Ele tem 55 anos. Durante um passeio pela orla de uma determinada praia famosa, por acaso, encontra uma garota de apenas 25. Seus olhos parecem brilhar mais ao vê-la, o coração pulsa forte, a lógica desaparece por completo da sua cabeça. Retira sua aliança de casamento, esconde-a na carteira. Após conversas sobre coisas triviais por cerca de trinta minutos, convida-a para um lanche no quiosque mais próximo. Mais trinta e poucos minutos e os dois estão apaixonados.
O que acontece agora? Outros encontros em dias posteriores, todos escondidos, sem que um revele ao outro que são pessoas comprometidas. Ele sabe pouco sobre ela e ela quase nada sobre ele. Aparentemente, a situação é patológica: adultos se comportando como adolescentes.
Não se conhece de verdade alguém sem muito tempo de convivência. Um mês, um semestre depois, o território que o casal de aventureiros pisa já não é mais tão desconhecido entre eles, o tempo permitiu que conhecessem mais um ao outro. Houve ruptura dos casamentos dos dois para estarem juntos em uma situação que apostaram encontrar felicidade plena e perderem essa aposta.
O cabelo arrepiado dela pelas manhãs. "Cadê aquele make up de outrora?' - pergunta ele para ele mesmo. Sua alma quer gritar por socorro bem alto, porém, prefere fingir estar satisfeito. Não existe mais o frescor de lugares inexplorados. Ela se irrita com o hálito ruim que ele espalha no ar durante seus bocejos, mas esconde a irritação. Pensa: "meu Deus, o que foi que eu fiz?" Lembra-se do ex-marido, acredita que o ex-marido não quer mais vê-la.
O cinquentão surpreende a si mesmo comparando aquela relação com o seu casamento destruído. O matrimônio seria para ele como o seu automóvel na garagem e o relacionamento com a jovem como se fosse um taxi qualquer. Estava cansado de ouvir a ex-esposa falando as mesmas coisas e agora constata que a monotonia do passado se faz presente no comportamento da atual companheira. A atual, no momento de ir para a cama, repete a mesma queixa, de estar sentido dor de cabeça, antes de apagar a luz, como a anterior se queixava. No passado, dizia a todos que casamentos não são feitos no céu, que na vida nada deve ser considerado "até que a morte os separe"; mas a convicção de outrora está muito abalada para dizer isso outra vez.
Inicialmente, a paixão fazia com que ela se sentisse a mulher mais feliz do mundo. Mas esta impressão sumiu. Acreditava que sabia tudo, não precisava ouvir ninguém sobre as atitudes que desejava tomar, porém, está ressentida por sua decisão. Suspira lembrando-se dos conselhos de sua mãe e sente momentos de tristeza ao perceber que deixou a verdadeira felicidade escapar em troca de alguns momentos ilusórios de prazer físico, mesmo tendo ouvido constantes alertas maternos. Percebe que as atitudes mecânicas ao lado do ex-marido eram expressões de uma rotina emocionalmente estável, que deveria ter dado o devido valor mas ao invés de valorizá-las sentia desprezo por aquela situação privilegiada.
Agora, os dois adúlteros se consideram idiotas arrependidos por terem seguido pelo caminho da tendência cultural, por escutarem a linguagem do coração apaixonado em detrimento da razão e de todas as consequências obscuras que loucuras provocam, por aceitarem praticar entre si coisas pecaminosas que a sociedade não vê como atos feios. Entenderam que na vida conjugal não tiveram monstros ao lado, mas pessoas comuns, pessoas decentes que cometem erros bobos como a maioria da humanidade uma vez ou outra comete. Deveriam ter perdoado, alimentado empatia, mas não fizeram isso.
Voltar atrás, pedir o recomeço? A vida à dois é tranquila quando sabemos aproveitar a importância de cada detalhe corriqueiro no ambiente familiar. O divórcio é coisa tão terrível, um horror indescritível! Pudera, toda pessoa casada quisesse parar e ouvir a sábia recomendação para valorizar o matrimônio. Pudera os casais entendessem que deveriam cantar inumeráveis odes laudatórias em relação à vida conjugal desde a juventude, e agradecessem a Deus por ter a oportunidade de deixar o estado de solteirice e construir o lar doce lar com o objetivo de durar a vida toda.
Casos extraconjugais dão um pouco de alegria, enquanto o casamento pode oferecer a verdadeira troca de amor sem nenhum interesse por tempo a perder de vista. Flertar com estranhos é o mesmo que aceitar passar por risco de estragos emocionais impossível de ser calculado. Nunca é tarde para tentar a reconstrução do lar doce lar. Jamais será tarde para olhar situações complicadas por um ângulo diferente.
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