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domingo, 28 de julho de 2019

A Mordomia da Igreja Local



Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

Em português, o vocábulo "igreja" se deriva  do latim "ecclesia', que por sua vez tem como raiz a palavra grega ekhlesía.

No Novo Testamento, na maior parte de suas ocorrências, tem em vista uma reunião de pessoas, significa uma congregação local de cristãos. Na maioria esmagadora dos casos, ekklesia indica um vínculo local de crentes.

Não se tem certeza das circunstâncias sob as quais ekklesia tomou-se a palavra aceita para as congregações cristãs. Nenhum escritor do Novo Testamento usou o termo no sentido de descrever um edifício. Esta palavra aparece no Novo Testamento na declaração de Jesus registrada em Mateus 16.18 e 18.17.

Tendo ressurgido dos mortos, Jesus agora é o Cabeça da igreja, a Suprema autoridade sobre o mundo, o Messias consagrado por Deus (Efésios 1.22). Como cristãos, entendemos que Cristo tem o controle de tudo.

Quando possível, é importante que haja um local preparado especificamente para a cristandade se reunir com o propósito de adorar a Deus. "Alegrei-me quando me disseram: 'Vamos à Casa do SENHOR' (...) 'Por amor da Casa do SENHOR, nosso Deus, buscarei o seu bem" - Salmos 122.1, 9. 

I - A MORDOMIA DOS BENS ESPIRITUAIS

1. A mordomia e a valorização da Palavra de Deus.

Como gente que alcançou a salvação em Cristo, fomos chamados de nossos afazeres diários de uma vida comum para viver em comunhão com Deus. Ele abre nossos olhos para ver maravilhas sobrenaturais, mas exige de nós prova de fé, para a partir da nossa resposta de fé nos presentear com revelações ainda mais profundas. E um desses mistérios desvendados, é que sempre que quando Ele se compadece da alma em aflição, a intervenção de livramento do aflito pode acontecer por meio  do crente que recebe a comissão sobrenatural para ser o instrumento de Deus, ao se manifestar com misericórdia. 

O crente em Cristo é uma pessoa que goza do privilégio de haver deixado o estilo de vida mundana ou do paganismo para ser alguém que vive em coletividade com outras pessoas que gozam da mesma situação feliz. Deus age com providência para favorecer aqueles que são fiéis, sempre abençoa aqueles que obedecem seus mandamentos. Aquele crente que quer viver em constante fidelidade ao Senhor, sabe da sua missão de distribuir o conhecimento da Palavra do Senhor, tem disposição de pregar a Palavra de Deus aos que ainda estão distantes da congregação do salvos.

A revelação no Antigo Testamento era perfeita e incompleta; no Novo Testamento é perfeita e completa (João 14.9; Hebreus 1.1). A revelação sobre a salvação em Jesus é dada aos cristãos por meio das Escrituras Sagradas. No primeiro estágio desta revelação, Deus descortinou o plano da Salvação por meio do Antigo Testamento, falando através dos profetas, e na segunda etapa divulgou o seu imenso amor pelos pecadores através do seu Filho, o Verbo divino que se fez carne (Hebreus 1.1-2).  Jesus é o Verbo (Logos), a Palavra revelada.

Jesus é a Divindade que se fez gente como a gente com o nobre objetivo de comunicar o imenso amor de Deus aos homens através da sua encarnação e sacrifício na cruz. A incumbência de anunciar essa realidade está sobre os ombros dos servos de Deus que compõem a Igreja aqui na terra.

2. A mordomia na evangelização e no discipulado.

2.1 - Evangelismo, curas e maravilhas. "E disse-lhes: 'Vão por todo o mundo e preguem o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado" - Marcos 16.15, 16.

Durante os quarenta dias que Jesus esteve em Israel após ressuscitado, encontrou-se com seus seguidores em determinadas ocasiões, porém, apenas na ocasião em que fez o discurso, em que se referia à Grande Comissão, foi um encontro marcado por Ele com seus discípulos (Mateus 26.32; 28.16; Atos 1.3). A ordem de evangelização e ensino da Palavra,m dada por Ele naquele encontro, foi o último desejo exposto pelo nosso Salvador, um dia antes de subir ao céu.

Evangelismo e discipulado são importantes tarefas que o crente não deve desprezar, pois é a missão principal da Igreja.  Portanto, que haja em cada coração cristão o mesmo desejo de Cristo, que é salvação das almas que caminham sem perceber para a perdição eterna. Desde a Queda de Adão, a Humanidade é problema do pecado e da morte; e desde a Grande Comissão a voz do Cristo ressuscitado soa solicitando ao cristão que não deixe pregar o Evangelho neste mundo, até a consumação dos séculos.

"Estes sinais acompanharão aqueles que creem: em meu nome, expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados" - Marcos 16.17-18.

Jesus promete salvação "daquele que crê" e promete a rotina de ocorrências de sinais dos "aquele que crê. Nenhum cristão deveria aceitar a primeira condição e desprezar a segunda, porque milagres são fatos acima da capacidade humana de apresentar uma explicação. A promessa da salvação está atrelada à promessa dos sinais sobrenaturais. Em cada lugar que houver um crente pregando a Palavra, revestido da fé nas duas promessas do Senhor, haverá a confirmação de Cristo em ministério de evangelização.

2.2 - Evangelismo e apoio ao evangelizado. "Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: 'Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que tenho ordenado a vocês. E eis que estou com vocês todos os dias até o fim dos tempos" - Mateus 28.18-20.

O capítulo 28 do Evangelho de Mateus apresenta os fatos que ocorreram após a ressurreição de Cristo. No fim do sábado, quando as mulheres foram ao sepulcro e encontraram Jesus revivido, receberam a ordem dEle para dizer aos discípulos que o encontrariam na Galileia (versículos 16 e 17). E de acordo com o aviso recebido, os onze discípulos seguiram para a Galileia, até o monte onde Jesus iria encontrá-lo. Quando eles viram Jesus, o adoraram; mas alguns duvidaram que realmente era o Mestre. Isto parece implicar que havia um grupo maior do que onze pessoas, e essa pode ter sido a mesma reunião em que o Cristo ressuscitado foi visto por mais de quinhentas pessoas ao mesmo tempo (1 Coríntios 15.6).

Nos versículos 18 a 20 de Mateus 28, temos a narrativa enfática sobre a Grande Comissão de Jesus para a Igreja. Jesus lhes diz que possui toda a autoridade (exousia, no grego), no céu e na terra. E diante deste poder maravilhoso, ordena aos cristãos evangelizar o mundo todo, sem que se esqueçam da questão do discipulado, que é fazer discípulos, ajudar o novo convertido a se estruturar na fé cristã. Tal tarefa inclui batizar o novo convertido nas águas, em nome do Pai, e do Filho e do Espírito.

Ao determinar que se faça evangelismo e discipulado, Jesus lança a promessa de que estará literalmente presente com os cristãos que obedecem tal orientação. As passagens bíblicas Mateus 28.18, 20 e Marcos 16.19 esclarecem que Cristo coopera com os cristãos evangelizadores e tem o firme propósito de continuar cooperando por meio de milagres até à consumação dos séculos. Então, o crente evangelista, que se põe a anunciar o plano da Salvação às almas perdidas e a  ensinar o neófito da fé a guardar os mandamentos do Senhor em seu coração, deve ter a certeza que tem a companhia colaboradora do Cristo ressurreto, o Soberano que tem em suas mãos uma potência inigualável.

Quando Confúcio morreu, em 478 a.C., os chineses passaram a idolatrá-lo ainda mais e não deixaram de difundir suas ideias; quando o indiano Gotama faleceu, em 488 a.C., seus adeptos passaram a se referir a ele como "a encarnação da inteligência" (isto é, buda), e espalharam suas doutrinas para milhões de pessoas; quando, no ano 632 d.C., Maomé suspirou pela última vez na Arábia, os islâmicos não perderam seu ponto de vista e expandiram o califado par além da Pérsia e Península Ibérica. Entretanto, estes líderes e liderados têm algo diferente de Cristo e dos cristãos: Jesus morreu e levantou-se dos mortos, seu organismo não se deteriorou inanimado, o cristianismo não é apenas uma filosofia, religião ou crença. pois Cristo vive. E, ao morrerem, o espírito de cada crente é preservado por Deus para encontrar-se com Cristo na sua Segunda Vinda; quando o corpo mortal será revestido de imortalidade e estarão na presença de Deus para sempre (1 Coríntios 15.50-54; 1 Tessalonicenses 4.16-17; 2 Coríntios 5.5-9).

Como membros do Corpo de Cristo, integramos a Igreja que um dia estará no céu. Enquanto estiver aqui na terra, a missão de cada crente é estar sempre disposto ao ensino. Esta é a orientação de Paulo. Após sua conversão, o apóstolo mostrou-se uma pessoa incansável no propósito de anunciar o Salvador aos seus contemporâneos e incentivá-los a amadurecerem na fé, e com tal característica comportamental, pede que sejamos seus imitadores (1 Coríntios 4.14-17). 

3. A mordomia no uso dos dons espirituais.

Quando estávamos no mundo, a nossa mente vivia à reboque do sentimento de autossuficiência, era avessa ao senhorio Cristo. Depois de receber a Jesus como Salvador, é necessário entronizá-lo em nosso coração também como Senhor. Para que possamos ter condições de vencer o interesse da natureza pecadora em continuar decidindo o que falaremos e faremos, temos que agregar conhecimento bíblico ao nosso intelecto. O desenvolvimento espiritual da pessoa convertida a Jesus só acontece quando ela decide a aplicar o conhecimento da Palavra de Deus na vida cotidiana. Apenas quando o convertido decide que o seu coração acolherá inteiramente a Palavra de Deus e que rejeitará o orgulho que o faz não ser um crente totalmente obediente, é que este crente começará e crescer espiritualmente.

Não é possível ser um crente maduro se a mentalidade não estiver rendida às orientações das Escrituras, apenas quem dedica tempo para absorver os ensinamentos da Bíblia tem condições de deixar o comportamento de menino na fé e prestar ao Senhor seu culto racional (Deuteronômio 8.3; Romanos 12.1-2; Tiago 1.23-25).

A maturidade do crente é comprovada por haver nele a prática do fruto do Espírito: "Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, 23 mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei" - Gálatas 5.22-23. Ser portador de dons espirituais não é prova divina de ser um crente experiente nas mais revelações da vontade do Senhor. Os nove dons espirituais existem para o bem da coletividade, para que ele sirva a comunidade cristã, não existem apontar um membro da igreja como mais espiritual que outros (1 Coríntios 12.7; 1 Pedro 4.10).

O crente pentecostal, batizado com o Espírito Santo, tem da parte de Deus a satisfação de poder falar em línguas estranhas. Porém, tal capacitação não deve servir para dificultar o andamento de culto na igreja, ele precisa ter a consciência que é necessário administrar os dons espirituais com decência e ordem (1 Coríntios 14.40).

