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sexta-feira, 27 de maio de 2022

Orando e jejuando como Jesus ensinou


Os capítulos 5 ao 7 de Mateus, cuja a mensagem apresentam a nós o mais importante sermão de Jesus, chamado Sermão do Monte ou Sermão da Montanha. Esta preleção recebeu este nome porque foi pronunciada do alto de monte, próximo a cidade de Cafarnaum. O pronunciamento do Mestre nos leva a refletir quais são as características que Deus procura no coração de cada cristão.  A qualidade de vida que o Senhor requer dos seus servos vão na contramão do estilo de vida da sociedade atual. As disciplinas da oração e do jejum são estimuladas por Cristo, tanto quanto a prática do amor ao próximo.


I - A ORAÇÃO É UM DIÁLOGO COM O PAI

1. A natureza da oração.

Muitas pessoas, sejam elas criadas na igreja ou não, estão cientes do hábito de Jesus em relação a oração. Mas o que exatamente significa orar? A oração é uma ferramenta poderosa para moldar como pensamos sobre Deus, nós mesmos, o mundo e nosso papel no mundo. É um método de comunicação impulsionada pela fé, dando-nos uma maneira rica e significativa de falar, ouvir e comungar com o Senhor. Há muitas maneiras diferentes de nos aproximarmos de Deus em oração, mas em sua essência, a oração é nossa conversa contínua com Deus.

No idioma original do Antigo Testamento, o substantivo feminino para "oração" é "tephillah"; significa súplica, intercessão; aparece mais de setenta e cinco vezes, sendo que trinta e duas encontram-se nas páginas dos Salmos. Este termo hebraico é próximo de outro, "tephilin", que se refere às fitas amarradas ao redor do braço do judeu devoto, quando se preparava ao período das orações no templo. Nas páginas do Novo Testamento, em Mateus 6.6, para o vocábulo “orares” encontramos a palavra "proseuchomai". Esta palavra tem sentido progressivo, começa com “pros” [na direção de (Deus)]; junta-se com um substantivo ["euche": uma prece] que por sua vez liga-se com um verbo "euchomai" [súplica, solicitação; invocação]. Assim sendo, entendemos que a orar é um ato de invocar, clamar e dirigir súplica dirigida a Deus.

Se há o bom entendimento sobre quem é o Senhor e a natureza da oração que Ele espera, o cristão encontra intimidade com Deus. A oração que O agrada se consiste de confissão de pecados [Neemias 1.7; Salmo 51; Daniel 9.5-6; 1 João 1.9], adoração [Salmos 95.6-9; Apocalipse 11.17], comunhão [Salmos 103.1-8], gratidão [Filipenses 4.6; 1 Timóteo 2.1] petição pessoal [2 Coríntios 12.8] e intercessão pelos outros [Romanos 10.1].

2. Como os homens de Deus viam a oração?

A rainha Ester e seu povo jejuaram três dias e três noites para serem salvos dos decretos opressivos do rei persa, e todos foram bem-sucedidos no objetivo da consagração [Ester 4.16]; Estêvão se dirigiu a Cristo por ocasião de seu martírio [Atos 7.59, 60]; Cornélio jejuou quando queria conhecer a verdade, e Pedro foi enviado para ensinar-lhe o Evangelho [Atos 10.30-33]; líderes em Antioquia jejuaram para determinar aqueles que deveriam ser chamados e designados como missionários [Atos 13.1-3]; os cristãos da Igreja Primitiva invocavam o nome de Cristo ressuscitado [Coríntios 1.1,2]. o apóstolo Paulo invocou o nome do Senhor e lhe rendeu graças, atribuindo-lhe glória e domínio [2 Coríntios 12.8,9; 1 Tessalonicenses 3.11; 1 Timóteo 1.12].

Em Mateus 18:19, Jesus introduziu a oração de concordância. Para que a oração de concordância seja eficaz, as pessoas envolvidas na oração precisam estar unidas no mesmo propósito. Você deve ter certeza de que a pessoa com quem você está concordando está alinhada com o que você está pedindo ao Senhor.

Em Efésios 1.15-18, Paulo revela realizar uma oração de intercessão em favor dos cristãos da igreja em Éfeso. Interceder é agir por amor e fé em favor do próximo, que em muitos casos está espiritualmente fraco, incapaz de orar por si mesma, ou fisicamente abatida por enfermidades, ou confusa e incapaz de organizar meios de restabelecer um rumo certo para voltar a viver bem. A intercessão é estruturada no conhecimento específico, pode envolver orar com o objetivo de suprir a necessidade de uma pessoa, ou de uma maneira geral para pedir a solução de situações problemáticas que atinge a coletividade da igreja ou trazer orientação divina para apontar ao governo a decisão certa a ser tomada.

As Escrituras nos apresentam também orações de louvor e adoração. É o momento em que falamos com Deus sem nenhuma vontade de pedir que o Senhor faça algo, para nós ou quaisquer outras pessoas. Neste momento, você só quer louvar o Senhor, para agradecer a Ele por Suas muitas bênçãos e misericórdia, dizer o quanto O ama. Um bom exemplo deste tipo de oração está em Lucas 2.20, que relata a reação dos pastores que tinham visto o bebê Jesus: "Então voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes havia sido dito".

