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domingo, 23 de dezembro de 2012

Pobres, ricos, crentes ansiosos. Pecadores?



A vontade de Deus é que os cristãos nunca estejam conformados com a miséria. Ele quer o bem dos seus servos e não o mal.

Eu apresento argumentos bíblicos mostrando que é preciso ter bom ânimo, não prostrar-se, agir com o objetivo de melhorar de vida. Mas para conquistar o que é bom é necessário querer isso, crer que o Senhor deseja o bem de cada um de nós de maneira ampla. Deus se importa com nosso bem-estar espiritual, emocional e físico.

Havia algo errado com Paulo? 

O apóstolo passou por momentos muitos ruins. “Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez. Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas.” - 2 Coríntios 11.24-28.

Esses momentos ruins na vida dele não podem ser considerados autenticação de espiritualidade elevada. Ele foi o maior perseguidor de cristãos da sua época (Atos 7.58; 9.4-5; 1 Timóteo 1.12-13; Gálatas 1.13). As privações que o apóstolo viveu foram à colheita de tudo que ele semeou. Colheu aquilo que plantou.

Ele mesmo escreveu sobre causas e efeitos: “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna. E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido” - Gálatas 6.7-9.

A colheita

Apesar de Paulo converter-se, ter seus pecados apagados pelo Senhor, a semeadura do apedrejamento de Estevão e assassinatos de outros cristãos tiveram seu preço, e Paulo pagou bem caro por esses equívocos. E, pela misericórdia divina, por causa do sacrifício de Jesus na cruz, mudou de vida e também plantou no Espírito, e colheu as benesses espirituais.

Paulo entendeu que para colher o bem é preciso plantá-lo antes. Mudou de atitude e incentivou que fizéssemos igual. Para colher o bem é preciso plantá-lo: "A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos os homens. (...) Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem" - Romanos 12.17, 21.

Alguns cristãos observam a trajetória do apóstolo Paulo e cogitam que devem passar por sofrimentos parecidos com o que ele passou. Não colheremos o plantio de outros, apenas o nosso. Deus não permite que aquele que planta "trigo" colha "espinhos". Deus é justo.

O apóstolo Paulo faz um convite à reflexão. Examinemos nosso comportamento (1 Coríntios 11.28). Os cristãos precisam parar e pensar sobre a qualidade de vida em que estão. Se for ruim, precisam fazer uma análise introspectiva para descobrir os motivos e ver como mudar a situação. É preciso perguntar: O que plantei no meu passado?

O cristão deve ser próspero a nível financeiro sempre? 

Prosperidade bíblica não é o mesmo que ser milionário. A prosperidade do Senhor é uma condição em que cabe possuir muitas posses e também viver com poucas posses - mas tendo o suficiente que promova estabilidade em todos os sentidos.

Tribulações 

Deus não prometeu vida cristã isenta de problemas. Todos nós estamos sujeitos a ter aflições em alguns momentos. E não podemos inferir que um cristão passe dificuldades de quaisquer espécies por falta de fé.

O cristão afligido tem fé. Mas precisa atender ao convite à reflexão sobre seu comportamento, deve analisar o que plantou, pois a Bíblia Sagrada alerta que tudo o que plantamos também colhemos.

A beleza e a simplicidade e profundidade do Evangelho 

"Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas." - Mateus 6.31-33.

O texto se refere para quais coisas? Duas, a prioridade são as coisas celestiais. Alimentos e roupas, o que comer e vestir deve permanecer em segundo lugar.

Um cristão não age com foco nas recompensas e menos ainda em benesses materiais. Ele faz a vontade do Pai por simples obediência e espera que as demais coisas lhes serão acrescidas, conforme a promessa do Pai. Esperar que Deus cumpra o prometido é manifestação de fé. Fé é esperança em atividade (Hebreus 11.1).

Mateus 6.31-33 não se refere ao acúmulo de riquezas. Não existe em nenhuma parte das Escrituras Sagradas um texto que condene a vida em prosperidade financeira. O que a Bíblia condena? Repreende a questão da avareza, a sovinice.

Crentes ansiosos. Pecadores?

Alguns alegam que o Novo Testamento não apresenta nenhum incentivo à busca do conforto físico e bens materiais. O apóstolo Pedro explica como os cristãos ansiosos por serem felizes devem se comportar.

“Porque quem quer amar a vida, e ver os dias bons, refreie a sua língua do mal, e os seus lábios não falem engano. Aparte-se do mal, e faça o bem; busque a paz, e siga-a. Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, E os seus ouvidos atentos às suas orações; mas o rosto do Senhor é contra os que fazem o mal” - 1 Pedro 3:10-12.

“Semelhantemente vós jovens, sede sujeitos aos anciãos; e sede todos sujeitos uns aos outros, e revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte;  lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós- Pedro 5.5-7.

A miserabilidade 

O que é miséria? É a falta de praticamente tudo que é necessário. E qual é a informação bíblica sobre este estado na vida de um crente?

