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segunda-feira, 28 de maio de 2018

O Batismo no Espírito Santo - por Gunnar Vingren em artigo de 1919

Gunnar Vingren.
Na companhia laboriosa de Daniel Berg, foi
 foi fundador da Assembleia de Deus em 1911.
Quem foi Gunnar Vingren? A resposta vai para as pessoas que não tiveram a oportunidade de conhecer a história da igreja pentecostal brasileira. Vingren, foi missionário sueco, cofundador das Assembleias de Deus no Brasil, igreja fundada em dupla com Daniel Berg, também nascido na Suécia.


Segue abaixo o conteúdo escrito por ele.
__________

Tratando-se de um assunto tão importante como este, certamente não devemos lançar a menor ponderação que seja, em ler alguns versículos que tem relação íntima e indivisa com a doutrina do batismo no Espírito Santo.

O Senhor Deus é o nosso médico. Artigo de Daniel Berg, publicado em 1919 no jornal Boa Semente

"...Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo", São Mateus, cap. 3 versículo 8. "Esse vos batizará com o Espírito Santo e com fogo". Lc. capítulo 3 versículo 16. sobre aquele que vires descer o Espírito e repousar sobre Ele, esse é o que batiza com o Espírito Santo". S. João, capítulo 1 versículo 33. "João batizou com água, porém, vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias". At. 1.5. "...o Espírito Santo que Deus deu aqueles que lhe obedecem" At. 5.32. "Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos quanto mais dará o nosso Pai Celestial o Espírito Santo aqueles que lhe o pedirem". Luc. 11.13.

Assim: O Senhor não somente disse aos seus discípulos que ao Pai Celestial, para receberem o Espírito Santo, como mandou também que esperassem a promessa do Pai em Jerusalém. At. 1.4. "Ficai, porém vós na cidade de Jerusalém, até que do alto sejas revestidos de poder". Luc. 24.49. "Mas recebereis poder quando vier sobre vós o Espírito Santo (trad. do original grego). At. 1.8.

E os discípulos obedeceram a palavra do Senhor, e esperaram cerca de dez dias, até que receberam o Espírito Santo. "E adorando-o eles, tornaram, com grande júbilo para Jerusalém. E estavam sempre no templo, louvando e bendizendo a Deus". Lc 24.52 e 53. "Então voltaram para Jerusalém... E, entrando no cenáculo... todos estes perseveraram unanimemente em orações e súplicas, com as mulheres, e Maria mão de Jesus, e com seus irmãos (Ora a multidão junta era de quase cento e vinte pessoas)" At. 1.12. "E cumprindo-se o dia de pentecostes, estavam todos concordemente reunidos. E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam reunidos. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, e pousaram sobre cada um d'eles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem". At. 2.14.

E então foi o cumprimento, não só da palavra do Senhor e os seus apóstolos, batizando-os como falou e á cerca ce 120 pessoas como da profecia de Joel: "nos últimos dias acontecerá, diz o Senhor, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne". At. 2.17. Jesus Cristo disse: "E estes sinais seguirão os que crerem; em meu nome expulsarão demônios. Falarão novas línguas". Mc 16.17.

Tal porém, não se deu na casa de Cornélio e em Éfeso node talvez nem uma só língua pode ser interpretada. Ainda assim não é para admirar que as línguas estranhas sem interpretação não possa ser compreendida. Paulo diz: "O que fala línguas estranha não fala aos homens, senão a deus, porque ninguém o entende, e em Espírito fala em mistérios". 1 Co 14.2.

O fato é que eles receberam o Espírito Santo. Isto é, o batismo), tanto num como no outro, igualmente como os que foram batizados em Pentecostes, Paulo diz: "também receberam como nós o Espírito Santo" (At 10.47).

O que não parece dúvida é que todos  que receberam o batismo no Espírito Santo, nenhum deles o fez, sem o demonstrar por sinais convincentes e muito evidentes tais, como diz Marcos: falando em língua estranha. E isto tanto em Jerusalém, como em Cesareia, e Éfeso, o que tornou-se uma operação tão verossímil quão definitiva. Uma espécie de "doutrina" prática experimental, se assim podemos dizer.

Assim compreendeu Pedro, em casa do centurião Cornélio, que todos os presentes haviam sido batizados "porque os ouviu falar línguas, magnificando a Deus". E dizendo Pedro estas palavras caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviram a palavra...".

"Porque os ouviram "falar em línguas e magnificar a Deus (At 10.44 e 46).

Portanto a língua estranha é a manifestação mais perfeita e real da evidência do batismo no Espírito Santo, no momento em que o crente recebe o dom do Espírito ele fala em língua que lhe é estranha e desconhecida.

Isto mais uma vez quer provar até a saciedade, satisfazer às investigações, mais exigentes, destruir até a cerne da árvore ruim que frondeja contra o batismo do Espírito Santo, que é a promessa do Pai.

O batismo do Espírito Consolador é para todo o tempo, é para hoje, é para agora. E isto é uma conclusão tão lógica, tão natural, tão acessível a todo o raciocínio, ao bom senso, ao senso comum, que nos dispensa de outros comentários. É uma proposição que a si mesmo propõe, a si se explica, a si se conduz, a todo o que a examinar com fé e humildade de coração.

Pedro disse no dia de Pentecostes: "Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão de vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo", "Porque a promessa vos pertence a vós e aos vossos filhos, e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar (At. 2.38 e 39).

Os apóstolos, pois que estavam em Jerusalém, ouvindo o que Samaria recebera a palavra de Deus, enviando-lhes Pedro e João. Os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo.

Porque sobre nenhum deles tinha sido descido, mas, somente eram batizados em nome do Senhor Jesus. Então lhes impuseram as mãos, e receberam e receberam o Espírito Santo" (At. 8.14a 17). Aqui sucedeu que os apóstolos encontraram crentes convertidos e já batizados em água, mas ainda não tinham recebido o Espírito Santo.

Orando porém os apóstolos sobre eles, mediante imposição de suas mãos, na mesma ocasião receberam o Espírito Santo. O texto não diz que falaram línguas, nessa ocasião. Mas o evangelista que redigiu o livro de Atos, narrando este fato diz, em seguida ao recebimento do Espírito Santo. E Simão (o mago), vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos se dava o Espírito (v 18). Pra vê-se bem que ele viu uma manifestação certa da presença do Espírito Santo nos crentes, ao serem impostas as mãos de Pedro e João, pois que ele não podia ver o Espírito nas mãos materiais dos servos de Deus. Certamente é que Simão viu que os crentes falavam línguas estranhas, porque o Espírito Santo não é coisa visível. "O vento assopra onde quer, ouves a voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim é todo o que é nascido do Espírito Santo (João 3 v. 8).

Assim, não resta a menos sombra de dúvida que Jesus Cristo é quem salva, e quem batiza no Espírito Santo, nos dias de hoje, como nos tempos dos apóstolos, pois que nele não há mudança nem sombra de variação alguma. Jesus é sempre o mesmo, embora os homens se tenham assentado da fé que possuíam os apóstolos.

Ele, Jesus, nunca mudou, nem mudará, porque é aquele que é, que era e que há de vir (Apoc. 1.4). Glória a Jesus! Deus não prometeu derramar seu Espírito no último dia. Mas disse: e nos últimos dias acontecerá diz o Senhor, que do meu Espírito derramarei sobre toda carne" (At. 2.17). Quanto mais nós que do meu aparecemos vinte séculos depois, mais tarde do que eles. Eles que há vinte séculos receberam o Espírito Santo estou certo que não puderam receber por nós e por toda a posteridade, pois que faz necessário que cada um por si mesmo o receba.

Por isto Jesus disse: "Pedi e dar-se vos á, buscai e me achareis, batei e abrir-se vos á. quanto mais datá o vosso Pai celestial o Espírito Santo aqueles que lhe pedirem.

São Paulo tanto conhecia a necessidade de cada um por si mesmo receber o Espírito Santo que perguntou em Éfeso: "recebestes vós o Espírito Santo quando crestes?. E como não o tivessem recebido ainda, Paulo impondo-lhe a mão veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam diversas línguas e profetizavam (At. 19.17). Paulo ainda escreveu em Coríntios, testificando essa verdade. Porque todos nós fomos batizados em um Espírito.

Buscai a verdade porque "se conhecerdes a verdade ela vos libertará". Amém.

Fonte: Jornal Ceifeiros em Chamas, página 15, maio de 2000.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

A canção como adoração a Deus

Por F. W. Krummacher

Conforme o costume judaico da Festa da Páscoa, Jesus entoou um hino, acompanhado de seus discípulos, a canção de louvor que consistia dos Salmos 115 a 118. Neste episódio, encontramos nosso Senhor cantando. No texto original em grego, não existe margem para dúvidas quanto a isso.

Por meio desse cântico, Cristo consagrou para sempre a música vocal na liturgia de cultos da Igreja.

A ação de cantar é um valioso dom do céu à terra: envolve a linguagem de sentimentos, exala o estado elevado da mente, é a expressão de uma alma extasiada.

A analogia entre as almas e um violão quebrado
O músico também é um crente

Executado no serviço da reuniões de culto nas igrejas, quão benéfica e abençoadora é a boa influência da mensagem cantada! Quem ainda não experimentou o seu poder maravilhoso de elevação espiritual, de pôr o ser humano acima do ambiente sombrio da rotina neste mundo? Quando o crente entoa hinos, a sua alma é dilatada, o seu coração é comovido, os correntes da inquietação são desbaratadas e o peso da tristeza são repelidos.

A melodia litúrgica é capaz de promover situações melhores que essas. Através do louvor sincero, o Espírito Santo combina a ação do crente ao usar a voz melodiosamente, em veneração ao Senhor, com seu sopro divino. E assim, inumeráveis vezes o Consolador tem trazido tranquilidade aos aflitos, expulso Satanás e seus projetos destruidores do meio do povo de Deus. 

À semelhança de uma perfumada brisa da primavera, o costume de cantar para adorar ao Senhor tem feito com que corações duros se derretam como ceras, tornando-os frutíferos, plenamente prontos para receber as sementes das Escrituras Sagradas e entrar à eternidade na companhia do Altíssimo.

