John Wooden escreveu: "Preocupe-se mais com o seu caráter do que com a sua reputação, porque o caráter é o que você é, e a reputação é o que os outros pensam de você." Reputação se ganha e se perde em um momento. Caráter se constrói ao longo de uma vida, é o que somos quando só Deus nos vê.
INTRODUÇÃO
Qual é a sua marca pessoal? Como os outros o percebem? Quais características sobressaem quando as pessoas se referem a você? Os profissionais de publicidade costumam fazer essas perguntas aos seus clientes, podemos transferi-las para a nossa marca pessoal. Como nos vemos? Como somos vistos? Como Deus nos vê? Que características marcantes temos?
No Sermão do Monte, Jesus declarou que o cristão é o sal da terra e a luz do mundo [Mateus 6.13-14]. Ele não disse que devemos ser, mas que já somos. Mas quando o sal não salga e a luz não brilha, os crentes perdem a identidade e o sentido de existirem.
I - O SAL TEMPERA E CONSERVA
1. Definição.
Mateus 4.18-22, conta a vocação dos primeiros discípulos. Jesus chama quatro pescadores para fazer parte de um serviço muito especial. A palavra vocação vem do latim "vocare" e significa chamado. Nós somos chamados e vocacionados de uma forma ou de outra, para exercer algo para Deus. No passado, o termo significava qualquer tipo de vocação: enfermagem, medicina, música, costura. Depois o termo ganhou maior abrangência, passando a designar também o chamado do Senhor. Vocação indica chamamento, e quem chama espera ser atendido. O chamado de Jesus tem um desafio: somos chamados a servir como sal e luz nesse mundo em que jaz o maligno.
2. A importância do sal.
Sal: do hebraico "mélah" e do grego "halas".
Ao menos, o sal é conhecido por ser aproveitado de duas maneiras: dar gosto e conservar alimentos. Quando peixes eram transportados no lombo de burros por cento e sessenta quilômetros de Cafarnaum até Jerusalém, o volume de pescado deveria ser abundantemente salpicados para não estragar.
Durante a Idade Média, na Europa, o sal era considerado um ingrediente absolutamente essencial. As pessoas preparavam a maior parte de seu próprio alimento, para evitar qualquer alteração da comida, muitas precisavam, anualmente, viajar para comprar sal.
Atualmente, conhecemos o sal por sua capacidade de condimentar e temperar alimentos, mas no passado esse produto exercia outras funções pouco conhecidas. Em tempos remotos, o sal era considerado pelos antigos como um produto de virtudes medicinais; não existia variedade de antissépticos de que dispomos em nossos dias. Por essa razão, lançaram mão do sal como substância capaz de impedir a proliferação de micróbios. Crianças recém nascidas eram esfregadas com sal como tonificante.
Em Levítico 2.13, este elemento é citado como parte do ritual de sacrifícios da religião judaica. O sal ainda era usado como saneamento das águas (2 Reis 2.20, 21, 22). Na prosperidade futura descrita por Isaías, os animais comeriam a ração salgada, uso conhecido pelos criadores de gado (Isaías 30.24).
3. O cristão como sal.
Metaforicamente, sal alude acerca dos “crentes” (Mateus 5.13); do "caráter e condições" deles (Marcos 9.50); e da "sabedoria” exibida nos seus discursos (Colossenses 4).
A vida sem Cristo é insípida. Assim como Cristo revitalizou e deu gosto à vida do crente, cada crente deve agir como um conservante no mundo, fazer o mesmo pela própria vida e a vida de outros.
Em Mateus 5.13-16, aprendemos sobre a importância do papel do cristão como sal da terra e luz do mundo. Há a expectativa cristão que cristão busque de Deus desenvoltura, sabedoria e coragem para espalhar por todos os cantos muita "salinidade espiritual". O mundo ainda não está completamente deteriorado pelo pecado porque existe um número incontável de servos e servas de Cristo realçando os sabores da sociedade.
Tal como o sal, cristãos exercem uma atitude positivamente subversiva, tornando melhor e mais agradável o ambiente em que estão, influenciando positivamente, impedindo a deterioração moral e ética. E, isso tudo por vezes de uma maneira imperceptível. Assim é a ação do sal na comida, você sente que ele está lá mas não o vê. E quando não está, faz uma enorme falta ao paladar.
II - A LUZ ILUMINA LUGARES EM TREVAS
1. Conceito físico e metafórico.
Luz é a origem da claridade, luminosidade. Figuradamente refere-se a Deus (Salmos 104.2; Tiago 1.17); a Jesus (João 1.4-6); à Palavra de Deus (Salmos 119.105); e aos seguidores de Jesus (Mateus 5.14). Deus é a luz intelectual, ilumina o entendimento humano para que este saiba discernir bem todas as coisas (1 Reis 4.29); é a luz espiritual que esclarece os pecadores para que recebam a salvação.
2. O cristão como luz.
Nos tempos bíblicos, não havia eletricidade para manter o ambiente claro. As pessoas, então, usavam candeias para iluminar suas casas. As candeias eram pequenos potes de barro com azeite dentro. Um pavio de pano era colocado dentro e mantido aceso. Assim a residência permanecia clara.
