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terça-feira, 24 de abril de 2018

Ética Cristã, Pena de Morte e Eutanásia

INTRODUÇÃO

Em definição simplista, morte é o fim da vida, o término absoluto da vida. Na área da Ética, o modo de lidar com este vocábulo é intrigante, complicado e incômodo: Será que a pessoa acaba-se somente no momento em que seus sinais vitais já não são notados? Os dilemas éticos impelem a comprovar a falência encefálica de um adoentado antes mesmo da parada cardíaca.

Temas como eutanásia e pena de morte agitam profundamente as emoções de cada um de nós. Então, é sempre pertinente refletir sobre como é digno de apreço o tempo de existência do ser humano. A cada novo amanhecer surgem novas oportunidades dadas por Deus para que vivamos melhor. Se procedemos ofensivamente, há a chance de corrigir o erro. Se não erramos, temos a possibilidade de reafirmarmos ainda mais a confiança nAquele que é a fonte de todo contentamento. Em ocasiões extremas, temos a oportunidade de confirmar a fé e a crença nas promessas contidas na Palavra de Deus. Em todas as circunstâncias, celebremos a vida (Salmo 118.24).

I - A PENA DE MORTE NAS ESCRITURAS


1.1 No Antigo Testamento.

"Não seria justo que uma pessoa que mata, também morra?" Às vezes, tal indagação surge de alguém que perdeu uma pessoa querida, envolve os sentimentos de tristeza e justiça. A situação possui cunho da Ética Cristã. É preciso formar opinião com base bíblica sobre casos assim.

A pena de morte perpassa a história da humanidade e é bíblica. O Antigo Testamento estabelecia a pena capital. No tempo de Noé, ela é vista possivelmente como forma de frear a violência que multiplicava-se naquela civilização.

Após a saída dos israelitas do Egito, a pena de morte fez parte do código da lei mosaica, foi regulamentada tendo como base o Decálogo, normatizando-se a penalidade para diversos delitos. Foi usada como castigo: "sangue por sangue e vida por vida" (Êxodo 21.12, 23). Instituída para punição a quem praticasse crime intencional, premeditado, valendo-se de má fé. O regulamento não contraria o sexto mandamento, pois o verbo hebraico rãtsah presente na sentença "Não matarás" (Êxodo 20.13), significa "não assassinarás", proíbe de fato o homicídio doloso ou qualificado.

Quando o indivíduo era acusado de matar, a Lei de Moisés exigia que o Estado fizesse justiça. Para o devido processo legal ao menos duas testemunhas eram requeridas para a efetivação da demanda (Deuteronômio 17.6). Assim, a sentença de morte do homicida era vista como a prática da justiça contra a impunidade. Porém, havia exceções. Quando Davi adulterou e premeditou a morte de Urias, a execução da pena de morte não foi aplicada ao monarca (2 Samuel 11.3,4,15; 12.13). Neste caso. Deus tratou pessoalmente do pecado do rei (2 Samuel 12.10-12).

A ideia de amenizar o uso da pena de morte surgiu com o advento do humanismo iluminista, por volta do século dezoito.

1.2 No Novo Testamento.

Nos Evangelhos, não houve abrandamento para a pena de morte.

João Batista, quando foi confrontado por grupos de pessoas arrependidas, que buscavam orientação para suas vidas, não recomendou aos soldados que deixassem a vida militar. Seu conselho foi no sentido de não tratar mal nem defraudar ninguém e que estivessem satisfeito com o salário  (Lucas 3.14).

Encontramos nas cartas de Paulo um ensino esclarecedor sobre este assunto. Na época em que o apóstolo viveu, havia uma sociedade em que a aplicação da pena de morte e o envolvimento na vida militar eram situações consideradas comuns. Ao magistrado, ou autoridade civil, estava confiada a "espada", isto é, o direito de tirar a vida àqueles que desobedeciam a lei. As orientações de Paulo sobre esta questão não ensina que  essa ordem seja, em essência, ímpia, nem que o poder da espada deva ser considerado diabólico, mas que o cristão deve se submeter e orar a favor daqueles que estão no poder (Romanos 13.1-4; 1 Timóteo 2.1-2).

No Antigo Testamento, ofensas como o adultério, o incesto, etc, eram punidas com a pena de morte. O Estado que punia estava sob o regime teocrático, não havia distinção entre o poder civil e o religioso. O Novo Testamento foi escrito para as igrejas em sociedades não teocráticas. Obviamente, as igrejas não têm poder de aplicar a pena capital e este nunca foi o seu papel. Em Romanos 13.1-7, Paulo define o poder da sociedade civil e exorta a igreja não a aplicar as penalidades que competem às autoridades, mas sim a se sujeitar às autoridades do poder civil nesse aspecto.

No assunto da pena de morte e em todos os outros, necessitamos ter em vista uma ética que se preocupe com a vida em sua integralidade, durante toda a existência da pessoa. Jesus possui em favor de toda a humanidade a 'ética do cuidado'. Ensina a valorizar a vida acima das coisas. O cristão precisa praticar a Ética de Cristo, que nos transforma em modelos da prática do amor ao próximo e, principalmente, aos mais necessitados. Fazendo assim, o cristão não agirá como transgressor da lei vigente na sociedade em que é cidadão.