O rei Davi recebeu uma honra indescritível ao ter suas composições sendo cantadas pelos lábios graciosos do Senhor Jesus Cristo - a inspiração suprema de suas obras de louvor. Se ao escrever os Salmos ele soubesse que isso ocorreria, talvez não conseguisse empunhar a pena e escrever uma só palavra. Não há registro bíblico que outro autor tenha recebido tamanha honraria do próprio Criador de todas as coisas.


Fonte: The Suffering Savior via revista  Fé para Hoje, ano 2004, número 24,  página 19, São José dos Campos/SP (Editora Fiel). Texto adaptado ao blog Belverede.

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Inspiração Divina e Autoridade da Bíblia

Por Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

Por ser a nossa única e exclusiva fonte de autoridade, e ser a nossa regra de fé é prática, a Bíblia Sagrada deve ser alvo de estudo. Devocional e sistemático. É muito importante que o crente seja uma pessoa conscientizada a respeito da inspiração  divina, verbal, e plenária da Bíblia Sagrada.

A quantidade enorme de manuscritos antigos, o grande número de versões em outros idiomas e as citações da patrística nos primeiros séculos do cristianismo falam por si como prova da autenticidade dos livros da Bíblia. Nenhuma obra da Antiquidade apresenta hoje tantos manuscritos hebraicos, gregos, latinos e em outras línguas. Temos atualmente em todo o mundo mais de 25 mil manuscritos bíblicos produzidos antes do advento da imprensa no século XV. Em segundo lugar, vem a Ilíada, de Homero, com 457 papiros e 188 manuscritos, perfazendo um total de 645 exemplares. Nenhuma obra da Antiguidade é mais bem confirmada que a Bíblia.

As descobertas dos rolos do mar Morto revelam a credibilidade e a fidelidade dos textos hebraicos do Antigo Testamento. Com exceção do livro Ester, todos os outros livros do Antigo Testamento estão representados em 800 manuscritos. As onze cavernas de Uaid Qumran trouxeram à tona cerca de 200 manuscritos bíblicos, descobertos entre 1947 e 1964. Muitos desses manuscritos não foram produzidos pelos essênios, muitos deles vieram da Babilônia e do Egito. Trata-se portanto, de textos precedentes de várias épocas e de vários lugares.

I - REVELAÇÃO E INSPIRAÇÃO

O cristão precisa conhecer e reconhecer a revelação e inspiração da Bíblia Sagrada.

O Cânon bíblico está fechado. A revelação infalível que Deus fez de si mesmo já foi registrada. Hoje, Ele continua falando através dessa palavra. Assim como Deus revelou a si mesmo, e inspirou os escritores a registrar essa revelação, Ele mesmo preservou esses escritos inspirados, e orientou o seu povo na escolha destes, a fim de garantir que a sua verdade viesse a ser conhecida.

Não se deve acrescentar outros escritos ao conteúdo canônico, nem se deve tirar dele  dele nenhum escrito. O Cânon contém raízes históricas da Igreja Cristã, e o cânon não pode ser refeito assim como a história não pode ser mudada.

1. Revelação.

A palavra "revelação" (apocalipsis, em grego) significa o ato e o efeito de tirar o véu que encobre o desconhecido.

Cremos que a Bíblia é a única revelação escrita de Deus para toda a humanidade e que seu texto foi preservado e sua inspiração divina é mantida nas 2.935 línguas em que ela é traduzida (segundo dados da Sociedade Bíblica do Brasil).

Dessa revelação divina decorre o fato de ela ser nossa exclusiva fonte de autoridade espiritual. Sua inspiração divina e sua soberania como única regra de fé e prática para a nossa vida constituem a doutrina basilar da fé cristã.

A Bíblia revela os mistérios do passado como a criação, os do futuro como a vinda de Jesus, os decretos eternos de Deus, os segredos do coração humano e as coisas profundas de Deus (Gênesis 2.1-4; Isaías 46.10; Lucas 21.25-28). Seu conteúdo oferece ensinos espirituais aos que buscam conhecimento, ensinamentos importantes que não são encontrados em nenhum outro lugar do mundo.

2. Inspiração.

Cânon: a lista de livros já definidos e reconhecidos como divinos para a vida e a conduta do cristão. Cada um dos 66 livros reconhecidos como inspirado por Deus desde a sua origem, apesar da seleção de escritos sagrados só acontecer posteriormente.

Sobre o Cânon e a inspiração, às vezes, os dois termos significam a mesma coisa. O termo "kanõn" se origina do vocabulário hebraico qãneh (cana), usada como "cana de medir" (Ezequiel 40.3, 5; 41.8) e originalmente quer dizer "vara de medir". Na literatura clássica, significa "regra", "norma", padrão". Aparece no Novo Testamento com o sentido de "medida" e "regra moral" (2 Coríntios 10.13, 15; Gálatas 6.16). Nos três primeiros séculos do cristianismo, o termo se referia ao conteúdo normativo, doutrinário e ético da fé cristã, e a partir do quarto século os termos "cânon" e "canônico" ganharam o sentido de textos inspirados por Deus e instrumentos normativos para a vida e a conduta dos cristãos, portanto separados de outras literaturas.

A inspiração divina da Bíblia é um fato singular que ocorreu na história da redenção humana, possui significâncias importantes para todos, principalmente para nós crentes em Deus. É o registro da revelação sob a influência do Espírito Santo, que penetra até as profundezas de Deus (1 Coríntios 2.10-13).

Os 66 livros da Bíblia são divinamente inspirados. Seus escritores foram receptáculos da revelação. Ninguém mais, além deles foi usado por Deus dessa maneira específica.

No tempo dos apóstolos ainda não havia a formação final do Novo Testamento. Quando se reunia para cultuar a Deus, a igreja neotestamentária lia o Antigo Testamento. E quando recebia as cartas apostólicas, as lia nas reuniões semanais. Posteriormente, essas cartas, e os evangelhos, foram paulatinamente aceitos pela igreja como escritos inspirados por Deus. Ora, havia alguns critérios para isso: como a autoria apostólica ou de pessoas que tivessem andado com os apóstolos.

3. A forma de comunicação.

O processo de comunicação divina aos profetas do Antigo Testamento se desenvolveu por meio da palavra e da visão, do som e da imagem (Jeremias 1.11-13). A frase "veio a palavra do SENHOR A", "veio a mim a palavra do SENHOR" ou fraseologia similar, tão frequente no Antigo Testamento, muito provavelmente, diz respeito a uma revelação direta, externa e audível.

A revelação aos apóstolos no Novo Testamento veio diretamente do Senhor Jesus Cristo (Gálatas 1.11, 12; 2 Pedro 1.16-18; 1 João 1.3) e do Espírito Santo (Efésios 3.4, 5). Exceto uma única vez no ministério de João Batista, pois ele é o último profeta da dispensação da lei mosaica (Lucas 3.2; 16.16).

II - INSPIRAÇÃO DIVINA

A inspiração divina da Bíblia Sagrada é notável aos crentes que desejam conhecê-la.

1. A inspiração divina.

"Toda Escritura é inspirada por Deus" (ARA). O vocábulo grego, aqui traduzido por "inspirada por Deus", ou "divinamente inspirada (ARC), é "theopneustos". O termo vem da Bíblia, aparece só uma vez em 2 Timóteo 3.16. É um termo composto de duas palavras gregas:  theos (Deus), e pneo (respirar, soprar).

Isso significa que o texto sagrado foi "respirado por Deus" ou "soprado por Deus". Em suma, a palavra "teopneustia" significa "inspiração divina da Bíblia". A palavra define a "inspiração divina"; remete ao fato de que Deus inspirou aos autores bíblicos todas as palavras e ideias.

A expressão "toda Escritura" não se restringe apenas ao Antigo Testamento. A Bíblia inteira é divinamente inspirada, a autoridade dos profetas e apóstolos é a mesma. "para que vos lembreis das palavras que primeiramente foram ditas pelos santos profetas e do mandamento do Senhor e Salvador, mediante os vossos apóstolos (2 Pedro 3.2).

Algumas porções bíblicas são, em especial, um resumo a respeito do que a Bíblia alega sobre si mesma  e uma afirmação enfática de que os autores dos livros sagrados foram movidos pelo Espírito Santo para expressar as palavras inspiradas por Deus.

• Pedro esclarece que os autores foram impelidos pelo Espírito Santo (2 Pedro 1.20, 21).
• O apóstolo Pedro coloca as epístolas paulinas no mesmo nível que estão as Escrituras do Antigo Testamento: "Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição" (2 Pedro 3.16).
• Ousadamente, Paulo declara que seus escritos são de origem divina: 1 Coríntios 7.40; 2 Coríntios 13.3; 1 Tessalonicenses 4.8.
2. Uma avaliação exegética.

Estamos acostumados com duas traduções: "toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa é proveitosa" e "toda Escritura é divina e proveitosa" Ambas as versões são permitidas à luz da gramática grega. Mas a primeira é mais precisa, pois a conjunção grega "kai" (e) aparece entre os dois adjetivos "inspirada" e "proveitosa". Isso significa que o apóstolo afirma duas verdades sobre a Escritura, a saber: divinamente inspirada e proveitosa; e não somente uma dessas duas coisas. Dizer que "toda a Escritura é proveitosa" pode dar margem para alguém interpretar que nem toda Escritura é inspirada.

3. Autoridade.

A autoridade da Bíblia deriva de sua origem divina. O selo dessa autoridade aparece em expressões como "assim diz o SENHOR" (Êxodo 5.1; Isaías 7.7); "veio a palavra do SENHOR" (Jeremias 1.2); "está escrito" (Marcos 1.2). Isso encerra a suprema autoridade das Escrituras com plena e total garantia de infalibilidade, pois a Bíblia é a Palavra de Deus (Marcos 7.13; 1 Pedro 1.23-25).

Existem muitas palavras ou frases que a Bíblia usa para se auto-descrever e que sugerem uma reivindicação de autoridade divina. Jesus disse que a Bíblia é indestrutível e que ela jamais passará (Mateus 5.17, 18); ela é infalível, ou "não pode ser anulada" (João 10.35); e ela é suficiente para a nossa fé e prática (Lucas 16.31).