Jesus edifica a sua Igreja, permitindo que os crentes manifestem dons espirituais de acordo com seu estilo, assim a multiforme graça do Senhor se faz presente na liturgia do culto (Mateus 16.18; 1 Pedro 4.10). Diante dessa situação, o crente não pode estar desinformado a respeito dos dons espirituais (1 Corintios 12.1). Por exemplo. a pessoa que possui o dom de profecia, ou interpretação de línguas, não tem da parte do Espírito licença para profetizar em momento inapropriado, interrompendo a fala do pregador ou o momento de louvor através do canto. Em 1 Coríntios 14.32, está escrito que "os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas' (...) 'Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos" (ARC). O que Paulo quis dizer ao escrever isto? O termo "sujeitos", no grego é "hypotasso", e passa a ideia de "estar sob controle". Logo, quem recebeu o dom de profetizar, tem plena condição de controlar-se, se não o faz, merece ser chamado pelo pastor da igreja para ouvir uma pertinente repreensão particular.

A Bíblia, com seus 66 livros é a revelação de Deus ao ser humano. Deus ainda fala às pessoas por meio de ideias e visões, porém essas diferem da revelação porque são um "esclarecimento" sobre algo que Deus já disse. Existe exemplos de conhecimento revelado, mas nunca de natureza doutrinária. Eles sempre tratam de assuntos de aplicação específica. E é por isso que é importante testar toda e qualquer "profecia" que tenha supostamente vinda de Deus. O Espírito nunca fala contrariamente ao que está na Bíblia. 

II - A MORDOMIA DA AÇÃO SOCIAL DA IGREJA

1. A assistência social no Antigo Testamento.

A lei judaica era cuidadosa acerca dos oprimidos, nas páginas da Bíblia as figuras do pobre, da viúva e do órfão representam as pessoas carentes de atenção na questão de ajuda material.
Os pobres. Eles tinham direito de apanhar aquém e além o que se deixava ficar no campo depois da ceifa, ou depois da vindima, ou depois da colheita de azeitonas (Levítico 19.9; Deuteronômio 24.19, 21; Rute 2.2).
No ano sabático, os pobres eram autorizados a ter parte nos excedentes (Êxodo 23.11; Levítico 25.6); e se eles tivessem vendido alguma porção da sua terra ou cedido sua liberdade pessoal, tudo deveria ser restaurado no Ano do Jubileu (Levítico 25.25-31; Deuteronômio 15.7-18).
Além disso, eram protegidos contra a usura (Levítico 25.35,37, Deuteronômio 15.7, 8; Salmos 15.1, 5), recebiam uma porção dos dízimos (Deuteronômio 26.12, 13); e seu estado financeiro ainda tinha que ser considerado sob outros aspectos (Levítico 19.13; Deuteronômio 16.11, 14).
As viúvas. O Antigo Testamento apresenta a viúva como uma pessoa necessitada em termos de proteção e sustento, e que deve ser honrada e respeitada. Sob a lei mosaica, o cuidado para com a viúva era considerado uma responsabilidade dos parentes, e era um dos deveres atribuídos ao filho mais velho, que recebia a primogenitura.
Se alguém prejudicasse uma viúva ou um órfão, e esta pessoa, aflita, clamasse ao Senhor, Ele enviaria uma vingança rápida (Êxodo 22.22-24; Salmos 146.9).
Com relação à viúva casar-se outra vez, se não tivesse filhos, esperava-se que ela se casasse com o irmão ou com um parente próximo do seu falecido marido (Deuteronômio 25.5).
Os órfãos. Davi escreveu: "Tu, porém, tens visto isso, porque atentas ao sofrimento e à dor, para que os possas tomar em tuas mãos. A ti se entrega o desamparado; tu tens sido o defensor do órfão" (Salmos 10.14).
Como conhecedores da Palavra, temos diante de nós condição de fazer escolhas. As páginas bíblicas contém orientações para tomadas de decisões corretas. O objetivo do Espírito Santo ao trazer inspiração aos autores dos livros canônicos é que façamos o que é certo e evitemos as consequências prejudiciais das decisões equivocadas.
Na geração de Davi, Israel seguia às leis do Senhor, que asseguravam que a pessoa pobre deveria ser tratada com dignidade e bondade (Salmos 82.3,4). Naquele tempo bem como em todas as épocas, existiam pessoas afligidas pela pobreza extrema. Mas Deus nunca desamparou e jamais desamparará aos que o servem. Então, em outra passagem, o salmista declarou que não havia visto o justo desamparo e nem a sua descendência mendigar o pão (Salmos 37.25). 
A Bíblia imprime um contraste entre quem é servo do Altíssimo e aquele que não o serve. Quando o homem bom é pego pela armadilha do pecado, tem motivos para cantar alegremente, pois encontra o escape através da providência divina. Aquele que ocupa-se em suprir a necessidade do pobre é uma pessoa boa; mas aquele que não se preocupa em assumir qualquer responsabilidade para ajudar o necessitado. é gente má e transgressora da Lei do Senhor (Provérbios 29.6, 7).

Ao profetizar sobre o iminente cenário de invasão da Assíria ao território de Judá, Isaías clamou pelos oprimidos: "Aprendam a fazer o bem; busquem a justiça, repreendam o opressor; garantam o direito dos órfãos, defendam a causa das viúvas (1.17).

Jeremias (22.3) apresentou a seguinte declaração em favor dos necessitados: "Assim diz o SENHOR: Pratiquem o direito e a justiça e livrem o oprimido das mãos do opressor. Não oprimam nem maltratem o estrangeiro, nem o órfão, nem a viúva. Não derramem sangue inocente neste lugar."

Quando se ouve falar da destruição de Sodoma e Gomorra, logo vem em nossa mente que o motivo para isso ter acontecido foram os pecados sexuais. Se não cometemos adultério, roubo, assassinato, ou atos homossexuais, a consciência permanece tranquila. Porém, o profeta Ezequiel (16.49) lembra que os moradores daquelas cidades, juntamente com os cidadãos de Admá, Zebolim e Bela (conhecida também como Zoar), foram destruídos com fogo caído do céu não apenas porque eram praticantes dos atos acima citados, mas porque também não cuidavam dos pobres e necessitados. 

Zacarias (7.1, 7, 9-10) tinha uma palavra de correção da parte do Senhor aos seus conterrâneos, tanto aos sacerdotes quanto ao povo. Eles brincavam  de religião, oravam, jejuavam, a ao mesmo tempo eram desonestos. Não tratavam o próximo com compaixão; exploravam os estrangeiros e os patrícios, órfãos e viúvas. Por não levarem à sério a Palavra do Senhor, o profeta os fez lembrar que o mais importante é aquilo que está por trás da oração e  do jejum, ou seja, a motivação e a tomada de atitude certas. Deus percebe o fingimento e exige obediência. 

2. A assistência social no Novo Testamento

O termo pobreza é usado no Novo Testamento em referência ao sofrimento de Jesus, que, voluntariamente, entregou a sua vida em favor da humanidade (2 Coríntios 8.9). Mas, a palavra pobreza também aborda a condição dos santos na Judeia e, de modo generalizante, fala de Esmirna (2 Coríntios 8.2; Apocalipse 2.9).

O vocábulo "viúva" ocorre em Mateus 28.13; Marcos 12.40.42,43; Lucas 2.37; 4.25; 4.26, 7.12: 18.3,5; 20.47; 21.2,3; Atos 6.1; 9.39,41; 1 Timóteo 5.3, 4, 9, 11, 16; Tiago 1.27; Apocalipse 18.7. O evangelista Lucas cita a viúva Ana no capítulo 2 e versículo 37, mulher que não se afastava do templo, servia a Deus em jejuns e orações durante os dias e as noites. E, Paulo, ao escrever a sua primeira carta para Timóteo (5.1-16), o instrui dizendo que as viúvas que possuíam qualificações espirituais, se dedicavam à oração, mereciam ser honradas, caso precisassem do auxílio financeiro, a igreja em Éfeso deveria ajudá-las neste sentido. O que leva a entender que havia naquela comunidade cristã uma lista oficial com vista a realização da prestação de assistência material para mulheres em estado de viuvez. Em Apocalipse 18.7, a palavra viúva é usado figurativamente acerca de uma cidade abandonada.

Em seu ministério terreno, Jesus Cristo se fez exemplo da característica do líder que age segundo a vontade de Deus. Ele pensou no bem-estar de seus seguidores tanto na condição espiritual quanto  na corpórea. Assim, Ele demonstrou aos líderes cristãos que o Pai celeste tem os olhos voltados às carências relativas à fé e ao estômago de seus filhos. O milagre que possibilitou a alimentação de cinco mil pessoas está registrado nos quatro evangelhos, o que nos faz entender que o assunto merece nossa atenção e destaque. Referências:  Mateus 14.13-19; Marcos 6.30-44; Lucas 9+10-17; João 6.1-14.  Além disso, ainda houve outro milagre semelhante, quando quatro mil pessoas saciaram a sua fome, o registro do segundo episódio esta registrado em Mateus 15.32-39 e em Marcos 8.1-9.

Entre os milhares de judeus que faziam a peregrinação a Jerusalém para participar da festividade do Pentecostes, muitos compareciam ali desde a Páscoa, isto é, cinquenta dias antes. Para muitos judeus, a permanência estendida em Jerusalém tinha como motivo aprender os fundamentos da fé cristã recém descoberta. Muitos, provavelmente, necessitavam de assistência financeira ou física por parte dos moradores de Jerusalém, para que fosse possível ficar assim tanto tempo longe de casa. Quando a necessidade surgia, os crentes vendiam suas propriedades para ajudar segundo cada um tinha necessidade. Esta prática de repartir com todos era provavelmente uma resposta às necessidades específicas (Atos 2.44, 45).

O capítulo 6 de Atos dos Apóstolos aborda a um problema interno da igreja. Havia algumas aparentes discrepâncias na distribuição de víveres às viúvas necessitadas da congregação. Surgia reclamações daqueles que pensavam estar sendo discriminados, e uma maré crescente de descontrole emocional. Então, cheios do Espírito, o grupo de apóstolos resolveu o problema com sabedoria. Eles convocaram a multidão dos discípulos para uma reunião, deixaram todos cientes que não podiam deixar de pregar e ensinar a Palavra de Deus para servirem às mesas. Devido às limitações tanto de energia física quanto de tempo, e pela prioridade que tinham para pregar e ensinar a Palavra de Deus, eles pediram aos discípulos que escolhessem entre eles sete homens de boa reputação, sábios e cheios do Espírito, para se encarregarem da administração da assistência social. Este "parecer agradou a todos. Então elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia. Apresentaram estes homens aos apóstolos, que, orando, lhes impuseram as mãos" (versículos 5 e 6).

Os cristãos em Jerusalém experimentaram pobreza e escassez. Então, Paulo fez coleta de dinheiro para eles (Romanos 15.25-31; 2 Coríntios 8.4 e 9.1-5). Ele sugeriu que os irmãos economizassem determinada quantia semanalmente e a entregassem a igreja até que ele chegasse para ele levar as doações para Jerusalém, e assim ocorreu (Atos 21.18; 24.17).

3. Agindo para a glória de Deus e o alívio do próximo.

"Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e com toda a sua força.” - Marcos 12.30, 31.

"Somente recomendaram que nos lembrássemos dos pobres, o que também me esforcei por fazer" - Gálatas 2.10.

Não podemos falhar quanto à necessidade do outro. Por amar ao Senhor, os verdadeiros discípulos de Cristo não se omitem quanto à necessidade de seus irmãos; possuem boa vontade e se empenham no cuidado dos pobres, possuem boa vontade para ajudar quem está oprimido pelas adversidades. De maneira justa socorrem a família que atravessa períodos difíceis. Para mais reflexões sobre esse assunto: Lucas 6.20, 21; Atos 4.34, 35; 6.1-6; 20.38; Romanos 12.8; 1 Coríntios 16.2; Tiago 1.27).