Em nossos dias, existe uma grande discussão sobre o assunto, embora não haja consenso. Em função da progressão da violência existente, não são poucas as pessoas que desejam a pena capital. Embora haja respaldo bíblico para a pena de morte, nós cristãos continuamos a crer que existe a verdadeira transformação, aquela operada pela regeneração em Jesus Cristo e atuação do Espírito Santo no homem interior.

O cristão autêntico tem a obrigação de esforçar-se para estudar a Bíblia Sagrada e tornar-se apto a refletir sobre a pena de morte partindo de um embasamento bíblico-teológico, à luz da Ética Cristã. Fazendo assim, passará a reconhecer que na Bíblia há respaldo para a pena de morte, não como regra, mas como exceção.

II - EUTANÁSIA: CONCEITOS E IMPLICAÇÕES



2.1 O conceito de eutanásia.

O vocábulo "eutanasia" foi usado pela primeira vez pelo filósofo inglês Francis Bacon (1561-1627). Etimologicamente a palavra "eutanásia" vem de dois termos gregos: eu, com significado de “boa” ou "fácil" e thánatos, que significa "morte". A junção destes dois termos resulta na expressão "boa morte", também conhecida como "morte misericordiosa".

Os únicos textos bíblicos que fazem referência à eutanásia, em algum sentido dessa palavra, são Êxodo 23.7 e 2 Samuel 1.1-16. No primeiro, vemos que Deus proíbe o povo matar inocentes; e o segundo ilustra este princípio por meio da posição tomada por Davi contra o amalequita que requereu o mérito da haver tirado a vida de Saul, supostamente transpassado por uma espada em campo de batalha.

Nos dias atuais, tal procedimento é usado por médico, através da aplicação de algum tipo de agente (substância, medicamento, etc.).

Aqueles que defendem acelerar a morte de pacientes em estágio terminal, alegam que o objetivo é levá-lo à “morte misericordiosa”, pondo fim ao seu sofrimento intenso, argumentando que “não se deve manter artificialmente a vida subumana ou pós-humana vegetativa”, e que se deve evitar o padecimento de pacientes desenganados, com doenças incuráveis, moléstias prolongadas tais como câncer, AIDS e outras.

O grande apego emocional ao ente querido que se encontra desenganado pela medicina é uma circunstância delicada da Ética Cristã. Familiares e amigos, perguntam: Como não pensar em pôr fim ao sofrimento intenso da pessoa que amamos? 

Nestes casos, a definição de misericórdia aplicado à eutanásia é errada, pois a prática da misericórdia significa em ter a disposição para fornecer socorro até às últimas consequências, e isto não abrange tirar a vida com a suposta justificativa de estar abrandando a aflição de alguém.

A morte na Bíblia não é boa por definição. É a consequência do pecado e o apóstolo Paulo a chama de seu último inimigo (Gênesis 2.7; Romanos 3.23;1 Coríntios 15.26). Como é possível estar cumprindo a vontade de Deus ao praticar um ato que adianta a morte física de uma pessoa? Levando em consideração o ensino bíblico sobre o tormento eterno, que é tudo o que o futuro reserva àqueles que morrem sem conhecer a salvação em Jesus, como podemos antecipar a morte e provável tormento eterno de alguém motivados pela "misericórdia"?

2.2 As implicações da eutanásia.

O argumento em favor da eutanásia é humano e não tem base bíblica. Alega que deixar alguém sofrendo sem a perspectiva de sobrevivência é menos moral do que acelerar a morte para tal pessoa.

A prática da eutanásia tem implicações de ordem legal, moral e ética.
a. Nos aspectos legais, a Constituição Brasileira assegura a "inviolabilidade do direito à vida" (Art. 5°). Assim, a "eutanásia" é tipificada como crime no Código Penal Brasileiro (Art. 122). No entanto, tramita no Senado Federal o Projeto de Lei n° 236/12 (Novo Código Penal) onde o juiz poderá deixar de aplicar punição para quem cometer a eutanásia seja ela passiva ou ativa.
b. Nas questões de ordem moral, nos deparamos com a violação do sexto mandamento "Não matarás" (Êxodo 20.13). Quando a "eutanásia" é consentida pelo paciente, surge o problema do pecado de suicídio. Pergunta-se ainda: a quem mais interessa a eutanásia? Ao paciente ou ao seu Plano de Saúde? As motivações parecem ser mais econômicas que humanitárias?
c. Legal. A eutanásia é um crime contra a vontade de Deus explícita no Decálogo. Portanto, somente Deus tem o direito de dar a vida e de tornar a tirá-la, pois é santa em si e em sua finalidade. Inevitavelmente, se reconhece o posicionamento da Bíblia neste assunto da eutanásia. Ela diz: “Não matarás…” (Êxodo 20.13). Daí, a tradicional ponderação de que a ação do médico, tirando a vida do paciente, é uma atitude contra a vontade de Deus, equiparável ao assassinato ou homicídio.
É importante saber respeitar o corpo humano como propriedade de Deus. “Matar por misericórdia”, mesmo com consentimento de quem está sofrendo, não é moralmente correto, e tal pedido equivale ao suicídio. Portanto, quem pratica esse tipo de eutanásia é cúmplice de suicídio.
Se a pessoa em sofrimento é crente e confiou todos os dias nas mãos de Deus, como poderá desejar que um familiar ou médico decida precipitar o fim da sua vida física? O crente fiel sabe que Deus planejou e controla o número de dias de sua vida e confia que lhe dará o número apropriado para vivê-los. Sabe que faz parte dos propósitos de Deus permitir que a maioria de seus filhos atravessem períodos de aflições. Dias estes que contribuem para o seu amadurecimento e santificação (Romanos 5.3- e 8.28; 2 Coríntios 4.16, 17; Tiago 1.2-4).

