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Arquivo | 14 anos de postagens

domingo, 8 de abril de 2018

Crente que não entrega o dízimo não é cristão?



Não sou pessoa que é contra a prática de coleta de dízimos nas igrejas cristãs. Considero uma entre outras maneiras importantes de contribuir com o crescimento da obra de Deus.

Porém, é de machucar os ouvidos e o coração ouvir quem queira nos fazer crer que esta prática é atividade obrigatória entre os cristãos. Em todo o Novo Testamento não encontramos texto que fale que a entrega de dízimos nas igrejas deve ser em caráter obrigatório. O Novo Testamento jamais ensina que o crente precisa ser um contribuinte com dez por cento de salário para ser aceito por Deus como um cristão. Então, quem ousa ensinar o contrário disso é promotor de heresia.

A ideia de que o sistema de coleta de dinheiro nas igrejas, colocando o dízimo como sistema obrigatório, é desvio de função de quem se propõe a ser pregador da Palavra de Deus. Nada pode ser acrescentado, extraído ou desvirtuado na interpretação do texto bíblico, mesmo que isso seja feito com boas intenções.

Aos que pregam que o crente rouba a Deus se não entrega dízimos, coloco algumas perguntas em caráter retórico:

- Para quem está endereçado o livro de Malaquias?

- O texto de Malaquias, capítulo 3, e versículos 8 ao 10, está dirigido aos levitas e à nação de Israel? Se Malaquias 3.8-10 é um texto com contexto abrangente, porque não encontramos os textos neotestamentários interpretando-os (como recomenda a boa hermenêutica)?

Observação: É sabido que para firmar uma doutrina cristã é necessário apresentações de pelo menos três textos bíblicos, cobertos de extrema clareza, corroborando uns com os outros. Peço a gentileza aos que afirmam que o cristão rouba a Deus, quando não entrega o dízimo, a apresentação de tais conteúdos hermenêuticos sempre que disser tamanha loucura. Entenda-se: apresentação de textos bíblicos com contextos diretos, claros como é o sol ao meio-dia, e não textos interpretados de maneira "mágica". Sempre que as "mágicas" aparecem, elas confundem mais do que esclarecem. Esclarecimentos, por favor.

- Sabemos que Cristo possuía, em seu grupo de 12 homens, um que exercia a função de tesoureiro, Porém, sabemos que não existe relato neotestamentário nos informando que Jesus recebia dízimos, para sustento de seu ministério terreno! Por quê?

- Nos quatro Evangelhos, existe algum sermão, dirigido por Cristo aos discípulos (repito: dis-cí-pu-los) no qual Jesus ensina aos seus seguidores que eles devem ser dizimistas? Qual o motivo de não existir esse registro? Jesus pretendia fazer segredo sobre isso? Será que Cristo agiu relaxadamente sobre este ensinamento? Houve falha de memória, Ele só se deu conta de que nada havia dito depois de ressuscitar e voltar ao céu?

Sabemos que Jesus não disse que é dever do cristão entregar dízimos. Sabemos que quando Jesus falou sobre o dízimo, dirigiu-se apenas aos judeus, porque estes estavam atados à Lei de Moisés.

- Paulo escreveu um terço do Novo Testamento. No entanto sequer escreveu a palavra “dízimo” em todo o seu conteúdo escrito. Por quê? Paulo foi omisso sobre a questão de o cristão ser obrigado a entregar dízimos? Ou também havia um manto sigiloso sobre a questão? E qual o motivo de Pedro, em suas cartas, não tocar na questão da obrigatoriedade em ser dizimista? E qual o motivo de João não escrever sobre isso em suas três epístolas ou livro do Apocalipse? Também foi uma falha de memória?

Quando Paulo ensinou os crentes de Corinto a contribuir, falou sobre voluntariedade (2 Coríntios 9.6-11) Este é o parâmetro de quem é autêntico pregador do Evangelho de Cristo.

Não me ponho contra ensinar cristãos a serem dizimistas, mas entendo ser incorreto ensinar que este ato é obrigatório aos cristãos. Ninguém que tenha Cristo no coração pode ficar sem realizar auxílio financeiro na instituição religiosa que serve a Deus.