III. A MORDOMIA DOS CRENTES NA IGREJA LOCAL

1. Em primeiro lugar é preciso congregar.

"Que fazer, então, irmãos? Quando vocês se reúnem, um tem um salmo, outro tem um ensino, este traz uma revelação, aquele fala em línguas, e ainda outro faz a interpretação. Que tudo seja feito para edificação" - 1 Coríntios 14.26.

Quando Pedro foi preso por Herodes, que pretendia matá-lo por causa da sua fé, a igreja intercedeu pela segurança do apóstolo. O amor da fraterno e a oração da igreja mudaram o desfecho daquela situação. A oração em conjunto, em concordância , altera situações difíceis. Portanto, estejamos unidos e orando com regularidade e com propósitos definidos. Abandonar as reuniões cristãs é desistir do ânimo e do auxílio de outros cristãos. A reunião de culto é útil para compartilhar a fé e para que os crentes se fortaleçam mutuamente no Senhor. As dificuldades jamais devem se tornar desculpas não ir ao culto na igreja. Quando as dificuldades surgem, é preferível fazer um esforço ainda maior para comparecer ao encontro com os cristãos para junto com eles adorar a Deus.(Atos 12.5; Hebreus 10.25).

2. Líderes cristãos como mordomos.

O capítulo 13 de João revela a cena íntima entre Jesus e os discípulos. Está registrada também em Mateus 26.20-25; Marcos 14.17-21; e Lucas 22.21-23.

O início da narrativa de João tem o olhar do Salvador direcionado para a pessoa de Judas Iscariotes.

Judas representa o cristão chamado para exercer liderança, se introduz como joio no meio do trigo, poderia corresponder ao amor celeste mas se nega a isso porque é carnal. Ele era um dos doze apóstolos, fazia parte do círculo mais próximo do Mestre, como os outros ele viu milagres de perto, ouviu ensinamentos em posição privilegiada, fez parte de reuniões reservadas e ouviu revelações dirigidas apenas aos membros daquele seleto grupo. Contudo, rejeitou a luz e a vida. Traiu Jesus.

Por fora era como sepulcros caiados, lá dentro do seu coração não existia a vida oferecida por Deus. Assemelhava-se aos seguidores de Jesus. Agia e falava como os onze escolhidos para ser líder cristão, porém o coração estava contaminado pelo pecado da avareza e pela descrença. Ele teve chance de se converter, mas escolheu trair a Jesus.

A luz brilha nas trevas. Então, tudo o que está escondido tem o seu momento de ser posto à vista de todos. Logo o que o coração de Judas não mostrava seria apareceu, foi visto a influência de Satanás em sua intenção de associar-se com os inimigos de Jesus e trair ao Senhor por trinta moedas de prata preço estabelecido no Antigo Testamento como pagamento pela morte, não de um homem livre, mas de um escravo. Assim como Esaú trocou a primogenitura pela sopa de lentilhas, ele desprezou a bênção eterna em troca de coisa passageira. Entrou para a história como o traidor de Jesus.

Tal qual Judas, muitas pessoas foram chamadas para pastorear as ovelhas de Jesus. A sacola está ao seu alcance, pode assentar-se à mesa da comunhão com o Senhor, mas pensam em trocar a convergência com a vontade divina por coisas materiais, situação inconveniente para a alma e não edificante ao espírito. Estes, sem que olhos humanos percebam, também são traidores de Jesus.

Estes infelizes, ao invés de continuarem a receber a influência de Satanás, que adiantou a data de seguir para a perdição eterna, ainda tem a chance de imitar a Pedro, que depois de negar a Jesus, obedeceu a sua segunda chamada, teve seu reencontro com o Mestre e assumiu seu ministério de liderança cristã.

3. A mordomia dos membros congregados.

Como mordomos na igreja, o crente precisa estar consciente do alerta de Cristo. Ele disse: "É necessário que façamos as obras daquele que me enviou enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar" (João 9.4).

Não existe melhor exemplo na História de uma pessoa que se preocupou com o próximo do que Jesus Cristo. Literalmente, se sacrificando para pagar o castigo pelos nossos pecados, sem que merecêssemos sua intervenção em nosso favor. Graças a Ele podemos, fazer o bem ao próximo, viver em vitória  sobre o pecado e receber a vida eterna.

O crente consciente da sua chamada não vive apenas para cuidar do seu próprio bem-estar. Ele dedica parte das 24 horas dos seus dias para satisfazer às necessidades espirituais de almas que ainda não conhecem a Jesus como Salvador e Senhor e sempre que necessário e possível provê o que for preciso às necessidade material de irmãos de fé. Neste tempo de contrastes, quando este crente é envolvido na luta do bem contra o mal, escolhe ser benéfico; entre a opção de viver a clareza do dia no Espírito ou a noite embaraçado com a satisfação da carne, prefere ter sobre sua cabeça o brilho do sol da justiça; quando as circunstâncias se enchem de trevas, se mostra um circunstante que representa a luz de Cristo; rodeado por gente abatida pela cegueira espiritual, apresenta a visão de Deus aos cegos e permanece gozando da liberdade que Jesus oferece (João 9.39-41).

CONCLUSÃO

O Pastor Elinaldo Renovato, articulista da revista Lições Bíblicas Tempo, Bens e Talentos, e autor do livro que carrega o mesmo nome,  ambos lançados pela CPAD, faz algumas reflexões e conta um fato no livro, página 72, que são dignos de nota. Trata-se de um caso de conversão e lastimável falta de discipulado. Confira:

"Algumas questões podem ser levantadas. Que estrutura têm as igrejas locais em geral para dar assistência social a pessoas que estão aceitando a Cristo, tais como prostitutas, mendigos, inválidos, famintos, menores abandonados, cegos, aleijados e outros infelicitados da vida?

Se uma prostituta aceita a Jesus, há casos que sua família não mais a recebe de volta; ela precisa sair dos prostíbulos e, assim, para onde vai? Se não houver quem a acolha, poderá voltar ao antigo poço da perdição. Quando um cego, um aleijado, um aidético aceita a Cristo, para onde irá de imediato se não tiver um lugar para ficar?  Irá para a casa de um dos membros da igreja? Isso nem sempre é possível.

Conhecemos o caso de um cego que tocava na praça, pedindo esmolas. Ele, inclusive, morava na praça. Uma noite, ele aceitou a Cristo com seu acordeom. Depois de ter sido recebido com alegria, ficou sentado depois do culto, pensando que seria acolhido, só que o zelador pediu para ele ir embora. Ele saiu triste, voltou para a praça e não mais retornou à igreja. Precisamos refletir sobre isso."

E.A.G.

Compilações:
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Edição 2004, Páginas 1507, 1607, 1743. Rio de Janeiro/RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus no Brasil - CPAD).
Bíblia de Estudo Pentecostal. 2ª impressão 1996. Páginas 1418 e 1871. Rio de Janeiro/RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).
Bíblia de Estudo Plenitude para Jovens. Edição 2008. páginas 809. 1465, 1485. Barueri / SP (Sociedade Bíblica do Brasil - SBB).
Bíblia Shedd. Edição 1998 reimpressa em 2011. Páginas 76, 95, 96, 1611. São Paulo/SP (Edições Vida Nova).
Comentário Bíblico do Professor: Um Guia Didático Completo para Ajudar no Ensino das Escrituras Sagradas de Gênesis ao Apocalipse. Laurence Richards, 3ª impressão 2004, páginas 853 e 854, São Paulo/SP (Editora Vida).
Comentário Bíblico Beacon: Jó a Cantares de Salomão. Volume 3. 1ª edição 2005. Página 411, 191-192. Rio de Janeiro/RJ. (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).
Comentário Bíblico Beacon: Mateus a Lucas. Volume 6. 1ª edição 2006. Páginas 188, 191-192. Rio de Janeiro/RJ. (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).
Espada Cortante: Daniel, Apocalipse, Mateus, Marcos - volume 1. Orlando S. Boyer. 8ª edição / 2009. Página 448, 604 e 605. Rio de Janeiro/RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).
Dicionário Bíblico Universal. A. R. Buckland e Luckyn Williams.  Edição revista e atualizada em maio de 2007. Página 488. São Paulo/SP (Editora Vida).
Dicionário Bíblico Wycliffe. Charles F. Pfeiffer; Howard F Vos; John Rea. 2ª edição 2007. Página 2024. Página 878. Rio de Janeiro/RJ. (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).
Dicionário Vine: O significado exegético e expositivo das palavras do Antigo e Novo Testamento, W. E. Vine, Merril F. Unger, William White Jr., 1ª edição 2002. Página 878. Rio de Janeiro/RJ. (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).

domingo, 7 de julho de 2019

A oração - Artigo escrito por Lewi Pethrus

Por Lewi Pethrus

Fala-se acerca da armadura do cristão, a qual é necessária na luta, ou no serviço para o Senhor. Explica-se também qual é o meio de receber esta armadura.

Há duas coisas que devemos considerar. Primeiro: a nossa luta, como povo de Deus, não é carnal, mas, espiritual. Segundo: só devemos lutar onde há inimigos.

Cometemos um grande erro quando lutamos onde não há inimigos. Convém pelejarmos no lugar em que estiver o inimigo.

Um comandante inexperiente manda as tropas para o oeste, quando o inimigo está no oriente, pelejando assim, sem motivo e sem resultado, cansando as suas tropas e gastando inutilmente as suas munições.

Onde está o inimigo?

Veja no verso 12 de Efésios 6: "Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, mas contra os principados e as potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestiais." 

Acontece, às vezes, que atacamos a carne e o sangue, procurando convencer os homens dos seus erros, sem nos lembrarmos que a nossa luta não é contra a carne e o sangue, pois, através das heresias está o poder das trevas, que não se deixa convencer.

Conforme 2 Lucas 2.9, o espírito do anticristo já reina neste mundo, e os homens já estão movidos e dirigidos por este espírito, e poderes estranhos. Não podemos, de forma alguma, convencê-los pelo modo referido. Mas, devemos ter compaixão de tais pessoas, e concentrar a nossa luta contra os poderes das trevas, que está atrás de seus erros. E nessa luta, não vale nada o uso de armas carnais. Se, por acaso, vencermos com armas carnais, a nossa vitória é humana. mas, se a luta é  for espiritual, a vitória é divina.

Às vezes. podemos pensar que a nossa obra é intelectual e, portanto, procurarmos intelectualmente convencer os inimigos dos seus erros. O resultado de uma obra tal é que o povo fica convencido e não convertido. Há muitos trabalhos religiosos que são dirigidos intelectualmente. É um grande erro.

O apóstolo Paulo diz que a fé dos coríntios não estava fundada em sabedoria humana, mas, sim, no poder de Deus. Muitos trabalhos religiosos, que não dão resultado, são provenientes desta causa.

Pode-se fazer uma pregação importante, mas o inimigo não teme, ao contrário, se alegra, fortalecendo-se mais. Por quê? Naturalmente, porque nada perde. Se erramos o alvo nada ganhamos. A pregação belíssima, um templo importante ou um grande número de membros, não tem a menos influência sobre o poder das trevas.

Como vencer?

Só há um meio de vitória, tanto para a igreja quanto individualmente para o membro - a oração.

