Pesquise sua procura

Arquivo | 14 anos de postagens

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

1ª Coríntios 8: resposta de Paulo às perguntas acerca de carnes sacrificadas aos ídolos

Athena na mitologia grega era a deusa da sabedoria.
Na época de Paulo, a cidade de Corinto tinha uma população estimada em 250 mil cidadãos livres e cerca de 400 mil escravos. Devido à sua localização geográfica, constituía-se de uma faixa de terra ligando a península ao continente, com pleno acesso ao mar Mediterrâneo; era uma encruzilhada para viajantes e comerciantes de todas as partes do mundo. Tinha dois portos importantes: Cencreia, cerca de 10 km a leste do golfo Sarônico, e Lecaião, a uns 2 km a oeste de Corinto. Os dois portos faziam da cidade ponto estratégico de abastecimento e descarga de navios. O comércio era um dos mais exuberantes do Mediterrâneo; a cultura cosmopolita e a imoralidade sem limites fazia parte da religião local como forma de expressão e culto aos deuses helênicos. Corinto abrigava doze grandes templos, sendo que um dos mais infames era dedicado à Afrodite, deusa grega do amor, onde mais de mil mulheres eram escolhidas todos os anos para oferecerem seus corpos aos homens como oferenda religiosa.

Neste cenário, Paulo chegou em Corinto para ensinar que Deus é a origem-primeira: o Criador de tudo que há; Deus-Filho é a pessoa dinâmica da Trindade, por intermédio de quem todas as coisas vieram à existência. E que os ídolos não passam de simples objetos materiais e não devem ser idolatrados (João 1.3; Atos 4.24; Hebreus 2.10; Colossenses 1.16).

Os conceitos culturais e religiosos permeava a vida de todos os povos atingidos pelo império e confundia os crentes novos convertidos (Atos 17.16). Assim sendo, os crentes coríntios haviam escrito a Paulo perguntando sobre como agir em relação às carnes de animais que sobravam dos sacrifícios oferecidos nos altares pagãos e eram comidas pelos sacerdotes e pelos ofertantes.

Comer ou não carnes sacrificadas aos ídolos? Essa pergunta não girava apenas no assunto da alimentação, envolvia o uso da carne em festas públicas com parentes e amigos pagãos no templo pagão, ou em casas particulares, ou as sobras vendidas no mercado. Alguns cristãos não viam problemas em comer este tipo de carne, até porque era difícil saber qual parte fora sacrificada. Outros já apresentavam sérias dificuldades de consciência e medo de estarem pecando contra o Senhor. 

No capítulo 8 da primeira carta de Paulo aos crentes da cidade de Corinto, temos o exemplo interessante de como o apóstolo vai atrás de uma palavra para ensinar sobre o que se deve comer e o que se deve evitar. No versículo 1, ele foca a palavra "sabemos" e em seguida, baseado no verbo saber, explica sobre a ciência no campo espiritual e material. Em sua resposta, aprendemos que sem a bênção do amor divino, todo o conhecimento é estéril e anti-social e que ser uma pessoa "conhecida" por Deus é sentir seu amor, presença e bênçãos espirituais (1 Corintios 13; Gálatas 4.8-9; 1 João 4.7-8).

No versículo 6, vemos que Paulo olhou para a mitologia greco-romana, em que havia idolatria politeísta, e considerou a triste situação de muitas pessoas se deixam iludir por Satanás e passam a adorar coisas e seres que não são reais deidades, nem se quer existem.  Ele não afirma que possa haver "outros deuses", pois está claro que há um só Deus (Deuteronômio 6.4). Sua afirmação nos encaminha a perceber que ao longo dos séculos, os demônios têm escravizado o mundo induzindo as pessoas a depositarem fé na sorte que ídolos (coisas sem vida) possam proporcionar. Os crentes não devem aceitar qualquer tipo de superstição, temor ou apego aos amuletos. A fé do cristão deve ser pura e absoluta em Cristo, nosso Deus.

No idioma grego, encontramos no texto do versículo 13 a palavra "exousia", que tem o sentido de autoridade, liberdade e direito.  A expressão "nunca" no original grego é um termo enfático, que significa uma negação dupla. Isto é: "se a comida escandalizar a meu irmão, nunca mais, jamais mesmo, comerei carne, para que meu irmão não se escandalize."

O crente maduro não é egoísta, pois o egoísmo preocupa-se primeiramente com o interesse próprio. O crente amadurecido na fé é altruísta, porque o altruísmo leva sempre em conta o bem dos outros. Ele tem pleno conhecimento que seu acúmulo de saber é limitado e que só o Senhor conhece tudo e todos, então, trata com amor e paciência seus irmãos mais fracos ou novos na fé (Romanos 11.33-36).

Vemos em todo este capítulo o importante ensino da consideração para com as outras pessoas. Paulo não afirma que a ingestão da carne é prejudicial ao que come, esclarece que o crente é livre em Cristo, entretanto, por amor ao irmão mais fraco ou menos maduro, deve evitar comê-la em sua presença para não prejudicá-lo escandalizando-o (Romanos 14.13.21).

Enfim, o exercício da fé autêntica no Deus verdadeiro é superior a fé em ídolos sem vida, ela é manifestada no amor que oferecemos ao próximo (Salmo 115.4-7; 135.15-17; Isaías 44.12-20; Gálatas 5.6).

E.A.G.

Compilações:
A Bíblia Explicada - S. E. McNair, 12ª edição em 1997, página 418, Rio de Janeiro (CPAD). 
Bíblia Sagrada King James - Edição de Estudo, página 1724, edição de julho de 2013, Abba Press Editora e Divulgadora Cultural Ltda / Sociedade Bíblica Íbero-Americana. 


Nenhum comentário: