar que a doutrina da indissolubilidade do casamento não tem nada de reformada, mas é de origem católica.
Fonte: Cristiano Santana - Uma Visão do Mundo
2 comentários:
Bom dia!
A questão do divórcio obviamente por motivos que tornaram o casamento impossibilitado de dar sua continuidade é e deveria ser mesmo indiscutível.
Muitas pessoas o aceitam só no caso de adultério mas, há outros casos que devem serem observado como o caso de mulheres vitimas de agressões do próprio marido, algumas colocando até sua vida em risco.
É triste, causa um rombo, um dano terrível na família mais seria cruel orientar uma mulher a permanecer com um agressor, monstro, covarde até seu ultimo dia.
Quem acompanha jornalismo sabe que alguns casos terminam com morte ou prisão do agressor.
Penso que tanto a mulher quanto o homem devem lutar para manter sua família unida das melhores formas possíveis e da mesma forma ter a sensibilidade pra perceber se a relação é recuperável ou não!?
Grande abraço!
Tema muito interessante!
Entre tantas coisas que se falam a respeito eu digo que realmente o divórcio não deveria existir no casamento, como tabém as agressões e o adultério também nao deveria existir e um casamento!
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