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quarta-feira, 11 de setembro de 2019

1 Corintios 10.13 - Aquele que está em pé cuide para não cair

Por Cícero Manoel Bezerra

Certa vez alguém havia caído em um pecado desastroso para sua vida, disse-me: "Eu pensava ser suficientemente forte para vencer aquela situação sem precisar de ajuda de ninguém." Como consequência de sua autossuficiência, essa pessoa caiu e trouxe sobre sua vida, marcas que ficarão para sempre.

Em 1 Corintios 10.13, Paulo nos mostra que nunca seremos tentados além de nossa capacidade de suportar a tentação e que Deus a usará para nos fortalecer: "Não sobreveio a vocês nenhuma tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que vocês sejam tentados além do que podem suportar; pelo contrário, juntamente com a tentação proverá livramento, para que vocês a possam suportar."

Se encararmos com sinceridade e honestidade a questão do pecado veremos que o número dos que têm caído é altíssimo! Muitos se deixam levar pelo engano e prazeres do pecado. Tornam-se escravos de sua prática, e quando se dão conta já estão longe do Senhor e perdidos nas trevas da pecaminosidade. São levados e se deixam levar pelas armadilhas preparadas por Satanás para derrubá-los.

Observando nosso círculo de amigos, descobrimos que muitos já não estão mais com o Senhor. Afastaram-se de Deus por se julgarem fortes o suficiente para vencerem sozinhos as tentações. Não conseguindo, acabam vivendo uma falsa imagem de espiritualidade. Estes já não estão em nosso meio, e bem longe estão do Senhor Jesus.

Por que caíram? É uma pergunta que muitos têm feito, mas não t~em obtido resposta. Consideremos duas razões que poderiam ser usadas como tentativas de resposta:

1. Vida dupla. Viver uma falsa espiritualidade. Duplicidade de imagem, levando as pessoas a terem de nós uma ilusão. Projetamos uma devoção que não temos, dando a aparência de que não existe alguém com mais comunhão com Deus do que nós, quando, na verdade, nossa vida é seca, nossos pensamentos são terríveis e nossas fantasias são alucinantes. Estamos literalmente envolvidos em uma falsidade tamanha, que chegamos ao ponto de enganar a nós mesmos. A falta de quebrantamento nos leva a ouvir a verdade, sem deixar que ela encontre guarida em nosso coração. Não queremos ser de maneira alguma descobertos. "O que os outros vão pensar?" Não confiamos nas pessoas ao ponto de pedir-lhe ajuda em situações onde ela seria altamente necessária. Preferimos alimentar o gosto da lascívia, da luxúria, e nos render á escravidão do pecado. Quem nos conhece a fundo sabe que tudo é fantasia e falsidade. Nossa espiritualidade realmente não exite. Vivemos uma vida dupla.

Para sanarmos esse mal, precisamos usar de transparência, tirando a máscara e mostrando o que realmente somos. Isso exigirá de nós muita coragem, pois expor nossos pecados é humilhante. É um tratamento de choque, mas quando o Espírito entra em nossa vida, Ele nos convence de que é necessário mudar. Precisamos tratar tudo e não deixar nada para trás.

Talvez tenhamos a impressão de que perderemos coisas valiosas. Mesmo que isso aconteça,o que ganharemos será muito mais valioso. Teremos comunhão com Deus, paz de espírito e viveremos nossa verdadeira realidade. Não há nada mais gostoso que falar com Deus, ter a consciência limpa, e saber que Ele está nos ouvindo sem nenhuma barreira.

Não há pecado que possa proporcionar melhor sensação que está: estar bem com Deus!

2. Prazer na prática do pecado. Tentação é o convite ao pecado. E isto não é algo horrível e assustador à primeira vista. Ele nos atrai e nos traz prazer. Se começarmos a alimentar nossa vida de fantasias, chegará um tempo e que a verdade não nos incomodará mais. Ela ficará apenas no intelecto, e para qualquer pecado teremos sempre uma explicação lógica que nos satisfaça. Tornaremos-nos "especialistas" nas na racionalização: "Faça isto por causa disto"; não é minha culpa gostar dessas coisas". Quando menos percebemos, estaremos literalmente escravizados por determinadas atitudes ou outros tipos de envolvimentos pecaminosos.