3. A maneira de orar.

"Portanto, aproximemo-nos do trono da graça com confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça para ajuda em momento oportuno" [Hebreus 4.16]. "E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve" [1 João 5.14].
• Ore por você mesmo [Mateus 6.11];
• Interceda em favor dos amigos [Jó 42.10]; 
• Assim como Jesus orou [Lucas 23.34; 1 Pedro 2.23], ore pelos inimigos [Mateus 5.44; Romanos 12.14]; 
• Ore pelas autoridades constituídas [1 Timóteo 2.1-2].
Quando os discípulos perguntaram a Jesus "Como devemos orar?", Jesus ensinou a Oração do Pai Nosso" [Mateus 6.9-13]. No entanto, Ele não estava nos ensinando a recitar as palavras exatas a serem proferidas ao orarmos, embora muitas vezes possamos usá-las se nos faltar o que dizer a Deus. Através do modelo de oração, aprendemos a atitude de reverência [6.9]; priorizar os interesses do Reino de Deus [6.10]; pedir o que precisamos [6.11]; aprendemos a pedir perdão sabendo que seremos perdoados se damos nosso perdão aos que nos tem prejudicado [6.12]; a pedir ajuda para não ceder às tentações [6.13]; a reconhecer o senhorio pertence a Deus, assim como também é todo poder e glória para sempre [6.13 b].

Jesus Cristo ensinou a orar a Deus em seu nome: "E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei" [João 14.13,14]. O pecador não tem condição de aproximar-se de Deus em seu próprio nome; devemos reconhecer que não temos merecimentos inerentes à nossa natureza para irmos a sua presença. Somente em nome de Jesus Cristo, que nos lavou de nossos pecados em seu sangue, é possível estabelecer contato com Deus. 

Podemos orar em adoração, louvando a bondade de Deus; orar em ação de graças, expressando nossa gratidão pelas maneiras que Deus providenciou para nós. Oramos em confissão, citando diante de Deus nossas falhas e pedindo perdão pelas coisas que fizemos de errado, oramos em lamento quando clamamos a Deus em frustração, tristeza ou dor. Nos dirigimos ao Senhor em súplica quando chegamos a Deus com o coração cheio de anseios, e desejosos ou necessitados de algo; buscamos falar com o Pai em silêncio, esperando que nos responda de alguma forma, simplesmente porque acreditamos que está presente embora pareçamos estar sozinhos. 

II - A ORAÇÃO DE QUE JESUS ENSINOU

1. Jesus não condenou a oração em público.

As orações devem ser autênticas, cada palavra que pronunciamos em oração devem ter origem em nosso coração. Deus não se impressiona com frases feitas, quando oramos, não há razão para usar expressões teológicas extravagantes. Para agradar ao Senhor, é preciso apenar ter sinceridade no coração.

Encontramos nas Escrituras servos de Deus orando publicamente:
• Salomão orou publicamente por si mesmo [1 Reis 8.22-23];
• Esdras orou fervorosamente diante do templo [Esdras 10.1];
• Ana, mãe de Samuel, orou na presença do sacerdote Eli [1 Samuel 10.1-16];
• Daniel orava com as janelas do quarto aberta [Daniel 6.10-11].
A oração pública deve honrar ao Criador, ser altruísta, ter o objetivo único de falar com Deus. Se oramos publicamente sem violar este princípio, nossas orações serão consideradas justas. Jesus conhecia o coração dos fariseus, sabia que no costume de orar em público eles não pensavam em falar com Deus, havia apenas a intenção de impressionar quem os via, atrair a atenção dos homens e através da exibição serem considerados justos. Quando Cristo pediu aos discípulos para manterem discrição quando orassem, condenava a ação farisaica do uso da oração como meio para conquistar destaque pessoal entre os judeus. Não há pecado em realizar oração pública, se oferecida com atitude e motivos corretos.

2. Jesus quer que sejamos discretos.

A oração de Ana era justa, seu coração era sincero, mas ao se expor a Eli orando, o sacerdote, fez uma interpretação errada considerando que ela estivesse embriagada. A atitude de Daniel, em fazer oração sendo visto pelos administradores do rei Dario teve como consequência um plano para matá-lo [Daniel 6.1-22]. Por estas experiências, vemos que a oração secreta tem suas vantagens.
 
3. Não useis de vãs repetições.

Cristo disse aos seus discípulos: "Não useis vãs repetições, como os gentios." A proibição de Jesus não contradiz o estímulo de continuarmos pedindo a Deus aquilo que cremos ser da sua vontade, apenas corrige a ideia de que Deus se impressiona com a quantidade das palavras [Lucas 18,1-8].

Deus condena os gentios que rezam para ídolos de madeira e pedra, eles não têm um relacionamento pessoal com o Pai, que rejeita suas repetições de palavras vazias. 

Os crentes oram para um Deus vivo e verdadeiro, Ele quer ouvir as nossas petições e sabe tudo o que precisamos. 