"Orem em todo tempo no Espírito, com todo tipo de oração e súplica, e para isto vigiem com toda perseverança e súplica por todos os santos" - Efésios 6.18.

A oração vence tudo. Satanás quis impedir Paulo de ir à Macedônia, mas este o venceu. Como? Observe o que ele diz: "orai por mim". Ele não diz "eu sou um apóstolo, um homem sábio - apenas pediu a oração dos santos. Também, o apóstolo orava sozinho, ele mesmo disse "dobro os meus joelhos". Orava com os irmãos, como por exemplo na ocasião da despedida, na praia.

Quando conhecemos o valor da oração, sabemos que o progresso do trabalho não depende da beleza e perfeição da linguagem. É um fato real, não depende disso. Você pode ter pouca inteligência, pode ser fraco, no entanto, ser abençoado. Como? Pela oração. Ao orar, conquista vitórias, verá almas salvas, doentes curados e crentes batizados no Espírito Santo.

Durante esses 20 anos de trabalho tenho visto que há vitória e progresso para a causa do Senhor, quando a igreja ora fervorosamente. Se esquecer de orar, não conquistará vitória. Eu creio na oração. É possível muitas vezes estar escondido um "Judas" ou pecador, seja o que for, tudo é removido pela oração.

Não há causa alguma que mais aborreça Satanás do que a oração. É este o ponto que o crente é mais atacado. Tenho experiência disto. Ainda que eu tenha o desejo de ser uma homem de oração, tenho sido tentado a falhar. O inimigo cria milhares de laços para nos impedir de orar.

Vemos exemplos na vida de Daniel. Muitos laços armou o inimigo contra ele. Mas, Deus lhe deu a vitória. Os inimigos de Daniel procuraram falha na conduta dele, perceberam o seu hábito de constante oração e a sua vida de piedade. E assim armaram uma cilada para impedi-lo de orar durante trinta dias. Que fez Daniel? De um lado estava o cantinho da oração, e de outro, esperava-lhe a cova dos leões. Qual foi a sua escolha? Foi para sua casa e orava como de costume. Ele não fez um "culto de oração" especial, continuou a orar como de costume.

Talvez, Satanás lhe disse: Você não precisa orar tão alto, assim; feche sua janela, e ore apenas com seu coração. Mas Daniel manteve -se firme em seu hábito de orar e venceu. E foi isso uma das maiores vitórias da sua vida. Por meio da oração, experimentou a vitória na cova dos leões.

Algumas pessoas disseram para mim: "Pethrus, acabe com aquelas orações barulhentas antes do culto". E depois do culto, qual o motivo de orar tanto?

Certa vez, fui convidado para jantar em casa de um amigo, um nobre crente. Havia ali outros convidados. Quando estávamos sentados à mesa, ele disse o seguinte: "Em nenhuma igreja tenho achado tanta edificação para minha alma, como na sua. Aprecio muito suas orações, porém, uma coisa quero dizer: acabe com os cultos de oração. Tenho a intenção de levar meus amigos ao culto, mas temo que por causa das orações barulhentas eles se escandalizem. Acabe com aquele barulho e muito mais pessoas se agregará à igreja."

Escutei-o sorrindo e depois lhe respondi: "O sr. não disse que tem achado edificação na nossa igreja, como em nenhuma outra encontrou? Se a causa disso são as orações, como será então se eu acabar com elas?"

***

Vamos orar irmãos. Não tenham vergonha da oração. Deixemos o mundo saber que estamos orando e que cremos no poder da oração.

Tenho assistido a grandes reuniões em que cerca de três mil pessoas louvavam a Deus, duma vez. Isto comove os ouvintes.

Em nossa igreja temos oração ao meio-dia, cada dia. Foram umas irmãs que deram início a isto, vindo ao nosso escritório para orar. Também tenho assistido a esses cultos de oração. Essas orações têm continuado durante dezoito anos, sem parar, e são assistidas por muitos ou por poucos. Se me dessem Estocolmo inteira, eu não acabaria com tais reuniões.

A oração é um poder que afasta as trevas, que liberta as almas e que nos ajuda a vencer em todas lutas. Como é possível orar sempre? Somente estando cheio do Espírito Santo. O Espírito Santo nos ajuda a orar.

Em nenhum ponto me sinto tão fraco quanto neste. Então, não posso aformar: agora vou orar. Mas posso dizer a cada dia: Oh, Deus, ajuda-me a orar!

"Bem-aventurado o povo que conhece os gritos de alegria, que anda, ó SENHOR, na luz da tua presença" - Salmos 89.15.

Amém.

_______

Observação: Ortografia atualizada ao idioma português usado atualmente.

Fonte:
Mensageiro da Paz, ano 1, número 1, 1 de dezembro de 1930 (Rio de Janeiro).
Reprodução a partir de publicação em formato PDF -  https://bit.ly/2xz0lB9

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

A Mulher Vestida de Sol e o Dragão Vermelho - Escatologia: Acontecimentos Futuros no Plano da Redenção


No livro de Apocalipse, capítulo 1 e versículo.2, encontramos a divisão que está contida nele próprio. "As coisas que tens visto", referem-se ao passado (capítulo 1); "as que são" aludem aos dias que o apóstolo João estava vivendo (capítulos 2 e 3); e "as que depois destas hão de acontecer", apontam ao futuro (capítulos 4 ao 22).

No final do capítulo 10, vemos que foi dito a João para profetizar sobre muitos povos, nações, línguas e reis. O capítulo 11 deu início a esta profecia, que tem continuidade no capítulo 12. Ao ler o décimo segundo capítulo, aprendemos mais sobre Israel, Jesus, o Dragão, o arcanjo Miguel e os habitantes da terra. Nesta leitura, abrimos mais os nossos olhos para a realidade espiritual, pois o texto narra a grande batalha entre o bem e o mal, a luta entre Deus e Satanás, que se intensificará no final dos tempos.

O Dragão

Dragão: fera horrorosa, é frequentemente representado com garras, asas e cauda de serpente. Não bem delineado biblicamente, serviu para os pagãos e gentios, especialmente os babilônicos, como motivo de adoração. Bel, um ídolo com a figura de um dragão, feito de barro e bronze.

Em geral, no Antigo Testamento, duas palavras hebraicas são traduzidas para o termo "dragão". São as seguintes: "tan" e "tannin".
Tan: chacal. Sempre ocorre no plural, usualmente na forma masculina: Jó 30.29; Salmos 44.19; Isaías 13.22; 34.13; 35.7; 43.20; Jeremias 9.11; 10.22; 14.6; 49.33; 51.37; Ezequiel 29.3; Miqueias 1.8; Malaquias 1.3.
Tannin: palavra de sentido incerto, provavelmente não relacionada com "tan". É traduzida de muitas maneiras, como "animais marinhos"  e "monstro marinho" (Gênesis 1.21; Jô 7.12) e serpente (Êxodo 7.9, 10, 13) sendo que esta última é uma tradução mais clara na passagem do livro de Êxodo, que parece ser também o sentido de Deuteronômio 32.33, Salmos 91.13 e Neemias 2.13. 
Monstros no Antigo Testamento

No Antigo Testamento, muitas vezes as figuras de monstros são usadas representando os inimigos do povo de Deus, a saber, Leviatã (Jó 3.8); Raabe (Salmo 89.10, Isaías 51.9) e Beemote (Jó 40.15; Salmos 74.13-14; 89.10; Isaías 51.9; Amós 9.3).

O monstro Leviatã (hebraico livyãthãn), representante das forças do mal segundo a crença na época de Jó, seria uma espécie de animal marinho grotesco, acreditava-se que ele fosse controlado por feiticeiros para engolir a lua e o sol e assim fazer com que a escuridão dominasse tudo (Jó 3.8).

Evidentemente, em Gênesis 1.21, as grandes criaturas do mar, tais como a baleia, estão em foco, e esse pode ser também o significado de Jô 7.12 e Salmos 148.7.

Em Salmos 74.13, Isaías 27.1 e 51.9, é possível que crocodilo esteja em vista, a mesma possibilidade em Ezequiel 29.3, 32.2 e mesmo Jeremias 51.34. Em vista do Novo Testamento, o termo pode em alguns contextos, referir-se a uma criatura apocalíptica de alguma espécie.

Monstros no Novo Testamento

No Novo Testamento, "drakõn (dragão), é a palavra que se refere a algum monstro apocalíptico, e é empregada figurativamente para Satanás. Essa é a palavra que a Septuaginta usa principalmente para traduzir o hebraico "tannïn".

Nomes e palavras que designam o Inimigo de todas as almas 

João viu Satanás como um Dragão vermelho, isto não significa que o Diabo tem a aparência de um dragão. Ele é um ser espiritual, não é uma criatura física. Ele aparece nas Escrituras de muitas formas e nomes diferentes. Vejamos alguns dos nomes dele:
• Acusador. Este termo tem significado semelhante ao "Diabo", "aquele que calunia" (Apocalipse 12.10).
• Antiga serpente. Esta foi a primeira aparência exterior que Satanás assumiu registrada nas páginas das Escrituras (Gênesis 3.1; 2 Coríntios 11.3; Apocalipse 12.7-9).
• Belzebu, príncipe dos demônios. "Belzebu" é formado pela junção das palavras hebraicas "ba'al" 9senhor" e "zebul" ("altura" ou "lugar de habitação", o que tende a ser "senhor das alturas". Este nome identificava um falso deus cananeu, e o escritor de 2 Reis (2.1-16), expressou desprezo ao grafar com ironia o nome como Baal Zebube ("senhor das moscas).
• Dragão. Esta é a descrição usada pelo profeta Isaías (27.1) e pelo apóstolo João no livro de Apocalipse (12.1).
• Enganador de todo o mundo. Satanás é mentiroso e fonte das mentiras (Apocalipse 12.9; 20.3).
• Maligno. O Diabo é incorrigivelmente mau (Efésios 6.16; 1 João 2.13-14).
• O espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Satanás é um ser espiritual (Efésios 2.2).
Pai da mentira. João 8.44. 
• Príncipe das potestades do ar. "Ar" aponta ao fato de que a batalha com Satanás é uma luta espiritual (Efésios 2.2).
Príncipe deste mundo. João 12.31. 
• Satanás. Título hebraico que significa "adversário" (1 Crônicas 21.1; Jó 1.6-12; Zacarias 3.1-2; Mateus 4.10; 2 Crônicas 11.14). 
• Tentador (Mateus 4.3).
Apocalipse 12: o ápice no último livro da Bíblia Sagrada

O capítulo 12 de Apocalipse , contém o interlúdio central da série de revelações que João viu. Com suas perspectivas proféticas e simbólicas, ajuda ao leitor da Bíblia compreender melhor o período da Grande Tribulação, os eventos escatológicos e muito mais. É chamado de parentético, porque apesar de estar no grupo de capítulos relacionados ao futuro, ele faz menção ao passado e ao presente. Ao abranger o passado, presente e futuro, menciona detalhes esclarecedores acerca da perseguição do inimigo de nossas almas contra Israel, e enfatiza a vitória de Cristo e sua igreja sobre o mal.

Muitos leitores deixam de ver o poderoso quadro que está apresentando nesta passagem bíblica, porque não se dedicam ao exame pormenorizado de cada pequenino detalhe. Existe a mensagem global da justiça, do poder e da absoluta vitória de Deus, mas jamais poderemos entender o significado pormenor específico sem que nos debrucemos sobre ele em oração e aplicação das leituras sistemática e devocional.