O prazer na prática do pecado é sinal de falta de conversão. Quando recebemos a Jesus como Senhor e Salvador, a situação muda. Nosso prazer deixa de ser a prática do pecado para ser uma vida de bem com Deus e com o próximo. Quando nos sobrevêm as tentações e oportunidades para pecar, fazemos a opção de estar com o Senhor. Avaliamos, refletimos sobre todas as consequências do pecado e damos espaço para que o Espírito Santo nos convença de que viver com Deus é melhor que qualquer prazer mundano.

A fantasia pecaminosa nada tem de bom para nos oferecer, apenas satisfação à carne, desagradando a Deus. Devemos tomar cuidado com o que entra em nossa mente, pois dependendo do nível da fantasia que vivermos, ela poderá tornar-se real. Muitos não praticam suas fantasias apenas por falta de oportunidade. Vivemos num mundo onde recebemos sugestões de fantasias na área de sexo, dinheiro, comida, drogas e das vantagens pessoais. Mas o salário do pecado é a morte e o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Jesus Cristo (Romanos 6.23).

Apenas o interesse por informações religiosas ou pela vida religiosa não fará diferença. Precisamos estar conscientes do poder da Palavra de deus. Ela é como uma espada que penetra o mais interior do homem, discernindo tudo o que se passa em sua alma e seu espírito. A Palavra de Deus é poderosa. Devemos dar liberdade ao Espírito Santo para que a use em nossa vida.

É necessário que tenhamos comunhão com Deus e com sua Palavra. Hoje em dia há muitos curiosos da religião. Pessoas que querem saber a verdade, mas não estão dispostas a praticá-las. Não adiante ter uma grande mente e um coração pequeno. A verdade deve passar pelo intelecto, e depois atingir fortemente o nosso coração. Devemos dar lugar ao Senhor, reagir positivamente em relação ao que Ele manda. Deixar de lado a religiosidade vazia, e praticar a verdadeira comunhão com o Pai. É frequente vermos nos religiosos que caem, que sua religião não é forte o bastante para mantê-los firmes. Só quem nos mantém firmes e vitoriosos contra o pecado é Jesus Cristo.

A vida cristã é uma constante batalha. Não podemos nos esquecer disso. Não adianta sermos cristãos nominais, muito menos religiosos. Nenhuma dessas coisas tem poder para nos dar a vitória. A vitória dessa batalha é garantida através de tudo o que Cristo realizou por nós na cruz. Apropriemo-nos dela. Podemos ser livres do pecado. A vida pode ser totalmente diferente, basta pedir perdão, reconhecer que o pecado gera a morte e a separação de Deus. A Bíblia diz que: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (1 João 1.9).

Alguns pecados terão que ser confidenciados a uma pessoa de nossas confiança, com quem abriremos o coração e de quem com certeza receberemos ajuda. Alguém que participe da luta conosco, até a obtenção da vitória total total sobre o problema. Não deixemos o pecado nos atormentar. Tiremos a transgressão de uma vez por toda de nossa vida no nome poderoso de Jesus Cristo.

E.A.G.

Fonte: Mensagem da Cruz, número 113, maio a junho de 1997.  página 13.Venda Nova - MG (Editora Betânia).

terça-feira, 10 de setembro de 2019

Eva e a serpente

Por Wanda de Assumpção

Uma história moderna.

Havia uma jovem linda e inteligente. Quase terminando o colegial, ela se preparava para prestar vestibular com o sonho de cursar a faculdade que lhe daria acesso a uma profissão empolgante. Seus pais não mediam sacrifício para dar á filha o privilégio de uma educação superior e uma vida melhor do que aquela que levavam. 

Entretanto, a influência de amigos desajustados pesou mais do que as palavras sábias e amorosas dos pais. Quando eles lhe chamaram a atenção com respeito a coisas prejudiciais que estava fazendo, aquela jovem arrebitou o nariz e retrucou: "Eu sei o que estou fazendo". Não foi o que pensou o policial quando ela foi apanhada dirigindo embriagada.

Uma história antiga.