As inúmeras profecias são exclusividade das Escrituras Sagradas e provas visíveis de sua inspiração e autenticidade. Muitas delas já se cumpriram em relação a muitos povos, tanto na Antiguidade, como na atualidade. Um exemplo é a profecia sobre a queda da Babilônia, proferida quando esta vivia dias de glórias e grande apogeu (Isaías 13. 19, 20). Tal previsão se cumpriu completamente.

Também, a Bíblia anunciou de antemão a dispersão dos judeus e profetizou seu retorno à terra de seus antepassados. Após 1.800 anos na diáspora, os israelitas retornam para sua terra, e em um só dia nasceu uma nação (Isaías 66.8). Essa profecia diz respeito á fundação do Estado de Israel logo após a derrocada do nazismo.

Entre tantas outras profecias que se cumpriram cabalmente, e que não enumeraremos aqui por questão prática de espaço e tempo de leitura, lembramos das profecias messiânicas cumpridas em Jesus, desde o seu nascimento de uma virgem em Belém, conforme Isaías 7.17 e Miquéias 5.2, até a sua ascensão, registrada em Salmos 24.7-10.

As profecias contidas na Bíblia faz dela uma coleção de livros sui generis, repleta de poder perene, o compêndio literário que não se assemelha a nenhum outro e que sempre permanecerá acima de qualquer outro já produzido no mundo.

III. INSPIRAÇÃO PLENA E VERBAL

A inspiração plena e verbal da Bíblia Sagrada pode ser explicada.

1. Inspiração plenária.

O apóstolo Paulo deixa claro ao afirmar que "toda a Escritura é divinamente inspirada". Inspiração plenária significa que todos os livros das Escrituras são inspirados por Deus. A inspiração da Bíblia é especial e única. Não existe na Bíblia um livro mais inspirado e outro menos. Todos possuem o mesmo grau de inspiração e autoridade.

Paulo ensinava: Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário" (1 Timóteo 5.18). Neste versículo, coloca lado a lado citações da Lei de Moisés (Deuteronômio 25.4) e dos Evangelhos (Mateus 10.10; Lucas 10.7), chamando ambas de "Escritura".

Às vezes, inclusive, "profetas" e "apóstolos" aparecem como termos intercambiáveis 92 Pedro 3.2). O apóstolo Pedro considera ainda as epístolas paulinas como Escritura (2 Pedro 3.15, 16).

A Bíblia que Jesus e seus apóstolos usavam era formada pela Lei de Moisés. os Profetas e os Escritos; essa terceira parte é encabeçada pelos Salmos (Lucas 24.44). O termo "Escritura" ou "Escrituras" que aparece no Novo Testamento refere-se a esse Cânon tripartido, que é o mesmo Antigo Testamento de nossa Bíblia.

2. Inspiração verbal.

A inspiração verbal  significa que cada palavra contida na Bíblia foi inspirada pelo Espírito Santo (1 Coríntios 2.13); e também que as ideias vieram de Deus (2 Pedro 1.21). Deus "soprou" nos escritores sagrados a sua mensagem. Uns produziram som de flautas e outros de trombetas, mas era Deus quem soprava. Assim, eles produziram esse maravilhoso som que são as Escrituras Sagradas.

A Bíblia contém 66 livros, que abrangem o Antigo e Novo Testamento. Passaram-se cerca mil anos para que o Cânon bíblico ficasse pronto. Deus usou cada escritor em sua região, cultura e geração, com seus diversos graus de instrução. Os escritores, desde Moisés até o apóstolo João, não foram tratados como meras máquinas, mas como instrumentos usados pelo Espírito Santo, respeitosamente. Então, o leitor dos textos bíblicos encontra nos livros a personalidade do escritor, depara-se de livro para livro com muitos estilos de linguagem distintas, uso de vocabulários diferentes em estruturas sintáticas diversificadas.

Apesar do mistério que ronda o modo como Deus fez com que sua mensagem fosse fiel sem destruir a liberdade e a personalidade dos autores humanos, existem algumas coisas que ficam muito claras. Os autores não eram simplesmente secretários que anotavam algo que estava sendo ditado a eles; a sua liberdade não foi suspensa nem negada. Eles não foram usados como engenhocas. As suas palavras correspondiam ao seu desejo, no estilo em que estavam acostumados a escrever.

IV - ÚNICA REGRA INFALÍVEL DE FÉ E PRÁTICA

É importante estar consciente que a Bíblia Sagrada é a única regra de fé e prática das pessoas que, genuinamente, são crentes em Cristo.

1. "Proveitosa para ensinar".

A finalidade das Escrituras é o ensino para a salvação em Jesus, pois elas "podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus (2 Timóteo 3.15).

A Bíblia, expõe a doutrina cristã para a humanidade com o propósito de salvar, corrigir e edificar o ser humano. Foi dada aos homens para ser seguida por todos A verdade contida nela redime e santifica, não expira e nem envelhece. Seus ensinamentos são suficientes para entender a vida sob a lei de Cristo. Lucas 21.33; João 17.17; 2 Timóteo 3.15-17; 1 Tessalonicenses 2.13.

2. A conduta humana.

Uma das grandezas das Escrituras é a sua aplicabilidade na vida diária, na família, na igreja, no trabalho e na sociedade. Deus é o nosso Criador e somente Ele nos conhece e sabe o que é bom para suas criaturas. E essas orientações estão na Bíblia.

3. As traduções da Bíblia.

Desde os tempos do Antigo Testamento, até hoje, Deus se manifestou e se manifesta a a cada um de seus servos e suas servas no seu próprio idioma. Através do mundo inteiro, qualquer crente, ao ler a Bíblia, recebe sua mensagem com ose esta fora escrita diretamente para ele. Nenhum crente tem a Bíblia como livro alheio, estrangeiro, como acontece aos demais livros traduzidos. Todas as raças consideram a Bíblia como possessão sua.  Nós recebemos como nossa. Isso acontece em qualquer país que ela chega. Ninguém tem o conteúdo da Bíblia como "dos outros".Este detalhe prova que ela procede de Deus e atesta que quem escreveu esses livros sagrados eram seres humanos movidos pela inspiração divina.

CONCLUSÃO

Por direção divina, temos hoje os 27 livros reunidos, conhecidos como o Novo Testamento, mais os 39 do Antigo, totalizando 66 livros na Bíblia. Se possuímos exemplar em mãos podemos considerar que isso é um milagre. E devemos agradecer ao seu Autor celeste por nos entregar a sua Palavra. E a melhor maneira de fazer isso é meditar nas Escrituras dia e noite (Josué 1.8), de modo que ela esteja "incorporada" em nossa mente e coração.

Que cada um  queira receber a Bíblia, sem restrição alguma, pois ela é a palavra de Deus, em qualquer idioma em que vier a ser traduzida.

E.A.G.

Compilações:
A Razão da Nossa Fé. Assim cremos, assim vivemos. Esequias Soares, páginas 11-17, 1ª edição 2017, Bangu, Rio de Janeiro - RJ (CPAD). 
Bíblia do Pescador, editor geral e autor de comentários Dr. Luis Ángel Diaz Pabón, páginas 1105, 1296 e 1312, 1ª edição 2014, Bangu, Rio de Janeiro - RJ (CPAD).
Ensinador Cristão, ano 18, nº 71, página 36, julho a setembro de 2017, Bangu, Rio de Janeiro - RJ (CPAD). 
Lições Bíblicas - Professor - A Razão da nossa Fé. Assim cremos, assim vivemos, Esequias Soares, 3º trimestre de 2017, páginas 5 a 9, Bangu, Rio de Janeiro - RJ (CPAD). 

terça-feira, 4 de abril de 2017

Qual a finalidade do batismo com o Espírito Santo hoje?


O Batismo com Espírito Santo proporciona mudança na vida de todas as pessoas batizadas. É muito mais do que a capacidade de falar em outras línguas dentro dos templos. O crente batizado submerge no plano da salvação por inteiro.

Uma pergunta retórica: para quê servem os nove dons espirituais? A Palavra da Sabedoria; Palavra de Ciência/Conhecimento; Fé, Curas; Operação de Milagres/Maravilhas; Discernimento de Espíritos; Profecia; Diversidade de Línguas; Interpretação de Línguas, são meios dados por Deus para abençoar o povo que Deus ama.

Deus nunca fará acepção de pessoas! Tudo que o Senhor faz tem propósito útil. Os dons espirituais não servem para que o portador de dons seja considerado mais especial que os demais, ainda não batizados. Por exemplo, a finalidade de Dons de Curar (escrito no plural 1 Coríntios 12:9) servem para abençoar os enfermos e assim por diante.

Quem ainda não recebeu o batismo, receba-o, pois está disponível para todos os que se converteram a Cristo. E, quem já está batizado, que ore para ser "ferramenta" de bênção nesta geração, e desta forma glorifique ao Senhor sendo usado com poder de Deus entre nós.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

O propósito do Fruto do Espírito

 Como crente, é necessário ter uma vida espiritualmente fértil. Apenas por meio de uma vida espiritual frutificativa o cristão será capaz de glorificar a Deus, pois o Espírito modela o nosso caráter para sermos parecidos com Cristo. Assim sendo, a vida dirigida pelo Espírito exige de nós um viver em santidade e comunhão com Deus.
Por Eliseu Antonio Gomes 

Introdução

O termo "fruto" é frequentemente usado de maneira simbólica na Bíblia Sagrada. As crianças são mencionadas como fruto (Êxodo 21.22; Salmos 21.10) em frases como "o fruto do ventre" (Deuteronômio 7.13; Salmos 127.3; Lucas 1.42) e o "fruto do corpo (Salmos 132.11; Miqueias 6.7). O louvor é poeticamente descrito como fruto dos lábios (Isaías 57.19; Hebreus 13.15), e as palavras de um homem são chamadas de "fruto da boca" (Provérbios 12.14; 18.20). O termo "fruto" é aplicado às consequências das nossas ações e motivações (Provérbios 1.31; Isaías 3.10).