Contam-se uma fábula que nos faz entender o motivo de sermos salvos. Certo dia, um fósforo disse para uma vela: "Eu tenho a tarefa de acender você." Assustada, a vela respondeu: "Não, não faça isso! Se eu for acesa, os meus dias chegarão ao fim!". O fósforo perguntou: "Você prefere para sua vida toda inércia e solidão, viver sem ter experimentado a missão para a qual foi destinada?" "Mas queimar dói e consome as minhas beleza e força", sussurrou a vela, chorosa, insegura e muito apavorada. "É verdade", respondeu o fósforo, "mas este é o segredo da nossa vocação. Nós somos chamados para ser luz! O que eu posso fazer é pouco. Se eu não acender você perco o sentido da minha vida. Existo para acender o fogo. Você é uma vela: existe para aquecer e iluminar. Tudo o que você oferece através da dor, do sofrimento, do seu empenho será transformado em luz. E outros passarão a luz irradiada por você adiante. Mas se se recusar a estar acesa, morrerá." Compreendendo o fósforo, a vela estendeu o seu pavio e cheia de alegria disse: "Acenda-me!"
Nossa salvação em Cristo não é um fim em si mesmo. Fomos salvos para reproduzir a Luz, que é Cristo [João 8.12]. Dessa maneira, combatemos as trevas que há em nós e no próximo. Para que isso aconteça, precisamos deixar morrer a nossa natureza carnal. Apenas quando morremos para o pecado é que passamos a viver para Deus [Romanos 6.10]. Quando o cristão enfatiza em seu caráter o compromisso real com Cristo, sua vida fica evidente em todos os círculos sociais que se fizer presente. Ele brilha e dissipa a escuridão; revela o que está oculto, indica caminhos e possibilidades.
3. A luz em lugares de trevas.
A luz é símbolo de vida, de esclarecimento e o antídoto contra a escuridão. A Igreja brilha neste mundo de trevas pela graça de Deus.
O Evangelho escrito por Mateus tem peculiaridades interessantes. Foi escrito por um judeu impopular entre os seus compatriotas, por ser um fiscal da Receita, com o objetivo de convencer outros judeus de que Jesus é o esperado Messias de Israel. Mateus superou a animosidade de seus conterrâneos, seguiu o Salvador anotando milagres, narrando a incompreensão das trevas contra o Senhor, que é luz dos homens [João 1.4-5]. Em seus escritos, narrou o Sermão do Monte, a pregação mais conhecida de todo o Novo Testamento, cujo conteúdo atravessa séculos, sendo conhecida até por pessoas que não têm conhecimento das Escrituras Sagradas.
III - DISCÍPULOS QUE INFLUENCIAM
1. Sendo "sal".
O sal usado nos tempos antigos não era puro; quase sempre havia algum elemento químico misturado ao cloreto de sódio. Quando o sal usado para temperar alimentos, permanecia exposto à umidade, perdia o seu valor. como tempero. Às vezes, esse sal que perdia a sua propriedade de salgar, era jogado nas ruas como pedregulho, já que não servia "para mais nada" [Mateus 5.13].
Dwight L. Moody disse algo sobre a razão da vida cristã ser marcada pela autenticidade do chamado a servir a Cristo: "De cem homens, um lerá a Bíblia e noventa e nove lerão o cristão." Precisamos focar na vigilância, para transmitir através da fala e das ações a integridade e o caráter do Reino de Deus ao mundo.
Desde o momento em que uma pessoa desperta e vê como o seu mundo está envolvido em densas trevas espirituais, ela busca a Cristo e é transformada à semelhança do Pai celeste. Então os seus olhos se encantam pela beleza da santidade do Senhor e o seu coração, regenerado, quer ser santo. Passa a ter sal em própria e vive em paz com Deus e com o próximo.
2. Sendo "luz".
Jesus declarou certa vez: "Eu sou a luz do mundo" (João 8.12). E também disse: "Vós sois a luz do mundo (5.14). Assim como a lua reflete a luz do sol no lado escurecido da terra, o cristão autêntico reflete os raios do "Sol da Justiça" às almas envolvidas pela escuridão do pecado [Malaquias 4.2].
É fato que Jesus Cristo comissionou os cristãos a ensinar e pregar o Evangelho. E existe quem esteja em dúvida se deve dedicar sua vida ao ministério evangelístico em tempo integral ou se deve exercer uma profissão secular. Existe as duas opções aos filhos de Deus, embora não encontremos nas Escrituras o dilema pregar ou procurar emprego secular. Há um testemunho vivo de Deus na terra, e para anunciá-lo é que vivemos. Ninguém pode servir ao Senhor e negar-se a dar testemunho dEle, como luz e sal. Durante o ganha-pão no expediente de uma empresa ou ao longo de todo tempo em um campo missionário, tudo gira em torno de colocar-se em total submissão à vontade divina. O Senhor deve ser o centro da nossa vida, precisamos cumprir o chamado que recebemos em todos os lugares que estivermos.
CONCLUSÃO
Que espécie de imagem você vê nas pessoas que se denominam cristãs? Qual imagem você transmite às pessoas quanto ao que significa ser cristão? Que Deus tenha misericórdia de nós, para que possamos mudar para melhor o nosso jeito de ser. Um cristão verdadeiro é aquele estabelece a marca de Cristo por onde passa.
Comentário Beacon, Volume 6. página 57, 1 edição 2016. Rio de Janeiro - RJ. Casa Publicadora das Assembleias de Deus [CPAD].
Dicionário Teológico - revisto e ampliado. Claudionor Correa de Andrade. 9ª edição 2000, página 209, Rio de Janeiro - RJ. Casa Publicadora das Assembleias de Deus [CPAD].
Tesouros de Conhecimentos Bíblicos. Emílio Conde. 2ª edição 1993, página 595, Rio de Janeiro - RJ. Casa Publicadora das Assembleias de Deus [CPAD].
Nenhum comentário:
Postar um comentário