Havia uma jovem linda e inteligente, que morava num lugar perfeitamente belo. Amada por uma marido lindo e inteligente, ela podia dizer que tinha tudo o que uma mulher desejava. Além de tudo, aquela jovem desfrutava de um privilégio especial: todas as tardes, recebia a visita da Pessoa mais importante do universo - o Criador. Em momentos de comunhão, de puro deleite. Como o salmista, ela podia dizer: "Meu cálice transborda."

Entretanto, certo dia a paz daquele lugar idílico foi invadida por um ser muito esperto, cuja intenção era jogar a sementinha da desconfiança e do descontentamento no coração da jovem. E ela, arrebitando o nariz, falou consigo mesma: "Não vou deixar ninguém me dizer como devo viver. Sei o que estou fazendo.

Será que sabia? As consequências daquela rebeldia foram muito além de um acidente de trãnsito: morte espiritual, morte física, moléstias, crimes, dores nos relacionamentos, tudo isso se abateu sobre o primeiro casal e sobre todos os seres humanos desde então.

Você conhece a história de Eva no Paraíso. Agora pare e pense comigo sobre o motivo que levou aquela jovem privilegiada a jogar a felicidade pela janela. Tinha de ser algo muito forte, irresistivelmente atraente. E era. Eva tinha tudo, tudo, mas não era "dona do seu nariz"! Ela fora criada por Deus, que lhe dera todas aquelas coisas maravilhosas, mas também dissera como devia viver; a mulher, contudo, resolveu que preferia determinar isso por si mesma. Não foi uma boa ideia, como logo descobriu.

O plano de Deus nos dá toda a liberdade para nos realizar como pessoas e, em particular, como mulheres. Deus, que nos fez como somos, só deseja o nosso bem. Quando O buscamos, Seu amor maravilhoso nos enche o coração. Então, a partir dessa riqueza, podemos ministrar às pessoas com o dom especial da nossa feminilidade, enriquecendo nossa vida e a delas de uma maneira que as mulheres foram capacitadas para fazer.

Fora do plano de Deus, essas características ficam distorcidas; a visão de como devemos viver para nos realizar fica deturpada, desfocada. Apegamo-nos às pessoas para satisfação da nossa necessidade de amor e propósito, e, quando elas não correspondem às nossas expectativas, sufocamo-nas, tentando dominá-las, controlá-las.

Minha amiga, temos de fazer a mesma escolha com que Eva se defrontou. Determinarmos como vamos viver, dependendo dos nosos próprios recursos, ou obedecendo aos preceitos do Deus que nos criou e que, através de todas as circunstâncias da vida, está nos levando cada vez mais para perto de Si.

Eu fiz a minha escolha. E você?

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Wanda de Assumpção é escritora e membro da Igreja Presbiteriana de Vila Mariana (São Paulo/SP). Artigo extraído da revista Graça, ano 1, número 4, página 54 (Graça Artes Gráficas Ltda).

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

A Mordomia das Obras de Misericórdia


Por Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

Viver em sociedade tem sido cada vez mais complicado, em relação aos grandes transtornos impostos pelo pecado e seus efeitos. Em tempos de relativização de valores fundamentais e degradação social, na contramão da sociedade que defende uma ética convencional, estabelecida por normas criadas pela filosofia da pós-modernidade, a leitura bíblica, de modo devocional e sistemático e a reflexão a partir da perspectiva bíblica e cristã sobre assuntos como a valorização da vida humana e o caráter ético de Deus, conduz o crente ao equilíbrio espiritual. 

A busca do conhecimento bíblico viabiliza ao cristão refletir sobre todas as coisas e encontrar meios de fazer a diferença. Nós cristãos, conhecemos o caráter de Deus: santo, bondoso, justo, paciente, generoso e misericordioso. Assim sendo, no ponto de vista cristão, a prática da ética e o exercício da caridade são características inatas e frutos da imagem de Deus no ser humano. Sendo Deus santo e misericordioso, espera-se que o crente tenha um viver em santidade e cheio de misericórdia (Gênesis 1.26; 1 Pedro 1.16). E sendo a Bíblia a sua regra de fé e conduta para situações como um todo, é natural que reaja aos problemas sem moldar-se ao comportamento e costumes do mundo (Romanos 12.1-2).