A salvação pela graça
O nome de Deus
O perigo das obras da carne
O propósito dos dons espirituais
Salvação e Livre-Arbítrio

O fruto, em Gálatas 5.22, 23, é a manifestação das virtudes de Deus na vida do crente, conforme o grau de entrega desse crente como servo ao Senhor. É uma obra do Espírito Santo, transmitindo ao homem toda a plenitude de Deus (Efésios 3.16-19). Nada mais é que a expressão do amor de Deus na vida do crente produzida pelo Espírito Santo. Tem a ver com o crescimento e o caráter; o modo de vida é o teste fundamental da autenticidade de cada crente. O estilo de comportamento das pessoas revestidas pelo poder do Espírito são baseadas nas nove características que perfazem o fruto do Espírito: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio.

I. A vida controlada pelo Espírito.

1. O que significa ser controlado pelo Espírito?

Ao lermos Gálatas, capítulo 5, abordando o tema fruto do Espirito, percebemos que a essência  de todas as virtudes têm origem no Espírito Santo. Não existe por causa da religiosidade do próprio crente, não é produzido pelos meros esforços do ser humano. Acontece em circunstância da nova natureza que está implantada no seu ser.

Se desejarmos viver de modo a agradar a Deus e produzir frutos para a sua glória, devemos nos encarregar do imperativo bíblico registrado em Efésios 5.18; "enchei-vos do Espírito". No contexto deste versículo (4.17 - 5.20) o apóstolo Paulo esclarece o contraste entre e o "antes" e o "depois" dos crentes. O verbo encher remete também a ser controlado, dominado. Ser controlado pelo Espírito Santo significa ser cheio do Espírito diariamente, não somente no interior do recinto do templo em momento de culto. E quando somos controlados pelo Espírito, os nossos pensamentos, ações e vontades passam a ser conduzidos por Ele.

Os cristãos devem estar continuamente cheios do Espírito e viverem nEle. Nós não precisamos de álcool, que faz com que uma pessoa  desfrute de êxtase temporário; podemos e devemos nos encher do Espírito, que produz uma alegria constante.

Quando Paulo escreveu aos efésios, embriagar-se com vinho era uma situação associada com o antigo vício dos crentes, destinatários da carta; o ensejo da lembrança apontava aos seus desejos egoístas, que induziam o bêbado, por fim, em contenda. Este cenário não tem vez na vida dos crentes convertidos a Cristo.

Todo mundo reconhece o estado de uma pessoa embriagada. São vários os sinais e sintomas da intoxicação pelo álcool, os mais perceptíveis são olhos vermelhos, bochechas rosadas, coordenação motora prejudicada e fala enrolada. Com um pouco de prática e pesquisa, é muito fácil reconhecê-los; suas ações tornam o reconhecimento da embriaguez óbvia. De maneira semelhante, a vida do crente deve estar completamente sob o controle do Espírito, com as nossas palavra e ações mostrando que estamos cheios da presença do Espírito.

2. Um viver santo.

O homem natural tem bondade no seu ser e pode produzir coisas boas e úteis, as quais podemos denominar de obras. As obras estão no nível da carne, algumas podem ser boas e outras más. Paulo usa a expressão "obras da carne" para denotar os esforços dos homens na realização de algo dependente da aplicação de sua energia física ou intelectual. A qualidade de vida exposta por aqueles que seguem o princípio natural é transitória, isso porque nasce do próprio homem. Ao contrário do cristão, existe algo transcendental em sua vida, de modo que o que o crente realiza é devido àquilo que o Espírito Santo implantou no seu ser.

Como cristão, é necessário ter uma vida espiritualmente fértil. Apenas por meio de uma vida espiritual frutificativa o crente será capaz de glorificar a Deus, pois o Espírito modela o nosso caráter para sermos parecidos com Cristo. Assim sendo, a vida dirigida pelo Espírito exige de nós dedicação à santidade e comunhão com Deus.

À medida que permitimos que e o Espírito Santo controle nossa vida, passamos a produzir progressivamente o fruto do Espírito. São virtudes que o crente precisa manifestar através de sua vida (Filipenses 4.8). A palavra virtude, no grego, é "areté", este termo expressa uma vida de excelência moral, é a manifestação do poder divino, quer dizer também a capacidade por meio da qual alguém se sobressai, quer seja pelo caráter, inteligência, poder, bondade ou valor.

A vida controlada pelo Espírito requer de nós um comportamento santo e uma autêntica harmonia com Deus. O cristão é conhecido por meio das virtudes. Assim como uma árvore é conhecida pelos seus frutos, o crente verdadeiro é reconhecido por suas ações. O fruto representa nossas atitudes: fruto bom, árvore boa; crente fiel ao Senhor; fruto amargo, árvore ruim, crente rebelado contra a vontade de Deus (Lucas 6.43-45).

O fruto do Espírito também revela o quanto temos aprendido do Senhor.

3. A verdadeira comunhão.

O Espírito Santo nos ajuda a ter uma compreensão melhor de Deus e do seu Reino. Ele deseja nos ensinar a viver em novidade de vida, em santidade, apesar de habitando em um mundo corrompido pelo pecado e dominado pelo Inimigo (1 Coríntios 2.10-15).

Em comunhão com o Espírito Santo o cristão não produz um estilo de vida legalista, nem tenta impor princípios morais à força, nem vive falando de ética, antes produzirá  uma qualidade de vida que está acima de qualquer lei moral ou ética.

A manifestação do fruto do Espírito na vida do crente indica como está o relacionamento com o Pai. Se você o tem gerado, isso demonstra que tem andado no Espírito, em contrário, indica que está vivendo de acordo com seus desejos carnais.

II. O fruto do Espírito evidencia o caráter de Deus em nós.

1. O que é caráter?

O caráter do ser humano é formado por diversas influências que ele recebe ao longo da vida. A cultura em que a pessoa está introduzida demandará sugestões ao longo da vida dela. Neste sentido, sua personalidade será constituída ao longo do contato que ela tem com diversas informações culturais e educacionais. Por isso, as fases da infância e da adolescência são cruciais na estruturação de uma pessoa. Essas fases são de desenvolvimento e de determinações de escolhas. Naturalmente, embora o ambiente em que o ser humano esteja inserido sugestione muitos comportamentos, ele não determina o caráter dele, pois há outros componentes  próprios à natureza do indivíduo. Por isso, a ideia de que o ser humano "nasce puro, mas a sociedade o corrompe" não é uma verdade absoluta, pois a perspectiva bíblica a relativiza, mostrando o contrário. (Ler Mateus 15.19).

2. Caráter gerado pelo Espírito Santo.

Quando somos cheios do Espírito e permitimos que Ele trabalhe em nosso caráter, passamos a produzir o fruto do Espírito. Diferentemente de um caráter gerado sob a influência  do estado do pecado. Aquele que não vive segundo o Espírito e se deixa levar pela velha natureza, produz frutos deformados, intragáveis e que exalam cheiro desagradável.

3. Um novo estilo de vida.

O Salmo 1 nos ensina como o Espírito faz para que nossa vida produza o fruto. Este Salmo compara o homem de Deus com uma árvore plantada às margens de um rio. Está escrito no versículo 2: "Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite". Entendemos que a condição para alcançar a capacidade de frutificar está relacionada diretamente à importância que a Palavra de Deus tem para nós. À medida que lemos e meditamos na Bíblia, o Espírito vai nos convencendo de pecados que precisam ser erradicados e nos dirige ao padrão elevado de vida que Deus quer para nós. Sem a Palavra de Deus não há maturação espiritual, sem a meditação na Bíblia não há a produção do fruto do Espírito em nossa vida.

A vida frutífera é para os "maduros". Quando os anos passam e o crente não alcança a maturidade espiritual, ele se torna vulnerável ao pecado e a todo vento de doutrina, sendo enganado pela astúcia dos que alegam falar em nome de Deus (Efésios 4.14).

É apropriado dizer que todo cristão, em qualquer época, em qualquer lugar, se não apresentar a frutificação é incompleto. Todos os cristãos precisam apresentar o fruto, mas, infelizmente, muitos crentes não parecem desejosos em viver segundo a conduta do Espírito Santo. É triste constatar que a vida de muitos crentes reflete os hábitos e padrões deste mundo. Consciente ou inconscientemente, eles estão mais interessados em imitar o sistema deste mundo dominado pelo Inimigo que imitar Cristo. A prática do pecado perdeu para eles a sensação de pecaminosidade. Preferem mais outras atividades do que meditar na Palavra de Deus. O momento de oração é para eles instantes cansativos. Eles não têm vontade de evangelizar os espiritualmente necessitados de seu círculo de conhecidos porque eles próprios também são necessitados de um reavivamento espiritual.

III. Testemunhando as virtudes do Reino de Deus.

1. O propósito do fruto

Fomos chamados para termos uma vida frutífera. O propósito do fruto do Espírito em nossas vidas é produzir frutos, não obras, nem apenas qualidades morais. O Espírito trabalha na vida do cristão com o objetivo de o identificar como servo de Cristo, ao produzir a santificação.

Observemos o fruto em paralelo com as concupiscências da carne, com o objetivo de verificar se estamos no Espírito ou não. Para Paulo, não existe terreno neutro nesse assunto. As obras da carne não se manifestam se somos dirigidos pelo Espírito. Se aparecem tais manifestações, significa que deixamos de viver pelo Espírito, e nos afastamos de sua orientação, isso significa que estamos dando oportunidade à carne. Aqueles que continuam fazendo tais coisas não herdarão o reino de Deus (Gálatas 5.21).

2. Uma vida produtiva.

Para que uma planta produza frutos ela precisa alcançar um determinado nível de maturação; isso também acontece  com o crente. Esse nível de crescimento e maturação só pode ser alcançado com a presença do Espírito Santo em nossa caminhada cristã, quando permitimos ser guiado pelo Espírito. Viver assim significa estar em estágio de amadurecimento, estar em condições de vencer os desejos e impulsos carnais. Significa cultivar o melhor antídoto às concupiscências carnais.

A Palavra de Deus diz que o Espírito Santo "convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo". Ele iniciará no indivíduo um processo de mudança essencial do pensamento e do caráter. Isso significa nascer de novo, nascer da água e do Espírito. É quando se começa manifestar na vida da pessoa "frutos dignos de arrependimento".

Devemos observar que o texto de Gálatas diz "andai no Espírito". A manifestação do fruto do Espírito na vida cristã é um imperativo porque é o que nos diferencia do mundo, onde as pessoas são controladas por sua natureza pecaminosa.