12.1, 2 - A mulher vestida de sol e com a lua aos seus pés 

A mulher é a primeira das sete personagens apresentadas em Apocalipse, capítulos 12 e 13. Evidentemente, a mulher simboliza Israel (Isaías 26.17) sendo Jerusalém um símbolo profético da comunhão restaurada entre Deus e os israelitas (Isaías 52.1; Ezequiel 40.2-3; Gálatas 4.26).

Na revelação apocalíptica, a mulher veste-se com esplendor régio e governamental, sua coroa contém doze estrelas, que representam os doze filhos de Jacó (os doze patriarcas que deram origem às doze tribos formadoras do povo de Israel; as doze famílias que foram o início da nação israelita),  como mostra o sonho de José (Gênesis 37.9; Apocalipse 7.5-8).

O sol significava o próprio Israel, que antes de ter um encontro com um anjo se chamava Jacó (enganador). Tal vestidura de sol significa a glória do Senhor, que tem envolvido o povo israelita ao longo dos séculos (Salmos 54.11; 104.1, 2; Malaquias 4.2). A lua abaixo dos pés da mulher é uma alusão à supremacia de Israel como nação escolhida por Deus (Deuteronômio 7.6).

Israel (nome hebraico que significa "aquele que luta com Deus" ou "Deus luta") é o novo nome que Jacó recebeu após sua luta misteriosa à beira do rio Jaboque, e consequentemente passou a ser o nome de todo o povo descendente dele (Gênesis 32.24, 28). A nação de Israel, com frequência era retratada como mulher casada no Antigo Testamento Isaías 54.1) e como esposa adúltera divorciada por causa de seu pecado e rejeição (Isaías 47.7-9; 50.1; Jeremias 3.1-25; Oseias 2.1-23).

Os judeus têm grande importância no plano de Deus para o futuro, são o povo escolhido, ainda que tenham rejeitado o Messias quando Ele veio ao mundo (João 1.11-12). Como nação, Israel já foi restaurada a partir de 1948, mas ainda acontecerá uma restauração espiritual (Salmos 122.3; Ezequiel 37).

Nota apologética: desconsiderando o simbolismo contido em Apocalipse 12, o catolicismo romano aforma que a tal mulher é Maria, mãe de Jesus. Outros teólogos, ignorando o fato de que tem origem em Jesus, e não o contrário, afirmam que a mulher é a Igreja. As duas afirmações são especulações. Mão há dúvida de que a Mulher simboliza Israel, porque o versículo 17 mostra que o Dragão fará guerra "ao resto da semente", numa referência clara ao povo israelita (Romanos 9.27).

12.1, 2, 5 - Uma nação em trabalho de parto

A narrativa desta porção bíblica nos faz saber que a mulher está grávida de um menino que governará as nações, sente dores de parto, ela grita com ânsias de dar à luz. A gravidez é uma referência à sua condição pouco antes do nascimento de Jesus. O símbolo do parto é uma símile comum no Antigo Testamento, usado para retratar o sofrimento agudo, especialmente "a angústia para Jacó". Neste dolorido trabalho de parto, a nação dará à luz ao Messias. O sofrimento da parturiente mostra que o fato de Israel ser um povo escolhido, provoca experiências difíceis. Desde o princípio, o Inimigo luta contra Israel, pois sabe que o Senhor propiciou a redenção da humanidade por meio desse povo  (Jeremias 30.5-7; Isaías 26.15-18; 66.7).

12.3,4 - Os planos de Satanás

Em Apocalipse, nos capítulos 12, 13, 16 e 20.2, encontramos a figura do "grande Dragão vermelho", criatura gigantesca, animal feroz, com característica de lagarto, com sete cabeças coroadas e dez chifres, representando Satanás (12.3-4).

A tonalidade avermelhada o retrata como o orgulhoso e cruel inspirador da Besta, simboliza sua índole violenta e seu caráter assassino (João 8.44); suas sete cabeças coroadas de diademas são referências à autoridade que exercerá sobre os reinos da terra no período da Grande Tribulação e a dificuldade do povo de Deus em matá-lo (Daniel 7.7; Apocalipse 13.1-2; 17.7); e os dez chifres do dragão simbolizam a estrutura final de governança sobre dez reinos gentios que formarão a base do império do Anticristo e da Besta (Daniel 7.8, 24; Apocalipse 13.1-10; 17.12). A grande cauda remete à força, poder e domínio como o deus deste século (Lucas 10.19 e 2 Coríntios 4.4) aponta à característica de astúcia, por meio da qual foi capaz de induzir a terça parte dos anjos que não guardaram seu principado e se rebelaram contra Deus (2 Pedro 2.4; Judas 6.

O objetivo do Dragão ao arrastar um terço das estrelas para a terra é devorar o bebê recém-nascido, porém, no último momento de seu ataque ele encontra a oposição de Deus, e o Filho ascende ao trono celestial (Apocalipse 12.3-6). Mas o que significam essas estrelas arrastadas por Satanás e por qual razão foram lançadas sobre a terra? Essas estrelas são os anjos que se rebelaram e a queda aconteceu antes que o pecado entrasse no mundo. Anteriormente no Apocalipse, as estrelas representaram os mensageiros celestiais (Apocalipse 1.20, 2,1, 3.1). As estrelas simbolizam os anjos fiéis, logo também representam os anjos rebeldes que foram expulsos da presença de Deus (2 Pedro 2,4; Judas 6; Apocalipse 9.1).

12.5, 6 - O bebê

O contexto geral das Escrituras Sagradas (Salmos 2.9 e Apocalipse 2.27), nos faz entender que o menino que a mulher deu à luz, protagonista desta narrativa bíblica, é o Messias (Isaías 9.6; e versículos 5 e 6 de Apocalipse 12). Declara-se quatro coisas a respeito dEle:
1. O nascimento;
2. O destino, que é esfacelar os inimigos (Salmos 2.9);
3  A ascensão;
4. Jesus é destinado a reinar com justiça. 
Ainda antes que o Messias nascesse, o Dragão salivava por antecipação ao planejar destruir os planos de redenção criados por Deus. O nascimento de Jesus aconteceu conforme predito pelos profetas (Isaías 7.14; 9.6; Miqueias 5.2). Ele nasceu em Belém, se tornou o Salvador da humanidade ao dar sua vida em favor de todos os pecadores arrependidos e ressuscitar ao terceiro dia (Mateus 1.1; 2.1; João 3.16 e Gálatas 4.4, 5). Na sua encarnação Jesus Cristo era de descendência judaica (Mateus 1.1; 2 Timóteo 2.8). Assim, com determinação, o Dragão se volta para perseguir a mulher até o fim, empreende esforços para destruir a linhagem messiânica, mas Deus a protege (versículos 13, 14 e 15).

Em 12.5 de Apocalipse, lemos sobre a vitória completa de Jesus, do nascimento à ascensão, Ao nascer, viver sem pecar, sacrificar-se e ressuscitar, Jesus frusta completamente Satanás e provoca sua ira mais aguda. O Dragão conhece o plano da redenção, por saber é perseguidor da parturiente, que é o Israel nacional, não se cansa de perseguir a nação que está nos planos do Criador para abençoar os seres humanos.

O quinto versículo fala sobre o arrebatamento de Cristo para Deus, com isso alude à ascensão de Jesus relatada em Atos 1;9; 2.33; comentada em Hebreus 1.1-3 e 12.2. 6

12.6 - A fuga de Israel ao deserto 

O longo intervalo de tempo da era cristã está entre os versículos 5 e 6 de Apocalipse 12.

Na primeira metade da Grande Tribulação, o Dragão perseguirá Israel com grande fúria, mas Israel será protegido por Deus (Salmos 27.5; 91.1, 4). O versículo 6 descreve o momento de  recuo estratégico de Israel para o deserto, possivelmente para Petra, em Edom, região atualmente conhecida como Jordânia (Daniel 11.41; Mateus 24.16). É interessante que esta região será poupada do ataque do Dragão até transcorrem mil duzentos e sessenta dias (três anos e meio), quando o Anticristo interromperá o culto no templo judaico, e devastará Jerusalém (Apocalipse 11.2). Então, muitos judeus fugirão para preservar suas vidas, Deus os preservará pelo período restante da Grande Tribulação, os outros mil duzentos e sessenta dias que constituirão o tempo de Grande Tribulação.

A simbologia relata que serão dadas à mulher duas asas de águia, para que voe ao deserto, onde será sustentada fora da vista do Dragão. As asas representam a providência divina e a condução de escape Por três anos e meio o remanescente de Israel será afastado do perigo, todas as pessoas que reconheceram a Jesus como o Messias serão salvas.

12.1-8 - A eficácia do sangue do Cordeiro

Este trecho bíblico mostra o que está por trás da grande perseguição aos seguidores do Cordeiro, aqueles que lavaram as suas vestes no sangue do Cordeiro, receberam o perdão dos seus pecados por meio da morte redentora de Jesus, que por seu sacrifício na cruz livra o pecador dos seus pecados (Romanos 3.25; 1 João 1.7; Apocalipse 5.9; 12.11).

12.7-12 - O arcanjo Miguel em batalha contra o Dragão

Após o Arrebatamento da Igreja, Satanás declarará guerra contra os anjos do Céu, haverá uma batalha na região em que o Diabo e seus anjos estão. Nesta ocasião Cristo triunfará mais uma vez.

Miguel, encarregado de proteger de Israel, representa o socorro divino (Daniel 10.13, 21; 12.1; Judas 9). Desde sua rebelião, o Dragão e suas hordas vagueiam soltos pelo céu, que não é o Céu onde Deus habita mas a sede do governo do Diabo (Jó 1.6; 2.1; Gênesis 3.1-10; Efésios 2.2; 6.10-12; Gálatas 1.8). No meio da Grande Tribulação, Miguel se envolverá na guerra quando ocorrerá a expulsão de Satanás e os anjos rebelados serão escorraçados, seus adeptos serão excluídos das regiões celestiais sem permissão de retorno (Daniel 10.10-14).

João viu a batalha no céu. Viu os anjos de Cristo vencendo os anjos rebelados, observou o pavoroso dragão vermelho e o arcanjo Miguel, comandante do exército celestial, lutando um contra o outro (versículos 3, 7 e 9). Viu também o povo de Deus participando desta luta. Foi testemunha ocular do momento futuro em que o Dragão e seus anjos sofrerão derrota e serão lançados sobre a terra e lhe serão negadas outras oportunidades para acusar o povo de Deus e  (Apocalipse 12.7-12).

Esta batalha celestial e vitoriosa de Miguel simboliza o triunfo terreno que Jesus conquistou por meio de sua morte e ressurreição. Os santos vencem a "antiga serpente" unicamente pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho" dado acerca de Jesus. O Dragão será derrotado, a derrota do Dragão ocorrerá em virtude do que o Cordeiro fez em favor da humanidade (Apocalipse 12.7-9-11; 31-33; 16.11).

12.5 e Nesta ocasião o Dragão será desmascarado como "a antiga serpente, chamada o Diabo e Satanás". Ele será reconhecido como o espírito que mentiu para o mundo (Apocalipse 20.2).