I - SIGNIFICADO DE MISERICÓRDIA

1. Definição.

Misericórdia é uma palavra de origem latina. A definição dos léxicos Michaellis e Aurélio, resumidamente, descrevem o termo como ato por meio do qual se beneficia alguém; é a compaixão e a piedade, a graça concedida em consequência do sentimento de pesar despertado pelo sofrimento alheio; é a ação real concedida unicamente por bondade.

No Antigo Testamento, encontramos o vocábulo "hesedh". Esta é a palavra hebraica convertida ao idioma português como misericórdia. Seu significado indica beneficência, benignidade, bondade, beleza, amor.

No Antigo Testamento, o texto bíblico que define em profundidade o vocábulo misericórdia é o Salmo 136, onde a palavra é usada vinte e seis vezes. O salmista evidenciou o seguinte:
• a misericórdia serve para proclamar a bondade e o amor de Deus como fundamento para seu caráter e atos (versículo 1);
• a misericórdia sustenta a posição de superioridade de Deus como Senhor (versículos 2 e 3);
• a misericórdia, associada com a justiça divina, constitui a base de todos os atos poderosos de Deus na Criação (4-9) e libertação do povo judeu (10-15);
• a misericórdia é o motivo da orientação que Deus deu no deserto aos hebreus (16);
• a misericórdia é a razão para Deus dar a terra aos descendentes de Abraão e permitir a derrota dos inimigos dos israelitas (17-22);
• a misericórdia é a razão da libertação no passado e no presente (23-25); e seu domínio celestial (26).
No idioma grego, a palavra convertida por misericórdia é "eleos", cujo significado é piedade ativa (Mateus 23.23; Tito 3.5; Hebreus 4.16). Em Tiago 2.13, "eleos" é empregada para falar do livramento do castigo merecido; em Romanos 11.31 e Judas 21, a abordagem do termo é usada para mostrar a salvação que Deus nos dá por meio de Cristo.

2. Misericordioso.

Ao escrever o Salmo 103, Davi revela com esplendor sua gratidão e o convite que fez a sua própria alma para enaltecer ao Senhor por ser o Deus misericordioso. Ele exaltou o Altíssimo por seu caráter, referindo-se ao que Ele é, reconhecendo todas as bênçãos que lhe deu (versículos 8, 11, 17).

A misericórdia faz parte do caráter e dos atributos morais de Deus transferíveis ao ser humano. O Senhor não transmite ou reparte seus atributos absolutos, o de onipotência, de onisciência e da onipresença, dentre outros, mas Ele transfere seus atributos relativos para os homens. O Pai celeste deseja que seus filhos, assim como Ele age, também ajam misericordiosamente, buscando o bem temporal do próximo e dos animais e anunciando a salvação eterna para um número máximo de almas humanas que puder falar (Jonas 4.2, 11).

II - A MORDOMIA DA MISERICÓRDIA CRISTÃ

1. Obras de misericórdia na prática.

A expressão "obras de misericórdia" não consta do texto bíblico, porém, o seu sentido é patente em toda a Bíblia Sagrada. São ações e práticas realizadas em favor dos outros como expressão de amor, especialmente para com os que se encontram em situação de fragilidade física, emocional, social, ou espiritual e precisam do socorro da parte daqueles que servem a Deus.

1.2 - O Bom Samaritano

Lucas 10.25-37 apresenta a parábola O Bom Samaritano, que é uma das passagens bíblicas mais conhecidas das Escrituras Sagradas. Esta parábola tem sua origem no questionamento de um certo doutor (ensinador) da Lei. Ele fez duas perguntas a Jesus. Aparentemente, sua intenção seria fazer apenas a primeira pergunta, mas viu-se compelido a fazer a segunda. “E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o, e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” Talvez, inspirado pelo orgulho da posição e sabedoria humana, quisesse debater o assunto com o jovem rabino galileu, acerca do qual tanto ouvira falar. Respondeu-lhe o Mestre com outra pergunta: “Que está escrito na lei? Como lês?” Era como se perguntasse: Você procura realmente informações, ou deseja meramente um debate? Por que perguntar, se a resposta está contida na Lei, da qual você é ensinador oficial?”

O mestre da Lei demonstrou conhecer a resposta, pela rapidez com que recitou: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22.36,37, Marcos 12.30). A citação do grande mandamento era prova de que o rabino possuía discernimento e conhecimento das Escrituras, no entanto, ainda faltava conhecer mais, não havia considerado que existe diferença entre ser apenas conhecedor do texto sagrado e conhecê-lo e praticá-lo.