A ordenança indica a andar continuamente; determina uma ação que se repete sempre. Produzir o fruto do Espírito não é, portanto, uma experiencia momentânea, mas algo que precisa ser ação contínua, que deve ter regularidade e estabilidade.

3. O que fazer para manter a produtividade?

Manter-se produtivo espiritualmente é a característica normal da vida do cristão autêntico. Apresentar produtividade é o mesmo que estar cheio do Espírito. Mas, o que fazer para se manter em produtividade, ou manter-se cheio do Espírito?

Para que esta realidade seja experimentada, é necessário observar as orientações ontidas no Novo Testamento. O estado de um crente cheio do Espírito Santo se resume em três expressões: compreensão, submissão e andar pela fé.

a. Compreensão.
Precisamos compreender que Deus nos deu o Espírito Santo, e que Ele mora em nós. Não precisamos sentir sua presença, o fato de não sentir não significa que Ele esteja ausente. A sua presença é um fato.
Temos que entender, também, que a atividade do pecado executada por nós bloqueia a atuação do Espírito Santo em nossas vidas. Para que haja a produtividade do fruto do Espírito, é preciso resolver honesta e completamente todos os pecados conhecidos. É necessário confessar os pecados e abandoná-los. A essência do pecado é a vontade própria, o egocentrismo ao invés do cristocentrismo, devemos ter Cristo no centro de nossa vida, e tirar de lá o "eu", permitir que Cristo seja o Senhor de nossa vida.
b. Submissão.
Para ser produtivo é necessário renunciar aos nossos métodos, procurando acima de tudo submeter-nos a Cristo como Senhor, aceitar ser governado por Ele em todas as áreas de nossa vida. Isto só é possível quando existe arrependimento e confissão de pecados.
Apenas compreender que é preciso confessar o pecado não é o suficiente, pois há diferença entre confessar e arrepender-se. Confessar é reconhecer o pecado; arrepender-se é renunciar às práticas e deleites do pecado, implica em uma mudança completa e radical de atitudes.
c. Caminhada pela fé.
Para manter-se produzindo o fruto do Espírito, é necessário entregar-se a Deus de maneira consciente e voluntária. Quando estamos totalmente entregues à sua vontade estamos caminhando no Espírito, então, Ele nos controla e domina. Nesta etapa, temos que possuir certeza plena de que Deus nos encheu e estamos no controle dEle, considerando-nos mortos para o pecado e vivos para Deus em Cristo Jesus (Romanos 6.11).

Uma coisa interessante no texto em relação à palavra fruto, Paulo fez questão de usá-la apenas para contrastá-la com a palavra carne, antes, ele queria expor uma aspecto pedagógico, pois obras não geram obras, mas fruto gera frutos. Vemos, assim, a dinâmica do Espírito Santo na vida do crente, seu trabalho é levá-lo a produzir o que Deus implantou em seu ser, que é corresponder ao que é divino, ao próprio Jesus Cristo.

Conclusão.

Se você deseja ter uma vida de verdadeira comunhão com o Senhor, invista tempo consagrando-se. Cuide para que seus frutos sejam condizentes com o ensino de Jesus. Busque ter um relacionamento pessoal com Cristo. Adore-o. Leia a Bíblia Sagrada de maneira devocional e sistemática. Ore, jejue. Produza as nove características do fruto do Espírito para a glória de Deus.

E.A.G.

Compilação:
As Obras da Carne e o Fruto do Espírito - Como o crente pode vencer a verdadeira batalha espiritual travada diariamente, Osiel Gomes, 1ª edição 2016, páginas 20-25, 30, Bangu, Rio de Janeiro/RJ.
Ensinador Cristão, ano 18, nº 69, janeiro a março de 2017, páginas 31 e 37, Bangu, Rio de Janeiro/RJ (CPAD)
Lições Bíblicas - A Pessoa e a Obra do Espírito Santo. Comentarista: Eurico Berstén. 1º trimestre de 2004, lição nº 9: O Fruto do Espírito, páginas 59-63, Rio de Janeiro (CPAD).
Lições Bíblicas - As Obras da Carne e o Fruto do Espírito - Como o crente pode vencer a verdadeira batalha espiritual travada diariamente. Comentarista: Osiel Gomes. 1º trimestre de 2017, páginas 14-16, Bangu, Rio de Janeiro/RJ (CPAD).
O Poder do Espírito Santo, Billy Graham; 2ª edição revisada ; 2009; páginas 112, 127-129; 132, 133, 211, São Paulo (Vida Nova).

quarta-feira, 11 de maio de 2016

A vida segundo o Espírito

Eliseu Antonio Gomes

O capítulo 8, e versículos 1 ao 17, da Carta aos Romanos, fecha a argumentação do tema justificação, apresentado pelo apóstolo Paulo ao longo dos sete capítulos anteriores: a vida no Espírito.

O apóstolo demonstra o fato de que a libertação do pecado produzida pelo Espírito resultou em nosso livramento da culpa e da morte, fruto da obra expiatória de Cristo no Calvário. Trata o crente como que vivendo e estando imerso na esperança, a vida plena no Espírito Santo.

Os filhos de Deus são guiados pelo Espírito de Deus. "Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus" - Romanos 8.14.

Todos os seres humanos, quer gentios quer gregos, estão debaixo da condenação do pecado. A lei do pecado e da morte, que havia tornado ineficaz a lei, agora está anulada pela lei do Espírito e vida, que opera no sacrifício de Jesus.

Paulo contrasta a anterior servidão de escravos ("sob a tutela da lei") com a nova liberdade de filhos, a cujos corações Deus enviou o Espírito Santo. Estimula o crente a não viver segundo a carne, mas mortificar as obras do corpo, mortificar progressivamente os apetites pecaminosos de natureza inferior. Ensina que o crente deve ser guiado pelo Espírito de Deus, pois quanto mais completamente obediente a Deus o cristão é mais ele viverá conforme os padrões de santidade.

Ninguém sabe as coisas de Deus senão o Espírito de Deus. "Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus" - 1 Coríntios 2.10-11.

Como os próprios pensamentos internos de uma pessoa são conhecidos somente por ela, assim também a mente de Deus é conhecida somente pelo Espírito de Deus.

O Espírito examina todas as coisas, até mesmo as profundezas de Deus, responde ao espírito humano interpretando as coisas espirituais para as pessoas espirituais.

O Espírito Santo nos guia em toda a verdade. "Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora; quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir" - João 16.12-13.

Todo cristão deve se perguntar se está vivendo em conformidade com a vontade de Deus, se tem uma conduta íntegra e fiel, diante da sociedade e do Senhor. Viver uma vida de consagração pessoal é muito mais que ir a reuniões no templo. Consagrar-se é aceitar a indicação apontada pelo Espírito, dedicar ao Senhor por inteiro, de tudo o que é, de tudo o que tem, de tudo o que faz, em todos os momentos da vida.

Jesus Cristo prometeu aos apóstolos que o Espírito os relembraria de seus ensinamentos (João 14.26). E que o Espírito é o Guia em toda verdade. Assim como essas promessas foram cumpridas no passado apostólico, hoje também cumpre aquela obra, concedendo uma compreensão daquela verdade aos crentes dos dias atuais.

Nosso corpo é morada do Espírito Santo. "Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? " - 1 Corintios 6.19.

Muitos hábitos péssimos, como o do cigarro e o de drogas não legalizadas, acabaram espalhando-se em nossos dias porque foram associadas à ideia de liberdade. Milhões de pessoas do mundo inteiro envolveram-se em dependências químicas, destruindo suas vidas. Nenhum cristão rejeita a compulsão pelos tóxicos porque é proibido; sua convicção vem do fato de que o vício não convém. Os entorpecentes não podem fazer parte da vida de um cristão que é liberto por Cristo e vive a verdadeira liberdade trazida pelo Evangelho.

Quando o crente cede a inclinação da carne, adotando a conduta do velho homem, ele passa a viver segundo a carne e quando a carne assume o controle o Espírito se afasta dele.

O Salmo 45.6-7 declara que o Reino de Deus é um reino justo; Jesus Cristo emitiu a mesma declaração, registrada em Mateus 6.33. E o apóstolo Paulo ensina que os injustos não herdarão o Reino de Deus. Ao fazer esta advertência, tem a intenção de esclarecer que não é possível relativizar o estilo de vida cristão. O crente que persiste em viver segundo a vontade própria e sem arrependimento nos males dos ímpios, terão o mesmo destino dos ímpios.

Fomos comprados por bom preço, vivamos então para Deus. "Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu, porventura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de meretriz? Absolutamente, não' (...). 'Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo" -  1 Corintios 6.15, 20.

Como os crentes foram comprados pelo sangue de Cristo, eles devem honrá-lo, que é a quem pertencem.

A Bíblia ensina que a sexualidade é uma dádiva de Deus para nós. Trata-se de algo bom, cheio de prazer e que permite ao ser humano compartilhar de si com o sexo oposto; além disso, é também a garantia da perpetuação da raça humana sobre a terra. Porém, Deus não aprova o desfrutar da sexualidade sem responsabilidade. Usar uma pessoa como simples objeto, esquecendo-se que ela foi feita à imagem de Deus, é pecado. Vemos que pecar contra o próprio corpo, no qual Deus habita, é pecar contra o Espírito Santo. Sendo assim, o uso da sexualidade não pode ser desregrado. Por isso, é muito importante que haja critérios para o uso do sexo, pois, do contrário, ele poderá nos dominar como escravos e poderemos sofrer e causar sofrimento. Deus deseja que todo cristão tenha uma vida sexual pura.
  
Conclusão

O princípio proativo da nova vida em Cristo suplanta o princípio do pecado inerente, habilitando-nos a viver de modo justo (Romanos 8.1-4). Se nós, como filhos de Deus, preferirmos viver em concordância com o Espírito, não com a carne, o poder de ressurreição do Espírito nos dará vida, mesmo em nosso estado mortal. No futuro, nossos corpos, com toda a criação, serão transformados (Romanos 8.18-25). Assim sendo, vivemos no amor do Espírito, que intercede por nós (Romanos 8.28-33) e de Cristo, que nos protege (Romanos 8.34-39).