Como cristãos, o nosso dever é aliviar o sofrimento das pessoas por outros métodos e não tirando-lhes a vida. Mostremos, pois, que Deus tem um firme compromisso com a pessoa humana, desde a concepção à morte natural. Devemos incentivar todo esforço na tentativa de sua cura, seja por medicamentos, seja pela prece realizada usando a fé:
 "A oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados. Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis; a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (Tiago 5.15,16).
Nesses tempos difíceis e trabalhosos, que todas as pessoas desse mundo saibam que o cristão evangélico é contra a eutanásia, pois a vida é sagrada aos olhos de Deus. A única morte desejável e boa que a Palavra de Deus se refere é o morrer na esperança cristã, conforme escreveu o apóstolo Paulo: 'Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro'(Fp 1.21). Certamente, o Juramento de Hipócrates, proclamado pelos médicos, deve ser considerado, prescrevendo que os mesmos não devem “dar remédio letal a quem quer que o peça, tampouco… fazer alguma alusão a respeito 

III – A VIDA HUMANA PERTENCE A DEUS


3.1 A fonte originária da vida.

A frase "No princípio Deus...", em Gênesis 1.1 marca o começo do Universo no tempo e espaço. Explica a causa da existência de todas as coisas com respeito à criação. Refere-se à criação da Terra e de tudo o mais sem material pré-existente, trazidos à existência a partir do nada. Refere-se à ação criadora do Deus verdadeiro que não possui começo e fim. O versículo 27 deste mesmo capítulo e livro, fala do momento em que o Criador fez o ser humano do pó da Terra, fez o casal Adão e Eva, obra prima de suas mãos, segundo sua imagem e semelhança. Somente Deus dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas (Atos 17.25). A vida de toda a humanidade tem existência por causa da vontade do Altíssimo.

Jesus Cristo é o primogênito de todas coisas, sustenta todas as coisas vistas e não vistas e tudo subsiste e acontece dentro dessa realidade. Como Deus, Jesus Cristo criou o Universo material e espiritual para seu prazer e glória (Romanos 11.33-36; Hebreus 1.3; Colossenses 1.16-17). Assim sendo, o Senhor, que vive eternamente, é a fonte originária da vida e só Ele tem autoridade exclusiva para concedê-la ou tirá-la (Salmo 90.2; 2 Samuel 2.6).

3.2 O caráter sagrado da vida.

Reduzido à penúria total, sofrendo terrivelmente com chagas por todo o corpo, o patriarca Jó foi para onde os leprosos iam; o monte de cinzas fora da cidade, onde raspou suas feridas com um pedaço de cerâmica quebrada. Em meio a toda essa aflição, sua confiança permaneceu firme, de modo que sua esposa não pôde acusá-lo de insinceridade religiosa, como havia feito Satanás ao observá-lo cheio de saúde e prosperidade. Em essência, o argumento dela foi: "esqueça sua piedade e amaldiçoe a Deus e morra; não é mais necessário seguir na mesma fé de Abel, de Noé e de Abraão", dando a entender que a morte seria a solução de seus problemas. A resposta de Jó não foi um insulto ao dizer-lhe "como uma doida falas tu", mas a descrição da pessoa que despreza a Deus e à sua vontade. Ao rejeitar tal pensamento tolo, Jó demonstrou reconhecer o caráter sagrado da vida que Deus nos dá, e dessa maneira enalteceu a soberania divina sobre a existência humana e foi recompensado pelo Criador devido sua escolha em continuar a viver glorificando-o (Jó 2.9-10; e capítulo 42 inteiro; Salmos 14.1; 53.1).

Em Atos 3.15, Pedro descreve Jesus Cristo como o Autor da vida. A palavra grega para "autor" é originador ou iniciador de alguma coisa. Davi, no Salmo 36 e versículo 9, descreve ao Senhor desta maneira: " Porque em ti está o manancial da vida; na tua luz veremos a luz".

O Senhor observa o desenvolvimento da criança ainda no útero da mãe. Ele vê o início da gravidez, período divinamente planejado pelo Todo Poderoso para que o embrião ou feto esteja no interior do ventre de sua genitora, protegido de intempéries agressivas e outros riscos à vida (Salmos 139.13-16). Tudo está visivelmente nítido aos olhos do Criador.