Jesus colocou o dedo na ferida quando disse ao doutor da Lei: “Faze isso, e viverás”. A flecha atingiu-lhe a consciência, pelo que percebemos no relato bíblico: “Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo?” A expressão “querendo justificar-se” dá-nos a chave do problema do homem. Sem dúvida, perturbava-o algum ato de má vizinhança praticado contra algum membro da sua nação. A auto-justificação é a defesa de uma consciência culpada. Sua pergunta soava como uma confissão: “Não amo a meu próximo; tenho dificuldade em observar este mandamento”. O sol não pergunta: “Sobre quem brilharei?”, pois é de sua natureza o brilhar. Quem possui espírito de perdão não pergunta: “Até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei?” (Mateus 18.21). O perdoar é próprio da natureza perdoadora. E aquele movido pelo espírito de boa vizinhança e amor não pergunta: “Quem é o meu próximo? A quem serei misericordioso?” A essência do verdadeiro portador de misericórdia não conhece limites, nem exceções: oferece-se instintivamente a qualquer pessoa cujas necessidades a transformam em objeto de simpatia e benevolência.

A parábola atinge diretamente o problema do doutor da Lei, que era a falta da prática de misericórdia e não a falta de conhecimento do Texto Sagrado. Na ilustração que Jesus narra, há a brutalidade dos salteadores; a desumanidade do sacerdote e do levita, que observam a vítima no chão e prosseguem indiferentes em suas caminhadas; e, a compaixão do viajante samaritano, que não considerou a nacionalidade, o merecimento e religião da vítima e movido por grande compaixão toma atitudes eficientes de alguém que realmente ama e deseja praticar o bem.

2. Somos criados para as boas obras.

Tal  qual o bom samaritano, o crente precisa ter o máximo de cuidado para ser uma pessoa constante na prática de obras de misericórdia. Pois quem exerce obras de misericórdia revela que serve a um Deus misericordioso, longânimo e benigno.

A ação de misericórdia pode ser executada em diversas esferas das necessidades humanas, espirituais, evangelização e missões. O mordomo, cônscio do seu dever de executar a misericórdia, manifesta através de seus atos a vontade de Deus quando pratica o bem. Ao realizar tal ação, o cristão autêntico não faz acepção de pessoas, de circunstâncias e lugares (Mateus 5.43, 45; Lucas 23.42, 43; Atos 17.30).

Em Mateus 5.44, Jesus Cristo ordena aos seus seguidores manifestar a misericórdia perdoando os inimigos; em Efésios 4.32, está escrito: "Antes, sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo" (ARC).

Quem pratica as boas obras aos pequeninos, aproveita o privilégio de fazer o bem ao próprio Cristo (Mateus 24.40). O apóstolo Paulo sempre desenvolveu seu ministério missionário, esforçando-se para atender os pobres em suas necessidades (Gálatas 2.10).

Paulo recomendou a Tito que ensinasse aos irmãos da igreja que pastoreava a serem crentes frutíferos na aplicação de boas obras; explicou que para ser possível haver a frutificação era preciso ensiná-los a evitar discussões inúteis, pois as mesmas causam perda de tempo. "Fiel é esta palavra, e quero que você fale ousadamente a respeito dessas coisas, para que os que creem em Deus se empenhem na prática de boas obras. Estas coisas são excelentes e proveitosas para todas as pessoas. Evite discussões tolas, genealogias, controvérsias e debates sobre a lei; porque são inúteis e sem valor" (Tito 3.8-9).

III - CUIDADOS NA PRÁTICA DAS BOAS OBRAS

1. As boas obras devem glorificar a Deus.

A fé que agrada ao Senhor é ativa, materializada em ações de testemunho perante o Altíssimo e os homens, composta de ações preparadas por Deus para que o crente, criatura feita semelhante ao Criador, ande nelas (Mateus 5.16; Efésios 2.9-10).

O cristão é instruído por Cristo a influenciar espiritual e moralmente através do seu testemunho, assim como o sal e a luz mudam de forma definitiva o espaço que ocupam. No ambiente social, tal influência pode e deve acontecer por meio do testemunho da mordomia das obras de misericórdia, feitas com o objetivo único e exclusivo de glorificar a Deus (Mateus 5.16; 6.2).