Muitas pessoas se colocam contra o ato de entregar dízimos. Precisamos citar o Livro de Hebreus para estes. No capítulo 7, versículos 1 ao 10, o autor aborda o dízimo para apresentar as figuras do sacerdote Melquisedeque e de Cristo, de Abraão e da linhagem levítica. Afirma que Jesus é um sacerdote incomparavelmente superior a Melquisedeque (versículos 14 ao 17 e 21 ao 24 e 27). Analisando o texto sem pensamento preconcebido a respeito: se Melquisedeque era um sacerdote em importância inferior a Cristo, e recebeu dízimos de Abraão em caráter voluntário, porque Jesus, sendo maior que Melquisedeque não pode receber dízimos de cristãos, voluntariamente? 

Todos precisamos ler a Bíblia Sagrada, especificamente sobre este tema. Pensar e orar a respeito deste assunto da obrigatoriedade em entregar dízimos. É coisa séria alguém usar o microfone de uma igreja sem respaldo das Escrituras Sagradas e defender tal situação de obrigatoriedade. Assim como é um equívoco quem se levante contra cristãos contribuírem entregando dízimos. 

E.A.G.

domingo, 25 de março de 2018

A indignação popular contra os ministros do Supremo Tribunal Federal e o Habeas Corpus de Lula


Prédio do Supremo Tribunal, localizado na Praça dos Três Poderes.
Desenho arquitetônico assinado por Oscar Niemeier.
Montagem com os dizeres "Instituto Lula" é compartilhada em redes sociais.

No mês de janeiro, o ex-presidente do Brasil, luis Inácio Lula da Silva foi condenado a 12 anos e 1 mês em regime inicialmente fechado pelo Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF-4), sediado em Porto Alegre. Os desembargadores, responsáveis por analisarem os processos da Lava Jato em segunda instância, decidiram que a pena deverá ser cumprida assim que não couber mais recurso naquele tribunal. O recurso possível já foi apresentado e será julgado amanhã, segunda-feira, dia 26. No julgamento do início do ano, ficou determinado pelos magistrados que logo após a sessão judicial, o ex-presidente deveria ser preso. 

Porém, em 22 de abril passado, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu evitar a prisão do ex-presidente, apresentando um salvo-conduto em seu favor até o dia 4 de abril, quando a Corte Suprema voltará a julgar o pedido de habeas corpus impetrado pela defesa do condenado famoso. Decidiram impedir a prisão de Lula antes do dia 4 os ministros Celso de Mello, Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello, Ricardo Lewandowski e Rosa Weber. Em favor de permitir, deliberaram os ministros Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Edson Fachin, Luiz Fux e Luís Roberto Barroso.

Apesar de a decisão do Supremo não impedir o julgamento do último recurso de Lula no TRF4, que é o último recurso contra a condenação a 12 anos e um mês de prisão na ação penal do triplex do Guarujá (SP), no âmbito da Operação Lava Jato, tal liminar, garantindo a liberdade, retirou a autoridade dos desembargadores do TRF-4, transformando o julgamento em Porto Alegre, no dia 26 próximo, que seria decisivo ao início da execução da pena do ex-presidente, em uma piada sem graça. Ora, o TRF-4, que condenou Lula, vai decidir sobre o único recurso, mas sem poder decretar a execução da sentença antes de o STF concluir o julgamento.

Causa arrepios só em pensar que em 4 de abril algum ministro da mais alta instância do judiciário brasileiro, peça vista e protele o resultado dessa questão ou o habeas corpus provisório seja transformado em definitivo - porque as decisões tomadas ali não cabe recurso a nenhum outro tribunal. Acho que o Brasil não suportará essas coisas. O povo brasileiro carrega seu coração represado de muita esperança pela justiça com jota maiúsculo e a falta dela tem consequência inimaginável.

Muita gente vive indignada com a atitude dos membros do STF, em relação a prisão de Lula. Primeiro, porque o habeas corpus furou a fila, recebeu atenção dos magistrados na frente de mais de 4 mil brasileiros que aguardam julgamento. Segundo, pelo fato de os membros do STF, não decidirem pela prisão do ex-presidente, um condenado que está passeando pelo Brasil como se nada devesse à Lei.

A pergunta recorrente, é: entre tantos a esperar um julgamento, qual é o motivo de Lula receber tratamento diferenciado? A aplicação da Lei deveria ser igual para todos, ou será que o Supremo gosta mais do brilho dos olhos do Lula do que dos demais brasileiros?

Esta situação aborrecedora faz lembrar Ayn Rand, escritora e filosofa norte americana, de origem judaica-russa. Ela escreveu o seguinte: "Sentir pena dos culpados é trair os inocentes".

E.A.G.