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terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Casamento e divórcio - ovelhas e pastores


Depois que recebi a visita de uma pessoa em prantos, falando que estava se separando por causa de traição e pedia uma explicação sobre a sua situação, segundo a Bíblia, e naquele momento eu só poder dizer-lhe que não tinha opinião formada, passei a me interessar pelo tema divórcio e estudá-lo com afinco. 

Fiz o estudo por longo tempo, talvez mais de um ano, dispensando livros com a opinião pronta do escritor. Li a Bíblia sem pressa, sem a intenção de reforçar opinião pré-estabelecida antes da leitura.

O assunto é complexo. Penso que não há uma fórmula para solução geral. Sempre envolve muita dor e algumas vezes faz sofrer muitos corações de filhos que ainda estão em fase infantil. Nestes casos, os olhos e a experiência de um pastor dedicado ao rebanho de Cristo é que irá auxiliar mais apropriadamente o procedimento a ser tomado sobre o matrimônio em crise.

É preciso lembrar que a posição divina é contrária ao divórcio. Contudo, a visão de Deus sobre o divórcio e novo casamento nos casos de traição é justa. A Bíblia aponta caminhos, que o cristão tem a liberdade de trilhar ou não.

Corações insensíveis e irreconciliáveis

A Bíblia afirma em Gênesis 2.24 e Mateus 19.6 que depois que duas pessoas se casam, elas se tornam uma só carne. Pense na hipótese da separação de seu corpo, literalmente. Ficar sem os braços, sem um olho, sem as mãos... É algo parecido com esta situação que acontece no campo espiritual quando marido e mulher optam à vida separados um do outro.

Jesus Cristo declarou que uma das causas do divórcio é a dureza de coração de pessoas casadas (Mateus 19.8). Não é o ideal para Deus que haja a separação, mas Ele permite o divórcio quando há entre o casal uma pessoa que seja de coração duro - e em grande parte o coração duro é do cônjuge traidor e não o coração de quem é vítima da traição. 

Penso que se possível, a melhor decisão é perdoar o pecado do cônjuge, quando este mostrar-se arrependido por seu ato falho. Mas, nem sempre quem peca se arrepende, então, não há nada mais a fazer do que separar-se e seguir adiante.

Motivos para separação e novo casamento

Eu acredito que Deus jamais castigaria alguém vítima de traição a viver em situações continuadas dessa mesma traição. Minha base é Mateus 19 e as cartas de Paulo aos coríntios.

Há quem entenda que após uma traição o cônjuge traído pode se separar, mas precisa permanecer só o resto de sua vida. Eu penso que em caso de infidelidade, quando o parceiro infiel não tem disposição para honrar o leito conjugal, a pessoa traída tem a permissão de Deus para a separação e novo casamento. O cônjuge traído não é obrigado a estar ao lado de quem não o ama e lhe faz mal e nem a padecer em solidão depois do rompimento do laço conjugal. 

A declaração bíblica, para o consentimento de uma pessoa traída casar-se outra vez após divorciar-se do cônjuge traidor encontra-se em Mateus 19.9. Jesus Cristo esclareceu: “Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério.”

Explicando meu modo de entender esta passagem bíblica: Jesus considerou pecado de adultério quando o divorciado se casa pela segunda vez sem que o motivo da separação seja a infidelidade conjugal. Então, é compreensível pensar que se uma pessoa se divorcia por ser a vítima de traição e depois casar-se com outra pessoa ela não estará cometendo adultério.

Pessoas ultrarradicais não enxergam nenhuma possibilidade de novo casamento, nem mesmo para os traídos, mas não possuem argumentação bíblica para seus posicionamentos.

Motivos banais

É preciso pensar bem. O divórcio é uma decisão a ser protelada, a última medida a ser adotada por quem se diz servo de Cristo, jamais deveria ser considerado o remédio para todas as crises conjugais, não deveria ocorrer com a frequência que estamos contemplando em acontecer entre crentes evangélicos.

Para alguns, são expostos como motivos de validação de divórcio o descumprimento, consciente, de compromissos assumidos no altar no momento da cerimônia do matrimônio, o não-cumprimento voluntário de diversos compromissos ou deveres na vida de casal, além da mácula do leito sexual. Muitos admitem a ideia de que em casos de verificada a reincidência obstinada de outras traições. Eles enumeram os seguintes problemas, descrevendo-os como a porta aberta de saída do casamento:
a. Manutenção alimentícia do lar;
b. Cuidados pessoais e com a residência;
c. Respeito à hierarquia doméstica;
d. Espirito participativo nas contas do lar.