A vida é um dom de Deus concedida ao homem. Só ao Criador cabe o direito de concedê-la ou suprimi-la, direta ou indiretamente, sem que se configure um crime. A vida não pertence ao ser humano. Toda concessão continua sendo de domínio do seu proprietário. Assim, não é da competência deste homem decidir o momento em que sua vida, ou de quem quer que seja deva ser destruída. Temos a incumbência de agir como bom administrador ou mordomo, com a finalidade de futuramente prestar contas ao seu legítimo dono, que é Deus. 

CONCLUSÃO

Na busca de respostas consistentes sobre a pena de morte e a eutanásia, que todo cristão busque conhecer a doutrina da Bíblia Sagrada, com o objetivo de possuir condição ao comportamento respaldado na vontade de Deus. E ponderar que a vida humana, sua sacralidade e dignidade, têm origem no Criador. Sabendo que atentar contra a vida humana, que é dom divino, significa colocar-se contra a soberania do Autor da vida.

O poder absoluto sobre a vida e a morte pertence a Deus. A ideologia que propaga o direito do homem em exterminar a própria vida, ou a do outro, viola o propósito divino (João 10.10).

Eliseu Antonio Gomes. Belverede.E.A.G.

Compilações

Ética Cristã Hoje - vivendo um Cristianismo coerente em uma sociedade em mudança rápida, Alan Pallister, páginas 130, 131, 146, 147, edição 2005, São Paulo (Shedd Publicações).
Lições Bíblicas Adulto. Valores Cristãos - Enfrentando as Questões Morais de Nosso Tempo, Douglas Baptista, lição 5 - Ética Cristã, Pena de Morte e Eutanásia, 2º trimestre de 2018.
Lições Bíblicas Adulto. Ética Cristã - Confrontando as questões morais. Lição 8: O cristão e a pena de morte, Elinaldo Renovato de Lima, 3º trimestre de 2002.
Lições Bíblicas Adulto, Ética Cristã - Confrontando as questões morais. Lição 9: O cristão, a eutanásia e o suicídio Elinaldo Renovato de Lima, 3º trimestre de 2002. 


sábado, 21 de abril de 2018

A ética cristã e o aborto

Por Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

Na maior parte dos grandes questionamentos éticos, a Bíblia Sagrada possui posicionamento definido e cristalino.

A ética embasada na Lei de Deus e no ensinamento de Cristo é obviamente uma escolha melhor, revela lógica e bom senso, do que uma ética que ambiciona basear-se no iluminismo ou em filosofias mais novas. A partir de um ponto de vista bíblico, é possível declarar por qual motivo o cristão deve ser ético, e também qual é a verdadeira origem da sua vontade de ser ético.

I – ABORTO:  CONCEITO GERAL E BÍBLICO.

1.1 Conceito geral de aborto.

O aborto é o fim da gravidez, a interrupção do nascimento, é a remoção de um embrião ou feto antes que ele possa sobreviver fora do útero, ou seja, é a causa a morte do embrião ou feto. Ao ocorrer espontaneamente, é descrito como aborto espontâneo. Se o aborto é causado de propósito, é então chamado de aborto induzido ou "aborto espontâneo induzido". A palavra aborto é freqüentemente usada para significar apenas abortos induzidos.

Hipócrates (460 a.C. - 370 a.C.), foi médico grego, considerado o pai da medicina na cultura ocidental, autor do juramento que leva seu nome. O Juramento de Hipócrates, escrito entre o terceiro e quinto século a.C. é um dos mais conhecidos textos médicos gregos e considerado mais que um rito de passagem para graduados em medicina. O juramento feito solenemente pelos médicos, por ocasião de sua formatura, é a expressão mais antiga da ética médica no mundo ocidental. Apresenta as bases de vários princípios aos profissionais na área da saúde que continuam sendo de suma importância na atualidade. A síntese deste documento aborda os deveres que o médico deve ter para com o seu professor e para com a profissão; inclui os princípios de sigilo e não maleficência; abrange a integridade de vida, a assistência aos doentes e o desprezo pela sua própria pessoa.

Por conta do Juramento de Hipócrates, é amplamente visto como questionável a execução da interrupção da gravidez na área legal da medicina.

A militância pró-aborto costuma salientar os seguintes argumentos a favor da sua posição, partindo da base de que o feto não seria uma vida humana:
• O direito da mulher sobre o seu corpo;
• O fato de não se autorizar o aborto faz com que haja muitos abortos clandestinos que envolvem riscos graves para a saúde;
• As mães pobres, que são forçadas a dar à luz aos seus filhos, têm muitos problemas financeiros;
• As mulheres não devem ser forçadas a trazer filhos indesejados ao mundo;
• As mulheres não devem ser obrigadas a trazer filhos gravemente deficientes ao mundo;
• As vítimas de violação ou de incesto não devem ser forçadas a seguir com a gravidez;
• A dissuação, se for usada, deve ser verbal e pessoal, e não legal;
• O apoio oficial a mães que tiveram filhos sem terem condições materiais para isso é muito dispendioso.
1.2 O aborto no contexto legal.