A vida terrena, assim como a neblina, é passageira e se dissipa rapidamente. Uns chegam aos 70 e outros aos 80 anos de idade, enquanto outros não alcançam tal longevidade. Portanto, não convém viver distraídos com banalidades; ao contrário, devemos remir o tempo, usar a sabedoria à prática da mordomia cristã (Salmo 90.10; Tiago 4.14).

Como mordomos de tudo o que Deus tem nos concedido, um dia teremos que prestar contas dos nossos bens e talentos. O cristão sábio é administrador fiel, prudente e exemplar, faz a vontade de Deus sabendo que haverá recompensa aos que realizarem de modo correto a mordomia cristã, e cobrança e castigo aos negligentes (Lucas 12.42-48).

2. As obras de misericórdia são obras de amor.

A misericórdia de Deus causa uma grande diferença para melhor na vida do cristão (Tito 3.4) Há uma bela ilustração da misericórdia divina em 2 Samuel, na maneira como Davi tratou Mefibosete, o príncipe aleijado. Uma vez que Mefibosete era neto de Saul e filho de Jônatas, era esperado que fosse assassinado. Mas, fazendo uso da misericórdia do Senhor através de seus atos, Davi poupou sua vida e o acolheu como um de seus filhos à mesa do palácio.

A essência do amor é o próprio Deus; o amor em ação é a essência do cristianismo; a misericórdia é o amor posto em prática; se manifesta em atos de amor porque são obras de amor. Com base neste conjunto de fatores, o apóstolo João declarou: "Quem não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor" (1 João 4.8).

"Pois quero misericórdia, e não sacrifício; conhecimento de Deus, mais do que holocaustos" - Oseias 6.6. O crente deve conhecer a vontade do Senhor e ser observador quanto aos fatos que ocorrem ao seu redor, com o objetivo de prestar socorro aos que necessitam de auxílio. Conhecer a Deus, significa:
• Procurar entender o que Ele fala (Oseias 6.3);
• Conhecer o poder que há em sua comunicação (Salmos 29.3-5, 9);
• Compreender que a vida eterna está nEle e em Jesus Cristo (João 17.3);
• Saber qual é sua vontade e praticá-la (1 Tessalonicenses 4.3-8).
Em Oseias 6.6, o Senhor expressa a questão da necessidade de seus servos terem a capacidade diferenciar entre Ele, que é o Deus verdadeiro, e os deuses falsos. Exige de quem o serve demonstrar a mesma diferença em seu estilo de vida, com relação aos que seguem religiões pagãs. O paganismo, ao invés de promover a santidade e a misericórdia, exige dos pagãos sacrifícios cultuais.

3. Obras de quem é salvo.

Antes de reconhecer a Cristo como Salvador e Senhor, éramos mortos em delitos e pecados, andávamos perdidos seguindo o curso desse mundo, fazíamos a vontade da carne e dos pensamentos, éramos como filhos da ira. Porém, ao crer no plano redentor, nos tornamos filhos da misericórdia de Deus, estamos vivificados em Cristo e temos uma cidadania assegurada nos lugares celestiais, e estamos regenerados para ser a demonstração eterna da obra redentora realizada por meio da graça divina (Efésios 2.1-10).

Aos crentes efésios, Paulo esclareceu que a salvação não é conquistada por meio das "obras, para que ninguém se glorie" (2.9-10). A salvação não pode ser resultado de obras humanas, pois a obra salvadora já foi concluída de modo perfeito na cruz (João 17.1-4; 19.30). Essa obra que Deus realizou por nós, motivada por misericórdia, não precisa de reparos  humanos. Não podemos acrescentar nada consistente a ela (Hebreus 10.1-14); não podemos subtrair coisa alguma dela. Quando Jesus morreu, o véu do templo rasgou-se de alto a baixo em duas partes, mostrando que a partir daquele momento o acesso para Deus foi aberto ao pecador arrependido. Desde então não existe mais necessidade de realizar sacrifícios, pois um único sacrifício - o do Cordeiro de Deus - realizou por completo a grande obra da salvação.