12.5 - Palavras variantes e sinais vocálicos 

O texto das Escrituras hebraicas existiam apenas na forma de consoantes durante todo o período do Antigo Testamento, inclusive até boa parte dos séculos VII ou VIII d.C. Verifica-se demora semelhante na inserção de sinais vocálicos também nos textos siríacos e arábicos. Contudo, havia uma tradição oral bem definida, preservada pelos escribas, sobre como as consoantes deveriam ser vocalizadas. A partir da LXX, podemos aprender muita coisa a respeito da pronúncia primitiva do hebraico, nos séculos I e III a.C, à vista dos muitos nomes próprios escritos em grego, com o uso, evidentemente, de vogais gregas.

Precisamos confiar bastante na tradição oral dos guardiães judaicos dos originais do AT. Podemos com toda a segurança presumir que, na vasta maioria de casos, o sistema de vocalização deles é fiel às intenções do autor.

12.10-12 - A festa diante da expulsão de Satanás

Satanás não mais acusará o povo de Deus. O ecoar de um brado de alegria é um prelúdio ao estabelecimento do reino de Deus, o estabelecimento do reinado de Jesus.

12.13-16 - O dragão persegue a mulher

Atirado para a terra, furioso o Dragão convoca apoiantes à beira-mar. Ciente que sua derrota tem como motivo a exaltação do Filho, furioso, dispara de sua boca "água como um rio", simbolizando as nações antissemitas, que induzidas pela sagacidade de Satanás, fazem resistência e cheias de cólera pretendem destruir a mulher vestida de sol. As asas de águia que a mulher ganha dão condições para que ela se desloque ao deserto e se esconda, suas asas lembram o episódio em que o Senhor libertou Israel do Egito e o conduziu sobre asas de águia (Êxodo 19.4; Deuteronômio 32.11-12; Isaías 27.1).

Os exércitos do Anticristo marcharão contra Israel, porém, Deus levantará contra eles a sua bandeira (Isaías 8.7; Apocalipse 16. 12, 16; e 17.5). Os asseclas que compõem as fileiras dos exércitos inimigos do povo de Deus rumarão de encontro aos judeus e serão surpreendidos pela abertura do chão abaixo de seus pés. Provavelmente haverá um grande terremoto no momento do ataque a Israel ou nações amigas de Israel virão em seu socorro, batalharão e obterão êxito espetacular ao realizar a proteção aos judeus. Ver também Isaías 59.19; Mateus 25.34-40; Apocalipse 12.16; 13.1-18; 16.14.

12.17 - O grupo restante de israelitas

O Dragão investirá mais uma vez contra a mulher e ela novamente escapará de sua ira. Então, Satanás expressará toda a sua fúria contra cada pessoa que tenha recebido Cristo como seu Salvador que puder encontrar. Gentios de todas as nações e israelitas que não fugiram para o local seguro serão afrontados, perseguidos, sofrerão tentativas de ataques ou atacados (Mateus 24.15-20). Enfurecido em demasia, o Diabo fará oposição extremada, lutará contra todos os praticantes dos mandamentos de Deus.

O Dragão perceberá que o seu tempo é curto, sua expulsão do céu será seguida por seu encarceramento no abismo durante mil anos.

Conclusão

Nos dias atuais, os anjos do mal agem neste mundo, mas com limitações impostas por Deus (Jó 1). Procuram cristãos desatentos, agem como leões no momento da caça, estão desejosos para encontrar quem não esteja vigilante para capturá-los e devorá-los. É preciso estar sóbrio e preparado para resistir usando a fé (2 Pedro 5.8-9).

A narrativa simbólica de Apocalipse 12 enfatiza a grande vitória de Cristo na cruz e seu alcance universal. O livro demonstra o poder de Deus para vencer Satanás e seus seguidores. Comunica uma mensagem encorajadora aos crentes angustiados que enfrentam perseguição, convida seus leitores a observar atrás dos "cenários escatológicos" e notarem o lado espiritual das lutas cotidianas que frequentemente desafiam a fé, para assim aprenderem que o Diabo não pode derrotar Jesus e não é capaz de vencer aqueles que permanecem fiéis aos Senhor.

Os servos de Deus, com o auxílio de Cristo, podem e devem batalhar com confiança, pois lutam contra um perdedor (1 Coríntios 10.13).

E.A.G.

Compilação
Bíblia de Estudo NTLH, páginas 559 e 1555, impressão 2015, Barueri/SP, (Sociedade Bíblica do Brasil/SBB). 
Billy Grahan Responde - Um guia com respostas bíblicas para preocupações de nossos dias, páginas 321 e 322, 3ª impressão, 2014, Rio de Janeiro (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).
Guia Fácil para Entender o Apocalipse, Daymond R. Duck, páginas 181, 182, 186, 188, 189, impressão 2015, Bonsucesso, Rio de Janeiro/RJ (Thomas Nelson Brasil). 
Guia Profético para o Fim dos Tempos, Timothy Paul Jones, páginas 246, 248, 249, 251, 1ª edição 2016, Rio de Janeiro, (Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD). 
O Novo Testamento da Bíblia, editor organizador J. D. Douglas, editor em português Russel P. Shedd, volume 1, páginas 446 e 447, São Paulo, (Edições Vida Nova).

domingo, 27 de janeiro de 2019

Elias, o profeta servido por corvos à margem do riacho de Querite


O MINISTÉRIO DE ELIAS

No capítulo 17 do primeiro livro de Reis, entra no olhar dos leitores das Escrituras Sagradas um dos mais importantes personagens do Antigo Testamento, o profeta Elias (que viveu, aproximadamente, entre 874 a 852 a.C.). Seu nome significa “meu Deus é o Senhor”, e correspondia a característica de seu ministério, ele foi designado a declarar a Israel, que o Senhor é Deus e não há outro. A sucessão de fatos de sua vida está registrada nos capítulos 17 a 19 e em 2 Reis, capítulos 1 e 2.

A DECADÊNCIA RELIGIOSA DE ISRAEL 

Quando Elias surgiu, a situação espiritual em Israel era calamitosa, o país prosperava em termos políticos, mas perdia sua comunhão com Deus. Naquele tempo, o rei Acabe, influenciado por sua esposa Jezabel, havia colocado o ídolo Baal em lugar do Deus verdadeiro. Portanto, era ilegal exercer o ministério de profeta do Senhor e a adoração a Baal era requerida por lei. O povo “acreditava” no Senhor, porém sob pressão “dobrava os joelhos” em adoração a Baal. Era necessário demonstrar a falsidade de Baal e a existência do único Deus vivo.

BAAL: “MESTRE” E “SENHOR”

A chamada de Elias trouxe à tona a verdade sobre Baal, o mais conhecido dos deuses cananeus (1 Reis 16.32). Cego, mudo e inanimado, porém considerado o deus da fertilidade, era atribuído a ele o crescimento do número de crianças na comunidade. Apregoava-se que era o responsável pela germinação das colheitas, pelo aumento dos rebanhos. Era adorado como deus da chuva e como vencedor da morte.

O culto a Baal constituía de prostituição religiosa, masculina e feminina.

ACHADO ARQUEOLÓGICO SOBRE O CULTO A BAAL

O Instituto Oriental da Universidade de Chicago, auxiliado pelo governo da Palestina, em 1924, adquiriu o direito de escavar a Colina de Megido. Sistematicamente, uma equipe escavou e removeu muitas camadas de terra, registrando e preservando tudo que era avaliado como peça de valor histórico.

Nas proximidades do templo de Acabe, o Instituto encontrou as ruínas do templo de Astarote, deusa esposa de Baal e também o templo de Baal. A poucos passos dos templos de Astarote e Baal havia um cemitério, onde encontraram muitos jarros contendo despojos de crianças sacrificadas no dito templo. Daí, a conclusão de que os sacerdotes de Baal serem assassinos de criancinhas, o que esclarece a matança deles pelo profeta Elias, na narrativa de 1 Reis 18.

 Manual Bíblico Henry H. Halley, páginas 184 192, 193. Edição de 1994. São Paulo /SP (Edições Vida Nova).

ELIAS E O PENTATEUCO

As chuvas de outono e o orvalho de verão eram necessários para as colheitas de Israel. O Senhor havia avisado que faria cessar a precipitação de águas das nuvens e o orvalho noturno e das madrugadas sobre a plantação, se o povo se desviasse dEle para servir a outros deuses (Levítico 26.19-8-19; Deuteronômio 11.16-17; 28.23-24).

Neste cenário, o ministério de Elias começa um tanto abrupto. Corajosamente, o profeta não manda recado, não fala aos ouvidos do povo, em pessoa ele comunica o juízo divino ao rei Acabe, que matava os profetas do Senhor enquanto os profetas pagãos sentavam-se à mesa do monarca. Deus determinou que a seca e que a fome deveriam durar três anos e meio na terra de Israel, então, Elias prediz esta grande seca e um longo período de fome, com o qual Israel seria punido pelos seus pecados de idolatria.

Elias orou pela seca e Deus respondeu sua oração, não houve chuva do céu durante três anos e seis meses conforme escreveu Tiago em sua carta (5.17). Diante deste fato, muitos israelitas de coração endurecido pereceram, o gado morreu e a vegetação se transformou em pau e palha.

A RECLUSÃO DO PROFETA

Naquela época, a missão dos profetas de Deus era condenar o pecado e o culto pagão dos israelitas. Os profetas não estavam vinculados ao palácio e nem ao templo judaico, então, o sustento deles dependia totalmente da providência de Deus e da sua comunidade de discípulos.

De acordo com a vontade do Senhor, Elias deveria se dirigir à beira do riacho de Querite, cujas correntes desaguavam no rio Jordão, próximo ao mar Morto. O Senhor determinou que o profeta fosse e permanecesse ali, para receber sua provisão sobrenatural, muito semelhante ao maná e às codornizes durante as peregrinações de Israel pelo deserto (Êxodo 16.13-36).

Às margens do Querite, era possível a Elias saciar sua sede com suas águas correntes, esperasse duas vezes ao dia pão e pedaços de carne trazidos por corvos, seus improváveis fornecedores alados, enviados pelo Criador. Havia condição para que o profeta pudesse aproveitar seu tempo meditando sobre as coisas celestes e orando. A provisão era boa e abundante, embora não fosse um banquete o profeta aprendeu a ficar contente com a providência divina. Assim, enquanto a nação sofria com as dificuldades de beber e comer, o profeta tinha água e alimento suficientes.

A ATUAÇÃO DOS CORVOS

As Escrituras Sagradas narram que Elias foi sustentado por corvos. Infelizmente, existe quem duvide que o Criador proveja sustento aos seus servos de modo fora do comum ou do natural, quando a ocasião é necessária. A palavra hebraica que encontramos em 1 Reis 17.4 é “oreb” (referência 6158 na Concordância de Strong), cuja tradução aos idiomas que a Bíblia Sagrada está traduzida, é “corvo”, inclusive à Língua Portuguesa.

O Senhor é o Criador de todas as coisas, Ele tem controle total sobre os elementos que criou; assim Ele possui controle absoluto sobre as aves dos céus e tudo o mais que existe. 

Devido a seca, o Querite secou. Após a experiência com as aves de rapina, Deus dirigiu Elias até a viúva de Sarepta (cidade em que nos dia de hoje localiza-se o Líbano). Ali, uma mulher estrangeira, desconhecida e pobre, teve a sua fé usada pelo Senhor para a multiplicação da farinha, que serviu como sustento a Elias, para ela mesma e ao filho, por três anos (1 Reis 17.8-24; 18.1).