A consciência da pós-modernidade alega que quando permitido por lei, o aborto no mundo desenvolvido pode ser um dos procedimentos mais seguros na medicina. É discutível a afirmação da Organização Mundial de Saúde quando diz que os abortos induzidos não aumentam o risco de problemas mentais ou físicos a longo prazo, segundo matéria do Journal of Obstetrics and Gynaecology Canada, abortos realizados em instalações insalubres causam 47 mil mortes e 5 milhões de internações hospitalares a cada ano, com cerca de 45% de fracassos. 

As leis do aborto e as visões culturais ou religiosas dos abortos são diferentes em todo o mundo. Em algumas áreas, o aborto só é legal em casos específicos, como estupro, problemas com o feto,  pobreza, risco à saúde da mulher ou incesto. Em muitos lugares, há muito debate sobre as questões morais, éticas e legais do aborto.

Aqueles que se opõem ao aborto freqüentemente sustentam que um embrião ou feto é um humano com direito à vida, e assim eles podem comparar o aborto ao assassinato. Aqueles que defendem a legalidade do aborto freqüentemente sustentam que uma mulher tem o direito de tomar decisões sobre seu próprio corpo. Outros favorecem o aborto legal e acessível como uma medida de saúde pública.

1.3 Conceito bíblico de aborto.

A vida é sagrada e devemos procurar proteger toda a vida humana: o não-nascido, a criança, o adulto e o idoso. A criancinha no ventre materno não é uma massa de tecido, ele ou ela é um ser humano aos olhos de Deus. A má condição espiritual do homem é a raiz da questão que o leva a aceitar o aborto. Em quase todos os casos de gravidez indesejada, e outros perturbações, as pessoas envolvidas estão escravizadas pelo pecado. Somente quando há a conversão a Jesus Cristo é que diversos males são evitados e resolvidos.

Tal como a eutanásia, o aborto não é objeto de nenhum estudo específico nos livros da Bíblia Sagrada. Contudo, mais ainda do que em relação à eutanásia o texto de Êxodo 23.7, que aborda a defesa do Senhor ao inocente e ao justo, deve ser entendido como pondo de lado qualquer possibilidade de concretizar esse ato, pois Deus não justificará o ímpio. Na lei mosaica, provocar o encerramento da gravidez de uma mulher era tratado como ato criminoso, causar a morte do feto era cabível do pedido de retaliação (Êxodo 21.22,23).

1.4 O aborto na história da igreja.

Em 1973, nos Estados Unidos, Jane Wade foi à Justiça americana afirmando que sua gravidez tinha origem em um ato de violação e reclamava a exigência do Estado em que mantivesse a sua gravidez. Ela alegou seu direito a privacidade, com base na Constituição, e afirmou que essa privacidade se estendia ao útero. Seu caso ficou conhecido como Processo Roe-Wade. A sentença dada pelo Tribunal defendeu seu direito à privacidade e consequentemente arrastou vários outros casos de desejo ao aborto a uma situação de extrema permissividade. Vários anos depois que Jane Wade ganhou seu processo e abortou, admitiu que havia mentido, declarou que não havia sido violada e a gravidez fora consequência de falha nos métodos contraceptivos que usara. Em 1995 ela se converteu a Cristo, deixou seu trabalho em uma clínica de aborto e integrou-se a uma igreja cujo pastor é um dos líderes do Movimento Militante Pró-Vida.

O Criador não deixa de amar as mulheres que se dispuseram a abortar. Todas devem voltar o coração para Deus, não apenas para colocar esse problema em Suas mãos, mas para dedicar toda a sua vida a Ele, que deseja perdoar os equívocos do passado e guiar ao futuro com Jesus. Basta fazer um compromisso com Cristo e depois pedir a Ele ajuda para seguir realizando o que é certo.

II – O EMBRIÃO E O FETO SÃO UM SER HUMANO.

2.1 Quando começa a vida?

Se nos dermos ao trabalho de examinar a etimologia do vocábulo 'feto', constataremos que o aborto é um crime não somente hediondo, mas tremendamente covarde. No latim, a palavra fetus significa pequenino. O Dicionário Latino-Português de F. R. dos Santos Saraiva define a palavra simplesmente como filho no ventre.

Tenta-se definir em que momento, no período da gestação, o feto se transforma em pessoa. Todas as posições são subjetivas e não podem ser provadas cientificamente. Há quem defenda que só é "pessoa" ao nascer. Essa posição é a mais absurda, já que um bebê é praticamente idêntico em tudo ao bebê que nasceu no dia anterior, sendo que a única diferença é o espaço de tempo de aproximadamente 24 horas.

Apesar da situação inaceitável, só é compreensível haver quem faça defesa do aborto quando não há a percepção sobre a dimensão sacra da vida, quando não existe a compreensão de dignidade humana inerente à sua natureza. Quando se remove o transcendente, e foca-se somente numa ética materialista, o embrião é visto apenas como um amontoado de células que pode ser desprezado por qualquer motivo.

Defender o direito à vida do nascituro é a comprovação do compromisso com a dignidade do ser humano e a sacralidade da vida. A vida é santa, É uma dádiva de Deus. Por isso, é necessário aprofundarmos a visão bíblica e sacra da vida afim de que a cultura da morte, instaurada em nossa sociedade, seja finalmente sufocada.