Compilações:
Bíblia de Estudo Esperança, página 2012, edição 2012, São Paulo (Edições Vida Nova).
Bíblia de Estudo Plenitude, páginas 1052, 1160, 1177, 1180, 1181, edição 2001, Barueri (SBB). 
Ensinador Cristão, ano 17, nº 66, página 39, abril a junho de 2016, Rio de Janeiro (CPAD). 
Lições Bíblicas - Mestre: Romanos - O Evangelho da Justiça de Deus. Esequias Soares. Lição 10: Vivendo uma Vida de Consagração, páginas 69; 2º trimestre de 1998; Rio de Janeiro (CPAD). 
Lições Bíblicas - Professor - Maravilhosa Graça - O evangelho de Jesus Cristo revelado na carta aos Romanos; José Gonçalves, 2º trimestre de 2016, páginas 51, 54, Rio de Janeiro (CPAD). 

domingo, 31 de janeiro de 2016

O Espírito Santo, Ele comunica a verdade!

Se eu fosse pedir para você descrever seu Pai celestial, você me daria uma resposta. Se eu fosse pedir para você me contar o que Jesus fez por você, certamente você me daria uma explicação convincente. Mas, se eu pedisse para você falar do papel do Espírito Santo em sua vida…? Olhos desviariam. Haveria um aperto na garganta.




João 14:17 diz “O mundo não pode recebê-lo, porque não o vê nem o conhece. Mas vocês o conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês.”

O que é que o Espírito faz? A Escritura diz que ele conforta e salva.
Ele traz convicção aos perdidos. Ele comunica a verdade.

Você já ficou convicto? Já sentiu o corte da tristeza pelos seus pecados? Compreendeu uma verdade?
Então você já foi tocado pelo Espírito Santo.

Já pensou? Ele já está trabalhando em sua vida.

mensagem de Max Lucado 
de“O Trovão Gentil”

terça-feira, 13 de maio de 2014

O ministério de profeta


Por Eliseu Antonio Gomes

"E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo" - Efésios 4.11-12.

Em 1 Corintios 12.10, Paulo escreve sobre o dom de profecia e em Efésios 4.11-12 aborda o dom ministerial de profeta. Ambos os dons envolvem dificuldades de entendimento para alguns. É equivocada e muito prejudicial a crença dos que julgam que o Espírito Santo só fala ao crente, ou revela, por meio do dom de profecias.

O Espírito Santo também interage de modo especial por intermédio daqueles que Deus deu à Igreja para cumprirem os cinco ofícios ministeriais: apóstolos; profetas; evangelistas; pastores; doutores / ou, mestres.

Jesus e os apóstolos demonstraram, por palavras e exemplos práticos, o quão é importante o ofício de profeta. A Igreja Primitiva é o modelo ideal a ser seguido pelas igrejas cristãs ao longo da História. Nas páginas neotestamentárias, observamos que tanto o dom de profecia quanto o dom ministerial de profeta têm valor essencial para o desenvolvimento espiritual salutar da igreja local. Portanto, é preciso valorizar de maneira igual, em suas especificidades, tanto os dons espirituais quanto os cinco dons ministeriais.

Profeta, ou profetiza, é a pessoa que Deus chama para ser seu porta-vos oficial, a pessoa que anuncia a mensagem divina. O ministério de profeta é importantíssimo para a Igreja de Cristo nos dias atuais.

No Antigo Testamento,  Deus não se relacionava com todos diretamente pelo Espírito. Apenas os profetas, sacerdotes e reis eram ungidos e tinham porções do Espírito Santo. O ministério de profeta era o único em favor das pessoas do ponto de vista da pregação e ensino. Por inspiração do Espírito, o profeta pregava de maneira vocal e escrita, somente ele era autorizado comunicar-se em nome de Deus.

Na Antiga Aliança, os profetas falaram para religiosos que não haviam nascido de novo, para pessoas que viviam em um sistema de adoração sacrificial, pessoas que não alcançaram o tempo da plenitude da graça divina. Os profetas estavam incubidos de entregar a mensagem que o Senhor lhes dava para anunciar e as transmitiam (Jeremias 27.4; Amós 3.7). Sofreram perseguições terríveis por trazer à nação de Israel e outros povos a mensagem divina.

No Novo Testamento, profetas foram colunas na Igreja Primitiva e puderam lidar com pessoas capazes de adorar a Deus em espírito e verdade, pessoas recriadas pelo Espírito, que experimentaram as bênçãos da Nova Aliança, época composta de uma superior promessa divina do Criador para a criatura, eles comunicaram-se com gente que possuíam acesso direto ao Pai Celestial, porque em Cristo todos somos feitos reis e sacerdotes (Hebreus 8.6, 1 Pedro 2.9, Apocalipse 5.9-10).

No período da Dispensação da Graça, apesar de o Senhor colocar o ministério quíntuplo, "visando o aperfeiçoamentos dos santos", observamos que os profetas não perderam a distinção, desempenham um importante papel de liderança juntamente com os apóstolos. Expressaram-se baseados na revelação do Antigo Testamento e no testemunho dos apóstolos, edificando e fortalecendo assim a comunidade cristã (Atos 11.27; 13.1; 1 Corintios 12.28-29; 14.3, 29; Efésios 4.11; 1 Timóteo 4.14).

Na atualidade, possuímos a Bíblia, a profecia maior, todo o crente deve ser guiado pelo Espírito Santo (Romanos 8.14). No entanto, cabe entender que o Senhor continua a levantar e a usar seus porta-vozes para revelar a sua vontade ao seu povo.

Por vocação divina, o ofício de profeta se consiste em, nos momentos necessários e tempo certo, proclamar e interpretar a Palavra de Deus com fidelidade, objetivando alertar pessoas e comunidades cristãs contra perigos, aconselhar segundo a orientação bíblica, animar a todos a manterem-se fiéis, trazer conforto aos que sofrem por meio da instrumentalização de sua pessoa através de dons espirituais e ministeriais. Mensagens proféticas são de grande valia para preparar a igreja local contra ameaças e alertar a existência de pecados que comprometem a integridade espiritual do Corpo de Cristo.

"De todos os dons espirituais, um dos que mais devemos desejar é seguramente o de discernimento. Nós ouvimos muitas vozes e não podemos seguir todas elas" (Gilbert Kirby, em Cristianismo Equilibrado - CPAD).

É importantíssimo ao cristão ter condições para identificar a figura do falso profeta, para não ser enganado com falsas profecias (Mateus 7.15-20). Uma das fórmulas de provar com eficácia o ministério de profeta é procurar saber se há produção de frutos bons ou ruins, se há interesse em produzir justiça. Para reconhecer o falso profeta basta analisar seu caráter, identificar a sua arrogância, ver a péssima qualidade de seus frutos. Mesmo que eles realizem milagres, a norma bíblica para julgar a procedência da mensagem é observar o estilo de vida deles, isto é, se demonstram viver de acordo com o fruto do Espírito, cuja característica encontramos em Gálatas 5.16-23.

A missão do profeta no âmbito do Novo Testamento é um chamado para falar segundo o coração de Deus. É digno de nota que existe apenas o livro de Apocalipse em caráter profético no Novo Testamento.

Assim como ocorreu no passado remoto, hoje em dia também nem sempre a mensagem que o profeta entrega é aceita. São raras as vezes que a pessoa do profeta é benquista na sociedade em que vive. Sofre a rejeição por causa do exercício exemplar de seu ministério profético.

E, nos dias atuais, o ministério profético continua a ser uma plataforma em que o profeta deve dedicar-se única e exclusivamente aos interesses do Senhor. O profeta verdadeiro não é manipulador, entrega mensagens conforme estipulado pelo Pai Celestial, não fala e não age por interesses próprios, não tenta fazer com que o conteúdo do recado a ser anunciado favoreça propósitos pessoais ou de uma coletividade ao qual pertence.

Em suma, a inclinação do profeta é sempre no sentido de edificar a Igreja de Cristo para a glória de Deus.

E.A.G.

Compilações:
Dons Espirituais & Ministerias, Elinaldo Renovato, edição 2014, Rio de Janeiro (CPAD).
Lições Bíblicas-professor, Elinaldo Renovato, 2º trimestre de 2014, páginas 48-53, Rio de Janeiro (CPAD).
Nos Domínios do Espírito Santo, Estêvam Ângelo de Souza, página 66, edição 1992, Rio de Janeiro (CPAD).

sábado, 3 de maio de 2014

Dons de elocução

Por Eliseu Antonio Gomes

Que relação há entre os dons espirituais de elocução e os talentos naturais da comunicação? Alguns dirão que nenhuma, outros que não existe diferença digna de nota. Devemos ignorar os extremos, porque Pedro e Paulo demonstraram considerar que o verbo "servir" (diakoneõ) como "dom espiritual", aludindo tanto aos serviços gerais como ao pastorado, que faz da fala a ferramenta principal de exercício do trabalho ministerial (Romanos 12.7; 1 Pedro 4.11).

Há uma diferença clara entre os talentos naturais e dons espirituais: o Criador nos fez perfeitos, providenciou talentos de expressão para homens e mulheres que com muita facilidade demonstram notáveis habilidades para o discurso e para a música. E, reservado às almas redimidas, que compõem a Igreja, por intermédio do Espírito Santo, Deus distribui dons sobrenaturais de capacitação. Assim, com bastante cautela precisamos observar o uso de talentos naturais e dons espirituais atuantes na Obra do Senhor, porque o Criador de toda a criação também é o Criador da nossa vida em Cristo Jesus, e em sua soberania instrumentaliza seus servos como lhe convém (Jeremias 1.5; Gálatas 1.15).   

É importante conhecer o propósito dos dons do Espírito, Saber qual é o propósito da existência deles, para evitar ser enganado e não envolver-se em confusão sobre eles na Igreja.

Os três dons de elocução, são: profecia, variedade de línguas e interpretação.

Profecia

À vista da importância da profecia, se aplica este versículo: "o testemunho de Jesus é o espirito da profecia" - Apocalipse 19.10.

Temos razão de sobra para crer na profecia vinda de Deus pelo Espírito Santo, pois experimentamos e vemos os resultados positivos dela, que em consonância com o dom da palavra da sabedoria, palavra do conhecimento, nos traz revelações que conduz à vida eterna.