Embora sejam problemas graves tais situações, de acordo com a orientação bíblica, é preciso discordar desses pontos apresentados como motivos para divórcio, pois não encontramos base bíblica para usá-los como motivos de fim da relação matrimonial. A Bíblia é contundente: a separação só é permitida em casos de morte e relação extraconjugal.

Injustiças no gabinete pastoral

Quando é a mulher a parte infiel, a tendência da orientação é que haja o divórcio, porém, se quem traiu é o homem o costume é aconselhar a esposa a perdoá-lo.

Casais que se casaram antes da conversão a Cristo, ou apenas o marido ou a mulher se converteu, e após a conversão surge a crise conjugal, são casos especiais que o pastor deve analisar com maior cuidado (1 Coríntios 7.12-15).

O segundo casamento

O segundo casamento pode ser aceito em casos de divórcio em que a traição é devidamente comprovada. A Bíblia não é autoriza o novo casamento, exceto nos casos de infidelidade conjugal.

Escrevendo aos Coríntios, Paulo fala que se o cônjuge não crente não aceita conviver com um cônjuge crente, pode haver a separação, mas não diz nada sobre o novo casamento. Mas, ponderemos sobre isso lembrando que a pessoa divorciada torna-se solteira. Paulo recomenda aos solteiros que possuem hormônios em brasa que se casem para que não pequem (1 Coríntios 7.2, 9).

Equívocos a dois

A Bíblia declara que marido e esposa não têm o controle de seus próprios corpos e sim o tem a pessoa com quem se casou, e que é dever que os casados sejam benevolentes entre si quanto a necessidade um do outro no leito conjugal (1 Coríntios 7.3,4).

É uma queixa comum da esposa o desprezo que recebeu de seu ex-marido antes de traí-lo. Ele chegava do trabalho, jantava, assistia ao programa predileto de TV e depois ia dormir,  Mas, também, ele tinha "olhos grandes" nas mulheres que passavam por dele, folheava revistas masculinas para apreciar modelos e navegava em sites de pornografia. Tal comportamento causou a frieza sexual dentro do casamento e induziu a esposa à traição conjugal. Por sua vez, o marido traído depositou a culpa pelo fracasso matrimonial na companheira e se sentiu desempedido para casar-se com uma mulher mais jovem. Nestas situações, é preciso considerar que ambos cometeram erros terríveis, não lutaram pela manutenção do amor conjugal.

Embora existam as excessões, não é possível aceitar que situações assim acontecem por causa de incompatibilidade de gênios quando um homem e uma mulher, ambos cristãos evangélicos, se casam no Senhor. 

Pastores divorciados

Devemos enfatizar que o pastor precisa ser uma pessoa com capacidade de liderar exemplarmente a sua casa, se não o faz, segundo as palavras de Paulo, não é competente para governar quaisquer igreja. As pessoas do mundo e os membros das igrejas podem questionar que autoridade tem um pastor para dizer que Jesus é a solução para os problemas em família, e outros setores da vida, se em sua casa ele não prova possuir capacidade para resolver suas próprias crises familiares ((1 Timóteo 3.2-5; Tito 1.6).

É extremamente difícil definir o que significa "liderar exemplarmente a sua casa", pois existem muitos que conduzem o lar usando autoritarismo e não autoridade, no entanto a comunidade cristã os considera bons exemplos de pais e maridos. Porém, a Bíblia recomenda que o esposo ame sua mulher como Cristo amou a Igreja e se sacrificou na cruz por ela, que ame-a como ama a si mesmo, que honre-a como o vaso mais fraco, não se irrite contra a esposa e nem provoquem a irritação de seus filhos para que eles não desanimem (Efésios 5.25, 28;  1 Pedro 3.7; Colossenses 3.19, 21).

Tanto o pastor viúvo como o pastor que não teve felicidade de casar-se com uma esposa fiel, tem a permissão de Deus para divorciar-se e casar pela segunda vez. Entretanto, as Escrituras nos dizem que esta situação não é a mais conveniente aos que desejam exercer o ministério pastoral (1 Timóteo 3.2). 

Quanto aos pastores serem maridos de uma só mulher, creio que devemos observar o contexto. Paulo falava sobre os matrimônios em poligamia. Na época, muita gente tinha mais de uma mulher, então Paulo orienta que sejam ordenados apenas pastores que tenham só uma.

