Pesquise sua procura

Arquivo | 14 anos de postagens

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Igreja é vocábulo de origem grega. Por que usar palavra grega à instituição de origem judaica?

Encontrei na mídia social um questionamento, que parece uma brincadeira zombeteira aos cristãos que possuem razoável conhecimento bíblico. Contudo, entendo que é uma pergunta pertinente aos que dão os primeiros passos de fé e possuem sede e fome de conhecimento sobre as Escrituras Sagradas. Assim, transporto a pergunta ao blog Belverede, como também a resposta que escrevi para a pessoa que a fez.

A pergunta:

Igreja, do grego εκκλησία (Ekkclesía). Essa palavra não existe no aramaico e nem no hebraico. Por acaso a Igreja é grega? 

A resposta:

Prezada Wilma R. B.

Com todo respeito, venho dizer que a Igreja foi, primeiramente, composta por judeus, gente de Israel. A primeira vez que o vocábulo "igreja" aparece no Novo Testamento, foi através da pronúncia de Jesus, registro disso em Mateus 16.18. Ora, Cristo não usou o idioma grego quando falava aos hebreus, se expressava no idioma de seus concidadãos. Então, é óbvio que usou o termo hebraico correspondente. Sugiro que analise isso lendo o contexto da referência bíblica que citei.

O fato de os Evangelhos terem sido escritos em grego não é motivo para suscitar a questão se a Igreja era ou não grega em período inicial. Ela começou por meio de gente cuja nacionalidade era israelita e em território de Israel. Aliás, o vocábulo grego "ekklesia" tem o sentido de "assembleia"; "chamados para fora", e tem tudo a ver com a decisão de os apóstolos usarem o idioma mais popular do mundo para a missão que tinham que desempenhar. Qual era a missão? Expandir a doutrina de Cristo pelo mundo, para fora de Israel, e se usassem o hebraico (fala desconhecida pelos estrangeiros) não obteriam o êxito que obtiveram.

Podemos dizer que o grego antigo é comparável com o inglês de hoje em dia. Portanto, passar à escrita todo o conteúdo do Novo Testamento em idioma grego, que era o idioma usado de maneira predominante no primeiro século da Era Cristã ao redor do mundo, em nada muda o fato de onde foi e ainda é o berço do cristianismo. 

Se eu ou você se perder na Japão, sem o domínio da língua-pátria daquele país, muito provavelmente encontraremos o socorro se falarmos em inglês com algum japonês. Contudo, usando o nosso idioma, será bem mais difícil nossa comunicação. Este foi o raciocínio dos apóstolos para que se usasse o idioma grego na redação do Novo Testamento, eles quiseram dizer o que deveria ser dito e serem plenamente entendidos com toda a facilidade possível.

Cordialmente,

E.A.G.

terça-feira, 24 de outubro de 2017

O pastor evangélico não trabalha?


"E dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, os quais vos apascentarão com ciência e com inteligência" - Jeremias 3.15.

Se um Professor estuda, se prepara e dá uma aula de 45 minutos, ele está trabalhando. Mas se um Pastor estuda, se prepara e prega uma mensagem de 45 minutos, ele não trabalha.

Se um Psicólogo atende e aconselha pessoas, ele está trabalhando. Porém, se um Pastor atende e aconselha pessoas, ele não trabalha. 

Se um Administrador se organiza, faz reforma, contrata mão de obra, e gerencia uma empresa, ele está trabalhado. Entretanto, se um Pastor se organiza, faz reforma, contrata mão de obra e gerencia uma igreja, ele não trabalha.

Se um contador faz os cálculos, economiza, equilibra as finanças e faz investimentos, ele está trabalhando. Contudo, se um Pastor faz cálculos, economiza, equilibra as finanças e faz investimentos na igreja, ele não trabalha. 

Se qualquer um desses tirar férias, é justo, afinal, eles trabalham. Já um pastor não pode tirar férias, não deve receber salário, e não merece respeito. Afinal, ele não trabalha.

Vida de pastor.

Pastor é alvo das mais desencontradas opiniões: 

Caso o Pastor for ativo, dizem que é ambicioso. Se é calmo, falam que é preguiçoso.

No caso de o Pastor ser exigente, o acusam de ser intolerante. Se não exige, o imputam a conduta de líder displicente.

Na hipótese de o Pastor fazer visita, consideram pessoa incômoda. Se não visita, é irresponsável em seu cuidado com as ovelhas.

Se o Pastor é próximo em seu relacionamento com os jovens, é imaturo. Se sua proximidade é maior com os adultos, é descrito como antiquado e ultrapassado. Se fica com as crianças, é infantil.

Quando procura atualizar-se é mundano. Se não atualizar-se, é mente fechada.

Nas situações que o Pastor cuida muito bem da própria família, é descuidado com a Igreja. Se o Pastor tem sucesso no cuidado da Igreja, é visto como alguém descuidado com sua família.

Se prega pouco, é pregador que não tem mensagem. Se prega muito, é palestrante enfadonho. 

Se não tem boa oratória, é despreparado. Caso possua boa oratória, é exibido.

No momento em que procura agradar a todos, é sem personalidade. Nas ocasiões em que é positivo, e procura corrigir, dizem que é parcial.

Se o Pastor se veste bem, é vaidoso. Se se veste mal, é relaxado.

Quando sua característica pessoal é de alguém que sorri pouco, é antissocial. Se o Pastor ri, é irreverente. 

Se realiza programas novos, é porque só quer viver de promoções da sua imagem pública. Se não realiza, é pelo fato que não tem ideias.