DEUS DOS IMPOSSÍVEIS

Muitas vezes, a forma de Deus agir está além da lógica humana. Pois, Ele “escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes. E Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são, a fim de que ninguém se glorie na presença de Deus” – 1 Coríntios 1.27-29”.
De acordo com Salmos 147,9 e Jó 38,41, Deus se ocupa em alimentar até os filhotes dos corvos. Se Ele ouve até os filhotes de corvos quando clamam, não se preocupará com os seus próprios filhos (Mateus 7.9-11). Jesus disse: “Observem os corvos, que não semeiam, não colhem, não têm despensa nem celeiros; contudo, Deus os sustenta. Vocês valem muito mais do que as aves!” – Lucas 12.24.
O Criador preparou um grande peixe para transportar Jonas, salvando-o de afogar-se em alto-mar e para que profetizasse em Nínive; também usou um pequeno peixe que vivia nas águas do mar da Galileia fazendo-o engolir uma moeda com o objetivo de que a moeda chegasse às mãos de Pedro e com ela Pedro pagasse aos romanos o seu tributo e o de Jesus (Jonas 1.17; Mateus 17.24-27).
O Criador usou o canto do galo para despertar a consciência de Pedro, quando este estava enfraquecido na fé (Marcos 14.72).
O Criador usou um jumento, dando-lhe o poder de falar, para que o animal repreendesse Balaão, que se encontrava repreensível; usou um jumentinho como meio de transporte para que Jesus entrasse em Jerusalém (Números 22.27-31; Lucas 19.28-38).
De acordo com 1 Reis 17.4-6, o leitor da Bíblia aprende como Deus trabalha de forma imprevisível para dar bênçãos aos seus servos. Ele age como não imaginamos; realiza fatos onde não haveria nenhuma ocorrência positiva; é responsável por acontecimentos com quem pensamos que nada de bom aconteceria. Quem imaginaria que Deus usaria corvos como garçons do profeta Elias?

OBJETIVOS DO CRIADOR

Tudo o que Deus faz tem um propósito definido. No caso do episódio dos corvos, ao trazer alimentação para Elias duas vezes ao dia, o Senhor quis provar de maneira inequívoca que é o Todo Poderoso. Nesta ocasião, o sustento do profeta em tempo de estiagem mostra a intenção do Criador em se revelar como provedor de seus servos. No mesmo capítulo, Ele mostra ser o Deus que vence a morte ao ressuscitar uma criança e no capítulo 18, através de Elias, desafia quatrocentos profetas de Baal e os vence quando o fogo desce sobrenaturalmente do céu e os consumiu.

CONCLUSÃO

Se confiarmos nas promessas de Deus, haver em nós a convicção sobre a providência de recursos, como demonstrou Elias ao obedecer a ordem de ocultar-se nas proximidades do riacho conhecido como Querite, teremos a garantia de sua provisão.

Elias confiou em Deus para responder às suas orações. Em resposta à confiança de Elias, Deus manifestou-se com os milagres espetaculares registrados na Bíblia Sagrada. Quantas vezes as pessoas afirmam que estão comprometidas com Deus e dizem confiar nEle mas se recusam a tomar posição firme quando é o momento de exercer a sua fé?

Deus não era a causa das dificuldades do povo israelita, eles é que eram a causa por quebrarem o pacto com o Senhor. Enquanto o pecado continuou em Israel, não houve bênção sobre o povo rebelde. A fé em Deus requer não só que digamos que cremos e confiamos nEle mas também que coloquemos realmente nosso o coração, nossa alma e o corpo em suas mãos. Longe de Deus o tempo se fecha e densas trevas cobrem a vida. Só o arrependimento pode trazer de volta as chuvas de bênçãos do Senhor. Se a sua vida tem falta de luz e você está longe da vontade de Deus, amarrado ao pecado arrependa-se, mude de hábitos. Esforce-se para viver próximo do Senhor, entregue o seu coração ao Deus verdadeiro. Só então os céus se abrirão, a chuva cairá e as bênçãos voltarão a florescer.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Deus não criou gaiolas


Um dia a esposa diz "estamos grávidos". Tempo depois, um médico diz: "é menino (a)". Aquela vida escondida no útero da mamãe vem à luz e enche de luz a nossa vida de casal. Nos tornamos abobalhados com os primeiros movimentos de engatinhar, muito felizes com os sons das primeiras sílabas sem sentido e também com as primeiras frases compreensíveis.

A perplexidade é gigante quando vivemos o primeiro dia de pré-escola. E os pequeninos crescem. Do primeiro passo que os levamos pelas mãos, à corrida que não conseguimos acompanhar suas passadas largas e rápidas são alguns anos que se passam como se fossem espaço de poucos dias.

E de repente notamos no filho ou filha aquela "doença" chamada "apaixonite aguda" - e não existe remédio que cure! Então é chegada nossa hora de olhar para trás e relembrar que fomos adolescentes e nos apaixonamos também.

É próprio do ser humano querer dar a superproteção aos filhos. Assim como nós, os genitores, um dia deixamos o ninho de nossos pais e criamos o nosso ninho de amor, os filhos um dia querem/quererão alçar voos independentes e formar suas famílias. Aconteceu aqui em meu lar há oito anos atrás, e sei que acontecerá uma segunda vez. É a vida seguindo seu caminho.

Se estivermos com eles, dando apoio na transição de solteiro para em namoro, noivado, a nossa vida muda para melhor, com mais gente, com mais alegria, mais bênçãos! Virão o genro, a nora, os netinhos e netinhas. Oremos pelos filhos e filhas, para que eles encontrem uma pessoa de bem, que seja companheiro (a) para a vida toda, alguém que esteja disposto (a) a estar presente quando nós, pais com o coração na mão, não tivermos mais vigor físico ou já tivermos partido desse mundo.

Deus não é criador de gaiolas, eu também não!

E.A.G.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Morte e ressurreição - Escatologia: acontecimentos futuros no plano da redenção


Eliseu Antonio Gomes

"Assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez por todas para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, não para tirar pecados, mas para salvar aqueles que esperam por ele" - Hebreus 9.28.

A verdade mais significativa de toda a profecia bíblica está na certeza de que Jesus Cristo voltará segunda vez. Este acontecimento é a chave profética que abre todos os demais eventos escatológicos. Diversas doutrinas dependem do retorno de Cristo. Por exemplo, a doutrina da ressurreição do corpo humano, que não pode ser cumprida até que Cristo venha (1 Corintios 15.23); a vitória de Cristo sobre Satanás, desde Gênesis 3.15 não será completa até a volta. Mesmo o reconhecimento dos queridos na eternidade e a prova física de que nascemos na família de Deus não se evidenciam até sua segunda vinda. O retorno de Cristo põe a funcionar o relógio de Deus quanto ao futuro pela perspectiva do plano divino da redenção.

Se o valor de um ensinamento fosse considerado pela frequência com que é mencionado, a Segunda Vinda de Cristo facilmente seria considerada uma das mais importantes doutrinas da Bíblia. Somente a doutrina da salvação é mencionada maior número de vezes.

Vinte e três dos vinte e sete livros do Novo Testamento fazem referência à Segunda Vinda do nosso Senhor à terra. Os 216 capítulos do NT contém 318 referências ao retorno de Cristo, portanto, um versículo em cada trinta nos assegura disto.

O adágio popular diz: para morrer, basta estar vivo

A despeito de nossa habilidade e sofisticação científica, ainda não dominamos a morte, ela continua irreversível, não existe solução humana para este momento terrível. Então, perder a companhia de pessoas amadas é uma das experiências mais doloridas, a tristeza que o óbito provoca é enorme, afeta a todos, independente da raça, posição social, sexo e idade.

Poucas coisas provocam mais estresse do que a morte de alguém querido, como um marido ou esposa, um parente ou amigo. Qualquer pessoa que já perdeu um ente amado, sabe o intenso sofrimento que esta separação causa. Um artigo publicado em uma revista de psicologia americana, a The American Journal of Psychiatry, afirmou que a morte é o pior tipo de perda permanente. No entanto, nós cristãos, não podemos nos esquecer que através da ressurreição de Jesus Cristo, Deus venceu a morte.

A reflexão sobre questões escatológicas é importante aos cristãos. Além de promover o conforto emocional aos que que estão em luto, aponta ao Deus que reina na história, esclarece sobre as promessas firmadas pelo Senhor quanto ao futuro promissor de todas as pessoas que são perseverantes em sua fé. Faz o crente superar a visão imediatista do mundo, evita que seja confundido com as heresias, promove o despertamento espiritual da Igreja existente nos dias atuais. Por tudo isso, a vinda de Jesus deve ser um assunto sempre em pauta na roda de nossas conversas.

O salário do pecado é a morte

Deus, na sua onisciência, já sabia sobre a entrada do pecado no mundo, bem antes da criação do ato de toda a criação. Sobre isso, devemos ter o cuidado para não interpretar de modo errado esta situação. Deus não é o autor do pecado (Jó 34.10).

Apesar de todo o pecado ser um mal, nem tudo o que consideramos mal é pecado. O pecado não deve ser confundido com o mal físico que produz prejuízos e calamidades. O pecado é a causa do mal, enquanto que o mal é o efeito do pecado.

O vocábulo "pecado" deriva do grego "hamartia", que ao pé da letra significa "errar o alvo". Quando o ser humano se afasta do objetivo que Deus deixou para ele, comete pecado (Eclesiastes 7.29). Os termos bíblicos para designar o pecado são variados: fracasso, erro, iniquidade, transgressão, contravenção, falta de lei e injustiça. O pecado é sempre dirigido contra Deus. A característica principal do pecado, em todos os seus aspectos, é que ele age em contrário à vontade de Deus.

Através das Escrituras, vemos que o princípio de todo pecado se originou no orgulho de Satanás, culminando com a sua expulsão do céu (Lucas 10.18; Apocalipse 12.7-9). O pecado teve origem entre os anjos: Isaías 14.12-15; Ezequiel 28.13-15). Deus criou os anjos dotados de perfeição, mas Lúcifer e legiões de anjos se rebelaram contra o Criador. Jesus descreve o Diabo como homicida desde o princípio; o apóstolo João afirma que ele é pecador desde o princípio (João 8.44; 1 João 3.8).

Qual a origem do pecado na história da raça humana? Esta pergunta se expande numa indagação sobre a origem do mal em todo o mundo. O pecado passou a existir no mundo através da transgressão voluntária de Adão e Eva no Éden, quando ambos cederem à tentação diabólica. A mulher dialogou com a serpente, que insinuou a Eva que se ela desobedecesse ao Criador, comendo o fruto que não lhe era permitido experimentar se tornariam igual ao Criador  e viveria para sempre. Eva ofereceu o fruto para Adão e ambos o comeram. O casal não agiu com vigilância e foi induzido à desobediência. Ao comerem o fruto que Deus havia proibido que comessem, a porta de acesso ao pecado no mundo foi aberta  e anos mais tarde o casal morreu (Gênesis 2.16-17).