Conclusão

Além deste assunto ser doloroso para divorciados, polêmico para a igreja, exigir tempo de quem se dispõe a se aprofundar sobre o parecer das Escrituras, também é constrangedor para muita gente porque muitos têm em seu círculo familiar e de amizades parentes e amigos divorciados. Ao mesmo tempo, a abordagem deste tema, segundo o parecer da Bíblia, é por demais necessário porque o crente deve se guiar somente pela Palavra de Deus.

Não devemos ser mais duro com divorciados do que a Palavra de Deus é, não convém expor e apedrejar com preconceitos e discriminações quem divorciou-se e nem jogá-los no inferno ou incentivar quem vive em crise conjugal a separar-se. A missão do cristão ajudar e orar por todos, sem se esquecer que o Justo Juiz observa cada um de nós.

E.A.G.

Texto criado a partir de troca de postagens entre os contatos na rede social Facebook. 
Álbum Família Projeto de Deus - https://www.facebook.com/eliseu.gomes/media_set?set=a.4168401579176.169017.1558298942&type=1 
Genivaldo Tavares de Melo, Linha do Tempo em 12 de janeiro de 2015 - https://www.facebook.com/genivaldo.melo?fref=nf&pnref=story 

4 comentários:

Unknown disse...

Boa tarde, Meu Amado Irmão Eliseu,

Quero, preliminaremnete, dizer que o tema em questão é muito controvertido, contudo, gostaria de ressaltar que a Bíblia é um que deve ser interpretado com seus contextos e, assim,também, sistematicamente. Nesse sentido, quero discordar da posição tomada do meu querido irmão, Eliseu Antonio gomes,em alguns tópicos, considerando que ele andou bem em algumas posições, mesmo assim, no quesito "segundo casamneto" a bíblia não valida o segundo casamento, pelo menos, à luz do Novo Testamneto, pois, mesmo no Antigo Testamento, o Senhor Deus não referendou-o. A expressão " por causa da dureza dos vossos corações", nos termos da Lei Mosáica, deve ser a chave da saída da questão em debate. Tendo em viata, então, que a expressão "por causa da dureza do coração" em (MT.19,8) mas no princípio não foi assim,é a posição do Mestre.Outra é que em seu contexto me parece que Jesus está repondendo a um pergunta de um fariseu, que por sinal estava tentando-o. Contudo, considerando as demais passagens dos outros livros, como MC. 10, versos 10 e 11, declara, ao chegar em casa, quem se casar contra outra adultera. Já em LC. 18, v.18, o Mestre é bem categórico. portanto, á luz dos seus contextos e com os demais tesxtos que a se referem,devem ser considerados como todo. Não se deve conderar apenas Mt.e seus contextos e bem assim, a Carta aos Romanos 7. 1,2, enfim, a Bíblia é uma maravilhoso, mas temos que ter bastante cautela ao fazermos afirmações.
O Apostólo Paulo, em seu livro de I coríntios, "E, se alguém cuida saber alguma coisa, ainda não sabe como convém saber.
Ressalto que com simplicidade que resolvi deixar meu posicionamento.
1 Coríntios 8:2". Deixo-vos a paz do Nosso Senhor Jesus Cristo a Todos os queridos irmãos.

Eliseu Antonio Gomes disse...

Lucas Toscano.

A minha resposta está no artigo, meu prezado irmão.

Eu seria repetitivo se digitasse pela segunda vez a minha interpretação bíblica sobre o assunto.

O que convém dizer uma segunda vez, exclusivamente para você, é que eu li a Bíblia inteira com o único propósito de encontrar as respostas para este tema. E não abri as páginas das Escrituras com um pensamento formado, fiz a leitura com a mente vazia e a espera das informações da Palavra de Deus.

Não busquei argumentos para mim, mas aos que desejam conhecer o que Deus diz a respeito. Graças a Deus sou uma pessoa bem casada há mais de três décadas.

Deus abençoe.

Unknown disse...

Acho bem complicado levarmos o divórcio somente sob esse prisma. Casei-me aos 18 anos e aos 23 fiquei viúva com uma filha de três anos. Casei-me novamente aos 27 anos. O meu marido tentou molestar minha filha , eu me divorciei, óbvio. Então pela palavra o que seria certo? Nem tudo é preto no branco...

Eliseu Antonio Gomes disse...

Olá, Ellen.

Sei que ninguém se casa pensando em se separar, e que o momento de separação é tempo de bastante sofrimento aos envolvidos. Então, fico constrangido ao abordar este tema.

A Bíblia interpreta a Bíblia, e eu adoto o método de expor a Palavra de Deus sem apresentar o meu pensamento pessoal a respeito de assuntos que publico.

Deus abençoe muito sua vida.

Abraço.