É necessário conhecer profundamente tudo o que se relaciona com a profecia. A manifestação da verdadeira profecia nos exorta, consola e edifica. "Mas o que profetiza, fala aos homens, edificando, exortando e consolando" - 1 Corintios 14.3).

A profecia é comum e proveitosa nas reuniões evangélicas pentecostais, mas cabe o cuidado que Paulo recomenda: fale dois ou três e os outros julguem (1 Corintios 14.29), pois em paralelo com a verdadeira é possível manifestar-se a falsa, que pode inserir no seio da comunidade cristã a religiosidade sem Deus com ensinamentos carnais. A vigilância e a boa orientação são tão necessárias quanto o incentivo a buscar o dom de profecia.

Há três procedências das profecias: do ser humano, de Satanás e.do Espírito,

a - A profecia de origem carnal pode acontecer quando o ser humano tem interesses de liderança, quer ver um desejo realizado, é uma pessoa imatura no aspecto espiritual. Temos o exemplo do profeta Natã. Davi manifestou a ele o desejo de construir uma casa para a arca da aliança, que também era o seu desejo. Então, Natã pronunciou uma mensagem em conformidade com seu coração, porém, o Senhor interveio e disse-lhe: "Vai e dize ao meu servo Davi: Assim diz o Senhor: Tu não edificarás casa para a minha habitação" (1 Crônicas  17.1-4; Jeremias 23. 21, 25, 28; Ezequiel 13.1-8).

b - O espírito imundo jamais se apodera do crente convertido a Cristo. Os porta-vozes do espírito imundo nunca são verdadeiros servos de Deus. A mensagem satânica se caracteriza por se contrária a Palavra de Deus, provocando tragédias. Ver: Isaías 8.19; Atos 16.16-18).

c - Pode-se definir a profecia verdadeira como "falar no próprio idioma, sob a inteira unção do Espírito Santo".

O ministério profético no período da Antiga Aliança e o dom da profecia da Nova Aliança são resultados da operação do Espírito Santo.

A pregação inspirada pode conter elemento profético, contudo, a profecia é diferente porque tem a sabedoria e a fé, é a voz do Espírito e se caracteriza por produzir bons resultados (Deuteronômio 18.22; 1 Coríntios 14. 24, 25).

O sinal mais claro de que uma profecia é verdadeira é que sua mensagem sempre é em consonância com as Escrituras Sagradas, porque o Espírito Santo, que a inspirou, reconhece sua superioridade e jamais se contradiz com o conteúdo bíblico (2 Timóteo 3.16-17). A finalidade da profecia é enfatizar o que está escrito e não trazer revelações extra bíblicas, como por exemplo anunciar a data da volta de Jesus ou revelar os anos de sua infância e adolescência.

Variedade de línguas

Quando os crentes do primeiro século eram cheios do Espírito Santo, falavam em línguas (Atos 2.1-4). Observamos que a experiência era acompanhada de transformações espirituais, o amor por Cristo e pela Palavra de Deus se tornava real na vida deles, se tornavam extremamente zelosos pelo crescimento do reino de Deus.

As línguas estranhas não são dogmas eclesiásticos. Não são ensinadas de pessoas para pessoas, porque são resultado direto do Espírito Santo na vida do crente quando este é revestido com o poder divino.

Assim como na geração apostólica, os crentes batizados com o Espírito Santo no  século 21 recebem o mesmo impulso para aproximar-se do Senhor e realizar a vontade divina com mais ousadia e eficácia.  Tal atitude coloca  em cheque aqueles que afirmam que os crentes que falam em outras línguas agem sob efeito satânico. Como Satanás induziria os seres humanos a servir a Deus de uma maneira melhor?

Há quem afirme que todas as pessoas que são batizadas com o Espírito Santo falam em outras línguas, mas não há base bíblica para tal afirmação. Em 1 Coríntios 1.5, Paulo escreve que deseja que todos os crentes falem em línguas estranhas, o que subentende-se que não eram todos os agraciados com o batismo que falavam. A certeza é que os crentes não batizados com o Espírito não podem falar em línguas estranhas.

As línguas são evidência do batismo, todos os crentes batizados têm o direito de falar em línguas estranhas (Atos 2.1-4; 10.44-47; 19.1-6). Quem fala em línguas, edifica-se a si mesmo e fala com Deus, e deve buscar o dom de interpretação para que a Igreja seja edificada com a mensagem (1 Corintios 14.2, 4, 12-26).

Interpretação de línguas

Entre todos os dons, apenas as capacidades de falar em línguas estranhas e interpretá--las estão restritos aos servos de Deus da Nova Aliança, pois surgiram após o evento do Pentecoste no Cenáculo, quando os discípulos receberam o batismo com o Espírito Santo.

Nem todos os cristãos batizados possuem a capacidade de falar diversas línguas e ao ser falada durante a reunião de culto é necessário que seja interpretada, para que os presentes possam receber a mensagem e sejam edificados (1 Coríntios 12.30; 14.13-26, 28).

O dons de línguas e de interpretação, isto é, a entrega da mensagem da profecia aos crentes na Igreja, podem ser controlados por seus portadores. O espírito do profeta é sujeito ao profeta (1 Corintios 14.28).

Há quem atribua ao dom de falar em línguas um caráter meramente humano, como o brasileiro usar sua intelectualidade e aprender a comunicar-se em alemão, japonês, inglês, etc. No entanto, o falar em línguas, conforme nos mostra as narrativas do livro Atos dos Apóstolos, tem em seu propósito e operação caracterizar a primeira experiência do batismo com o Espírito Santo. Os discípulos não fizeram cursos de idiomas, a capacidade para falar veio a eles sobrenaturalmente. Paulo, em 1 Corintios 14.14, 19, esclarece que o ato de falar através do dom de línguas é uma comunicação do espírito humano com o Espírito Santo, uma ação em que o entendimento do homem fica à parte.

De igual maneira, a capacidade de interpretação do dom de línguas ocorre de forma sobrenatural, a mente humana também não atua. É uma experiência que ocorre entre o espírito do homem e de Deus.

E.A.G.

Consultas:
Batismo e Plenitude do Espírito Santo - O mover sobrenatural de Deus, John Scott, páginas 95 e 96, reimpressão 2013, São Paulo, Vida Nova.
Nos Domínios do Espírito Santo, Estevam Ângelo de Souza, páginas 197-234, 1992, Rio de Janeiro, CPAD.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Dons de poder

Por Eliseu Antonio Gomes

A nossa existência, a nossa vida, é uma manifestação das mãos do Soberano. Os dons são presentes de Deus aos seus servos, devem ser usados para o avanço do Reino de Deus.

A história da Igreja é marcada por manifestações de poder. O sobrenatural permeia a vida dos servos do Senhor. 

Satanás e seus anjos caídos tentam a todo instante fazer com que o povo de Deus não observe os dons e até mesmo os rejeite. A Igreja de Cristo precisa ter e usar conscientemente os dons de poder para estes tempos trabalhosos a que se referiu o apóstolo Paulo (1 Timóteo 3.1).

Fazei discípulos (Mateus 28.19)

É de inteira responsabilidade do crente pentecostal, do ministro do Evangelho, levar a Palavra de Deus ao mundo inteiro com o objetivo de discipular as pessoas favorecidas com os dons do Espírito, porque o maior interesse do Senhor é que as pessoas alcançadas pelas bênçãos advindas dos dons alcancem a salvação de suas almas - haverá cobranças divinas se não houver ações de discipulado (Mateus 7.23).

A Teologia Sistemática classifica como Dons de Poder o dom da fé, os dons de curar e a operação de milagres.

O dom da fé

O que é a fé? A definição bíblica mais completa de fé está registrada em Hebreus 11.1. A palavra fé (grego: pisteuó) é a confiança que depositamos em todas as providências de Deus.

Há na Bíblia pelo menos três tipos de fé: a comum, a salvífica, e o dom da fé:

• A fé comum surge nas pessoas que observam a natureza (Salmo 19.1; 97.6; Romanos 1.20);
• A fé salvífica é despertada pela proclamação do Evangelho (Romanos 1.16; 10.17; Efésios 2.8);
• A fé como dom é uma convicção interna impelida por um chamado urgente e superior, é a habilidade sobrenatural de acreditar em Deus sem nenhum traço de dúvidas, o combate a descrença. É capaz de enfrentar circunstâncias adversas com confiança plena nas promessas de Deus. É a base da capacitação dada ao crente para que ele realize ações acima da esfera natural (Marcos 16.15-17).

Os dons de curar

Os dons de cura, como os demais dons, listados em 1 Coríntios 12.4, 9-11, são manifestações das atividades do Espírito. Refere-se à cura sobrenatural sem a intervenção humana, sem os meios médicos de tratamento.

Sua concessão à Igreja deve-se  ao fato de que Deus deseja dar saúde aos seres humanos. Este dom nos faz lembrar que temos um Deus que se apresentou ao Seu povo, no Antigo Testamento, como Jeová Rafa, o Deus que sara (Êxodo 15.27)

Operações de milagres

São recursos especiais que atuam na cura de enfermidades físicas, psicossomáticas e emocionais, quando usado em paralelo com a pregação do Evangelho. É o poder sobrenatural de intervir e neutralizar forças terrenas e diabólicas.

Exibe o poder que dá habilidade de ir além do natural. Colabora para que as pessoas mais reticentes tenham seus corações tocados pela manifestação do poder de Deus, ao curar os doentes: paraplégicos, cancerosos, aidéticos, etc. Age com autoridade sobre o pecado, destrói as doenças, se antagoniza enfaticamente às forças escravizadoras destes tempos, trabalha contra Satanás.

Pode operar junto com os dons da fé e curas. E como os dons de curar, operações de milagres aparece no plural.

Conclusão

Os Dons de Poder são os mais visíveis dos nove dons do Espírito, que constam em 1 Corintios 12.4, 9-11, através deles a história é marcada pela característica do reavivamento pentecostal. Quando este fenômeno é acompanhado do reavivamento espiritual, marcado pela transformações das almas perdidas em vidas aos pés da cruz, a Igreja glorifica ao Senhor.