O texto de Tiago diz que a fé salvífica tem que ser atuante. Se a fé não apresenta atitudes de amor a Deus e ao próximo, é uma fé morta  (2.14-20). Com base nesse ensino, podemos concluir que fé sem misericórdia é o mesmo que viver carregando nos ombros um cadáver em avançado estado de decomposição. A fé daquela pessoa que vê um irmão usando peças de roupas esfarrapadas e com dificuldade para alimentar-se, vê alguém sofrendo por falta de elementos indispensáveis à sua sobrevivência digna, e simplesmente saúda-o com "a paz do Senhor", tendo condições para socorrê-lo mas não o socorre, é uma fé que não representa a doutrina de Cristo.

É importante considerar que nas Escrituras Sagradas o sentido contrário de amar não é apenas odiar; na Palavra de Deus, não amar também significa agir com indiferença. Portanto, não há como perceber que uma pessoa é salva apenas porque diz que é salva; que ama a Deus e ama o próximo pelo fato de declarar em palavras possuir o amor. A fé salvífica é reconhecida e demonstrada de modo real através de ações de misericórdia, e propagação do Evangelho de Cristo.

O exercício da misericórdia é a oportunidade de trazer o amor de Deus aos seres humanos. Cabe ao crente verificar na igreja local, entre os moradores do bairro em que mora, as demandas de necessidades que existem ali e ponderar sobre o que é possível ser feito. As possibilidades são muitas: arrecadar alimentos e roupas para quem precisa; doar sangue; visitar os enfermos em hospitais e nas residências; identificar a necessidade de uma pessoa em detalhe e mobilizar uma ação coletiva específica com o objetivo de resolver o problema em definitivo.

A respeito dos crentes praticantes da mordomia de obras de misericórdia, o apóstolo João ouviu uma voz no Céu, que dizia: "Escreva: 'Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham" (Apocalipse 14.13).

CONCLUSÃO

Tudo o que temos e somos vêm do Senhor, precisamos manter esta condição sempre avivada em nossa memória para não pecar como pecaram o sacerdote e o levita, personagens da parábola O Bom Samaritano. A misericórdia faz parte do conjunto de ações que acompanham a salvação do crente em Jesus

A fé autêntica não visa apenas salvar a alma individual da condenação eterna, mas também construir  comunidades a fim de mostrar o amor de Deus não só círculo religioso dos próprios crentes, mas também no mundo em que vivem, considerando a questão econômica, vinculada diretamente à miséria que muitas pessoas e nações estão acometidas.

A Bíblia esclarece de maneira muito clara que não devemos fazer boas obras para sermos salvos, como apregoa o espiritismo e outras religiões reencarnacionistas, que ensinam uma salvação alcançada pelas obras de filantropia. É importante promover o bem-estar do próximo, porém, tendo em vista que esta prática tem seu valor somente para o relacionamento social. a conquista da vida eterna acontece apenas quando a alma humana reconhece que o seu Salvador e Senhor é Jesus Cristo.

E.A.G.

Compilação:

Bíblia de Estudo Palavras-Chave - Hebraico e Grego. Edição 2011. Páginas 1647, 2182 E 2617. Bangu; Rio de Janeiro / RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).
Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento Warren W. Wiersbe (volume 2). Edição 2006. Páginas 24, 347. Santo André/SP (Geográfica Editora).
Comentário Bíblico - Efésios. Elienai Cabral. Edição 1999, Rio de Janeiro /RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).
Ensinador Cristão, ano 20, número 79, 3º trimestre de 2019, páginas 19, 20, 31 e 41. Bangu, Rio de Janeiro/RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).
Lucas - O Evangelho do Homem Perfeito. Myer Pearlman. Edição 1995.  Páginas 79 a 87. Rio de Janeiro / RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).
Tempo, Bens e Talentos - Sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus tem nos dado. Elinaldo Renovato. 1ª edição 2019. Páginas 132, 134, 135, 141-143. Bangu; Rio de Janeiro / RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).

domingo, 8 de setembro de 2019

O realismo no grafite do português Odeith - carcaça de ônibus


Sergio Odeith, artista português nascido em Damala, depois de criar diversas imagens de insetos gigantes, e mostrá-las em sua página no Instagram, criou no mês passado a impressionante imagem de um ônibus velho - a obra é tão realista que alguns observadores perguntam se o indivíduo assentado sobre o veículo é ou não real. Não é desenho, trata-se do próprio artista. 