2.2 O que diz a Bíblia.

A Bíblia nos relata sobre a origem da vida: "E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente' (Gênesis 2.7). Após o homem ser formado através do processo sobrenatural da combinação das substâncias que há na terra, o Criador lhe soprou o fôlego da vida, dando início, assim, à vida humana. Baseado neste fato bíblico, entendemos que, cada ser que é formado, a partir da fecundação, o sopro de vida lhe é assegurado pela lei biológica estabelecida por Deus.

A Bíblia mostra claramente que, no entender de Deus, o feto é uma pessoa.
• Jó 3.3 pressupõe a continuidade entre o ser que é concebido e o ser que nasce.
• Jeremias 1.5 e Isaías 49.1 descrevem a forma como Deus se relaciona com a pessoa quando esta ainda está no ventre de sua mãe.
• O Livro de Salmos, em 139.13-16, revela de maneira comovente que Deus é quem cria o ser humano desde o útero, desenvolve o ser humano no ventre de sua mãe.
• Salmo 51.5 diz que a pessoa tem a tendência de pecar desde o ventre
• Em Lucas 1.41, João Batista é descrito como "criancinha" (brephos, em grego). O texto  narra o episódio em que ele saltou de alegria quando ainda estava no ventre de sua mãe Isabel, quando esta recebeu a saudação de Maria, que viria a ser a mãe do Salvador. E em Lucas 2.16, o mesmo termo grego é usado para descrever Jesus, já nascido.
Em Isaías 49.1, encontramos o inicio do segundo dos quatro Cânticos do Servo, que retrata a missão do Messias e há a exortação para que a nação de Israel despreze os conselhos de sabedoria humana. A passagem bíblica refere-se a Jesus Cristo, que se tornaria um ser humano desde o ventre de Maria, que teria que se encarnar e seria conhecido como o Emanuel, que significa Deus conosco (Isaías 7.14).

Sobre a chamada ao ministério profético de Jeremias temos, no capítulo 1 e versículo 5, a informação que Deus o chamou antes que ele fosse formado no útero de sua mãe. Não se trata de reencarnação, trata-se do conhecimento absoluto que Deus tinha de Jeremias e do seu plano soberano para a vida dele antes que ele fosse concebido. Entendemos, assim, que a vida inicia na fecundação.

Em Gálatas 1.15, Paulo escreve que Deus o separou ao ministério apostólico antes que ele nascesse. Com isso, não queria dizer que ao nascer foi separado fisicamente de sua mãe, e sim sobre o momento que foi colocado à parte por Deus para o serviço apostólico, momento este que ainda não havia nascido.

2.3 Qual a posição da igreja?

No mundo greco-romano era comum a prática do aborto. Foi preciso que os pais da igreja entrassem em cena condenando essa prática. No Didaquê 2.2 existe a seguinte recomendação: "Não matarás o embrião por meio do aborto, nem farás que morra o recém nascido".

Essa questão contribuiu para estabelecer o debate acirrado, primeiro entre os gregos e depois entre os cristãos, sobre o momento em que o bebê, ainda em formação, recebia a alma, tornando-se um ser humano. Por influência de Aristóteles, o pensamento cristão aderiu à ideia de que o feto era animado pela alma humana apenas em uma fase tardia de sua gestação. Tomás de Aquino afirmou depois que na primeira fase o feto tinha uma alma vegetal, na segunda tinha uma alma animal e só na terceira recebia uma alma que podia ser considerada humana. Em 1588, o Papa Xisto V eliminou esse princípio aristotélico.

III – TIPOS DE ABORTO E SUAS IMPLICAÇÕES ÉTICAS.

A legislação brasileira autoriza a interrupção da gravidez em três casos somente. Neste tópico apresentamos as principais implicações éticas para estes tipos de aborto.

3.1 Aborto de Anencéfalo

Em 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) legalizou a interrupção da gravidez de feto anencéfalo (má-formação rara do tubo neural). A principal implicação ética desta decisão está no descarte de um ser humano por apresentar uma má formação cerebral. Trata-se de uma ideologia racista chamada "eugenia" que defende a sobrevivência apenas dos seres saudáveis e fortes. Uma nítida incoerência de quem defende os direitos humanos e ao mesmo tempo age de modo discriminatório. Neste quesito enfatizam as Escrituras: para com Deus, não há acepção de pessoas (Romanos 2.11). Como aceitar a ideia de que Deus permitiria a concepção de um ser humano e logo após o rejeitaria em seus primeiros dias de existência?

Estar neste mundo ou deixá-lo é uma decisão que cabe ao Criador e jamais algo que satisfaça aos desejos pessoais de alguma criatura humana. Cada ser gerado tem um propósito nobre a cumprir, maior que a vontade pessoal, portanto, interromper uma gestação é notadamente um enorme equívoco. Portanto,  ajamos com sabedoria, prudência e critério, nunca nos esquecendo da sacralidade da vida humana. As Escrituras Sagradas afirmam que a vida e a morte são, unicamente, da alçada divina (1Samuel 2.6; Filipenses 1.21-24).