“O justo não mendigará o pão” - Salmo 37.25. Se uma pessoa estiver afirmando que crê em Deus e está mendigando, ela precisa fazer uma reflexão sobre o que está provocando a má sorte. Alguma coisa  está errada na vida dela.

Existem cristãos vivendo com um ou dois salários mínimos, mas não passam fome. Por quê? Porque  Deus não permite que a mesa do justo esteja vazia. Alguns não têm sequer um carro, a moradia deles não é uma mansão, mas jamais morrerão de fome, definitivamente não mendigarão o pão.

Ponderemos sobre situações de  miserabilidade e observemos como e com qual objetivo o Criador nos fez.

Por que Deus nos deu estômago e o líquido biliar? Com certeza não foi para que passássemos fome, nosso estômago ficasse vazio e o líquido provocasse feridas estomacais ao ponto de criar úlcera. É claro que não!

Por que Deus nos deu o hipotálamo e o inverno?  Será para que sentíssemos a sensação térmica do frio, não houvesse condições de usar agasalho e a temperatura gelada diminuísse as funções vitais de nosso corpo e assim morrêssemos em estado de hipotermia? É lógico que não!

A vida em miséria não deve ser defendida por quem se considera cristão.

As pessoas defensoras da Teologia da Miséria usam textos bíblicos de maneira equivocada. Usam de maneira distorcida trechos em que existem repúdio ao egoísmo e avareza, Ignoram esses sentimentos negativos e alegam que as Escrituras Sagradas não aprovam o cristão querer e ter a prosperidade financeira.

Infelizmente existem evangélicos equivocados pensando que viver na escassez seja a vontade de Deus para suas vidas. Muitos cristãos difundem a ideia de que Paulo e os demais apóstolos viveram durante toda a vida deles em miserabilidade financeira, mas isso não possui respaldo bíblico. É produto de doutrina católica, coisa da mente de São Francisco de Assis.

A prosperidade

A hermenêutica nos mostra que é necessário seguir a síntese textual. Ela tem a ver com a boa exegese. Não é possível suprimir os sentidos dos vocábulos. Infelizmente, muitas pessoas que se apresentam como "pastores" não costumam usar o púlpito para ensinar a etimologia das palavras originais do Novo e Antigo Testamento em seu sentido completo.

Os termos . bênção, salvação e paz, tanto no hebraico quanto no grego também têm elos com a vida no plano físico. São vocábulos que tem tudo a ver com a prosperidade e saúde e estabilidade financeira.

Jesus disse "Paz seja convosco" (Lucas 24.36). O vocábulo paz não tem apenas conotação espiritual. No idioma grego, paz é "eirene". Ela é definida no campo físico como estado de tranquilidade nacional, isenção da devastação da guerra e da fúria, ausência de brigas, a harmonia entre pessoas e a segurança, a felicidade e a prosperidade. Significa estabilidade financeira, espiritual e psicológica. Na esfera espiritual é a plena certeza que a alma tem da salvação através de Jesus Cristo, a firmeza que não se abala perante as adversidades terrenas.

A palavra usada para bênção no Novo Testamento é "eulogia", o termo é empregado com o mesmo sentido que encontramos no Antigo Testamento (Hebreus 6.7; 2 Corintios 9.7. Fazer o bem generosamente (Tiago 3.10). Porém, possui um sentido mais amplo. Além do plano espiritual, também denota o bem-estar físico (Romanos 15.29; Efésios 1.3).

O vocábulo salvação (soteria) tem significado que não é apenas dirigido ao espírito. Salvar tem a ver com saúde física e estabilidade financeira também!

Paulo afirmou o seguinte: "Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome, assim de abundância como de escassez: tudo posso naquele que me fortalece” - Filipenses 4.12- 13 (ARA).

Quem fortalece o cristão na abundância e na fartura? Não é a carne e nem o diabo, é Jesus Cristo!

O sustento

Vamos meditar em 1 TImóteo 6.7-8: "Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contente".

O termo sustento, no grego, tem a conotação de fartura, ter a casa própria, a despensa cheia de comida e o guarda-roupa com boas roupas. A palavrinha que foi traduzida como sustento não é algo que lembre pobreza, não tem associação com a escassez e fraqueza.

Eu já tive a oportunidade de ouvir pregadores abordando 1 Timóteo 6.7-8 e fazer referência à miséria, ao trabalho árduo que produza apenas um prato de almoço ou janta. Neste texto bíblico, “sustento” é sustento mesmo, é a capacidade de manter-se firmemente em pé, estar absolutamente equilibrado, viver muito bem!

Enfim, quem está contente com a escassez não está seguindo o ensino de Paulo.

Concluindo 

Esclareço não sou defensor da tal Teologia da Prosperidade, mas, sim. da PROSPERIDADE BÍBLICA. Aparentemente são iguais, mas na realidade são totalmente diferentes. E por causa da semelhança, quem não se aprofunda com seriedade nesta questão, combate a segunda, pensando ser a primeira.

 E.A.G.

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