Ele desenvolve sua pintura usando linhas em ângulos de 90 graus, cria sombras muito realistas. Sua técnica causa  uma ilusão de ótica no observador. Esta perspectiva do seu trabalho é admirada e reconhecida. Muitos murais já foram realizados por contratos, entre os contratantes estão empresas como  London Shell, Kingsmill, Samsumg e Coca-Cola. Há também em seu currículo os clubes de futebol Sport Lisboa e Benfica, Câmara Municipal de Lisboa e a Câmara Municipal de Oeiras.

Odeith já passou pelo Brasil, apresentou sua arte em São Paulo no Museu Brasileiro de Escultura (MuBE).

Quer ver mais? https://www.instagram.com/odeith/

E.A.G.

sábado, 7 de setembro de 2019

O dia 7 de Setembro que a Rede Globo chamou um garotinho de imbecil


O perfil do portal de notícias da Globo no Facebook publicou, na tarde deste sábado (7 de Setembro de 2019), comentário ofensivo a Ivo César Gonzales, garoto de apenas 9 anos de idade, que participou de desfile do 7 de setembro ao lado do presidente Jair Bolsonaro, no Rolls-Royce presidencial.

O menino corria para acompanhar de perto o carro, Bolsonaro percebeu sua corrida e o convidou para entrar no automóvel. Sua mãe concordou e então Ivo desfilou com o presidente.

A máscara caiu e perceberam tarde demais.

O menino foi chamado para um entrevista ao portal G1. E na pureza das crianças, disse ao entrevistador o que pensava sobre o evento cívico: "Hoje foi o melhor desfile de todos, porque isso nunca tinha acontecido na minha vida. Conhecer os políticos, andar no carro do Bolsonaro, poder ver as viaturas de perto. Foi um dia muito legal.” Após isso, surgiu a digitação do perfil portal G1: "moleque imbecil, vai se alfabetizar." Meia-hora depois, a ofensa foi deletada, porém, criticada por internautas, printada e compartilhada em redes sociais.

Ao anoitecer, a Rede Globo tentou fazer a justificação do injustificável via Twitter e no próprio Facebook. Comunicou que a conta teria sido usada de modo indevido e que repudiaria o uso daquela maneira e que haveria apuração e uma tomada de medida cabível ao fato. Acredite se quiser
Acredite quem quiser: "A conta do G1 no Facebook foi indevidamente utilizada para um comentário ofensivo em um post sobre o menino que acompanhou o presidente Jair Bolsonaro no desfile de 7/9. O G1 repudia o uso de sua conta e anuncia que vai investigar o ocorrido e tomar as medidas cabíveis. (7:03 PM – 7 de set de 2019 – TweetDeck)".

E.A.G.

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Salmo 23 na versão King James Atualizada


O Senhor é o meu pastor; nada me falta.

Em verdes prados me faz descansar, e para águas tranquilas me guia em paz.

Restaura-me o vigor e conduz-me nos caminhos da justiça por amor do seu Nome.

Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, pois tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me protegem.

Tu prepararás um banquete para mim na presença dos meus inimigos; me honrarás, ungindo a minha cabeça com óleo e fazendo transbordar o meu cálice.

A felicidade e a misericórdia certamente me acompanharão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do Senhor por dias sem fim.

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Davi vence Golias


Deus nos garante vitória pela autoridade que há no nome de Jesus Cristo. 

Para conquistar vitórias, enfrentemos todas as lutas com a prática da orientação da Palavra, tipificada nas Escrituras Sagradas pela espada, e não nos esquecemos de usar a fé cristocêntrica, simbolizada na Bíblia como o escudo.

Assim todos os problemas são derrotados, para a glória do Senhor.

As lutas que nos afrontam podem ser maiores que o gigante incircunciso que Davi enfrentou e o venceu, porque amava ao Todo Poderoso e vivia de acordo com as diretrizes das Escrituras, nós também seremos vitoriosos, porque o Criador está ao nosso lado e é bem maior que o tamanho do Universo.

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► O sentido etimológico do termo vaidade
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E.A.G.