3.2 Aborto em caso de estupro. 

Como não é necessária a comprovação do crime de estupro e nem autorização judicial para o aborto, a lei é permissiva e complacente com a interrupção da gravidez sob a alegação de estupro sem que ele tenha ocorrido. Assim, discute-se a inviolabilidade do direito à vida do nascituro (Art. 5°, CF e Art. 2° do CC). Outra questão ética relaciona-se ao fato de que um crime não pode justificar outro crime.

A implicação ética em relação ao aborto no caso de estupro relaciona-se ao fato de que um crime não pode justificar outro crime. Não convém reagir ao mal cometendo maldade. A reação do crente convertido a Cristo é mudar a situação da maldade para atitudes de bondade, benevolência, benignidade, magnanimidade. Aos cristãos. o ensino bíblico é claro: "Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem" (Romanos 12.21).

3.3 Aborto terapêutico.

O caso do aborto terapêutico é um caso que não deve haver penalização. Há a opção, muitas vezes angustiante, entre a tentativa de salvar a vida de uma pessoa, a mãe, e o risco de perder a vida da mãe e do filho.

É Deus quem dá a vida e nos permite viver em nosso corpo físico. Podemos decidir quem deve viver ou morrer? Procura-se justificar clinicamente a ação do aborto, no caso do risco da mãe perder sua vida no parto, sob a alegação de que a vida de um adulto tem maior valor que a de um ser em gestação. Daí surge questões éticas quanto à valoração da vida humana. Uma pessoa merece viver e outra não? Tertuliano, em sua obra Apologeticum (197), ensinava que não existe diferença entre uma pessoa que já tenha nascido e um ser em gestação. Outra questão é acerca do poder sobre a existência.

Uma mãe cristã, confiante no Senhor e na sua obra redentora, pode se recusar a abortar, mesmo quando o médico aconselhar o aborto terapêutico. Sabe-se de casos em que Deus interveio salvando a vida da mãe e do filho. É claro que não podemos esperar que a legislação, criada para crentes e descrentes, tente forçar esta opção.

CONCLUSÃO

Hoje em dia é comum pensar no aborto como uma resposta simples a uma situação inconveniente, mas na verdade a decisão de uma mulher em acabar com a vida de uma criancinha que está se desenvolvendo dentro dela, é um problema muito sério. Algumas das consequências invisíveis sobre a decisão de realizar o aborto é o profundo pesar e o sentimento da culpa pelo que aconteceu, assim esta mulher que poderia escolher dar à luz e ao bebê, mas opta em negar a ele a luz, entra em profunda crise depressiva. Ao lidar com o tema do aborto, o evangelista Billy Graham costumava dizer que "dois erros não criam um acerto". Aconselhava gestantes que não desejavam criar uma criança a optar por enviá-la para a adoção.

Todos os cristãos comparecerão diante do tribunal de Cristo, no segundo advento, portanto deve estar empenhado em pregar a revelação da Palavra de Deus exatamente como ela é. estar sempre preparado para proclamar a Verdade, deve abordar a questão do pecado na vida daqueles que servem ao Senhor e na vida de quem é pecador não arrependido. A doutrina de Cristo deve ser exposta com mansidão, mesmo que rejeitada (1Timóteo 4.1,2).

Valorizar a dignidade humana, o direito à vida e o cuidado à pessoa vulnerável são princípios imutáveis do cristianismo. Na sociedade secular, o cristão autentico deve tomar cuidado com o relativismo e estar alerta quanto às ações de manipulação de sua consciência e o desrespeito à vida humana.

É apenas da alçada de Deus levar o homem à beira da tumba e quando toda a esperança parece ter tido o fim, levantá-lo outra vez.

E.A.G.

Compilações:
Billy Graham Evangelistic Association, Billy Graham’s Answers on Abortion, January 25, 2017, https:// billygraham. org/ story/ billy-grahams-answers-on-abortion/ 
Ética Cristã Hoje - vivendo um Cristianismo coerente em uma sociedade em mudança rápida, Alan Pallister, páginas 147 a 154, edição 2005, São Paulo (Shedd Publicações).
Lições Bíblicas Adultos, Ética Cristã: Confrontando as Questões Morais de Nosso Tempo, 2° trimestre de 2018, página 44 (CPAD).
Wikipedia / EUA - https://en. wikipedia . org/ wiki/ Hippocratic_Oath 
Wikipedia / EUA - https://en. wikipedia . org/ wiki/Abortion 

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Donald Trump: missão cumprida ou missão comprida?


2016. Crianças sírias refugiadas na Jordânia.
Fotógrafo não identificado.

O árabe Bashar Hafez al-Assad, tem 52 anos de idade, nasceu em Damasco. Tem formação em medicina, estudou oftalmologia em sua cidade natal e concluiu o curso em Londres; exerceu a profissão no exercito de seu País. Segue a religião islâmica da linha alauísmo e seu governo é descrito como secular.

Hassad é presidente da Síria desde 17 de julho de 2000, quando o pai Hafez al-Assad, que esteve no poder desde 1971, faleceu. Bashar al-Assad é descrito no Ocidente como ditador que comanda um regime genocida.