E.A.G.

Compilações:
Bíblia de Estudo Plenitude, Paul Walker, Dons do Espírito Santo, páginas 1392 e 1393, edição 2001 (Sociedade Bíblica do Brasil)
Dons Espirituais & Ministeriais, Elinaldo Renovato, páginas 43-47, Rio de Janeiro (CPAD)
Ensinador Cristão, ano 15, nº 58, abril-maio-junho de 2014, página 32, 38, Rio de Janeiro (CPAD).

terça-feira, 15 de abril de 2014

Dons de revelação

Por Eliseu Antonio Gomes

"Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação" - Efésios 1.17.

Quando os escritores do Novo Testamento falam da Igreja, frequentemente a abordagem trata da unidade e da diversidade. Essas duas características são obras do Espírito Santo. A Igreja é uma, porque o Espírito é um em todos os crentes salvos. A Igreja é multifacetada porque o Espírito distribui os dons aos crentes - quais, quando, quantos, para quem e como Ele quer distribuí-los. Assim, o dom da salvação (que Deus nos dá) cria a unidade da Igreja; e os nove dons do Espírito (que o Espírito nos dá) diversificam o ministério da Igreja.

Em 1 Corintios 12.8-10 há uma classificação dos dons em uma lista contendo  nove dons.

Nesta passagem bíblica, é importante enfatizar que os dons são apresentados diversificados, mas o Doador é apenas um. Paulo dá ênfase três vezes a isso, fazendo alusão à Trindade:
• "o mesmo Senhor" (versículo 5);
• "o mesmo Deus" (6);
• "o mesmo Espírito" (8).

No mesmo texto, Paulo também descreve os dons de três formas:
• charismata: dons da graça de Deus (versículo 4);
• diakonai: maneiras de servir (versículo 5);
• energemata: energia, poderes, atividades que Deus energiza, ou, inspira;


Todos os dons são importantes e necessários para e edificação do Corpo de Cristo. Eles propiciam a provisão divina para que a Igreja tenha crescimento sadio e possa cumprir a missão que Jesus Cristo entregou aos seus seguidores.

Dons são capacidades sobrenaturais dadas pelo Espírito Santo objetivando o bem do Corpo de Cristo. Sem os dons, a igreja local não é nada além do que uma associação religiosa, uma instituição humana. São outorgados ao homem salvo, para que, por eles, a Igreja seja edificada e protegida das sutilezas do Adversário, para jamais cair nas astutas ciladas do Maligno.

Em todas as ocorrências do Novo Testamento quando aparecem as palavras revelação (apokalypsis) e revelar (apokalyptõ), o uso está em uma maneira muito ampla, além do domínio da mente humana. Surpreendentemente, em algumas situações a revelação acontece sem que o indivíduo que a recebe tome o devido conhecimento que ela aconteceu., Por exemplo: na passagem em que Pedro faz a sua confissão em Cesaréia de Filipe, vemos que o discípulo recebeu de Deus o conhecimento de que Jesus é o Cristo, mas Jesus teve que fazê-lo ciente que tal conhecimento que ele possuía veio da parte do Pai Celestial (Mateus 16.17, e passagens paralelas).

Toda revelação divina é dada por Deus, por Jesus ou pelo Espírito Santo.

Teólogos dividem os nove dons em três categorias: revelação, poder e expressão. Deus colocou à disposição da Igreja os três dons da classe revelação e opera com eles através dos seres humanos. Este artigo foca estes três primeiros dons.

Dons de revelação
Palavra de sabedoria
Palavra do conhecimento
Discernimento de espírito
          Dons de poder:
Curar
Operação de milagres
Dons de elocução:
Profecia
Variedade de línguas
Interpretação de línguas
Na geração do apóstolo Paulo, havia confusões, mistificações doutrinárias, ensinos heréticos, que induziam os crentes a se desviarem, enganados pelos "ventos de doutrinas" (Efésios 4.14). Os dons de revelação são úteis aos servos de Deus, é o ato pelo qual Deus revela aos homens seus mistérios e vontade, é usado em aconselhamento e orientação da Igreja do Senhor. São indispensáveis à igreja da atualidade, pois vivemos em um tempo marcado pelo engano. Sobre eles, disse Jesus: "Porque eu vos darei boca e sabedoria a que não poderão resistir nem contradizer todos quantos se vos opuserem" - Lucas 21.15.

A palavra da sabedoria

Segundo o Dicionário Bíblico Beacon, "sabedoria" em grego é "sophia", significa "julgamento de Deus diante das demandas  feitas pelo homem, especificamente pela vida cristã".

A sabedoria abordada pelo apóstolo, em 1 Corintios 12.8 a, não é o resultado da capacidade cognitiva humana, adquirida em leituras de  livros ou mediante estudos em universidades. Refere-se a uma capacitação sobrenatural, de origem divina, é o conselho do Senhor para a tomada de decisões sábias em circunstâncias extremas e difíceis. Através desse dom, a percepção sobrenatural, tanto da carência quanto da Palavra de Deus, traz a aplicação prática ao problema no momento da necessidade. Ver Atos 6.2-4; 15.13-21.

A palavra da sabedoria é a sabedoria de Deus manifesta em uma proclamação ou declaração, que nos é dada por meios sobrenaturais para solucionar alguma necessidade, é um fragmento da sabedoria divina para abençoar a Igreja.

O portador da palavra de sabedoria não é alçado ao nível de inerrância, o dom não isenta quem o tem de enganar-se. Temos como exemplo disso a proverbial sabedoria de Salomão, que no caso das duas mulheres, que disputavam a mesma criança. No episódio, a manifestação da sabedoria do Espírito de Deus se fez presente. Ao final de seus dias Salomão desviou-se dos caminhos do Senhor (1 Reis 3.16-28; 4.29-30).

Todo crente é exortado a buscar em Deus a sabedoria (Tiago 1.5). Paulo exorta aos crentes a que saibam transmitir a palavra, escrevendo: "Andai com sabedoria para com os que estão de fora, remindo o tempo. A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um" - Colossenses 4.5-6.

O dom da palavra da ciência

O dom da palavra da ciência, ou do conhecimento, independe de informantes humanos, aparatos tecnológicos avançados. É a transferência de informação do Deus Onisciente, que tudo sabe e vê, ao coração do seu servo. Este dom não é dado ao homem salvo para servir a propósitos triviais, interesses individuais. A manifestação sobrenatural deste dom tem a finalidade de preservar a vida da Igreja, livrando-a de qualquer engano ou artimanha do Maligno.

Este dom manifesta-se através de sonho, visão, por revelação espiritual, operando na esfera humana. O profeta Eliseu sabia os planos de guerra do rei da Síria, mesmo não estando próximo dele. Quando o exército inimigo estava prestes a atacar, o profeta avisava ao rei de Israel. O rei da Síria cogitou que houvesse um espião em sua tropa. Um de seus servos revelou-lhe a verdade (2 Reis 6.8-12).

Jesus Cristo é um exemplo de como se deve usar o dom da ciência. Ao conversar com a mulher samaritana à beira do poço de Jacó, falou-lhe da fonte da Água da Vida e, sabendo de detalhes de sua vida conjugal sem que ela lhe contasse, fez com que ela percebesse seu conhecimento para que esta condição edificasse sua fé (João 4.16-19).

"Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas; Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo" - 2 Coríntios 10.4-5.

O dom de discernimento de espíritos

A expressão deste termo no grego aparece no plural, o que indica uma variedade de maneiras na manifestação desse dom.

É uma capacidade sobrenatural concedida por Deus ao crente com a finalidade dele ter condições para identificar as origens e natureza das manifestações espirituais. As manifestações espirituais possuem três origens: divinas, canais e malignas.

A capacidade de percepção apurada, acima do entendimento e lógica natural, proporciona ao servo de Deus estar sempre preparado para  avaliar a procedência das motivações de todas as ações. O dom visa proteger a Igreja dos ataques de Satanás, espíritos malignos e de falsos obreiros travestidos de ovelhas. Através do discernimento espiritual, a vigilância torna-se totalmente eficaz.

Quando os adversários de Jesus tentavam apanhá-lo em alguma falta, Ele já sabia o que se passava no interior do coração deles; o apóstolo Pedro, pelo dom de discernimento de espíritos, teve a plena consciência de que Ananias, quando sonegou parte da oferta que prometera a Deus (João 2.24-25; Atos 5.3).

Na ilha de Pafos, Paulo defrontou-se com a ação diabólica que tinha o objetivo de impedir que ele pregasse naquele lugar e por intermédio da pregação uma autoridade importante se convertesse. Pelo dom de discernimento de espíritos, o apóstolo percebeu as artimanhas do Adversário, declarou a cegueira temporária do opositor, o que veio a acontecer imediatamente, e, evangelizado, o procônsul converteu-se (Atos 13.12).

"Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já agora está no mundo. Filhinhos, sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo. Do mundo são, por isso falam do mundo, e o mundo os ouve. Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus ouve-nos; aquele que não é de Deus não nos ouve. Nisto conhecemos nós o espírito da verdade e o espírito do erro" - 1 João 4.1-6.

Conclusão

Na atualidade, a Igreja de Cristo precisa, muito mais do que no passado, da perfeita revelação divina, para distinguir o joio e o trigo, para desmascarar o lobo que se finge de cordeiro, analisar corretamente aquilo que tem aparência de genuíno e é espúrio, para não trocar o certo pelo que é errado, ter condições de separar o legítimo do falso, valorizar o que há de genuíno e desprezar tudo que é espúrio.

Compilações:
A Manifestação do Espírito Santo, D. A. Carson, páginas 92. 164, edição 2013, São Paulo (Vida Nova)
Batismo e Plenitude do Espírito Santo, John Scott, página 91, São Paulo (Edição Vida Nova).
Dons Espirituais & Ministerias - Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário, Elinaldo Renovato. edição 2014, Rio de Janeiro (CPAD).
Ensinador Cristão. ano 15, nº 58, página 37, Rio de Janeiro (CPAD).
Lições Bíblicas - Dons Espirituais e Ministeriais, Elinaldo Renovato, 2º trimestre de 2014, lição 3, Dons de Revelação, Rio de Janeiro (CPAD).