Florisvaldo de Oliveira, conhecido como Cabo Bruno, foi um ex-policial militar que ganhou fama na década de 1980 por executar pessoas, supostamente criminosos, cortando suas cabeças na cidade de São Paulo. Agia como justiceiro durante suas folgas como policial, liderando um bando com de doze pessoas - inclusive oficiais, embora alguns digam que praticava os crimes sozinho.
Após preso, admitiu ter matado mais de 50 pessoas, ter preferência de ceifar a vida de pessoas tatuadas, e que planejava matar o arcebispo Dom Evaristo Arns, por discordar de sua postura quanto aos Direitos Humanos.
Foi condenado a 113 anos de prisão, fugiu três da cadeia e foi recapturado. Converteu-se ao cristianismo na Penitenciária Dr. José Augusto César Salgado, em Tremembé, São Paulo, onde passou a fazer pinturas de quadros em pinturas de óleo sobre acrílicos e engordar. Se transformou em pastor evangélico.
Em 1988, casou-se com a mulher que o evangelizara. Em 1989 conseguiu que a Justiça lhe concedesse cumprir a pena em regime semiaberto e em seguida proibido as saídas da prisão. Em 22 de Agosto de 2012, recebeu liberdade, após 27 anos preso. A soltura ocorreu porque o Promotoria de Justiça se baseou em lei que prevê liberdade a presos com mais de 20 anos de sentença a cumprir, por seu bom comportamento, por elogios de funcionários da cadeia quanto a sua conduta na unidade prisional.
Em 26 de Setembro de 2012, após tomar posse como pastor-dirigente em uma igreja no município de Aparecida, interior de São Paulo, voltou para casa dirigindo um automóvel em que estava sua família. Segundo depoimento da família, ao chegar no domicílio, encontrou com dois homens a pé que o aguardavam parados próximo de sua casa. Ele disse as pessoas que com ele estavam "é comigo", abriu a porta e desceu sem esboçar tentativa de fuga. Estava desarmado. As duas pessoas não anunciaram assalto, dispararam aproximadamente 20 tiros de pistola calibre 380 e ponto 40 e ele morreu no local. A família nada sofreu, apesar de um dos tiros acertar a lataria do carro em que estavam.
As pessoas da vizinhança e da igreja que ele frequentou ficaram surpresas, disseram que ele era alguém que demonstrava muita fé e gostava de pregar sobre o perdão de Deus e dar bons conselhos a todos, não sabiam de seu passado criminoso.
Diz-se que ele é responsável pela conversão ao cristianismo de Lindemberg Alves, o assassino de
Eloá Cristina Pimentel, que conheceu na Penitenciária Dr. José Augusto César Salgado, em Tremembé.
A seguir, trecho de um
artigo que eu escrevi no dia 24 de Setembro passado, dois dias antes do Cabo Bruno ser assassinado, quando abordei a questão da semeadura e colheita na vida dos cristãos.
"Jesus Cristo revelou a Ananias o futuro de Paulo: "Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel. E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome" - Atos 9.15-16.
É fato: Jesus Cristo avisou que no mundo teríamos aflições (João 16.33). Então nenhum cristão deve viver em ilusão, acreditar na falácia de que não terá problemas porque está convertido a Cristo, como se a vida cristã fosse um "mar de rosas". Mas, é preciso entender a razão de precisar passar algumas fases da vida com o coração aflito.
A experiência paulina contém uma lição preciosa a todos nós. Os episódios das prisões de Paulo são partes da colheita de muita coisa ruim que ele plantou antes da sua conversão. Antes de se converter, ele foi responsável pela orfandade de muitas crianças, viuvez de esposas, por pais e mães enterrarem seus filhos (Atos 9.5). O apóstolo sabia disso, e escreveu o seguinte: "Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna. E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido" - Gálatas 6.7-9.
Quem plantar em sua vida abrolhos - planta que dá frutos espinhosos -, não ore a Deus pedindo para Ele trocar sua colheita ruim por uvas deliciosas ou outra espécie de fruta palatável. Ele é justo e não responderá este tipo de oração.
O próprio Filho do Altíssimo alertou a Pedro sobre o resultado da semeadura, quando o discípulo fez uso da violência contra o soldado Malco: "Então Jesus disse-lhe: Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão."
No livro de Provérbios está escrito que "os justos se libertam pelo conhecimento" (11.9). Faça uma boa plantação e terá resultados prazeirosos. O cristão deve ser justo e praticar o bem para colher coisas boas, nenhum injusto receberá bênção por cometer injustiças. O injusto deve esperar apenas o galardão das suas injustiças (2 Pedro 2.12-14).
Ninguém deve acreditar que a excelente colheita que o próximo recebe poderá ser transferida para si e que a sua colheita, de péssima qualidade, é transferível aos outros, que dela não são responsáveis pelo plantio. Cada um recebe a porção que plantou. Deus é justo, não permite que o plantador da oliveira perca o direito de receber o produto de sua colheita, e em troca das olivas receba espinhos, plantadas por decisão de seu vizinho inconsequente."
E.A.G.