Se o Pastor é alegre, dizem que é sem linha. Se chora no púlpito, é exageradamente sentimental.

Cada vez que o Pastor organiza trabalho coletivo, é explorador do rebanho. Se não organiza, é porque não pretende delegar responsabilidade ao rebanho.

Se o Pastor fala alto, é irritante. Se fala baixo, é um coitado que não tem voz ativa. 

Se o Pastor prega na rua, está desvalorizando o evangelho. Se só fica na igreja, é acomodado ao interior das quatro paredes.

Se o pastor está triste, já dizem que perdeu a fé. Se o pastor adoece, é porque está fraco e carnal.

Entenda o seu Pastor.

Ser Pastor é um tremendo desafio; pastorear é uma questão de chamada e de entrega, pois cabe ao Pastor ser o portador das Boas Novas.. Apesar disso, o Pastor é uma pessoa normal, gente que tem sentimentos como qualquer outra; é um ser humano que precisa das ovelhas, tanto quanto precisamos dele. Ele é carente de oração. Ore, apoie, valorize-o.  Ame e seja compreensível.

Autoria desconhecida (adaptado ao blog)

Extraído de Universidade da Bíblia. | www . facebook . com/ universidadedabiblia/

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Olhando firmemente para Jesus

Ricardo Barbosa de Sousa

Uma característica de viver em uma cultura que oferece tantas possibilidades é perder o foco, não saber o que realmente importa. Vivemos de maneira dispersa, seduzidos por uma infinidade de ofertas, criando uma ciranda de opções que mudam constantemente nosso olhar de direção.

A perda de objetividade nos conduz a uma dificuldade na integração das diferentes realidades da vida. Somos seres com tendência à ansiedade e inquietação e muitas vezes nos distraímos. A obsessão pela autorrealização, pela autossegurança e pela autoimagem surge da necessidade de dar nitidez a um cenário desfocado.

Temos a inclinação de pensar que nossos problemas são externos. Porém, se não temos um foco internamente, seguiremos â deriva. Como diz o velho ditado: "Quando o piloto não sabe o destino do seu barco, qualquer vento sopra  a favor". As distrações externas apenas refletem a falta de integração interna.

Na carta aos Hebreus, o autor dedica todo o capítulo 11 para descrever, em curtas biografias, de homens e mulheres que viveram vidas focadas. Apesar das inúmeras possibilidades e pressões, mantiveram seus olhos fixos em promessas divinas ainda não cumpridas. Viveram e morreram por elas.

O autor entra no capítulo 12 com um relato e um apelo. Todo aquele elenco de homens e mulheres que viveram vidas focadas tornou-se uma "nuvem de testemunhas", ajudando e encorajando outros homens e mulheres a viverem da mesma forma. O que eles fizeram? Mantiveram seus olhos fixos em Jesus. 

Tenho pensado nas testemunhas que têm me ajudado a não perder o foco. Confesso que, às vezes, olho a minha volta e encontro muita gente que me incentiva com métodos, estratégias, técnicas, programas, no entanto, são poucos os que me ajudam a manter meus olhos focados em Jesus.

Algumas dessas testemunhas viveram séculos atrás. Agostinho é uma testemunha fiel que sempre me ajuda a olhar com honestidade para o meu pecado e para a bondade de Deus. Outra testemunha pela qual tenho grande apreço é Gregório Magno, que viveu no século 6. Sua obra tem me ajudado a manter o foco do ministério pastoral e evitado que me entregue às seduções dos atalhos.

Os movimentos do século 13 me ajudam a reconhecer o valor da simplicidade. Os reformadores me inspiram tanto na devoção como no estudo cuidadoso e reverente das Escrituras. Ao longo da minha vida algumas testemunhas fiéis e verdadeiras me ajudaram a manter meus olhos fixos em Jesus. Várias delas seguem ao meu lado, anonimamente, insistindo para que jamais perca Jesus de vista. 

Uma testemunha que teve grande influência em minha vida e pela qual sempre nutri grande admiração é John Scottt, que há pouco tempo deixou este "corpo corruptível" para receber o corpo "glorificado". Ele, com seus sermões, livros e dedicação, me estimulou a amar a Bíblia, a igreja e o Salvador.

A vida moderna, com suas múltiplas ofertas, intensifica o individualismo e acaba por produzir  uma forma de ruptura entre a realidade interna e externa. Por outro lado, a revelação de Deus como Trindade, que tem a comunhão e a interdependência de um no ser do outro, forma a base da vida e espiritualidade cristã. A consciência de que fomos criados por Deus e para Deus estabelece o eixo para vivermos de modo centrado.

Existe um centro na vida. Jesus Cristo. Ele é o princípio e o fim. Aquele por meio de quem tudo existe e para quem todas as coisas convergem. Diante dEle se dobrarão todos os joelhos no céu, na terra e debaixo da terra, e toda língua o confessará como Senhor e Deus. Ele é o que se encontra  Assentado no trono, em torno do qual nós nos colocamos em adoração e obediência.

Precisamos de testemunhas. Nuvens de testemunhas. Precisamos de pessoas que nos ajudem a desembaraçar os nós do pecado e de tudo o que nos impede caminhar em direção a Cristo. A vida moderna segue nos oferecendo muitas distrações. Manter os olhos fixos em Jesus nos possibilita viver de forma íntegra e centrada.

Fonte: Ultimato, número 332, setembro - outubro de 2011, Viçosa - MG (Editora Ultimato).
Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto e Coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília. É autor de Janelas para a Vida e O Caminho do Coração.