A pecaminosidade do ser humano está registrada em toda a extensão das Escrituras. Esta é a condição em que nasce o homem, definida teologicamente como "pecado original". Esta situação é chamado assim porque se deriva de Adão, o tronco original da raça humana; porque está na vida de cada indivíduo desde o momento do nascimento; e porque é a raiz interior de todos os pecados atuais. Por "pecados atuais", entenda-se os atos externos executados através do corpo, por atitudes, e também por pensamentos conscientes.

A Bíblia apresenta a humanidade como pecadora por natureza, pois todos os seres humanos participam do pecado original. A condição pecaminosa do raça humana encontra sua explicação na primeira transgressão de Adão no Éden. Seja em grandes cidades mundiais ou em aldeias esquecidas na África, o pecado é um flagelo diário. Os mais antigos filósofos gregos, na sua luta contra o problema do mal, foram levados a aceitar a universalidade do pecado, apesar de incapazes de explicar esse fenômeno e não entenderem que a prática do pecado torna o home, culpado diante de Deus.

Quanto à pratica do pecado, o crente vive um estilo diferente do ímpio. Por compreender o significado e a gravidade da ação relaxada de quem vive pecando, o pecado que antes lhe era uma regra, agora lhe é uma exceção. Ao longo de toda a narrativa bíblica é alertado contra o "pecado que tão de perto nos rodeia" (Hebreus 12.1). Ao manter-se firme no hábito da oração, estudo das Escrituras, tem a oportunidade de desvencilhar-se dos riscos espirituais que poderiam torná-lo presa fácil dos laços do adversário - que o impediria de fazer parte do Arrebatamento da Igreja.

A consciência da morte por parte dos apóstolos

Muitas vezes se afirma que os apóstolos acreditavam que a segunda vinda de Cristo aconteceria na geração em que eles viveram e que não iriam morrer mas serem arrebatados. Isso não confere com narrativas bíblicas.

• Jesus disse que eles seriam mortos (Mateus 24.9);
• Jesus predisse de que modo Pedro morreria (João 21.18-19);
• Paulo aconselhou aos presbíteros de Éfeso a permanecessem firmes na fé após seu falecimento (Atos 20.29-30);
• Paulo escreveu sobre sua morte iminente (2 Timóteo 4.6-8).

A derrota da morte

A palavra grega para imortalidade é "athanasia", que literalmente significa "ausência da morte". Quando o Senhor descer do céu na sua Segunda Vinda, o primeiro fato a acontecer será a ressurreição de todos os salvos (1 Tessalonicenses 4.16). Os crentes fiéis ouvirão a voz de Jesus, se levantarão de seus lugares em que foram enterrados, e a morte não mais terá poder sobre eles (João 5.28, 29; Apocalipse 1.18).

Deus é eterno, imortal, tem vida em si mesmo e nEle não existe morte (João 5.26; 1 Timóteo 6.16). Deus é o doador da vida e concederá a vida eterna aos remidos. Crentes vivos e ressuscitados terão os corpos glorificados e se ajuntarão com o Senhor e incontáveis números de anjos nos ares, e depois viverão felizes para sempre. Esta é a promessa de Deus e a esperança dos cristãos.

Três milagres que ocorrerão no decorrer do processo do Arrebatamento: ressurreição; transformação e glorificação.
1. Os cristãos ressurgirem dos mortos será um dos primeiros milagres. Esta é uma doutrina genuinamente bíblica, citada tanto no Antigo quanto no Novo Testamento (Salmos 16.10; Jó 19.25-27; Isaías 26.19; Daniel 12.2; Lucas 14.14; João 5.21, 28, 29; Atos 2.24; Apocalipse. 4-6, 13).
2. A transformação extraordinária dos crentes salvos, ressuscitados e a dos crentes que estiverem vivos, será o segundo grande milagre no processo do Arrebatamento da Igreja. Haverá a suspensão das leis físicas, a cessação do poder natural para a atuação do poder sobrenatural. Primeiro, os salvos que estiverem dormindo no Senhor, receberão corpos vivos espirituais; em segundo lugar, os crentes, vivos, com corpos carnais, receberão corpos espirituais. Assim, haverá a metamorfose: da mortalidade para a imortalidade; da corruptibilidade para a incorruptibilidade.
3. O milagre da glorificação merece destaque.
O ser humano, na condição de carne e sangue, relaciona-se com o mundo físico, estamos limitados ao tempo e ao espaço, enquanto o corpo espiritual relaciona-se com a eternidade (1 Coríntios 15.47, 49). As sete etapas do processo da glorificação do corpo dos salvos, é o seguinte:
a. salvação (Romanos 8.24)
b. adoção (Romanos 8.23);
c. justificação (Romanos 8.30);
d. santificação (2 Coríntios 7.1);
e. redenção (Romanos 8.23);
f. libertação (Romanos 8.21);
g. glorificação (Romanos 8.17).
O Arrebatamento

Jesus Cristo firmou-se como a pessoa mais importante que já viveu, nenhum outro homem exerceu tanta influência sobre a humanidade. Ele ascendeu ao céu, mas ainda não terminou o seu plano com o planeta terra e com a humanidade que nele habita (João 14.3).

Vivemos o tempo escatológico do cumprimento das últimas profecias. "Porque, ainda dentro de pouco tempo, aquele que vem virá e não irá demorar" - Hebreus 10.37. Quanto ao tempo em que o Senhor reaparecerá, não existe dúvida de que realmente voltará. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, os justos serão glorificados e arrebatados e serão levados ao encontro de seu Senhor e Salvador.

Na hipótese de não sermos arrebatados antes de falecer, seremos ressuscitados e levados pelo Salvador ao encontro de Deus no céu. A palavra "arrebatado" quer dizer, em sentido literal, agarrado com rapidez, tomado agilmente à força, como um ladrão rouba um prêmio. A palavra latina é rapto, que significa pegar à força. Um dia Jesus virá buscar suas joias, levará os membros da Igreja da terra ao céu. O evento acontecerá em uma fração de segundos, assim como relâmpago se move, tão rápido como o abrir e fechar de olhos (Mateus 24.7, 1 Tessalonicenses 4.16). Neste instante, os fiéis que estiverem vivos serão transformados e os crentes mortos ressuscitarão (1 Tessalonicenses 4.16-17).

A ação promovida por Cristo ao levar os crentes no Arrebatamento, não se refere a determinadas denominações ou grupos religiosos específicos, mas de todos os indivíduos que se arrependeram de seus pecados e, pela fé, convidaram o Senhor Jesus Cristo para entrar em suas vidas.

A ressurreição no episódio da volta de Jesus

Jesus voltará do mesmo modo como ascendeu após sua ressurreição (Atos 1.11). Esta hora específica nos é desconhecida, pois Jesus se referiu a ela, dizendo: "daquele dia e hora ninguém sabe, senão somente o Pai".

Como podemos ter certeza que haverá a ressurreição, se a existência humana é apenas uma existência corpórea? A ressurreição também é um evento corpóreo. Jesus de Nazaré, nascido de mulher, gente de carne e ossos, morreu e ressuscitou ao terceiro dia. Sua tumba está vazia. A melhor notícia de todos os tempos é que Ele está vivo, derrotou a morte e é a fonte de nossa esperança: receberemos um corpo glorificado como Cristo recebeu (Lucas 24.34, 39-40).

Se Jesus ainda estivesse morto, não haveria perdão para os nossos pecados. Se Jesus ainda estivesse morto, não teríamos esperança em nossa ressurreição (1 Coríntios 15.17-18).

Haverá ressurreição na vinda de Jesus, a vida após a morte será uma realidade. Temos plena convicção que aqueles que morreram em Cristo serão ressuscitados para satisfação, paz e alegria eterna. Assim como aconteceu com Jesus de Nazaré também acontecerá com todos aqueles que nEle creem (1 Tessalonicenses 4.14).

Apesar de que o Arrebatamento da Igreja ocorrerá em velocidade extraordinária, Deus fará com que os justos que estiverem mortos sejam arrebatados antes que os justos que estiverem vivos sejam transformados (1 Coríntios 15.42-44; 50-56; Filipenses 3.20-21; 1 Tessalonicenses 4.15-16).

Nesta ocasião festiva, o corpo dos salvos que estão na sepultura, ainda que em estado de pó, decrépito, carbonizado, desfeitos por dentes afiados de peixes ou feras serão trazidos à existência pelo poder de Deus, que vivifica os mortos e convoca as coisas que não são para que venham a existir (Romanos 4.17).  O corpo ressuscitado será de natureza diferente deste corpo carnal e terreno em que vivemos hoje. A natureza do novo corpo será glorificado (1 João 3.2; 1 Coríntios 15.35-44; 50-56).

Os justos serão ressuscitados no último dia (João 6.39, 40, 44, 54),  Todos os que estão na sepultura sairão, bons e maus. Haverá a ressurreição de justos como de perversos (João 5.28-29; Atos 24.15).

Conclusão

É importante lembrar que existem apenas duas espécies de pessoas hoje no mundo, os crentes que fazem a vontade de Deus e os incrédulos que não a fazem. A Segunda Vinda de Cristo afetará cada grupo de maneiras diferentes. Na primeira fase, levará quem o recebeu como Senhor e Salvador ao lar celestial. Você já obedeceu a Deus em seu coração, entregando sua vida a Jesus? Se ainda não o fez, por que não fazê-lo, agora? As Escrituras, a história e a lógica humana clamam aos homens para que aceitem a Jesus Cristo como Filho de Deus, que morreu pelos nossos pecados, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia (1 Corintios 15.3, 4). Se você crê que Ele é Filho de Deus, não terá dificuldade no momento de seu retorno. Se ainda não o conhece como o único Salvador, sugiro que se esforce para conhecê-lo.

O cristão não é chamado por Cristo para permanecer aqui na terra, a pátria de quem segue a Jesus está lá no alto. Então, cada cristão precisa estar sempre íntegro quanto à disposição de seu coração de acreditar que o Arrebatamento da Igreja é uma realidade. E, integro também para a hipótese de falecer antes do Arrebatamento, pois os fiéis serão ressuscitados para estar eternamente juntos com Deus e com todos os salvos nas mansões celestiais.

E.A.G.

Atualizado em 14 de dezembro de 2018, 00h55.

Compilações:

As Grandes Doutrinas da Bíblia, Raimundo de Oliveira, páginas 190 a 199, 201, 204 a 206, edição 1987, Rio de Janeiro/RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus).
Deus Esvaziará a Terra, Walter Santos, páginas 82 e 83, edição novembro de 1982, Rondonópolis/MT (M.D. Navarro G. Editora e Publicidade).

Escola Bíblica de Obreiros - 64ª EBO: Edificando Nossa Cada, Escatologia, Gerson Filitto Sobrinho, página 40, 19 de setembro a 4 de outubro de 2010, Belenzinho, São Paulo/SP (Igreja Assembleia de Deus em São Paulo).
Lições da Palavra de Deus - Grandes Temas do Apocalipse - Uma Perspectiva Profética Impressionante dos últimos Tempos. Lição 2: O Arrebatamento dos Salvos. Joá Caetano, ano 14, número 53, 1º trimestre de 2018, páginas 16 a 18, Taquara, Rio de Janeiro/RJ (Editora Central Gospel).
O Começo do Fim, Tim LaHaye, página 9, 10, 20, 172, edição 1982, São Paulo/SP (Editora Vida).
O Tema da Bíblia - Um Estudo Sobre o Plano da Redenção, FerrelL Jenkins, página 17, 2ª edição ano 2000, São Paulo/SP (Dennis Allan).