III- ORAÇÃO E JEJUM

1. Oração e jejum: uma combinação perfeita.

"Quando vocês jejuarem, não fiquem com uma aparência triste, como os hipócritas; porque desfiguram o rosto a fim de parecer aos outros que estão jejuando. Em verdade lhes digo que eles já receberam a sua recompensa. Mas você, quando jejuar, unja a cabeça e lave o rosto, a fim de não parecer aos outros que você está jejuando, e sim ao seu Pai, em secreto. E o seu Pai, que vê em secreto, lhe dará a recompensa. Mateus 6.16-18.

Na Bíblia, o jejum implica em total abstinência de comida por um determinado período de tempo, aparece pela primeira vez no Antigo Testamento como um ato voluntário de piedade individual. A duração variava de algumas horas durante o dia [Juízes 20.26] a até quarenta dia, como no caso de Moisés, Elias e Jesus. Moisés por duas vezes jejuou 40 dias e 40 noites na presença do Senhor, no monte Sinai, não provando nem comida nem água [Deuteronômio  9.9,18; Êxodo 34.28].

A expressão "afligir a alma de alguém" é uma frase na Lei mosaica que pode ter incluído o jejum [Levítico 16.29,31; 23.27,32] e significa "rebaixar-se"; "humilhar-se pela autonegação como uma expressão própria de arrependimento. 

As três grandes práticas religiosas entre os judeus eram dar, orar e jejuar. A rainha Ester e seu povo jejuaram três dias e três noites para serem salvos dos decretos opressivos do rei persa, e todos foram bem-sucedidos no objetivo da consagração [Ester 4.16]. O ministério de Jesus começou com um jejum de quarenta dias [Mateus 4.1-11]. Cornélio jejuou quando queria conhecer a verdade, e Pedro foi enviado para ensinar-lhe o Evangelho [Atos 10.30-33] Líderes em Antioquia jejuaram para determinar aqueles que deveriam ser chamados e designados como missionários [Atos 13.1-3].

2. O aspecto bíblico sobre o jejum.

O jejum ajuda a desenvolver o autodomínio e a disciplina, como observado nas seguintes expressões: " ...afligia a minha alma com jejum... " [Salmos 35.13].

Provavelmente, muitos judeus ao jejuar faziam questão de usar roupas esfarrapadas, esfregar a cabeça com cinzas e mostrar um semblante de quem sofre e carrega um peso enorme nas costas. Jesus não oferece instruções técnicas sobre quando ou como jejuar, apenas que o jejum não deve ser para exibição externa. 

3. O ensino de Jesus sobre o jejum.

Ao jejuar, o crente precisa parecer mais que tranquila, também alegre; e dedicar o tempo de privação dos alimentos a Deus "a fim de não parecer aos outros que está jejuando, e sim ao seu Pai, em secreto" [Mateus 6.17,18].

Jesus inicia sua instrução sobre o jejum, dizendo "quando vocês jejuarem" [Mateus 6.6-18], pois, embora não seja uma ordenança, espera-se que todo discípulo de Cristo jejue. E oferece duas instruções. Primeiro, ao jejuar, pareça normal, alegre. "Unja a cabeça e lave o rosto…" O tratamento com óleo e água era a norma cotidiana nos dias do ministério terreno de Cristo, exatamente o que as pessoas faziam antes de sair de casa. O óleo era sinônimo de alegria [Isaías 61.3].

Jesus mostrou a razão para a prática do jejum, dizendo aos discípulos, incapazes de expulsar um demônio de um homem oprimido, que existe uma condição sobrenatural obtida apenas por orar e jejuar [Mateus 17.14-21]. O motivo central do jejum é aprofundar a comunhão do crente com Deus. Não jejuamos para fazer a nossa vontade prevalecer sobre a vontade do Senhor, ou para exibir a fé ou zelo religioso. Jejuando, desenvolvemos o autocontrole e a disciplina sobre a carne. 

CONCLUÇÃO

Só há um meio de vitória, tanto para a igreja quanto individualmente para o membro - a vida consagrada ao altar de Deus, em constante oração. "Orem em todo tempo no Espírito, com todo tipo de oração e súplica, e para isto vigiem com toda perseverança e súplica por todos os santos" - Efésios 6.18.

E.A.G.
Belverede. 'Ao orar, você sabe exatamente com quem está falando?'. Eliseu Antonio Gomes. 31 de julho de 2021. https://belverede.blogspot.com/2021/07/Na-oracao-voce-sabe-exatamente-com-quem-esta-falando.html
Belverede. 'O que é oração?' Eliseu Antonio Gomes. 23 de maio de 2016. https://belverede.blogspot.com/2016/05/O-que-e-oracao-CPAD-Eliezer-de-Lira-e-Sergio-Silva-EBD-Licoes-Biblicas-O-Poder-e-o-Ministerio-da-Oracao-O-relacionamento-do-cristao-com-Deus.html  
Dicionário Bíblico Wycliffe. 2ª Edição 2007, página 1017. Bangú, Rio de Janeiro - RJ [Casa Publicadora das Assembleias de Deus [CPAD].

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