A guera civil na Síria

A Síria está em guerra civil há 7 anos. Em 2011, milhares de sírios protestaram nas ruas e praças para exigir mudanças no regime de Bashar al-Assad e a libertação de presos pela ditadura. O movimento de protesto tinha inspiração no movimento Primavera Árabe, que já havia passado pela Tunísia, Egito, Líbia, Bahrein e Iêmen, obtendo resultados almejados. Porém, o propósito sírio não alcançou êxito, se transformou em uma guerra civil com a cooperação indireta de muitas potências e causou em torno de 500 mil vítimas fatais e a dispersão de 5 milhões de sírios para outras nações. Assad vence a guerra civil com a ajuda da Rússia.

O povo sírio sofre com a presença do Hezbollah (Parido de Deus, em português), organização que atua de maneira paramilitar, fundamentalista com raiz islâmica xiita. Assad acusa o Hezbollah e os civis rebeldes de usarem armas químicas contra a população.

No território da Síria habita também a população curda  - povo sem Estado, que também estão no Iraque, Turquia e Irã. Existem também forças russas, turcas e dos Estados Unidos.

Países e seus armamentos químicos

A Arms Control Association, organização sem vínculos partidários com sede nos Estados Unidos, cuja missão declarada é a promoção e compreensão pública e apoiar políticas eficazes de controle de armas, não acusa apenas a Síria de possuir armamentos químicos. Segundo esta organização, os seguintes países possuem estoques de armamento químico: Síria, Coréia do Norte, Coréia do Sul, China, Egito, Líbia, Iraque, Israel, Líbia, Irã, Índia, Taiwan; sendo que os Estados Unidos teria 40 mil toneladas e a Rússia 27.770 toneladas, e seriam os países com maior posse deste tipo de arma - ambos negam, afirmando que destruíram parcialmente seus estoques.

Os Estados Unidos são acusados de possuir armas químicas,cujo estoque foi retirado do Iraque.

Morticínios

As armas químicas conhecidas, são: VX, Sarin, Soman, Mostarda, Lewicite, Fosgênio, Napalm, Fósforo, FP 2266, mistura de Mostarda e Lewicite. 

Os efeitos são: axfixia, bolhas na pele, sangramento, comprometimento grave do sistema nervoso central, que bloqueia a coodernação motora do indivíduo.

Ataque devastador, realizado por quem?

Tal brutalidade é o 37º ataque de armas químicas na Síria.

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e Theresa May, primeira ministra do Reino Unido,  anunciaram na última sexta-feira, dia 13, que houve o lançamento de mísseis no território da Síria,  numa coalizão internacional formada pelos Estados Unidos, Reino Unido e França, com o objetivo de destruir estabelecimentos de armas químicas em poder de Assad,  em reação ao suposto ataque químico cometido por ele contra a cidade de Douma no dia 7 de abril. O governo de Assad não confirma o uso de armas químicas, que é proibido por convenções da ONU.

Segundo os presidentes dos Estados Unidos, primeira ministra inglesa e Emmanuel Macron, presidente da França, em entrevista feita em dia posterior, o ataque tripartite ocorreu em consequência do uso de armas químicas em 7 de abril, contra civis em Douma, realizado por Assad.

O propósito de Trump, May e Macron foi mandar um recado específico ao ditador Hassad: "não faça faxina étnica, não faça faxina religiosa, não extermine os curdos". Entretanto, analistas de política internacional alegam que a ofensiva do Trump contra a Síria serviu de recado generalizado. Primeiro, para Bashar al-Assad, dizendo que não deve usar armas químicas contra civis. Em segundo lugar, para Kim Jong-un, o lider da Coréia do Norte, com quem se encontrará pessoalmente em breve, para que o mesmo saiba que cumpre suas ameaças, não blefa ao falar que atacará. Terceiro, ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, mostrando que tem amigos, pois o ataque a Síria foi junto com os ingleses e franceses.

Os mísseis teriam atingido três instalações do arsenal químico, tidos como alvos simbólicos, e não mudou o equilíbrio de poder na guerra de Assad contra os rebeldes, e não destruiu alvos russos. Teria destruído um centro sírio de pesquisa de armas químicas no subúrbio de Damasco, um armazém sírio em Homs. O governo de Assad afirma que o bombardeios alvejram fábricas, laboratórios e depósitos de remédios. 

Guerra e diplomacia?

Parece haver uma coordenação implícita entre Estados Unidos, França e Reino Unido e Rússia. Publicamente, mostram uma ferrenha guerra retórica, que  o mundo acompanha, e por baixo há o campo do canal diplomático.

Donald Trump alertou várias vezes em seu perfil no Twitter, semanas antes, que haveria a ofensiva. Digitou: "preparem-se, russos, misseis inteligentes virão". Não houve surpresa aos sírios e russos de que 105 mísseis riscariam o céu da Síria. Não aconteceu baixas humanas nos ataques, e muito provavelmente também não houve destruição de estoques de armas químicas. Ou será que Assad em sobreaviso ficaria de braços cruzados, aguardando o prejuízo?

Missão cumprida?

Após o bombardeio de misseis americanos e europeus em Damasco e Hums, Trump tuitou "missão cumprida", Sinalizou ao seu eleitorado dizendo que não há uma estratégia de ataques de longo prazo na Síria e que está prestes a retirar soldados americanos do Oriente Médio. Será, mesmo?

E.A.G.